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32.1 Arte e cultura

Coordenador@s: Laurette Wittner (Laboratoire RIVES - Recherches Interdisciplinaires Ville Esp), Mônica Raisa Schpun (Centre de Recherches sur le Brésil Contemporain – CRBC-EHESS)
Políticas migratórias restritivas sobre critérios étnicos e/ou raciais, entre o final do século XIX e meados do XX; listas de “indesejáveis” estabelecidas ou não pela legislação; relações coloniais e pós-colonais implicando fluxos migratórios na Europa, do pós-guerra até hoje; percepções dos corpos segundo hierarquias étnicas, nacionais e raciais no confronto com as populações migrantes dos países do “Terceiro mundo” aos do “Primeiro”; imigração seletiva na Europa atual (“choisie”, na França) e repressão policial à clandestinidade na qual o fenótipo exerce seu papel. Desde o final do século XIX, as questões raciais têm sido inseparáveis das problemáticas migratórias. Como gênero combina-se a esta questão? Como gênero e raça tornam mais complexa a compreensão dos fenômenos migratórios, evidenciando modos de funcionamento social “invisíveis” sem o emprego cruzado destas categorias?
O simpósio tem, assim, como objetivo, reunir pesquisadores (as) que, trabalhando sobre questões migratórias, reflitam mais particularmente sobre as implicações das categorias gênero e raça – e em seu cruzamento - no que diz respeito ao fenômeno migratório. Nacionalidade, etnia, classe, geração podem associar-se à reflexão, tornando mais complexa a discussão.
Isso num âmbito o mais variado possível de estudos de caso ou problemáticas específicas, a fim de podermos criar um debate transversal sobre a forma como estas duas categorias, junto a outras, atravessam a questão, iluminando, diferentemente, cada pesquisa e a compreensão de grupos ou fluxos migratórios específicos, em espaços e períodos determinados.
Gostaríamos, assim, de poder confrontar pesquisas históricas e contemporâneas, sobre as migrações dos séculos XIX, XX e XXI, e não somente no Brasil, ou de brasileiros (as), a partir desse eixo comum de reflexão. O que colocaria em contato pesquisadores das diversas ciências humanas e sociais - como já é o caso das duas responsáveis por esta proposta, uma delas historiadora, especialista das migrações urbanas no Brasil do século XX, a outra antropóloga, especialista das migrações urbanas na França contemporânea.

Local: Sala 10 - Departamento de História - do CFH

Resumos


26/08 - Quinta-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Catalina Revollo Pardo (UFRJ), Maria Inacia D´Avila Neto (UFRJ)
    Testemunhos de migração forçada de mulheres na Colômbia
    As fronteiras são constantemente diluídas e reformuladas, pelo inesgotável fluxo de pessoas que se deslocam pelos diferentes lugares do mundo. Esta pode ser por própria vontade, por obrigação ou ameaça. As pessoas vitimas da migração forçada no nível local ou global é um ponto nevrálgico de discussão quando se trata o tema de migração(Santos, 2008) A migração forçada colombiana se apresenta a nível local ou internacional, e em todos os contextos socioeconômicos. O objetivo é analisar o fenômeno da migração interna colombiana, utilizando os testemunhos de mulheres viúvas pela guerra civil e vitimas da migração forçada, por causa do conflito armado colombiano. A metodologia esta baseada nos estudos de analises de testemunhas, sendo um trabalho qualitativo de analise a partir da perspectiva dos estudos de memória cultural e pós memória(Sarlo, 2005). Os dados são obtidos nas entrevistas feitas à população que esta composta por mulheres refugiadas de áreas rurais que chegaram a Bogotá procurando abrigo. A análise aponta que os testemunhos na primeira pessoa são indispensáveis para restituir aquilo que foi apagado pela violência(Sarlo, 2005). A pobreza, o subdesenvolvimento e a falta de oportunidades podem forçar às pessoas a migrar, o que causa dispersão e diásporas. (Hall, 2003)
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  • Michela Rosa Di Candia (UFRJ)
    Configurações culturais e identitárias em uma narrativa afro-americana
    O objetivo do trabalho é mostrar como o ritual de circuncisão feminina na África torna-se elemento constitutivo no processo de construção de identidade(s) da personagem feminina Tashi, em Possessing The Secret of Joy, de Alice Walker. Ao deslocar-se para os Estados Unidos, local escolhido como novo lar, Tashi rejeita suas raízes culturais, gerando assim múltiplas posições justapostas e questionamentos. A protagonista desse romance é posicionada em uma determinada cultura, língua e história, mas este posicionamento é passível de modificações, já que a identidade não é algo fixo, sendo formada em constante interação com o outro.
  • Rosana Tagliari Bortolin (UDESC)
    Intimidade e deslocamentos
    Esta comunicação aborda parte da pesquisa poética Sagrado Profano, onde a artista utiliza imagens do seu corpo e imagens análogas à vagina nos trabalhos de artes plásticas desenvolvidos nos últimos anos, apresentados ao público em forma de exposições e intervenções urbanas. Este trabalho propõe mostrar as vivências que se teve enquanto artista em intervenções artísticas realizadas em decorrência da necessidade de testemunhar materialmente as sensações vividas, a partir dos deslocamentos físicos cometidos desde 2008, de Florianópolis, à cidade de Bilbao, localizada ao norte da Espanha. Deslocamentos efetuados para cumprir programas de estudos e demais eventos em áreas a fins.
    Aborda também, algumas intervenções e ações artísticas realizadas em locais públicos e privados a fim de que o espectador, por meio de suas percepções, possa vivenciar os estranhamentos provocados pela inclusão de pequenas peças cerâmicas colocadas em discretas fendas existentes nos mobiliários urbanos, na arquitetura, nos meios de transporte, na paisagem, e, ou, em caminhos e locais pelos quais se tenha percorrido. As peças são seriadas e modificadas individualmente conforme a necessidade de adaptação ao espaço utilizado. Essas são confeccionadas a partir de reproduções feitas do molde de parte erógena do próprio corpo – a vagina.

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  • Stephanie Dahn Batista (UFPR - DEARTES)
    Body trouble e marcas de gênero: as inscrições discursivas no corpo imaginário na pintura acadêmica brasileira do século XIX
    Corpo não é igual corpo. Entendendo o corpo enquanto materialidade polissêmica, que se localiza no cruzamento do ego com uma sociedade inteira num espaço-temporal especifico, percebe-se que o corpo imaginário é repleto de inscrições discursivas trazendo a tona áreas de conflito, atrito e ambigüidades, nas quais o corpo complexo é capaz oferecer um espaço de hipótese sobre a cultura, suas normas e valores como também e formação de fronteiras de gênero. A presente comunicação procura analisar a inscrição discursiva nas representações de nus em obras da pintura acadêmica brasileira durante o segundo Império. Os nus brasileiros representam os heróis ou anti- heróis da literatura romântica indianista e seus mitos, ou figuras características do interior brasileiro, fazendo parte da construção simbólica da cultura e memória brasileira e ao mesmo tempo estabelecendo um olhar hierarquizado de gênero, como fica evidente nas pinturas p.ex. “Marabá” (1883) de R. Amoêdo e “Descanso de modelo” (1882) de A. Junior. “O Derrubador” (1879) de A.Junior ocupa como nu masculino um lugar crucial para as análises da masculinidade. O gênero como categoria analítica ajuda a analisar para a História da Arte as marcas de gênero nestes corpos imaginários, sexuados e erotizados.
  • Paula Alves (ENCE - IBGE)
    A presença feminina no cinema brasileiro nos anos 2000
    No começo do século passado, quando surgiu, o cinema era considerado apenas um entretenimento de massa, até que aos poucos, começou-se a acreditar que ele poderia ser a representação da realidade. Hoje as imagens em movimento de arquivo já são consideradas documentos históricos e fonte de pesquisa para diversas áreas do conhecimento. Este trabalho utiliza o Cinema como um recurso de análise das transformações nas relações de gênero, seja na direção dos filmes e outros cargos de prestígio no mercado cinematográfico, seja na representação feminina/masculina nos filmes brasileiros. Nos anos 90, uma nova legislação de apoio ao setor cultural foi criada e permitiu o que se costuma chamar de “retomada do cinema brasileiro”. O filme símbolo dessa retomada é Carlota Joaquina – Princesa do Brasil, de Carla Camurati, e uma de suas marcas é a forte presença de diretoras mulheres. O trabalho analisa o cinema brasileiro produzido na segunda década da retomada, os anos 2000, considerando como variáveis o número de filmes por sexo do diretor, mulheres nas equipes dos filmes em outras funções de destaque além da direção, protagonistas dos filmes por sexo, entre outras.
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  • Lira Córdova Vieira (UFMG)
    A dança de Salomé: da Bíblia a Pasolini
    “O cinema de Pasolini é literário no sentido de buscar trazer para o interior de suas narrativas, textos de sua predileção.” O diretor afirma ter sentido a necessidade de reconhecer, interpretar e analisar o efeito que o sagrado provoca na realidade humana. Decide, então, entrar na esfera do religioso sem traduzir a mensagem evangélica, escolhendo, dentre os evangelistas, aquele que lhe aparenta ser o mais realístico: Mateus. Na cena da dança de Salomé em Evangelho segundo São Mateus, ao invés de nos deparar com a dança-fera dos sete véus, tradição principiada por Oscar Wilde, vemos a dança-inocente de uma mocinha manipulada pela mãe, tal como acontece no texto bíblico. Neste trabalho, busca-se entender que os clássicos – a Bíblia, a Salomé de Wilde e Pasolini – “textos que nos chegam trazendo consigo as marcas das leituras que precederam a nossa e atrás de si os traços que deixaram na cultura ou nas culturas que atravessaram”, como sugere Calvino. O texto – o corpo – de origem deve ser entendido como uma frase situada, produzida em um contexto histórico, e, então, transformada em outra frase produzida em contexto diferente (e, também, em media diferente). Pretende-se, assim, analisar as ações corporais, os desenhos visíveis da dança descritos pelo corpo da Salomé pasoliniana.
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  • Maria do Socorro Aguiar Pontes (UnB)
    Representação da figura feminina em "Cidade das mulheres" de Fellini
    O cinema carrega a grande potencialidade, por alcançar um público muito vasto, de fazer suscitar debates e questionar visões repisadas e preconceituosas que nascem a partir das relações sociais. No que diz respeito à representação da figura da mulher no cinema, ainda pode-se observar, de um modo geral, uma repetição de idéias apriorísticas sem uma real proposta de reflexão e questionamento (o cinema hollywoodiano, por exemplo, tende a representar a mulher inteligente como neurótica e problemática; é o caso da personagem da cientista em "Avatar" de James Cameron). Pretende-se, neste trabalho, discutir a representação da figura feminina no filme "Cidade das mulheres" (1980) de Frederico Fellini ao tentar responder aos seguintes questionamentos: Como e a partir de que perspectiva é trabalhado, na obra, o universo feminino? Sendo um filme de arte, conseguiu propor questionamentos em torno da representação da mulher ou tão-só repetiu estereótipos e preconceitos de gênero? Através da interpretação da obra, tem-se por intenção abordar essas questões sem esquecer o possível diálogo com outros filmes na medida em que se tornar interessante e necessário.
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  • Jaqueline Lima Santos (UNESP)
    Negras, jovens e hip hoppers: interseccionalidade e agência no Fórum de HIP HOP do interior de São Paulo
    Negras, Jovens e HIP HOPpers, integrantes do Fórum de HIP HOP do interior de São Paulo, são tomadas como sujeitos de estudo nesta pesquisa. O Fórum de HIP HOP do interior é uma organização mista que surgiu no ano de 2003, e integra mais de 20 cidades do Estado, tendo como interesse realizar momentos de trocas de experiências, materiais e projetos entre as organizações dessas diferentes cidades, além de discutir o futuro do HIP HOP como movimento de mobilização social. As cidades que integram o Fórum de HIP HOP do interior são dispersas pelo Estado, e as organizações municipais estabelecem comunicação através da internet e realizam reuniões presenciais durante os intervalos dos Fóruns que acontecem trimestralmente. Ainda que em número pequeno, a participação de mulheres nessa organização é expressiva, a partir de suas intervenções, ações e reivindicações dos espaços públicos. Foram escolhidas 15 jovens que praticam pelos menos um dos cinco elementos do movimento HIP HOP para a realização de entrevista com o objetivo de discutir sua participação política e liderança no campo da luta contra opressões raciais, geracionais e de gênero. Faço a discussão de como elas potencializam suas ações cotidianas através desse movimento cultural e construo um diálogo com a teoria da interseccionalidade.
  • Sandra Meyer Nunes (UDESC)
    Modernidade e nacionalismo nas danças solo no Brasil: o bailado de Eros Volúsia e a performance de Luis de Abreu
    Um dos fenômenos mais importantes da nova dança surgida nas primeiras décadas do século XX situava-se na composição solística, realizada por dançarinas que reivindicavam uma nova postura do feminino a partir da absorção de modelos estéticos de outras culturas, e que rompiam com o discurso universal do corpo solidificado pela gramática do balé.
    No Brasil dos anos 1930, os solos de Eros Volúsia afirmam-se numa mistura de nacionalismo e modernismo, diferenciando-se das danças construídas por meio de um olhar utópico e tardo-romântico para as culturas grega, indiana ou egípsia. A estilização constituída por Volúsia a partir de danças populares brasileiras possuía uma implicação sócio-política latente, visto que estas vertentes africanas formajaram a identidade de países como os Estados Unidos e o Brasil.
    Proponho discutir a importância e o impacto das danças solos de Volúsia, chamando a atenção para a operação “antropofágica” que esta realizou em relação às referências culturais estrangeiras e as nacionais, estabelecendo relações entre a pioneira intérprete-criadora e o trabalho de Luiz de Abreu, um solista brasileiro na contemporaneidade, em sua crítica a temas tão caros a Volúsia: dança, corpo feminino e brasilidade.

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