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48. Interfaces entre gênero e raça no campo da saúde

Coordenador@s: Laura Cecilia López (UNISINOS), Miriam Steffen Vieira (UniCV - Universidade de Cabo Verde)
Nas últimas décadas emergiram campos de debates e de intervenção política que problematizam noções hegemônicas de saúde, seja com uma perspectiva étnico-racial (tendo como exemplo, a discussão de “saúde da população negra” impulsionada pelo movimento negro), seja contestando o poder masculino vinculado à biomedicina (a “saúde da mulher” a partir da militância feminista). Na interface desses campos, o movimento de mulheres negras, por exemplo, vem colocando questões que desafiam os debates em torno de raça, ao incorporar a perspectiva de gênero; e a discussão de gênero ao aliar a questão racial. Temas como o aborto, o HIV/AIDS, o turismo sexual e a violência sexista ganham novos contornos a partir de um olhar na intersecção de raça e gênero. Com o foco em políticas de saúde, a proposta do ST é reunir trabalhos (sejam eles reflexões acadêmicas ou relatos de experiências de militância) que problematizem a agenda política em torno da saúde e direitos na interface de raça, gênero e sexualidade; reflexões em torno de agendas políticas concretas; trabalhos sobre a presença do recorte racial em políticas de saúde e sobre as lógicas das classificações raciais; formas de atualização de discursos e práticas racistas e sexistas bem como seu cruzamento através de discursos racializados sobre gênero; assim como reflexões sobre biopoder e práticas de saúde.

Local: Sala 925  Pós-Enfermagem do CCS

Resumos


24/08 - Terça-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Emanuelle Freitas Goes (UFBA), Enilda Rosendo do Nascimento
    Intersecção do racismo e do sexismo no âmbito da saúde sexual e reprodutiva
    O experimento da saúde sexual e reprodutiva na sua integralidade para as mulheres está diretamente influenciado pelas condições de vida e diferentes formas de inserção social. As questões de gênero, raça e geração conformam assimetrias e vulnerabilidades sobre as mulheres restringindo os direitos, liberdades de escolha e opções. Pois, a garantia dos direitos sexuais e dos direitos reprodutivos está diretamente associada à acessibilidade nos serviços de saúde que muitas vezes são violados por multifatores, que como eixos estruturantes, funcionam de forma articulada e interseccional agregando o racismo, o sexismo, as condições socioeconômico-culturais, colocam as mulheres negras em situação de maior vulnerabilidade quando comparada às mulheres brancas e aos homens negros e brancos. Com base no referencial de analise interseccional de gênero e raça no âmbito da saúde sexual e reprodutiva, foi realizada uma revisão de literatura com o objetivo de buscar informações sobre resultados das intersecções do racismo e do sexismo no acesso de mulheres a serviços de saúde. Evidenciou-se que estudos sobre gênero e raça na saúde são temas com produção cientifica escassa, mesmo tendo o racismo e o sexismo como determinantes sociais em saúde.
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  • Raquel Souzas (UFBA)
    Movimento de mulheres negras e a saúde: análise documental sobre a reivindicação de inclusão do “quesito cor” no sistema de informação à saúde
    A reivindicação da inclusão do “Quesito Cor” nos Sistemas de Informação em Saúde e a construção da ideia “saúde da população negra” foi acompanhada de inúmeras constatações de base quantitativa sobre as desigualdades raciais nesse campo. O princípio da equidade se apresenta no cenário técnico-científico e político como o mecanismo necessário para a elaboração de políticas que superem o racismo no campo da saúde. O estudo aqui apresentado tem caráter qualitativo, usa as abordagens balizadas nos estudos do campo da linguagem na análise dos documentos coletados de 1992 a 2001, período que antecede a inserção de políticas públicas pelo governo brasileiro em âmbito federal. Observou-se que o crescimento da luta pelos Direitos Humanos e sua internacionalização possibilitou a construção de medidas contra as diferentes formas de violência, desigualdade social e obstáculos que impedem o exercício pleno da cidadania.
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  • Laura Cecilia López (UNISINOS)
    Impactos do feminismo negro na definição de políticas públicas em saúde
    Este trabalho se propõe refletir sobre como o feminismo negro vem pensando a saúde e os direitos sexuais e reprodutivos, assim como quais são os impactos desse pensamento e ativismo na definição de políticas públicas no Brasil, principalmente, da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra em processo de implementação. O corpus de análise está conformado por entrevistas e observações de campo realizadas durante minha pesquisa de doutorado em Antropologia Social sobre movimentos negros e as disputas pela implementação de políticas de ação afirmativa na área da saúde e da educação no Cone Sul. Proponho como perspectiva analítica a interseccionalidade de raça e gênero. Tal perspectiva nos auxilia para pensar como se entrecruzam e potencializam eixos de opressão, mas também permite visualizar uma ação política que gera processos de desconstrução dessas desigualdades, abrindo a possibilidade de transformação das instituições na promoção de igualdade racial e de gênero. Durante a pesquisa, percebeu-se a centralidade do corpo como expressão na luta política do movimento de mulheres negras, enfatizando e questionando a vulnerabilidade social produzida por opressões múltiplas vivenciadas por essas mulheres.
  • Cristiana de Azevedo Tramonte (UFSC)
    Urbanização, Umbanda e saúde popular em Santa Catarina: a construção feminina do bem estar físico e mental
    Analisa-se a gênese da Umbanda em SC basicamente erigida sobre a atuação feminina na saúde popular, auxiliando as classes populares em seu equilíbrio físico e mental. No vácuo do atendimento médico tradicional dos profissionais da medicina acadêmica no século XIX, início do século XX, as chamadas benzedeiras surgem como a solução para os males do espírito, da mente e do corpo.
    As práticas dos denominados “curandeiros, benzedores e feiticeiros” estão na origem do surgimento dos primeiros umbandistas e sua relação com as práticas alternativas de saúde, motor principal e central que justificou e impulsionou esta forma de organização social e espiritual.
    Aborda-se esta perspectiva quando confrontada com as concepções hegemônicas da época, principalmente da Medicina Oficial e do saneamento público configurado na “missão higienizadora” das primeiras décadas do século XX. Estas redefiniram valores, normas de conduta e espaços físicos e sociais e esteve na base da repressão aos cultos afro-brasileiros no princípio do século XX.
    O deslocamento imigratório que irá avolumar a região metropolitana de Florianópolis resultará em adensamento urbano e novas configurações populacionais redefinem as estratégias religiosas e organizativas do chamado “povo-de-santo” local.

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  • Ana Cláudia Rodrigues da Silva (UFPE)
    A genetização das identidades: discutindo raça e gênero na prática do aconselhamento genético (AG)
    Pesquisas sobre Aconselhamento Genético referem-se a este como prática endereçada às mulheres. Elas são submetidas à testagens genética num controle que passa por si e pelo Estado, exigindo “comportamentos geneticamente corretos”, referentes à reprodução. Por outro lado, o AG é visto como espaço privilegiado para problematização das relações raciais concernentes as “doenças genéticas” prevalente na população negra. Este trabalho versa sobre a interface destes temas e os avanços da nova genética na construção identitárias de mulheres. Pretende analisar a inserção desta discussão no Programa de Saúde da População Negra, na Política Integral de Genética Clínica e na Política Integral de Saúde da mulher. Os dados apresentados são frutos de pesquisa de campo realizada em AG’s da rede pública de saúde da cidade do Recife-PE.
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  • Simone Vieira da Cruz (UNISINOS), Leonor Cantera
    Análise das ações em HIV e AIDS sob a perspectiva de gênero no campo da saúde da população negra
    Este estudo apresenta algumas idéias relacionadas às relações de gênero no campo de saúde da população negra (especialmente as ações em HIV e AIDS). O método qualitativo foi utilizado através de entrevistas etnográficas e observação participante com integrantes de organizações do movimento negro e de mulheres negras na cidade de Porto Alegre. A justificativa da pesquisa está baseada em estudos que apontam uma maior atuação das organizações de mulheres negras no trabalho com saúde (Maher,2005; Cruz et all 2008;Pinto e Souzas,2002). Dessa forma a problemática apresentada questiona: 1) Porque as organizações de mulheres negras elegem a saúde, em especial o HIV/AIDS, como uma das áreas prioritárias de trabalho? 2) O fato do ativismo das mulheres predominar no campo da saúde reforça relações desiguais de gênero no interior do movimento negro? Nesse sentido o objetivo atual é conhecer os motivos e as razões que coexistem para que o HIV se converta em uma questão política para o movimento de mulheres negras e não para o movimento negro misto neste universo. A análise preliminar permite mencionar que, embora a constituição deste campo não se defina como um espaço “feminino” foi visível uma maior participação das mulheres nestes espaços, especificamente com ações sobre HIV/AIDS
  • Luanda Rejane Soares Sito (Unicamp), Ana Maria da Rosa Prates, Vera Rodrigues
    Gênero e raça: trajetórias de vida no acesso ao diagnóstico e ao tratamento do HIV/Aids em Porto Alegre/RS
    No atual contexto das políticas públicas de saúde com recorte de gênero e raça/cor, nosso trabalho apresenta os resultados da pesquisa "Acesso ao diagnóstico e tratamento de infecção pelo HIV/Aids na população negra em Porto Alegre". A pesquisa quanti-qualitativa foi financiada pelo Programa Nacional DST/Aids e executada pela Associação Cultural de Mulheres Negras-RS, tendo como principal objetivo comparar o acesso aos serviços de diagnóstico e tratamento de HIV/Aids entre a população negra e não-negra local. Os resultados da pesquisa enfocam o perfil da população atendida no serviço referência da capital do estado, as redes constituídas pela população alvo para acessar ao serviço de saúde e, principalmente, as trajetórias de vida que explicitam a autoidentificação racial, forma de infecção e adesão ao tratamento médico.

25/08 - Quarta-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Eveline Kariele de Souza (UCB)
    Quando algumas travestis esbarram na dependência química: caminhos e espaços para o tratamento
    No Distrito Federal, a chegada do mercado do crack tem provocado uma alteração no cenário da prostituição das travestis, produzindo dependência química, levando-as à situação de moradia de rua, implicando no aumento da mendicância como forma de sobrevivência e tornando-as mais vulneráveis frente às violências transfóbicas. A partir de uma análise fenomenológica, entrevistas semi-estruturadas com travestis e dirigentes e/ou profissionais, esse trabalho parte de um mapeamento das instituições que oferecem serviços para dependentes químicos no Distrito Federal e realiza uma investigação do processo de acolhimento e encaminhamento das travestis que necessitam desse serviço. Mais do que avaliar a eficácia dos atendimentos prestados às travestis, esse trabalho busca apresentar as vivências das travestis que recorrem a algum tipo de tratamento visando analisar as concepções a partir das quais elas são (ou não são) acolhidas e o processo de tratamento construído. Por fim, essa investigação esbarra no estado atual da política de saúde do Distrito Federal, discutindo seu papel no enfrentamento ou na perpetuação da transfobia, bem como debate a importância de uma Psicologia Política frente à problemática.
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