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14. Diásporas e Mobilidades – Desafios Multidisciplinares e de Género

Coordenador@s: Maria da Conceição Pereira Ramos (Universidade do Porto), Maria Luiza Andreazza (UFPR)
As mulheres migrantes podem ser consideradas agentes de mudança nos países de origem e de acolhimento, contribuindo para diferentes transformações, novas dinâmicas familiares e demográficas e mudanças progressistas que afectam as mentalidades, os hábitos de vida, a educação e as relaçoes entre os gêneros. Historicamente, os deslocamentos populacionais mantiveram seus contingentes femininos obscurecidos no interior de agrupamentos familiares mas, é inconteste que sua presença foi decisiva nos processos de inserção e recriação cultural dos migrantes. Já, no quadro da globalização e das mudanças no mercado de trabalho nas últimas décadas, assistimos não só ao crescimento do volume e diversificação das migrações internacionais, como também à sua feminização. As mulheres surgem no reagrupamento familiar, mas também como migrantes autónomas, ou primeiras migrantes para mercados de trabalho formais e informais, e estão fortemente representadas na mobilidade de trabalho pouco qualificado e altamente qualificado. A capacidade de decisão e de intervenção das mulheres migrantes, bem como o papel activo que desempenham ao nível económico, social e cultural tem vindo a aumentar. O trabalho, a educação, as competências linguísticas e culturais e a dupla cidadania são importantes na integração/participação das mulheres migrantes. É intenção dessa sessão temática albergar estudos que analisem, num amplo espectro temporal, as mobilidades e diásporas femininas, a sua integração social, cultural, laboral e política nas sociedades de acolhimento e a sua contribuição para os países de origem. A intenção é refletir sobre a participação das mulheres migrantes, ao longo do tempo e nos diferentes espaços geográficos e culturais, o seu papel na família, no mercado de trabalho, na economia e em actividades sociais, culturais, associativas e políticas. Isso, sem perder de vista que suas inserções nesses espaços se deu, muito frequentemente, à sombra dos maridos ou em modalidades precárias da economia subterrânea e informal.

Local: Sala 246 do CCE/A

Resumos


24/08 - Terça-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Joseli Maria Nunes Mendonça (UFPR)
    Imigrantes e trabalhadoras: experiências de mulheres estrangeiras no centro sul do Brasil do XIX
    São múltiplas as formas de abordagem dos estudos sobre imigração no Brasil. Nas investigações que focalizam a história demográfica e tratam de aspectos culturais, a presença das mulheres é contemplada com mais frequência. Naquelas relativas à História do Trabalho, entretanto, a experiência das mulheres é muito menos enfatizada. É ao mundo masculino, ao homem trabalhador que as atenções em geral se dirigem. A pouca ênfase dada às mulheres na produção da História do Trabalho, entretanto, não corresponde ao papel que a elas foi atribuído nos projetos e nas políticas públicas de incentivo à imigração para conformação do mercado de trabalho no Brasil do século XIX. Vistas como força de trabalho, valorizadas para a formação de famílias e consideradas facilitadoras da fixação masculina no ambientes de produção, elas tiveram papel significativo no processo imigratório. Por meio da análise de debates parlamentares, da legislação reguladora de contratos feitos por imigrantes e de demandas judiciais ensejadas por rompimento contratual, esta comunicação procurará destacar aspectos referentes à presença das mulheres imigrantes no mundo do trabalho no centro sul do Brasil do XIX.
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  • Renata Aparecida Sopelsa (UFPR)
    Lavadeiras, lavradoras... e parceiras de festa: análise sobre o processo de ressocialização de imigrantes européias na cidade de Ponta Grossa-PR, final do século XIX
    No decorrer do século XIX milhares de imigrantes de origem européia desembarcaram nas terras brasileiras, centenas foram instalados no Paraná, e muitos se estabeleceram em Ponta Grossa. Inicialmente trazidos para trabalhar na agricultura, em pouco tempo algumas famílias transferiram-se para a cidade onde se inseriram em empregos urbanos, mas também em um novo mundo social. As mulheres, igualmente afetadas pelo processo de mudança e pela necessidade de inserção nesse outro espaço, passaram a trabalhar como lavadeiras, passadeiras, lavradoras, empregadas domésticas, buscando assim ajudar no sustento da casa. Mas, para além dos horários destinados ao trabalho, essas mulheres não deixavam de participar dos momentos de lazer e descontração, das festas, jogos e bailes periodicamente realizados pelos grupos imigrantes. Em tais momentos, marcadamente comuns entre os homens, e por eles dominados, as imigrantes apareciam como as moças que deveriam ser respeitadas e, sobremaneira, protegidas dos ataques dos brasileiros. Não obstante, esta comunicação tem por objetivo analisar o processo de inserção de imigrantes europeus em meio à sociedade pontagrossense do final do século XIX, lançando luz principalmente sobre a participação das mulheres, suas lutas, seus embates, seu lugar no novo mundo.
  • Sarah Toso Mendes (UEM)
    Maria Quitéria: a diáspora da força do feminino na independencia da Bahia
    Nascida em um dos municípios de Feira de Santana, interior baiano, Maria Quitéria é exemplo de força e determinação, outrora, personificação feminina de belicosa coragem. Na transição do poder português até a Independência da Bahia (1799 à 1823), a contragosto de seu pai Maria foi lutar a favor da coroa utilizando o sobrenome de seu cunhado, Medeiros. Vestida de homem passou despercebida dentro das hierarquias das forças armadas até que seu pai encontrou seu disfarce, mas nem por isso foi desertada, ou impedida de defender seus ideais, sendo assim após sua aguerrida luta em prol da coroa foi recebida pessoalmente pelo Imperador o qual a condecorou com a Imperial Ordem do Cruzeiro promovendo-a Alferes de Linha. Maria se tornou exemplo para que outras também ingressassem no exército. Esta pesquisa busca demonstrar a passagem social e histórica de uma iniciativa feminina, contextualizada em sua época como frágil e provedora, que passou de “simples” mulher a heroína da independência baiana. Nossa reflexão incita relembrar a importância das mulheres guerreiras de nosso país e como elas não são citadas na maioria dos manuais didáticos, apesar de sua grande colaboração para construção e edificação dos fatos sociais e históricos de nosso país
  • Maria da Conceição Pereira Ramos (Universidade do Porto)
    Migrações e género – trabalho, empreendedorismo e discriminações
    No quadro da globalização e das mudanças no mercado de trabalho assistimos ao crescimento das migrações internacionais femininas e da sua participação activa ao nível económico, social e laboral. As mulheres ganham maior independência e empoderamento no projecto migratório. O seu trabalho, a sua capacidade de poupança e de gestão, constituem importantes contributos para a economia, o desenvolvimento e a participação cidadã. As mulheres migrantes são agentes de mudança e de desenvolvimento nos países de origem e de acolhimento, onde contribuem para diferentes transformações e inovações. Se o trabalho, o empreendedorismo e posições profissionais mais elevadas favorecem a sua integração na sociedade, muitas não escapam a modalidades atípicas e precárias de inserção na economia subterrânea e no emprego informal. A discriminação por género e etnia coloca as mulheres migrantes em posição desvantajosa no mercado de trabalho. A discriminação laboral (acesso ao emprego, desemprego, desigualdade salarial, desqualificação…) está a aumentar em todo o mundo e a crise e o desemprego acrescem as tensões sociais e raciais. Há que reforçar a coesão social e a inclusão, através da melhoria da qualidade do trabalho, da igualdade de oportunidades e do combate à discriminação.
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  • Odilia Sousa de Araújo (UFRN)
    A proteção social da mulher brasileira: inserção no mercado de trabalho e na previdência social
    O Brasil tem sofrido os efeitos devastadores inerentes ao capitalismo, pois a organização da sua estrutura produtiva fundada na exploração do trabalho humano, gerou pobreza e desigualdade, o que deu origem à questão social, só reconhecida no início do século XX, com a organização e mobilização das classes trabalhadoras reivindicando direitos sociais. A inserção tardia da mulher brasileira no mercado e no sistema de proteção social deve-se aos valores da nossa ancestralidade portuguesa em que o lar era o seu espaço ocupacional privilegiado, com funções circunscritas à sua condição feminina. Com a Primeira Guerra Mundial, há uma expansão da indústria e o capitalismo emergente recruta a mão-de-obra do menor e da mulher que passam a trabalhar nos espaços fabris insalubres, com prejuízos para a saúde, pois eram submetidos a longas jornadas e ao trabalho noturno. O movimento dos trabalhadores além da luta por melhores salários e condições de trabalho, incluiu na sua pauta de reivindicações a redução de jornada de trabalho e regulamentação do trabalho do menor e da mulher. As Convenções n° 3 e 4 da OIT dispõem sobre o trabalho das mulheres antes e depois do parto e sobre o trabalho noturno. Só a partir de 1960, com o movimento feminista, a mulher emerge como sujeito político.
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  • Olívio Godinho Patrício (ISA-UTL)
    Prevenção e segurança no trabalho, mobilidade e género
    Existem diferenças substanciais nas condições de trabalho das mulheres e dos homens que se repercutem nas respectivas saúde e segurança no trabalho.
    As mulheres, tal como os homens, podem-se confrontar com riscos de trabalho significativos, especialmente as mulheres migrantes, que por ignorância da língua, das normas de trabalho e da menor adaptação ao posto de trabalho, correm em certas actividades riscos acrescidos de acidentes de trabalho e exposição a doenças profissionais.
    Por conseguinte, é necessário integrar a dimensão do género na avaliação dos riscos e na prevenção no local de trabalho, estando desde já a dimensão do género na prevenção dos riscos consagrada como objectivo na legislação comunitária.
    Existem questões chave a ter em conta, como a identificação dos perigos, a avaliação dos riscos e a implementação de soluções.
    Há necessidade de interligar a segurança e a saúde no trabalho a todas as acções de promoção da igualdade no local de trabalho, incluindo os planos de formação e incentivar um maior número de mulheres a participar nas comissões de segurança.

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  • Winifred Knox (UFERSA), Suzana da Cunha Joffer (FATERN)
    Reflexões sobre a experiência de extensão universitária FATERN/UNISOL com o Projeto “Consolidação da Associação de Maricultura de Pitangui”
    Pretende-se refletir sobre a prática interdisciplinar de profissionais no Projeto “Consolidação da Associação de Maricultura de Pitangui”. Este representa a implementação mais efetiva da extensão universitária na FATERN (Faculdade de Excelência Educacional de Natal), com o trabalho junto aos movimentos sociais, diminuindo a distância entre teoria e prática, instrumentalizando e capacitando profissionais associados da AMP, propondo a melhoria de seu produto, agregando valor ao trabalho realizado no local, gerando e ampliando a renda das coletoras, que adotam procedimentos ecologicamente sustentáveis. A AMP existe enquanto movimento social associativo desde 2007, conta hoje com 18 associados, sendo a maioria mulheres trabalhadoras, que fazem a plantação e o beneficiamento de algas para a produção artesanal de sabão e sabonetes. Pretende-se tecer análises e avaliações sobre a implementação das propostas do projeto seguindo três linhas: o processo de autonomização do grupo e das mulheres frente aos processos de intervenção universitária; o processo de protagonização das mulheres na Associação e na IES; o processo de interdisciplinaridade vivido; os índices sociais das mulheres coletoras e beneficiadoras de algas da Associação e as mudanças demonstradas.
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25/08 - Quarta-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Roseli Boschilia (UFPR)
    A Experiência da diáspora nas narrativas de mulheres e/imigrantes
    Esta comunicação resulta de uma investigação mais ampla sobre imigração portuguesa, cujo objetivo tem sido analisar o processo de reconstrução da memória de um grupo de imigrantes que chegou à região Sul do Brasil, no século XX, especialmente no contexto pós segunda guerra mundial. Particularmente, se busca investigar a estratégias discursivas utilizadas por esses imigrantes para organizar a narrativa sobre o passado, a partir das ferramentas que dispõem no presente. Para a presente análise, o foco são as narrativas de mulheres imigrantes que chegaram no Brasil ainda crianças, buscando perceber o processo de reconstrução da memória que elas fazem sobre a experiência da e/imigração e de sua história. Assim, a partir da complexa rede de significados que emergem das práticas discursivas e que dão visibilidade às representações culturais, se pretende analisar o processo de negociação da memória forjado por essas mulheres e expresso na seleção de determinadas recordações que enfatizam, omitem ou esquecem aspectos ligados à experiência da e/imigração.
  • Sidinalva Maria Santos Wawzyniak (UTP)
    Narrativas estrangeiras: memória de mulheres japonesa no Brasil (1940-1990)
    Este estudo tem como objetivo desvendar as narrativas das imigrantes japonesas no Brasil. Para tanto, pretende buscar nas lembranças das memorialistas nipônicas as trajetórias em território brasileiro, e também seguir as estratégias que puseram em prática para manter e/ou recriar seus universos culturais e construir suas identidades. Trata-se de verificar como as imigrantes, lançando mãos de seus valores e de suas representações, os traduziram, construindo espaços de permanência ou de pertencimento na sociedade de adoção. A presente comunicação adotará como foco as representações simbólicas e identificações construídas por essas mulheres, tendo como suporte teórico os estudos culturais. Tais abordagens partem do pressuposto que os indivíduos mantêm elos com uma comunidade, ao mesmo tempo em que fornecem elementos para a construção de uma representação de mundo. Nessa perspectiva, os sistemas simbólicos são articulados pelos atores sociais como estratégias de reconhecimento e de pertencimento. Em seu tempo de inserção na sociedade brasileira, muitas vezes em ambientes hostis, as mulheres japonesas criaram estratégias de sobrevivências apoiadas nos valores culturais herdados de seus pais, dialogando com a nova realidade, ao mesmo tempo em que mantiveram o apreço por sua tradição.
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  • Núncia Santoro de Constantino (PUC-RS)
    Testemunho feminino e imigração: mulheres vênetas em cidades brasileiras e a construção da identidade
    Analisou-se depoimentos de imigrantes italianas que partiram do Vêneto e chegaram ao Brasil no período posterior à Segunda Guerra, entre 1950 e 1964, acelerando o fenômeno da imigração em geral na cidade. Empregando-se a metodologia da Análise Textual Qualitativa, considerou-se pressupostos do método indiciário, em seus três paradigmas essenciais: mudança na escala de observação, leitura indiciária dos testemunhos, análise profunda do universo selecionado. Os quatro depoimentos que compõem o corpus documental permitem inferir sobre contextos de partida na Itália, contexto de chegada, enriquecendo o conhecimento da vida urbana brasileira no período, pela contribuição dos olhares de estranhamento. Além do mais, as inferências enriquecem o conhecimento histórico do fenômeno da imigração na sua complexidade.
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  • Paulo Augusto Tamanini (UFSC)
    Mulheres ortodoxas ucranianas: mudanças silenciosas das práticas culturais em locais de acolhimento
    Este artigo procura compreender como mulheres de uma pequena comunidade ortodoxa ucraniana, moradoras da cidade de Papanduva -SC, no período entre 1960 e 1975, procuraram manter os códigos de identificação e de pertencimento religioso, ante as novas propostas de se viver a religião e a cultura. Observa também como práticas culturais costumeiras tiveram que ser renegociadas com a finalidade de facilitar a interação com o local de recepção, ao mesmo tempo em que se procurava manter elementos que as identificassem como pertencentes àquele grupo étnico-religioso. Para construir a narrativa onde se aborda as alterações e permanência de elementos culturais destas ucranianas ortodoxas em Papanduva, observa-se alguns procedimentos metodológicos tendo como vetores principais para análises: a categoria de gênero, as identidades e as religiosidades.
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  • Ismael Antônio Vannini (UNIPAR)
    Crescei e multiplicai-vos: o papel da cultura imigrante feminina no projeto imigratório (Serra Gaúcha - 1875 – 1950)
    O projeto imigratório empreendido pelos governos imperial brasileiro e italiano, efetivado a partir de 1875, transladou uma importante massa humana do norte italiano para diversas partes da América. A intenção do governo brasileiro era resolver o vazio demográfico da Serra Gaúcha estabelecendo famílias imigrantes as quais, por sua vez, deveriam promover a pequena lavoura inserindo a região no cenário econômico da província e do País. Esses objetivos foram atingidos em meados do século XX, quando o território já se encontrava plenamente ocupado e com forte densidade demográfica. Tendo em vista este contexto, a comunicação que está sendo proposta destina-se a analisar o papel das mulheres imigrantes e de suas descendentes, para o sucesso desse empreendimento, fortemente tributário as peculiaridades da família camponesa. A base empírica dessa análise é a documentação paroquial da antiga colônia de Guaporé, entre os anos 1890 e 1950. Em particular, o que se busca é ressaltar que a manutenção desse modelo de família – associado aos mundos agrário e religioso - foi possível, sobretudo pela via feminina de transmissão de valores o que confere às mulheres função estratégica para o êxito das políticas de fomento populacional e econômico no Sul do país.
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  • Maria Luiza Andreazza (UFPR)
    Mulheres, fecundidade e família: um estudo de caso
    O estudo a ser apresentado se se ocupa em analisar a dinâmica familiar de imigrantes originários da atual Ucrânia, chegados ao Brasil em 1895 e estabelecidos em área rural do Paraná. Dada a alta fecundidade legítima do grupo, nas coortes estabelecidas para o estudo (1995-1949/1950-1985) a reflexão se desenvolveu em busca de compreender a manutenção de uma descendência final alta ao longo de todo o período analisado (entre 8 e 9 filhos na primeira coorte e entre 7 e 8 na segunda coorte) e no que isso implicou em termos de organização social, familiar e doméstica. Em outros termos, a análise se voltou a pensar as razões que levaram esse grupo a perpetuar um sistema reprodutivo historicamente produzido para responder às contingências de outro espaço social quando em seu país de adoção a taxa de fecundidade bruta diminuiu de forma rápida, particularmente no período que corresponde à segunda coorte do estudo. Disso restou considerar que o comportamento reprodutivo é fruto de um complexo sistema de representações no qual interagem modos de conceber as relações de gênero e as inter-geracionais bem como o papel do casamento e da constituição domiciliar.

26/08 - Quinta-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Milton Stanczyk Filho (UNICENTRO)
    Os (des)caminhos da nobilitação: trajetórias de mulheres no além-mar lusitano e suas estratégias de bem viver. Curitiba (1695-1805)
    A historiografia há muito vem apontando o papel da mulher no período colonial brasileiro. Observam-se, por um lado, olhares que atrelam a mulher à família ou subjugada à figura de um ‘pater familia’; por outro, os caminhos pelos quais a mulher pode ser reconhecida num universo, por excelência, gerido pelo homem. Se uma das principais metas que as famílias almejavam durante o Antigo Regime português era a distinção, é perceptível que mesmo nas mais longínquas localidades da América lusa, não se pouparam esforços para alçar ou para manter posições dentro da sociedade a fim de desfrutar de prestígio e, desta forma, distinguir-se socialmente, mas que havia brechas para conquistá-la. Através da recomposição da história de vida de Maria Maciel Barbosa e Maria Rodrigues, é possível observar as relações sociais que suas famílias estabeleceram na vila de Curitiba e analisar o peso que elas tiveram no encaminhamento de sua vida e na de seus descendentes ao longo dos setecentos. O conjunto documental de testamentos, inventários e auto de contas, somado a um cruzamento nominativo de habitantes disponíveis, deu base para se perceber o papel estratégico que a matriarca exerceu na busca e manutenção da honorabilidade do grupo familiar.
  • Martha Daisson Hameister (UFPR)
    Registros batismais: documentos para a reavaliar o papel da mulher na família e na sociedade coloniais
    Visa-se aqui discutir um resultado inusitado surgido quando da pesquisa das estratégias sociais e familiares na Vila do Rio Grande no período entre 1738 e 1766 . Essa investigação teve como fonte principal os registros batismais da localidade no período sob estudo. Como metodologia foi empregada a análise o cruzamento de registros nominais. Um dos seus resultados possibilita o questionamento do papel usualmente atribuído na historiografia brasileira à mulher no seio da família e da sociedade coloniais que tem como base a família patriarcal freyriana.
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  • Wilma de Lara Bueno (UTP)
    Mulheres e religiosidades: experiências das monjas beneditinas no Paraná (1964-1999)
    No âmbito religioso, os movimentos migratórios se revelaram como uma possibilidade viável para atender ao projeto missionário eclesial, no contexto das transformações políticas e sociais que ocorriam na Europa no final do século XIX. Nesta perspectiva, as mulheres atenderam a proposta de Igreja Católica e se tornaram missionárias em terras distantes, ampliando, desta forma, o leque de atribuições a elas, outrora requisitadas e passaram a atuar, efetivamente, como enfermeiras, pedagogas, artistas, professoras em países onde a pobreza social denunciava um grande número de excluídos. Esse movimento adentrou o século XX, no contexto de realização do Concílio Vaticano II (1962-1965). No Paraná, as monjas beneditinas, na condição de missionárias, fundaram um mosteiro na periferia de Curitiba e realizaram significativo trabalho junto às comunidades que, decorrentes do êxodo rural, se estabeleciam nas circunvizinhanças do convento, no tempo da implantação da Cidade Industrial na região. Em território brasileiro, as monjas vivenciaram experiências diversas e criaram estratégias de adaptação do modelo conventual europeu à realidade latino-americana, ao mesmo tempo em que mantinham a tradição do fundador da Congregação e disponibilizavam a religiosidade beneditina à comunidade local.
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  • Maria da Penha de Lima Coutinho (UFPB), Ieda Franken (UFPB), Natalia Ramos
    Gênero e qualidade de vida no contexto da imigração internacional
    A relação entre migração e busca por melhores condições de vida tem-se registrado como uma das maiores forças vetoriais na decisão de imigrar. A International Organization for Migration contabilizou 200 milhões de migrantes no mundo (UNFPA,2008). Este estudo objetiva avaliar a qualidade de vida de imigrantes brasileiros residentes na cidade de Genebra/Suíça. Trata-se de um estudo exploratório, constituido de 266 participantes, submetidos a um Questionário Sociodemográfico, e ao World Health Organization Quality of Life-bref. Os dados foram analisados pelo pacote estatístico Statistical Package for the Social Sciences, (SPSS) utilizando-se a estatística descritiva e inferencial. Os resultados sociodemográficos revelaram que a maioria são mulheres (57,5%), solteiros ou separados (60,5%), jovens entre 19 a 39 anos (79,7%), com tempo de imigração de 1 a cinco anos (65,7%), que avaliam positivamente sua qualidade de vida, sendo que os homens alcançaram as maiores médias, embora somente no dominio ambiental a diferença foi significativamente maior com relação as mulheres. Os escores das variáveis tipo, tempo de imigração e atividade laboral, evidenciam a compreensão destes resultados que nos levam a concluir pela situação de maior vulnerabilidade das mulheres brasileiras imigrantes.
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  • Alex Martins Moraes (UFRGS)
    Os paradoxos de quem fica: experiências femininas em torno ao processo emigratório uruguaio
    As crises econômicas do pós-ditadura significaram, no Uruguai, o aprofundamento de uma dinâmica social expulsiva materializada em boa medida nos enormes fluxos emigratórios que levaram 200.000 pessoas a estabelecer-se no exterior.
    Os “êxodos” uruguaios recentes converteram o “problema social da migração” em uma questão de interesse nacional amplamente tematizada. Mediante realização de entrevistas não diretivas com mulheres uruguaias cujos filhos partiram para o exterior, obtive relatos exemplares das reconfigurações identitárias e posturas táticas que têm lugar no contexto de um campo transnacional e, portanto, não se restringem apenas aos que emigraram. Neste trabalho enfatizo a emergência de paradoxos característicos do tensionamento entre discursos hegemônicos sobre a migração e os significados particulares atribuídos pelos sujeitos às suas experiências em quanto mães de emigrados. Convidando minhas interlocutoras a uma reflexão sobre sua situação concreta, observo de que maneira determinadas “noções absolutas”- o dever de “resignar-se”ou a sensação de “atar-se” ao Uruguai – se desdobram numa relação complexa entre experiências coletivas, práticas individuais e discursos de diferentes agentes que determina quais os possíveis sentidos de haver ficado quando muitos se vão.

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