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Relação dos Pôsteres aprovados


Finalistas de Pôster

dia 24 de agosto

Finalista 01 - Biblioteca Universitária

Diana Rodrigues do Rêgo Barros

Família, moralidade e sexualidade sob a ótica da imprensa - Recife, 1900-1915

Finalista 02 - CFH

Alessandro Güntzel, Vanderlei Machado

Os livros didáticos de História e a luta das mulheres contra a ditadura militar no Brasil

Finalista 03 - CTC

Andreliza Cesar de Oliveira

Feminismo dialógico: Grupo de mulheres dialogando a construção da autonomia e solidariedade feminina

Finalista 04 - CSE

Fabiene Barros de Oliveira, Samanta Carralas Pinheiro de Lima, Amanda Duarte Moura

Homossexualidade, convivência e homofobia

Finalista 05 - CCS

Carina Géssika Irineu do Monte, Maria de Fatima Paz Alves

Gênero, sexualidade e saúde reprodutiva na perspectiva de alunos/as de uma escola pública, em Recife-PE

 

Finalistas de Pôster

dia 25 de agosto


Finalista 06 - Biblioteca Universitária

Leide Sayuri Ogasawara, Jane Maria de Souza Philippi, Patrícia Alves de Souza

Casa da Mulher Catarina: ensinando cidadania e igualdade - prevenindo a gravidez na adolescência

Finalista 07 - CFH

Geisa de Oliveira Loureiro, Isabela Maciel Pires, Anna Paula Uziel

A sexualidade nas instituições de abrigamento: o que dizem os educadores

Finalista 08 - CTC

Helena Isoppo Schmid, Jussara Bittencourt de Sá

Análise de gênero e função social nas designações das ruas de municípios das Microrregiões da AMUREL e AMREC

Atenção:

O pôster "Análise de gênero e função social nas designações das ruas de municípios das Microrregiões da AMUREL e AMREC" - selecionado como finalista do setor CTC do dia 25 de agosto - não foi afixado até o período determinado para a avaliação final a ser realizada no dia 26 de agosto de 2010. Por esta razão, o pôster "Memórias de mulheres políticas: ditadura militar e feminismos em trajetórias no Cone Sul", de autoria de Isabel Cristina Hentz, segundo lugar no setor CTC do dia 25 de agosto, foi selecionado para a premiação final.

Finalista 09 - CSE

Marcelo Melo da Silva

A legislação civil e os desafios das mulheres pelos direitos políticos (1824 - 1932)

Finalista 10 - CCS

Karla Leandro Rascke

As Irmãs do Rosário: o papel social das mulheres freqüentadoras da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos (Desterro, segunda metade do século XIX)

 

Finalistas de Pôster

dia 26 de agosto


Finalista 11 - Biblioteca Universitária

Tanay Gonçalves Notargiacomo

Margens (des)cobertas

Finalista 12 - CFH

Marielly Alves Chaves

A função do Pai na família homossexual feminina

Finalista 13 - CTC

Pedro Lopes

A construção de figuras "jovens"em relatos de pesquisa na Cidade do Cabo, África do Sul

Finalista 14 - CSE

Heloísa Helena de Farias Rosa

Luta por reconhecimento. A relação homoerótica no ordenamento jurídico brasileiro

Finalista 15 - CCS

Rodrigo Marcio Santana dos Santos, Ailton da Silva Santos

A Montagem: o processo de transformação das travestis

 

Premiação


3º Lugar

Diana Rodrigues do Rêgo Barros

Família, moralidade e sexualidade sob a ótica da imprensa - Recife, 1900-1915

2º Lugar

Karla Leandro Rascke

As Irmãs do Rosário: o papel social das mulheres freqüentadoras da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos (Desterro, segunda metade do século XIX)

1º Lugar

Tanay Gonçalves Notargiacomo

Margens (des)cobertas

 

Pôsteres aprovados pelo evento


Adriana Soares de Souza (UFSC)
O Entre-lugar: O Fio Cortante da Tradução e da Negociação
A partir dos questionamentos de teóricos e escritores sobre os critérios europeus de julgar as culturas diferentes, as do outro (colonizado), a literatura pós-colonial surge denunciando a opressão do colonizador, a devastação da terra e da cultura nativa, contrapondo-se aos pressupostos imperialistas. Desse modo, o presente artigo pretende evidenciar, sob a perspectiva conceitual de Tradução Cultural de Homi Bhabha, uma discussão acerca do discurso colonial e de sua representação em duas narrativas cinematográficas. Para tanto, procura-se cunhar, a partir dos filmes The Piano e Amélia, respectivamente, de Jane Campion (1993) e de Ana Carolina (2000), os momentos de tensão e de resistência entre culturas diferentes.
Alba dos Santos Rocha (UFU), Nathália Neiva dos Santos, Leila Bitar Moukachar Ramos
Entre a identificação e a ação: a Estratégia de Saúde da Família e a possibilidade de intervenção nos casos de violência contra a mulher
Considerando que a violência contra a mulher é um agravo à saúde de notificação compulsória e que sua definição engloba uma multiplicidade de variantes: física, sexual e/ou psicológica da vítima e que geralmente é impetrada por parceiros íntimos, ocorrendo no ambiente domiciliar, o presente trabalho teve como objetivo o diagnóstico sobre a detecção deste fenômeno pelas equipes que atuam na Estratégia de Saúde da Família. Através de questionários aplicados aos profissionais das equipes da cidade de Uberlândia, no ano de 2009, investigamos a forma mais freqüente de agressão empregada, o principal tipo de relação entre vítima e agressor e a recorrência do fato. Em consonância com as pesquisas nacionais, a forma mais comum de violência identificada foi a física, correspondendo a 51,4% do universo. Também a relação vítima agressor, onde 54,9%, dos agressores, estão inseridos numa relação de conjugalidade corresponde a literatura. No entanto, a recorrência do agravo é de 60,7% o que aponta para a vulnerabilidade dessas mulheres e para o espaço de intervenção da política pública. Consideramos que a capacitação das equipes de saúde da família acerca deste fenômeno é urgente, uma vez que a Estratégia de Saúde da Família é uma ferramenta de grande potencial interventor na saúde pública.
Alberto Mesaque Martins (Fiocruz - MG), Maria José Nogueira (Fiocruz - BH)
Práticas de promoção da saúde sexual e reprodutiva na perspectiva de adolescentes da cidade de Belo Horizonte – MG
Alcemir de Oliveira Freire (UFPB), Raisa Albuquerque Andrade (UFPB)
Uma História de Antonia Coelho Pereira
Aldezir de Oliveira Santos (UNISANT'ANNA), Maria de Fátima Bezerra
Um estudo sobre a depressão em mulheres cárcere privado de um presídio na cidade de São Paulo
Alessandra Elisa Gromowski (UEL), Virgínia Bonelli Milani (UEL)
A construção transitória entre o(s) masculino(s) e feminino(s) na androginia
A androginia tem se configurado como uma proposta estética na contemporaneidade utilizando-se de roupas, acessórios e outros signos que rompem a divisão binária entre o masculino e o feminino, embaralhando seus símbolos, e propondo alternativos estilos de vida. Para tanto serão realizadas duas entrevistas com pessoas que se autodenominam andróginas, os relatos serão áudio-gravado e transcritos na íntegra para posterior análise do discurso, referenciado por estudos culturais e de gênero de autores pós-estruturalistas; entre eles Michael Foucault, Judith Butler, Joan Scott e Guacira Lopes Louro. O objetivo do trabalho é descrever os processos de subjetivação, assim como o cotidiano de pessoas que podem criar um estilo singular de vida. Esta pesquisa faz parte de um aprofundamento nos estudos que buscam compreender as diferentes expressões de sexualidade e gênero; este estudo é realizado na disciplina de Psicologia Social do curso de Psicologia da Universidade Estadual de Londrina.
Alessandro Güntzel (UFRGS), Vanderlei Machado (Colégio de Aplicação - UFRGS)
Os livros didáticos de História e a luta das mulheres contra a ditadura militar no Brasil
O presente Pôster tem como objetivo discorrer sobre uma pesquisa em andamento no Colégio de Aplicação da UFRGS. Este estudo busca perceber como os livros didáticos de História abordam a participação feminina na luta contra o regime ditatorial que se instalou no Brasil, entre 1964 e 1985. Apesar da existência de uma bibliografia que aborda a participação feminina nas lutas contra a ditadura, o que se percebe nos manuais escolares é uma quase ausência da figura feminina neste episódio que marcou a história brasileira recente. Entre os objetivos desta pesquisa está a construção de metodologias de ensino visando inserir a história das mulheres e das relações de gênero no espaço escolar. Ao levar este tema para a sala de aula, busca-se ampliar os horizontes de expectativas de meninos e meninas, demonstrando que tanto os homens quanto as mulheres devem participar da esfera pública política.
Alex Rodrigo De Cerqueira (UENP), Edna Aparecida Lopes Katakura, Annecy Tojeiro Giordani
Cuidados de enfermagem prestados a portadores de HIV/AIDS na perspectiva de Enfermeiros: uma questão de gênero
Alexandre Augusto Fernandes da Silva (UFU)
Outras mulheres de Zéfiro: corporalidades homoeróticas femininas e pornografia masculina
Alexandre Pereira Faustini (UFES)
Violência e ciúme na DEAM de Vitória/ES entre janeiro e julho de 2003
O presente trabalho trata de um mapeamento das denúncias de violência registradas na DEAM de Vitória/ES entre Janeiro e Julho de 2003. Será focada a
questão do ciúme, verificando a porcentagem relativa às agressões provocadas por essa motivação, em relação ao total de ocorrências registradas naquela instituição. Traçaremos o perfil sócio-econômico do agressor passional e também a participação das mulheres em delitos contra outras mulheres, por causa de ciúme. Tal visualização será feita por gráficos feitos com base no banco de dados sobre o tema construído pelo expositor com auxílio de sua professora orientadora.
Alícia Santana de Castro (UFRRJ), Gisele Maria Costa Souza (UFRRJ)
Estereótipos de gênero nos contos de Malba Tahan
Este estudo analisa as percepções de gênero em personagens de histórias de Malba Tahan e utiliza-se como ferramenta a contação de histórias com professoras do Centro de Atenção à Criança e ao Adolescente - CAIC Paulo Dacorso Filho, escola pública localizada no Município de Seropédica no Estado do Rio de Janeiro. O instrumento utilizado na pesquisa foi o da Análise das Evocações Livres: uma técnica de análise estrutural das representações sociais (Moreira et al., 2005). Os resultados da pesquisa apontam uma forte inclinação de valorização da beleza como instrumento de sedução nas relações conjugais e da construção no imaginário feminino de um homem ideal, romântico e apaixonado capaz de fazer sacrifícios para conquistar o amor da mulher amada. Observou-se também uma associação com a idade cronológica d@ personagem com o desenvolvimento de ações como astúcia e esperteza (Pedro, 2001). Nesse sentido, a pesquisa se justifica pela necessidade de maior estudo na questão da percepção de gênero de profissionais da educação com implicações no desenvolvimento da construção de identidade de crianças nos primeiros anos de vida, na melhoria e qualidade do ensino fundamental e na capacitação profissional da área.
Aline Braga Moreira (UFMG), Esfefa Pereira Gonçalves (UFMG)
Relações de gênero nos reagrupamentos escolares: práticas generificadas no currículo escolar
Aline Eiko Hoshino (UNESP)
Gênero na figura de Mãe Susana no livro Úrsula de Maria Firmina dos Reis em 1859
Na obra Úrsula, escrita no período escravista, as relações se dão entre senhores e escravos. Contudo não é todo escravo que o senhor consegue manter sob o domínio patriarcal, visto que Mãe Susana(escrava) não se submete a esta hierarquia, por ser ela de uma visão de mundo antiescravista. Através da temática de gênero, essa não submissão a hierarquia será melhor entendida. Pela lógica do período, Mãe Susana deveria ser submissa a Fernando P.( vilão da história), mas ela não é, já que sendo Fernando P. um homem e senhor de escravos exerceria duplamente um poder. Primeiro por ser homem (o homem domina a mulher), segundo por ser senhor (o senhor exerce domínio sobre os escravos). A figura de Mãe Susana quebra esta representação criada pela sociedade, sobre a mestiça e sobre a negra. Ou seja, longe de ser a mulher submissa, sem pensamentos e ações próprias, Mãe Susana se afasta da figura da escrava obediente e subjugada, muito característica nos romances. Numa época em que a mulher não tem voz e a representação das escravas é apresentada de modo racista na época, como vista, por exemplo na obra de Bernardo Guimarães, A escrava Isaura, em que para o autor só existe beleza na mulher branca, Mãe Susana aparece diante de nós criando sua própria identidade e contando sua história.
Aline Ferreira Nogueira (FURG), Indira Capela (FURG), Cristian Remor Oliveira (FURG)
Sexualidade e Travestilidade: uma maneira de segregar
Preconceito é uma palavra que a cada dia ganha mais espaço em nossas discussões. A sociedade realizando um papel excludente a todos aqueles que não se encaixam no modelo "normal”, estabelece e determina as formas de ser e de se comportar em diferentes esferas sociais. No presente estudo trataremos da questão da sexualidade, com foco no preconceito social às travestis. Após estudos a respeito do tema, tendo como referencial autores como Larissa Pelúcio, MR. Benedetti e Hugo Denizart, realizamos uma pesquisa de campo entrevistando travestis da cidade de Rio Grande/RS.
Nosso objetivo visava investigar se a prostituição é o único caminho para uma travesti. Foi possível perceber a complexidade do tema em questão: mesmo com o apoio da família e a extensa dedicação dos familiares para o reconhecimento e para a não discriminação da travesti, o preconceito social acaba por levar uma grande parcela dessas pessoas para o destino único e cruel da prostituição. Entendemos que o ponto de conflito que pode ou não levar uma travesti a prostituição é a própria sociedade.
Esta pouco possibilita espaços para educação, emprego e lazer sem que a travestilidade se torne uma maneira de segregar, a partir do preconceito social e discriminatório que vivenciamos a cada dia em nossos convívios sociais.
Aline Magalhães Fernandes (Centro Universitário UNA)
“Qual é? Sou homem! Sensível é coisa de mulherzinha”: gênero e sexualidade no espaço escolar
Aline Motter Schmitz (UNIOSTE), Roselí Alves dos Santos (Unioeste)
A mulher e sua inclusão no processo produtivo e na produção leiteira no sudoeste do Paraná após a Revolução Tecnológica da agricultura
No resultado parcial da pesquisa desenvolvida constatamos que apesar das diversas lutas e conquistas na construção de uma sociedade eqüitativa, em relação a agricultura familiar, prevalece na região sudoeste paranaense a hierarquia familiar e a divisão sexual do trabalho. A presença destas resultam em relações conflitantes e contraditórias, focamos este texto na atuação da mulher na produção leiteira e análise das mudanças decorrentes neste processo e seus reflexos na organização política das agricultoras. A mulher que tinha sobre seus cuidados e domínio a produção e a renda leiteira, com a introdução do pacote tecnológico e as dificuldades para adaptação da agricultura familiar, torna o leite a principal atividade econômica e a mulher perde esse espaço, mesmo sendo responsável pelo trabalho na produção do leite, assumindo dupla jornada de trabalho e, na maioria das vezes, encontrando-se subsumida nas atividades da propriedade. As entrevistas e o registro das narrativas com as mulheres agricultoras da região revelaram essa realidade que mais que mudanças na produção, demonstraram a contradição presente no processo de organização política da agricultura familiar, pois ao serem excluídas na produção as mesmas também o são dos processos organizativos e do comando dessas.
Aline Paiva de Lucena (UNB)
Personagens femininas e espaço urbano em Samuel Rawet e Oswaldo Goeldi
Amanda Ely (UNESC), Beatriz Cechinel (UNESC)
Encarceramento feminino e deslocamentos: um estudo de caso sobre o deslocamento forçado de mulheres em situação de prisão e a quebra dos vínculos familiares no Presídio Santa Augusta em Criciúma-SC
No Brasil, as mulheres constituem 6,12% da população carcerária total. Estes dados apontam para a necessidade de estudos que considerem a perspectiva de gênero no ambiente prisional, garantindo que não haja a invisibilização das necessidades e direitos das mulheres. Nesse sentido, a presente investigação aborda a questão dos efeitos do deslocamento forçado, que impossibilita a convivência familiar, na subjetividade da mulher presa. Para tanto, apresentar-se-á um estudo de caso com uma detenta do presídio Santa Augusta em Criciúma-SC. Trata-se, portanto, de uma pesquisa qualitativa, onde foi utilizado o método história de vida. A detenta entrevistada encontra-se reclusa há cinco meses a espera de julgamento. Ao ser presa, as duas filhas foram enviadas para outro estado, onde reside toda a sua família. Devido a precária situação financeira familiar, não recebe visitas. O que mais chama a atenção em seu discurso é o sofrimento emocional ocasionado pela ausência de contato com as filhas, o que a leva a desejar abrir mão de todos os seus direitos, apenas para poder estar mais perto delas. Concluímos que uma das principais preocupações da mulher presa é a sua família e esta, como categoria, constitui um elemento fundamental de integração social.
Amanda Pacheco Machado (PUC - RS), Hellena Bonocore Moraes (PUC - RS), Lucas Gerzson Linck (PUC - RS)
Vida de mulher: cativeiros e superações
Este estudo está inserido no projeto guarda-chuva “Gênero, Gerações e Subjetividade” desenvolvido no grupo de pesquisa Relações de Gênero. Por meio da Teoria do Desenvolvimento de Levinson e da Teoria do Espaço Consciente de Burlae, o estudo visa investigar os processos que estão na base da construção da subjetividade de mulheres de meia idade e idosas. Esta investigação é realizada a partir da Entrevista Biográfica desenvolvida por Gersick e Kram, onde são previstos três encontros com cada participante, no sentido do passado, presente e futuro das mesmas. Trata-se de um estudo com enfoque qualitativo, exploratório e descritivo. As participantes são mulheres com idade a partir dos quarenta anos, não havendo limite a partir dessa idade, e com os mais diversos perfis. Aqui apresentamos resultados de entrevistas já realizadas com mulheres entre os quarenta e quarenta e cinco anos, que possuem nível de escolaridade superior completo e incompleto. Através delas, pode-se perceber que é na família que essas mulheres sofrem mais cativeiros e também onde estão suas maiores preocupações. Já o trabalho é descrito como fonte de realização. Esses dados são analisados a partir da análise de discurso proposto por Rosalind Gill. Atualmente, o estudo está em desenvolvimento, mas já é possível perceber a importância da reflexão desencadeada pela entrevista.
Amanda Teixeira Pinto (UNIFESP)
Paixões Infames: Homossexualidade e a mídia da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD)
Neste trabalho, pretendeu-se caracterizar o discurso da IURD acerca da homossexualidade. Para tal, fez-se uma busca em dois tipos de mídia: jornal e Internet. Optou-se por esses canais devido à forte participação dessa instituição nos mais variados meios de comunicação, tendo como público principal os próprios adeptos. Durante a análise dos textos, foi predominante uma visão essencialista do gênero feminino e masculino, sendo notável o esforço da IURD para distinguir homens de mulheres. O mesmo mostrou-se presente no âmbito das práticas sexuais, em alguns textos de Edir Macedo, ele deliberadamente prescreve quais são as práticas sexuais “naturais”, esperadas de homens e mulheres. E dessa forma impõe uma heteronormatividade, já que, em suas próprias palavras, a homossexualidade é “uma infâmia diabólica”. Em nossa hipótese, a homossexualidade só pode ser concebida como uma prática desviante, porque se estabeleceu que a heterossexualidade seria a norma. A idéia de desvio só faz sentido quando pensada de forma relacional e não implica em consenso entre os chamados de “infratores”. Mudanças sociais que rompem com os padrões normativos da sociedade podem gerar algum tipo de conflito. Procuramos neste trabalho mostrar como a IURD atua nessa dinâmica social, através de suas mensagens.
Ana Carla Liscoski (UNIJUÍ)
Modos de envelhecimento no município de Ijuí - RS e as redes das práticas de lazer
O presente trabalho é desdobramento de um conjunto de pesquisas que vimos realizando sobre a “politização dos corpos”, inspirada nos Estudos de Gênero. Discutimos como os diferentes discursos, da Medicina à Educação Física, investem sobre os corpos, argumentando que esse modo educativo pode ser compreendido como uma dimensão importante de um processo contemporâneo mais amplo, que definimos como “politização do corpo e do feminino” (MEYER, 2003), o que, por extensão, inclui a “politização do corpo idoso” (SCHWENGBER, 2008). Assim, na primeira etapa da pesquisa, procuramos, conhecer como se materializam os projetos governamentais e não governamentais esportivos de lazer na cidade de Ijuí-RS destinados aos idosos. Para tal, estudamos os espaços de lazer por meio de mapas, fotografias e visitas em 35 bairros e 2 distritos do município de Ijuí. Encontramos 25 espaços de práticas de lazer voltados aos idosos. Destes, 12 se constituem em bailes de “Terceira Idade”, não vinculados a entidades governamentais, 11 grupos ligados a um projeto da prefeitura municipal e 2 grupos relacionados a entidades privadas. Os resultados nesse momento apontam para os espaços de lazer como um ambiente de sociabilidade, onde se configuram diferentes modos de envelhecimento dos idosos ijuienses.
Ana Carolina de Andrade e Silva (UCB - DF)
“As mais vividas”: travestilidades, experiências e envelhecimento
Ana Carolina Radd Lima (UFJF)
O mito do eterno Feminino no olhar de Simone de Beauvoir
O presente estudo aborda a distinção de gênero e a situação da mulher dentro da sociedade, a partir do pensamento de Simone de Beauvoir. Trata-se de uma pesquisa de caráter descritivo de cunho histórico-social, dando ênfase à questão cultural, à desigualdade de gênero e à violência sexista. Tal desigualdade é decorrente de traços culturais, como o patriarcalismo, onde as mulheres não desfrutavam dos mesmos direitos que os homens, e por isso foram excluídas de certos privilégios. Cabia a elas, portanto, serem preparadas apenas para se casar e viver de forma submissa em função de seu marido e filhos. Hoje já se vê um grande avanço na discussão de gênero, e na situação da mulher na sociedade, apesar dos preconceitos ainda sofridos, e muitas ainda são vítimas de violências física e moral. Tem-se como grande referência desse progresso feminista, a francesa, Simone de Beauvoir que, além de ser uma mulher à frente de seu tempo, dedicou grande parte de sua vida aos estudos da situação da mulher. Por fim, o objetivo desse trabalho é quebrar os tabus e estereótipos criados culturalmente em torno do que se chama de universo feminino.
Ana Carolina Santana Moreira (UFGD)
Caça às bruxas: A (re)invenção do poder inquisidor da persecução penal no caso do crime de aborto
A polêmica trazida à tona pelo indiciamento de mais de 10 mil mulheres pelo crime de aborto em Campo Grande – MS seria tema suficiente para muitas discussões transdisciplinares envolvendo princípios de direito penal e processual penal e as vastas teorias de Gênero. O aceite de algumas destas mulheres à proposta de suspensão do processo mediante serviços prestados às creches da comunidade traria ainda mais um ponto importante a ser tratado: o caráter inquisidor da imputação penal. A tortura psicológica a que estas mulheres podem ter sido submetidas para que fossem punidas/reeducadas pelo crime de aborto denuncia um uso cruel do poder punitivo legitimamente constituído no Estado de Direito. Define-se crime a partir da vontade da maioria, porém o sistema judiciário possui regras próprias, não recorrendo à sociedade no momento da persecução penal. Assim, cabe ao juiz instituir o grau da punição e adequá-la à gravidade da lesão ao bem jurídico protegido. Qual é a legitimidade deste poder quando se trata de um tema tão delicado como o aborto. Esta reflexão sobre a crueldade ou não da punição estatal em uma perspectiva de Gênero pode até constituir-se em uma polêmica tão abrangente quanto a discussão sobre a descriminalização, ou não, do aborto no Brasil.
Ana Carolina Silva Torres (URCA), Roberto Marques, Antônia Eudivânia de Oliveira Silva (URCA)
Ser Mãe, ser Mulher: Recepções do Movimento Feminista no Projeto “Mães De Presos” na Cidade de Crato – CE
Apresentamos aqui material recolhido ao longo do projeto -Gênero, Feminismo e Políticas Públicas-financiado pelo CNPq. Analisamos um dos projetos do Conselho da Mulher em Crato (CE), espaço de militância feminista e busca de equidade de gênero. Durante nossa entrada em campo, percebemos que o Conselho centra-se na assistência e assessoramento de mulheres vítimas de violência. Desta forma, o projeto “Mães de presos, mães de presas: Mães Presas”consiste em ações de apoio às mães dos detentos da Penitenciária Industrial Regional do Cariri cuja justificativa é que:“quando um filho de uma mulher vai preso, esta vai presa junto com ele”, fato encarado pelas conselheiras como mais uma forma de violência contra a mulher. A reflexão sobre o projeto possibilita localizar o Conselho na discussão sobre Movimento Feminista e suas formas de recepção. Aqui, pode-se perceber como a busca de equidade conflui com uma concepção de mulher como vítima e reproduz a idéia fragilidade. Para tanto, a noção de violência constitui-se como principal artífice do movimento feminista local. Ao criar políticas de apoio às mães dos presos, as conselheiras sustentam ainda uma imagística de gênero que considera a idéia de mulher intimamente ligada a idéia de filho, contradizendo discursos feministas pós-70.
Ana Flávia Ramos (UNESP)
Andalusiando em contos: Uma análise do espaço em “The river”, “The comforts of home” e “Good country people”, de Flannery O’Connor
Este trabalho propõe um estudo do espaço nos contos “The river” (1953), “The comforts of home” (1965) e “Good country people” (1955), da escritora Flannery O’Connor. É objetivo central desta proposta a procura por identificar quais espaços, ou quais elementos neles contidos, tais como objetos e cores, compõem para uma melhor compreensão das obras, e analisar a função de ‘representação’ que muitos deles desempenham. Para tanto, alguns textos teóricos tomados como base são “Espaço e romance”, de Antônio Dimas, “O sistema dos objetos”, de Jean Baudrillard, “A cor no processo criativo”, de Lilian Ried Miller Barros, dentre outras obras concernentes à questão do espaço e à produção literária de Flannery O’Connor.
Ana Lúcia Oliveira Fernandez Gil (UDESC), Jacqueline Wildi Lins (UDESC)
O corpo feminino no espaço poético e estético de Frida Kahlo
A preocupação com a beleza é recorrente desde os tempos mais remotos, mas os padrões estéticos sofreram grandes mudanças ao longo do tempo influenciadas por fatores culturais, sociais, econômicos e históricos. O presente artigo aborda a obra de Frida Kahlo artista latino americana que coloca o corpo como matéria moldável possível de ser idealizado como lugar de questionamentos sobre a identidade feminina no espaço poético e estético da sua obra.
Ana Paula Alves da Silva (UFGD)
Relações de Gênero e Poder no âmbito privado dos/as alunos/as da Escola Família Agrícola (EFA), localizada no Assentamento Lua Branca, município de Itaquiraí-MS (um estudo de caso)
Ana Paula Medeiros Teixeira dos Santos (UEM)
A moda na educação dos anos 70: as aparências da primeira-dama Bárbara Barros
As fotografias são vetores de comunicação da moda e das representações de gênero presentes na sociedade e cultura acerca dos modos de vestir e aparecer publicamente. No trabalho examinamos as fotografias da primeira-dama, Bárbara Barros, focando a análise sobre as representações de moda e gênero veiculadas nas imagens. A personagem desempenhou o papel de primeira-dama entre os anos 1973-1977, quando o marido, Silvio Magalhães Barros, foi prefeito de Maringá (PR). No período, a atuação de Bárbara foi direcionada para um dos vértices da política da educação: a implementação das Associações de Pais e Mestres (APPs), nas escolas públicas. O levantamento e a análise de fontes imagéticas (fotografias), oriundas do acervo do Patrimônio Histórico de Maringá e da imprensa (jornais), mostra que o percurso da primeira-dama foi marcado pela produção de aparências, as quais informam sobre as tendências da moda dos anos 70 e nelas, as representações para o feminino e as feminilidades. As imagens produzidas para a primeira-dama na cobertura de eventos tecem representações que mostram como a personagem usou os artefatos indumentários, bem como os gestos e as atitudes concebidas como apropriados às mulheres, para conquistar simpatia e ter autoridade para comandar e atingir seus objetivos.
Ana Paula Patrone (USP)
"Sketches of Buenos Aires" - Leitura da Paisagem Urbana (1893-1898)
Ana Paula Provin (UDESC)
Práticas Contraceptivas e Aborto em Grupos Populares Urbanos
Esta pesquisa tem por objetivo reconstruir trajetórias afetivo-sexuais de mulheres e homens de grupos populares urbanos, buscando apreender suas representações sobre práticas contraceptivas e aborto. O universo é um bairro da periferia urbana de Florianópolis, e recorre-se a metodologias qualitativas (entrevistas e observação participante) e quantitativas (grupo focal e questionários). Pretende-se inventariar as práticas contraceptivas e de interrupção voluntária da gravidez e experiências dos sujeitos no que se refere aos chamados direitos reprodutivos e sexualidade. A pesquisa vem sendo desenvolvida em equipe, cabendo a bolsista de IC o suporte ao grupo da pesquisa,
na transcrição e análise das entrevistas realizadas, acompanhamento das pesquisadoras em entrevistas com as mulheres e profissionais da área de saúde que trabalham na região e na observação participante tanto nos grupos comunitários quanto no posto de saúde do bairro. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da UDESC e conta com o apoio do Edital 022/Saúde da Mulher/CNPq e Ministério da Saúde.
Ana Rosa de Sousa Amor (UNB), Gláucia Ribeiro Starling Diniz (UnB)
A relação conjugal violenta no discurso de mulheres vítimas de violência
A violência, processo presente em todos os espaços civilizatórios, emerge com configuração complexa nos relacionamentos afetivos. Na forma de violência conjugal, a violência de gênero encontra um espaço bem marcado, sendo que o domínio masculino é o seu propulsor. A experiência de violência no contexto das relações conjugais e familiares danifica profundamente a saúde mental e física de suas vítimas, provocando nelas perda da condição de sujeito e de cidadã. Desta forma, é necessário aprofundar e elucidar o entendimento da constituição da violência de gênero e buscar formas de lidar com o sofrimento provocado por ela, visto que histórias de relações afetivas violentas são recorrentes em diferentes contextos, refletindo a complexidade das dimensões pessoais, relacionais e sociais envolvidas. A luz de uma perspectiva feminista, este estudo visa compreender dimensões da conjugalidade violenta, tais como o silêncio e o segredo, a partir do discurso de mulheres vítimas de violência conjugal. Ressalta-se a pretensão não de alcançar neutralidade, mas mudanças sociais e empoderamento de grupos/sujeitos oprimidos, neste caso mulheres vítimas de violência. Com essa finalidade, busca-se fazer uma analise fundamentada em abordagens críticas.
Analia da Silva Barbosa (UFF)
Maternidade e Mulheres Encarceradas: olhares aproximativos dos pesquisadores e equipe técnica da SEAP que participam do Grupo de Pesquisa Os sentidos da Maternidade
Como primeiro produto da pesquisa acerca do tema Os sentidos da Maternidade e Sistema Penitenciário , realizamos um grupo focal com as pesquisadoras envolvidas no processo, com o objetivo de aprender como os técnicos que trabalham diretamente com as mulheres encarceradas e as pesquisadoras que formularam em conjunto a pesquisa problematizam a temática da investigação. O grupo focal foi um alternativa para pesquisar o universo técnico, discutindo em conjunto as questões ligadas ao mundo da criminalidade, cárcere, feminismo, maternidade, família entre outras questões.No presente trabalho, buscaremos analisar de forma qualitativa as percepções que os técnicos conseguiram extrair deste momento e os seus rebatimentos ao longo da pesquisa, pois esta experiência não foi conclusiva e sim o início de questionamentos, debates, encontros ao longo da pesquisa.
Andréa Pires Grandini (FCMSCSP), Marta Maria de Assis (Santa Casa - SP)
Principais Conseqüências Psicossociais da Paternidade na Adolescência: Uma Revisão Bibliográfica
Este trabalho teve como objetivos obter informações sobre os principais motivos que levam a paternidade na adolescência e identificar as conseqüências psicossociais relacionados à mesma. Pesquisa bibliográfica de 1998 a 2008 nas bases LILACS, BDENF, SCIELO e ADOLEC utilizando-se os descritores paternidade, adolescência, motivos e conseqüências. Dos artigos encontrados apenas sete respondiam aos objetivos. A maioria dos artigos foi publicada pelas revistas Caderno de Saúde Pública e Estudos de Psicologia. A faixa etária prevalente dos pais adolescentes foi de 15 a 19 anos. Os artigos mostraram que 86% dos pais adolescentes tinham o Ensino Fundamental Completo. A paternidade na adolescência levou a inserção no mercado de trabalho informal com renda mensal de um salário mínimo. Desconhecimento sobre contracepção (57%), relaxamento no controle da contracepção (57%), atribuição da responsabilidade de contracepção à parceira (42%) e baixo nível sócio-econômico (42%) foram os principais motivos que levaram a paternidade na adolescência, sendo conseqüências desta: abandono escolar (citado em 100% dos artigos); inserção no mercado de trabalho (85%); diminuição do convívio social (71%), dependência econômica dos pais (42%) e amadurecimento / aumento da responsabilidade (28%).
Andrei Martin San Pablo Kotchergenko (UFSC)
A Participação Das Mulheres Na Luta Armada No Cone Sul
Esta pesquisa pretende realizar uma análise sobre a participação da mulher nos grupos de esquerda armada, pertencentes ao Brasil e ao Chile, verificando principalmente a maneira pela qual essa participação feminina era vista e considerada pelos companheiros guerrilheiros atuantes nas mesmas organizações. Pretende enfocar também o sentimento dessas militantes em relação às dificuldades enfrentadas, devido à intensa discriminação que sofriam em suas trajetórias quanto guerrilheiras. Para a análise desta proposta temática, é utilizada uma comparação entre os conteúdos produzidos pelas organizações de esquerda armada desses países, focalizando a ALN, Ação Libertadora Nacional, do Brasil e o MIR, Movimiento de Izquierda Revolucionária, do Chile, tais como manuais, memórias, relatos autobiografados e bibliografia referente ao assunto. Para complemento e apoio dessas análises são usadas entrevistas realizadas com algumas mulheres que pertenceram ou colaboraram com as organizações já mencionadas.
Andreliza Cesar de Oliveira (UFSCAR)
Feminismo dialógico: Grupo de mulheres dialogando a construção da autonomia e solidariedade feminina
Este trabalho discorre sobre um projeto de extensão desenvolvido pelo grupo de Ação e Estudos de gênero e Feminismo Dialógico do NIASE- UFSCar (Núcleo de Ação e Investigação Social e Educativa) em conjunto com a Divisão de Políticas para Mulheres e dois Grupos de Mulheres. O primeiro grupo é composto por mulheres de um assentamento rural (Assentamento Rural Terra Nossa/Horto Aimorés -Bauru-Pederneiras/SP) e o segundo por mulheres de um bairro da periferia da Cidade de São Carlos. Pretende-se apresentar as principais ações educativas desenvolvidas com as mulheres na busca da prevenção contra a violência e autonomia feminina, as quais se manifestam pelos cursos voltados para a geração de renda, cursos de informática e vivência de práticas de solidariedade entre mulheres.
Tais atividades visam à inclusão de diferentes mulheres no diálogo fortalecendo e instrumentalizando-as para participarem dos diferentes espaços sociais, compreenderem a construção histórica da socialização de mulheres e homens e transformarem as práticas sociais de desigualdades de gênero. Baseiam-se na perspectiva teórica do Feminismo Dialógico, o qual tem suas bases na Aprendizagem Dialógica, pautada nas contribuições teóricas de Paulo Freire (Dialogicidade) e Habermas (Ação Comunicativa).
Andressa Marques da Silva (UNB)
Mulheres Negras e caminhos negados
Ane Talita da Silva Rocha (USP)
Os jovens e o prazer: Um recorte de gênero na escola pública
Anelisa Martins Ribeiro (UERJ), Anna Paula Uziel (UERJ)
Parentalidade e Adversidade: O que a justiça diz sobre a homossexualidade dos pais
Uma grande diversidade de estruturas familiares é comum na atualidade e um desses novos arranjos é a família homoparental, que consiste na formação de uma nova família composta por uma pessoa sozinha ou um casal de mesmo sexo e seus filhos, que podem ser adotados, fruto de reprodução assistida ou oriundos de relacionamentos heterossexuais anteriores. Tendo em vista que essa já uma realidade na sociedade atual e que, mesmo assim, ainda gera certo desconforto para alguns, o objetivo da presente pesquisa é observar como a justiça se posiciona a respeito da decisão sobre a guarda dos filhos quando, no momento da separação, o pai ou a mãe se declara ou é descoberto homossexual. Para tal, lemos processos de algumas Varas de Família do Estado do Rio de Janeiro. Ainda que a homossexualidade dos pais não seja impedimento para concessão da guarda, ela é tematizada no processo em todos os casos que aparece. Chama a atenção a comparação feita com outros personagens que também não se encaixam com a percepção hegemônica de família como o usuário de drogas ou de álcool. Declarar-se homossexual parece excluir a paternidade/maternidade e esse preconceito, mesmo que muito combatido, ainda aparece bem claramente nos processos aos quais tivemos acesso.
Angela Yesenia Olaya Requene (Universidad de Caldas), Nitonel Gonzalez Castro
Recorriendo las realidades del pueblo tumaqueño...¿el Congal un pueblo destinado al olvido?
Angélica Ferrarez de Almeida (UERJ)
O Corpo do Outro: Uma Reflexão acerca das Marcas da Nação e dos Castigos através das aquarelas de Jean Baptiste Debret
Anna Barbara Cardoso da Silva (UFPA), Luiz Eduardo Santos do Nascimento (UFPA), Kirla Korina dos Santos Anderson (UFPA)
A universidade vista pelas mulheres: interpretações sobre o processo de construção da identidade universitária
Anna Carolina Horstmann Amorim (UFPR), Marlene Tamanini (UFPR)
Gênero e ciência: dinâmicas das Novas Tecnologias Reprodutivas conceptivas
Trata-se de uma análise sociológica que cerca as diferentes especialidades envolvidas em reprodução assistida e que encontram-se ligadas aos centros e clínicas de reprodução humana pertencentes à Rede Latino Americana de reprodução assistida (REDLARA) e os conteúdos de seus artigos publicados entre os anos de 2000 e 2007 e disponíveis online nos sites das clínicas. Articula-se a estes aspectos a análise dos conteúdos publicitários encontrados nos sites das clínicas brasileiras e intersectam-se os sentidos dos discursos e o rol de valores presentes nas imagens. Objetiva-se, além de visibilizar as diferentes dinâmicas que envolvem a reprodução assistida em laboratório, analisar como as metáforas sobre reprodução, gênero e ciência são ali engendradas; como estas se conectam a processos sociotécnicos, afetivos e sociais e qual o lugar da ciência e da tecnologia na ordem reprodutiva. Por fim, analisa-se como a cultura da maternidade obrigatória permeia o campo publicitário e científico nesses espaços e ressaltam-se as possíveis consequências dessa estreita ligação para o âmbito social, cultural, ético, político e tecnológico.
Antonio Vitorino de Oliveira Bisneto (PUC - PR), Maria Francinete de Oliveira (UFRN)
Gênero e representações sociais no universo culinário
O universo dos alimentos – produção e reprodução – é repleto de valores que contribuem para o dinamismo de nossa cultura. Selecionar, transformar, descartar e reinventar sabores são tarefas próprias de quem executa o ato de cozinhar. Diante do exposto destacamos como objetivo do presente estudo analisar o universo culinário e gastronômico de acordo com os sistemas de gênero e suas representações sociais. Para análise destacamos os seguintes descritores: cozinheira, cozinheiro, chef, gourmet e gastronomia. De acordo com o senso comum, coerente com a literatura, a palavra cozinheira tem uma identidade social baixa ou negativa, uma vez que sua atividade é vista como extensão da cozinha doméstica. Representa uma empregada doméstica com atividade exclusiva na cozinha. Já o cozinheiro é visto como um profissional qualificado que trabalha em grandes cozinhas. O chef e o gourmet têm identidade social elevada ou positiva, sempre representado por uma figura masculina de classe social alta. Esta imagem, divulgada pela mídia, vem sendo responsável por uma representação social de sucesso da gastronomia. Concluímos inferindo que no universo culinário são recriadas as receitas de novos sistemas de gênero, mas, a gastronomia permanece masculina e a culinária feminina.
Ayla Pereira de Camargo (UEL)
Nas origens do movimento feminista “revisitado” no Brasil: o Círculo de Mulheres
São muitos os debates acerca do feminismo no Brasil. Todavia, são poucos os estudos que se lançaram na análise da estreita relação das experiências das mulheres exiladas como um dos pontos de partida para o desenvolvimento do feminismo que chamamos de “segunda onda”, ou de feminismo “revistado”.
Deste modo examinaremos essa experiência das mulheres que foram exiladas à época da ditadura militar, instaurada em 1964. Os anos no exílio foram importantes para a criação desse feminismo “revisitado”. Que foi responsável por uma importante contribuição teórica acerca da subordinação da mulher. No entanto, nossa pesquisa revela que as mulheres que estiveram à base de sua criação no exílio, sobretudo no Círculo de Mulheres Brasileiras em Paris, encontraram muitas dificuldades para se organizarem. O principal obstáculo eram companheiros militantes de dentro dos próprios grupos da esquerda.
Desenvolver este estudo poderá contribuir para a compreensão da eclosão feminista, e do conflito que trazia: a questão da luta de classes, e a questão da sexualidade da mulher. Foi dentro deste contexto em que de um lado estavam às agitações do feminismo francês inspirado nas idéias de maio de 1968 e, de outro, o movimento de mulheres, encontrado no Brasil.
Bárbara Duarte de Souza (UFPA)
Ações afirmativas e participação política das mulheres: um olhar sobre as cotas partidárias
Bárbara Morsch Lipp (UCS), Lucas Guarnieri (UCS), Najara Ferrari Pinheiro (UCS)
Bom, Bonito e Carinhoso: a representação da nova masculinidade na TV
Beatriz Cechinel (UNESC), Alexsandra Pizzetti Benincá (Unisul)
Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06) e violência de gênero: monitoramento processual das medidas protetivas para as mulheres no município de Criciúma-SC, entre os anos de 2008 e 2009
A Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06) foi criada com o intuito de reprimir e evitar a violência doméstica e familiar contra as mulheres no Brasil e, trouxe inovações ao prever medidas protetivas para tutelar as vítimas de violência. Esta pesquisa teve como objetivo apresentar dados e conclusões acerca do monitoramento processual das medidas protetivas concedidas ou denegadas às mulheres no município de Criciúma/SC, entre os anos de 2008 e 2009, envolvendo a violência doméstica no âmbito afetivo/sexual. Foram tabulados e analisados 269 processos judiciais, dentre os quais foi possível observar uma tendência de relacionamento duradouro, sendo que em 40% dos casos,este já existia há mais de 08 anos, tendo como característica a união estável (42%). Um dos fatores que mais impulsionou a violência foi a influência de álcool e drogas (26%). No que tange às medidas protetivas requeridas, verifica-se que as mais pedidas são a proibição de contato com a ofendida e seus familiares, e o afastamento do agressor do lar, sendo estes também os pedidos mais deferidos pelo magistrado. Conclui-se que embora tenham sido criadas medidas protetivas para prevenir a violência, o ciclo parece perdurar, já que o agressor torna-se reincidente no cometimento de tais delitos.
Bianca de Azevedo Lima (UFRJ), Rosa Maria Leite Ribeiro Pedro
Legalização do casamento homossexual em Portugal: redes e controvérsias
Este trabalho pretende investigar as redes relacionadas à legalização do casamento homossexual em Portugal. Como metodologia foi utilizada a Análise das Controvérsias (LATOUR, 2000) a partir de notícias na imprensa portuguesa.

Este autor indica que o melhor momento para se estudar as redes é quando ainda não estão estáveis, ou seja, quando suscitam controvérsias como durante o debate e votação do casamento homossexual. É raro as redes se formarem sem conflitos, as resoluções são sempre resultado de negociações.

Discursos de conservadores e religiosos evocam conceitos como casamento e família como imutáveis. De acordo com a concepção de Latour (1994) não há limites precisos entre diferentes categorias, o que forma os híbridos, que se proliferam nas sociedades contemporâneas. Desta forma, o casamento homossexual constituiria mais um híbrido. Para que esta hibridização ganhe estatuto de verdade é necessário a estabilização de um jogo de interesses e mobilização de aliados, não há uma regra a priori.


Referências

Latour, B. Ciência em ação: como seguir cientistas e engenheiros sociedade afora. São Paulo: Unesp, 2000.
Latour, B. Jamais fomos modenos. São Paulo: 34, 1994.
Bruna Alessandra Comelli Bukowitz (IESB), Valeska Zanello (IESB)
Contos eróticos e relações de gênero
O xingamento é um ato de fala que possui na esfera pública o objetivo de ofender. Cada cultura privilegia certas palavras que serão consideradas ofensivas. Em estudo recente (Zanello & Gomes, 2008) encontrou-se, entre estas palavras, uma prevalência daquelas de caráter sexual ativo para mulheres e passivo para homens. Elas apontam para espaços sociais interditados e não desejáveis, para uma determinada forma de regramento libidinal, subsistente na prescrição dos comportamentos sociais. É na intimidade que esta prescrição é transgredida, seja na realidade ou no imaginário erótico (Stoller). A presente pesquisa teve como objetivo fazer um levantamento da presença e freqüência de xingamentos em contos eróticos disponibilizados em sites pornográficos da web. A maioria dos xingamentos encontrados atribuídos a mulheres e homens são sexuais ativos. No entanto, para mulheres seriam ofensivos na esfera pública, enquanto para homens seriam elogiosos e enaltecedores de sua virilidade. Sugere-se assim que há um controle mais efetivo da sexualidade feminina (que pode se realizar pela via do masoquismo, como forma de liberação sexual, pois a transgressão na vida íntima casa-se com a humilhação na esfera pública); e um exercício da sexualidade masculina, marcada e valorizada pela virilidade.
Bruna Ferreira Gomes (PUC - GO), Cinthia Gracielle Martins
Adolescentes grávidas vítimas de violência: um olhar interdisciplinar sobre os serviços de saúde
A pesquisa trata da avaliação dos serviços de saúde prestados às adolescentes grávidas, vítimas de violência doméstica, na Região Leste de Goiânia. A gravidez na adolescência relaciona-se às condições sócio-econômicas de quem as vivenciam. A região é marcada pela vulnerabilidade social e alta incidência de gravidez. Objetiva avaliar e monitorar o processo de atenção à saúde de adolescentes grávidas, moradoras no Leste da cidade, que sofreram violência doméstica. A metodologia utilizada é a avaliação por triangulação de métodos. Esta propõe a abordagem quanti-qualitativa que consiste na combinação de múltiplas estratégias capaz de apreender tanto as dimensões objetivas quanto subjetivas do objeto. O método busca garantir a representatividade e a diversidade de posições dos grupos sociais e conhecer a magnitude, cobertura e eficiência dos programas investigados. O resultado permitiu elaborar o perfil bio-psico-sócio-econômico das adolescentes grávidas e a compreensão dos sentidos e significados que as mesmas dão à experiência vivenciada e à atenção de saúde recebida. Os resultados apontam para uma certa invisibilidade da violência nos serviços de saúde e dificuldades quanto à atenção interdisciplinar. A gravidez pode ser abordada como causa e/ou consequência da violência.
Bruna Janerini Corrêa (UNESP), Karina Pereira Lima (UNESP), Larissa Botura Fonseca (UNESP)
Corpo e identidade em travestis: reposição X transformação da identidade
Este trabalho realizou um estudo sobre as transformações do corpo e a constituição da identidade dos travestis. Buscou-se compreender o processo de formação e transformação homossexual, o processo de transformação em travestis e como tais mudanças configuraram-se na composição de suas identidades psicossociais. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com duas travestis de uma cidade do interior do estado de São Paulo. As entrevistas foram divididas em sete blocos: dados pessoais; história de vida; orientação sexual; corpo e identidade; percepção de si e do mundo; trabalhos; desejos e planos para o futuro. As análises foram realizadas a partir da teoria da identidade de Ciampa e da Psicologia Social na perspectiva Sócio-Histórica, que compreende a identidade como um processo em constante movimento. Este estudo mostrou que no processo de mudança da sexualidade e gênero dos sujeitos ocorre a perspectiva de uma identidade psicossocial de transformação (rompimento com o modelo anterior), bem como a perspectiva de uma identidade psicossocial de reposição (quando assume características tipicamente femininas). Mostrou-se também que esse processo está associado à superação da normatividade, da dicotomia homem-mulher e da hierarquização das identidades e das diferenças.
Bruna Rossi Koerich (UFRGS)
Questão urbana: um recorte de gênero
Objetivos: A questão urbana tem sido objeto de vários estudos, com recortes e áreas de pesquisa diversos. Contudo, o recorte de gênero ainda é pouco trabalhado e se caracteriza por possuir fontes limitadas e áreas de atuação restritas.
Este trabalho, ainda em andamento, busca analisar a interferência que o gênero exerce nos direitos e usos da cidade.
Metodologia: A pesquisa utiliza-se fontes teóricas estudiosos do direito à cidade e de gênero e feminismo, além de boletins de grupos de discussões sobre esta temática realizados em Fóruns Urbanos em todo o mundo. Buscando um enfoque desse recorte na questão habitacional, dados foram coletados durante reuniões com a comunidade para a elaboração do Plano Local de Habitação de Interesse Social nos Municípios de Eldorado do Sul(RS), São Leopoldo (RS) e São Gabriel (RS).
Conclusões: Por ser essa uma pesquisa ainda em andamento, seus resultados encontram-se em processo de finalização, entretanto, pode-se dizer que a conclusão principal da pesquisa é a positiva da influência do gênero na territorialização dos espaços, principalmente no tocante ao trabalho e às políticas públicas urbanas.
Bruno Adelmo Ferreira Mendes Franco (UFBA), Maria Thereza Ávila Dantas Coelho (UFBA), Nelson Junot Borges (UFBA)
Conhecimento acerca da AIDS e comportamento sexual de estudantes de Salvador - Bahia
Considerando a orientação do Ministério da Saúde de avaliação dos programas de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, este estudo objetivou investigar o comportamento sexual dos jovens e o seu conhecimento acerca da AIDS. Para tanto, utilizou o Questionário para avaliação de programas de prevenção das DST/AIDS do próprio Ministério, com uma parcela da população estudantil de Salvador/Bahia. Foram aplicados 100 questionários por um grupo de discentes do Bacharelado Interdisciplinar em Saúde da UFBA, em instituições de ensino médio e superior, em cinco ocasiões distintas. No que diz respeito às características demográficas da população estudada, 75% era do sexo feminino, com idade entre 14 e 55 anos, e 82,25% eram alunos da rede pública de ensino médio. Em relação ao comportamento sexual, 60% já havia tido pelo menos uma relação sexual, dos quais 64% relataram uso de preservativo na primeira relação. 51% disseram ter se relacionado sexualmente nos últimos seis meses, destes somente, 17% usaram preservativos todas as vezes, mas apenas 35% tiveram parceiro fixo. Conclui-se que a população estudada ainda é desinformada e necessita de mais programas de educação e orientação sexual.
Caetano Kayuna Sordi Barbará Dias (UFRGS), Bernardo Lewgoy (UFRGS)
O triângulo rosa: o reconhecimento da perseguição nazista aos homossexuais (1933-1945) e a cultura memorial da República Federal Alemã sobre o III Reich
Este trabalho surge como derivação da pesquisa realizada, sob orientação do Prof. Bernardo Lewgoy, acerca das vicissitudes sofridas pela cultura memorial alemã sobre o Holocausto. O reconhecimento de homens e mulheres homossexuais entre as vítimas da perseguição nazista (1933 – 1945) tem sido uma das principais demandas dos movimentos pelos direitos sexuais na República Federal Alemã desde a década de 60. Neste contexto nacional, a construção de memoriais às vítimas do III Reich possui grande importância dentro das políticas de reparação, tornando-se, para o movimento gay, objeto central de suas demandas. Da positivação semântica inicial do "Rosa-winkel" [triângulo rosa, estigma aplicado aos uniformes dos prisioneiros homossexuais] nas décadas de 70 e 80, passando pela crise de representação da cultura monumental alemã sobre o holocausto (anos 90, 2000), o presente trabalho intenta traçar uma linha concisa das mudanças e transformações sofridas pela cultura da memória deste grupo de vítimas, sobretudo seu papel na consolidação do movimento gay alemão.
Camila Bianca dos Reis (UFSC)
Afirmação de masculinidade na violência doméstica contra a mulher: um discurso presente?
Em uma época marcada por crises, mudanças culturais e mudanças sociais, o sujeito contemporâneo reformula e afirma seus valores e identidades constantemente. Comportamentos, sentimentos, desejos e emoções, vistos como partes de uma essência masculina ou feminina, são produtos de determinado contexto histórico cultural. Por essa perspectiva, algumas mudanças na sociedade atual como, por exemplo, na estrutura familiar, com a emancipação das mulheres e as conquistas femininas no mercado de trabalho, geraram o que podemos chamar de uma crise do masculino. As mudanças nos papéis masculinos e femininos geraram homens mais afetuosos que, por outro lado, fez com que se sentissem ameaçados pela “dominação” feminina. Como reação desse sentimento de ameaça há uma valorização e afirmação da masculinidade por parte dos homens “machos”, que muitas vezes acontecem por meio da imposição de poder e autoridade nas relações de trabalho e familiares. Nesse sentido, este trabalho se propõe analisar as representações e formas de afirmação de masculinidades nos homens que estão vivenciando uma relação de gênero com violência doméstica contra a mulher.
Camila de Sousa Godoy (PUC - GO), Débora Marinho Avelar (PUC - GO)
Os sentidos e significados da gravidez, maternidade e paternidade na adolescência
O presente estudo busca constituir uma aproximação dos temas: sentidos e significados da gravidez na adolescência para os sujeitos que vivenciam essa realidade e sua percepção acerca da participação do companheiro antes e após o nascimento do filho. Trata-se de uma pesquisa que busca o aprofundamento das reflexões e discussões acerca do tema proposto. A análise do corpo de conhecimento construido, a partir das lentes analiticas feministas pode contribuir para uma melhor compreensão da temática proposta. As influencias sociais, psicológicas e biologicas na vida das adolescentes e seus companheiros parecem determinar a presença ou ausência paterna em todo o processo de gravidez considerada precoce. Os sentidos e significados da gravidez, maternidade e paternidade na adolescência estão carregados, entre outros, de conceitos (ou pré-conceitos) relacionados ao gênero, geração e classe social.
Camila Gonçalves Chagas (UNISINOS)
Reflexão de uma experiência: aprendendo a tecer com as artesãs
Pesquisamos um grupo de mulheres tecelãs e o relacionamos com a experiência de conhecimentos invisibilizados na história das mulheres. O grupo pesquisado é do município de Alvorada/RS. Durante dois dias vivenciamos (orientadora, mestranda e bolsistas de iniciação científica) uma experiência diferenciada junto com esse grupo de artesãs. Esse encontro tinha como objetivo o aprender, ensinar e refletir os processos da tecelagem, a partir de uma “inversão de papéis”: as tecelãs tornaram-se professoras e as professoras e futuras professoras, tornaram-se alunas. Os grupos se reuniram no próprio atelier para a produção de peças individuais: aprendemos a tecer uma peça própria, enquanto as tecelãs produziram uma peça para elas. Entendo que esse momento foi um passo decisivo para que houvesse uma reflexão sobre a automatização do trabalho manual. Ensinar-nos a tecer afastou-as da preocupação da demanda de produção de trabalho, e fez com que vissem as peças produzidas de outra forma, não apenas como um trabalho, mas também a beleza deste. Assim, elas puderam visibilizar seus conhecimentos, sabendo que os possuem e são capazes de produzi-los e ensiná-los.
Camila Rodrigues da Silva (UNESP)
Gênero e documentação jurídica: percebendo as subjetividades femininas
O projeto objetiva identificar e analisar as múltiplas identidades femininas e as relações de gênero no cotidiano das cidades paulistas que compreenderam a circunscrição da Comarca de Bauru no período de 1920-1940, observando a dinâmica dos movimentos dos indivíduos inseridos em uma sociedade em formação, diante dos avanços e recursos implementados pelo complexo processo de mudança, modernização/modernidade do século XX. Atento ao cotidiano, as práticas sociais e principalmente as relações de gênero que permitem observar singularidades de uma inserção feminina no espaço público, este, contribui para resgatar uma outra visão histográfica da sociedade, com temporalidades heterogêneas, a partir da leitura de Inquéritos Policiais do período.
Camila Serafim Daminelli (UDESC)
O mercado do sexo infanto-juvenil feminino em Florianópolis: perspectivas e enfrentamentos (1990 – 2009)
No decorrer do século XX o Estado brasileiro buscou regulamentar algumas atividades exercidas por menores, enquanto outras se tornaram alvo de prevenção. Dentre as práticas a serem abolidas, destaca-se a prostituição infanto-juvenil, cuja luta ganha força na década de 1980 com os discursos feministas e internacionais. Percebe-se um deslocamento no que se refere à compreensão da prostituição infanto-juvenil e às formas de enfrentamento no Brasil, ao longo das últimas décadas. Concebido como um problema moral da infância sem assistência pouco visado nas legislações de 1927 e 1979, a prática passa a ser entendida como uma violência contra os menores, sendo seus agressores criminalizados judicialmente, de acordo com o ECA, a partir de 1990. Em Florianópolis, na contemporaneidade, a prostituição infanto-juvenil situa-se num contexto de diversidades, visto que as pessoas envolvidas possuem trajetórias de vida singulares, mas também porque existe uma gama diversa de serviços sexuais comerciais e uma demanda por eles, o que gerou um mercado do sexo infanto-juvenil. A partir de uma perspectiva teórica das relações de gênero, busca-se neste estudo conhecer a relação destas jovens com a atividade laboral e as ações dos programas sociais no enfrentamento das mesmas.
Camile Faustino (UERJ), Dayse de Paula Marques da Silva (UERJ), Natalina Ribeiro Brito (UERJ)
Hierarquias de gênero e conhecimento: a casa de parto no Rio de Janeiro
O presente trabalho tem como objetivo fazer uma análise da transversalidade de Gênero nas carreiras profissionais, especificamente no Serviço social e na Medicina bem como um estudo das relações de gênero no mercado de trabalho. Este trabalho é fruto de estudos e leituras de textos incorporados do Projeto de Pesquisa: Novas hierarquias profissionais: conhecimento, gênero e etnia do Programa de Estudo de Gênero, Geração e Etnia – PEGGE/SR3/FSS/UERJ. As profissões são grupos de poder dentro da sociedade dispostos de forma hierárquica, que buscam a valorização e a legitimidade do seu fazer profissional. O perfil atribuído às mulheres se relaciona a qualidades consideradas genuinamente femininas, tais como a sensibilidade e o cuidado, enquanto o masculino caracteriza-se como o mais técnico e objetivo. As profissões “destinadas” às mulheres têm baixo prestígio e são desvalorizadas. Estas questões podem ser claramente evidenciadas através das discussões sobre as casas de parto no RJ. Os únicos profissionais de nível superior que atuam são o enfermeiro, o nutricionista e o assistente social, o que provocou muitos conflitos com o Conselho Regional de Medicina, em 2009. Este fato será analisado com base nas hierarquias de gênero e de conhecimento.
Carina Géssika Irineu do Monte (UFRPE), Maria de Fatima Paz Alves (UFRPE)
Gênero, sexualidade e saúde reprodutiva na perspectiva de alunos/as de uma escola pública, em Recife-PE
No trabalho apresentamos e discutimos o modo como jovens de uma escola pública situada numa comunidade de baixa renda de Recife/PE, se posicionam diante de questões relativas às relações de Gênero, Sexualidade e Saúde Reprodutiva. Ele fundamenta-se em técnicas de natureza qualitativa, entrevistas semi-estruturadas e observação sistemática do cotidiano escolar de rapazes e moças, na faixa etária entre 14 e 18 anos. A pesquisa realizada fez parte do projeto de extensão “Formação em Gênero, Sexualidade e Saúde reprodutiva entre jovens de escolas públicas dos bairros de Sítio dos Pintos”, desenvolvido por bolsistas do curso de Economia Doméstica da UFRPE em 2009. Os resultados indicam que tanto homens como mulheres se queixam quanto à forma com que são vistos e tratados mutuamente, destacando a relação de competição que existe entre os sexos. No que se diz a respeito ao namoro/relacionamento afetivo, o modelo de dominação masculina sobre o feminino é um ponto recorrente enfocado por eles/as, ao mesmo tempo é um dos principais motivos geradores de violência contra as mulheres. A conclusão sinaliza para a falta de diálogo entre: pais e filhos/as e, a escola, apontando-se esta última como local em que mitos e tabus devem ser quebrados particularmente, em relação às temáticas abordadas.
Carlo Giovani de Jesus Bruno (UFF)
A Lapa de hoje e de "Madame Satã"
O presente trabalho visa analisar e comparar os espaços de convivência e de lazer da população LGBTT do Rio de Janeiro, mais especificamente da lapa, nos anos 30 traçando as devidas relações com os atuais espaços. O trabalho utiliza como referencia principal o filme “Madame Satã”, interpretado por Lazaro Ramos, que narra a história de João Francisco dos Santos, personagem lendário de resistência da Lapa entre os anos 30 e 40, negro, homossexual, que realiza performances durante uma época de extrema repressão, sendo respeitado e admirado por diversos freqüentadores da lapa nos tempos áureos da “malandragem” carioca, apesar de toda a força do preconceito daquele momento histórico. A partir do filme e de sua contextualização na época este trabalho caracteriza as atuais áreas destinadas para o publico LGBTT, observando as diferenças e semelhanças de diversos aspectos, porém centrando no caráter sócio-econômico dos atuais freqüentadores, avaliando também os impactos gerados por estas áreas no contexto geral da lapa.
Carlos Wendell Pedrosa dos Santos (UFPE), Vitória Régia Fernandes Gehlen (UFPE), Maria Magaly Colares de Moura Alencar
Divisão sexual do trabalho nas Unidades Domésticas de Produção no Município de Toritama.
Carolina de Souza Amaral (FURG)
“É jogo de mulher, é mulher com mulher ...”: os espaços e lugares das mulheres na roda de capoeira
Este trabalho objetiva analisar as relações de gênero no contexto de rodas de capoeira na cidade do Rio Grande, RS. Essa análise foi feita a partir dos dados coletados nos diários de campo e das imagens das rodas de rua. A capoeira não parece preocupada com as relações de gênero, mas elas emergem nas suas práticas, em que mulheres, muitas vezes, são secundarizadas tanto nas rodas como nos rituais e treinos. O fato de ser uma luta é associada diretamente à masculinidade, já que para as mulheres a sociedade reserva as atividades corporais mais delicadas como a dança. É a masculinidade que eles querem expor quando tomam conta da roda, mostrando seus corpos fortes e viris, num jogo de enfrentamentos corpóreos, em que se espera que o duelo seja vencido não só pelo mais habilidoso, mas também pelo mais forte. Contudo, as poucas mulheres que tentam subverter essa lógica, nem sempre são bem sucedidas, pois são eles quem determinam os espaços e as atividades reservadas a elas. Além disso, a maior parte dessas atividades destinadas às mulheres na roda de capoeira são hierarquicamente inferiores em relação àquelas desenvolvidas pelos homens, independente de suas habilidades.
Carolina Ferreira de Figueiredo (UDESC), Thamirys Mendes Lunardi (UDESC)
El Bint: o desafio das jovens mulheres muçulmanas em Florianópolis (1990-2010)
A partir de pesquisa iniciada em agosto de 2009 sobre a população árabe muçulmana em Florianópolis, constatamos que este grupo é pouco vislumbrado pela historiografia. Dentro deste grupo, é perceptível o desafiante estágio em que se encontram as mulheres jovens- Bint em árabe; isto porque seu papel na comunidade islâmica não está solidificado, porque ainda não constituíram família e não representam o papel social de mulher amadurecida, e sobretudo de mãe. É relevante ressaltar a dificuldade destas jovens de estarem em cultura tão diferente que a sua materna, de modo que suas experiências perpassam discussões acerca de como enxergam o seu papel nas duas sociedades, buscando perceber a presença de uma reprodução das concepções mais clássicas ou permissivas da cultura árabe. Pretendemos aprofundar questões relativas ao (auto)-reconhecimento destas jovens acerca do seu papel como mulher no Islã, a partir daquelas que residem na capital de Santa Catarina. Assim, as noções do significado de mulher, casamento, família, indicam ser diferentes e até mesmo, conflitantes. Nesse estudo, pretendemos visibilizar as falas destas jovens, suas identificações e pertencimentos, considerando o seu cotidiano rodeado por elementos não árabes, “próprios” à cidade contemporânea e ocidental.
Carolina Izabela Dutra de Miranda (UFMG), Maria Zilda Ferreira Cury
Entre lugares do feminino: as faces da diáspora nas personagens de Relato de um certo Oriente, de Milton Hatoum
Este trabalho pretende abordar o espaço conquistado pela figura feminina em uma obra da literatura brasileira contemporânea. Em Relato de um certo Oriente, de Milton Hatoum, focalizamos a diáspora da personagem Emilie e sua família para o Brasil em 1920, em busca do Amazonas, abandonando um Líbano dominado pelo império Otomano, sua pressão político-religiosa e a dificuldade de sobrevivência. O objetivo desta pesquisa é explicitar como a migração desta libanesa cristã e a construção de sua família constituem um entre lugar cultural, contrapondo o lugar de soberania e alicerce conferidos à figura feminina da matriarca na tradição árabe, a das personagens femininas das populações indígena e ribeirinha, vítimas da exploração e da subserviência social. Pretende-se explorar como a negociação identitária e cultural, entre ocidente e oriente, ocorrem por meio da personagem Emilie, ressaltando a troca entre culturas e constituindo a revisitação do regionalismo, transfigurando o ambiente amazônico em lugar de contradições que extrapolam o regionalismo. Espera-se demonstrar a ressiguinificação, importância e função atribuídas pelo autor à ficcionalização da diáspora feminina em suas obras.
Carolina Ribeiro Pátaro (UNESP), Renata Sparapan
Abordagens da violência doméstica em revistas feministas acadêmicas brasileiras
Caroline Marci Fagundes Coutinho (UNIMONTES), Gemilson Soares da Silva Segundo (UNIMONTES)
Mandachuvas ou mandonas? A posição das policiais femininas enquanto provedoras dos lares
Cássio de Albuquerque Maffioletti (UFRGS)
Emancipação de jovens de periferia
O projeto pretende viabilizar a formação de equipes de trabalho capazes de tomar iniciativas, prover e administrar recursos, construindo caminhos para geração de renda e desenvolvimento de trabalho social comunitário. São protagonistas desse processo os jovens da comunidade da Vila Bom Jesus, da cidade de Porto Alegre, na sua maioria militantes do movimento Hip Hop. A pesquisa valoriza as iniciativas dos seus protagonistas, potencializando suas ações e dando voz aos anseios da comunidade. Trata-se de pesquisa do tipo qualitativa, que “envolve a imersão do
pesquisador no campo de pesquisa, considerando este como o cenário social em que tem lugar o fenômeno estudado em todo o conjunto de elementos que o constitui, e que, por sua vez, está constituído por ele”. (REY, 2005 p. 81). Como iniciativa já consolidada foi criado o espaço de vivências “Casa do Hip Hop KSULO”, onde são ministradas oficinas de Break, DJ, MC e Graffit, informática e produção musical. Contamos com 6 computadores doados pela ONG Moradia e Cidadania. A KSULO fomentou a cooperativa de confecção de roupas com a grife “470”, como alternativa da geração de renda. Para a capacitação profissional dos jovens na produção de gestão de recursos firmou parceria com Fundação Luterana de Diaconia.
Catarina Lisboa do Carmo (UDESC)
Da Rua à Mesa: manifestações sócio-culturais da população árabe em Florianópolis/SC (1991-2010)
Na contemporaneidade, devido ao desenvolvimento tecnológico acelerado, diferentes culturas e/ou nacionalidades entram em contato através de um trânsito intenso de produtos, pessoas e informações. Lançados a migração transnacional, a comunidade árabe em Florianópolis, formada inicialmente em 1920, atravessa e é atravessada pelo processo de mundialização. Assim, a comunidade árabe florianopolitana parece experimentar, a partir de um processo de desterritorialização, maneiras de se inserir no mundo que tensionam lugares vistos como próprios das suas inscrições culturais. Neste sentido, a comida, fruto de uma maneira particular de preparar os alimentos, narrativa sensitiva e simbólica de cores, texturas, sabores e cheiros, se apresenta como estimulante de lembranças e de produção de lugares de memória, que muitas vezes são utilizados para sustentar uma identidade cultural e/ou nacional. Na cultura árabe, visivelmente balizada entre domínios feminino e masculino, a cozinha é o setor da casa onde o poder é exercido quase que exclusivamente pelas mulheres. Onde hierarquias familiares são postas, receitas são ensinadas de mãe para filha, de sogra para nora, onde quem tem o “saber fazer” é portador e transmissor de uma tradição sustentada nas falas e práticas cotidianas dessa população.
Catharina da Cunha Silveira (UFRGS), Maria Simone Vione Schwengber (Unijui)
O Pai Presente: um modelo masculino em crescente evidência na mídia
Esta pesquisa tem como objetivo destacar as transformações ocorridas em relação às posições masculinas - de parternidade(s)- a partir da segunda metade do século XX, mapeadas em um artefato específico da mídia brasileira a revista Pais & Filhos. Selecionamos artigos da coluna Pais, nos exemplares de Janeiro a Agosto de 2009. Como estratégia metodológica utilizamos a análise de discurso. Das análises destacamos os seguintes resultados: a Pais & Filhos apresenta, inicialmente, uma postura tradicional de exacerbação da centralidade da mãe, porém esse posicionamento modifica-se, pois, observa-se a partir da década de 80, um movimento que desloca essa posição de única responsável, aumentando o envolvimento do genitor na criação dos/as filhos/as. Assim, o planejamento, cuidado, educação dos/as filhos/as passa a ser visto como um problema do casal; embora a mãe permaneça enunciada como a responsável principal, pois a ajuda paterna inicialmente restringe-se à esfera lúdica. Observa-se a multiplicação de enunciados que evidenciam o lugar do novo pai “sentimental, amoroso”, como o modelo de marido participante e de pai presente: aquele que ajuda a mulher nos cuidados (alguns) com as crianças, descrito como um homem “mais completo”, pelo enriquecimento da experiência da paternidade.
Catiane Resinato Ribeiro (Bolsista recém-formada)
Partipação das mulheres na organização política do Sudoeste Paranaense: terceira jornada de trabalho
Cinthia Alves Falchi (UNESP)
Discurso Heteronormativo: uma postura histórica na atualidade.
Clara Pedroso Maffia (UNIFEM)
Tematizando a participação política feminina: o processo de conquista das cotas de gênero no Brasil
Cláudio Claudino da Silva Filho (UFBA), Nadirlene Pereira Gomes
Prostituição Masculina e Feminina: concepções de mulheres em situação de prostituição no município de Juazeiro, Bahia, Brasil
Cristina Lessa dos Santos (UFPEL), Henrique de Oliveira Arrieira (Anhanguera Educacional/Pelotas)
As questões de gênero nas aulas de Educação Física na escola e nas Casas Lares
Esta pesquisa aborda a percepção das crianças e adolescentes que vivem em uma Casa Lar, com relação à Educação Física (EF) escolar e analisa como se manifestam as questões de gênero nas escolas onde estudam e também na Casa Lar. O estudo segue os princípios da abordagem qualitativa, do tipo estudo de caso, o qual buscou, através de entrevistas semi-estruturadas e observações, responder as questões definidas na investigação. A pesquisa contou com a participação de 14 meninas, cujo critério utilizado para defini-las foi estar regularmente matriculada na escola desde o início do ano letivo de 2009. A partir das observações feitas e dos dados levantados, através das entrevistas surgiram às questões de gênero, já que são comuns as aulas de EF serem separadas, meninos jogam bola e meninas brincam de pular corda, por exemplo. Este é um fator de extrema relevância, pois se pôde constatar com este estudo que as aulas de EF são mistas, no entanto, algumas meninas disseram que às vezes estas aulas são separadas. Entende-se que esta separação traz danos para o pleno desenvolvimento da criança e, para estas meninas em especial, este é um fator o qual acentua estes prejuízos, uma vez que elas são também privadas deste convívio nas Casas, já que estas são organizadas por sexo e idade.
Cristovam Colombo Cirqueira Ferreira Filho (UFCE)
Interfaces do lazer e sua fronteira com o popular: notas sobre as interações e subjetividades juvenis LGBT no centro de Fortaleza
A pesquisa aqui apresentada tem como objeto de investigação as sociabilidades juvenis, no contexto das práticas de lazer e consumo de jovens de classes populares. Nessa população, fazemos um recorte: elegemos jovens LGBTs e suas “sociações homoeróticas” (Paiva, 2009, 2007) associadas às práticas de lazer e consumo das camadas populares. Destacamos, a partir de uma revisão bibliográfica, a lacuna de estudos sócio-antropológicos que tratam dessa parcela da juventude brasileira. Objetivando promover uma incursão etnográfica e perceber a importância de um estudo sob a ótica da antropologia, a pesquisa possui um caráter essencialmente qualitativo, uma vez que busca descrever e acompanhar as práticas de lazer/consumo dos jovens LGBTs no “território relacional” do centro da cidade de Fortaleza no Estado do Ceará, com freqüência predominantemente homossexual de classe social baixa, palco para a expressão de Néstor Perlongher (1993, 1987) “homossexualidades populares”, sobre as quais recaem de forma potencializada, os preconceitos e injúrias associados às identidades LGBTs. A pesquisa, por fim, pretende refletir sobre alguns dos elementos fundamentais das interações juvenis LGBTs no contexto do mercado de consumo e lazer popular na noite do centro de Fortaleza.
Daiane Cardoso dos Santos (UNISUL)
A desconstrução da linguagem sexista
O presente trabalho tem por objetivo abordar o sexismo presente na Língua Portuguesa, que, por ser, predominantemente masculina, acaba sendo discriminatória em relação ao gênero feminino. Face ao debate constante que tem sido estabelecido a respeito da temática do gênero social, uma revisão bibliográfica acerca dos estudos que abordam o sexismo da linguagem, faz-se necessária. As opiniões de pesquisadores como Caldas-Coulthard (2007) e Da Silva (2004) sobre a predominância do gênero masculino na construção dos discursos sociais são aqui apresentadas, a fim de colaborarem para uma melhor compreensão do tema. O artigo não somente aborda o sexismo presente na linguagem, mas aponta possibilidades de mudanças propostas por estudiosos/as como: Cannabrava (2010) e Alvarez (2006) para que essa linguagem preconceituosa e discriminatória contra o gênero feminino seja alterada nos discursos que circulam em diferentes ambientes sociais. Para que essa mudança aconteça, torna-se necessário o uso constante de uma linguagem inclusiva, no maior número possível de representações linguísticas disponíveis na sociedade.
Daiane Grillo Martins (FURG), Carla Rosane Mattos Gautério (FURG)
Aulas de Educação Física separadas por gêneros: o professor atuante na construção de uma identidade social
Este trabalho tem por objetivo analisar a atitude do professor de Educação Física em relação à questão da separação entre gêneros nas aulas do terceiro ciclo do Ensino Fundamental no município de Rio Grande. Por isso, procura-se vincular esse tipo de intervenção à formação de conceitos de gênero por parte dos educandos enquanto seres produzidos no contexto social. A idéia dessa produção resulta da pesquisa de campo realizada em duas escolas do Ensino Fundamental, sendo uma pública e outra privada, em que foram analisados dois professores do sexo masculino. Dessa maneira, foi possível observar que os professores constantemente fazem distinção entre gêneros, ou seja, meninas e meninos praticam atividades diferenciadas como, por exemplo, futebol para eles e voleibol para elas. Constata-se, dessa forma, que o professor de Educação Física que não proporciona vivências corporais coletivas não dá para ambos a mesma oportunidade de desenvolvimento de habilidades, estimulando a naturalização da distinção entre gêneros. Conclui-se, então, que esse educador pode ser considerado agente ativo na produção de uma identidade social em que homens e mulheres, mesmo nas séries fundamentais da escola, ocupam posições distintas.
Damaris Schwalb (PUC - PR), Angélica Caroline Fernandes (PUC- PR), Bruna Fiedler de Moura (PUC - PR)
Gênero, o medo e a humanização do parto
O parto é um fenômeno social vivido de forma intensa, em especial pela mulher, e desencadeia diferentes redes de ligação entre papéis sociais, história de vida e identificação de gênero. Indepentende da escolha do tipo de procedimento adotado, ele é uma experiência tanto biomédica quanto sócio-cultural. É através da cultura que se determina o que é o processo e como agir e reagir diante dele. Sendo assim, cada tipo de parto tem uma significação que interfere no modo como a experiência é vivida pela mulher e na forma como os profissionais participam da mesma. Para que o parto seja uma manifestação do que é propriamente humano, todos os participantes envolvidos no nascimento devem interferir o mínimo possível, adotando uma postura respeitosa ao desejo da mulher. O medo da experiência do parto, presente no estudo de caso realizado, é um fator de bloqueio do poder de escolha e desejo da mulher. A gestante, mulher, filha e futura mãe na sociedade atual se sente incapaz e insegura frente a este processo devido ao discurso social presente do quão sofrido e perigoso o parto natural é, resultando em uma tendência de se estabelecer um ciclo vicioso entre seus desejos e a dos profissionais envolvidos, sustentado pelo medo eminente da hora do parto.
Dandara de Oliveira Ramos (UFRRJ)
A feminização do magistério no município de Nova Iguaçu, na primeira metade do século XX
Daniel de Jesus dos Santos Costa (UNB)
Educação e identidades negras fortalecidas
Daniel Luis Moura Vergara (UFPEL), Helena dos Santos Candiota (UFPEL), Claudia Turra Magni
“Marcely, muito prazer!”: Construindo um feminino no masculino
Daniel Paulo Caye (UFRGS)
A aplicação do Direito Internacional dos Direitos Humanos para proteção d@s LGBTs: os Princípios de Yogyakarta e seus reflexos no Brasil
Em novembro de 2006, uma coalizão de organismos internacionais se reuniu com objetivo de desenvolver um conjunto de princípios jurídicos que trariam mais clareza e coerência às obrigações dos Estados no tocante às violações de Direitos Humanos baseadas na orientação sexual e identidade de gênero. Ao fim da conferência, foi aprovada carta de princípios sobre a aplicação da legislação internacional de Direitos Humanos em relação à orientação sexual e identidade de gênero, os chamados Princípios de Yogyakarta. A partir da premissa de que todos os Direitos Humanos são universais, interdependentes, indivisíveis e interrelacionados, a orientação sexual e a identidade de gênero se apresentam como essenciais para a dignidade e humanidade de cada pessoa. Com base nessa perspectiva, a presente pesquisa visa a estudar a evolução do Direito Internacional quanto a tal temática; analisar a referida carta de princípios e suas possíveis influências no Direito Interno brasileiro; além de apresentar o quadro atual das discussões sobre direitos da população LGBT no Brasil, no qual se destacam o programa “Brasil sem Homofobia”, o PLC 122/06, a I Conferência Nacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (2008) e os planos de ação decorrentes desta conferência pioneira no Brasil.
Daniela Possebon (UFSM), Luana Ferreira de Oliveira, Glaucia Vieira Ramos Konrad
Vila Lídia, um estudo de caso: apontamentos sobre pobreza, cultura e a exclusão da mulher
Este trabalho teve início no primeiro semestre de 2009, como levantamento histórico de uma área de realocação e sub-realocação, a Vila Lídia, no município de Santa Maria – RS. Através do projeto, encontramos uma realidade carente de políticas públicas adequadas, uma população criminalizada, em boa parte desempregada ou no trabalho informal, com acesso restrito à saúde, educação, lazer, salário digno, saneamento e moradia de qualidade.
A pesquisa tomou o propósito de identificar elementos problemáticos sociais, políticos e econômicos, trabalhando no método materialista e na forma da antropologia engajada. Desenvolve intervenções culturais adequadas buscando transformação em relação às políticas públicas e à emancipação, agindo através de educação transformadora. Realiza práticas sociais competentes dentro do contexto cultural e econômico, com isso também despertando um olhar menos hostil da população de Santa Maria que não compartilha a realidade dos moradores da periferia pobre.
O estudo foca-se no papel da mulher protagonista da pobreza, da subjugação e do preconceito, tiradas de suas casas, com dificuldades em trabalhar e por isso as principais colaboradoras nesta síntese. Também examinando como a realidade mundial de opressão e exclusão feminina e a Vila Lídia interagem.
Daniela Romcy (UFSM)
Virar ou não virar ONG: o grande dilema?
Este trabalho é um recorte da pesquisa de conclusão do curso de Ciências Sociais na Universidade Federal de Santa Maria – RS, que esta sendo realizada com o Grupo Igualdade, fundado em outubro de 2002. Este grupo é representativo do movimento LGBT (lésbicas, gays bissexuais e transgêneros) no cenário municipal de Santa Maria e tem como sua principal atividade, a organização da Parada Livre de Santa Maria.
Especificamente com este artigo exploro a idéia “virar ONG” (Organizações não-governamentais, cunhada por Regina Facchini (2005), como parte importante do processo de constituição de uma identidade coletiva aqui analisada. Pensar através de uma linearidade, apenas analítica, os processos de construção e legitimação do grupo.
Para esta pesquisa qualitativa, utilizo-me da ferramenta etnográfica como coleta de dados, através da observação participante de suas reuniões e eventos, no período de setembro de 2007 a setembro de 2008.
Daniele Schwochow Pires (FURG), Stella Amaral Martins (FURG), Peterson Dourado de Quadro
Mulheres Boleiras e Mídia: de que forma é retratado o futebol feminino?
Muitas são as instâncias sociais que de uma maneira ou outra excluem o sexo feminino. Não seria diferente dentro dos esportes. O futebol era uma das práticas vinculadas aos homens, como se pode perceber na deliberação do Conselho Nacional de Desporto, em 1965, que afirmava que à mulher “não é permitida a prática de lutas de qualquer natureza, futebol, futebol de salão, futebol de praia, pólo aquático, pólo, rugby, halterofilismo e baseball”. (CASTELANI FILHO, 2003 apud CORRÊA, s/d, p. 3) Hoje, existem vários times femininos de futebol e alguns campeonatos, mas percebe-se que na mídia o futebol feminino não tem a mesma repercussão destinada ao sexo oposto, talvez por ainda existirem visões pouco flexíveis para mudanças do cotidiano e ainda prevalecerem questões culturais que destinavam à mulher o trabalho doméstico e a função reprodutiva.(CORRÊA, s/d) Então de que maneira a mídia retrata as mulheres boleiras? Estas mulheres conseguem alguma repercussão quanto a seus méritos? Sendo assim, neste trabalho temos como objetivo, através de pesquisa documental, pontuar de que forma as mulheres vêm se constituindo no campo da prática futebolística e ainda de que maneira a mídia é utilizada como um artefato cultural que propaga uma identidade de mulheres adeptas dessa prática esportiva.
Danielle Ferreira de Araújo (UFSC), Rosana de Carvalho Martinelli Freitas (UFSC)
A Retórica da Emancipação: descortinando formas de poder e controle
Este trabalho apresenta os resultados parciais da pesquisa documental e bibliográfica, Proteção social e a Política de Combate à pobreza: o paradoxo entre a participação e o controle. Esta compõe a linha de Pesquisa Desigualdade e Pobreza do Núcleo de Estudos e Pesquisas Estado Sociedade Civil, Políticas Públicas e Serviço Social(NESSP) e se insere nas preocupações compartilhadas com os membros da “Red Políticas Públicas, Derechos y Trabajo Social en el Mercosur-Córdoba/Argentina”.Problematiza concepções teórico-metodológicas, ético-políticas e técnico- operativas que vem fundamentando a engenharia jurídico-institucional do Programa chileno Puente que vêm sendo considerado exemplo de goods practices de Política de Combate à Pobreza pelas agências internacionais. Identifica os recursos, instrumentos teóricos, políticos e administrativos quem vem sendo utilizados junto às mulheres, inseridas no Programa Puente, que são as titulares dos benefícios e de serviços. Analisa a interface existente entre participação e controle no âmbito do Programa implementado, por técnicos e profissionais , entre eles o de Serviço Social.
Danielle Xavier de Santana (UFPE), Ridete da Silva (Secretaria Especial da Mulher de Pernambuco)
Secretaria Especial da Mulher de Pernambuco: criação e trajetória
Danilo Borges Paulino (UFU), Gustavo Antonio Raimondi (UFU), Vera Lúcia Puga (UFU)
As relações de gênero e as especialidades médicas na percepção dos concluintes do curso de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia
Através dos tempos foram constituídas as clássicas divisões entre o que se convencionou chamar de áreas de trabalho “femininas” e “masculinas”, como se homens e mulheres buscassem áreas de atuação por determinação do que se estabelece como o esperado de cada um dos sexos. Atualmente, o ingresso de mulheres no curso de medicina aumentou, sendo importante identificar como os atributos de gênero estão informando os(as) alunos(as) sobre a profissão que escolheram. Após a aplicação de questionários a 74 alunos(as) concluintes do curso de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia, 32 afirmaram acreditar que existem especialidades médicas que melhor se adequam a homens ou mulheres. A ortopedia foi a mais citada como adequada para o sexo masculino, devido à força física que ela exige e, para as mulheres, a mais citada foi a dermatologia, por ter relação com características como cautela e atenção a detalhes. Hoje, as desigualdades de gênero ainda são visíveis no âmbito do sistema de ensino, mesmo quando alunos afirmam não acreditar em uma divisão das especialidades médicas por gênero, por exemplo. Ainda assim, as relações de gênero são um objeto de estudo fundamental, quando se pensa em uma sociedade mais justa e igualitária, buscando sempre a desconstrução de mitos e estereótipos.
Dárcia Amaro Ávila (FURG), Roberta de Azevedo Pereira (FURG), Paula Regina Costa Ribeiro (FURG)
Analisando as questões de gênero no espaço escolar: relatos de profissionais
Este estudo tem por objetivo analisar as questões de gêneros presentes em quinze relatos produzidos por profissionais da educação que participaram do projeto Corpos, Gêneros e Sexualidades: questões possíveis para o currículo escolar. Tais relatos foram produzidos a partir das atividades realizadas juntamente com seus alunos e encontram-se no livro Sexualidade e Escola: compartilhando saberes e experiências. Nesse trabalho, utilizamos o conceito de gênero como uma construção sócio-histórica das distinções baseadas no sexo, sendo que a masculinidades e a feminilidades, ao contrário do que algumas correntes defendem, não são constituídas propriamente pelas características biológicas, mas são o resultado do que se diz ou se representa destas características. A partir dos relatos, percebemos que o curso contribuiu para esses profissionais (re)pensarem suas práticas pedagógicas, pois se propuseram a planejar e aplicar atividades para seus alunos, possibilitando novos olhares sobre as questões de gêneros e sexualidades. Verificamos também, a separação das atividades de acordo com o sexo na hora da recreação, nos trabalhos em grupos, nas brincadeiras, etc. Entendemos que os atributos masculinos e femininos e as dicotomias podem e precisam ser problematizados e desconstruídos na escola, contribuindo para a constituição de sujeitos críticos, curiosos e criativos.
Débora Corrêa (UFSC), Vania Malta Rossi (UFSC)
Identidades, exílio e violência no rastro da história colonial portuguesa
O pôster apresentará o trabalho desenvolvido no projeto de pesquisa Identidades, exílio e violência no rastro da história colonial portuguesa, orientado pela professora Simone Pereira Schmidt, cujo objetivo é investigar sobre o tema “No rastro da história colonial: violência e racismo nas culturas de língua portuguesa, em seus aspectos de gênero e raça”. O trabalho de investigação consiste no levantamento de obras literárias de autoria feminina nos países africanos de língua portuguesa, e do corpus teórico, produzido e publicado no Brasil nos últimos 30 anos, sobre as intersecções entre gênero e raça. O corpus se apóia nos periódicos Revista Estudos Feministas (UFRJ e UFSC) e Cadernos Pagu (UNICAMP), bem como trabalhos apresentados nos principais congressos das áreas de humanidades, ligados ao tema da investigação: Seminário Internacional Fazendo Gênero, Seminário Nacional (e Internacional) Mulher e Literatura, REDOR, REDEFEM, ANPOCS e ANPUH.
Débora Taynã Gomes Machado (PUC - GO), Juliana de Oliveira Saturnino
Tráfico de mulheres em Goiânia: olhares sobre as necessidades de assistência às mulheres traficadas
Este estudo objetiva compreender os sentidos e os significados do tráfico para as mulheres envolvidas e os arranjos institucionais para a atenção integral às mesmas. Essa entendida como ações de promoção, prevenção, assistência e reabilitação no processo do cuidar profissional. Pesquisa qualitativa, com realização de grupo focal com profissionais da Rede de Atenção às Crianças, Adolescentes e Mulheres em Situação de Violência de Goiânia e entrevista com as mulheres. A metodologia permite a contextualização sócio-histórica dos sujeitos e a comparação entre os sentidos e significados que os profissionais e as mulheres dão ao tráfico e ao cuidado. Em várias pesquisas, a presença de mulheres envolvidas com o tráfico em Goiás é significativa. Em Goiânia, a Rede de Atenção foi criada há muitos anos e congrega várias instituições públicas, filantrópicas e outras. Contudo, há dificuldades em concretizar as políticas de saúde e assistência em uma atenção integral às vítimas do tráfico. Por outro lado, as marcas ao longo das trajetórias das mulheres nos deslocamentos transnacionais dificultam o diálogo entre os profissionais (com seus pré-conceitos) e as mesmas. Os resultados encontrados coincidem com estudos sobre as dificuldades de implantação em redes de atenção às vítimas de violência.
Denise Rosa Souza (Centro Universitário Nilton Lins), Wagner dos Reis Marques Araújo (UFAM)
A rota do tráfico de mulheres na Amazônia Brasileira
Nesta pesquisa buscamos mapear a rota do tráfico de mulheres na Amazônia brasileira e, especialmente no Estado do Amazonas, a nossa investigação está ancorada no aporte teórico metodológico dos estudos de gênero e das ciências sociais. Os dados levantados indicam uma relação direta do trafico de mulheres no estado do Amazonas com o turismo ecológico e com as festas tradicionais, que recebem patrocínio dos governos municipal e estadual da região Amazônica. Na contemporaneidade, em um universo globalizado, constata-se que a discriminação de gênero, a marginalização das culturas locais e tradicionais, a precarização das relações de trabalho criaram realidades nas quais mulheres jovens de camadas sociais estratificadas procuram estratégias de inclusão social através do mercado de sexo, ou quando não são cooptadas por redes de tráfico humano.
Diana Rodrigues do Rêgo Barros (UFRPE)
Família, moralidade e sexualidade sob a ótica da imprensa - Recife, 1900-1915
Analisando os discursos que permearam o Recife do início do século XX sobre família, moralidade e sexualidade, percebemos o intenso empenho de juristas, médicos e intelectuais em controlar os populares. A emergência do regime republicano clama por mudanças sociais, onde os antigos hábitos que remontam ao sistema monárquico deveriam ser aniquilados, a fim de remodelar a sociedade e adaptá-la aos novos tempos. Neste sentido, campanhas de “educação comportamental” voltadas para a camada popular (homens e mulheres, sendo elas atingidas com mais veemência), são promovidas pelo governo aliado pelo discurso médico e jurídico da época, com o objetivo de educar a população e acabar com comportamentos considerados desviantes. A imprensa terá então, um papel importantíssimo como divulgadora de hábitos considerados saudáveis, tomando como exemplo os procedimentos de uma classe burguesa, que deveriam ser seguidos pela maioria da população. Então, este trabalho busca investigar como se deu a noção de família e sexualidade; como se fomentou uma política sexual voltada para o controle das famílias populares, no Recife nos anos de 1900 a 1915, compreendendo também as divergentes noções de honra pelas diferentes camadas sociais.
Diego Pontes Gonçalves (UENF)
O estar 'montada': a Rua dos Andradas além do sexo como mercadoria
O trabalho visa compreender, sob uma ótica etnográfica, como se faz a dinâmica da Rua dos Andradas e como se dão as relações entre os atores envolvidos, sejam de afeto, conflito ou de poder, além de suas simbologias carregadas de peculiaridades e como elas são interpretadas e ganham significados no espaço em questão. Localizada na área central de Campos dos Goytacazes, interior do estado do Rio de Janeiro, tal rua abriga a área de prostituição travesti da cidade, que está marcada historicamente por ser a última cidade do Brasil a abolir a escravidão e por ainda possuir fortes traços tradicionais de comportamento.
Buscando apoio teórico nos estudos queer, a idéia da construção da identidade de gênero ganha valor, e os discursos que nos fazem pensar as categorias de gênero são colocados em xeque. Entendendo que os sujeitos contemporâneos trazem consigo marcas das diversidades e das movimentações, o trabalho ao mesmo tempo em que permite que seja aberto um campo reflexivo para questões acerca da pluralidade, propõe uma reavaliação das ‘lógicas’ que guiam as estruturas do campo da sexualidade no caso analisado, o que nos leva a pensar além dos limites dos corpos, da moral, das boas maneiras, enfim, do que é permitido ou não.
Edgar da Costa Maciel (PUC - RS), Bruno Morche (UFRGS), Natasha Centenaro
ONGs de gênero e a grande mídia: como anda este casamento?
Edileuza de Souza Paiva Sobral (FACEX), Leila Rodrigues Fonseca
Assistência a Saúde da Mulher Vítima de Violência: um desafio para os Serviços de Atenção Básica em Natal/RN
Ednaldo Jardel Andrade de Santana (UCB)
A (des)construção do armário em ambiente escolar: heteronormatividade e educação
À luz da intepretação Eve Kosofsky Sedgwick sobre heteronormatividade, que aponta o “armário” como um dispositivo regulador tanto da vida de lésbicas, gays, travestis e transexuais (LGBT), como das próprias pessoas heterossexuais, esse trabalho investiga como esse dispositivo se engendra em ambiente escolar, produzindo violências e opressões, gerando invisibilidades, garantindo privilégios de visibilidade, compondo valores e construindo identidades e subjetividades. A partir de relatos de professoras e professores da Secretária de Educação do Distrito Federal, registrados durante curso de formação de enfrentamento à homofobia e ao sexismo realizado em 2010, bem como de relatos de pessoas não-heterossexuais que “saíram do armário” ou se “esconderam” nele durante suas trajetórias escolares, examino os mecanismos de opressão homofóbica que se constroem dentro do espaço escolar e as possibilidades de sua desconstrução na construção de uma educação que promova e acolha a diversidade.
Edyr Batista de Oliveira Júnior (UFPA)
Corpo e sexualidade: As representações do masculino em torno do pênis
Elaine Maria de Quadros (UDESC)
Boa menina! Os discursos sobre a civilidade feminina baseados na personagem Maria Clara da Série de Leitura Graduada Pedrinho de Lourenço Filho
Maria Clara é uma garota “exemplar”! Personagem da Série de Leitura Graduada Pedrinho, ela serviu como modelo de boa conduta para muitas meninas de seu tempo. A Série, escrita por Lourenço Filho na década de 1950, circulou como manual didático para crianças de 1ª a 4ª séries do ensino fundamental em todo o Brasil. Tendo como núcleo personagens de uma mesma família, a Série inteira é protagonizada pelo menino Pedrinho. A maior representação feminina fica por conta da coadjuvante Maria Clara, irmã do personagem principal. E é nela que este trabalho - que faz parte do Projeto de Pesquisa, desenvolvido na UDESC, sob a coordenação da Profª. Maria Teresa Santos Cunha - pretende focar. Utilizando como fonte os quatro livros da Série, pretende-se observar nas lições, imagens e textos, preceitos que supostamente ajudaram a condicionar o comportamento feminino no período em que circularam os manuais didáticos. Maria Clara demonstra ser regida por valores que ajudam na formação de uma futura dona de casa, esposa exemplar e boa mãe, ficando assim, muitas vezes restrita ao âmbito privado (diferente de seus irmãos). Valores transmitidos de muitas maneiras ao longo desta Série que serviu como meio de propagação de preceitos importantes para a manutenção do comportamento feminino da época.
Eleniz Soares Lisboa (UFV), Marisa Barletto (UFV), Dayana Gonzaga Souza e Freitas (UFV)
Formação em gênero e agroecologia de mulheres trabalhadoras rurais da Zona da Mata de Minas Gerais
Eliel Bandeira (FURG), Josiane Vian Domingues (FURG)
Na ponta dos pés: a produção de masculinidades no ballet clássico
O ballet clássico se originou durante o período Renascentista, na Itália e esse era executado pelos príncipes e cortesãos que dançavam como forma de manter o poder. Durante um longo período de tempo foi uma forma de arte manifestada quase que exclusivamente pelo gênero masculino e com o passar do tempo esse espaço foi invadido pelas mulheres e mais do que isso, o ballet passou a ser caracterizado como uma dança tipicamente feminina. Isso porque essa prática envolve uma sensualidade, emoção e leveza, traços culturalmente atribuídos às mulheres e que os homens, teoricamente não expressam por serem sujeitos considerados como fortes, viris, sem sentimentalismos. Por conta disso é que grande parte dos bailarinos carregam um estigma bastante forte, sendo rotulados como homossexuais por dançarem ballet, fazendo com que, muitas vezes se inibam a praticar tal dança. A partir disso, com esse trabalho, objetivo analisar como são produzidas as masculinidades a partir do ballet clássico. Para isso, utilizo a vertente pós-estruturalista dos Estudos Culturais, mais especificamente empregando alguns instrumentos da análise do discurso, sob ótica de Michel Foucault.
Elisa Maria Taborda da Silva (UFMG)
O feminino em diáspora: representações do exílio em textos de Orlanda Amarílis
Propõe-se o estudo, em contos selecionados da escritora Orlanda Amarílis, de personagens femininos como representação de mulheres cabo-verdianas. O estudo centrar-se-á nas marcas discursivas que expressam o sentimento de pertença à nação de Cabo Verde, sobretudo levando-se em conta as diferentes situações de diáspora vividas pelas personagens nos contos escolhidos. Parte-se do princípio de que a identidade local das personagens de Amarílis passa por interessantes transformações através da experiência de deslocamento espacial e de distância do solo pátrio. O deslocamento espacial ganharia ares de deslocamento psicológico, identitário, tornando-se, no texto, parte integrante da representação identitária cabo-verdiana.
A presente pesquisa justifica-se não só pelo atual interesse das Ciências Humanas no estudo do Espaço (proliferação de representações do espaço, deslocamentos, exílio) como pela atitude política que existe na escolha da África e sua cultura como objeto de estudos acadêmicos. Segundo Walter Mignolo (2004), o estudo da produção cultural das chamadas margens do sistema globalizado representa uma possibilidade de constituição de novas epistemologias. Justifica-se também pela crença na relevância teórica em se abordar, mais uma vez, conceitos como espaço, diáspora, identidade da mulher e exílio.
Elismênnia Aparecida Oliviera (UFG)
A voz que rompe os mecanismos de silenciamento: produção de conhecimento indígena sobre linguagem enquanto pensamento de fronteira
Com a proposta de fazer um mapeamento de produções escritas de indígenas no Brasil que tenham por tema discurso, linguagem e/ou fala/escrita disponíveis em superfícies de circulação diversas este trabalho tem por objetivos: promover uma reflexão crítica sobre as produções encontradas e considerar o processo de colonização junto à concepção de corpos desiguais a que os indígenas foram submetidos.
Visa também incluir as produções encontradas, juntamente com a análise destas, no acervo geral de produções escritas sobre linguagem, e por último, procuramos nestas produções um pensamento de fronteira (Mignolo, 2003), um pensamento resultante do processo de colonização, que propõe uma reflexão crítica sobre a produção de conhecimento ao considerar o entrelaçar de identidades e fronteiras, e a subalternização e hierarquização de corpos/conhecimentos.
Com a análise das produções encontradas, foram levantados pontos pertinentes como o contexto multilingue de algumas etnias, relações de gênero, mecanismos de silenciamento e resistência. E estes estão sendo pensados de uma forma mais ampla que abarca as relações de poder não só entre sociedades diferentes, mas também dentro de cada sociedade, em que há pessoas e tipos de produções evidenciadas e incentivadas enquanto outras são silenciadas.
Ellen Cristina de Almeida (UFGD)
Mulheres indígenas: organização política e cidadania
Esse pôster trata do universo de uma associação de mulheres indígenas localizada em Dourados/MS com a qual pesquisamos acerca da temática de gênero e organização política no contexto do trânsito de culturas entre espaços sociais que justapõem um contexto da lógica organizacional indígena em diálogo com as exigências burocráticas da sociedade envolvente. Sendo assim, o objetivo principal é compreender se estas mulheres têm acesso a políticas públicas e como se dá a relação intercultural entre elas e a sociedade não-índia. Esta pesquisa se justifica pelo o estado de discriminação dos indígenas em geral, provocada desde o início do processo de colonização na região, sendo que no caso das mulheres essa discriminação é dupla, de etnia e de gênero. A metodologia utilizada será composta pela etnografia e a observação participante, juntamente com a pesquisa bibliográfica e internet. No atual momento da pesquisa apresento questões relacionadas aos estudos que tenho realizado. A presente investigação está sendo realizada com financiamento do CNPq destinado à Iniciação Científica.
Elzahra Mohamed Radwan Omar Osman (UNB)
“A falta” na “Mulher Escrita”: o entre-lugar do pensamento de Lúcia Castello Branco na escritura do feminino
Emerson Roberto de Araujo Pessoa (UEM), Ivana Guilherme Simili (UEM)
Pedagogias do travestir: a indumentária e os gêneros nas aparências dos travestis
O conceito de gênero vem permitindo que inúmeras práticas sociais e culturais sejam revisitadas. Entre elas, a prática de vestir o corpo. Este trabalho almeja abordar o papel desempenhado pela indumentária na transformação das travestis, de modo a entender as articulações existentes entre a produção de aparências pelos sujeitos e a fabricação de representações que rompem com as associações entre as roupas e os sexos. Nesta abordagem, as fontes orais (entrevistas) e visuais (fotografias), ajudarão a entender como as roupas, juntamente com as “correções” corporais realizadas por meio de intervenções da medicina e da cosmética (próteses, hormônios, maquiagem e cabelo), são transformadas pelos sujeitos em vetores de comunicação e de questionamento das premissas e balizas “naturalizantes” que relacionam o sexo e as roupas. Portanto, por intermédio das imagens fotográficas e das narrativas coletadas, será possível perceber e identificar as relações dos sujeitos com seus corpos, informando as múltiplas maneiras de vivenciá-los e vestí-los.
Erica Aparecida de Andrade Sabino (UNESP)
Gênero e Educação em revistas feministas acadêmicas
Erika Christina Gomes de Almeida Batista (UNIVALE), Sueli Siqueira (UNIVALE)
Filhos de emigrantes valadarenses e sua relação com o saber escolar
Como constituinte da cultura valadarense, a emigração internacional encontra-se presente também nas escolas. Partindo do pressuposto teórico de que a aprendizagem é um processo interno, que será desenvolvida mediante as relações vivenciadas pela criança, o reflexo que a emigração internacional de um ou ambos os pais causa na vida escolar do filho será o tema abordado neste trabalho. Este artigo discute a emigração dos pais, no tocante à concepção dos filhos estudantes sobre este fenômeno. Busca ainda levantar as conseqüências ocasionadas pela ausência dos pais e avalia se a participação dos pais no processo migratório interfere no projeto de vida dos filhos. A partir de pesquisa quantitativa e qualitativa realizada nas escolas da cidade pode-se afirmar que 38% admitem ter mudado de comportamento na escola, dentre estes 50% afirmaram não ter vontade de estudar. Destaca-se que 54% dos estudantes entrevistados consideram a emigração de um modo geral positiva e 51% relataram o interesse em emigrar num futuro próximo. Considera-se que a emigração dos pais influencia diretamente a relação dos filhos com o saber escolar e a construção do seu projeto de vida. À escola cabe discutir os efeitos da emigração e demonstrar as possibilidades de construção do projeto de vida no país de origem.
Érika Rodrigues Caldas (PUC - GO), Lorhana Martins Morais Silva
Assistência a saúde das profissionais do sexo no Brasil - Cadê as Políticas Públicas?
As profissionais do sexo têm incluso em suas trajetórias uma característica comum, o deslocamento. Essas geralmente residem, trabalham e buscam cuidados com a saúde em regiões diferentes, revelando as dificuldades que os serviços de saúde têm para se despirem de pré-conceitos e lidarem com pessoas de direitos, cidadãs. Esta pesquisa bibliográfica objetiva identificar como os autores abordam a assistência à saúde das profissionais do sexo no Brasil. Na BIREME e SCIELO foram identificados sessenta e um artigos, a partir de palavras chaves relacionadas à prostituição. As diferentes abordagens partem de questões conceituais sobre profissionais do sexo, por exemplo, a igreja e movimentos feministas possuem posições tradicionalmente opostas. Quanto a assistência à saúde, são hegemônicas as omissões dos serviços referentes às ações de promoção, prevenção, diagnóstico precoce e terapêutica. O fazer profissional das mulheres neste mercado é considerado como desencadeante de problemas que afetam a saúde. A necessidade de integralidade na atenção para essa parcela da população é desconhecida nas práticas assistenciais. Porém, vale registrar que já existem ações mais específicas que foram e são desenvolvidas em função das políticas/ações relativas à AIDS.
Erika Rodrigues Costa Antunes (UFT), Eliseu Riscarolli (UFT)
Trabalho, gênero e educação: construindo perfis e mapeando atividades produtivas de mulheres tocantinenses
A pesquisa em andamento, está sendo desenvolvida em 10 municípios na região do Bico do Papagaio. Em cada município haverá uma coleta de dados a partir de 20 mulheres com idade maior de 20 anos, sendo elas: professoras, quebradeiras de coco, secretarias do lar, comerciárias, profissionais liberais e mulheres em cargos eletivos. Temos percebido que uma relação cada vez mais crescente entre educação e trabalho com interface na questão. Nossa hipótese é de que na região do Bico o trabalho das mulheres tem significativa importância na economia uma vez que elas detém a maioria dos cargos nos empregos públicos como educação e saúde, além do trabalho doméstico e serviços em geral. O objetivo é mapear as atividades produtivas das mulheres na região do Bico do Papagaio do estado do Tocantins; refletir acerca da relação entre escolarização, atividade produtiva e renda salarial entre homens e mulheres; identificar o grau de escolaridade nas mulheres trabalhadoras da região; coletar informações para o banco de dados do Núcleo de estudos das diferenças de gênero; identificar elementos que expliquem a distorção entre renda salarial, escolaridade e atividade produtiva da região. As informações serão colhidas através da aplicação de um questionário qualitativo.
Eumara Maciel dos Santos (UNEB), Allisson Esdras Fernandes de Oliveira
Nuances da matriarcalidade africana em Amkoullel, o menino fula
Everton de Oliveira (UFSCAR)
O Negro nas Páginas da Esquerda: a perspectiva dos militantes negros petistas nos números do "Em Tempo"
O que busco neste trabalho é observar a articulação entre o movimento negro contemporâneo e a esquerda brasileira a partir da leitura dos números do jornal "Em Tempo", do grupo Democracia Socialista (DS), hoje uma tendência interna do Partido dos Trabalhadores (PT). A análise se dá no período de 1977, ano de criação do jornal, a 2003, ano de posse de Luís Inácio Lula da Silva e de emergência do debate acerca das políticas de Ação Afirmativa. A partir disto, buscarei mostrar como o movimento negro contemporâneo possibilitou a construção de uma nova subjetividade no campo político, o negro, e como esta foi usada pela esquerda brasileira como uma nova forma de reivindicação política, que na década de 1990 se consolidaria na proposta de uma nova cidadania, na defesa do direito a ter direitos e na radicalização da democracia. O Negro passou a ser um sujeito político, com uma proposta fundamental: tornar pública a questão do racismo e denunciar a falsidade do mito da democracia racial. Neste sentido, o objetivo principal deste trabalho é averiguar até que ponto o projeto político do movimento negro contemporâneo e dos militantes negros ligados ao PT, a publicidade da raça, do racismo e do negro, se concretizou, atualmente, nas denúncias e defesas públicas das ações afirmativas.
Fabia Alberton da Silva Galvane (UNIBAVE), Giovana Ilka Jacinto Salvaro (UNIBAVE)
Os sentidos produzidos por mulheres que ocupam cargos de chefia nas indústrias da cidade de Orleans
Esta pesquisa teve como objetivo geral analisar os sentidos produzidos por mulheres que ocupam cargos de chefia em indústrias da cidade de Orleans, SC. Foi realizada como uma proposta de estudo em psicologia social e se apresenta como um Trabalho de Conclusão de Curso, fazendo-se cumprir as exigências para a graduação no curso de Psicologia do Centro Universitário Barriga Verde - UNIBAVE. A aproximação com os sujeitos de pesquisa foi realizada por acessibilidade e as informações foram obtidas por meio de entrevistas semi-estruturadas. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, segundo Gonzáles Rey (2005), que pressupõe a construção de conhecimento por meio do diálogo entre o pesquisador, sujeitos de pesquisa e as informações obtidas no decorrer do processo. A teoria de base para a compreensão da constituição do sujeito e da subjetividade foi a psicologia sócio histórica de Vygotski. Este trabalho possibilitou verificar que os sentidos atribuídos pelas mulheres acerca das atividades que realizam, tanto na esfera pública como na esfera privada, são marcadas por concepções historicamente construídas e naturalizadas.
Fabiene Barros de Oliveira (UERJ), Samanta Carralas Pinheiro de Lima, Amanda Duarte Moura (UERJ)
Homossexualidade, convivência e homofobia
No início dos anos 1980, a epidemia de AIDS levou a sociedade a refletir sobre a homossexualidade. Identificada, em um primeiro momento, como geradora do então “câncer gay”, a resposta que a comunidade atingida deu no início da epidemia foi gerando outras concepções acerca das pessoas que se relacionam com outras de mesmo sexo. Realizamos uma pesquisa na cidade do Rio de Janeiro, nos anos de 2009/2010, com alunos de todos os cursos da UERJ, com objetivo de identificar suas concepções em relação à homossexualidade, abordando, inclusive, convivência, direitos e homofobia. Neste trabalho, vamos destacar aspectos referentes à aceitação e à convivência. No que diz respeito à “origem” da homossexualidade, as pessoas ficaram muito confusas e o cruzamento das respostas sobre ser inata ou uma opção apontou contradições internas em diversos questionários. Em grande parte das respostas, o autor se esquivava, dizendo que não tinha nada contra alguém ser gay ou lésbica, mas apresentava reservas quanto ao relacionamento com quem assim se identifica. A religião revelou-se plano de fundo para comportamentos dos entrevistados no que tange à convivência e à aceitação de manifestações públicas de afeto entre homossexuais.
Fabiolla Falconi Vieira (UDESC), Ornella Borille
(Des) Enlaces matrimoniais: experiências subjetivas da separação (Florianópolis, 1970-2010)
Com o objetivo de analisar experiências de homens e mulheres, que estiveram envolvidos em processos de separação, litigiosa ou consensual, foram entrevistadas 12 mulheres e 12 homens cujas histórias de separação evidenciam problemas e dores relacionadas aos filhos, difíceis relações após a separação, muitas vezes envolvendo atos de violência psicológica, disputa de bens e conflitos sociais. As entrevistas mostram-nos o quanto se torna difícil a reconstrução de outros laços afetivos e a adoção de novas perspectivas de vida. As relações entre os filhos se tornam mais complexas. Na cotidianidade, têm ocorrido experiências que se diferenciam das ocorridas antes e próximo a aprovação da Lei do Divórcio (Lei nº 6.515, de 26 de Dezembro de 1977), que eram mais imbricadas de preconceito contra a mulher. As implicações negativas do processo são vividas tanto por mulheres, quanto por homens, não raro ainda recaindo sobre elas o fardo mais pesado da cobrança de condutas e comportamentos face à separação matrimonial.
Fagno Pereira da Silva (UFF)
Cotidiano da prostituição das travestis em campos dos goytacazes
Felipe Girardi (UFSM), Aline Martins Linhares (UFSM), André Luís Ramos Soares (UFSM)
O resgate da cultura lusoaçoriana no distrito de Santo Amaro do Sul-RS
Fernanda Burbulhan (UNICENTRO)
TRIP e Trip para a mulher: uma análise das relações de gênero na mídia escrita
Com o decorrer do tempo houve grandes avanços teoricos nos estudos de gênero, no entanto, na pratica nossa sociedade continua dividida em duas, uma pertencente aos homens e outra as mulheres, de maneira que o discurso não corresponde ao que é experenciado. Assim, mesmo com os questionamentos decorrentes dos estudos de gênero, as categorias universais de ser/estar no mundo ainda continuam estáticas e uma das variáveis que tornam essa situação invariável é a mídia, dotada de grande poder de persuasão. Considerando a interação entre a mídia e as relações de gênero é que nos propusemos a ler criticamente, sob o referencial da analise de discurso, duas revistas voltadas cada uma para um dos sexos e perceber de que forma seus conteúdos expressam as relações de gênero. Para tanto, analisamos a revista como um todo e perc ebemos um discurso sexista fragmentado, estando esse cristalizado já na publicação de duas revistas diferentes, assim como na configuração das matérias de cada uma, em suas capas e até mesmo nos ensaios fotográficos. Dessa forma, os conteúdos veiculados por cada uma das revistas e para cada um dos sexos são muito diferentes e carregam, cada um deles, discursos aparentemente imparciais, mas fundamentalmente implicados com antigos padrões de pensamento e conduta.
Fernanda Carla de Moraes Augusto (UNESP), Wiliam Siqueira Peres (UNESP), Thalita Hellen de Faria (UNESP)
Contribuições dos estudos de gênero na atenção psicossocial
Este trabalho propõe uma reflexão ético-estético-política sobre a importância dos Estudos de Gêneros na formação do psicólogo e na escuta clínica, a partir de um estágio realizado pelo curso de psicologia da UNESP de Assis/SP, que atua junto à Estratégia Saúde da Família de uma vila periférica da cidade, oferecendo pronto-atendimentos psicossociais, acompanhamento terapêutico, atendimento domiciliar. Procura-se cartografar modos existenciais e as construções dos discursos sobre gêneros e sexualidades presentes nos processos de subjetivação que atravessam os corpos e os territórios, considerando que o gênero é o primeiro elemento de constituição dos sujeitos. Na escuta psicossocial percebemos cenas/discursos que apresentam dados relevantes sobre as expressões de gêneros, tais como: masculinidades e feminilidades, sexismos, (hetero)normatividades, homofobias, identidades de gênero. Propomos um espaço de reflexão acerca dos enunciados que constituem esses sujeitos, problematizando as várias linhas presentes nas relações cotidianas de modo a expandir seus universos de referência e ampliar seus territórios. Assim, essas problematizações vão ao encontro da defesa dos direitos sexuais e humanos e emancipação psicossocial, política e cultural, buscando uma potencialização da vida.
Fernanda Peixoto dos Santos (PUC - GO), Priscilla Aguiar Delmond
Políticas para as mulheres no Brasil e em Goiás: um olhar comparativo
Este analisa o Plano Nacional de Políticas Públicas para as Mulheres (PNPM) e o Pacto Goiano pela Igualdade de Gênero, comparando as políticas públicas de gênero, implantadas no Brasil e em Goiás. A metodologia utilizada foi a quanti-qualitativa, chamada por Minayo (2005), de triangulação de métodos. As informações/dados foram organizadas em tabelas para facilitar a compreensão e análise. A sistematização destas foi realizada por meio de uma divisão em 10 grandes áreas: Economia e Trabalho, Saúde, Educação, Enfrentamento da violência, Participação nos espaços de trabalho e decisão, Desenvolvimento sustentável, Direito a terra, Cultura, Enfrentamento do racismo e Enfrentamento das desigualdades geracionais. Estas áreas foram encontradas nos planos do Brasil e de Goiás, ainda que, às vezes descritos de forma diferentes. Os resultados ainda são insuficientes para dizer se foram ou não concretizadas as ações propostas nos dois planos analisados. Estes explicitam diferenças entre as prioridades estabelecidas no PNPM e as ações estratégicas do Pacto pela Igualdade de Direitos. No Plano goiano identifica-se o foco nas especificidades e necessidades concretas das mulheres goianas.
Fernanda Prestes Almeida (FECILCAM), Cristina Satiê de Oliveira Pátaro (FECILCAM)
Afetividade e juventude: um estudo a partir das representações de jovens estudantes do município de Campo Mourão-PR
Fernanda Ramires da Silva (FURG), Leani Severo Silveira (FURG)
Os Projetos Sociais Esportivos demarcando feminilidades e masculinidades
Este estudo analisou a produção das masculinidades e feminilidades em projetos sociais esportivos, focado nas relações de poder que perpassa o trabalho de monitor@s e professor@s. Consideramos produção de feminilidade e masculinidade como os mecanismos que demarcam as identidades masculinas e femininas e suas significações sociais. O trabalho se enquadra no campo dos Estudos Culturais, usando como ferramenta metodológica entrevistas semi-estruturadas com gestor@s, professor@s e monitor@s. A pesquisa foi desenvolvida em dois projetos sociais esportivos de Rio Grande (RS) e, a partir da análise dos dados, percebeu-se uma intensa definição das identidades masculinas e femininas, principalmente na distribuição de monitor@s, dispondo normalmente um homem e uma mulher para cada núcleo. Denotam-se, também, demarcações de feminilidades e masculinidade na definição das tarefas entre @s monitores e professor@s, na diferenciação das aulas dadas por homens e por mulheres e na divisão das crianças em turmas masculinas e femininas. Por fim, caracterizou-se uma forte pedagogização das crianças que participam dos projetos, pois a divisão das turmas, das tarefas e atividades dos professor@s e monitor@s delimita, para as crianças, os papéis socialmente definidos como masculinos e femininos.
Fernanda Rodrigues de Miranda (USP)
Cantares femininos de uma poeta africana e de outra afro-brasileira em comparação: Ana Paula Tavares e Conceição Evaristo
Fernando Bagiotto Botton (UFPR)
A Masculinidade e a Modernização sob Perspectiva Teórica
O presente banner se propõe a comentar algumas nuances do processo de modernização curitibano e sobre as transformações nos modelos de masculinidade da época. A tese aqui levantada é de que juntamente com o processo de modernização emergiram novos modelos de masculinidade. Chegamos à conclusão inicial de que os novos modelos modernos de masculinidades entraram em tensão com os modelos tradicionais, demarcando uma disputa pelos benefícios simbólicos advindos da posição de “masculinidade hegemônica” ou socialmente sancionada.
Flaviane Andressa Carvalho (UFPE), Valdenice José Raimundo, Vitória Régia Fernandes Gehlen (UFPE)
A mulher na Comunidade Onze Negras
Francine Oliveira Mirapalheta (FURG)
A Ana e a Mia com suas linguagens: observando a linguagem dos anoréxicos e bulímicosna Internet
Com os avanços da tecnologia, @s jovens utilizam a internet para diversão, pesquisa e para publicar em blog “diários” seus relatos de vida, que podem ser acessados por todos na web. Focada nos estudos da anorexia, bulimia e na diversidade destes relatos na internet que este trabalho se desenvolveu. As gírias utilizadas nestes diários virtuais foram pesquisadas em cinco blogs pró-ana e pró-mia – que defendem a anorexia e a bulimia como estilo de vida –, com o objetivo de compreender como as mesmas produzem as suas identidades de gênero. Para atender a este objetivo foi usada como metodologia algumas ferramentas da análise de discurso, buscando as gírias usadas para descrever suas ações com relação à anorexia e bulimia, resultando na construção de um glossário com as expressões e seus significados. A anorexia e a bulimia são consideradas transtornos alimentares e que utilizam, como purgação ao ato de comer, dietas rígidas e períodos longos sem alimentação. Concluímos que há uma diversidade de gírias utilizadas diferentemente entre meninos e meninas para descrever as ações. Outra constatação foi a importância dos blogs para a construção das identidades d@s jovens, pois os recursos visuais dos blogs afirmam os atributos sociais esperados para homens e mulheres.
Francine Pereira Rebelo (UFSC)
História da Antropologia sob a ótica de gênero:recuperando as trajetórias de antropólogas
O presente trabalho constitui-se em pesquisa biográfica e produção de verbetes sobre a trajetória intelectual de renomadas antropólogas de diferentes nacionalidades. Através do resgate das histórias profissionais dessas antropólogas – trajetória acadêmica, publicações, premiações científicas, etc. – entrelaçado a aspectos de suas vidas privadas – data e local de nascimento, parentesco, relações com colegas, na perspectiva das relações de gênero, buscamos recuperar as suas contribuições para a disciplina, especialmente no século XX.
Este projeto é parceria entre o Laboratoire d´Anthropologie Sociale (França) e o Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades do Laboratório de Antropologia da UFSC. As coordenadoras da pesquisa são as professoras Carla Cabral e Miriam Pillar Grossi. Em meio a uma diversidade de mais de 80 antropólogas, pesquisei mais especificadamente, as inglesas Mary Douglas e Marilyn Strathern e as brasileiras Heloísa Alberto Torres e Manuela Carneiro da Cunha.
Para a construção dos verbetes a metodologia consiste na revisão bibliográfica da produção intelectual de autoria das antropólogas, bem como de textos escritos sobre elas. A pesquisa alicerça-se também em informações coletadas em jornais e sites na Internet.
Gabriela Cássia Grimm (UFSC)
Militante e dona de casa: conciliação e conflito no cotidiano das organizações de esquerda dos anos 1970
O objetivo deste trabalho é mostrar as estratégias e conflitos vividos por mulheres militantes de esquerda em seu cotidiano, no qual procuravam conciliar o trabalho militante com o trabalho doméstico, o cuidado com os filhos, e também atividades de trabalho remunerado. É claro que isto gerava conflitos com os companheiros, e por vezes também com as organizações das quais participavam. Para isso vou analisar entrevistas feitas com mulheres que durante o período de ditadura no Brasil e na Argentina, atuavam como militantes. Na memória das mulheres entrevistadas para o Projeto Gênero, feminismos e ditaduras, desenvolvido pelo Laboratório de Estudos de Gênero e História da UFSC, estes conflitos aparecem como centrais para as opções que estas mulheres tiveram em suas vidas, seja o exílio, seja a opção pelo feminismo ou as várias estratégias que elaboraram para conciliar estas atividades que muitas vezes apareceram como excludentes.
Gabriela Garcia Sevilla (UFRGS)
O Estado e a violência contra a mulher: um estudo antropológico sobre a implementação da Lei Maria da Penha a partir do trabalho realizado por um órgão público de Porto Alegre
Esta pesquisa analisa o processo de implementação da Lei Maria da Penha (nº 11.340 de 7 de Agosto de 2006) a partir do trabalho desenvolvido por agentes do Estado, assistentes sociais e psicólogos, em um órgão público de Porto Alegre no âmbito dos atendimentos aos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher. O objetivo é perceber as transformações ocorridas a partir desta mudança legal nas percepções que esses agentes do Estado têm acerca deste fenômeno e nas suas práticas de elaboração e execução de projetos de intervenção nesta área. Para isso, busco entender o modo de funcionamento deste órgão e perceber as relações deste órgão com a rede de proteção a mulher do município. De modo geral, a perspectiva que norteia este trabalho é a abordagem relacional entre leis e práticas sociais. Realizo observação participante acompanhando a rotina de trabalho deste órgão e seus agentes, além de observação de seminários e encontros promovidos por este órgão, e análise de uma série de documentos. Os dados já obtidos permitem afirmar que este órgão é um dos locais onde a lei é construída e posta em prática. Essa construção reflete a disputa e as tensões existentes na rede de proteção à mulher, devido à diversidade de percepções dos agentes e órgãos que a constituem.
Gabriela Krugel (PUC - RS), Yaskara Arrial Palma (PUC - RS)
Vida de Mulher: a homossexualidade como cativeiro
Este estudo está inserido no projeto Vida de Mulher, desenvolvido no grupo de pesquisa Relações de Gênero. Através da Teoria do Desenvolvimento de Levinson e da Teoria do Espaço Consciente de Burlae, tem como objetivo investigar os sistemas que estão na essência da subjetividade de mulheres lésbicas a partir da meia idade. Para tanto, são utilizadas entrevistas biográficas, segundo Gersick e Kram, que propõem três encontros com cada participante, focando o passado, o presente e o futuro em relação às suas vivências de um modo geral. Trata-se de um estudo qualitativo, exploratório e descritivo. As participantes são mulheres com idade acima de quarenta anos, que assumiram sua homossexualidade. Os resultados ainda são parciais, entretanto, pode se perceber que os cativeiros continuam se apresentando, sob a forma de preconceitos sofridos nas próprias famílias, com amigos, no trabalho e na sociedade. Porém, é o apoio da família que permite às mulheres lésbicas a possibilidade de seguir suas vidas de maneira mais segura. Desta maneira, flexibilizando as barreiras dos seus cativeiros, não permitindo que esses se atravessem diretamente nas suas vidas e impeçam a realização de seus objetivos na busca da felicidade.
Gabrielle Gomes Ferreira (UFF)
A UFF e a Rede de Educação e saúde em Niterói para prevenção de DST-HIV/AIDS (REDUSAIDS)
Este trabalho apresenta uma experiência de Rede de empoderamento nas áreas de saúde e educação. A REDUSAIDS surge há dez anos, juntando forças de ONG de Niterói, as Fundações Municipais de Saúde e Educação e outros parceiros. A UFF vem sendo representada desde o início através das ações de extensão coordenadas pelo Profº Sérgio Aboud do Instituto de Educação Física. Neste período a REDUSAIDS tornou-se uma referência nacional no enfrentamento da epidemia. Através das reuniões os problemas e soluções são discutidos dialogicamente, fortalecendo as parcerias com os segmentos envolvidos na Rede. As ações coletivas são planejadas por comissões e executadas por todos os segmentos envolvidos: Profissionais de Saúde e Educação; alunos de Educação Básica e da UFF, populações em situação de vulnerabilidade; portadores do HIV; membros da sociedade civil organizada desde grupos LGBTTI à associação de moradores. A ênfase desse trabalho aqui apresentado é a ação voltada para o segmento LGBTTI. Temos como principais objetivos: trabalhar na formação continuada dos profissionais de saúde e educação; ofertar cursos nas áreas de sustentabilidade, saúde, educação e direitos humanos. Temos como nosso principal referencial teórico o trabalho de João Bosco Góis (2001) e Veriano Terto (1998).
Geisa de Oliveira Loureiro (UERJ), Isabela Maciel Pires (UERJ), Anna Paula Uziel (UERJ)
A sexualidade nas instituições de abrigamento: o que dizem os educadores
A partir do Estatuto da Criança e do Adolescente, novas perspectivas foram construídas para o acolhimento de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. A proposta de ter estabelecimentos pequenos e que cumpram a exigência do ECA de abrigamento durante curtos períodos ainda está aos poucos sendo implantada, bem como a qualificação dos educadores, que não segue um padrão mínimo. Ao observar a literatura, podemos notar que pouco se encontra sobre a forma como o tema sexualidade é abordado nessas instituições. Os educadores nem sempre possuem um amadurecimento sobre essas questões, tampouco o abrigo determina uma diretriz de conduta e as mensagens são contraditórias e truncadas, por parte dos adultos. Nos trabalhos que desenvolvemos observamos entraves derivados de concepções religiosas dos educadores que interferiam diretamente em seu trabalho, bem como choque de valores com a realidade experenciada pelos adolescentes. Muitas vezes a tentativa de impor valores e de prescrever comportamentos gera um distanciamento entre educadores e jovens que impede o exercício do papel de formador.
Gemilson Soares da Silva Segundo (UNIMONTES), Caroline Marci Fagundes Coutinho (UNIMONTES), Sheyla da Silva Borges
A atuação das mulheres em atividades consideradas masculinas: o caso das frentistas de Montes Claros-MG
Gilvana de Oliveira Souza Ferraz (UEM), Ivana Guilherme Simili (UEM)
“Confesso que vivi”: as masculinidades de Pablo Neruda
Nos estudos de gênero, as obras memorialísticas podem ser transformadas em fonte de pesquisa para conhecer e entender os processos de construção das masculinidades. Neste trabalho, o livro “Confesso que vivi”, de Pablo Neruda, é analisado sob o foco da masculinidade. No universo literário, Neruda (1904-1973) é tido como um dos mais importantes poetas do século XX. Na obra selecionada para este estudo, a imagem que se depreende para o autor é de que ele foi um homem que viveu intensamente a afetividade e a sexualidade. Por esta característica da obra, nas narrativas feitas pelo autor para descrever a infância, a juventude e os casamentos, identificamos e mostramos como ele cria significados para a sua trajetória como homem. A hipótese é a de que, por meio de Neruda é possível conhecer e compreender a sociedade e cultura chilena, do início do século XX,  acerca da educação dos meninos, dos valores e sentimentos compartilhados pelos homens nos relacionamentos amorosos e na vivência da sexualidade, ou seja, os matizes das masculinidades que permeavam e ditavam os comportamentos dos segmentos masculinos no período.
Glaciane Heil dos Santos (UFPR), Patricia Bueno Pluschkat
Mulheres de mim, melhores memórias: uma montagem feminista?
Glauco de Sousa Backes (UFSC)
Karla Camuracci: a trajetória de uma transexual em busca do seu lugar plural dentro da sociedade florianópolitana
A perfeição do corpo feminino sempre esteve no imaginário do ser humano, artistas, poetas, escritores, pintores, escultores, médicos e também por aqueles que ao se olharem no espelho se perceberam diferentes do que viam. Transexuais perseguem a forma feminina e tentam traduzir através dessa imagem um sentimento interior de insatisfação pessoal. A sociedade ainda hoje se choca com essas representações e cria barreiras para a entrada daquelas que por serem diferentes rompem as mesmas e tornam-se o que o espelho não pode mostrar. A pesquisa estuda o caso da cabeleireira Karla Camuracci, impedida de fazer um curso de formação no SENAC em 1975 por ser transexual com características femininas físicas e em suas representações no vestuário. Depois de conquistar seu espaço dentro do SENAC, não deixou de se mostrar como mulher e a aceitação proporcionou a Karla ascensão social e aceitação local da figura da transexual culminando nos dias de hoje com homenagem da câmara como cidadã florianópolitana e possivelmente a primeira transexual não operada a ter o direito de mudança do nome na certidão de nascimento e conseqüente na carteira de identidade.
Gleide Regina de Sousa Almeida Oliveira (UFBA)
Violência conjugal e denúncia do agressor: um estudo bibliográfico
A violência conjugal é um fenômeno complexo baseado na diferença entre os sexos numa relação íntima e uma das formas de enfrentamento da mulher é a denúncia do agressor na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM). Este estudo de natureza bibliográfica teve como objetivo identificar como as publicações científicas abordam a denúncia realizada por mulheres em situação de violência conjugal. É apresentada uma revisão bibliográfica da produção científica sobre violência conjugal e a denúncia realizada por mulheres contra o agressor no período de 2004 a 2008. Foi observado que as 10 publicações que atenderam aos critérios determinados para alcançar o objetivo deste estudo estavam inseridas na base de dados da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), tornando-se esta a fonte de informação. A análise das publicações evidenciou que os direitos reivindicados pelas mulheres, segundo os autores, não se coadunam plenamente à lógica universalizante que configura a cidadania proposta legalmente. Compreender o que a mulher espera da denúncia e os motivos que a faz desistir da denúncia ou da sua continuidade, são apontados como problemas a serem desafiados na delegacia especializada.
Gregory da Silva Balthazar (PUC - RS)
Plutarco e a Ocidentalização de Cleópatra
Ela foi a sétima Cleópatra da dinastia dos Ptolomeu, a rainha das duas nações, Thea Philopator, a deusa que ama seu pai, Thea Neotera, a jovem deusa; filha de Ptolomeu Neos Dionysio; amante de Caio Júlio César e Marco Antônio; mãe de Ptolomeu XV César, de Alexandre Hélio, de Cleópatra Selene e de Ptolomeu Filadelfo. Nesse contexto, o presente trabalho tem por objetivo compreender, sob a ótica do gênero como categoria de análise, como essas múltiplas faces da última soberana lágida foram retratadas por Plutarco. Assim, evidenciando as contribuições do discurso plutarquiano na construção de uma imagem ocidental acerca da rainha Cleópatra VII.
Guilherme Araújo Caetano (PUC-GO), Raiza Nogueira de Souza Afonso
Articulação entre extensão, tráfico de pessoas e acadêmicos da área da saúde
A PUC-GO, como grande incentivadora da pesquisa e da busca de novos conhecimentos pelos seus acadêmicos, oferece o programa de extensão universitária com o objetivo de coordenar e executar os programas institucionais de extensão universitária, enriquecendo o diálogo entre a Universidade com as organizações da sociedade civil, do Estado e do mundo do trabalho. Respondendo a esta iniciativa, o projeto de extensão ''Proposta educativa sobre tráfico de pessoas/mulheres – uma construção conjuntiva com a área de turismo de Goiás'' objetiva elaborar uma proposta de processo educativo na prevenção do tráfico de pessoas/mulheres para os trabalhadores(as) das agências de turismo.
O assunto tráfico de pessoas, uma questão social de grande relevância no estado de Goiás; citado como o local que mais envia mulheres à Europa com este fim (Thalita Carneiro Ary-Abril 2009) não faz parte do currículo dos cursos da área da saúde. Logo, a extensão propicia a ampliação da atuação dos acadêmicos na comunidade, contribuindo com o enfrentamento deste fenômeno social.
Nove alunos reúnem-se semanalmente com duas professoras visando cumprir os objetivos propostos pelo citado projeto em parceria com o Ministério Público Estadual e Federal por meio do Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas de Goiás.
Gustavo Antonio Raimondi (UFU), Danilo Borges Paulino (UFU), Vera Lúcia Puga (UFU)
O gênero e o mercado de trabalho médico.
Com as transformações no mercado de trabalho, nota-se um aumento da participação feminina nos mais diversos setores, incluindo aqueles antes reservados aos homens, como a medicina. No entanto, as mulheres ainda ocupam cargos menos valorizados, tanto em termos sociais quanto de remuneração. Dessa forma, buscou-se identificar, a partir da análise de questionários, como os atributos de gênero influenciam a construção do mercado de trabalho médico a partir das perspectivas de atuação profissional dos alunos do internato do curso de Medicina da Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Das alunas que já definiram a sua especialidade médica, 69,2% almejam atuar em áreas “gerais”, como ginecologia e pediatria, que estão associadas culturalmente ao espaço feminino e a uma baixa valorização. Dos alunos que definiram a área de atuação profissional, 65,2% buscam especialidades “não-gerais”, como radiologia e anestesiologia, especialidades essas associadas a um alto componente tecnológico e a uma alta valorização. Assim, pudemos observar que a escolha por áreas de atuação profissional ainda é influenciada por fatores históricos e culturais, como os atributos de gênero, os quais funcionam como determinantes para que as figuras femininas e masculinas se mantenham em espaços específicos.
Gustavo Bento Ribeiro de Araújo (UFF), Edmundo de Drummond Alves Junior, Tauan Nunes Maia (UFF)
Os esportes na natureza: investigando o campo através das questões de gênero
O Grupo de Pesquisa Esporte, Lazer e Natureza (GPELN-UFF) se dedica a entender o crescimento de atividades esportivas praticadas em ambientes naturais e suas interfaces com diversas áreas de conhecimento. Este trabalho apresenta as discussões abordadas pelo GPELN, a partir de 2008, onde problematizamos as questões de gênero associadas às práticas dos esportes na natureza. Inicialmente investigamos a participação feminina nestas atividades através da análise de produções cinematográficas apresentadas numa tradicional mostra de filmes de montanha. Outra fonte de investigação saiu de uma pesquisa etnográfica realizada nos locais de prática do kitesurf onde foi constatada uma diferença no número de praticantes homens e mulheres. Procurou-se responder: Como as mulheres se inserem nesta prática? O que determinaria essa escolha:as especificidades técnicas ou construções socioculturais? Recentemente temos investigado uma característica de um tradicional esporte na natureza, o surf, que nos pareceu andar na contramão dos demais esportes. Enquanto uns procuram ignorar o gênero como determinante do aprendizado, algumas escolas de iniciação neste esporte são exclusivamente femininas. O que leva a este fato? Questões de mercado ou empoderamento feminino? Atualmente, busca-se compreender o que levou um grupo de homens gays a se organizarem tendo como finalidade a prática do montanhismo.
Gustavo Henrique Ribeiro Martins (UFF), Sérgio Ricardo Aboud Dutra (UFF)
Atividades físicas e empoderamento de mulheres de classes populares: uma proposta do PET Saúde UFF
Neste pôster apresentamos uma proposta de trabalho desenvolvida no PET Saúde da UFF em uma unidade do PSF em Niterói. Partindo do conceito de promoção à saúde, realizamos um levantamento de atividades que a comunidade atendida gostaria de realizar. Decidimos privilegiar para esta ação um grupo de mulheres já que nesta Unidade o trabalho é desenvolvido na saúde da mulher. Durante o desenvolvimento das atividades percebemos manifestações de crescimento de auto estima no grupo o que nos levou a pensarmos na possibilidade de uma investigação partindo do conceito de Freiriano de empoderamento, na intercessão gênero e classe. Elaboramos um questionário sobre a importância das atividades desenvolvidas em relação a temas sobre promoção à saúde, bem estar, estética corporal, lazer, sexualidade entre outros. Neste momento estamos na fase de tabulação e análise, no período do evento já teremos chegado as conclusões finais, mas, parcialmente verificamos que para esse grupo específico violentado diariamente, por questões econômicas e também em relação a opressão masculina, ter um espaço de integração, socialização e lazer na sua comunidade tem funcionado como empoderamento e quem sabe de transformação.
Haika Priscilla Rocha de Santana (UFF), Rosana Pena de Sá (UFF)
Currículo, Gênero e formação de professores: reforçando a importância de se debater gênero e sexualidade nas Licenciaturas
Neste pôster apresentamos uma pesquisa que está sendo desenvolvida no curso de Educação Física da UFF, que aborda gênero, currículo e formação de professores. O interesse inicial surgiu de um trabalho de conclusão de curso ao refletirmos sobre a importância de que as Licenciaturas tenham em sua grade curricular disciplinas que discutam gênero, sexualidade e educação. Em um primeiro momento, contamos com relatos de alunos que cursaram a disciplina “Gênero e Sexualidade na Escola”, que tiveram sua forma de refletir e suas ações cotidianas modificadas, a partir do curso, no âmbito pessoal e profissional. Além da revisão bibliográfica e da pesquisa sobre os currículos de outros cursos de Licenciatura, elaboramos questionários semi-abertos para alunos de licenciaturas e futuramente para professores da rede, sobre a discussão da temática. Sobre a formação de professores, na UFF, somos o único curso de licenciatura que tem uma disciplina especifica sobre o tema, o que é um fator preocupante quanto a formação docente, tendo em vista que este é um tema pertinente e fundamental no combate as opressões em nossa sociedade, para a efetiva inclusão de todos.
Hebert Carlos do Nascimento Schott (UFRRJ), Marcella Cristina Pires (UFRRJ), Helen da Rocha Menezes (UFRRJ)
Motivos que levam a escolha da Dança de Salão
A dança é uma das mais antigas formas de expressividade já conhecida na história da humanidade. Está inserida no contexto das artes cênicas e recentemente na educação. Historicamente no contexto das danças de casais eram conhecidas como “Danças Sociais”, só eram praticadas pelos nobres e aristocratas. Existiam apenas duas modalidades a “Base Dance” e o “Pavane”, ficando popular a partir do ano de 1820, onde sugiram mais dois novos estilos a partir do Minueto, sendo o “Quadrille” e “Cotillos”, ambos substituídos pela Valsa. Desde então, outros estilos começaram a surgir, mudando o nome de Danças Sociais para Ballroom Dancing que eram dançadas na forma de Saraus (antigos bailes e cortejos) e foram trazidas para o Brasil com a vinda da Família Real. A Dança de Salão acabou ganhando o lugar dos Saraus dançantes, conquistando assim o espaço dentro da sociedade brasileira. Com o tempo os estilos foram se modificando, aperfeiçoando e tornando a sua pratica hoje em dia, peculiar e marcante. O presente estudo, em andamento, tem como objetivo investigar os motivos que levam pessoas moradoras dos municípios de Nova Iguaçu e Campo Grande no Rio de Janeiro a praticarem a Dança de Salão. Este trabalho esta sob orientação da Prof. M. Sc. Valéria Nascimento-DEFD/UFRRJ.
Helena dos Santos Candiota (UFPEL), Daniel Luis Moura Vergara (UFPEL), Claudia Turra Magni
A visibilidade do corpo doméstico
Em Pelotas existe um sindicato dirigido para empregadas domésticas, que tem como objetivo socializar e atende-las. A partir desse espaço busquei perceber como ocorre a corporalização da mulher em seu ambiente de trabalho tendo a hipótese de que ela se corporaliza atraves de seus atos e de seu trabalho. Seu corpo é percebido como parte do ambiente de tarefas domésticas, um patrimônio destinado a cuidar do espaço familiar de outrem. O objetivo desse trabalho foi perceber as marcas corporais e psicológicas das trabalhadoras domésticas a partir de suas renuncias sociais como mulher. Conceitos antropologicos – tais como técnicas do corpo e performance foram utilizados para discussão teórica dos dados empíricos colhidos através de observações participantes. Essa organização do trabalho exige uma dedicação corporal intensa que faz com que a empregada doméstica “morra socialmente”. Pela exigência de suas atividades há uma invisibilidade do corpo saudável, decorrente de um processo de ansiedade, insatisfação, entre outros, que se tornam insuportáveis para essas mulheres. Portanto, o ser mulher fica limitado ao fazer tarefas domésticas alheias e cuidar dos filhos dos outros, com seu próprio espaço social como, por exemplo, a família, sendo relegado a segundo plano.
Helena Isoppo Schmid (UNISUL), Jussara Bittencourt de Sá (Unisul)
Análise de gênero e função social nas designações das ruas de municípios das Microrregiões da AMUREL e AMREC
O presente projeto enseja-se dos dados efetuados a partir do projeto de pesquisa “Análise da Influência da Colonização na Escolha dos Topônimos”. Percebeu-se, ao ser focalizado com mais especificidade, a relevância de se aprofundar na investigação da análise dos gêneros (masculino/feminino), das funções sociais e profissões em designações das ruas de municípios. Foram analisados e catalogados arruamentos dos dez municípios das Microrregiões da AMUREL e da AMREC. A partir do estudo foi confeccionado o material didático multimídia intitulado: “Topônimo: Memória, História e Cidadania”. Esse material está sendo utilizado no Ensino Fundamental como ferramenta de identificação local através do resgate da memória, da investigação, destacando o estudo dos gêneros e das funções sociais como um importante campo investigatório para avaliar, como e que, contextos podem ser refletidos.
Hellen Olympia da Rocha Tavares (UFU)
Reflexões sobre situações de violência conjugal contra mulheres – Uberlândia/2000-2007
Hellena Bonocore Morais (PUC - RS), Amanda Pacheco Machado (PUC - RS), Lucas Gerzson Linck (PUC - RS)
Estereótipos de gênero: a naturalização de conceitos em alunos de Psicologia
Heloísa Helena de Farias Rosa (USJT)
Luta por reconhecimento. A relação homoerótica no ordenamento jurídico brasileiro
Henrique de Oliveira Arrieira (Anhanguera Educacional/Pelotas), Cristina Lessa dos Santos (UFPEL)
As questões de gênero nos estágios curriculares da Educação Física
Este trabalho pretende relatar a experiência obtida durante os estágios curriculares dos cursos de Educação Física (EF) da Faculdade Anhanguera/Pelotas eda Escola Superior de Educação Física/UFPel, realizados em escolas públicas da rede municipal e estadual da cidade de Pelotas. O estágio curricular objetiva aproximar a realidade enfrentada pelos professores no trabalho e a realidade vivida pelos alunos durante o curso. Essa aproximação que nos permite testar, criar e desenvolver atividades que não são trabalhadas na escola, mas que também nos concede diversas experiências no sentido de como lidar com os alunos e de como enfrentar as adversidades. Comparando os estágios e os tipos de trabalhos encontrados nas escolas, percebemos semelhanças nas aulas relacionadas à questão de gênero, uma vez que predominam as aulas mistas. Pudemos observar também que nas aulas mistas, as crianças, sejam elas meninas ou meninos, têm oportunidades iguais de desenvolvimento. A questão de gênero tem de ser trabalhada desde as séries iniciais do ensino fundamental, já que a separação entre "as atividades de meninas e as atividades de meninos" são impostas pela sociedade como algo natural e cultural.
Igor Henrique Lopes de Queiroz (UDESC)
A repressão aos homossexuais na Florianópolis da década de 1980
Esta pesquisa reflete sobre como a imprensa representava as/os homossexuais, em meados da década de 1980, em Santa Catarina, através do jornal Diário Catarinense, onde são percebidas notícias carregadas de preconceitos e repressão aquelas/es que fugiam à regra heteronormativa.
Libertinas/os, de má reputação, nocivas/os à sociedade. As notícias mostram como era necessária a intervenção nos espaços de sociabilidades de homossexuais. Outras, disfarçadas de um “humor” homofóbico, consideravam os homossexuais masculinos como propagadores da AIDS, num momento em que a doença era vista como altamente letal e considerada como um resultado direto do comportamento “pervertido” de homossexuais, enfatizando a homossexualidade como imoral e incorreta e produzindo sentidos e imagens negativas sobre as/os homossexuais, em especial masculinos.
Ao utilizar linguagens e ideologias que espalham e reproduzem um certo modo de ver/viver a vida e os comportamentos, aceitos e corroborados por seus leitores, o jornal acabava por provocar cada vez mais a marginalidade social e cultural, segregando as/os homossexuais das pessoas “normais” e engajadas no sistema institucional dominante.
Iran Nunes Lemes Segundo (UFG)
Participação feminina na Câmera dos Deputados e Assembleia Legislativa de Goiás
Como se sabe, ainda que componha a maioria do eleitorado a presença das mulheres na política é bastante embrionária, sendo um fenômeno que ocorre em escala mundial e não apenas local - Goiás ou Brasil. Assim o presente trabalho é fruto de um estudo que mapeia a participação da mulher na arena político-eleitoral do Estado de Goiás no período de 1982 a 2006. O objetivo de tal proposta é quantificar e analisar a participação das mulheres goianas - aumento ou diminuição – no poder legislativo estadual e federal relacionando com o impacto da adoção da Lei de Cotas no acesse desses sujeitos a essas esferas do poder. Outra proposta é a indagação de quem são essas parlamentares, qual é o perfil das mulheres que estão na política institucional. Para tal é feito um levantamento de informações como: profissão, grau de escolaridade, idade média, filiação partidária e se são esposas de políticos profissionais.
Isabel Cristina Hentz (UFSC)
Memórias de mulheres políticas: ditadura militar e feminismo em trajetórias no Cone Sul
Nas narrativas de mulheres que têm participação política atual no Cone Sul (cargos eletivos, postos no governo, posições de comando em ONGs e movimentos sociais, etc) destaca-se um período de suas vidas marcado pelos regimes militares que se instalaram nestes países na segunda metade do século XX. Este mesmo período foi também marcado, no Cone Sul e no restante do Ocidente, pela segunda onda do feminismo. Através de entrevistas com estas mulheres é possível articular a atuação política atual com suas trajetórias pessoais no período das ditaduras militares e com a segunda onda feminista, até porque muitas destas mulheres se dizem feministas. O objetivo deste pôster é analisar como o feminismo e as ditaduras militares influenciaram e marcaram as trajetórias políticas de algumas mulheres que se identificam com as idéias feministas e que atuam, ou atuaram, politicamente nos países do Cone Sul. Para isso, as fontes utilizadas serão entrevistas de história oral realizadas com essas mulheres entre 2005 e 2008. Este trabalho é resultado de pesquisa de bolsa PIBIC/CNPq, orientada pela Profa. Dra. Joana Maria Pedro e faz parte do Projeto Cone Sul, desenvolvido no Laboratório de Estudos de Gênero e História, da UFSC, cujos temas gerais envolvem ditaduras, feminismo e relações de gênero.
Isabel Fontenelle Arantes (UFSC)
"House" e deficientes: a pressão pela “normalização”
“House, M.D.”, um seriado norte-americano com uma audiência de milhares, representa um item popular da cultura mais dominante do mundo atual. Com a personagem de um médico com dor crônica e dificuldade de andar, a história centra-se na busca de curas para seus pacientes—mesmo quando contra a vontade destes. A análise destes casos revela como muitos norte-americanos enxergam os deficientes.

Examinar a cultura hegemônica, como explica Silviano Santiago em “O Entre-Lugar do Discurso Latino-Americano”, vira um ato de “reescrever” textos para resignificá-los. Nesse processo, revelam-se noções geralmente pejorativas sobre grupos marginalizados e, simultaneamente, caminhos que possibilitam não só protestar contra tais representações como também resignificá-las, intervindo assim em importantes relações culturais, econômicas e sociais.

Utilizando a teoria crítica da deficiência, proponho uma leitura crítica das personagens em House, M.D. que têm seus corpos mudados para serem “normais” apesar de insistirem que não querem mudar por questão de identidade; examinarei como o “normal” é construído; e procurarei identificar estratégias de significação e resignificação a partir do impacto que este “normal” tem sobre personagens que buscam representar todos que dele são excluídos.
Isabela Maciel Pires (UERJ), Geisa de Oliveira Loureiro (UERJ), Anna Paula Uziel (UERJ)
Gênero e sexualidade nos abrigos
A literatura sobre abrigo não trata especificamente de gênero e sexualidade, embora essas questões façam parte do cotidiano de forma intensa. Os abrigos se vêem diante de situações que requerem posicionamentos como namoro, descoberta do corpo, prostituição, gravidez na adolescência, menstruação. O dilema entre o esclarecimento sobre transformações e funcionamento do corpo, desejo e orientação sexual, prevenção de doenças e de gravidez e o risco desse diálogo aguçar a curiosidade habita a realidade de muitos centros de acolhimento. Grupos com adolescentes são organizados com fins informativos e muitas vezes não conseguem transformar o comportamento no sentido de maior cuidado deles com o próprio corpo e tomada de decisões próprias sobre saúde sexual e reprodutiva. Realizamos vários encontros de grupo com meninas adolescentes de um abrigo que teve como objetivo discutir sexualidade e gênero a partir do referencial da autonomia. Concepções tradicionais de submissão da mulher ao homem e da necessidade de sustento por parte dos homens foram temas recorrentes, assim como relatos de violência nas experiências conjugais. A ideia de um filho para permanecer com aquele que identificavam como o amor de suas vidas também esteve muito presente.
Isabella Cristina de Souza (UFSC)
Analisando o discurso feminista no Cone Sul: continuidades e apropriações entre os feminismos de “primeira” e de “segunda onda”
O movimento feminista tem sido caracterizado por possuir algumas “ondas”. O chamado feminismo de “primeira onda” teria se desenvolvido no final do século XIX e nas primeiras décadas do século XX. As feministas que viveram neste período reivindicavam, principalmente, direitos políticos, sociais e econômicos. Já o feminismo de “segunda onda”, que surge após a Segunda Guerra Mundial, lutava pelo direito ao corpo, ao prazer e contra o patriarcado. Entretanto, entre os feminismos de “primeira” e de “segunda onda” há muito mais continuidades do que a historiografia tem admitido. As diferenças entre estas “ondas” tornam-se muito menores se analisarmos como as obras de Clara Zetkin e Alexandra Kollontai, feministas socialistas de “primeira onda”, são citadas e apropriadas pelas feministas do Cone Sul, que viveram entre período de 1960 a 1990. Este é, pois, o objetivo deste trabalho. As fontes utilizadas para apontar que muitas reivindicações das feministas do início do século foram apropriadas pelas feministas de “segunda onda” são entrevistas – realizadas entre 2005 e 2007 – e textos publicados pelas mulheres que se identificaram com o feminismo do Cone Sul. Além de obras de Clara Zetkin, Alexandra Kollontai e Simone de Beauvoir.
Isabelle dos Santos França (UFRPE), Alcileide Cabral do Nascimento (UFRPE)
A lei Maria da Penha em Pernambuco: avanços e desafios (2006-2009)
Isadora Araujo Cruxên (UNB)
Movimento Feminista e Fórum Social Mundial: revendo a relação entre igualdade e diferença
Isadora Pallaro dos Reis (UEM), Carolina Panzieri (UEM)
Trajetórias de mulheres e gênero: a costura de uma cooperativa de moda pelas “Marias Maracujás”
O conceito de gênero permite analisar as trajetórias e experiências das mulheres sob múltiplos focos. Este pôster propõe-se a analisar os percursos de mulheres na criação de uma cooperativa de moda sustentável, de maneira a identificar como elas estão vivenciando as mudanças em suas condições de vida e trabalho. Os materiais empregados na análise referem-se às entrevistas e às imagens fotográficas das mulheres que participam do projeto “Mulheres entre panos e sementes: produção de roupas e acessórios para a moda”, o qual vem sendo realizado na cidade de Corumbataí do Sul (PR). Os estudos biográficos com recortes de gênero, bem como os trabalhos sobre cooperativa de moda darão suporte à análise do material selecionado para a apresentação.
Ivanete Fernandes Pereira (UFGD), Bruna Amaral Dávalo (UFGD)
Memórias de infância de professoras de criança: gênero, identidade e formação
A infância uma fase da vida humana, quando as influências recebidas contribuem para a construção da identidade, o objetivo deste foi buscar nas memórias de infância de professoras, de que modo suas concepções, no que diz respeito às questões de gênero e papéis sociais de homens e mulheres, se expressam nas suas práticas pedagógicas. A abordagem se fundamenta em obras acerca da História da Criança e Educação Infantil, Identidade e Gênero, Formação de Professores, além dos estudos sobre Memória e História Oral. Entrevistamos professoras dos Centros de Educação Infantil Municipal (CEIMS) de Dourados MS, com formação em Pedagogia e que atuam junto à Infância. Apontamentos conclusivos indicam: desconhecimento do significado dos conceitos de gênero, identidade e papéis sociais, e a consciência de que tais conceitos se expressam no cotidiano de suas atividades; ausência da discussão do tema na prática pedagógica, tanto em cursos de formação, quanto em projetos da instituição; presença de estigmas recorrentes dos modelos conservadores na história de vida das professoras; preconceito dos pais e comunidade em relação às atividades desenvolvidas com as crianças, além de concepções fundadas em perspectivas que naturalizam e reafirmam as relações de desigualdade de gênero e papéis sociais.
Ivon Rodrigues Silva Filho (FUNDAJ), Lígia Albuquerque de Melo (Fundação Joaquim Nabuco)
A mulher pescadora artesanal nas colônias e associações de pescadores(as): participação e empoderamento
Nas sociedades atuais ainda predomina o sistema social patriarcal, que se reflete nas relações sociais desiguais entre homens e mulheres e em relações de poder que afetam de forma negativa às mulheres. No setor da pesca artesanal, pode-se perceber o reflexo desse fenômeno na diminuta participação das mulheres nos espaços de poder de decisão da categoria, pois como elas são reservadas a ocupar o espaço doméstico, encontram dificuldades de se inserirem nos espaços públicos como Colônias e Associações de Pescadores. O presente trabalho tem caráter explicativo, com o objetivo de analisar como se dá a participação das mulheres pescadoras artesanais nos espaços de poder do ambiente pesqueiro, sua trajetória política, as formas de empoderamento e a inclusão dessas mulheres na hierarquia das organizações de representação da categoria. Foi realizada uma pesquisa exploratória, através de levantamento bibliográfico em bibliotecas e pesquisas em web sites. Os resultados demonstram que as relações de poder desiguais entre homens e mulheres se tornam um entrave tanto à luta dessas mulheres por seus direitos previdenciários e trabalhistas, quanto à efetiva ocupação dos cargos na hierarquia dos movimentos sociais de pescadores e pescadoras.
Izabelle Lúcia de Oliveira Barbosa (UFRPE)
Revistas femininas e feministas na cidade do Recife de 1900 a 1930
A modernização vivida pelo Recife na primeira metade do século XX refletiu no cotidiano da cidade, desde a estrutura física até o modo de viver de seus/suas habitantes. Sendo essa nova configuração marcada pelo surgimento dos primeiros espaços de manifestações sobre as mulheres e para elas, por um discurso masculino ou no surgimento do movimento feminista e/ou feminino. As autoras Michelle Perrot, Céli Pinto, Joana Pedro e Rachel Soihet fundamentam a pesquisa porque possibilitam estabelecer uma relação entre a história das mulheres e dos movimentos de mulheres e feministas. Cabe a pesquisa investigar o surgimento de revistas femininas e feministas que circulavam no Recife entre os anos de 1900 a 1930 e analisar como foi problematizada a sexualidade, a família e a conquista de novos espaços para e pelas as mulheres.
Janine Apª Bastos Stecanella (UCS), Najara Ferrari Pinheiro (UCS), Jeferson Batista Scholz
A representação da "nova" masculinidade e os mitos Narciso e Don Juan
Jaqueline Ferreira Holanda de Melo (UFRPE), Micheline Cristina Rufino Maciel, Maria de Fátima Paz Alves (UFRPE)
Educação Sexual com Perspectiva de Gênero numa Escola Pública: Desafios e Dificuldades
Jeffeson William Pereira (UFAM), Iraildes Caldas Torres (UFAM)
Identidade homossexual: um debate inconcluso no âmbito teórico e dos movimentos sociais
Esta pesquisa tem como objetivo de estudo a identidade homossexual, em que procuramos compreender como se estabelece o conflito interno no sujeito em meio à subversão das normas sociais. Busca-se analisar a produção de uma suposta identidade homossexual e de discursos formulados a partir dos pólos heterossexualidade/homossexualidade; e identificar as principais resistências dos sujeitos quanto à vivência de sua sexualidade. Fundamentados nos pressupostos teóricos de Michel Foucault e Judith Butler, utilizamos as categorias sujeito, gênero e identidade em diálogo com pesquisadores como Stuart Hall, Monique Witting, Lúcia Facco e Guacira Louro. Trata-se de uma pesquisa de iniciação científica, em que ouvimos em entrevista gays e lésbicas usuárias do Centro de Referência de Combate à Homofobia Adamor Guedes localizado em Manaus. Constatatou-se a existência do incômodo da sociedade provocado pela homossexualidade ao evidenciar a possibilidade de rompimento da normativa heterossexual e ultrapassar fronteiras consideradas “naturais” ou fixas, bem como a superação da discussão identidade/diversidade em termos da oposição hétero/homo. Conclui-se que há necessidade de maior interlocução epistemológica envolvendo conceitos como orientação sexual, gênero, raça/etnia e classe social.
Jessica Gomes Machado (UEPB), Thays Felipe de Oliveira David (UEPB)
Perspectivas de gênero: Uma análise sobre as Metas do Milênio e o papel das mulheres nas Relações Internacionais
Jéssica Martins da Silva (FURG)
“Por que os homens não escutam as mulheres?” Discutindo gênero na escola a partir do filme Mulan
Este trabalho é referente a um projeto desenvolvido com alunos/as do 3º ano em uma Escola Municipal de Ensino Fundamental situada na periferia da cidade do Rio Grande-RS, com o objetivo de discutir e problematizar representações de gênero, traçando um paralelo entre a cultura ocidental e a oriental, a partir do filme de animação Mulan. Para tanto, houve uma conversa inicial sobre o entendimento dos/as alunos/as acerca das representações de gênero e, em seguida, a exibição do filme. Após, discutimos as feminilidades e masculinidades apresentadas na animação, fazendo um contraponto com o nosso contexto sócio-cultural. Por fim, foi solicitado que as crianças desenhassem e escrevessem sobre uma cena do filme que tenha sido significativa. Essa produção, juntamente com as falas das crianças, constitui o corpus de análise dessa pesquisa. A partir de metodologia utilizada, percebemos os entendimentos dos/as alunos/as sobre as questões de gênero, o que vem sendo construído com eles/as e o que vem permeando a constituição de suas identidades. As análises preliminares apontaram alguns significados em relação ao masculino e feminino para esse grupo de alunos/as, como por exemplo, o entendimento de que ambos os gêneros podem desenvolver as mesmas atividades e ter as mesmas atitudes.
Jessica Silva Andrade dos Santos (UFRJ), Ludmila Fontenele Cavalcanti, Roberta Matassoli Duran Flach (UFRJ)
Prevenção da violência sexual na internet: análise de 60 sites
Introdução. Este trabalho vincula-se a pesquisa integra o projeto de extensão “Prevenção da violência sexual”, cujo objetivo é dar visibilidade ao tema da prevenção da violência sexual. Objetivo. Analisar a informação disponível através de sites relacionados ao tema da violência sexual, de maneira a subsidiar a atualização do site www.ess.ufrj.br/prevencaoviolenciasexual. Metodologia. Foram levantados 60 sites relacionados com a violência sexual disponibilizados no site da SPM. As categorias analisadas foram: conteúdo, público alvo, instituição responsável, cor e publicação. Resultados. Os conteúdos apresentados nos sites se referem às diferentes formas de enfrentamento à violência sexual, tais como garantia dos direitos, resgate dos movimentos sociais, abordagem sobre a igualdade de gênero e políticas públicas; o público alvo são mulheres e a sociedade civil; as instituições responsáveis são organismos internacionais, instituições públicas e organizações não governamentais; as cores predominantes são lilás e azul; a maioria dos sites disponibiliza publicações em diferentes formatos. Conclusão: Colocar a informação sobre a prevenção da violência a disposição dos profissionais de saúde tem sido uma estratégia adequada para a incorporação do tema nas unidades de saúde.
Joana do Prado Puglia (UNISC), Rossana Bogorny Heinze Schmidt (UNISC), Marcela do Prado Puglia (UNISC)
Homofobia na Universidade: um estudo exploratório
Este trabalho é resultado de uma pesquisa realizada por acadêmicas do Curso de Psicologia da Universidade de Santa Cruz do Sul, quando cento e trinta e oito acadêmicos, de diversos cursos sorteados, responderam a um questionário, com o objetivo de detectar a existência do fenômeno da homofobia dentro da instituição, bem como conhecer a concepção de homossexualidade entre os alunos da UNISC. Todo o processo, embora os acadêmicos tenham tido um cuidado visivelmente elaborado para manter-se dentro de uma postura politicamente correta, apontam para uma tolerância, mais do que um posicionamento de igualdade, de forma que mais ainda sente-se validado o comportamento heterossexista. De maneira geral, o presente estudo veio a incentivar os investimentos destas acadêmicas em direção ao esclarecimento quanto ao fenômeno que, embora aparentemente inexistente nesta instituição, se manifesta de forma sutil, deixando suas marcas de discriminação.
João Fernando Pereira Lima (UFPA)
A construção da identidade gênero e a gravidez adolescente na escola: um estudo na escola Dr. José Márcio Ayres.
José Carlos Vieira Junior (UFF), Sérgio Ricardo Aboud Dutra (UFF)
Banco de Dados na Área Interdisciplinar de Relações de Gênero da UFF: um projeto investigativo
Este trabalho apresenta o resultado parcial de um Projeto de Extensão e Pesquisa do Instituto de Educação Física da UFF, coordenado pelo Profº Sérgio Aboud. O principal objetivo deste é expandir a divulgação de trabalhos acadêmicos centrados na área interdisciplinar de Relações de Gênero, através da construção de um banco de dados para uso do domínio público, partindo da produção realizada na UFF, em monografias, dissertações e teses dos cursos de graduação e pós-graduação em Educação, Letras, Serviço Social, História, Psicologia, Educação Física, Ciências Sociais, Enfermagem e Direito, no período de 1968/2010, inicialmente, tendo como base os acervos de algumas das nossas bibliotecas. A pesquisa desenvolvida se propõe a realizar a análise e significados antropológicos e sociais desta produção. A primeira fase do trabalho consiste na construção de um banco de dados com os resultados obtidos. Na segunda fase estamos trabalhando com a proposta de interlocutores etnográficos, procurando verificar as representações, as distinções teóricas, por questões cronológicas e metodológicas. Acreditando que a sistematização desses trabalhos será de relevância acadêmica para pesquisadores de diferentes graus, como para outros membros da sociedade que participam da luta pela equidade de gêneros.
Josiane Pereira Santos Miranda (UFGD), Janaína Tibúrcio Moreira (UFGD)
Memória de professoras de crianças e as concepções de jogos e brincadeiras na Educação Infantil
Júlia Bellini Capelari (UEM), Cássia Cristina Furlan (UEM)
Pedagogias do corpo e construção do gênero na prática de musculação em academias
O presente projeto teve como objetivo geral fazer uma análise das expectativas de corpo que homens e mulheres possuem ao procurarem a musculação, analisar as relações de gênero presentes no ambiente das academias; verificar a pratica da musculação como uma pedagogia de corpo que constrói modelos de feminino e de masculino e, conhecer o perfil dos praticantes de musculação da academia da UEM. Justifica-se pela baixa produção acadêmica na Educação Física de estudos direcionados para a compreensão das nuances e variáveis que envolvem a musculação de academia, sendo esse um lócus privilegiado para o estudo das relações de gênero e reprodução de valores masculinos e femininos, bem como um espaço pedagógico onde se constroem representações de corpo e de gênero. Os dados provêm de questionários semi-estruturados (CAUDURO, 2004) com 60 informantes, sendo 30 homens e 30 mulheres praticantes de musculação na academia da UEM. Os critérios para seleção dos informantes foram: faixa etária entre 20-40 anos, regularmente matriculados a mais de 6 meses.
Julia Massucheti Tomasi (UDESC)
Sinos da morte, velório em casa, cortejo fúnebre e enterro: Diversas narrativas sobre as diferenças nos ritos funerários entre homens e mulheres na cidade de Urussanga (SC) no decorrer do século XX
Este banner tem por objetivo mostrar a partir de narrativas de urussanguenses as diferenças entre homens e mulheres nos rituais funerários praticados na cidade de Urussanga no século XX. Muitas são as histórias e recordações contadas pelos moradores de Urussanga sobre os rituais de morte praticados na região.
Ritos como deixar guardada a roupa que quer ser enterrado dentro do baú ou no guarda-roupa é um costume bastante antigo e está presente até os dias de hoje na cidade. Porém, conforme relata Amabile Romagna (ROMAGNA, Amabile. Entrevista cedida a Julia Massucheti Tomasi. Urussanga, 15 de Janeiro de 2010), as mulheres eram nas décadas passadas, e ainda são nos dias de hoje as que mais se preocupam com a vestimenta fúnebre, pedindo para serem veladas com uma determinada roupa, jóia e até sapatos.
Além da vestimenta fúnebre, tocar o sino de morte da Igreja Matriz após o falecimento de alguém ainda é presente nos dias de hoje. O repique dos sinos da morte modifica conforme o sexo do morto. Quando falece um homem adulto, são dados três sinais. Já para as mulheres adultas, são dados dois sinais (um sinal, pausa, o segundo sinal e repica com outro sino).
Esses são apenas dois exemplos dos variados ritos fúnebres de Urussanga praticados durante o século XX que modificam conforme o sexo do morto.
Julia Mayra Duarte Alves (UFAL), Mário Henrique da Mata Martins, Marcos Ribeiro Mesquita
E agora José? Mudanças na identidade de gênero em uma comunidade de artesãos de Maceió
O conceito de gênero tem sido elaborado de diferentes formas na história das teorias sociais. Inicialmente, a construção desse conceito trouxe à tona a denúncia de um discurso que naturalizava o papel das mulheres numa condição de subordinação social. Com o avanço do debate, outros elementos foram incorporados surgindo uma perspectiva relacional nesse campo. Este trabalho analisa as transformações nas relações de gênero a partir da inserção de homens na produção do filé, renda conhecida na cidade de Maceió e tradicionalmente produzida por mulheres da comunidade do Pontal da Barra. Realizou-se uma série de visitas à comunidade com o fim de conhecer os moradores, os artesãos, suas associações. As visitas foram descritas em diário de campo onde estão relatadas as impressões frente aos fatos ocorridos. Também realizou-se entrevistas com os artesãos e moradores da comunidade para obter informações sobre o processo de inclusão dos homens na confecção do filé. Os entrevistados foram divididos em diferentes faixas etárias considerando a discussão geracional que envolve o tema. Constatou-se uma multiplicidade de discursos acerca da produção do filé e das relações de gênero na comunidade sem, no entanto, modificar as representações hegemônicas sobre os papéis entre homens e mulheres.
Júlia Rodrigues Vieira (UDESC), Silvia Maria Fávero Arend (UDESC)
Aborto e imprensa: o olhar da Revista Veja (1995-2009)
O debate sobre o aborto no Brasil tomou vulto na última década do século XX. Este processo se acirrou devido a um conjunto de fatores vigentes na sociedade brasileira: a emergência das novas tecnologias reprodutivas levou a sociedade a discutir as noções de vida e morte; a despenalização desta prática em outros países católicos, como a Espanha; a adoção de religiões pentecostais, que defendem o planejamento familiar; e a presença de pessoas oriundas do Movimento Feminista pró-aborto na administração federal. A imprensa, entendida como formadora da “opinião pública”,possui um papel fundamental neste contexto. Através da mesma as “vozes autorizadas”, ou seja, os diferentes saberes e ideários travam disputas que constroem sujeitos, descrevem cenários sociais e edificam (ou ratificam) noções filosóficas/morais antigas e novas acerca de vida e de morte. Nesta pesquisa, de cunho historiográfico, analisa-se o discurso veiculado pela Revista Veja sobre o aborto no país. O referido periódico semanal, lido por uma parcela significativa da camada média brasileira, publicou um conjunto de matérias sobre a temática ao longo período em estudo. Essas reportagens caracterizam-se por uma fraca reflexão dos aportes do Feminismo da terceira onda em testemunhos de mulheres que fizeram o aborto.
Júlia Telésforo Osório (UFSC), Ana Carolina de Melo Martins (UFSC)
Aquela que fica, aquela que sai: Delminda da Silveira e Maura de Senna Pereira
Esta pesquisa faz parte do Projeto Acervos Digitais de Escritor@s Catarinenses, financiado pelo Projeto PRONEX/FAPESC e CNPq. A leitura dos manuscritos, dos éditos e inéditos de duas autoras catarinenses, Delminda Silveira (1854, 1932) e Maura de Sena Pereira (1904, 1991), nos leva a pensar o conceito diaspórico, descrito por Stuart Hall em Da Diáspora. As escritoras catarinenses convergem e divergem não apenas pelo local geográfico no qual viveram e escreveram sua obra, mas pelo modo de ver/ler esse espaço. Maura fez do Rio de Janeiro o seu exílio e nele deposita o seu olhar, construindo uma poética mais política; já Delminda, não saindo da ilha, foge do seu espaço palpável e visível em seus poemas, viajando e se exilando em lugares mais imaginários, sendo perceptível em sua obra um viés intimista. Aquela que fica e aquela que sai cruzam-se nesse olhar diaspórico e a aproximação entre elas se dá pela palavra poética e pelas imagens que buscam em dois mo(vi)mentos literários.
Juliana Cristina Bessa (UNESP), Andressa Benini Mendes (UNESP), Fernando Silva Teixeira Filho
“O quê que eu quero com isso?”: a desconstrução de preconceitos de gênero, raça, cor e etnia na infância
Trata-se de relato de experiência decorrente do trabalho com oficinas semanais de duração de uma hora, realizadas junto a 20 crianças com idades de 6 anos inscritas em regime de contra-turno na Instituição Casa da Criança “Dom Antônio José dos Santos”, na cidade de Assis no interior do Estado de São Paulo. No decorrer deste trabalho tem-se observado a presença de preconceitos e esteriótipos na relação que as crianças têm com as temáticas de gênero, sexualidade, raça, etnia e diferenças sócio-econômicas. A partir de jogos, histórias, desenhos e atividades físicas, estamos possibilitando a desconstrução destes esteriótipos, instigando-as à reflexão dos papéis de gênero préviamente estabelecidos e institucionalizados como norma vigente. O foco teórico deste trabalho são as teorias sócio-histórica, estudos de gênero e culturais e teoria queer. A base metodológica que nos serve para a preparação das oficinas implica a psicanálise em seu recorte de clínica ampliada, o que possibilita nos posicionarmos de modo a propiciar aos participantes a possibilidade de associação livre e exercício transferencial que lhes permitam produzir performatividades críticas em relação às produções heteronormativizadas que atravessam os seus processos de subjetivação.
Juliana Martins Silva (UFG)
As santas virgens na Legenda Áurea: o imaginário de perfeição cristã para a sociedade do século XIII
Juliana Silva Santos (UFMG)
A legitmação do silêncio no cotidiano da mulher negra brasileira a partir do Filme Bendito Fruto
O presente trabalho é parte do grupo de Iniciação Científica sobre as representações do feminino no cinema brasileiro contemporâneo, sob orientação da professora Dra. Helcira Lima (Faculdade de Letras/ UFMG). Este texto, especificamente, visa a analisar os perfis de representação acerca da mulher negra brasileira sob o viés do silenciamento enquanto categoria discursiva, tal como desenvolvido por Eni P. Orlandi (2005). Com base na hipótese de que os produtos veiculados pelas mídias possuem um determinado grau de especularidade com as relações cotidianas dos sujeitos, este trabalho tem como objeto o longa-metragem dirigido por Sérgio Goldenberg, “Bendito Fruto” (Brasil, 2005), obra temporalmente localizada na fase denominada Cinema da Retomada. A partir de pesquisa e revisão bibliográfica de estudos em Análise do Discurso de escola francesa, buscamos levantar, a partir do olhar da protagonista, situações em que o silenciamento se faz presente como produto da incorporação de comportamentos sobre a mulher negra e também por ela incorporados. Comportamentos estes que julgamos na qualidade de produto de formações ideológicas que foram e continuam a ser legitimadas historicamente. Para o desenvolvimento da análise, foram traçadas leituras das teorias de Michel Pêcheux, Eni P. Orlandi, Louis Althusser e Pierre Bourdieu.
Julião Gonçalves Amaral (UFMG)
As dinâmicas institucionais do preconceito contra LGBT’s e a emergência de identidades políticas
Kamila Thais da Silva Figueira (UNB)
O enfrentamento da violência contra a mulher a partir do Programa de Agentes Comunitários da Saúde (PACS) – Análise da experiência do Núcleo Bandeirante / DF.
A pesquisa "O enfrentamento da violência doméstica contra a mulher – Análise da experiência da Regional de Saúde do Núcleo Bandeirante (DF)", a partir dos agentes comunitários de saúde (ACS) buscou analisar a atuação dos ACS frente a violência contra as mulheres.
A preocupação com o tema da violência e seu enfrentamento no âmbito da atenção básica à saúde se traduziu em 2008, na realização do I Curso de Capacitação para Prevenção e Atendimento às Vítimas de Violência, destinado a profissionais da Atenção Básica do Programa Saúde da Família (PSF). A capacitação incluiu também os agentes comunitários de saúde (ACS), visto o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) ser considerado parte da estratégia Saúde da Família.
Por meio da realização de entrevistas semi-estruturadas com os agentes comunitários de saúde, a pesquisa identificou: a) as demandas relacionadas à violência doméstica contra as mulheres dirigidas aos agentes comunitários da saúde; b) as ações dos ACS frente às famílias em que há casos de violência doméstica contra a mulher e c) as atividades desenvolvidas pelos ACS que abordem a prevenção à violência doméstica contra a mulher.
Káren Francynne Araújo Maia (UNIMONTES)
A atuação da Delegacia de Repressão ao crime contra a mulher em Montes Claros: 1987-2007
A violência que ocorre cotidianamente no âmbito interpessoal e contra as mulheres tem, nos últimos anos, despertado maior interesse por parte dos pesquisadores das diversas áreas do conhecimento. A Delegacia da Mulher (DM) foi uma das primeiras ações do Estado no combate à violência contra as mulheres. No norte de Minas Gerais a primeira DM foi criada em 1987, em Montes Claros, apenas dois anos após a implantação das primeiras DMs no Brasil. Curiosamente, logo quando este dispositivo ganhou força em outros contextos, se generalizando país afora e a violência contra mulheres se tornou uma preocupação pública e do Estado, essa primeira delegacia encerrou suas atividades, embora os índices de violência na região continuassem elevados. Deste modo, esse trabalho tem por objetivo historicizar o processo de implantação e atuação da DM em Montes Claros através de levantamento de dados feitos em documentos da extinta delegacia, como atas e boletins de ocorrência, e entrevistas de história oral com ex-delegadas, escrivãs(aos) e policiais que atuaram no local. Acreditamos ser este um dos caminhos possíveis para compreender o crescimento nos índices da violência contra mulheres e os fatores que dificultam a eficiência da ação do Estado no combate a esse tipo de violência no município.
Karen Gabriely Sousa Santos (UFPA), Cassiano dos Santos Simão
A representação como ‘espelho’ ou representatividade sociológica:a garantia de direitos da sexualidade a partir de uma visibilidade política.
No campo da Ciência Política, no que concerne ao conteúdo da função representativa relacionada ao papel do representante, há inúmeras produções científicas que são observadas no seu aspecto prático, promovendo debates sobre modelos que a interpretam. Um deles é a representação como “espelho” ou representatividade sociológica, não sendo a finalidade política que a explique por si só, mas observando quais as características do corpo social são espelhadas no organismo representativo. O objetivo maior de análise é relacionar conceitos e experiências sobre sexualidade, abordando perspectivas a partir de movimentos homossexuais na cidade de Belém do Pará, que através da reivindicação política almejam reconhecimento social tendo em vista a garantia de seus direitos como cidadãos. A título de análise tais grupos, movimentos e partidos políticos, como: Movimento Homossexual de Belém (MHB); Grupo Homossexual do Pará (GHP) e o Grupo Apolo pela Livre Expressão sexual surgem com o intuito de defesa, e transformação da realidade político-social. Através de revisão bibliográfica, análise de conteúdo e de dados secundários, aborda-se a relação de representatividade sociológica e como esta se posiciona como alternativa de emancipação das sexualidades, através de uma política de visibilidade.
Karilene Costa Fonsêca (UEMA)
Patrimônio cultural Kríkati: rituais e oralidade dos guardiões
Este artigo analisa, a partir da memória dos guardiões os rituais do grupo indígena Krïkati. Além disso, através da oralidade dos mais velhos pretende-se que a história deste povo seja narrada dentro da visão etnológica. Surgindo então a pesquisa sobre a etnia Krïkati, localizada na Aldeia São José, no entorno da cidade de Montes Altos - Maranhão. Trata-se de identificar e reconhecer a influência deste povo na cultura da sociedade sul maranhense, denotada pela sabedoria dos Guardiões e nas suas riquezas materiais e imateriais. Portanto, de forma preliminar esta pesquisa conclui que a cultura Krïkati deve ser preservada e valorizada com elo de respeito e honradez e com o viés para a educação Patrimonial e a conseqüente justeza social.
Karina Scaramboni (UNESP), José Roberto Sanabria de Aleluia (UNESP), Antonio Carlos Barbosa da Silva
Análise do fanzine Vaginas Dentadas: uma interface entre a militância feminista e a educação informal
O desenvolvimento tecnológico, o surgimento de novas formas de comunicação e a facilidade de acesso, infligiram aos pesquisadores das diversas áreas a necessidade de desenvolver novas técnicas educativas que atingisse a população contemporânea. A partir do referencial teórico postulado por militantes feministas e da revisão bibliográfica de instrumentos educativos alternativos, encarrilhamos por compreender como a educação informal pode ser eficaz no intercâmbio entre movimentos sociais e mulheres em situação de vulnerabilidade de gênero. Partindo da premissa que a violência contra a mulher é o resultado de uma construção histórica, portanto, passível de desconstrução, é de extrema importância para autonomia da mulher o acesso ilimitado a informação. Logo, a existência do fanzine (impresso e eletrônico), enquanto material alternativo pode ser utilizado como instrumental educativo para fornecer informações no que concerne à questão de gênero. Assim, o recorte do presente trabalho averigua a operacionalidade do fanzine enquanto instrumento dialógico entre a militância feminista e a sociedade, possibilitando um espaço para construção da cidadania, no qual, a igualdade de gênero, a violência contra a mulher e a luta por direitos possam ser alguns pilares de um novo projeto social.
Karine Pásseri (CESUMAR)
Acenos e Afagos (2008): A sutil influência do preconceito
A literatura de minorias divide-se em diversas temáticas. Dentre elas, há a literatura homoerótica, que aborda a questão do sujeito homoeroticamente inclinado, como no livro Acenos e Afagos (2008), de João Gilberto Noll, cujo narrador-personagem vivencia relações hetero e homossexuais. Analisar-se-á como as atitudes do narrador autodiegético estão relacionadas à visão preconceituosa da sociedade dominante. Diante de tal contexto, questiona-se: será que ele tem consciência do preconceito existente no âmbito social? Isso influencia as suas relações heteroeróticas? E as homoeróticas, como se procedem diante disso? A partir disso, este artigo abordará tais questionamentos e, como resultado, espera-se que o personagem, inserido em um “entre-lugar”, se mostre como alguém que, por não ter coragem de transgredir as “leis” sociais preconceituosas, se submete a elas e, portanto, divide-se a uma vida heterossexual para fazer seu papel na sociedade e, ao mesmo tempo, desfruta de experiências homoafetivas às escuras, metaforizando sua invisibilidade social.
Káritha Bernardo de Macedo (UDESC)
Identidade feminina brasileira nos anos 40 - o que é que essa brasileira tem?
Com a compreensão de que a música atua como representação simbólica das relações e age como elo de consolidação de discursos, os projetos populistas no Brasil oportunamente se apoiaram em músicas que traduzissem simbolicamente o conceito então almejado de povo e de mulher brasileira. Porém, o padrão que se queria expor internacionalmente nem sempre era o mesmo que se ansiava fomentar em terras tupiniquins. Nesse ínterim, a música se destaca como instrumento de diálogo entre o Estado e as grandes camadas populares, conectando o centro do poder aos seus sujeitos. Assim, foi desenvolvido um estudo da expressão identitária da figura feminina brasileira nos anos 40, manifestos na música “O que é que a baiana tem” e do figurino de sua intérprete, Carmem Miranda. O objetivo central foi compreender qual é a representação de mulher proposta, pela música, pela performance e pelo figurino da célebre intérprete, bem como, a quem ela se direcionava. Aponta-se na conclusão como o discurso generalizante de feminino brasileiro como uma mulher mulata, divertida, curvilínea, sedutora, cheia de remelexos, rebolados e olhares, vaidosa e extravagante foi tanto exaltado além-mar, como incentivado também dentro do território nacional.
Karla Leandro Rascke (UDESC)
As Irmãs do Rosário: o papel social das mulheres freqüentadoras da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos (Desterro, segunda metade do século XIX)
O presente trabalho pretende apresentar alguns apontamentos acerca da atuação de diferentes mulheres na Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos em Desterro na segunda metade do século XIX. Mulheres vindas de diferentes portos africanos ou descendentes de africanas que em muitos momentos foram maioria quantitativa na irmandade e, no entanto, nem sempre tiveram posições de comando na instituição. Apesar das restrições a alguns cargos e à participação nas eleições, estas mulheres assumiram papéis importantes para o funcionamento da irmandade.
Karla Regina Ferreira Diniz (UNIGRANRIO), Raquel Costa de Souza Santos (UFF)
Feminização e criminalização da pobreza: uma abordagem sobre o processo de exclusão social e Marginalidade
O presente estudo tem por objetivo analisar os fenômenos recentes de feminização e criminalização da pobreza, ou seja, o crescente movimento de encarceramento feminino baseado no perfil majoritário da pobreza que inclui características geralmente comuns de gênero, cor e classe social. Buscou-se vislumbrar estes dois fenômenos sob o mesmo prisma, entendendo que os processos de exclusão social e marginalização avançada que vivenciamos nesta sociedade são decorrentes de um processo ainda maior em que estamos inscritos, isto é, a ideologia capitalista neoliberal, cuja conseqüência mais séria, a pobreza, é multifacetada e, portanto, não basta encará-la sob um único ângulo, um único olhar. É necessário e emergencial que tenhamos um olhar mais abrangente e voltado para os novos formatos que essa pobreza assume. Não somente para intervirmos nela, mas, sobretudo, para ampliarmos nossos conhecimentos sobre as diferentes faces da pobreza no Brasil. Como problemática de estudo, procuramos analisar o perfil socioeconômico das mulheres encarceradas que cumprem pena nas unidades prisionais situadas no Complexo Penitenciário de Gericinó, no estado do Rio de Janeiro. Convém destacar que este trabalho é notas do artigo Feminização da Pobreza e Criminalidade da autora Raquel Costa de Souza Santos, Assistente Social e pesquisadora como eu do grupo Maternidade e Sistema Penitenciário.
Karoline Kika Uemura (UDESC)
Brasil, Europa e Estados Unidos: os novos e/imigrantes e a construção de comunidades e laços transnacionais
O projeto de pesquisa “Conexões entre os Estados Unidos, a Europa e o Brasil: uma análise da configuração de laços transnacionais construídos pelos novos e/imigrantes brasileiros”, coordenado pela Profª Drª Gláucia de Oliveira Assis, tem por objetivo analisar a configuração de comunidades e laços transnacionais, no contexto da globalização, observando a presença de migrantes brasileiros, especificamente, das cidades de Governador Valadares/MG e Criciúma/SC, que se encontram nos Estados Unidos (região de Boston) e na Europa (Portugal/cidade de Lisboa e Cascais). No contexto da Globalização, observa-se o aumento e diversificação de fluxos migratórios, nos quais os migrantes brasileiros – no caso, valadarenses e criciumenses – se inserem como mão-de-obra no mercado internacional, com maior intensidade, a partir da década de 80 do século XX. Dessa forma, observam-se comunidades transnacionais construídas a partir de redes sociais. Nessa perspectiva, com novas tecnologias introduzidas nos meios de transporte e de comunicação, os migrantes brasileiros aprendem a conviver entre dois lugares, construindo múltiplas relações entre a sociedade de origem e o de destino: a migração internacional vai além daqueles que emigram, causando impacto na vida cotidiana das cidades de origem.
Kátia Carolina Meurer Azambuja (UFRGS), Gabriela Cordenonsi da Fonseca (UFRGS)
Mulheres Parlamentares de Esquerda: trabalham em beneficio das mulheres?
A proposta desse trabalho é analisar a produção parlamentar das três deputadas federais do Rio Grande do Sul, Luciana Genro (PSOL), Manuela D'Ávila (PcdoB) e Maria do Rosário (PT), ao longo do exercício do seu mandato, no período de 2006 a 2010. Nossa análise se baseia sobre a direção da produção legislativa. Nossa hipótese é que mesmo sendo elas mulheres de partidos brasileiros de esquerda, elas não tem uma produção exclusivamente voltada para as mulheres e a melhoria de sua condição de vida. A proposta é confirmar ou refutar essa hipótese.
Keissiane Michelotti Geittenes (UNIOESTE), Vanuza Andressa Braga (UNIOESTE)
A ocupação do espaço público pelas mulheres agricultoras a partir da organização sindical no Sudoeste do Paraná
Kelly Naiane Pinheiro Gaia (UFPA)
Duas cenas: as concepções sobre o corpo de jovens estudantes influenciadas pela escola e pela mídia televisiva
Késsia Rosaria de Sousa (UFMA)
Gênero e religiosidade: um estudo sobre as representações das personagens femininas em A Canção dos Nibelungos e Volsunga saga
Kim Martins Knoche (UDESC), Gláucia de Oliveira Assis (UDESC)
As representações sobre os novos migrantes brasileiros rumo a Europa: gênero, etnicidade e preconceito
Esta pesquisa buscou analisar as imagens e representações construídas sobre os migrantes contemporâneos, em particular os migrantes brasileiros, na mídia nacional e internacional, tendo como objetivo analisar como as questões relativas à migração são abordadas na imprensa e em que medida essas imagens reforçam ou não o processo de criminalização das migrações, o qual tem se intensificado principalmente após os atentados de 11 de Setembro de 2001 nos EUA. Dentro desse contexto abrangente se focou, em um primeiro momento, no caso da morte do brasileiro Jean Charles de Menezes em Londres, e toda a discussão em relação a imigração na Europa suscitada a partir deste incidente. Em um segundo momento analisou-se as representações da mulher brasileira imigrante na Europa, verificou-se que, quando estas são tema na mídia de massa, elas estão freqüentemente associadas a questões como o tráfico de mulheres, prostituição, desrespeito e certa sensualidade exótica, além de raramente aparecerem como protagonistas de seu próprio processo migratório. Por fim, foram analisadas as reportagens de sete grandes jornais (da Espanha, Portugal, Inglaterra e Brasil) ao longo de todo o ano de 2008.
Laís Alice Oliveira Santos (UFU)
Meninos e meninas: sinais da reprodução dos valores negadores de uma identidade emancipadora
Laís Cristine Ferreira Cardoso (UNICAP), Nataly de Queiroz Lima (UFRPE)
Mídia e Aborto: uma análise das matérias sobre o Caso Alagoinha no Jornal do Commercio
Láisson Menezes Luiz (UFG)
D. Dinis e o homicídio das mulheres adúlteras. Ley daqueles que matam as molheres sem merecçjmento dizendo que lhis fazem torto e nom sabendo ante a uerdade
Lara Roberta Rodrigues Facioli (UNESP), Karine Dutra Rocha Viana, Juliana de Oliveira (UNESP)
Relações de gênero no processo de esolha das tecnologias conceptivas
Larissa Amorim Borges (PUC Minas), Renata Cristina Belarmino, Manuela de Sousa Magalhães (PUC Minas)
Corpo negro em movimentos
O racismo e o sexismo são lógicas de dominação produtoras de tensões internas e externas aos sujeitos que marcam a subjetividade e o corpo em todo seu processo de desenvolvimento, limitando o prazer e o poder desses atores em se auto-determinar e exercer plenamente seus direitos. Considerando que o corpo e a identidade são esculpidos pelas vivências e pela localização sócio-político-afetiva de seus sujeitos, este trabalho busca partilhar a sistematização de um processo de observação-participante junto a jovens negras ligadas a Cultura Hip Hop e ao movimento de mulheres de Belo Horizonte, numa perspectiva feminista negra. Apresentamos aqui reflexões sobre as possibilidades de reinvenção e alteração das expressões e percepções corporais de mulheres negras a partir da sua participação político-cultural. Para isso, nosso trabalho está organizado da seguinte forma: I - Diásporas do corpo: imagens que a violência racial e o sexismo esculpem II - Corpos em Movimentos: subjetivos, corporais, sociais e culturais III - Negritude e Resignificação: Corpo Negro Território de Beleza. Expressa-se neste trabalho a construção coletiva e individual de um “Nós Mulheres Negras” capaz de provocar deslocamentos diversos.
Larissa Viegas de Mello Freitas (UFSC)
Participação de mulheres rurais em movimentos sociais no período de ditaduras militares no Cone Sul: comparações entre Brasil, Paraguai e Bolívia (1979-1989)
Os países do Cone Sul viveram, entre fins das décadas de 50 e 80, sob a vigência de regimes militares com governos marcados por forte repressão. Esse fato trouxe à tona uma série de reivindicações políticas e o surgimento dos mais diversos tipos de organização e movimentação social, dentre as quais destaco os movimentos sociais que ocorreram na área rural. Neste pôster procuro observar, a partir de uma perspectiva de gênero e utilizando o método comparativo de análise histórica, a trajetória de mulheres que atuaram em movimentos sociais no campo no período de ditaduras militares que ocorreram no Brasil, no Paraguai e na Bolívia, entre 1970 e 1989. Observo também os possíveis contatos que ocorreram entre essas mulheres e o feminismo de segunda onda ― movimento que emergia naquele momento ― e a relação disso com suas práticas políticas dentro das organizações em que faziam parte. Este estudo se utiliza de fontes orais, cujas entrevistas foram feitas nos anos de 2007 e de 2008 com mulheres dos três países em questão; além disso, são utilizadas bibliografias relacionadas a esse tema.
Larissa Zanetti Antas (UFF)
Relações de gênero e movimento feminista pelos olhos da menina Mafalda
Este trabalho apresenta o resultado parcial de um trabalho de pesquisa. Trabalhamos com a personagem criada por Quino, Mafalda. As tirinhas foram feitas nos anos sessenta uma época de turbulência, marcada por crises na América Latina e pelo aparecimento do Movimento Feminista. Mafalda é um personagem que representa um símbolo de contestação e liberdade. Sempre questionando os problemas vistos na sociedade da época, como a progressiva mudança de costumes e a introdução da tecnologia no quotidiano.A personagem, junto a seus amigos, desconstrói as visões conservadores sobre a política, a moral, a cultura. Partindo do princípio que os assuntos abordados pela menina eram pensamentos ligados “aos homens”, logo essa personagem aparece para subverter a lógica social da época, bem como romper com a idéia de que a mulher tem como função a vida doméstica. O principal assunto é a transição do papel da mulher na sociedade. É possível notar a diferença entre os pensamentos da menina Mafalda com os de sua mãe, em relação ao papel social feminino. Partimos do referencial teórico de Scott (1995). Ao analisarmos as histórias da Mafalda situamos as relações de gênero no tempo/espaço, e as permanências e mudanças nas questões contemporâneas. Assim, este trabalho cumpre sua relevância social.
Laura D'Agostin Nesi (UNESC), Luciana Nolla Pizzollo, Monica Ovinski de Camargo (UNESC)
“Matar por amor?”: estudo dos inquéritos policiais e processos judiciais de femicídio na Comarca de Criciúma-SC, entre os anos de 1999 a 2009, na perspectiva dos direitos humanos das mulheres
Os índices de femicídio no Brasil, entendido como o assassinato de mulheres baseado em gênero, tem se tornado cada vez mais preocupante, tendo em vista que a prática desse crime constitui grave violação dos direitos humanos das mulheres. Os avanços alcançados pelas lutas dos movimentos feministas, que resultaram em conquistas importantes no campo da igualdade de gênero, faz com que haja a falsa percepção social de que a violência com base em gênero acabou. No entanto, a igualdade perante a lei se defronta com a desigualdade e a violência em âmbito doméstico e familiar. Nesse sentido, a partir de pesquisa realizada no Fórum da Comarca de Criciúma, constatou-se a existência de 60 casos de mortes violentas de mulheres, num universo de 496 inquéritos e processos de crimes contra a vida registrados nesse período. Da análise parcial dos dados, verificou-se 36 processos e inquéritos, dos quais 47,25% foram caracterizados como crime passional de femicídio tentado ou consumado, 16,66% tentativa ou consumação de assassinato por outras razões, 13,88% suicídio, 8,33% atropelamento, 5,55% erro médico e 8,33% em demais casos. Assim, a maior proporção do femicídio dentre as causas de morte violenta nesse estudo, serve como indicador regional de uma realidade sofrida pelas mulheres no Brasil.
Laura França Martello (UFMG)
Trocas e tensões entre teoria feminista e multiculturalismo: revisão e análise
O presente trabalho é um esforço teórico de revisão e análise das interseções e trocas entre as teorias feministas e as do multiculturalismo. Os encontros entre esses dois campos, tão diversos internamente, tem sido muito fértil, pois explicitam uma série de conflitos a respeito dos direitos das mulheres, de minorias sexuais, de minorias étnico-raciais e diferentes práticas culturais. O feminismo gera fortes questionamentos @s teóric@s do multiculturalismo, em especial relativos às relações de poder nos mais diferentes grupos e espaços. Por outro lado, para diversas autoras feministas a discussão do multiculturalismo tem se tornado cada vez mais central, especialmente por colocar em questão o modelo de emancipação feminina formado em padrões europeus, brancos e burgueses. Algumas, já internacionalmente reconhecidas, como I. Young, S. Benhabib, S. Okin, N. Fraser, J. Butler e A. Phillips vêm encarando esses desafios, com a colaboração de divers@s autor@s dos estudos culturais, pós-coloniais e da discussão sobre justiça social. Indo mais além, as feministas latino-americanas têm enfrentado tais dilemas, construindo perspectivas teóricas alternativas, baseadas em diálogos sul-sul e em visões críticas da emancipação das mulheres e de outras minorias.
Laura Helena Silva de Almeida (UFF)
A desigualdade na formação de papéis masculinos e femininos
Este trabalho é um dos resultados do Projeto “Juventude e Homoafetividade: Direitos Sexuais são Direitos Humanos” do IEF/UFF. Trabalhamos com o conceito de direitos sexuais enquanto direitos humanos, portanto, básico para o bem estar de um cidadão. O nosso principal objetivo é expandir o trabalho centrado na luta pelos direitos sexuais, como condição à construção de cidadania. Aqui nos propomos a discutir as variadas forma de dominação masculina sobre as mulheres (independente de sua identidade sócio-sexual), sendo física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral, tendo como base as formas diferenciadas, da construção dos papéis sócio-sexuais durante a infância. E analisar estas reproduções, a partir da história da dominação masculina, para juntos conquistarmos uma sociedade baseada na equidade de gêneros. A dominação masculina e a violência contra mulheres são questões interligadas. Estas diferenças entre as representações sócio-sexuais é uma questão processual histórica e cultural, onde se constroem os papéis tanto do masculino, quanto do feminino, entretanto, não se tratam de categorias fixas quando falamos de gêneros, mas sim de lugares sociais móveis e provisórios. Como principal referencial teórico estamos usando BOURDIEU, (1998). WELZER-LANG (2001).
Layla Vitorio Peçanha (UERJ)
Estudo da interseccionalidade entre “raça”, gênero e sexualidade
Lázaro Castro Silva Nascimento (UFPA), Adelma Pimentel (UFPA)
Violência e homossexualidade masculina: atuação da Delegacia de Combate aos Crimes Discriminatórios na cidade de Belém
Este trabalho se insere no campo de estudos fenomenológicos gestálticos e visa abordar repercussões das violências física e psicológica dirigidas a homossexuais. O Brasil é um dos países que mais agride esse gênero, por isso a importância desse estudo. Dentre as facetas do ato violento destacamos as violências física e verbal, que podem culminar na psicológica. Esta é danosa ao ser humano, pois, embora não deixe marcas visíveis, pode gerar baixa auto-estima e problemas no desenvolvimento pessoal. O objetivo da pesquisa é examinar os boletins de ocorrência da Delegacia de Combate aos Crimes Discriminatórios de Belém, a incidência e o tipo de denúncias de atos violentos a que estão afetados os homossexuais. Procedimentos: O material de análise foram os boletins de ocorrência registrados nos anos de 2007 e 2008. Após o levantamento de dados, cotejamos o material empírico à literatura da área para verificar quais idéias estavam associadas à violência encontrada. A literatura aponta alguns fatores, entre eles: a visão de inferioridade acerca da vítima e o ideal de que a homossexualidade é moralmente errada. Resultados da análise bibliográfica: a vivência homossexual nos campos psíquico e social, de modo pleno, ainda é difícil apesar de já haver proteção jurídica contra tais crimes.
Leane Aparecida da Silva (PUC - RJ)
Gênero e educação intercultural: os caminhos da produção acadêmica no Brasil
Leide Sayuri Ogasawara (UFSC), Jane Maria de Souza Philippi (UFSC), Patrícia Alves de Souza
Casa da Mulher Catarina: ensinando cidadania e igualdade - prevenindo a gravidez na adolescência
O projeto Casa da Mulher Catarina é uma extensão do Departamento de Saúde Pública da Universidade Federal de Santa Catarina que visa refletir e agir sobre a mulher e sua condição, realizando debates, palestras, oficinas e capacitações. Realiza palestras com o tema Gravidez na Adolescência com o objetivo de esclarecer e prevenir a gravidez em adolescentes, considerada de alto risco. Em 2009, a Casa realizou palestras, utilizando data-show, e debates sobre este tema com os estudantes da Escola de Educação Básica Laurita Dutra de Souza, em São José, SC. Participaram das atividades 109 alunos da escola da 5ª e 6ª séries do ensino fundamental. Enfatizou-se a responsabilidade compartilhada na gravidez, o alto risco atribuído à gravidez na adolescência, os métodos contraceptivos e a importância de evitar a gravidez indesejada, já que a adolescência é a época da formação do ser humano como cidadão, incluindo-se aí as descobertas, o estudo, as amizades, o esporte e a diversão, e não deve ser desperdiçada precocemente com atribuições de adultos, como a gestação e a criação de um filho. As atividades foram importantes para a conscientização dos estudantes e também para o esclarecimento de alguns professores sobre o assunto. A bolsista sentiu-se útil no preparo das atividades e nas discussões, onde usou o conhecimento aprendido na Universidade.
Lélia de Castro Gramignolli (UNESP)
Pedagogia queer(?): uma proposta fluida
A sociedade em que vivemos é fundamentada em relações de poder que classificam, hierarquizam, homogeneízam os seres humanos segundo comportamentos e pensamentos construídos sócio-culturalmente; e aquelas(es) que não correspondem a estes padrões determinantes são categorizadas(os) e, com isso, excluídas(os) e discriminadas(os) . Por meio das sutilezas existentes no espaço escolar, onde as relações de poder se legitimam e impõem ao indivíduo que aceite e se submeta à norma vigente, que o presente trabalho inicia. O presente trabalho discorre sobre as constatações iniciais de uma pesquisa que tem como objetivo investigar as relações existentes dentro do espaço escolar que culminam na categorização e separação das(os) estudantes desde cedo - em atividades, jogos, brinquedos e disposição dos espaços - promovendo a relação direta do sexo biológico com a identidade de gênero, fixando uma identidade sexual. Para isso, será realizada uma pesquisa a fim de verificar como a heteronormatividade compulsória está presente especificamente no contexto escolar, tendo como referencial teórico a teoria queer , sendo assim, por meio da teoria acerca da pedagogia queer, busco subsídios para uma educação equitária.
Leonardo Francisco de Azevedo (UFJF), Anderson Ferrari
O/a professor/a frente à homofobia na escola: o que el@s têm a dizer...
Lidiane Bruno Sertorio (UFRRJ)
Migração, educação e gênero: a trajetória das mulheres migrantes na turma de EJA em Nova Iguaçu
Lidiane Raquel da Silva Nominato (UFMG), Charles Martins Muniz
As Faladeiras
Lilian Back (UFSC)
Moral revolucionária revisitada: depoimentos das militantes da esquerda armada brasileira e argentina
Esse trabalho é um dos frutos da pesquisa “Relações de gênero na luta da esquerda armada: uma perspectiva comparativa entre os países do Cone Sul (1960-1979)” e foi orientado pela Profa. Dra. Cristina Scheibe Wolff (LEGH/UFSC). Ele está centrado na comparação das rememorações da moral nos grupos de EA dos dois países por suas ex-militantes. A comparação estabelecida é dupla: diz respeito à observação de semelhanças e diferenças entre a “moral revolucionária” e das memórias sobre ela; e dos depoimentos de mulheres que se identificaram em algum momento com o feminismo e os das não envolvidas nessas discussões.
As entrevistas coletadas apontam para uma série de semelhanças entre a moral revolucionária forjada pelos grupos de ambos países. Entretanto, na Argentina, ela foi mais elaborada e era interpretada como uma forma de luta contra o capitalismo. Aqui, com as organizações imersas na “dinâmica da clandestinidade”, foi formada uma moral mais pragmática, ancorada nos princípios de segurança e proteção do grupo. As memórias das ex-militantes variam de acordo com a identificação delas ou não com o feminismo. As feministas afirmaram que a moral era rígida demais e que eram discriminadas dentro das organizações por serem mulheres, observações menos enfáticas no caso das não feministas.
Lilian Cerquetani Sousa (UNESP), Fernando Silva Teixeira Filho, Lilian Aparecida de Araújo (UNESP)
Enfrentamento da Homofobia por Práticas Psi
O projeto de extensão e estágio Clínica das Diversidades Sexuais desenvolvido junto ao Departamento de Psicologia Clínica (UNESP de Assis), aliado as conquistas dos direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT), tem o intuito de conhecer teórica e praticamente as questões relacionadas à produção da discriminação em relação às sexualidades dissidentes do dispositivo heteronormativo. Para tal, realizamos ações clínicas que vão desde atendimentos individuais com base no método psicanalítico e tórias pós-estruturalistas à acolhimento e plantões junto ao Centro de Referência em Direitos Humanos no Oeste Paulista (CR) instaurado na ONG Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre as Sexualidades (NEPS). Além destas atividades realizamos intervenções de cunho informacional e reflexivo, como cine-debates semanais em torno da temáticos LGBT. Até o momento, atendemos 10 casos vitimas de violência homofóbica e 5 pacientes heterossexuais com queixas de disfunções sexuais. Por fim, observamos a necessidade de incluir na clínica psicológica as discussões promovidas pelas teorias de gênero e pós-estruturalistas, que levam em consideração referentes sociais relevantes nos processos de subjetivação.
Liliana Lopes Pedral Sampaio (UFBA), Maria Thereza Ávila Dantas Coelho (UFBA)
Aspectos psicológicos e éticos nas novas demandas feitas ao Setor Saúde por pessoas transexuais
Falar sobre a transexualidade é falar sobre a dor da existência em um corpo cujo sexo biológico está em desacordo com o gênero a que se sente pertencer. Em busca de uma adequação, as pessoas transexuais optam por cirurgias e hormonioterapia para desenvolvimento dos caracteres secundários. A realização desses procedimentos pelo SUS requer uma avaliação e acompanhamento multiprofissional, com conseqüente parecer favorável ou desfavorável à sua realização. Este trabalho exploratório pretendeu investigar o drama vivido por essas pessoas na conquista de uma harmonia com seus corpos, incluindo os períodos pré e pós-cirurgia e demais procedimentos. Foram entrevistadas sete pessoas transexuais, através de entrevistas semi-estruturadas, que já tivessem realizado a cirurgia ou estivessem em vias de realizá-la. Observou-se que a infância e a adolescência deles foram marcadas por conflitos, discriminação, isolamento e depressão, o que se acentuou na adolescência com o surgimento dos caracteres secundários discordantes do sexo psíquico. As cirurgias e a hormonioterapia foram apontadas como condição para uma vida mais feliz. A regulamentação do acesso a esses procedimentos através do SUS foi considerada necessária como movimento de busca da garantia do direito humano e universal à saúde.
Liliane de Souza Santos (UFPA)
Iniciação sexual antecipada. Uma análise com alunos da escola Drº José Marcio Ayres
Liliane Maria Ramos Silva (UFMG), Vivane Martins Cunha (UFMG), Sandra Maria da Mata Azeredo
Violência contra a mulher: fronteiras entre gênero, raça e classe
A Delegacia Especializada em Crimes Contra a Mulher de Belo Horizonte conta com o serviço de atendimento psicológico realizado por equipes compostas por estagiários/as e professores/as de Universidades da cidade. Os atendimentos realizados pela equipe da UFMG partem da perspectiva de gênero e as supervisões do estágio sobre os casos atendidos são perpassadas pelas teorias feministas. A importância do atendimento que leve em consideração a perspectiva de gênero está na tentativa de que as mulheres assumam uma posição crítica frente a situação de violência, compreendendo a sua própria participação na história, assim como o fato dessa sua participação estar ligada a um contexto histórico de dominação de gênero. Neste trabalho, iremos discutir os atendimentos realizados durante o 2º semestre de 2009 e o 1º semestre de 2010 realizados pela equipe de estagiários/as da UFMG. Daremos ênfase na articulação entre gênero, raça e classe, pois, a compreensão de formas de opressão específicas vivenciadas por mulheres negras e de baixa renda é de grande relevância para embasar os atendimentos realizados na delegacia, bem como ajuda romper com uma visão hegemônica de mulher, ou seja, branca, classe média e heterossexual, ainda presente em contextos de atendimentos a mulher.
Livia Freire da Silva (UFPB)
A prostituição em seu contexto: o cotidiano conflituoso da prostituição em Mamanguape
O trabalho que se segue é de cunho etnográfico a respeito da prostituição feminina na região de Mamanguape, Litoral Norte da Paraíba, faz parte de um projeto mais amplo, “Entre campos, mares e trajetos: experimentos etnográficos no Litoral Norte da Paraíba”, com financiamento do CNPq. O projeto temático, coordenado pela profa. Dra. Silvana de Souza Nascimento, da área de Antropologia do Campus IV da UFPB em Rio Tinto, tem como objetivo construir etnografias sobre a configuração de suas cidades, municípios e a multiplicidade de gênero, étnica e cultural de sua população. Pretendo entender as relações existentes no cotidiano da prostituição particularmente feminina, nessa área pesquisada, que são bastante conflituosas, e mostrar que parte desses conflitos se torna mecanismos de defesas, concretos e simbólicos, das profissionais do sexo. Observamos que algumas formas de violência são conseqüências das práticas dessas mulheres em relação aos seus clientes e os seus companheiros (as). Partindo do pressuposto de que a violência ali vivida é criada por uma via de mão dupla, e não somente baseada numa relação agressor-vítima. Pretenderemos perceber como e por que algumas práticas dessas mulheres prostitutas desencadeiam formas de violência e reciprocidades.
Lolly Quaresma (UFF)
O belo, a mídia impressa e o corpo adolescente feminino no contemporâneo
O presente trabalho busca problematizar questões relacionando os padrões de beleza impostos pela mídia impressa (revistas), as imposições articuladas por esta dentro da escola e de que forma contribui para uma deturpação do que é saúde e estética. Realizamos uma pesquisa de campo com 45 meninas, entre 12 e 17 anos, sendo 20 da rede pública e 25 da rede particular de ensino do município de Niterói, estado do Rio de Janeiro, no mês de novembro de 2008, a partir de um questionário com 11 perguntas. Entre elas está apontada a satisfação das adolescentes com a aparência, a prática de atividade física e se fariam ou não cirurgia plástica. Entre as questões, 3 eram de cunho dissertativo onde se perguntava o que elas entendiam por saúde, estética e atividade física. Após a pesquisa realizada associada ao referencial teórico, observou-se que o conteúdo das revistas pode estar levando as adolescentes a perceberem seus corpos como produto, notando uma preocupação excessiva com a transformação do corpo e sua adaptação a um padrão corporal definido pela indústria cultural de massa.
Lorena Lúcia Cardoso Monteiro (UFPB), Amanda Virgínia Albuquerque dos Santos (UFPB), Edilon Mendes Nunes
Fissuras no cotidiano, rupturas na tradição: mulheres fazendo diferença no semi-árido paraibano
Lorraine Lopes Souza (USP)
Gênero, lazer e trabalho na produção do cotidiano de mulheres imigrantes ilegais: um estudo psicopolítico com mulheres sulamericanas em São Paulo
Luana Balieiro Cosme (UNIMONTES)
Mulheres e violência: os casos de feminicídios no norte de Minas (1970-2007)
O presente estudo analisa assassinatos de mulheres ocorridos no norte de Minas Gerais durante o período de 1970-2007, a partir de processos-crime encontrados nos arquivos das comarcas de Montes Claros e Janaúba. Para a análise dos processos utilizamos os conceitos de violência de gênero e, pelas características de alguns assassinatos, o de feminícidio. Esse último, de modo geral, é entendido como uma categoria de crime em que se caracteriza pelo ódio em relação às vítimas, não como indivíduos, mas como símbolos de uma construção social, nesse caso, o ser feminino. Assim, foram encontramos 40 assassinatos, em que mulheres são as vítimas e os réus são homens. Tendo em vista nossos objetivos, selecionamos sete processos para análise, quatro dos quais ocorridos entre cônjuges. Os motivos alegados pelos réus são quase sempre banais, como ter sofrido discriminação por sua aparência “feia e estranha”. Os assassinatos são caracterizados pela perversidade, crueldade, às vezes acompanhado de tortura o que sugere o ódio pelas vítimas. O desfecho dos processos foram quase sempre os mesmos: arquivamento, extinta a punibilidade do réu, ou até mesmo poucos anos de prisão. Isso demonstra o “desinteresse” da justiça em punir os acusados quando a violência é cometida contra mulheres.
Luana Zamprogno (EMESCAM), Aline de Oliveira, Gilsa Helena Barcellos (EMESCAM)
O adoecimento psíquico-físico de mulheres em situação de violência: o Serviço Social tem tudo a ver com isso
Lucas Gerzson Linck (PUC - RS), Hellena Bonocore Morais (PUC - RS), Amanda Pacheco Machado (PUC - RS)
Infância e estereótipos: o gênero na creche, escola e família
Luciana Silva dos Santos (PUC - RJ)
O corpo vestido: o corpo e os aspectos de sua nudez frente à padronização estética
Lucicleide dos Santos Silva (UFPE), Rebeca Ramany Santos Nascimento (UFPE)
Gênero, Registro Civil e Processos Judiciais em contextos rurais
Este trabalho objetiva analisar os processos judiciais referentes a pedidos de autorização judicial, entre os anos de 1998 e 2008, para assentamento de Registro de Nascimento, retificação de Registro Civil e restauração de Certidão de Casamento de homens e mulheres moradores do município de Calumbi – PE.
A pesquisa é qualitativa e utilizou como instrumento a pesquisa documental realizada no fórum da comarca de Flores – PE. Esta teve como base os processos judiciais de registro civil de 1998 ao ano 2008. Ao todo, foram encontrados 72 processos. Os dados encontrados apontam que o número de assentamento de registro é quase o dobro dos demais pedidos, sendo correspondente a mais de 50% dos casos pesquisados.
Foi identificado também que como as pessoas mais jovens necessitam de documentos para estudar, trabalhar e viajar, elas têm sua documentação desde criança. Outro ponto abordado é que o percentual de mulheres que tiram sua certidão de nascimento tardiamente é de 60,47%. Atualmente, por motivos que geralmente estão relacionados ao acesso a políticas publicas e a previdência, as mulheres requerem com mais frequência que os homens a sua certidão de nascimento tardia.
Luciene Maria Araújo de Oliveira (FATERN), Vanúsia Pereira de Araujo (FATERN), Suzana da Cunha Joffer (FATERN)
A Mulher pescadora e a atividade pesqueira: Estudo na comunidade pesqueira de Pitangui/Extremoz/RN
Lucimara Fabiana Fornari (UNICENTRO), Leticia Garcia, Maria Isabel Raimondo Ferraz
O papel do profissional enfermeiro na assistência a mulher vítima de violência doméstica: uma reflexão teórica
A violência contra a mulher é considerada como uma epidemia na área de saúde pública. Esse resumo de reflexão foi elaborado em 2009 durante a execução de um projeto de extensão universitária, com o objetivo de esclarecer o papel do profissional enfermeiro na assistência às mulheres vítimas de violência doméstica. Pela característica da violência doméstica ocorrer em âmbito privado e se constituir de medo e vergonha, existe a dificuldade de visualizar as conseqüências à saúde da mulher. No atendimento as mulheres vítimas de violência doméstica é preciso conhecer o histórico da paciente, pois a atenção voltada somente ao relato dos sintomas pode manter oculto o verdadeiro problema. Também se faz necessária à notificação dos casos permitindo uma análise concreta da incidência de violência contra a mulher, e assim promover medidas de intervenções efetivas. A formação de uma rede intersetorial é fundamental para atender integralmente a mulher vítima, contando com a participação da assistência psicológica, policial e jurídica, além da interação com os demais profissionais de saúde. A importância do enfermeiro na assistência as mulheres vítimas de violência doméstica é fundamental para romper com o ciclo de violência e não apenas realizar um cuidado paliativo, mas curativo.
Ludmila Bastos Mochizuki (PUC- GO), Melyse Moura Campos
Violência doméstica em gestantes
Luiza Dias Flores (UFRGS)
Quando a mulher negra rouba a cena: esboço de uma etnografia sobre um grupo de teatro negro em Porto Alegre
Luíza Mello da Silva (FURG)
Mulheres, representações e construções: a China em meio à idealização do gaúcho.
Mahinã Leston Araujo (FURG), Carolina de Biasi Amaral
Memórias de um Futebol Azul, Amarelo e Rosa: Esporte Clube Pelotas/Phoenix - Futebol Feminino
O Departamento de Futebol Feminino do Esporte Clube Pelotas/Phoenix foi ativado em 25 de julho de 1996, através da formação de um grupo de jogadoras amadoras oriundas de equipes menores existentes e mais algumas peneiras/seleções realizadas na cidade. A intenção de montar um time de futebol feminino foi para fomentar a modalidade na cidade e no estado e criar um novo espaço com oportunidades para atletas e demais integrantes do projeto. Aproximadamente 500 meninas e mulheres já passaram pelo time. Com isso, essa pesquisa visa compreender os aspectos históricos dessa equipe, através de uma metodologia qualitativa, com o uso de entrevistas com as (ex)jogadoras e técnicos e análise de documentos do clube e da mídia. Até o momento já podemos destacar que houveram mudanças significativas com o passar do tempo no clube, vale citar a diminuição de preconceitos, aumento de visibilidade na mídia, aumento do número de praticantes e até mesmo aumento de investimentos por parte de patrocinadores/apoiadores. De 2005 para cá nove atletas foram convocadas para as categorias de base da Seleção Brasileira de Futebol Feminino (sub20 e sub17), além de inúmeras conquistas em campeonatos regionais, estaduais e nacionais.
Marana Tamie Uehara de Souza (UEL), Vania Galbes
A construção social da identidade de gênero de uma Drag Queen: notas de um estudo na psicologia social
A disciplina de Psicologia Social prática do curso de Psicologia da Universidade Estadual de Londrina-PR desenvolveu em suas propostas, partindo dos Estudos Culturais e de gênero, o aprofundamento da temática sexualidades e gênero. Objetivou-se verificar como ocorre a construção social da identidade de gênero e considera-se que a história de vida do indivíduo, suas experiências nas relações sociais e culturais contribuem para a formação desta. Será realizado, no projeto, entrevistas com onze participantes selecionados por categorias representativas e pelas distintas e amplas expressões de suas sexualidades; dentre eles uma Drag Queen. Esse participante em questão foi solicitado a participar por se autodenominar detentor da condição artística que a identifica como Drag Queen, sendo do sexo biológico masculino, homossexual e se identificando com as questões do feminino. Os dados serão coletados por meio de entrevistas semi-estruturadas, sendo audiogravadas e transcritos na íntegra, de modo a captar as analogias históricas dos discursos instituídos, a partir da contribuição teórica proposta por Michael Focault.
Marcela Peregrino Bastos de Nazaré (UEM)
O movimento LGBT como agente de transformação social- um estudo da bibliografia brasileira sobre as estratégias políticas do movimento
Ao longo das últimas décadas, o movimento LGBT ( Lésbicas, Gays, Bissexuais, travestis e transexuais) no Brasil sofreu modificações relativas à formulação de demandas e à configuração de suas estratégias políticas. Também se configurou como um agente de transformação social, ao trazer para a cena pública novos valores e travar discussões acerca das instituições e das relações sociais. Devido sua importância na dinâmica social e sua expressividade para as ciências sociais, este trabalho tem como objetivo, mapear alguns dos conceitos e problemas teóricos empregados pela bibliografia para compreender atuação do movimento em um contexto mais amplo de mudança social, bem como mostrar a configuração contemporânea deste, em termos de estratégias políticas e agenda de reivindicações.
Marcella Carmem Silva Reginaldo (UERJ), Regina Gonçalves de Moura (UERJ), Mayra de Souza Santos (UERJ)
Cada um na sua e muito em comum
Em 2007 o Projeto TRANSformAÇÃO de orientação afetivo-sexual foi implantado nas turmas da 7ª série de uma escola municipal em Vila Isabel com o objetivo de estimular a ressignificação das representações sociais e de gênero em grupo de adolescentes, a fim de identificar as vulnerabilidades nas questões relativas à saúde sexual e reprodutiva, possibilitando a adoção de práticas preventivas às DSTs/HIV-AIDS e gravidez precoce. A avaliação dos resultados para a continuidade do trabalho em 2008 apontou para a necessidade de intervenções focais em grupos separados de moças e rapazes, a fim de suscitar, discutir e problematizar os mitos, certezas e dúvidas em relação à sexualidade próprias de moças e rapazes em grupos isolados.
A cada mês eram realizados 4 encontros de 50 minutos; os 3 primeiros sob a forma de oficinas com grupos de adolescentes e facilitadores separados pelo sexo (“conversa de meninas” e “papo dos caras”), problematizando os imperativos de gênero (“tem que”). No quarto encontro eram reunidos os dois grupos e são trabalhados os temas e dúvidas comuns a ambos. A partir das oficinas pôde-se estabelecer novas formas de intervenção no Projeto TRANSformAÇÃO para as turmas da 8ª série e assim viabilizar novas estratégias para adoção de práticas preventivas.
Marcella Cristina Pires (UFRRJ), Valéria Nascimento (UFRRJ), Herbert Carlos do Nascimento Schott (UFRRJ)
O significado do corpo na Educação Física
O humano torna-se individuo sob a direção dos padrões culturais, compondo um sistema de significados, elaborando seus próprios valores no decorrer de sua vida. Torna-se arriscado formar um padrão universal para os significados, porém é possível identificar relações significativas com as questões temporais e sócio-culturais. Historicamente pode-se considerar que o sentido do corpo vem sofrendo mudanças expressivas e somado a isso, acredita-se que a intervenção do profissional de Educação Física está ligada a construção do valor do corpo.
A intervenção em Educação Física está fundamentada nas competências profissionais no que diz respeito as questões técnicas, cientificas, pedagógicas e sociais envolvidas no âmbito da educação e da saúde. Portanto, acredita-se que o significado do corpo para os estudantes do curso de Educação Física constitui fator imprescindível na formação desses profissionais em favor de um sentido critico e original na sua atuação. É nossa intenção investigar o sentido do corpo para homens e mulheres, futuros educadores físicos, a fim de verificar se há diferença de opinião entre os mesmos considerando que este sentido pode interferir diretamente na formação do indivíduo. O referido estudo encontra-se em desenvolvimento.
Marcella Uceda Betti (USP)
"Mulheres Reais" - A marca Dove e o corpo feminino
Atualmente um corpo jovem e magro é sinônimo de sucesso e autodeterminação. Assim, as mulheres são incentivadas a buscarem um corpo livre de gordura e de marcas do tempo, se submetendo a dietas, exercícios físicos, procedimentos estéticos e até cirurgias plásticas.
A mídia e a publicidade, grandes referências de modelos de identidade feminina, são apontadas como as “vilãs” responsáveis pelos padrões de beleza disciplinadores que regulam o corpo das mulheres. Sabendo disso, a marca de cosméticos Dove iniciou a “Campanha pela Real Beleza”, que prega uma beleza feminina mais democrática, valorizando os diferentes corpos de mulheres “comuns”, e não os corpos de modelos “perfeitas”.
O objetivo de minha pesquisa é identificar as representações do corpo feminino e os estereótipos de gênero presentes na Campanha, questionando até que ponto esta diverge da publicidade que glorifica a perfeição estética, analisando criticamente as imagens e os discursos dos anúncios impressos da Campanha publicados entre 2004 e 2008. O material para a pesquisa também inclui uma constante leitura sobre trabalhos da área de gênero e mídia, bem como entrevistas que objetivo realizar com profissionais da mídia que tenham se envolvido na Campanha, de modo a apreender a lógica publicitária por trás desta.
Marcelo Melo da Silva (UFRPE)
A legislação civil e os desafios das mulheres pelos direitos políticos (1824-1932)
Esta pesquisa tem por objetivo analisar o processo constitucional e seu resultado no período monárquico e início da era republicana no Brasil, relativos aos direitos e deveres das mulheres. Em 1822, o país se torna independente de Portugal e em 1889 o golpe civil-militar tira o país da Monarquia. Esses dois momentos compõem o contexto de elaboração das Constituições de 1824 e 1891, pontos de partida para a discussão dos direitos das mulheres em nossa legislação. Na primeira Constituição, a mulher é preterida de direitos. Já, na Constituinte de 1890 e 1891, há um forte embate político para a inserção da mulher no corpus legislativo. A Constituição de 1891 relata que não podem alistar-se eleitores, entre outros: os mendigos e os analfabetos. Para Pimentel (2003, p. 16) “a mulher não foi citada porque simplesmente não existia na cabeça dos constituintes como um indivíduo dotado de direitos”. É só no Governo Provisório de Vargas, através do Decreto n° 21.076, de 24 de fevereiro de 1932, que o direito de voto das mulheres seria garantido. A importância desse estudo é perceber essas modificações e como elas ocorreram. Identificando também seus condicionantes político e histórico para uma melhor compreensão do processo de configuração das relações de gênero e de família no Brasil.
Marcelo Porto Dias (UCB)
Transfobia em contexto de ação policial: ações e representações
Este trabalho investiga as representações que policiais militares do Distrito Federal possuem a respeito de travestis e como essas representações repercutem e orientam suas ações em contextos de ocorrencias envolvendo essas sujeitas. A partir de relatos e dados coletados através de entrevistas e questionários aplicados com policiais militares, bem como de um experimento de auto-etnografia a partir de minha posição enquanto policial militar, analiso como policiais percebem sua interação com as travestis e as conexões entre ação e representação perante as identidades de gênero na construção de violências transfóbicas. Por fim, discuto como o gênero e suas estruturas se expressam na ação policial, tornando-a o ápice da estatização da violência contra travestis.
Marcia Helena de Souza Lima (UNIRITTER), Raquel da Silva Silveira (UFRGS / UNIRITTER), Maria Beatriz Rocha Vieira de Souza
A Lei Maria da Penha e a violação de Direitos Humanos: articulações entre gênero e raça em processos judiciais na cidade de Porto Alegre-RS
Este trabalho integra a pesquisa “Violências contra as mulheres e a Lei Maria da Penha: a interseccionalidade gênero/raça e seus efeitos na violação de Direitos Humanos”, desenvolvida no Curso de Direito do Centro Universitário Ritter dos Reis e em parceria com o Instituto de Psicologia da UFRGS. Tem como objetivo identificar qual a visibilidade que as questões de raça têm nos processos judiciais da Lei Maria da Penha e se essa identificação produz algum tipo de encaminhamento e articulação específicos. O recurso teórico-metodológico é a análise das práticas discursivas e não-discursivas de Foucault (1999, 2000), que potencializa reflexões sobre “como se configuram os campos de conflito e as condições políticas que marcam a emergência dos discursos/verdades que sustentam os processos de subjetivação” (Nardi, Tittoni, Giannechini e Ramminger, 2005). Este estudo situa-se no campo da pesquisa qualitativa, com caráter exploratório, apresentando análises parciais sobre a materialidade de alguns processos do Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher na cidade de Porto Alegre, tanto para identificar os discursos sobre a violência de gênero, quanto investigar como as questões de raça emergem ou não nos autos.
Márcia Regina Becker (UNISINOS)
Processos de ensinar e aprender num atelier de tecelagem: tecelãs/professoras ensinam a tecer professoras/alunas
Esse pôster mostra um recorte de uma pesquisa que acontece num atelier de tecelagem no município de Alvorada, no Rio Grande do Sul. Um dos objetivos é visibilizar os processos formadores das mulheres tecelãs para que, a medida que esses processos se tornarem visíveis, os saberes do trabalho de tecelagem sejam valorizados. Nosso recorte para o pôster é o relato e a análise de dois dias de aprendizagem da técnica de tecer por parte das pesquisadoras/professoras. Cinco tecelãs ensinaram cinco professoras a tecer e no final desses dois dias realizamos uma roda de conversa avaliando todo o processo. Constatamos, com todo o grupo, que há processos e técnicas já automatizados pelas tecelãs e de que o processo de ensinar a tecer é bastante complexo. Concluímos que, no trabalho de tecer há práticas de ensinar e aprender de forma [a]teórica, desapercebida, que acontece dessa forma por ser trabalho automatizado, não refletido, e, em especial por ser trabalho de mulher. E ainda que, ao realizar o exercício sistemático de narrar/dizer sobre os processos vividos no fazer cotidiano, esse conhecimento passa a ser visibilizado, portanto: conhecimento que pode ser teorizado.
Marcílio Timoteo de França (UFRPE)
Professores homossexuais: uma análise das experiências de ensino e uma luta contra a homofobia
Este trabalho analisa as experiências dos professores homossexuais que atuam nos ensinos fundamental e médio, nas escolas particulares e públicas da cidade do Recife (PE). Tenta entender como esses professores, vítimas de homofobia tanto por parte de colegas profissionais, quanto de seus alunos, lidam com tal preconceito e lutam com as suas estratégias em engendrar, através de suas aulas, uma política não-homofóbica e uma formação sadia do intelecto do alunado, livre de estereótipos e estigmas que indignificam os profissionais de educação que são homossexuais
Marcio Bressiani Zamboni (USP)
O Corpo e o Traço: gênero e homoerotismo na estética de Paulo Von Poser
Este pôster se propõe a apresentar uma abordagem interdisciplinar acerca da significativa trama de sentimentos e situações que envolveu o processo de produção, a recepção e alguns desdobramentos da exposição “O Modelo e Seu Pensamento”, apresentada por Paulo Von Poser na Galeria Sadalla em 1986. Tal exposição, que consiste em uma série de nus masculinos produzidos com técnicas diversas, foi fruto de um relacionamento não simplesmente profissional mas também erótico-afetivo do artista com um único modelo, tema privilegiado da série. Veremos como essa configuração peculiar coloca em questão a relação entre artista e modelo, a relação entre representação do corpo e (homo)erotismo e o lugar do nu masculino na arte e na sociedade brasileira.
Esse trabalho foi produzido a partir de um amplo diálogo com o artista, incluindo uma série de entrevistas e uma extensa correspondência virtual, além da apreciação de originais e fotos da exposição, análise da crítica publicada na época e revisão de bibliografia especializada nas áreas de crítica artística e ciências sociais. Este pôster se insere no contexto da pesquisa “Homossexualidades em Camadas Altas da Cidade de São Paulo” que venho desenvolvendo sob a orientação da Profa Laura Moutinho desde junho de 2009 com o financiamento da FAPESP.
Marcos da Silva Medeiros (UDESC), Jacqueline Wildi Lins (UDESC)
Gênero, publicidade e arte: O corpo feminino presente na mídia versus o corpo representado na obra de Remédios Varo
Trata-se de uma investigação relacionada à representação do corpo feminino na mídia atual (corpo anoréxico, siliconado, lipoaspirado, estereotipado, “photoshopado”) em contraposição ao corpo representado na obra “Visita al Cirujano Plástico” da artista modernista mexicana Remédios Varo. Serão abordadas questões relacionadas ao gênero feminino, à influência da publicidade no cotidiano das mulheres, à busca incessante pelo corpo perfeito e à representação do corpo feminino na arte modernista.
Margarida Celestino da Silva (UFAL), Daniella Leite Lima (UFAL), Karolinne Pereira Loreiro (UFAL)
O sagrado habitando corpos: um olhar sobre gênero e sexualidade na Igreja!
Este pôster apresentará recortes de uma pesquisa desenvolvida na disciplina Educação e Gênero, ofertada ao curso de Pedagogia de uma universidade pública federal. Tal pesquisa teve como objetivo aguçar olhares sobre gênero e sexualidade, entendendo-os como aspectos constitutivos dos sujeitos, presentes em todos os espaços sociais, principalmente em instituições como a família, a escola e a igreja. Neste sentido, buscou-se problematizar os modos como socialmente são vividas e produzidas as identidades de gênero e de sexualidade, tendo como foco a igreja, já que as práticas e os discursos que lá circulam são da ordem do sagrado. Foram realizadas algumas incursões em igrejas freqüentadas pelas próprias investigadoras, no intuito de negociar com os sujeitos – fiéis – registros fotográficos e conversas. Observou-se que os fiéis preocupavam-se em vestir-se “bem”, seguindo normas impostas pela sociedade, como forma de aceitação do próximo. Os corpos “mal vestidos” permaneciam do lado externo, e de lá faziam suas orações. Constatou-se que a maioria dos fiéis estava capturada pelos discursos da pureza, corroborando com a idéia de que a igreja é um espaço que subjetiva e posiciona os sujeitos socialmente.
Maria Angélica Pedrosa de Lima Silva (UFRPE)
Discursos e representações do feminino no Recife entre os anos de 1900 a 1932
Essa pesquisa tem como objetivo analisar a participação política das mulheres no Recife, entre os anos 1900 a 1932, problematizando suas lutas pelo direito a voz e a vez na sociedade vigente. Buscamos dar visibilidade ao empenho dessas mulheres, procurando compreender as estratégias de inserção nos espaços públicos. Como norteadores para essa discussão estão as autoras Céli Regina Jardim Pinto, Rachel Soihet e Joana Maria Pedro que discutiram o movimento feminista no Brasil. A pesquisa tem como fontes as Obras Raras e a série Coleção Pernambucana, localizadas na Biblioteca Pública de Pernambuco. Mulheres como Edwiges de Sá, Maria Fragoso e Maria Augusta Meira de Vasconcelos, pernambucanas de classe abastada, foram fundamentais na luta pela conquista dos direitos políticos e pela fundação da Federação Pernambucana pelo Progresso Feminino, que se portava como uma continuidade da Federação Brasileira para o Progresso Feminino (FBPF), sediada no Rio de Janeiro e criada por Bertha Lutz. Escritos dos homens da elite recifense também nos dá a percepção dos discursos e das representações dessas grandes personalidades quando se referia à transformação do ambiente feminino e o seu despertar de uma vida inerte.
Maria Betânia Gonçalves Diniz (UFRPE), Fabiane Alves Regino (UFRPE), Raquel de Aragão Uchôa Fernandes
A percepção das mulheres idosas sobre as consultas ginecológicas: medos, normas e tabus
Maria do Carmo dos Santos Carvalho (UNIMONTES), Maria Tereza Rocha (UNIMONTES), Maria da Luz Alves Ferreira (UNIMONTES/Faculdades Santo Agostinho)
Padrões de beleza feminino: a imposição da cultura mediática a busca do estereótipo perfeito
Maria do Rosario Santos (UNISANT'ANNA)
A caracterização das gestantes indigenas Pankararú na cidade de São Paulo
Maria Elisa Horn Iwaya (UNIVILLE)
O(s) trabalho(s) na agricultura, a(s) migração(ões) e a questão de gênero em narrativas femininas na cidade de Joinville.
Esta pesquisa problematiza questões relacionadas à agricultura familiar da região rural de Joinville, bem como, os modos de fazer tradicionais desta região e o impacto que as mudanças ocorridas na cidade em virtude da crescente industrialização e a implementação do Turismo-Rural ocasionaram no cotidiano de mulheres e homens. Devido a pouca produção teórica e considerando a importância do trabalho de mulheres e homens na agricultura familiar e nos programas de turismo rural na cidade, utilizou-se a metodologia da História Oral. Colhendo histórias sobre as transformações corridas nas famílias, na alimentação, nas formas de festejar, bem como as mudanças sentidas com o crescente êxodo rural e a política de 1992 - que incentivava a adesão das famílias do campo ao ciclo do turismo-rural. Este estudo aponta para a multiplicidade de temas que ainda não foram devidamente problematizados pela historiografia local. Discussões sobre tradição, território, etnia e aspectos do cotidiano, dos “modos de fazer” e do patrimônio cultural, sobretudo em sua imaterialidade. A partir desta pesquisa, pode-se entremear a utilização da História Oral com a categoria de análise gênero a fim de perceber como a região rural reagiu ao processo de industrialização e aos novos fluxos migratórios.
Maria Tereza Rocha (UNIMONTES), Maria do Carmo dos Santos Carvalho (UNIMONTES), Cláudia Luz de Oliveira
Mulheres Vazanteiras: formas de uso e apropriação do espaço no Quilombo Bom Jardim da Prata
Mariana Rotili da Silveira (UDESC), Lisandra Barbosa Macedo (UDESC)
O samba na cidade: espaços e sociabilidades
Pensando o samba para além de um gênero musical e conferindo-lhe o caráter de prática social, a proposta de banner visa apresentar uma investigação acerca dos espaços de origem do samba na cidade de Florianópolis. Localizando as comunidades envolvidas e apontado-as no mapa da Ilha, intentamos perceber os locais onde se desdobra o fazer samba na cidade. Estabelecido o contato e percorridas as comunidades, pensamos em partilhar memórias e reflexões relacionadas às sociabilidades resultantes do fazer samba e conviver com o universo associado. Tal proposta faz parte do programa Mídia e Memória na História, desenvolvido junto ao Laboratório de Imagem e Som da Universidade do Estado de Santa Catarina e coloca-se como uma alternativa de localização desses espaços diversos afim de encurtar caminhos e apontar rotas para interessados e curiosos em relação ao tema.
Marianna Barbosa Almeida (UNIVASF), Daniel Henrique Pereira Espíndula (UFES)
Promoção de saúde sexual nas ESF – o papel das ACS na garantia dos direitos sexuais e reprodutivos das adolescentes
As Equipes de Saúde da Família (ESF) surgem como proposta de reorientação ao modelo assistencial, atuando na promoção, prevenção e atenção à saúde. Em relação a esta última percebe-se a não adesão da população jovem neste serviço. O Agente Comunitário de Saúde (ACS) é considerado primordial para aproximação dos serviços de saúde e a comunidade, sendo o elo entre os jovens e o serviço. Neste estudo buscou-se analisar os discursos dos ACS em rodas de conversa com adolescentes do sexo feminino sobre direitos sexuais e reprodutivos. Foram realizadas 30 rodas de conversa entre adolescentes com a participação dos ACS, um moderador com uma média de 06 adolescentes por grupo. As falas foram transcritas e analisadas pela análise temática de conteúdo. Ficou evidenciado que os profissionais reproduzem idéias de cunho machista e muitas vezes são acusados pelas adolescentes de não guardarem o sigilo profissional com a comunidade, além de não reconhecerem a fala das adolescentes nas rodas de conversa. Nota-se que estes profissionais são mal pagos e sobrecarregados. Os outros profissionais da ESF se isentam das atividades educativas, deixando-as para os agentes. A partir da proposta de pesquisa-ação, acredita-se que o ACS possa durante os encontros minorar o distanciamento de gênero.
Marielly Alves Chaves (UNIGRAN)
A função do Pai na familia homossexual feminina.
Considerando as mudanças na sociedade contemporânea, como a legalização do casamento gay em diversos países, adoções homoparentais que determinam outras estruturas de parentesco e a cada vez mais comum manifestação de identidades, possibilitam um questionamento a respeito da definição dividida e exclusiva de gêneros entre machos e fêmeas(BUTLER, 2003).Embora as variadas maneiras de viver a sexualidade não sejam inéditas, a novidade está nos padrões culturais, nas transformações sociais, jurídicas e, claro, psíquicas.Demoramos a descobrir, por exemplo, o fenômeno da paternidade.E mesmo os mecanismos da fecundidade foram longamente ignorados na completude de seu processo.Sendo assim, o que será muito retratado neste trabalho é de como serão estabelecidas as funções materna e paterna. Trataremos, em especifico, do fenômeno da paternidade nas famílias de casais homossexuais femininos.A reflexão acerca da função paterna em famílias constituídas por mulheres homoafetivas é de suma importância, devido às mudanças socioculturais que estão acontecendo a cada século, na qual novas formas de parentalidade vêm se constituindo.Ainda que isto signifique expressar opiniões, é respeitando tal diversidade de opiniões e saberes em torno da sexualidade que este trabalho pretende contribuir.
Marilu Monteiro (UNIPLAC), Ana Rita de Souza, Tatiane Muniz Barbosa
Instituições e poder: qual a sua relevância para o saber dos adolescentes sobre as diversidades sexuais
Toda a vida humana transcorre por meio de instituições, estas estão imbuídas de valores próprios e, por conseguinte transmitem tais valores para seus integrantes.Esta pesquisa objetivou fazer uma análise da influencia de algumas instituições(construção histórico-social, família, escola, mídia e grupo de amigos)na construção do conhecimento sobre a diversidade sexual nos adolescentes entre 18/20 anos de idade.Constatou-se que os movimentos sociais interferem nesta construção, mas valores sociais construídos em um modelo hegemônico são identificados em seus discursos.A família e a escola foram mencionadas como relevantes,contudo não são partícipes neste conhecimento.Os adolescentes apontam os grupos de amigos e alguns programas televisivos como suas maiores fontes de informação sobre a temática.Observou-se o anseio destes em pluralizar os modelos de sociedade contemporânea.Compreende-se necessário entender os sujeitos, e não adestrá-los e normatizá-los na tentativa de transformá-los de acordo com a heteronormatização.O psicólogo,enquanto profissional que visa enriquecer a subjetividade dos sujeitos,deve promover a reflexão sobre a temática possibilitando-nos interrogar e entender valores sociais vigentes ao longo da história humana, proporcionando desta forma respeito e harmonia.
Marina Camarinha Lima (UNESP)
Experiências femininas: uma marca registrada nos períodicos da noroeste paulista de 1907-1926
Este projeto visa dar seqüência a uma pesquisa temática voltada para releitura das cidades do noroeste paulista, especificamente o município de Bauru. Visando recuperar as experiências femininas dentro do processo de modernidade/modernização procuramos adotar como principais fontes os periódicos locais no período de 1907-1926. Assim, busca-se compreender a metodologia jornalística através de leituras específicas de modo a utilizá-la corretamente como recurso documental para posteriormente inseri-los em sala de aula através da elaboração de um Material Didático que associe o uso de jornais e as relações de gênero.
Marina Fatiane Reis Martins (PUC - GO), Vanessa Ferreira do Lago, Maria Paula Macedo Motta Capparelli
Os significados do tempo para homens e mulheres que freqüentam a Oficina “Gênero, Sexualidade e Envelhecimento”
O relato de experiência e reflexão teórica sobre o uso do tempo, de homens e mulheres com mais de 60 anos de idade, objetiva descrever o significado do tempo para as pessoas que vivenciam uma experiência coletiva na Oficina Gênero, Sexualidade e Envelhecimento. As autoras compõem a equipe do Programa Interdisciplinar da Mulher – Estudos e Pesquisas/PUC-GO e coordenam a oficina desenvolvida há um ano em parceria com a Universidade Aberta à Terceira Idade/PUC-GO. A maioria das pessoas participantes são mulheres, aposentadas, com filhos e netos e vivem, no momento, sem companheiros. As dinâmicas que refletem sobre a sexualidade, gênero e envelhecimento trazem, com freqüência, questões relativas ao tempo: “no meu tempo, quando um menino nascia, soltavam-se 07 rojões e quando uma menina nascia soltava-se 01 rojão”. Outras referências ao tempo são citadas na discussão sobre sexualidade, diferenças de gerações e gênero, isolamento, abandono, cuidado dos filhos, netos e pais. Os significados do tempo atual e passado, as mudanças corporais e o cotidiano de cada idoso têm relação com sua inserção na sociedade. A oficina se apresenta como uma oportunidade prazerosa e útil do tempo, aprofundamento das relações interpessoais e aquisição de conhecimento por meio da troca de experiência.
Marina Santos Pereira (UFGD)
A vida de jovens-mulheres negras nos assentamentos de Reforma Agrária Santa Rosa e Guaçu no município de Itaquiraí-MS
A pesquisa desenvolvida nos assentamentos Guaçu e Santa Rosa no município de Itaquiraí-MS tem por objetivo, compreender a vida de jovens-mulheres negras em suas nuances, perspectivas e possibilidades, considerando que as mesmas vivem situações de conquistas e desilusões e fazem parte de um grupo que luta por uma vida melhor. Para tanto, estamos aprofundando a reflexão sobre a questão racial e o modo de vida das jovens-mulheres assentadas, através de visitas, entrevistas e diálogos, objetivando perceber o que elas pensam a respeito do preconceito e como o mesmo é discutido dentro da comunidade. Procura-se, também, indagar como se reconhecem, se existe a negação da raça e uma distinção em relação as jovens brancas, além disso, como as relações de gênero se efetivam meio a este cotidiano. A juventude é considerada de acordo com as especificidades da vida no campo, com uma cultura própria que orienta os projetos familiares de pessoas que lutaram por terra. Nesse processo, muitas/os jovens participaram ainda crianças e vivenciaram um processo de conflito e de confronto com proprietários de terra e policiais, além de experienciarem diversas formas de preconceitos e de desvalorização de sua condição de sem-terra, que podem se agravar para as pessoas negras.
Marleide Maria de Jesus (UNESP)
As lesbianas e a produção das subjetividades em Marília-SP: suas diásporas e deslocamentos
As pluralidades das (homo)sexualidades; as manifestações dos desejos, as práticas queers e as possibilidades performáticas dos corpos vem ganhando espaços para reflexão nunca antes visto. Presenciamos um tempo onde as lésbicas foram conquistando espaços e conseguiram no ano de 2008 na I Conferencia Nacional LGBTs deslocar numa perspectiva lingüística a letra “L” da sigla que representa as “sujeitas-políticas lésbicas” sendo substituída por LGBTs (lésbicas, gays, travestis, transexuais, transgêneras/os dentre outras/os). Se politicamente percebemos a morosidade no tratamento dessas questões, nas experiências, essas mulheres ainda continuam a enfrentar desafios no que tange decidirem sobre seus corpos, manifestar as fluências de seus desejos, suas práticas (homo)eróticas, performáticas dentre outras. Nessa perspectiva, a proposta desse trabalho é observar a partir das falas das colaboradoras que se autodenominam lésbicas quais os seus “discursos sobre si”, as percepções das experiências. Para isso utilizamos o método fenomenológico, dando ênfase à multiplicidade de subjetividades observando nessa interpretação os processos de produção de subjetividades e os fluxos das redes sócio-espaciais visando abordar como é experimentar esse “ser lésbica” em uma cidade média do oeste paulista.
Martin Tsang (Florida International University)
Imagining the Chinese in Afro-Cuban Religion
Matheus Guimarães Mello (UFG)
Distinções de gênero em processos de socialização e construção identitária de profissionais de música
Este trabalho procura pesquisar os processos de socialização e construção de identidades de músicos e musicistas profissionais, com o intuito de compreender quais processos sociais estão imbricados na escolha, atuação e identificação com as diversas atividades profissionais possíveis no campo da música.
Foi possível constatar que a maioria dos/das profissionais de música atua em várias atividades qualitativamente diferentes ao mesmo tempo. Ainda assim, foram percebidas distinções de gênero na distribuição dessas escolhas profissionais: a maioria das mulheres se sentem mais identificadas e estão concentradas em atividades de ensino, enquanto que poucos homens se identificam como professores apesar de a maioria exercer essa como pelo menos uma de suas atividades.
Para compreender isso, este trabalho enfoca na perspectiva dos processos de socialização que diferenciam homens e mulheres, processos tanto especificamente musicais quanto mais amplos socialmente. Assim, estes resultados são pertinentes para se compreender como se dão suas negociações identitárias, isto é, a articulação problemática entre as identidades reivindicadas e as identidades atribuídas.
Mayra de Souza Santos (UERJ), Regina Gonçalves de Moura (UERJ), Marcella Carmem Silva Reginaldo (UERJ)
Projeto Transformação
A sexualidade é ainda encarada como um tabu e repleta de imposições e interditos pessoais e culturais. Homens e mulheres vêem o sexo numa perspectiva unilateral, esquecendo que o sexo é para dois, o que aponta para a importância de discutir as representações de gênero. O projeto TRANSformAÇÃO de orientação afetivo sexual, implantado em turmas de 7º séries de uma escola municipal do Rio de Janeiro em 2007, visou debater, refletir e suscitar questionamentos acerca das questões relativas às representações sociais e de gênero em grupos de adolescentes, identificando vulnerabilidades em relação à saúde sexual e reprodutiva, a fim de promover o protagonismo dos jovens nas ações de prevenção às DSTs/HIV-aids e gravidez precoce. Eram realizadas oficinas semanais com duração de 1hora, facilitadas por médica sexóloga e estagiários de medicina. Ao final dos encontros e ao longo de 3 anos pôde-se observar que os adolescentes puderam ressignificar alguns conceitos e atribuir novos valores no que diz respeito às diferenças de gênero envolvendo temas como virgindade, castidade, masturbação, prazer e orgasmo, passando a assumir posturas participativas e colaborativas.
Meiry Peruchi Mezari (UFSC), Rafaella Machado (UFSC)
O poder da mulher em O Quarteto Fantástico: a invisibilidade
Tomando o cinema a partir do conceito de mimesis, neste trabalho, faz-se uma reflexão da representação do ser humano, focando a mulher, no cinema hollywoodiano. Para tanto, fazemos uma reflexão sobre a personagem Susan Storm, a Mulher Invisível do Quarteto Fantástico, filme de 2005 baseado nos quadrinhos da Marvel criados na década de 1960. Antes da reflexão sobre a mulher invisível, são levantadas algumas concepções sobre o corpo, baseadas na análise de obras feita por Elodia Xavier (2003). Na análise sobre a personagem, são considerados diálogos, apelos visuais e a aparência dos atores/atrizes que representam os personagens. Conclui-se que o enredo explora exaustivamente a dicotomia mente x corpo e outras oposições binárias - baseadas em Elizabeth Grosz (2000) - que colocam de um lado homens e, de outro, mulheres. A ilustração da Mulher Invisível, permeada por estereotipos que rodeiam a figura da mulher - com letra minúscula - mostra a tentativa de equiparação aos tradicionais super-herois masculinos, projetando poder à mulher. Tal poder, ironicamente, é o de se fazer sumir.
Michael Ferreira Machado (UFAL), Helena Costa Gomes de Araújo
Um olhar para além da tela: o ser mulher no filme “O homem que desafiou o Diabo”
Realiza uma análise crítica sobre a constituição do feminino nos diversos discursos e práticas que são reveladas no filme “O Homem que desafiou o diabo”. Nesse filme são retratadas varias construções acerca do feminino nas comunidades do Nordeste Brasileiro. A categoria gênero é considerada um construto social para o qual convergem as contingências históricas e culturais mais evidentes são: a virgem versus a vagabunda; a mocinha ingênua versus a vilã caprichosa. Sendo assim, estudar um filme, é compreendê-lo como resultante de um meio produtor de discursos que fomentam efeitos sobre o social, à medida que ele permite visualizar certas realidades acerca do feminino.A partir desse pressuposto, são identificados e analisados os discursos da personagem sobre si, bem como o que é dito pelas outras personagens acerca deste, estabelecendo as ligações entre esses discursos e as relações de poder. Segundo Montoro (2006), na linguagem audiovisual são os estereótipos que operam com o esforço de privilegiar e fixar determinados significados em detrimento de outros. Para isso, vale-se de práticas significativas que reduzem aquilo que está representado a características simplistas e fixas, sendo comuns os binarismos representacionais do feminino.
Mikarla Gomes da Silva (UFRN), Mikelly Gomes da Silva (UFRN)
Com que corpo eu vou?
Mikelly Gomes da Silva (UFRN)
Michê: entre arquétipos e sentimentos
Mirian Alves do Nascimento (UFSC)
Violência contra mulheres nas ditaduras militares do Brasil e Chile (1964-1989) nos periódicos de esquerda
Este trabalho tem por objetivo mostrar a incidência e o conteúdo das denúncias acerca das violências praticadas contra mulheres aprisionadas pelo Estado, durante as ditaduras militares do Brasil e do Chile, nos períodos de 1964 a 1989, em periódicos de esquerda, clandestinos ou não, bem como as motivações que levaram essas publicações a realizá-las. A partir dos estudos de gênero e de forma comparada, analisamos documentos produzidos nos dois países durante e depois deste período como jornais alternativos, entrevistas, biografias e autobiografias. Notamos, então, que a presença de denúncias acerca das violências sofridas pelas mulheres na época das ditaduras, praticadas pelo Estado, se deu de forma tímida durante o período de exceção, ampliou-se nas fases seguintes à abertura política, como uma maneira de enfatizar a denúncia das torturas em geral, porém, essas denúncias se utilizam de uma estratégia de gênero. Nas notícias que acusam as torturas contra as mulheres comumente optou-se pelo apagamento de sua militância nas organizações de esquerda, no intuito de reafirmar um papel secundário, de vínculo com o companheiro/esposo, pai, irmão, filho, num processo de reforço dos ideais burgueses. Já com respeito aos homens, além de existirem em maior número, são realizadas de forma a realçar a coragem, virilidade e masculinidade destes homens, representados como heróis e mártires.
Monike Meurer (UDESC)
“Lindonéia”, Nara Leão e mulheres desaparecidas – música e história
Em meados dos anos 60, um regime ditatorial chega ao poder no país fazendo o Brasil mergulhar em uma longa ditadura militar. Um regime com proibições e censuras capaz de restringir qualquer tipo de manifestação contra o governo. A censura alcançou um poder muito forte sobre a influência da produção e consumo de música nacional. Diversos artistas sofreram com a repressão, porém alguns músicos manifestaram sua revolta e, por conseguinte sofreram exílio. Mesmo a Bossa Nova, fazendo parte do repertório presente na alta classe da sociedade carioca, Nara Leão, uma grande intérprete do gênero, manifesta sua dor ao dar voz a uma canção dos compositores Caetano Veloso e Gilberto Gil. “Lindonéia” foi lançada no ano de 1968, retratando a figura de uma mulher desaparecida nesse período. Uma jovem sem face definida com sua triste história, de tortura e violência durante a militância política brasileira. A pesquisa investiga, a partir das questões relativas à linguagem musical e seu ambiente histórico, como o discurso de resistência deste grupo de cantores e compositores se manifestava na sonoridade de uma nação marcada pela repressão, cujo discurso vinculado a sentimentos nacionalistas, evidencia posições culturais e ideológicas da conjuntura existente durante o regime militar de 64.
Natália Madureira Ferreira (UFU), Flávia do Bonsucesso Teixeira (UFU), Cintia Pesconi
A subnotificação da violência contra a mulher nas Unidades Básicas de Saúde da Família: onde está a lacuna?
Violência contra a mulher é agravo de notificação compulsória desde 2003. Entretanto a subnotificação em serviços de saúde, onde as vítimas recebem a primeira assistência ou são acompanhadas, é uma preocupação da rede de atenção à mulher. Pelo caráter predominantemente doméstico, as equipes da Estratégia de Saúde da Família são fundamentais para a identificação e intervenção neste tipo de violência. Apesar disso, excetuando casos extremos, a identificação de situações de risco depende da subjetividade dos profissionais das Unidades de Saúde da Família. No estudo realizado, observamos que 62,8% dos profissionais entrevistados relataram situações de violência, porém a informação de terceiros foi o recurso de identificação mais freqüente, com 32% dos casos. A queixa de violência foi externalizada em 41,5%. Diante da denúncia, a postura mais freqüente foi conversar com a vítima em contraposição aos ínfimos 3,4% que notificaram. Embora prevalente esta violência é pouco reportada, visto que a exigência da notificação não é cumprida e a conduta na abordagem da vítima é precária, tratada como um aspecto menos relevante da saúde. A hipótese é que a violência não se constitui para esses profissionais como uma demanda da saúde pública, mas ainda um fenômeno privado que não exige intervenção.
Natalina Ribeiro Brito (UERJ), Camile Faustino (UERJ), Dayse de Paula Marques da Silva (UERJ)
Relações de gênero em equipes de Saúde: Serviço Social e Medicina
O presente trabalho tem como objetivo fazer uma análise da transversalidade de gênero nas carreiras profissionais, especificamente no Serviço social e na Medicina e um estudo das relações de gênero no mercado de trabalho. É fruto de leituras de textos incorporados do Projeto de Pesquisa: Novas hierarquias profissionais: conhecimento, gênero e etnia do Programa de Estudos de Gênero, Geração e Etnia. Existem formas de desestimular as mulheres na escolha por carreiras mais competitivas. Esse fato ocorre tanto na família como entre amigos ou até mesmo no ambiente escolar, pois há professores que ainda estão impregnados de “preconceitos” e os reproduzem nas salas de aula. Na especialização médica constata-se que a cirurgia e a pediatria, tornam-se especializações “masculinas e femininas”. Há uma concentração por sexo em algumas especialidades e estudos apontam a feminilização da carreira médica. O Governo de Vargas definiu o lugar da mulher na sociedade brasileira. A concepção de Gustavo Capanema era de que a mulher deveria proteger a família e ter uma educação adequada ao seu papel familiar. O Serviço Social evidencia esta influência até hoje, tanto na sua composição como na sua prática profissional. As hierarquias de gênero surgem nestes grupos e tem repercussão nas equipes.
Natasha Dias Castelli (UFPEl), Adhemar Lourenço da Silva Jr. (UFPEL)
Filantropia Feminina no Rio Grande do Sul (1920-1940): primeiros resultados
Nathália Dourado F Costa (UFPA), Adelma do Socorro Gonçalves Pimentel (UFPA)
Autoconceito em adolescentes do sexo masculino, no SENAI, em Belém - Pará
Nathilucy do Nascimento Marinho (UFRPE), Maria de Fátima Massena de Melo (UFRPE), Jaqueline Ferreira Holanda de Melo (UFRPE)
Erotização do Corpo Feminino e Consumo de Moda-Vestuário: vendendo “beleza e sensualidade”
Nayane Cristina Rodrigues de Brito (UFMA), Roseane Arcanjo Pinheiro
A notícia além do gênero: perfil de mulheres jornalistas de Imperatriz-MA
Nicole Geovana Dias Carneiro (UFU), Flavia do Bonsucesso Teixeira (UFU), Jacqueline Gonçalves Paiva (UFU)
Violência contra Mulher e a produção de provas: analisando o (des) preparo dos profissionais das Unidades Básicas de Saúde da Família de Uberlândia-MG
Considerada um agravo à saúde, a violência contra a mulher é de Notificação Compulsória desde 2003. Nesse contexto, espera-se que o profissional de saúde possua conhecimento técnico necessário para essa ação. Este trabalho desenvolvido com as equipes de Saúde da Família em Uberlândia-MG, em 2009, visava identificar as ações dos profissionais frente aos casos de violência contra a mulher e suas decisões no encaminhamento dos mesmos. A maioria significativa dos entrevistados (88,7%) afirmou se sentir capaz de identificar situações de violência. No entanto, os sinais corporais da violência foram indicados como o motivo mais prevalente para a identificação somado ao estado emocional da vítima, ou seja, situações onde as “provas” estariam mais evidentes. Nesse contexto, a violência sexual ou simbólica, pouco seria percebida, se não deixassem “marcas”. Considerando um número significativo (75,5%) desses profissionais se formou depois do estabelecimento da compulsoriedade da notificação do agravo e durante a constituição e reforma da Norma Técnica de Prevenção de Tratamento dos Agravos resultantes da Violência Sexual contra Mulheres e Adolescentes, nos remetemos ao lugar que essa discussão tem ocupado no currículo de formação desses profissionais e nos cursos de educação permanente.
Patricia de Oliveira Santos (UNEB), Cleide Silva de Sousa, Jessica Ferreira Marinho
Diálogos possíveis: masculinidades, trabalho e turismo nas barracas de praia na cidade de Camaçari
O presente artigo pretende descrever os resultados parciais da pesquisa intitulada Masculinidades, Turismo e o Terceiro Setor: um estudo sobre os atos performativos masculinos reproduzidos pelos microempresários e os membros dos movimentos sociais. Este trabalho focaliza os atos performativos masculinizados reproduzidos pelos microempresários negros oriundos da orla da cidade de Camaçari que trabalham diretamente com as áreas potencialmente turísticas. Trata-se de uma pesquisa de base quantitativa e qualitativa, muito embora os dados a serem descritos centram-se nas histórias de vida e na observação participante. Aqui, tentaremos compreender como os varões, proprietários das barracas de praias, desenrolam as suas relações de gênero, considerando as três dimensões da masculinidade (Connell, 1998): poder, trabalho e desejo. Neste diálogo com os dados coletados buscaremos o enlace entre a classe, raça/etnia, e sexo/gênero. Esta pesquisa tem como pressuposto que estamos enquadrados numa matriz da heterossexual compulsória, patriarcal e racializada, quer seja na linguagem ordinária, quer seja nas Ciências Humanas.
Patrícia do Nascimento Campos (PUC - RJ)
Gênero e Prática Pedagógica Intercultural: o que deve ser tomado como natural na educação de meninos e meninas?
Patrícia Oliveira Santana dos Santos (UFPB), Jéssica Karoline Rodrigues da Silva (UFPB), Flávia Ferreira Pires (UFPB)
“Nós somos combinados”- negociando o destino do benefício do Programa Bolsa Família.
O presente trabalho tem por objetivo analisar, a partir da pesquisa de campo realizada no município de Catingueira, região do semi-árido da Paraíba, as mudanças ocorridas no poder de barganha feminino como decorrência da introdução do Programa Bolsa Família. Tradicionalmente, na configuração da estrutura familiar sertaneja o homem assume o papel de provedor dos recursos familiares, enquanto a mulher assume o papel de administradora desses recursos. Trataremos, neste artigo, de entender o que estes papéis significam e principalmente, que mudanças estão acontecendo em virtude do recebimento por parte da mãe (ou mulher responsável pelo domicílio) da quantia monetária advinda do Programa.
Patrícia Stoco (Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)), Filipe Miranda Pereira, Anna Paula Uziel (UERJ)
Os Sentidos da Homossexualidade no Contexto Acadêmico
A educação pode ser uma grande aliada no combate à discriminação, ainda mais, no que tange à diversidade sexual. A construção do preconceito se dá muitas vezes devido a uma grande falta de informações concernentes ao tema. Pouco se discute sobre sexualidade e se toma a heterossexualidade como sinônimo de normalidade, direcionando qualquer outra manifestação de afeto ou sexual para o campo da anomalia. A universidade pode funcionar como um agente importante na construção de outros olhares sobre a sexualidade. Atualmente, os professores estão frente a estudantes que convivem com questões relativas aos direitos dos transexuais, orgulho gay, famílias homoparentais, AIDS, entre outros, que estão na mídia o tempo todo. Apesar de todas essas convocações a reflexões, estudantes da UERJ de diversos cursos que participaram de uma pesquisa que visava conhecer suas concepções a respeito da homossexualidade, feita através de um questionário ainda acreditam que professores e alunos não estão preparados para lidar com a diversidade sexual. Em relação à universidade ser um espaço para discussão da temática, mostraram-se divididos, mas afirmam que a universidade alterou suas concepções.
Patricia Tatiana Raasch (UDESC)
Conexões entre os EUA, Europa e Brasil: uma análise da configuração de laços transnacionais construídos pelos novos e/imigrantes brasileiros.
Desde meados da década de 1980 e início da década de 1990, Governador Valadares (MG) e Criciúma (SC), respectivamente, têm se configurado como cidades que mantém um fluxo contínuo de emigrantes para os EUA (região de Boston) e, mais recentemente, para Portugal (região de Lisboa). Esses migrantes têm, ao longo dos anos, formado redes sociais que sustentam a formação de comunidades transnacionais.
Este projeto de pesquisa tem por um de seus objetivos verificar os tipos de conexões que são construídas a partir das redes familiares, e de que maneira os laços transnacionais recriam ou provocam rupturas nos padrões familiares e de gênero nas relações entre homens e mulheres e destes com suas famílias.
A metodologia da pesquisa envolve entrevistas semi-estruturadas e observação participante com migrantes tanto nos locais de origem como nos locais de destino.
Por meio de relatos de algumas entrevistas já transcritas foi possível percebemos que o projeto migratório é um projeto familiar e afetivo, que envolve tanto pessoas que migraram, como os que permaneceram na sociedade de origem. Mas é também um projeto atravessado pelas questões de gênero, em que homens e mulheres se vêem obrigados a rever determinados conceitos e valores.
Paula Rodrigues da Silva (UFRRJ), Jéssica Alves Rangel (UFRRJ), Silvia Aparecida Lelis (UFRRJ)
A função da escola na incorporação dos papeis sexuais em crianças do Ensino Fundamental
A pesquisa está sendo desenvolvida pelo Laboratório de Estudos em Educação Física Escolar e Gênero – LEEFEG/UFRRJ. Primeiramente, a referida pesquisa busca descrever o histórico do ensino formal brasileiro, e a partir deste entendimento, visa compreender as relações de gênero nas crianças em idade escolar. Procura, também, discutir a atuação docente relacionada à questão de gênero, e algumas condutas ultrapassadas no convívio entre os sexos. Além disso, pretende-se alertar como as desigualdades se mostram presentes na formação da personalidade das crianças que acabam por contribuir para que a sociedade condene as pessoas a aceitarem suas regras, muitas vezes obsoletas, e puna os que tentam se diferenciar. O objetivo geral da pesquisa é investigar a função da escola na incorporação dos papeis sexuais pelas crianças de 6 a 10 anos de uma escola pública do município de Seropédica - RJ. A metodologia utilizará, após a primeira etapa de fundamentação teórica, uma coleta de dados através de observação das crianças na escola, bem como um questionário que está sendo aplicado as professoras do Ensino Fundamental, para que através deste possamos analisar como as docentes lidam com a questão das relações de gênero e os papeis sexuais que estão sendo incorporados pelos seus alunos.
Pedro Lopes (USP)
A construção de figuras “jovens” em relatos de pesquisa na Cidade do Cabo, África do Sul
Esta pesquisa se insere no contexto de outra mais ampla: “Relations among “race”, sexuality and gender in different local and national contexts”, que abrange seis grandes cidades no Brasil, Estados Unidos e África do Sul. O material que aqui será tratado foi coletado entre 2006 e 2007 na Cidade do Cabo, por meio de etnografias em locais de sociabilidade frequentados por um público próximo da faixa de 18 a 24 anos e entrevistas em profundidade realizadas com pessoas selecionadas a partir da experiência etnográfica. Busca-se, no recorte da pesquisa que ora se apresenta, verificar as formas como a equipe que foi a campo operou com as noções “jovem“/“juventude“ (“young”/“youth”) nos relatos etnográficos, entrecruzando categorias de gênero, “cor/raça/etnia”, classe social e de orientetação sexual. O que se propõe é que os “marcadores sociais da diferença” operam nas narrativas dos pesquisadores articulando-se a representações sociais, criando diferentes figuras “jovens” – que variam entre as distintas posições territoriais na rede urbana. Assim, cria-se um olhar diverso daquele que entende a “juventude” enquanto uma fase da vida, ou um período transitório anterior à maturidade, rumo à exploração de seus conteúdos identitários múltiplos e situacionados.
Penélope Gomes Mora Cortés (UFRJ), Ludmila Fontenele Cavalcanti, Roberta Matassoli Duran Flach (UFRJ)
www.ess.ufrj.br/prevencaoviolenciasexual/fale-conosco
Introdução. Esse trabalho faz parte do projeto de extensão Prevenção da Violência Sexual II e articula-se à pesquisa Avaliação dos serviços de atenção às mulheres em situação de violência sexual no estado do Rio de Janeiro. Objetivo. Apresentar as demandas encaminhadas por diferentes sujeitos, através do espaço de comunicação com a equipe, denominado “fale conosco”, no acesso ao site www.ess.ufrj/prenvencaoviolenciasexual. Metodologia. Foram analisadas 46 demandas enviadas no período de 2007 a 2009, classificadas pelo tipo, região do país, profissão e sexo do remetente. Resultados. O envio de mensagens triplicou de 2007 para 2009; a solicitação de material sobre a temática, seguida da solicitação de orientação são as demandas mais freqüentes; os remetentes são profissionais das diferentes políticas públicas e estudantes de vários cursos, em sua maioria do sexo feminino e da região sudeste. Conclusões. O acesso ao site, como um instrumento pedagógico, vem contribuindo para: a) o acesso à informação tanto de profissionais quanto de estudantes; b) o encaminhamento de mulheres e famílias em situação de violência sexual e doméstica para a rede de serviços; c) a qualificação das ações profissionais; e d) o intercâmbio institucional.
Philipi Gomes Alves Pinheiro (UFES/FACITEC)
Marcas da desordem: agressões de mulheres na Comarca de Vitória/ES (1860/1870)
Desde a década de 1980 os autos criminais têm sido utilizados em larga escala como janelas para a vida social e para as relações cotidianas das sociedades. No século XIX a sociedade capixaba era composta, em grande parte, por mulheres. Desta forma, pretende-se explorar as sociabilidades violentas nas quais as mulheres figuravam como atores sociais. As fontes utilizadas serão os autos criminais e as correspondências policiais de 1860 a 1870, os quais se localizam no Arquivo Público do Estado do Espírito Santo( APEES). Por meio do método quantitativo e qualitativo pretende-se compreender o contexto no qual ocorreram os casos de agressão física com vítimas femininas na Comarca de Vitória/ES. Nesta localidade observa-se que os motins travados entre os habitantes revelam mais que conflitos locais. Tais desordens funcionavam como reguladores da moralidade local, condenando hábitos sociais. Este trabalho busca analisar o universo das agressões sofridas pelas mulheres desde o fervor da desordem até o julgamento dos casos levados às instancias superiores de justiça. Desse modo, espera-se compreender os motivos geradores desses desarranjos assim como o perfil dos envolvidos, seu grau de parentesco com a vítima e a reação desta perante a situação de agressão.
Pilar Carvalho Guimarães (UNICAMP)
Homens e Mulheres no Mercado de Trabalho nos anos 2000. As tendências de segregação e divisão sexual do trabalho se mantém?
O objetivo deste estudo é pesquisar o perfil dos trabalhadores nas Regiões Metropolitanas de Campinas, São Paulo e Baixada Santista investigando a composição da força de trabalho em 2006 utilizando a base de dados da PCV - SEADE. À luz da revisão bibliográfica, comparar e verificar se as tendências disponibilizadas por estudos anteriores sobre as diferenciações na inserção de homens e mulheres no mercado de trabalho se mantêm. Nesta pesquisa sobre o mercado de trabalho, se torna imperativo pensar a esfera produtiva tendo como referência a categoria gênero, entendendo-a como constitutiva das relações de poder, intrínsecas a esse campo, onde são primordiais características históricas, naturais, materiais e sociais. A análise considerando a categoria gênero evidencia que as disparidades verificadas entre homens e mulheres no mercado de trabalho estão vinculadas às relações sociais hierarquizadas na esfera da reprodução.
Através de um recorte de gênero, considerando as relações sociais construídas e reproduzidas historicamente e a teoria da divisão sexual e social do trabalho, pretende-se investigar o perfil dos trabalhadores e trabalhadoras no contexto de recuperação do crescimento econômico e de retomada da formalização dos vínculos de trabalho. As diferenciações de inserção no mercado de trabalho são analisadas relacionadas ao gênero e à posição na família.
Priscila Fabiane Farias (UFSC)
Entrando no Entre-lugar da Deficiência
Este trabalho tem por objetivo construir um diálogo entre o conceito de “entre-lugar” (Santiago, 1978) e o conceito de “deficiência” problematizado no ensaio “Feminist Theory, the Body and the Disabled Figure” (Thomson, 1997). De acordo com Thomson, o processo de redefinição de ‘deficiência’ passa necessariamente por um conflito. Isto porque, ao mesmo tempo em que é urgente universalizá-lo (ou seja, reconhecer que as questões relacionadas à ‘deficiência’ não são limitadas a pessoas culturalmente identificadas com ‘deficiência’ mas sim remetem à sociedade como um todo), corre-se o risco de mascarar a ‘deficiência’ enquanto efeito sócio-cultural que recai de forma assimétrica sobre os indivíduos, privilegiando o acesso aos direitos de alguns em detrimento do acesso aos direitos daqueles assim constituídos como “outros”. Este trabalho busca refletir sobre o conflito apontado por Thomson, levando em conta o potencial político de engajar as noções de "entre-lugar", "releitura" e "reescrita" propostas por Santiago.
Priscilla da Silva Faria (UEL)
Psicologia e ativismo: análise psicossocial do papel do psicólogo nas políticas públicas LGBTTT
Ao longo da história, os relacionamentos homossexuais são alvo de forte preconceito por parte da sociedade, que com intensa influência de dogmas religiosos e debates políticos e científicos, estabeleceu padrões de anormalidade, patologia e aberração para as relações homoafetivas. Nesse sentido, a presente pesquisa qualitativa buscou subsídios para uma análise psicossocial sobre o papel do psicólogo dentro das políticas públicas destinadas a população LGBTTT, com o objetivo de contribuir para a formação e atuação dos psicólogos sobre questões relacionadas à diversidade sexual. Utilizou-se como instrumento de coleta de dados, entrevista semi-estruturada, realizada com um psicólogo militante do movimento LGBTTT. A análise do material coletado está articulada a perspectiva teórica de autores que problematizam as construções sócio-históricas relacionadas à sexualidade e às questões de gênero, e prioriza um breve debate sobre a história da psicologia, sobre a formação e atuação do psicólogo nas políticas e movimento LGBTTT, bem como propõe uma reflexão sobre o compromisso desta ciência no combate a discursos e práticas homofóbicas.
Rafael Reis da Luz (UFRJ)
A normatividade nas relações afetivo-sexuais hetero e homossexuais: um estudo a partir dos espaços de homossociabilidade
O trabalho teve como objetivo realizar um estudo bibliográfico crítico sobre as relações afetivo-sexuais homossexuais e suas particularidades frente à normatividade heterossexual. Falamos das redes de homossociabilidade, em seguida da tendência de se definir uma imagem do gay e como essa definição poderia promover a criação de novos “guetos”, que abrigariam aqueles homossexuais que não se encaixam num padrão. Discutimos alguns estudos realizados dentro do circuito GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes) que mostram uma normatização da figura do gay, na qual alguns são aceitos e desejados, tanto dentro como fora desse circuito. Em seguida, entramos na questão do gênero, e mostramos que há uma possível passagem da condição físico-sexual da mulher (passividade) para sua condição psicológica, e que esta passagem está presente nas relações homo-afetivas, onde a figura do homem gay masculino é associada à atividade, tanto no sentido sexual como psicológico, e a figura do gay feminino é associada à passividade. Concluímos que a suposta ‘homonormatividade’ nada mais é do que um atravessamento, uma readequação da normatividade heterossexual e da norma de gênero. Um processo de normatização que influencia na busca de parceiros e na adoção de um modelo homossexual, favorecendo a estigmatização e a exclusão, além de manter a sujeição do feminino frente ao masculino.
Rafaela Alessi Rosa (Universidade Positivo), Christine Ditzel Delle Donne
O predomínio do machismo em algumas categorias da publicidade.
Raphael Francisco do Nascimento Soares (ENCE)
Análise do desempenho escolar por sexo no Ensino Fundamental e Médio no Brasil, para os anos de1992 e 2006, com dados da Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios
Raphael Henrique Travia (IFSC), Vanessa Luiza Tuono Jardim, Angela Morel Nitschke (IFSC)
Entre Lírios e Delírios: igualdade de gênero em saúde mental
Em um novo modelo de saúde mental, a internação psiquiátrica vem sendo substituída pelo tratamento em serviços de referência como os CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) que visa ajudar os clientes a exercerem seus direitos e deveres, reconstruindo sua cidadania. Os transtornos psiquiátricos na comunidade, estudados como morbidade, são mais freqüentes na população feminina, aumentam com a idade e apontam para um excesso no estrato social de baixa renda. Através da observação direta intensiva, com base em roteiro previamente estabelecido, a pesquisa de campo foi realizada no Grupo de Apoio Gênero Feminino, do CAPS III Dê-Lírios, Joinville-SC, durante o mês de outubro de 2009, com pacientes em tratamento de depressão grave. Percebe-se que a formatação feminina exigida pela sociedade perdura gerações e tem gerado sérios problemas às mulheres, principalmente problemas que atingem sua saúde física e psicológica. Traumas da infância, compromissos com a família e condições do mercado de trabalho são algumas das causas que levam muitas mulheres desenvolverem transtornos mentais. Para que o tratamento possa ter os resultados desejados é fundamental assegurar às mulheres o direito de receber cuidado digno e respeitoso.
Raphael Xavier Barbosa (UFRPE)
Rosas de chumbo: mulheres e guerrilhas urbanas em Pernambuco (1969 – 1974)
Essa pesquisa exploratória visa analisar a participação feminina nos grupos revolucionários de esquerda que se proponham a empreender guerrilhas urbanas em Pernambuco, no período do governo ditatorial de Garrastazu Médici. Desmistificando o papel político das mulheres nesse contexto, que quase sempre são tidas como fantasmas da história, sendo silenciadas suas vozes nas narrativas oficiais. Problematizando os resultados expostos no Projeto “Brasil Nunca Mais” o qual, assinala uma baixíssima representatividade feminina no total de processos políticos formados na Justiça Militar. Buscamos dar visibilidade as lutas dessas companheiras que combateram com chumbo, suor e sangue o regime repressor. Devido à fragmentação e relativa ausência de material teórico sobre o tema, utilizamos os métodos de análise de escritores como Carlo Ginzburg e Michel Foucault como norteadores de nossa escrita. Construindo o projeto através de um levantamento e fichamento das fontes, as mais relevantes foram usadas na perspectiva de empreender essa discussão, buscando contribuir para formação e aprofundamento no tema.
Raphaela de Souza Alvarenga (UFF)
O futebol feminino e os professores de Educação Física
Este trabalho foi elaborado para a conclusão da disciplina “Gênero e Sexualidade na Escola”, ministrada pelo Profº Sérgio Aboud, no curso de Educação Física da UFF e vem sendo ampliado no grupo de estudos coordenado pelo mesmo. Este tema é relevante para os estudos de gênero principalmente ao relacionarmos aos estudos das atividades físicas e da Educação Física Escolar. Metodologicamente, além de pesquisa bibliográfica e em periódicos, algumas entrevistas foram feitas com jogadoras de futebol, todas amadoras e também com professoras e professores de Educação Básica. Trabalhei com autores que abordam as relações de gênero relacionando-os a outros autores que falam sobre futebol, para pensar na prática deste fora e dentro da escola. Uma visão mais ampliada do papel da mulher em atividades físicas em que homens também estão envolvidos está sendo levada em consideração. Como conclusão parcial, já que continuamos a pesquisa com a perspectiva de transformá-la em um trabalho monográfico, podemos destacar a necessidade da ampliação de pesquisas na área, a necessidade da inclusão de disciplinas que falem sobre gênero nos cursos de Educação Física e também de propostas de formação continuada para os docentes que já estão inseridos nas redes de ensino.
Raquel Braga Franco (UFMG)
Mãe, Mulher, Feminino, Professora e... o falo
Ao serem convidados a pensar sobre sua prática, alguns docentes (sujeitos da pesquisa A subjetividade docente produzida em tempos de declínio do discurso do mestre, realizada no período de 2007 a 2009 na Faculdade de Educação da UFMG) fizeram associações tanto com o que denominamos “maternagem”, quanto com aspectos relacionados ao gênero dos envolvidos. Para tal análise, julgamos necessário recorrer tanto à Psicanálise, quanto à alguns teóricos da Educação que escrevem sobre o tema, haja visto que o que parece estar em jogo é a “feminização do magistério”, bem como sua domesticidade. Tais características acabam por acarretar alguns prejuízos políticos tanto para a consolidação de um corpus epistemológico que dê conta do impossível ato de educar, quanto para o próprio exercício da pratica docente, tornando necessário que nos aprofundássemos no estudo de tal nuance para tentar ao menos tornar claras as obscuridades envolvidas em tais questões.
Raquel de Melo Giacomini (UFSC), Claricia Otto (UFSC)
A história nas memórias de professoras catarinenses: qual história?
Este trabalho conta com financiamento do PIBIC/CNPq - BIP/UFSC. É parte da pesquisa “História e educação: investigações sobre a apropriação do conhecimento histórico”, sob a coordenação da professora Drª Claricia Otto. Objetiva-se apresentar a leitura e análise de quase uma centena de entrevistas, realizadas na década de 1990 por professores e estudantes da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), com ex-professoras, acerca de suas experiências como professoras, em escolas primárias, no Estado de Santa Catarina. As entrevistadas nasceram, em sua maioria, nas três primeiras décadas do século XX e as entrevistas estão depositadas no acervo do Museu da Escola Catarinense, no centro de Florianópolis (SC). As memórias, vivências e experiências narradas por essas mulheres sinalizam para uma série de processos de construção de gêneros, e, consequentemente de subjetividades. Esses processos podem ser visualizados nas afirmações das entrevistadas por meio de frases tais como: “magistério é coisa de mulher”; o pai e/ou marido só deixava trabalhar “se fosse como professora de ensino primário”.
Raquel Forchesatto (UNOCHAPECÓ), Adriana De Toni
A trajetória de vida de mulheres em situação de pobreza: um olhar a partir das relações de gênero
Não são recentes os debates e produções acadêmicas que tem como finalidade problematizar as desigualdades existentes entre homens e mulheres. Nesta direção, a investigação sobre as configurações das relações de gênero na trajetória de vida de mulheres em situação de pobreza, beneficiárias do Programa Bolsa Família - PBF, no município de Chapecó/SC, é o foco central do nosso Trabalho de Conclusão de Curso, a ser finalizado em junho de 2010. Ao relacionarmos gênero e pobreza, pretendemos decifrar fenômenos como a feminilização da pobreza, já que muitas mulheres são de fato as chefes do domicílio e a centralidade da figura da mulher como gestora do programa voltado ao combate à pobreza no Brasil. Questiona-se, portanto, a atual tendência das políticas públicas, que tem a mulher como público-alvo, constatando-se como políticas de gênero. Num primeiro momento, estamos decifrando como as relações de gênero foram sendo concebidas e construídas historicamente na região onde vivem as mulheres pesquisadas. Em decorrência disso, pretendemos compreender como tais concepções marcaram e marcam a trajetória de vida destas mulheres até se tornarem as principais gestoras do PBF, qual a concepção que elas têm do PBF e quais os impactos que o Programa gera na sua vida cotidiana.
Rayani Mariano dos Santos (UFSC), Miriam Pillar Grossi (UFSC), Patricia Rosalba Salvador Moura Costa (UFSC)
O Caso Geisy Arruda: representações midiáticas brasileiras sobre violências contra mulheres
Este trabalho tem como objetivo analisar a cobertura midiática divulgada em portais da internet sobre o caso da estudante Geisy Arruda, agredida pelos colegas dentro do campus da Universidade Bandeirante em São Paulo, sob a alegação de que estava com um vestido muito curto. Foram pesquisadas um total de 171 matérias publicadas em quatro portais (Folha de São Paulo, R7 da Record, G1 da Rede Globo e Revista Época). Analisou-se as matérias, objetivando perceber o posicionamento dos diferentes veículos e as fontes mais citadas. Detivemo-nos em alguns desdobramentos do caso que nos pareceram os mais ilustrativos, inclusive pelo destaque que mereceram na mídia analisada. Observamos que o evento de agressão atraiu grande interesse da mídia e da população e promoveu um intenso debate entre jornalistas, antropólogos, psicólogos, intelectuais, políticos e ativistas de movimentos sociais, principalmente do feminista. Porém, apesar da grande discussão e do espaço ilimitado da internet, a violência de gênero que Geisy Arruda sofreu não foi muito discutida nos portais selecionados, que, em algumas matérias, inclusive, ratificaram essas agressões como “culpa da estudante”.
Rebeca Tobias Carneiro e Souza (UNB)
A violência psicológica baseada no gênero e a eficácia da Lei Maria da Penha
O foco desta apresetação de pôster é analisar a eficácia da Lei Maria da Penha, no que concerne à violência psicológica baseada no gênero. Este tipo de violência consiste em uma agressão emocional, muitas vezes mais grave que a física, praticada para atingir e diminuir a auto-estima e a saúde psicológica da mulher. A violência psicológica, na maioria das vezes, não necessita de ações rudes ou de agressões perceptíveis para se configurar e as mulheres simplesmente passam a achar que é normal serem desrespeitadas e humilhadas. Assim, a violência psicológica, estando sempre presente no dia-a-dia das relações sociais, torna-se a principal forma de controle na reiteração do status quo de dominação masculina e na manutenção da hierarquia social baseada no gênero. Se a violência física possui alguma estatística, a violência psicológica, por ser mais difícil de enxergar, se infiltra em praticamente todas as relações familiares e afetivas normais, contribuindo para que o sistema de subordinação seja considerado natural na sociedade. Procura-se então questionar, sob a égide da Lei Maria da Penha, como e quanto estes fatores afetam a denunciação da prática de violência psicológica no ambiente doméstico e familiar contra a mulher.
Rejane Veiga de Almeida (UERJ), Maricy Beda Siqueira dos Santos (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do RJ), Maria Fernanda Leite Oliveira (SEAP-RJ)
Perfil das mulheres cujos filhos nasceram durante o cumprimento de suas penas no Sistema Prisional do Estado do Rio de Janeiro
Este trabalho apresenta resultados de uma pesquisa, cujos integrantes são alunos e profissionais de psicologia e serviço social; dentre estes alguns atuam em equipes técnicas nos presídios femininos do Estado do Rio de Janeiro. A pesquisa tinha como objetivo investigar os sentidos da maternidade para mulheres em privação de liberdade cujos filhos nasceram durante o cumprimento da pena há no máximo dois anos. Foram entrevistadas 48 detentas, utilizando um roteiro composto por três eixos: família, maternidade e maternidade e prisão. Abordaram-se questões como: dados sócio-demográficos; exercício da maternidade na vida de uma mulher livre e em privação de liberdade; relação com familiares e outros filhos antes e depois do encarceramento; dia-a-dia na penitenciária; visão do tratamento recebido e projetos futuros. Assim, através da coleta de dados objetivos, foi possível delinear um perfil desta população no que tange as características socioculturais, nível de escolaridade, profissionalização, número de filhos, organização familiar, permitindo identificar suas necessidades e delinear políticas públicas mais direcionadas a esta clientela.
Renata Cecília de Lima Oliveira (UDESC)
Os cantos fúnebres no filme Abril Despedaçado: representação da tragédia além das fronteiras
Através da análise do filme Abril Despedaçado, este trabalho sugere a relação entre os elementos melódicos presentes nos cânticos fúnebres, (inseridos nas cenas ligadas a morte), com a técnica utilizada na captação das imagens (o Claro/Escuro), e a narrativa trágica a qual se insere toda a obra.
No tocante as imagens, nota-se que os cantos fúnebres entoados pelas rezadeiras e pela mãe do morto que precisa ser vingado, frequentemente aparecem associados às cenas com imagens mais escuras e densas.
Através da transcrição das melodias dos cantos fúnebres, tornou-se possível uma análise destas melodias e os seus intervalos musicais. Elementos que sugeriram a relação musical dos cantos e o aspecto trágico da obra.
O filme Abril Despedaçado é inspirado, de maneira livre, no livro homônimo do escritor albanês Ismahil Kadaré. O diretor e roteirista Walter Salles foi um dos responsáveis pela adaptação da história do livro para o cinema.
Na adaptação do livro para o filme, Salles representou as carpideiras albanezas através das rezadeiras do nordeste brasileiro (símbolizando as mulheres que choram o morto que não lhes pertence). Desta forma o diretor sugeriu uma adaptação de um ritual local, de uma região, no caso da Albânia, para o Brasil, propondo, desta maneira, um diálogo cultural além das fronteiras.
Renata Souza Rolim (UFRPE), Sabrina Carneiro de Lima Souza (UFRPE), Maria de Fátima Massena de Melo (UFRPE)
Inclusão perversa de mulheres catadoras de materiais recicláveis
A catação de materiais recicláveis tem sido utilizada como uma das alternativas de sobrevivência entre mulheres em situação de pobreza. Esta alternativa tem servido para sustentar a indústria de reciclagem e aumentar o capital das grandes empresas do setor, visto que as catadoras recolhem e fazem a triagem dos materiais, mas são as indústrias que determinam o preço e as condições de trabalho. Ao se organizarem em associações e cooperativas as catadoras garantem “trabalho e renda”, porém seus direitos sociais e trabalhistas são negados pelo Estado e pela indústria de reciclagem, ocorrendo então uma inclusão perversa. O objetivo deste artigo é analisar até que ponto a organização em associação e cooperativas de catadores/as nos municípios de Paulista e Abreu e Lima-PE incluem as mulheres socialmente. Por meio de relatos orais, observações e entrevistas constatamos a presença maciça de mulheres chefes de família, negras e com baixa escolaridade trabalhando como catadoras. Constatamos ainda, que embora reconhecendo o papel político e sócio-ambiental que exercem, elas consideram seu trabalho precário, informal e barato. Sem acesso aos direitos sociais e condições dignas de trabalho as catadoras participam de um sistema que normatiza a informalidade e vivenciam a inclusão perversa.
Ricardo Santana Braga (UFF)
Cinema como proposta pedagógica na luta pela equidade de gêneros
Este pôster apresenta uma análise sobre o filme Transamérica e o seu uso pedagógico, apresentado na disciplina “Gênero, Sexualidade e Escola” do curso de Educação Física da UFF. No filme Bree (Felicity Huffman) é uma transsexual que as vésperas de realizar sua cirurgia de adequação sexual descobre que teve um filho produto de uma única relação sexual. O garoto, Toby (Kevin Zegers), é agora um adolescente problemático que sonha encontrar o pai que nunca conheceu. Os dois se conhecem e partem em uma viagem de carro cheia de imprevistos e acidentes. Na primeira parte do trabalho discutimos questões de identidades sociosexuais, papéis normatizados e o conceito de novas estruturas familiares, para isso fizemos uso de Guacira Louro (2000) e Anderson Ferrari (2003) como referencial teórico. Em uma segunda etapa apresentamos uma proposta de trabalho pedagógico a ser desenvolvido em turmas de Ensino Médio como tema transversal, buscando exercitar com este público um debate sobre diversidade e respeito às diferenças, procurando contribuir na luta pela equidade de gêneros e suas representações na sociedade.
Rick Valerio do Nascimento Silva (UERJ), Filipe Miranda Pereira
Homofobia na Universidade: reflexões sobre a aversão aos homossexuais
Em 2009 e 2010 foi realizada uma pesquisa com estudantes da UERJ sobre homossexualidade abordando demonstrações de afeto em público, direitos à conjugalidade, parentalidade e benefícios para os casais, convivência com gays e lésbicas, entre outros temas. Este trabalho discute questões quanto a ações preconceituosas contra homossexuais e o termo homofobia, definido, na pesquisa, de forma significativa, como “medo e/ou aversão a pessoas que se relacionam com outras do mesmo gênero sexual”. Grande parte dos pesquisados condenava manifestações públicas de afeto entre casais do mesmo sexo justificando ser uma ofensa a quem estava em volta. Muitos alunos identificam práticas homofóbicas nos trotes, fato que demanda, nos parece, a necessidade de se gerar debates sobre o tema na universidade. A dificuldade ou a recusa em ter amizade com gays e lésbicas também foram identificadas por nós como práticas homofóbicas, uma vez que os estudantes localizaram na orientação sexual o motivo do afastamento da pessoa.
Rislene de Moura Rissi (CESUMAR), Fernanda Riseti Manfrinato, Renata Feltrim Resina (CESUMAR)
Moda, sustentabilidade e gênero: as flores das mulheres de Corumbataí do Sul (PR)
A moda e a sustentabilidade são campos de estudos de gênero. Este pôster tem por objetivo analisar os resultados obtidos no projeto “Mulheres entre panos e sementes: produção de roupas e acessórios para a moda”, com vistas a entender as relações entre moda, mulheres, sustentabilidade e gênero. Por meio de fragmentos visuais (fotografias), que retratam os desempenhos femininos de segmentos pobres da cidade de Corumbataí do Sul(PR), no trabalho de produção de acessórios com retalhos de tecidos descartados pelas indústrias de confecção, procuraremos mostrar como a moda e a sustentabilidade permitem visitar temas e questões de gênero. Neste empreendimento, indicaremos como os saberes e fazeres das mulheres acerca das artes manuais, historicamente e culturalmente concebidos como “habilidades femininas”, tais como, cortar panos, costurar, pregar botões etc, podem se constituir em vetores para a construção de novas representações nos sujeitos acerca de si e da natureza, proporcionando mudanças em suas histórias de vida, mediante a geração de trabalho e renda.
Roberta Alves dos Santos (FUNDAJ), Lígia Albuquerque de Melo (Fundação Joaquim Nabuco)
Conservação ambiental: o papel desempenhado pelas mulheres na conservação da água
O estudo versa sobre a relação de gênero e a conservação da água. A mulher, especialmente a mulher rural, está diretamente em contato com os recursos hídricos tanto no espaço reprodutivo – doméstico - como no produtivo – agricultura familiar -, por isso ela pode desempenhar um importante papel na conservação da água, pois é ela quem geralmente administra esse bem natural nesses espaços. Partindo disso, o estudo tem como objetivo analisar a contribuição da mulher rural na conservação dos recursos hídricos e como a relação de gênero interfere na convivência da mulher com a água. Trata-se de uma pesquisa com base bibliográfica e análise de dados secundários. Constatou-se que a mulher rural mantém uma estreita relação com a água e por isso é mais preocupada em conservar esse recurso natural devido ser ela a maior prejudicada com os impactos da escassez da água. Então, a mulher rural cria alternativas que contribuem para a conservação dos recursos hídricos através da agricultura familiar sem o uso de insumos externos e no âmbito doméstico com o aproveitamento da água já utilizada, as cisternas com a captação da água da chuva e a retirada de água dos poços, rios, açudes e barreiros de forma moderada.
Roberta de Azevedo Pereira (FURG), Dárcia Amaro Ávila (FURG), Paula Regina Costa Ribeiro (FURG)
Projeto Segundo Tempo: analisando algumas questões de gênero
Este estudo visa investigar e traçar alguns paralelos a respeito das questões de gênero presentes no projeto do Programa Segundo Tempo. Para isso, realizou-se uma análise do projeto padrão – apresentado pelo Ministério do Esporte – e compararam-se os dados obtidos com os relatos de vivência de uma monitora que atuou no programa, a qual é uma das autoras desse trabalho. O estudo está fundamentado no entendimento de gênero como uma construção sócio-histórica das distinções baseadas no sexo. Através da análise realizada, percebeu-se que o programa apresentava aspectos como a democratização da atividade esportiva sem distinção de gênero e primava pela livre escolha da criança na modalidade esportiva de interesse. Porém, a partir do relato da monitora, observou-se que a efetivação do projeto dava-se de forma desarmônica com o que era nele pautado, visto que as atividades desenvolvidas eram aquelas culturalmente nomeadas como masculinas e as meninas as realizavam sem resistência, mas geralmente os meninos se opunham em realizar as culturalmente denominadas femininas, quando estas eram sugeridas. Com isso, eram realizadas mais atividades consideradas masculinas, o que acarretou maior participação de meninos do que de meninas, o que vai de encontro à proposta do projeto, no qual tanto meninos quanto meninas deveriam ter o mesmo atendimento.
Rodrigo Fessel Sega (UNESP), Samara Konno (UNESP)
Canadá e Japão: relações de gênero em estudos comparativos de imigração internacional
A partir da década de 80, a auto-imagem do Brasil se inverte, de país receptor de imigrantes para país exportador. A inserção diferenciada de mulheres e homens no decorrer desse movimento migratório, principalmente para os países onde o fluxo de brasileiros foi mais intenso como os EUA, Japão e Europa, foi amplamente comparada e estudada. Entretanto, países como o Canadá, onde o fluxo de brasileiros é relativamente menor, embora tenha se iniciado na mesma década, os estudos de gênero se encontram ainda em defasagem. Neste projeto pretendemos analisar as instituições sociais da família e do trabalho com a finalidade de mapear e analisar as relações de gênero existentes entre os brasileiros no Canadá e no Japão. Nosso objetivo é analisar a incorporação das relações de gênero entre mulheres e homens brasileiros, ainda residentes no Brasil, a partir dos anos 80 e verificar se eles se mantém quando chegam no exterior. Serão comparados os papéis sociais masculinos e femininos dentro do próprio fluxo, horizontalmente, e também entre os diferentes fluxos, verticalmente, traçando prováveis alterações desses padrões no processo de adaptação na sociedade canadense e japonesa. Esses padrões serão confrontados levando em consideração as especificidades de cada fluxo e de cada país receptor.
Rodrigo Lemos Soares (FURG)
Um Axé a homo afetividade: Um estudo sobre a união homoafetiva (masculina) nos centros de religião Afro Brasileiros de Umbanda, na cidade do Rio Grande (RS)
“Um Axé a homo afetividade...” é uma pesquisa que emergiu da vivência e da proximidade com o africanismo e tem o propósito de analisar o ritual do casamento entre iguais, especificamente os do gênero masculino, nos centros de religião afros. O estudo aborda as questões como a participação e a inserção de homossexuais masculinos na umbanda, vertente do africanismo, que aparentemente acolhe os indivíduos, independente da sua sexualidade. Além disso, a análise do rito do casamento entre homossexuais visa problematizar as representações desse evento para a vida dos participantes. O trabalho foi desenvolvido através da utilização de algumas ferramentas da etnografia e os dados das observações foram registrados em um diário de campo. Além disso, os dados das observações foram confrontados com as falas dos sujeitos, obtidas através de entrevistas semi-estruturadas. Na análise dos dados, discutiu-se as representações do africanismo para os homossexuais entrevistados, bem como as relações que eles estabelecem com os seus núcleos e como essas interações interferem nos seus cotidianos. Somado a isso, discutem-se as visões dos “irmãos de santo”, dos sacerdotes e sacerdotisas responsáveis pelos reinos sobre homossexualidade e os princípios morais que orientam estas religiões.
Rodrigo Marcio Santana dos Santos (UNIFACS), Ailton da Silva Santos (UERJ)
A Montagem: o processo de transformação das travestis.
A construção da identidade da travesti não se constitui apenas na sua concepção de gênero, mas também na identidade somática onde acontece o processo de montagem o qual será o foco deste trabalho. É na montagem que as travestis utilizam e experimentam acessórios do universo feminino no espaço público ou privado, já que a sua identidade ainda não está assumida completamente pelo medo de serem rechaçada pela sociedade. Para tanto o surgimento das características femininas ficam cada vez mais evidentes e marcantes com a utilização do silicone para ganhar formas arredondadas isto ocorre em paralelo à desconstrução da imagem do corpo masculino. O instrumento metodológico utilizado fora estudo de caso a partir da história de vida do participante que na época da entrevista encontrava-se na montagem trajando roupas femininas quase que cotidiano e fazendo uso de hormônio. Na analise do discurso do mesmo pode-se percebe o fortalecimento da sua nova identidade juntamente com a graduação da montagem e a importância desta fase.
Rodrigo Nascimento Reis (UFMA)
Meninos fazem carvão e Meninas quebram coco babaçu
Rodrigo Prates de Andrade (UFSC)
A Faculdade de Serviço Social de Santa Catarina e a feminização da profissão
Rosana Pena de Sá (UFF), Tauan Nunes Maia (UFF)
Novas práticas de inclusão: brincadeiras e expressão corporal como forma de inclusão de gênero
Este pôster apresenta uma oficina ministrada no Fórum Cultura Arte Brinquedo e Educação de 2009, O Fórum CABE, da Faculdade de Educação da UFF. No ano de 2009 a temática do Fórum foi “Novas práticas de inclusão”. O público é basicamente de professores e licenciandos. A oficina teve como titulo “Brincadeiras e expressão corporal como forma de inclusão de gênero”. O principal objetivo era discutir expressões e práticas heteronormativas socialmente construídas. A Oficina foi dividida em partes. 1º: “mímica das expressões”, onde os participantes interpretavam expressões sexistas usadas no cotidiano; 2º: uma discussão teórica com base no texto: Pedagogias da Sexualidade (LOURO, 2001); 3º: atividade “pique abraço”, os participantes formam duplas através de abraço com a pessoa mais próxima; e 4º: reflexão acerca da última atividade e sobre a oficina em sua totalidade. No final acreditamos que os objetivos foram alcançados e que questões importantes, tais como: reflexão sobre expressões usadas e naturalizadas no cotidiano com cunho homofóbico e sexista; devemos trabalhar cada vez mais atividades que desconstruam as barreiras generificadas, em especial as que envolvem o contato corporal; e pensar em brincadeiras que não excluam, mas sim que busquem a inclusão.
Rosangela Ferreira de Mesquita (UFRPE), Bruna Flor da Silva, Maria do Rosario de Fatima Andrade Leitão (UFPE)
A ruptura da invisibilidade do trabalho feminino em comunidades pesqueiras
Rosangela Xavier dos Santos (UCB)
"Que vês, quando me vês?" Percepções da travestilidade numa comunidade em Ceilândia no Distrito Federal
Rosânia Maria Silvano Bittencourt (UNESC)
Os estereótipos de masculinidade e feminilidade reproduzidos no cinema: uma análise do filme "O menino maluquinho, o filme"
Este projeto de pesquisa tem por objetivo realizar um estudo na perspectiva das relações de gênero, tendo como foco o cinema. Entende-se aqui o cinema como um espaço educativo que produz cultura, forma opiniões e contribui na construção dos sujeitos. Pretendo para este fim, fazer uma análise do filme “O Menino Maluquinho, o filme” na tentativa de identificar os estereótipos de feminilidade e masculinidade. Será analisada toda a dramaturgia protagonizada pelos atores e atrizes mirins, a fim de perceber como e de que forma os papéis masculinos e femininos vão sendo forjados no decorrer da trama. Baseado no livro de Ziraldo, o qual foi sucesso em circulação nacional, o mesmo foi utilizado para refletir sobre a questão da diversidade em uma turma de 3º ano do E. F. Buscarei entender a força da mídia em ditar normas e determinar valores. Quero perceber as representações do feminino e do masculino que constituem a identidade dos sujeitos. Compreender as questões de gênero implica em reconhecer que o sexo não justifica as diferenças sociais e culturais entre o masculino e o feminino. Na condição de mestranda do PPGE da UNESC, pretendo desenvolver este projeto de pesquisa nos próximos dois anos.
Rosiane Silveira Pontes (UFRGS), Jussara Reis Prá (UFRGS)
Mulheres na Política: Uma análise do Legislativo em Porto Alegre/RS – Brasil
Representação política e paridade de gênero na sociedade brasileira são o cerne da presente pesquisa. Focamos a ausência da mulher em cargos eletivos do legislativo e adotamos a Teoria do Reconhecimento e Justiça de Gênero de Nancy Fraser para refletir acerca da questão. Em que medida o campo político ainda é um espaço social masculino? Nossa hipótese é que a trajetória pública prévia à eleição é fundamental para a conquista de mandatos públicos. Os percentuais de participação das mulheres na arena legislativa são baixos e consideramos que não há paridade entre homens e mulheres. Como objetivo do trabalho pretendemos verificar a trajetória política anterior dos(as) mandatários(as) em busca de similitudes e/ou peculiaridades antes de sua primeira eleição. Nossa opção metodológica visa um enfoque quantitativo, com aplicação de questionários - cujas informações serão a base de um banco de dados no programa SPSS - com as parlamentares eleitas, entre os anos de 2006 e 2008, em Porto Alegre e no RS. As mulheres eleitas hoje no Brasil apresentam algumas características interessantes: a maioria das legisladoras optou por uma profissão ligada à área das humanas (tradicionalmente identificadas como profissões femininas) e participavam da esfera pública antes de sua primeira eleição.
Rúbia Machado de Oliveira (UFSM), Natana Alvina Botezini, Simone Lira da Silva (UFSM)
Construção de Identidades Sociais e Gênero nas Interações do Meio Urbano de Santa Maria, RS
Este trabalho busca dar visibilidade à diversidade de identidades sociais encontradas no centro da cidade de Santa Maria, RS. Entende-se que este espaço, de grande concentração de indivíduos, é propício para que estes grupos se afirmem mediante a presença do outro e encontrem novas formas para vivenciar sua cultura diante das transformações sociais e deslocamento a que esta foi submetida. Pensamos, especificamente, nesse caso as novas organizações assumidas por grupos indígenas que usam o centro como local de comercialização de seus produtos, resignificando assim os papeis sociais dados para a mulher, o homem e mesmo para as crianças que acompanham este grupo. Diversas tribos urbanas, trabalhadores informais, grupos de artesãos nômades e artistas de rua também criam meios de se afirmar e interagir com cada um desses grupos bem como com os transeuntes com quem comercializam seus produtos materiais e artísticos. Dessa forma, a aparente homogeneidade com que nossos olhos costumam ver ou não ver os indivíduos neste espaço, é desfeita mediante olhar mais atento.
Sabrina Forati Linhar (UNISINOS)
Fios, tramas, saberes, artesanato: o trabalho invisibilizado e precário de mulheres em um atelier de tecelagem
Nossa pesquisa empírica é realizada em um atelier de tecelagem, localizado no município de Alvorada, na grande Porto Alegre. Através de conversas, observações participantes e grupos de discussão, buscamos fazer a ligação entre o trabalho docente e o trabalho informal e artesanal realizado pelas tecelãs no atelier. Com base nessa perspectiva, identificamos o quanto o trabalho artesanal é pouco reconhecido e precário, sendo considerado como um ´´trabalho temporário`` no cotidiano dessas mulheres. A desvalorização, a falta de melhores condições de trabalho e reconhecimento contribuem para que elas não se reconheçam como tecelãs, produtoras de conhecimento e criadoras na arte têxtil. Um dos nossos objetivos tem sido buscar o que e como elas compreendem o que produzem, e a partir disso analisar a percepção do trabalho que realizam como arte, técnica e conhecimento produzidos.
Sammy Silva Sales (UFPA)
Quem é mais violento, meninos ou meninas?: Um recorte de gênero a partir da violência entre pares no ambiente escolar
Sandra Izabele de Souza (UFRPE)
Crimes contra a honra da família: O debate jurídico no Recife (1900-1915)
Essa pesquisa busca investigar como e por que se instituiu uma política sexual direcionada ao controle das famílias populares, procurando compreender o debate jurídico em torno da honra, das condutas e dos prazeres sexuais masculinos e femininos, no período de 1900 a 1915, na cidade do Recife. Os debates sobre a honra sexual e moral da família e, especialmente, da mulher ganham importância entre os intelectuais da Primeira República. Assim como o discurso médico, os juristas e legisladores brasileiros, do início do século XX, terão influência nas políticas de controle e normatização das condutas e hábitos dos indivíduos das camadas populares. Era preciso difundir o modelo de família ideal burguesa para construir uma nação moderna, higienizada e “aperfeiçoada” como pontuam Martha de Abreu e Sueann Caulfield. Nossas fontes são os processos crimes de defloramento, estupro e atentado ao pudor da Comarca do Recife, sob a guarda do Memorial da Justiça de Pernambuco. Nos processos pesquisados podemos verificar que muitas mulheres e famílias procuraram a justiça em defesa da honra. Assim, nos tribunais os diversos atores jurídicos contribuíram com seus discursos para a construção e perpetuação de um modelo de conduta adequado para mulheres e homens.
Santiago Barreto Nascimento Gontijo (UNIEURO)
Criminalização da homofobia com ênfase no Projeto de Lei 5003/2001 (PLC 122/2006).
A homofobia também se configura como um crime por ferir diversos direitos fundamentais, principalmente o da dignidade humana e o da isonomia.
O estudo da criminalização da homofobia é imprescindível na atualidade, pois a Constituição, ao estabelecer que todos são iguais perante a lei, não só destina esse preceito no trato individual, mas perante a edição de normas jurídicas. As tensões criadas por esse projeto partem do desconhecimento da população das cláusulas e também pelo temor causado em relação à restrição da liberdade de expressão. Destaca-se que o conflito causa grandes divergências de opiniões, visto que de um lado muitos simplesmente ignoram a existência do preconceito ou até mesmo enxergam legitimação nele, por outro lado muitos acham que devem defender a causa a “ferro e fogo”. A importância desta pesquisa e apontar os conflitos e buscar soluções razoáveis no diálogo na educação e quando em casos insustentáveis, na criminalização.
A pesquisa realizar-se-á com base na leitura de artigos, livros, textos da lei e no estudo de casos. Buscando apontar em que situações seria necessário uma pena mais rígida.
Sara Raquel Nacif Baião (UFSC), Miriam Pillar Grossi (UFSC)
Os mortos de São Tomaz - Ritos funebres entre Catolicos e Pentecostais da Assembléia de Deus
A pesquisa objetiva analisar ritos funerários - velórios e enterros - em um bairro rural no interior e ao Sul de Santa Catarina, pela ótica das religiões Católica e Pentecostal da Assembléia de Deus. A metodologia utilizada foi a observação participante e entrevistas abertas com roteiro. Os primeiros resultados demonstram que pertencer a cada uma dessa religiões, determina diferentes ritos mortuarios baseados na visão de salvação e intermediação, e que, dentro destes ritos há papéis
específicos de mulheres e outros de homens.
Sarah Tavares Cortês (UFRN), Laura Costa de Paiva e Mendonça (UFRN)
Participação social juvenil: uma construção de autonomia e expressão política
Este trabalho é fruto da vivência de estágio curricular obrigatório no Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente CEDECA–Casa Renascer, cuja atuação está direcionada ao atendimento do público de crianças e adolescentes do sexo feminino vítimas de violência sexual, que, ao se inserirem institucionalmente, busca-se a (re) construção dos significados acerca de si e das relações sociais. Tendo em foco esse fortalecimento da identidade e autonomia, foi desenvolvido o projeto “O enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes a partir da ação das adolescentes multiplicadoras do CEDECA Casa Renascer” com as adolescentes entre 14 e 18 anos, cujo objetivo é despertar o debate sócio-político sobre os direitos em espaços comunitários de identificação cultural mútua, estruturando um processo de autonomização na busca de projetos individuais e coletivos que atendam os interesses no âmbito dos direitos de crianças e adolescentes. Assim, a atuação das adolescentes suscita a conquista de espaços sociais e expressão política, num processo de participação social, além de possibilitar a ressignificação da violência sofrida. Esse processo desencadeia a negação da subalternidade e numa intervenção crítica que parte do contexto das desigualdades sociais e violação de direitos, despertando a sociedade para a valorização dos jovens nos espaços de participação política.
Sergio Luis Schlatter Junior (UFSC), Lilian Back (UFSC)
Do outro lado da militância: relações pessoais à prova
A pesquisa em questão se dá no contexto das ditaduras militares vividas pelos países do Cone Sul na segunda metade do século XX. A partir das memórias de militantes que atuaram durante a ditadura militar no Brasil e em outros países do Cone Sul pretende-se tecer uma análise de gênero, subjetividade e afetividade desses/as personagens. Geralmente, ao tratar desse período muitas questões são deixadas a margem pela historiografia, como, por exemplo, que a revolução “tinha dois sexos” e que os/as militantes detinham relações afetivas que foram afetadas pela clandestinidade e organizações da qual faziam parte. Observamos um conservadorismo da esquerda brasileira quanto às questão consideradas discursos “pequeno-burgueses”, dentre elas a questão do aborto, da homossexualidade e da emancipação das mulheres. Através da Historia Oral, adotando uma metodologia dentro desse campo de trabalho, pretendemos discutir subjetividade e gênero. Utilizar-se-á fontes escritas, livros publicados e, sobretudo, fontes orais, ou seja, entrevistas e depoimentos.
Severino Rafael da Silva (UFPE), Mayza Allani da Silva Toledo, Cybelle Montenegro Souza
Gênero e diversidade sexual na escola: alguns apontamentos
A escola enquanto espaço legitimado de socialização de crianças, jovens e adultos, assim como outras instituições sociais, reflete a problemática social vigente. Dessa forma é importante compreender de que forma a instituição educacional esta posta enquanto espaço de repressão do que, dentro de uma lógica deturpada de normalidade, se coloca de encontro a seus princípios morais. Assim se faz necessário compreender até que ponto a escola pode influenciar a orientação sexual d@s estudantes de forma a legitimar e firmar ainda mais, preconceitos e exclusão. Na tentativa de compreender como essas relações se dão no âmbito escolar o presente estudo pretende analisar o discurso de profissionais da educação sobre algumas questões relacionadas à diversidade na escola. Para isso fez-se uso de entrevistas semi-estruturadas e rodas de conversa como forma de melhor aproximação entre os sujeitos da pesquisa, com a pretensão de analisar seus discursos no tocante as relações de gênero e diversidade sexual. Uma análise preliminar pode-nos mostrar o quando alguns profissionais da educação desconhecem os estudos sobre a temática, uma vez que os mesmos tendem a explicar essas questões se utilizando de dogmas religiosos e/ou ainda utilizando-se de análises puramente biológicas da natureza humana.
Shirlei Fernandes Romano (PUC), Murilo Marques Guimarães (PUC)
Proposta Educativa sobre Tráfico de Pessoas/mulheres – Uma construção conjunta com a área de Turismo em Goiás
Objetivo:Elaboração de proposta educativa na prevenção do tráfico de pessoas/mulheres para os agentes de turismo;incentivar a articulação dos participantes do processo educativo, na prevenção ao tráfico, com as redes construídas no Estado; além de publicar um relato experiência na área.Prevenção e repressão, à prática defeituosa e a atenção dedicada às vítimas do tráfico.
Metodologia: pedagogia da liberdade de Paulo Freire e as metodologias feministas. O projeto será desenvolvido no Estado de GO e os critérios para escolha dos municípios consideram os resultados da PESTRAF (Pesquisa sobre Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para fins de Exploração Sexual Comercial), e características sociais, econômicas, demográficas.
Mecanismos gerenciais: atividades de sensibilização para os agentes de turismo no sentido da prevenção; além de registros, análise e produção de texto para publicação e devolução para os participantes do projeto.
Relato de experiência:As pessoas envolvidas no projeto já contam com 7 meses de reuniões realizadas , 4 cursos, ministrado por professores envolvidos com o tema em duas IE´S do Estado. Foi desenvolvido um evento em parceria com o Ministério Público visando os objetivos acima.Agendada uma oficina para o dia 31/03/2010 para reforçar essas ações.
Simone Gomes da Costa (UERJ), Perseu Pereira da Silva (UERJ)
Redes Educativas: cotidianos e diversidades
É no cotidiano onde as diferenças se colocam e os preconceitos e discriminações são reproduzidos. Devido ao esforço dos movimentos sociais organizados e do crescente número de pesquisas na área, questões como práticas machistas, sexistas, homofóbicas, racistas, etnocêntricas, de intolerância religiosa, têm se tornado cada vez mais evidentes, sendo impossível silenciá-las nos cotidianos escolares. Apesar disso, as discussões relacionadas ao sexismo, machismo e das práticas patriarcais arraigadas nos cotidianos dos cursos de formação ainda encontram-se em posição secundária nos currículos gerando ciclos de reprodução de tais práticas. A docência em educação infantil, por exemplo, é relacionada historicamente ao cuidado, ao carinho, afeto, características atribuídas às mulheres, por isso, quando homens se propõe a cumprir este papel enfrentam preconceito oriundo de pais e de outros profissionais de educação. Essas situações evidenciam a emergência das discussões relacionadas a gênero, sexismo nos cursos de formação docente. Assim, acreditamos que as escolas são espaçostempos privilegiados e potencial para encontrar as saídas e/ou soluções para o que enfrentamos cotidianamente já que cada um de nós tem ou teve freqüência obrigatória, por direito - embora, muitas vezes não garantido.
Simone Regina dos Reis Nunes (ULBRA), Dione Matos de Souza (ULBRA), Graziela Cucchiarelli Werba (ULBRA)
O acolhimento e a assessoria em Psicologia Jurídica na perspectiva de gênero
Este trabalho visa apresentar um modelo referencial de Acolhimento e Assessoria em Psicologia Jurídica na perspectiva de Gênero. Trata-se de uma prática desempenhada junto ao estágio de psicologia clínica e comunitária estendendo-se ao serviço de atendimento jurídico da ULBRA Torres e à delegacia local. É realizado por estagiári@s, bolsistas do Núcleo de Estudos e Intervenção em Gênero e voluntári@s do Serviço de Assessoria em Psicologia Jurídica. Partindo de uma bem sucedida experiência realizada no COMDIM em Porto Alegre, no ano de 2001, o projeto é uma referência para o atendimento a pessoas em situação de violência a ser implantando nas universidades junto aos serviços de Psicologia e Direito. O diferencial desse modelo é seu compromisso com os estudos de gênero. Essa aliança teórica e técnica propõe que todas as pessoas envolvidas no atendimento a pessoas em situação de violência sejam qualificadas em gênero para esse tipo de trabalho. O modelo referencial foi construído para ser aplicado em clínicas de psicologia e serviços de assistência judiciária das universidades, delegacias de polícia e fóruns, podendo ser adaptado para postos de saúde e hospitais.
Simone Santos Souza (UFBA), Normélia Maria Freire Diniz, Nadirlene Pereira Gomes
O processo da denúncia e não denúncia: mulheres em vivência de violência doméstica
Ao falar em violência doméstica, estamos falando de relações violentas envolvendo pessoas com as quais se tem laços afetivos ou de parentesco. Dentre a rede de atendimento à mulher em situação de violência, a delegacia ainda é o que tem maior visibilidade. Percebe-se também que ainda há uma dificuldade em tornar público um tipo de violência que ocorre no âmbito privado da casa. Trata-se de um estudo descritivo, com abordagem quanti e qualitativa que tem como objetivo analisar o processo da denúncia e não-denúncia da violência doméstica em mulheres. Os sujeitos do estudo foram 150 mulheres. Foram obedecidos os aspectos éticos da Resolução nº. 196/96. A coleta de dados se deu através da entrevista. Foi utilizada a Técnica de Análise de Conteúdo de Bardin. O estudo caracteriza-se por mulheres em sua maioria jovens, dependentes financeiramente principalmente dos companheiros. O processo de denúncia e não denúncia ancora-se na deficiência da infra-estrutura, na relação no atendimento e na demora dos processos de atendimento e audiência. Desvelaram-se as deficiências existentes em toda tramitação do processo da denúncia que vem por fim refletir em uma das causas da não denúncia. O estudo contribuiu para ampliar as discussões que permeiam o processo de construção do atendimento na Rede.
Simone Yamaniha (UEL), Thiago Ferezim Yokota (UEL)
Identidade de gênero: um estudo sobre a construção social do gênero travesti
Admitindo-se que no campo da Psicologia existem poucas publicações na área de pesquisa sobre gênero e, sendo este um campo de conhecimento que demande um olhar sobre questões relativas à sexualidade, este assunto ganha relevância para uma pesquisa em Psicologia Social. Como parte de uma pesquisa maior, o presente trabalho visa entender como se dá a construção social do gênero travesti através da influência dos discursos instituídos sobre a formação das identidades de gênero e o processo de subjetivação. Como método de pesquisa, tal projeto pretende utilizar de entrevistas pré-estabelecidas que possam sugerir particularidades nas histórias coletivas das travestis que corroborem com o entendimento dessa construção. Na bibliografia consultada constatou-se que as travestis têm conquistado através de movimentos organizados espaços na dinâmica social- diminuindo processos de estigmatização. Assim, conhecer possíveis influências dos discursos nas construções da identidade do gênero pode nos oferecer informações valiosas para um entendimento mais abrangente e coerente do assunto.
Solange Mendonça da Silva (UEM)
Escola e Sexualidade
A sexualidade sempre foi um dos pontos de maiores discussões dentro do espaço educativo. Desde que o Ministério da Educação e Cultura, em 1996, produziu os Parâmetros Curriculares Nacionais, incluiu a sexualidade em seu volume 10, intitulado Orientação Sexual. Porém, o que se percebe é que a escola ainda não trabalha efetivamente este tema dentro do espaço educativo, gerando dificuldades entre alunos/as e professores/as, quando se trata desse assunto. Assim, esse trabalho pretende discutir a sexualidade na escola, pesquisando com dez professores/as de duas escolas particulares e públicas e dezesseis alunos/as, das respectivas instituições, do Ensino Fundamental (5ª a 8ª séries), utilizando uma entrevista semi-diretiva, questionando sobre a importância da Educação Sexual na escola. As respostas nos indicam que a temática da sexualidade ainda não se faz presente no espaço educativo. Tanto nas falas dos/as alunos/as, quanto dos professores/as. Há a necessidade premente de que se tenha uma disciplina sobre educação sexual e gênero nos cursos de formação docente, para que se discutam assuntos relacionados á educação sexual, proporcionando assim debates, informações que levem a um pensamento crítico e importante no espaço educativo.
Stephanie Winkler (UNB), Cristina Maria Teixeira Stevens (UNB)
25 Anos de Mulher e Literatura: Periódicos Acadêmicos Nacionais
O trabalho tem como objetivo identificar a inserção da Teoria e Crítica Literária Feminista nos periódicos acadêmicos nacionais Cadernos Pagu, Revista Labrys, e Revista de Estudos Feministas. Desenvolvido como projeto de iniciação científica, está vinculado ao projeto de pesquisa da professora Cristina Maria Teixeira Stevens, que analisa a produção teórico-crítica na área de Estudos Feministas e de Gênero em nosso país e sua contribuição para a literatura, bem como a contribuição específica de nossa área para esse campo interdisciplinar de estudos; o referido projeto objetiva também analisar o impacto das publicações em periódicos acadêmicos na área Mulher e Literatura na área de Letras em nosso país, após 25 anos de criação do GT ANPOLL/Mulher e Literatura.
Suelen da Silva Sampaio (UERJ), Samanta Carralas Pinheiro de Lima, Isabela Maciel Pires (UERJ)
Homossexualidade e Direitos: parentalidade e conjugalidade
Há duas décadas a homossexualidade entrou definitivamente no debate público. A epidemia de AIDS fez com que a sociedade se voltasse para mulheres e especialmente homens que se relacionam com pessoas do mesmo sexo. Se por um lado essa visibilidade despertou mais preconceito, por outro, várias crenças puderam ser desfeitas. Várias são as opiniões e reações quando o assunto é relacionamento homossexual e possíveis direitos decorrentes dessa união, e os temores são sobre a criação dos filhos, sobretudo. Realizamos uma pesquisa na UERJ em 2009/2010, com estudantes de todos os cursos existentes na cidade do Rio de Janeiro, com objetivo de identificar concepções dos alunos frente à homossexualidade, abordando convivência, direitos, homofobia. Reforçando eventos que conhecemos pela mídia, a expressão de afetos em público é rechaçada, tomada com ofensa à comunidade do entorno. O direito à herança, pensão, partilha de bens decorrentes de uma relação conjugal são mais aceitos quando não se trata de formação de família.
Suélen de Souza Andres (UFSM), Tamara Souza de Castro (UFSM)
A Formação dos acadêmicos de Educação Física-Licenciatura na temática da Diversidade Sexual
Este trabalho busca compreender como vem sendo a preparação dos acadêmicos do curso de Educação Física- licenciatura plena (EF-LP) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), para o trabalho com a diversidade sexual nas aulas de educação física escolar.
Para isso, esta sendo realizada uma pesquisa de cunho qualitativo e quantitativo com graduandos (as) de distintos semestres do curso de EF-LP.
Diferentes autores têm mostrado, que as construções culturais do ambiente e da sociedade têm papel fundamental na construção das relações de gênero e na formação e/ou quebra de fronteiras no âmbito escolar, como Moita Lopes, Guacira Lopes Louro,Sousa e Altmann e Dornelles entre outros, além de novas medidas implantadas pelo governo federal, como “Brasil sem Homofobia” que visa o direito a dignidade e o respeito a diferença, sendo seus principais objetivos a educação e a mudança de comportamento dos gestores públicos.
Assim, a proposta aqui, é investigar como vem sendo a preparação destes acadêmicos nos assuntos que versam a diversidade sexual e se ela na verdade existe no curso de EF-LP da UFSM. Pensando assim nas suas futuras práticas escolares.
Suzana Aparecida de Santana (UEM)
As mulheres de Vermeer:pedagogias das aparências e feminilidades
Resumo Este projeto tem por objetivo examinar as mulheres retratadas pelo pintor holandês Johannes Vermeer (1632-1675), com vistas a identificar nos tipos e estilos femininos, os conceitos de beleza e feminilidade compartilhados pela sociedade e cultura holandesa do século XVII. Nas mulheres pintadas em telas, procuraremos examinar as aparências criadas pelo artista para dizer, mostrar e diferenciar os segmentos femininos. Nesta análise, a indumentária, os gestos, as fisionomias, os espaços (arquitetura e ambiências) serão tomados como indicativos dos recursos usados pelo artista para criar suas personagens e diferenciá-las, consoante à classe social, faixa etária e papel desempenhado socialmente. Os aparatos teórico-metodológicos de análise são provenientes da história e historiografia sobre mulheres, indumentária e beleza.
Symone Karla de Ataide Gondim (UFPE), Kíssia Valéria Cavalcanti Luna (UFPE), Juliana Mayara Freire da Silva (UFPE)
Permanências e deslocamentos de um discurso: os sentidos produzidos por adolescentes sobre o uso do preservativo masculino
Esse estudo visa problematizar o uso de preservativo masculino entre adolescentes que utilizam o Sistema Único de Saúde (SUS). Procurou-se compreender como os adolescentes se posicionam e são posicionados, no que se refere ao uso de preservativo masculino, analisando, a partir do referencial das Práticas Discursivas, a construção de repertórios que justificam o uso, ou mesmo o não uso, do preservativo. Assim, foram realizadas entrevistas com adolescentes de ambos os sexos, entre 12 e 18 anos de idade, residentes em Recife, onde foi possível analisar, além dos sentidos sobre o uso do preservativo, diferenças e semelhanças presentes nos discursos dos adolescentes, considerando as diferenças de sexo, a partir de uma perspectiva de gênero. Dessa forma, foi possível observar deslocamentos entre os sentidos produzidos pelos adolescentes e o que se diz sobre eles. A existência de questões como participação familiar, políticas públicas de saúde preventiva e comportamento sexual de risco compuseram os repertórios interpretativos dos adolescentes, o que vai de encontro ao estereótipo que vem sendo disseminado do que é ser adolescente, que ainda remete à idéia de crise e de inconseqüência.
Tácila Aparecida Mattos (UFES)
Singelo e Profundo: as mulheres vítimas de agressão física na Comarca de Vitória/ES (1850/1860)
O presente trabalho se propõe a estudar o cotidiano violento das mulheres, nas ocasiões em que elas figuraram como vítimas de atos impetuosos praticados por homens e por outras mulheres. Trata-se de ressaltar a diversidade dos comportamentos frente a situações marcadas pela brutalidade. A demarcação espacial e temporal compreende a Cidade de Vitória, capital da Província do Espírito Santo, na segunda metade do século XIX. Para tal empreendimento, utilizar-se-á como base documental correspondências policiais e autos criminais datados de 1850 a 1860, ambos localizados no Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES). A metodologia do trabalho consistirá em técnicas de levantamento quantitativo e qualitativo a fim de discutir os interditos impostos às mulheres consideradas vítimas, bem como sua atuação diante do cotidiano balizado por códigos formais e informais de convivência. Ou seja, analisar-se-á desde os crimes de menor gravidade ressaltados nas cartas policiais até aqueles considerados mais graves em que resultaram processos formais, com o intuito de buscar a motivação dos atos, a maneira como eles se desenrolaram, quais os tipos de agressão e suas consequências. Portanto, pretende-se conhecer melhor o modus vivendi das mulheres e seu envolvimento em cenas violentas.
Tâmara de Oliveira Silva (UEPB), Sislene Pereira de Souza, Cilânea Santos Costa
A questão de gênero na divisão sexual do trabalho no semi-árido paraibano
O presente artigo tem por objetivo analisar as mudanças ocorridas na divisão sexual do trabalho no âmbito produção agropecuária no semi-árido paraibano, com o advento do uso de tecnologias alternativas de convivência com o semi-árido. Detectando em que proporções estas mudanças têm contribuído para redefinir as relações entre os gêneros, no interior do grupo doméstico. Averiguar como se dá a construção das relações sociais entre homens e mulheres na organização do trabalho familiar voltado a agropecuária que utiliza tecnologias alternativas de convivência com o semi-árido, considerando-se todas as fases do processo produtivo á sua comercialização, não se perdendo de vista as divergências, os conflitos e as tensões, bem como as relações de poder que emergem destas práticas sociais. Procurou-se analisar a implementação das políticas públicas voltadas para a agricultura familiar e a efetivação das mesmas, com enfoque de gênero. É através da pesquisa está sendo possível detectar o papel desempenhado pela mulher no espaço da casa e na atividade rural, como também a eficácia das políticas públicas e sociais voltadas para as mesmas.
Tâmara Feitosa Oliveira (UFPI)
Produção e reprodução do patriarcado em espaços de reclusão para jovens: o caso do Centro Educacional Feminino-CEF de Teresina
As reflexões aqui apresentadas são oriundas da pesquisa intitulada:Práticas de lazer de jovens em espaço de reclusão:o caso do CEM e do CEF em Teresina.São objetivos desse trabalho: apresentar e realizar uma reflexão sobre a produção e reprodução do patriarcado tendo como foco o cotidiano da instituição CEF (Centro Educacional Feminino),espaço destinado a reclusão de jovens do sexo feminino que cometeram ato infracional.Para viabilizar a pesquisa realizamos observação sistemática ao CEF, para recolher informações sobre sua funcionalidade, conhecer o cotidiano das jovens. Sobre a instituição,identificamos que a maioria das pessoas que trabalham no CEF,é de mulheres.São, portanto, as mulheres que criam as regras e implementam as ações na instituição.Fazem parte da rotina do CEF atividades relacionadas aos cuidados domésticos, como: oficinas de culinária, bordado, de beleza e de bijouteria,consideradas, segundo os preceitos machistas, como de mulheres em nossa sociedade.Dito isto,podemos afirmar que, no espaço do CEF, toda a lógica do patriarcado é mantida, reproduzida a cada atividade proposta e realizada no centro, pelas mulheres,o que nos permite concluir que,também no mesmo,não é necessária a presença masculina para que ocorra a produção e reprodução da ordem patriarcal.
Tâmila Pires da Silva (UFBA), Maria Thereza Ávila Dantas Coelho (UFBA), Milena Araujo Silva Sá (UFBA)
AIDS: Educar para desmitificar
Na década de 80, a descoberta do HIV acabou por sedimentar o caminho da discriminação em relação aos homossexuais com a sentença da morte. Preconceito e pouca informação disponível parecem ter sido alguns dos elementos que mais contribuíram para que a AIDS fosse inicialmente associada exclusivamente à homossexualidade. Expressões como ‘Câncer Gay’ e ‘Peste’ passaram a infestar as narrativas cinematográficas. Dois filmes, em especial, evidenciaram o modo como se deu esse processo: Filadélfia e O Filhote. Nestes, imputou-se aos homossexuais a culpa pela transmissão do vírus, ficando a AIDS associada a uma doença que punia o exercício do sexo. O projeto AIDS – Educar para Desmitificar traduz-se numa iniciativa acadêmica de valorização da informação desnuda de preconceitos e construída através de um diálogo interdisciplinar entre os diversos campos do saber. Através da informação, buscamos diminuir as assustadoras estatísticas da doença, cujo número de infectados cresce no mundo e, em especial, nos países periféricos.
Tamna Ribeiro dos Santos Dias (UCB)
Subvertendo o mandato cisgênero: significações de parentalidade em famílias com travestis e transexuais
O processo de construção de relações parentais se conectam e dependem de processos de construção de gênero. As posições de parentesco são dependentes de um conjunto de expectativas marcadas pelas estruturas de gênero, sobre as quais se estabelecem hierarquias, poderes, empatias, disposições, afetos, relações etc. Frente a esse panorama, nesse trabalho discuto o que ocorre com as significações dadas às relações parentais em familias com travestis e transexuais, outrossim como é percebida a noção de família por essas sujeitas em suas trajetórias de vida. Partindo de uma análise de “histórias de vida” de algumas travestis e transexuais e de entrevistas semi-estruturadas com seus parentes, esse trabalho não pretende construir uma teoria geral sobre como as relações familiares se estabelecem com travestis e transexuais, mas se aproximar das estratégias que algumas sujeitas têm buscado na construção e resignificação de suas relações familiares subvertendo o mandato cisgênero. Por fim, analiso a partir de um olhar da piscologia as implicações dessas configurações parentais para o conceito de família e para o processo de construção de gênero.
Tanay Gonçalves Notargiacomo (UFSC)
Margens (des)cobertas
O projeto orientado pela professora Dra. Tânia Regina O. Ramos teve como objetivo perceber os obstáculos no ensino da literatura e até que ponto as questões das provas pressupõem uma leitura integral dos textos. Encaminhamos a nossa pesquisa para um lugar que repensasse as listas sugeridas pela Comissão Permanente do Vestibular da UFSC. Com a nova proposta do MEC de aderir um modelo de ENEM que sirva como prova no vestibular, parece, primeiramente, ocorrer um sucateamento da literatura na sua especificidade cultural, ética e estética. Onde ficaria a leitura do texto e a possibilidade de escrever a leitura, como desejava Roland Barthes? Voltamos nossa pesquisa a outras questões que envolvam a possibilidade de espaços que sejam disciplinares e críticos em relação à contemporaneidade, como as escritas silenciadas e que ficam à margem. Escritores como Caio Fernando Abreu e suas temáticas contemporâneas, assim como Hilda Hilst e suas escritas eróticas, possuem um lugar dentro da literatura ensinada? Onde estará a literatura marginalizada nesse novo molde de ensino? É preciso pensar em outro perfil de pesquisa que busque novas compreensões e que nos permitam entender os espaços disciplinares e os caminhos que os leitores terão para conhecer a literatura homoerótica e o realismo afetivo.
Tatiana Brandão de Araujo (UFSC)
Olhares fora-dentro: história, fotografia e questões de gênero na obra de cindy sherman
Esse trabalho tem por objetivo problematizar as questões identitárias, principalmente no que se refere às mulheres. Partindo de uma perspectiva feminista analiso as produções fotográficas da artista estadunidense Cindy Sherman, conectando os ‘sujeitos’ apresentados nas suas produções com a contemporaneidade, com a intenção de demonstrar a importância dos debates feministas no tempo histórico de Sherman, e que assim permanecessem até hoje. A obra analisada é a série A Play of Selves, produzida na década de 1970, que narra visualmente a história de uma personagem e seus embates identitários com referência à corporalidade frente aos ideais socialmente moldados, e a forma como os mesmos afetam as subjetividades. Acima de tudo busco destacar a relevância de tais discussões, que relacionam textos imagéticos e questões de gênero, para as pesquisas no campo da História.
Tatiana da Fonsêca Benjamin (UFPB), Flávia Ferreira Pires (UFPB)
Brebotes e Burugangas: analisando o ‘empoderamento’ infanto-juvenil no Sertão Paraibano
Tauan Nunes Maia (UFF), Sérgio Ricardo Aboud Dutra (UFF)
Futebol, lazer e homossexualidade
Este pôster apresenta parte de uma pesquisa desenvolvida no IEF da UFF, nele estarei apresentando a prática de futebol de um grupos de homens gays como forma de lazer. Metodologicamente trabalhamos com entrevistas em grupo focal, considerando que esta, permite melhor integração com os atores sociais, em uma perspectiva bakhtiniana e também legitima as histórias dos sujeitos. Ao pensarmos na forma como o futebol se constrói na nossa sociedade, naturalizado como uma prática masculina, entendida como sinônimo de heterossexualidade, para melhor compreensão deste estudo estamos usando Bourdieu (1998) como referencial teórico. Outro referencial teórico usado é o de lazer desenvolvido por Vitor melo (2009) desconsiderando a heteronormatividade opressora esses peladeiros formaram um grupo que se encontra semanalmente como forma de lazer. Até a presente fase percebemos nas entrevistas feitas a diversidade do grupo. O que agrega estes homens são o Futebol e a identidade sócio-sexual. Até o término da pesquisa, pelo nosso cronograma em início de agosto, estaremos concluindo o mapeamento e as análises e reflexões sobre o tema proposto.
Thaís Loureiro Dias (PUC - RJ/Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT), Cleber Vicente Gonçalves, Marcelle Cristiane Esteves
O teatro fórum como meio de comunicação entre profissionais de educação e jovens lésbicas, gays e bissexuais para diminuir a homofobia no ambiente escolar
O projeto “Entre Laços” do Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT busca eliminar o preconceito de profissionais de saúde e educação no atendimento à população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT), principalmente de jovens LGBT.
Percebendo que a reprodução de preconceitos relacionados à orientação e/ou identidade sexual na escola, prejudica o acesso de jovens lésbicas, gays e bissexuais, sendo muitas vezes motivo de evasão escolar dentro desta população, o projeto realiza atividades que promovem o debate e a sensibilização de profissionais da área da educação.
Para atingir os objetivos, o projeto utiliza a metodologia do teatro fórum – técnica desenvolvida pelo teatrólogo Augusto Boal no Teatro do Oprimido – na qual os jovens provocam os profissionais reproduzindo ações do cotidiano escolar nas quais os profissionais cometem abusos e agem de forma preconceituosa. A representação, na medida em que cria um lugar de empatia, abre canais de comunicação entre opressores e oprimidos. A ideia é eliminar os ruídos da comunicação entre estes atores sociais, permitir que todos se percebam como sujeitos, analisem suas falas – inclusive as não verbais – e estabeleçam relações mais profissionais.
Thamiris Azevedo Malfitano (UFF), Aílton Souza da Silva Junior
Festas Juninas escolares: uma análise de gênero
Thayline Oliveira (UNIVASF), Juliana Sampaio (UFCG), Daniel Henrique Pereira Espíndula (UFES)
Rodas de conversas: produzindo saberes, autonomia e saúde
Seguindo Paulo Freire, tem sido propostas diversas formas de produção de saberes compartilhados, dentre elas a roda de conversas, visando autonomia dos atores, a partir da fala que circula. Este trabalho analisa uma experiência com 24 rodas de conversas em 2 comunidades de Petrolina, com 16 adolescentes do sexo feminino de 10 a 19 anos, sobre saúde sexual e reprodutiva. As rodas duraram em média 2h, com cerca de 8 jovens, tendo como parceiros: escolas, centro de referência em assistência social, igrejas e equipes de saúde. Para facilitar a circulação das vozes, foram utilizadas várias estratégias, como: exibição de vídeos, jogos, teatralizações, produções de textos coletivos, etc. A experiência evidenciou diversas dificuldades como: pouca articulação entre parceiros; local inapropriado para as rodas; baixa assiduidade das adolescentes e pouco apoio dos pais. O monitoramento sistemático do processo viabilizou estratégias coletivas de enfrentamento das dificuldades e a avaliação tem demonstrado: a democratização das falas e saberes e a construção de vínculos afetivos e de confiança entre as participantes e os moderadores que oportuniza maior troca de experiências, favorecendo a construção da autonomia das adolescentes frente à promoção da sua saúde sexual e reprodutiva.
Thayse Adineia Pacheco (IFSC), Letícia Elias Casagrande (IFSC)
Um pouco da biografia da mulher: igualdade e liberdade de expressão no Brasil
O presente trabalho visa traçar um histórico da luta da mulher pela igualdade dos direitos, o qual servirá como base para a elaboração de um artigo em construção pelos autores a respeito das causas da ausência de mulheres nos cursos de ciências exatas e da terra, em especial a física. A luta feminista conquistou lentamente alguns direitos e no Brasil a história não foi diferente. Em busca da igualdade de voto e libertdade de trabalho, sem necessitar de autorização do pai ou do marido a mulher conquistou seu lugar na sociedade exercendo uma profissão com remuneração, tornou-se mais independente e, consequentemente, luta pelos direitos de cidadã brasileira. A partir daí, muitos movimentos revolucionários ocorreram e várias publicações em jornais, revistas e livros decorreram desses eventos.
Thiago do Vale Pereira Livramento (UFSC)
Um olhar sobre a publicidade: gênero e subjetividade
A presente pesquisa é fruto do Trabalho de Conclusão de Curso em História pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com o título de “A publicidade como reforço de gênero”, sob a orientação da Profª. Drª. Joana Maria Pedro. O objetivo é apresentar através de analises de anúncios publicitários como a dicotomia de gênero foi reforçada durante a década de 1990. Os anúncios escolhidos se encontram nas revistas Veja e Nova. Abordo uma prática publicitária que nasceu no Brasil na década de 1950 durante o pós-guerra. Esta prática reitera o gênero e mostra que apesar das mudanças ocorridas nas últimas décadas do século XX nas relações familiares, no relacionamento amoroso e na sociedade - os processos de construção do gênero e de subjetividades, ainda estão fortemente marcados para a instituição da diferença e das hierarquias. Isto fica mais evidente quando encontramos nas revistas anúncios direcionados para mulheres e homens, diferenciando seus gostos e interesses. É esta reiteração da diferença que pretendo expor no pôster.
Thiago Leão Silveira Dourado (UEL), Mariana Grassi do Nascimento (UEL), Márcio Alessandro Neman do Nascimento (UEL)
Políticas das sexualidades e identidade de gênero & psicologia - CRP 8ª região
Considerando a Resolução CFP N° 001/99 de 22/03/99 e publicações na área, além de uma grande inquietação em torno das distintas expressões das sexualidades e gênero, é atribuído ao psicólogo o dever de obter conhecimentos nessa temática. Contudo esta demanda não tem sido contemplada na maioria dos cursos de psicologia do Brasil. Atentando-se à essa realidade fundou-se o Grupo Temático: “Políticas das Sexualidades e Identidade de Gênero & Psicologia vinculado ao Conselho Regional de Psicologia - CRP 8ª região realizando seus encontros na Subsede Londrina do qual participam profissionais e estudantes da psicologia. O objetivo consiste em expandir saberes sobre estudos de gênero, culturais, das sexualidades, levantar interesses e dificuldades dos profissionais que atuam nesse campo, compreender os contextos de vulnerabilidades, educação sexual, movimentos sociais e ainda as políticas publicas no campo da diversidade sexual. No segundo semestre de 2009 foram conferidas produções bibliográficas à adotar e discutiu-se aspectos teóricos que possibilitaram a participação em eventos da área. No ano corrente estão sendo realizadas discussões, palestras com profissionais de áreas afins, cine-club temático, publicações, parceria com universidades e participação em/e realização de eventos.
Thiago Loreto Garcia da Silva (PUC - RS), Karine Aline Laini Silveira, Hellena Bonocore de Moraes (PUC - RS)
Estereótipos de gênero em filmes de romance
Thiago Silva de Souza (FURG)
Gênero nas ondas de uma experiência com a Educação Física
Neste trabalho pensamos a temática de gênero, a partir de uma experiência intervencionista na disciplina de Estágio Supervisionado II, do curso de Educação Física, da Universidade Federal do Rio Grande. Salientamos que a intervenção foi alçada em uma Escola Municipal de Educação Infantil do Balneário Cassino - RS. Assim, entre diversas brincadeiras com as crianças, chamou-nos a atenção para uma em especial. Em meio a técnicas alternativas de surf, com pranchas de papelão, a seguinte pergunta referida por uma menina nos depreendeu para a reflexão: “tio meninas surfam?”. O estagiário retrucou, perguntando a ela: “você enquanto menina gostaria de surfar?”. Este questionamento nos alertou para os efeitos produzidos por esses discursos imersos de relações hierárquicas entre os gêneros, constituídas pelas redes de poder, colocando, portanto, em xeque exames de masculinidades e feminilidades (Louro, 1997, p. 23-24). A partir da análise destes discursos, visualizamos a necessidade de transpor as barreiras tecnocientificas, implicadas por relações de poder, nas formas de saber e nos modos de subjetivação produzidos pela dinâmica social e pelos quais somos sempre responsáveis em nossos locais de trabalho e de vivencias (Coraza, 2001, s/p).
Trícia Andrade Cardoso (UFSM), Juliana Franchi da Silva (UFSM)
Os ferroviários e suas representações em Santa Maria – RS (1950)
Este trabalho procura abordar as representações e significados do trabalho ferroviário e do coletivo destes trabalhadores para a comunidade santa-mariense em 1950. Até o momento, não se realizou no município, estudos que trataram a relação da historia profissional dos trabalhadores ferroviários, abarcando suas vivências de labor e o cotidiano de uma forma mais ampla. Para atingir os objetivos da pesquisa, houve a necessidade da realização de entrevistas com ferroviários e seus familiares, de procurar compreender o papel do homem e da mulher a fim de demonstrar que o grupo ferroviário na região central do RS foram possuidores de uma identidade que os diferenciava dos demais grupos de trabalhadores. Em verdade, eles eram um grupo com um status social privilegiado. Portanto, o significado e as representações desse grupo, através de sua memória coletiva o definem como uma identidade própria que foi, ao longo do processo histórico de mudanças no mundo do trabalho ferroviário, alterando-se também.
Ueles Monteiro Santos (PUC - GO), Fernando Silva Mendonça, Aldevina Maria dos Santos (PUC - GO)
Rede de Atenção às Mulheres que Sofrem Violência: desafios e êxitos na implantação
A violência de gênero é um fenômeno complexo e multideterminado. De um lado, a alta incidência é um incômodo epidêmico, de outro, ainda é invisível, enquanto problema de saúde pública, para grande número de serviços, gestores e profissionais de saúde. Os movimentos sociais levantaram a 'bandeira' de que a atenção às pessoas que sofrem de violência deve ser intersetorial e em rede. O Ministério da Saúde e a Secretaria de Políticas para as Mulheres incorporaram a proposta. Assim, as políticas públicas recomendam que os serviços se organizem em rede para o atendimento integral a essas pessoas. Esta pesquisa bibliográfica objetiva analisar a produção científica sobre o atendimento em rede para as mulheres vítimas de violência de gênero e identificar como as redes estão sendo implantadas, seus avanços e suas dificuldades. Os artigos foram selecionados no portal BVS e revelam experiências exitosas e muitos desafios para a integralidade da atenção generificada. Entre os aspectos estudados destacam-se a atuação dos profissionais, a formação, a qualificação dos serviços, o acolhimento às mulheres, a organização das redes, a sensibilização de gestores de políticas públicas. A atenção integral é um desafios para os setores responsáveis pelas políticas públicas para as mulheres.
Valdirene de Souza Ferreira Savi (UNESC)
Histórias e memórias: trajetórias de formação docente para os primeiros anos escolares no município de Jaguaruna/SC (1930-1990)
Vanessa Aparecida da Conceição (UNESP)
Carolina Maria de Jesus: garra na vida, simplicidade no escrever
O presente projeto propõe o estudo da escritora Carolina Maria de Jesus em sua condição de mulher, favelada, mãe solteira, negra e semi-analfabeta. Analisando como driblou tantos percalços e se tornou na década de 1960 uma das principais escritoras brasileiras, sendo reconhecida internacionalmente, mas, que apesar deste reconhecimento foi esquecida e rejeitada pelos brasileiros. A partir deste estudo visa-se responder algumas indagações acerca de quem foi a mulher Carolina Maria de Jesus, o motivo de seu sucesso como escritora ter sido maior no exterior, o porque de seu esquecimento pelo povo brasileiro e se sua escrita não culta incomodou os leitores. O objetivo deste projeto, além de mostrar a genialidade de uma escritora por vezes esquecida, é também mostrar a garra, a simplicidade e particularidade do ser mulher de Carolina Maria de Jesus.
Vanessa Costa Pereira (UFRJ), Patrícia Silveira de Farias (UFRJ), Ludmila Fontenele Cavalcanti
A Relação entre o sistema de crenças religiosas dos profissionais de saúde frente à garantia dos direitos das usuárias
Este trabalho faz parte do projeto de pesquisa “Sexualidade, Religião e Políticas Públicas: uma análise da relação entre gênero, sistema de crença religiosa e práticas profissionais dos agentes de saúde do Programa de Assistência integral a Saúde da Mulher (PAISM)”. O objetivo é analisar a articulação entre gênero e religião dos profissionais de saúde inseridos no PAISM, e como percebem a relação entre a religião e a defesa dos direitos das usuárias. Para tanto, foram examinados 40 questionários, respondidos por profissionais da enfermagem, serviço social, saúde mental e da área médica de cinco unidades de saúde da cidade do Rio de Janeiro. A religião, mesmo em um contexto secularizado ainda é um sistema de construções de subjetividades masculinas e femininas. Percebeu-se que a maioria dos profissionais de gênero feminino pertencem a uma determinada religião e, em contraponto, a maioria dos profissionais de gênero masculino não pertencem a nenhuma religião. O pertencimento a uma comunidade de fé interfere no momento de intervir junto às usuárias, particularmente em casos de interrupção da gravidez e de planejamento familiar.
Vanessa Flores dos Santos (UFSM), Vinícius Teixeira Pinto
Gênero, masculinidades, violências
Vanessa Marinho Pereira (UERJ), Lucila Lima da Silva, Andressa Siqueira
“É um luxo ser e não parecer...”: Mas ela não pode estar sendo? – Reflexões acerca dos estereótipos e identidades lésbicas na rede virtual Leskut
O presente trabalho consiste na revisão bibliográfica de conceitos de autores como Judith Butler e Antonio Ciampa, referentes às identidades e sexualidades objetivando a análise de falas presentes em fóruns de discussão da rede virtual Leskut sobre o que é ser lésbica. Consideramos os gênero como reiterações performáticas de significações estabelecidas socialmente, podendo haver uma multiplicidade destes sem que nenhum deles fossem considerados como gêneros originais, sendo a dualidade de gênero masculino/feminino resultado de um processo histórico de repetição e sedimentação de normas que criam uma aparente a-historicidade de comportamentos ditos definidores do homem ou da mulher, e a heteronormatividade como única possibilidade normal. Na análise das falas dos fóruns percebemos que embora critiquem os estereótipos socialmente criados do ser lésbica como uma mulher masculinizada verificamos a busca algo em comum, de alguma essência que as permitam identificar umas as outras. Além, da dificuldade intra e extra grupo de experienciar o encontro com um outro diferente, que não segue a coerência entre sexo biológico, desejo, gênero e identidade; ou que ainda vivencia essas instâncias como fluidas e passiveis de múltiplas combinações modificáveis de acordo com os contextos.
Verônica Alcântara Guerra (UFPB)
Identidades e sociabilidades fluidas: travestis no Litoral Norte da Paraíba
Esta pesquisa, financiada pelo CNPq, tem como objetivo observar, descrever e interpretar a construção de identidades de gênero e redes de relações entre travestis na região de Mamanguape (PB), situada na BR 101, umas das principais vias de acesso para Rio Tinto (PB), cidade erguida em função da Companhia de Tecidos de Rio Tinto, e também para Baía da Traição (PB), região que abriga o maior número de índios potiguara da Paraíba. Podemos observar, entre outros aspectos, a fluidez da identidade de gênero e dos relacionamentos de socialização que há entre as travestis do Litoral Norte da Paraíba. A todo o momento elas reconstroem e desfazem suas redes de relações e apresentam uma constante mobilidade por Países, Estados, cidades e residências na região. Esta fluidez se apresenta não somente pela ocupação que exercem como prostitutas, mas pelo modo como constroem suas identidades e tecem suas sociabilidades. Esta pesquisa está incluída em um projeto temático, “Entre campos, mares e trajetos: experimentos etnográficos no Litoral Norte da Paraíba”, coordenado pela prof. Dra. Silvana de Souza Nascimento, que tem como propósito construir etnografias sobre a configuração de suas cidades, municípios e a multiplicidade de gênero, étnica e cultural de sua população.
Verônica Dutra dos Santos da Conceição (UFRJ), Patrícia Silveira de Farias (UFRJ), Ludmila Fontenele Cavalcanti
Gênero e saúde: representações dos profissionais de saúde sobre o Programa de Saúde da Mulher no Rio de Janeiro
Este trabalho faz parte do projeto de pesquisa “Sexualidade, Religião e Políticas Públicas: uma análise da relação entre gênero, sistema de crença religiosa e práticas profissionais dos agentes de saúde do Programa de Assistência Integral a Saúde da Mulher (PAISM)”. O objetivo é analisar a compreensão dos profissionais de saúde inseridos no PAISM acerca das diretrizes do programa e como isso repercute na defesa dos direitos das usuárias. Para tanto, foram examinados 40 questionários, respondidos por profissionais da enfermagem, serviço social, saúde mental e da área médica de cinco unidades de saúde da cidade do Rio de Janeiro. É de extrema relevância lembrar que o programa é fruto da reivindicação do movimento de mulheres por uma política pública que as considerasse de forma mais ampla, para além de sua saúde reprodutiva.
Percebeu-se que os profissionais sentiram dificuldade em caracterizar o PAISM. Além disso, demonstraram um sentimento de não pertencimento ao programa. Este achado levou a um novo leque de questões, pois, se os profissionais envolvidos com a política nacional de saúde da mulher não a conhecem, como criarão ações que materializem seus princípios e diretrizes? Como instrumentalizarão as usuárias para que elas reivindiquem os seus direitos?
Victor Cesar Torres de Mello Rangel (UENF e UFF), Luana Rodrigues da Silva (UENF), Gisele Valverde (UENF)
Representações de Gênero e Administração de Conflitos: O caso de um núcleo de atendimento à mulher localizado em uma delegacia distrital
Este trabalho integra o Projeto Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher: uma análise de suas práticas de administração de conflitos, coordenado pela Profª Lana Lage da Gama Lima. É fruto de dois anos de pesquisa de Iniciação Científica (FAPERJ), da qual resultou a monografia intitulada Políticas Públicas e Representações de Gênero: administração de conflitos em um núcleo de atendimento a mulher no interior do Estado do Rio de Janeiro. A Rede de Atendimento à Mulher, tal como concebida pela Secretaria Especial de Política para as Mulheres do Governo Federal, implica na articulação de um conjunto de instituições, entre as quais estão os núcleos de atendimento e as delegacias de polícia. No entanto, as relações institucionais estabelecidas entre eles são marcadas por divergências decorrentes do confronto entre diferentes representações sobre os conflitos de gênero e as formas de administrá-los no espaço público. Implantadas a partir de formulações do movimento feminista, as políticas de gênero enfrentam resistências decorrentes do modelo ideológico de cultura patriarcal ainda dominante no Brasil. No caso específico, a proximidade com a polícia e a situação de submissão em relação à autoridade policial, também dificultam a adequação às normas estabelecidas para o funcionamento dos núcleos de atendimento.
Vinicius Kauê Ferreira (UFSC), Miriam Pillar Grossi (UFSC)
Etnografia da universidade: a (in)visibilidade dos estudos de gênero na graduação
Este trabalho traz os primeiros resultados de uma pesquisa subjacente ao projeto Transmissão, formação e constituição do campo das Antropologias Contemporâneas em uma perspectiva de gênero, coordenado pela Drª. Miriam Pillar Grossi e financiado pelo CNPq. Com o intuito inicial de analisar a atual abrangência dos Estudos de Gênero em cursos de graduação do Estado de Santa, realizamos diversas entrevistas com professor@s e alun@s de diversas instituições, que revelam não apenas o engajamento acadêmico e militante no fortalecimento deste campo de estudos no seu aspecto mais formal, mas também a importância da discussão dessa temática na trajetória de muit@s profissionais e discentes, explicitando ainda a intrínseca relação dialética entre o desenvolvimento intelectual e subjetivo engendrado pelos princípios desse campo de estudos. A realização de uma “Etnografia da Universidade” contou com o levantamento da produção intelectual das instituições e o conhecimento das condições de criação e funcionamento de alguns grupos de pesquisa de cidades como Chapecó, Criciúma, Joinville e, adicionalmente, Natal (RN). No que tange aos currículos, percebemos a carência de disciplinas específicas sobre Relações de Gênero e Estudos Feministas, que são tratados, geralmente, de modo transversal.
Vivane Martins Cunha (UFMG), Alba Maria Barbosa Coura (UFMG), Claudia Mayorga (UFMG)
A relação entre gênero, raça e sexualidade nos movimentos sociais: olhares feministas
Este trabalho apresenta resultados preliminares de pesquisa que tem como objetivo analisar como a categoria gênero se articula com outras categorias sociais como raça e sexualidade na formação, mobilização e lutas de movimentos sociais diversos. A partir de diversas perspectivas feministas - as correntes e debates são tão diversos que tem sido cada vez mais imperativo que nos refiramos a feminismos nos nossos fazeres acadêmicos e militantes - identificamos que a articulação entre categorias sociais não ocorrem sem tensões, pois apontam para hierarquias colocadas entre mulheres. Assim, apresentamos uma análise comparativa entre autoras feministas que enfatizaram questões de raça (G. Anzaldúa; Bell Hooks) e sexualidade (G. Rubin; M. Wittig) e buscamos identificar: 1) concepção de sujeito do feminismo; 2) posicionamento das autoras em relação à categoria gênero; 3) posições apresentadas pelas autoras diante das hierarquias entre categorias sociais; 4) concepções sobre ação política feminista. A análise comparativa permitiu que identificássemos que a proposta de articulação de categorias sociais nas lutas de movimentos sociais diversos não deve prescindir de uma compreensão histórica e política da relação entre posições de desigualdade vivenciadas pelas mulheres.
Vivian dos Santos Alves Matosinho (UNICAMP)
Desejos, Mulheres e HIV
O presente estudo privilegia a discussão sobre desejo e decisão reprodutiva de mulheres no contexto do HIV. Percebe-se a importância do tema principalmente em um momento onde casos de mulheres, em idade reprodutiva, infectadas pelo vírus do HIV vem aumentando desde a década de 1990. Esta proposta faz parte do projeto de pesquisa “HIV/Aids e Trajetórias Reprodutivas de Mulheres Brasileiras” coordenado pelo NEPO/UNICAMP e CRT-DST/Aids e financiado pelo CNPq. Trata-se de um estudo qualitativo, que se apóia, sobretudo, no acompanhamento da discussão na literatura acadêmica, tendo como principal referencial teórico o conceito de gênero e direitos reprodutivos; e na análise de conteúdo de entrevistas em profundidade realizadas com usuárias de serviços de saúde especializados em DST/HIV no município de São Paulo.
O referido estudo tem como principais objetivos compreender a relação entre a condição sorológica e o desejo de ter filhos, apreender os significados do desejo reprodutivo e entender o processo de realização desse desejo.
Para compreender a concretização do desejo da maternidade nesse contexto particular faz-se necessário considerar fundamentalmente o papel desempenhado pelas instituições médicas, pelo contexto socioeconômico e cultural e pelas relações interpessoais.
Vivian Karina da Silva (UEL), Patricia Sivia de Souza (UEL), Mariana Barbosa Oliveira (UEL)
Mulheres e Cores em Almodóvar
Viviane Suzano Martinhão (UNESP), Fernando Silva Teixeira Filho, Pedro Rodolfo Morelli (Unesp Assis)
Laços de Amor: adoção, gênero, cidadania e direitos
A adoção é uma das formas legítimas de constituição familiar e é a mais cerceada por preconceitos, dúvidas e mitos que a prejudicam. Estes preconceitos baseiam-se em olhares machistas, sexistas, heteronormativos e biologizantes, justificando o enorme contingente de crianças em instituições asilares a espera de uma família. O Projeto Laços de Amor: adoção, gênero, cidadania e direitos, grupo de estágio, pesquisa e extensão ligado ao Departamento de Psicologia Clínica da UNESP-Assis objetiva: atendimento psicológico a pessoas cujo sofrimento esteja associado aos preconceitos ligados ao processo de adoção; resignificar a prática da adoção como estruturante da família; promover reflexões sobre as lógicas de produção das normas e leis relativas a adoção; contribuir para à promoção da cidadania e direitos humanos das pessoas adotadas (ou em vias de adoção) e seus familiares; estimular uma cultura pró-adoção; e colaborar na transformação para uma sociedade mais igualitária e humana. Com um paradigma pós-estruturalista discutimos, debatemos e informamos a população, a partir de atendimentos clínicos, cine-debates, distribuição de material informacional, textos, eventos e jornadas, divulgando e criando redes de discussão que possam colaborar para promoção de uma sociedade igualitária.
Wania Mara dos Reis Guedes (UFPA)
Aborto provocado clandestinamente na região metropolitana de Belém
Willame Fonseca dos Santos (UFPA)
O Sex Appeal e a dinâmica dos grupos juvenis
Wilson Santos de Vasconcelos (ENCE)
Saúde materna no município do Rio de Janeiro
Yane Carla Silva dos Santos (UEPB), Tâmara de Oliveira Silva (UEPB), Cilânea dos santos Costas
A questão de gênero na busca pela sustentabilidade do planeta
Zana Maria Macedo (UFSC)
A produção teórica do Serviço Social referente à questão raça e etnia
Adriana Soares de Souza (UFSC)
O Entre-lugar: O Fio Cortante da Tradução e da Negociação
A partir dos questionamentos de teóricos e escritores sobre os critérios europeus de julgar as culturas diferentes, as do outro (colonizado), a literatura pós-colonial surge denunciando a opressão do colonizador, a devastação da terra e da cultura nativa, contrapondo-se aos pressupostos imperialistas. Desse modo, o presente artigo pretende evidenciar, sob a perspectiva conceitual de Tradução Cultural de Homi Bhabha, uma discussão acerca do discurso colonial e de sua representação em duas narrativas cinematográficas. Para tanto, procura-se cunhar, a partir dos filmes The Piano e Amélia, respectivamente, de Jane Campion (1993) e de Ana Carolina (2000), os momentos de tensão e de resistência entre culturas diferentes.
Alba dos Santos Rocha (UFU), Nathália Neiva dos Santos, Leila Bitar Moukachar Ramos
Entre a identificação e a ação: a Estratégia de Saúde da Família e a possibilidade de intervenção nos casos de violência contra a mulher
Considerando que a violência contra a mulher é um agravo à saúde de notificação compulsória e que sua definição engloba uma multiplicidade de variantes: física, sexual e/ou psicológica da vítima e que geralmente é impetrada por parceiros íntimos, ocorrendo no ambiente domiciliar, o presente trabalho teve como objetivo o diagnóstico sobre a detecção deste fenômeno pelas equipes que atuam na Estratégia de Saúde da Família. Através de questionários aplicados aos profissionais das equipes da cidade de Uberlândia, no ano de 2009, investigamos a forma mais freqüente de agressão empregada, o principal tipo de relação entre vítima e agressor e a recorrência do fato. Em consonância com as pesquisas nacionais, a forma mais comum de violência identificada foi a física, correspondendo a 51,4% do universo. Também a relação vítima agressor, onde 54,9%, dos agressores, estão inseridos numa relação de conjugalidade corresponde a literatura. No entanto, a recorrência do agravo é de 60,7% o que aponta para a vulnerabilidade dessas mulheres e para o espaço de intervenção da política pública. Consideramos que a capacitação das equipes de saúde da família acerca deste fenômeno é urgente, uma vez que a Estratégia de Saúde da Família é uma ferramenta de grande potencial interventor na saúde pública.
Alberto Mesaque Martins (Fiocruz - MG), Maria José Nogueira (Fiocruz - BH)
Práticas de promoção da saúde sexual e reprodutiva na perspectiva de adolescentes da cidade de Belo Horizonte – MG
Alcemir de Oliveira Freire (UFPB), Raisa Albuquerque Andrade (UFPB)
Uma História de Antonia Coelho Pereira
Aldezir de Oliveira Santos (UNISANT'ANNA), Maria de Fátima Bezerra
Um estudo sobre a depressão em mulheres cárcere privado de um presídio na cidade de São Paulo
Alessandra Elisa Gromowski (UEL), Virgínia Bonelli Milani (UEL)
A construção transitória entre o(s) masculino(s) e feminino(s) na androginia
A androginia tem se configurado como uma proposta estética na contemporaneidade utilizando-se de roupas, acessórios e outros signos que rompem a divisão binária entre o masculino e o feminino, embaralhando seus símbolos, e propondo alternativos estilos de vida. Para tanto serão realizadas duas entrevistas com pessoas que se autodenominam andróginas, os relatos serão áudio-gravado e transcritos na íntegra para posterior análise do discurso, referenciado por estudos culturais e de gênero de autores pós-estruturalistas; entre eles Michael Foucault, Judith Butler, Joan Scott e Guacira Lopes Louro. O objetivo do trabalho é descrever os processos de subjetivação, assim como o cotidiano de pessoas que podem criar um estilo singular de vida. Esta pesquisa faz parte de um aprofundamento nos estudos que buscam compreender as diferentes expressões de sexualidade e gênero; este estudo é realizado na disciplina de Psicologia Social do curso de Psicologia da Universidade Estadual de Londrina.
Alessandro Güntzel (UFRGS), Vanderlei Machado (Colégio de Aplicação - UFRGS)
Os livros didáticos de História e a luta das mulheres contra a ditadura militar no Brasil
O presente Pôster tem como objetivo discorrer sobre uma pesquisa em andamento no Colégio de Aplicação da UFRGS. Este estudo busca perceber como os livros didáticos de História abordam a participação feminina na luta contra o regime ditatorial que se instalou no Brasil, entre 1964 e 1985. Apesar da existência de uma bibliografia que aborda a participação feminina nas lutas contra a ditadura, o que se percebe nos manuais escolares é uma quase ausência da figura feminina neste episódio que marcou a história brasileira recente. Entre os objetivos desta pesquisa está a construção de metodologias de ensino visando inserir a história das mulheres e das relações de gênero no espaço escolar. Ao levar este tema para a sala de aula, busca-se ampliar os horizontes de expectativas de meninos e meninas, demonstrando que tanto os homens quanto as mulheres devem participar da esfera pública política.
Alex Rodrigo De Cerqueira (UENP), Edna Aparecida Lopes Katakura, Annecy Tojeiro Giordani
Cuidados de enfermagem prestados a portadores de HIV/AIDS na perspectiva de Enfermeiros: uma questão de gênero
Alexandre Augusto Fernandes da Silva (UFU)
Outras mulheres de Zéfiro: corporalidades homoeróticas femininas e pornografia masculina
Alexandre Pereira Faustini (UFES)
Violência e ciúme na DEAM de Vitória/ES entre janeiro e julho de 2003
O presente trabalho trata de um mapeamento das denúncias de violência registradas na DEAM de Vitória/ES entre Janeiro e Julho de 2003. Será focada a
questão do ciúme, verificando a porcentagem relativa às agressões provocadas por essa motivação, em relação ao total de ocorrências registradas naquela instituição. Traçaremos o perfil sócio-econômico do agressor passional e também a participação das mulheres em delitos contra outras mulheres, por causa de ciúme. Tal visualização será feita por gráficos feitos com base no banco de dados sobre o tema construído pelo expositor com auxílio de sua professora orientadora.
Alícia Santana de Castro (UFRRJ), Gisele Maria Costa Souza (UFRRJ)
Estereótipos de gênero nos contos de Malba Tahan
Este estudo analisa as percepções de gênero em personagens de histórias de Malba Tahan e utiliza-se como ferramenta a contação de histórias com professoras do Centro de Atenção à Criança e ao Adolescente - CAIC Paulo Dacorso Filho, escola pública localizada no Município de Seropédica no Estado do Rio de Janeiro. O instrumento utilizado na pesquisa foi o da Análise das Evocações Livres: uma técnica de análise estrutural das representações sociais (Moreira et al., 2005). Os resultados da pesquisa apontam uma forte inclinação de valorização da beleza como instrumento de sedução nas relações conjugais e da construção no imaginário feminino de um homem ideal, romântico e apaixonado capaz de fazer sacrifícios para conquistar o amor da mulher amada. Observou-se também uma associação com a idade cronológica d@ personagem com o desenvolvimento de ações como astúcia e esperteza (Pedro, 2001). Nesse sentido, a pesquisa se justifica pela necessidade de maior estudo na questão da percepção de gênero de profissionais da educação com implicações no desenvolvimento da construção de identidade de crianças nos primeiros anos de vida, na melhoria e qualidade do ensino fundamental e na capacitação profissional da área.
Aline Braga Moreira (UFMG), Esfefa Pereira Gonçalves (UFMG)
Relações de gênero nos reagrupamentos escolares: práticas generificadas no currículo escolar
Aline Eiko Hoshino (UNESP)
Gênero na figura de Mãe Susana no livro Úrsula de Maria Firmina dos Reis em 1859
Na obra Úrsula, escrita no período escravista, as relações se dão entre senhores e escravos. Contudo não é todo escravo que o senhor consegue manter sob o domínio patriarcal, visto que Mãe Susana(escrava) não se submete a esta hierarquia, por ser ela de uma visão de mundo antiescravista. Através da temática de gênero, essa não submissão a hierarquia será melhor entendida. Pela lógica do período, Mãe Susana deveria ser submissa a Fernando P.( vilão da história), mas ela não é, já que sendo Fernando P. um homem e senhor de escravos exerceria duplamente um poder. Primeiro por ser homem (o homem domina a mulher), segundo por ser senhor (o senhor exerce domínio sobre os escravos). A figura de Mãe Susana quebra esta representação criada pela sociedade, sobre a mestiça e sobre a negra. Ou seja, longe de ser a mulher submissa, sem pensamentos e ações próprias, Mãe Susana se afasta da figura da escrava obediente e subjugada, muito característica nos romances. Numa época em que a mulher não tem voz e a representação das escravas é apresentada de modo racista na época, como vista, por exemplo na obra de Bernardo Guimarães, A escrava Isaura, em que para o autor só existe beleza na mulher branca, Mãe Susana aparece diante de nós criando sua própria identidade e contando sua história.
Aline Ferreira Nogueira (FURG), Indira Capela (FURG), Cristian Remor Oliveira (FURG)
Sexualidade e Travestilidade: uma maneira de segregar
Preconceito é uma palavra que a cada dia ganha mais espaço em nossas discussões. A sociedade realizando um papel excludente a todos aqueles que não se encaixam no modelo "normal”, estabelece e determina as formas de ser e de se comportar em diferentes esferas sociais. No presente estudo trataremos da questão da sexualidade, com foco no preconceito social às travestis. Após estudos a respeito do tema, tendo como referencial autores como Larissa Pelúcio, MR. Benedetti e Hugo Denizart, realizamos uma pesquisa de campo entrevistando travestis da cidade de Rio Grande/RS.
Nosso objetivo visava investigar se a prostituição é o único caminho para uma travesti. Foi possível perceber a complexidade do tema em questão: mesmo com o apoio da família e a extensa dedicação dos familiares para o reconhecimento e para a não discriminação da travesti, o preconceito social acaba por levar uma grande parcela dessas pessoas para o destino único e cruel da prostituição. Entendemos que o ponto de conflito que pode ou não levar uma travesti a prostituição é a própria sociedade.
Esta pouco possibilita espaços para educação, emprego e lazer sem que a travestilidade se torne uma maneira de segregar, a partir do preconceito social e discriminatório que vivenciamos a cada dia em nossos convívios sociais.
Aline Magalhães Fernandes (Centro Universitário UNA)
“Qual é? Sou homem! Sensível é coisa de mulherzinha”: gênero e sexualidade no espaço escolar
Aline Motter Schmitz (UNIOSTE), Roselí Alves dos Santos (Unioeste)
A mulher e sua inclusão no processo produtivo e na produção leiteira no sudoeste do Paraná após a Revolução Tecnológica da agricultura
No resultado parcial da pesquisa desenvolvida constatamos que apesar das diversas lutas e conquistas na construção de uma sociedade eqüitativa, em relação a agricultura familiar, prevalece na região sudoeste paranaense a hierarquia familiar e a divisão sexual do trabalho. A presença destas resultam em relações conflitantes e contraditórias, focamos este texto na atuação da mulher na produção leiteira e análise das mudanças decorrentes neste processo e seus reflexos na organização política das agricultoras. A mulher que tinha sobre seus cuidados e domínio a produção e a renda leiteira, com a introdução do pacote tecnológico e as dificuldades para adaptação da agricultura familiar, torna o leite a principal atividade econômica e a mulher perde esse espaço, mesmo sendo responsável pelo trabalho na produção do leite, assumindo dupla jornada de trabalho e, na maioria das vezes, encontrando-se subsumida nas atividades da propriedade. As entrevistas e o registro das narrativas com as mulheres agricultoras da região revelaram essa realidade que mais que mudanças na produção, demonstraram a contradição presente no processo de organização política da agricultura familiar, pois ao serem excluídas na produção as mesmas também o são dos processos organizativos e do comando dessas.
Aline Paiva de Lucena (UNB)
Personagens femininas e espaço urbano em Samuel Rawet e Oswaldo Goeldi
Amanda Ely (UNESC), Beatriz Cechinel (UNESC)
Encarceramento feminino e deslocamentos: um estudo de caso sobre o deslocamento forçado de mulheres em situação de prisão e a quebra dos vínculos familiares no Presídio Santa Augusta em Criciúma-SC
No Brasil, as mulheres constituem 6,12% da população carcerária total. Estes dados apontam para a necessidade de estudos que considerem a perspectiva de gênero no ambiente prisional, garantindo que não haja a invisibilização das necessidades e direitos das mulheres. Nesse sentido, a presente investigação aborda a questão dos efeitos do deslocamento forçado, que impossibilita a convivência familiar, na subjetividade da mulher presa. Para tanto, apresentar-se-á um estudo de caso com uma detenta do presídio Santa Augusta em Criciúma-SC. Trata-se, portanto, de uma pesquisa qualitativa, onde foi utilizado o método história de vida. A detenta entrevistada encontra-se reclusa há cinco meses a espera de julgamento. Ao ser presa, as duas filhas foram enviadas para outro estado, onde reside toda a sua família. Devido a precária situação financeira familiar, não recebe visitas. O que mais chama a atenção em seu discurso é o sofrimento emocional ocasionado pela ausência de contato com as filhas, o que a leva a desejar abrir mão de todos os seus direitos, apenas para poder estar mais perto delas. Concluímos que uma das principais preocupações da mulher presa é a sua família e esta, como categoria, constitui um elemento fundamental de integração social.
Amanda Pacheco Machado (PUC - RS), Hellena Bonocore Moraes (PUC - RS), Lucas Gerzson Linck (PUC - RS)
Vida de mulher: cativeiros e superações
Este estudo está inserido no projeto guarda-chuva “Gênero, Gerações e Subjetividade” desenvolvido no grupo de pesquisa Relações de Gênero. Por meio da Teoria do Desenvolvimento de Levinson e da Teoria do Espaço Consciente de Burlae, o estudo visa investigar os processos que estão na base da construção da subjetividade de mulheres de meia idade e idosas. Esta investigação é realizada a partir da Entrevista Biográfica desenvolvida por Gersick e Kram, onde são previstos três encontros com cada participante, no sentido do passado, presente e futuro das mesmas. Trata-se de um estudo com enfoque qualitativo, exploratório e descritivo. As participantes são mulheres com idade a partir dos quarenta anos, não havendo limite a partir dessa idade, e com os mais diversos perfis. Aqui apresentamos resultados de entrevistas já realizadas com mulheres entre os quarenta e quarenta e cinco anos, que possuem nível de escolaridade superior completo e incompleto. Através delas, pode-se perceber que é na família que essas mulheres sofrem mais cativeiros e também onde estão suas maiores preocupações. Já o trabalho é descrito como fonte de realização. Esses dados são analisados a partir da análise de discurso proposto por Rosalind Gill. Atualmente, o estudo está em desenvolvimento, mas já é possível perceber a importância da reflexão desencadeada pela entrevista.
Amanda Teixeira Pinto (UNIFESP)
Paixões Infames: Homossexualidade e a mídia da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD)
Neste trabalho, pretendeu-se caracterizar o discurso da IURD acerca da homossexualidade. Para tal, fez-se uma busca em dois tipos de mídia: jornal e Internet. Optou-se por esses canais devido à forte participação dessa instituição nos mais variados meios de comunicação, tendo como público principal os próprios adeptos. Durante a análise dos textos, foi predominante uma visão essencialista do gênero feminino e masculino, sendo notável o esforço da IURD para distinguir homens de mulheres. O mesmo mostrou-se presente no âmbito das práticas sexuais, em alguns textos de Edir Macedo, ele deliberadamente prescreve quais são as práticas sexuais “naturais”, esperadas de homens e mulheres. E dessa forma impõe uma heteronormatividade, já que, em suas próprias palavras, a homossexualidade é “uma infâmia diabólica”. Em nossa hipótese, a homossexualidade só pode ser concebida como uma prática desviante, porque se estabeleceu que a heterossexualidade seria a norma. A idéia de desvio só faz sentido quando pensada de forma relacional e não implica em consenso entre os chamados de “infratores”. Mudanças sociais que rompem com os padrões normativos da sociedade podem gerar algum tipo de conflito. Procuramos neste trabalho mostrar como a IURD atua nessa dinâmica social, através de suas mensagens.
Ana Carla Liscoski (UNIJUÍ)
Modos de envelhecimento no município de Ijuí - RS e as redes das práticas de lazer
O presente trabalho é desdobramento de um conjunto de pesquisas que vimos realizando sobre a “politização dos corpos”, inspirada nos Estudos de Gênero. Discutimos como os diferentes discursos, da Medicina à Educação Física, investem sobre os corpos, argumentando que esse modo educativo pode ser compreendido como uma dimensão importante de um processo contemporâneo mais amplo, que definimos como “politização do corpo e do feminino” (MEYER, 2003), o que, por extensão, inclui a “politização do corpo idoso” (SCHWENGBER, 2008). Assim, na primeira etapa da pesquisa, procuramos, conhecer como se materializam os projetos governamentais e não governamentais esportivos de lazer na cidade de Ijuí-RS destinados aos idosos. Para tal, estudamos os espaços de lazer por meio de mapas, fotografias e visitas em 35 bairros e 2 distritos do município de Ijuí. Encontramos 25 espaços de práticas de lazer voltados aos idosos. Destes, 12 se constituem em bailes de “Terceira Idade”, não vinculados a entidades governamentais, 11 grupos ligados a um projeto da prefeitura municipal e 2 grupos relacionados a entidades privadas. Os resultados nesse momento apontam para os espaços de lazer como um ambiente de sociabilidade, onde se configuram diferentes modos de envelhecimento dos idosos ijuienses.
Ana Carolina de Andrade e Silva (UCB - DF)
“As mais vividas”: travestilidades, experiências e envelhecimento
Ana Carolina Radd Lima (UFJF)
O mito do eterno Feminino no olhar de Simone de Beauvoir
O presente estudo aborda a distinção de gênero e a situação da mulher dentro da sociedade, a partir do pensamento de Simone de Beauvoir. Trata-se de uma pesquisa de caráter descritivo de cunho histórico-social, dando ênfase à questão cultural, à desigualdade de gênero e à violência sexista. Tal desigualdade é decorrente de traços culturais, como o patriarcalismo, onde as mulheres não desfrutavam dos mesmos direitos que os homens, e por isso foram excluídas de certos privilégios. Cabia a elas, portanto, serem preparadas apenas para se casar e viver de forma submissa em função de seu marido e filhos. Hoje já se vê um grande avanço na discussão de gênero, e na situação da mulher na sociedade, apesar dos preconceitos ainda sofridos, e muitas ainda são vítimas de violências física e moral. Tem-se como grande referência desse progresso feminista, a francesa, Simone de Beauvoir que, além de ser uma mulher à frente de seu tempo, dedicou grande parte de sua vida aos estudos da situação da mulher. Por fim, o objetivo desse trabalho é quebrar os tabus e estereótipos criados culturalmente em torno do que se chama de universo feminino.
Ana Carolina Santana Moreira (UFGD)
Caça às bruxas: A (re)invenção do poder inquisidor da persecução penal no caso do crime de aborto
A polêmica trazida à tona pelo indiciamento de mais de 10 mil mulheres pelo crime de aborto em Campo Grande – MS seria tema suficiente para muitas discussões transdisciplinares envolvendo princípios de direito penal e processual penal e as vastas teorias de Gênero. O aceite de algumas destas mulheres à proposta de suspensão do processo mediante serviços prestados às creches da comunidade traria ainda mais um ponto importante a ser tratado: o caráter inquisidor da imputação penal. A tortura psicológica a que estas mulheres podem ter sido submetidas para que fossem punidas/reeducadas pelo crime de aborto denuncia um uso cruel do poder punitivo legitimamente constituído no Estado de Direito. Define-se crime a partir da vontade da maioria, porém o sistema judiciário possui regras próprias, não recorrendo à sociedade no momento da persecução penal. Assim, cabe ao juiz instituir o grau da punição e adequá-la à gravidade da lesão ao bem jurídico protegido. Qual é a legitimidade deste poder quando se trata de um tema tão delicado como o aborto. Esta reflexão sobre a crueldade ou não da punição estatal em uma perspectiva de Gênero pode até constituir-se em uma polêmica tão abrangente quanto a discussão sobre a descriminalização, ou não, do aborto no Brasil.
Ana Carolina Silva Torres (URCA), Roberto Marques, Antônia Eudivânia de Oliveira Silva (URCA)
Ser Mãe, ser Mulher: Recepções do Movimento Feminista no Projeto “Mães De Presos” na Cidade de Crato – CE
Apresentamos aqui material recolhido ao longo do projeto -Gênero, Feminismo e Políticas Públicas-financiado pelo CNPq. Analisamos um dos projetos do Conselho da Mulher em Crato (CE), espaço de militância feminista e busca de equidade de gênero. Durante nossa entrada em campo, percebemos que o Conselho centra-se na assistência e assessoramento de mulheres vítimas de violência. Desta forma, o projeto “Mães de presos, mães de presas: Mães Presas”consiste em ações de apoio às mães dos detentos da Penitenciária Industrial Regional do Cariri cuja justificativa é que:“quando um filho de uma mulher vai preso, esta vai presa junto com ele”, fato encarado pelas conselheiras como mais uma forma de violência contra a mulher. A reflexão sobre o projeto possibilita localizar o Conselho na discussão sobre Movimento Feminista e suas formas de recepção. Aqui, pode-se perceber como a busca de equidade conflui com uma concepção de mulher como vítima e reproduz a idéia fragilidade. Para tanto, a noção de violência constitui-se como principal artífice do movimento feminista local. Ao criar políticas de apoio às mães dos presos, as conselheiras sustentam ainda uma imagística de gênero que considera a idéia de mulher intimamente ligada a idéia de filho, contradizendo discursos feministas pós-70.
Ana Flávia Ramos (UNESP)
Andalusiando em contos: Uma análise do espaço em “The river”, “The comforts of home” e “Good country people”, de Flannery O’Connor
Este trabalho propõe um estudo do espaço nos contos “The river” (1953), “The comforts of home” (1965) e “Good country people” (1955), da escritora Flannery O’Connor. É objetivo central desta proposta a procura por identificar quais espaços, ou quais elementos neles contidos, tais como objetos e cores, compõem para uma melhor compreensão das obras, e analisar a função de ‘representação’ que muitos deles desempenham. Para tanto, alguns textos teóricos tomados como base são “Espaço e romance”, de Antônio Dimas, “O sistema dos objetos”, de Jean Baudrillard, “A cor no processo criativo”, de Lilian Ried Miller Barros, dentre outras obras concernentes à questão do espaço e à produção literária de Flannery O’Connor.
Ana Lúcia Oliveira Fernandez Gil (UDESC), Jacqueline Wildi Lins (UDESC)
O corpo feminino no espaço poético e estético de Frida Kahlo
A preocupação com a beleza é recorrente desde os tempos mais remotos, mas os padrões estéticos sofreram grandes mudanças ao longo do tempo influenciadas por fatores culturais, sociais, econômicos e históricos. O presente artigo aborda a obra de Frida Kahlo artista latino americana que coloca o corpo como matéria moldável possível de ser idealizado como lugar de questionamentos sobre a identidade feminina no espaço poético e estético da sua obra.
Ana Paula Alves da Silva (UFGD)
Relações de Gênero e Poder no âmbito privado dos/as alunos/as da Escola Família Agrícola (EFA), localizada no Assentamento Lua Branca, município de Itaquiraí-MS (um estudo de caso)
Ana Paula Medeiros Teixeira dos Santos (UEM)
A moda na educação dos anos 70: as aparências da primeira-dama Bárbara Barros
As fotografias são vetores de comunicação da moda e das representações de gênero presentes na sociedade e cultura acerca dos modos de vestir e aparecer publicamente. No trabalho examinamos as fotografias da primeira-dama, Bárbara Barros, focando a análise sobre as representações de moda e gênero veiculadas nas imagens. A personagem desempenhou o papel de primeira-dama entre os anos 1973-1977, quando o marido, Silvio Magalhães Barros, foi prefeito de Maringá (PR). No período, a atuação de Bárbara foi direcionada para um dos vértices da política da educação: a implementação das Associações de Pais e Mestres (APPs), nas escolas públicas. O levantamento e a análise de fontes imagéticas (fotografias), oriundas do acervo do Patrimônio Histórico de Maringá e da imprensa (jornais), mostra que o percurso da primeira-dama foi marcado pela produção de aparências, as quais informam sobre as tendências da moda dos anos 70 e nelas, as representações para o feminino e as feminilidades. As imagens produzidas para a primeira-dama na cobertura de eventos tecem representações que mostram como a personagem usou os artefatos indumentários, bem como os gestos e as atitudes concebidas como apropriados às mulheres, para conquistar simpatia e ter autoridade para comandar e atingir seus objetivos.
Ana Paula Patrone (USP)
"Sketches of Buenos Aires" - Leitura da Paisagem Urbana (1893-1898)
Ana Paula Provin (UDESC)
Práticas Contraceptivas e Aborto em Grupos Populares Urbanos
Esta pesquisa tem por objetivo reconstruir trajetórias afetivo-sexuais de mulheres e homens de grupos populares urbanos, buscando apreender suas representações sobre práticas contraceptivas e aborto. O universo é um bairro da periferia urbana de Florianópolis, e recorre-se a metodologias qualitativas (entrevistas e observação participante) e quantitativas (grupo focal e questionários). Pretende-se inventariar as práticas contraceptivas e de interrupção voluntária da gravidez e experiências dos sujeitos no que se refere aos chamados direitos reprodutivos e sexualidade. A pesquisa vem sendo desenvolvida em equipe, cabendo a bolsista de IC o suporte ao grupo da pesquisa,
na transcrição e análise das entrevistas realizadas, acompanhamento das pesquisadoras em entrevistas com as mulheres e profissionais da área de saúde que trabalham na região e na observação participante tanto nos grupos comunitários quanto no posto de saúde do bairro. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da UDESC e conta com o apoio do Edital 022/Saúde da Mulher/CNPq e Ministério da Saúde.
Ana Rosa de Sousa Amor (UNB), Gláucia Ribeiro Starling Diniz (UnB)
A relação conjugal violenta no discurso de mulheres vítimas de violência
A violência, processo presente em todos os espaços civilizatórios, emerge com configuração complexa nos relacionamentos afetivos. Na forma de violência conjugal, a violência de gênero encontra um espaço bem marcado, sendo que o domínio masculino é o seu propulsor. A experiência de violência no contexto das relações conjugais e familiares danifica profundamente a saúde mental e física de suas vítimas, provocando nelas perda da condição de sujeito e de cidadã. Desta forma, é necessário aprofundar e elucidar o entendimento da constituição da violência de gênero e buscar formas de lidar com o sofrimento provocado por ela, visto que histórias de relações afetivas violentas são recorrentes em diferentes contextos, refletindo a complexidade das dimensões pessoais, relacionais e sociais envolvidas. A luz de uma perspectiva feminista, este estudo visa compreender dimensões da conjugalidade violenta, tais como o silêncio e o segredo, a partir do discurso de mulheres vítimas de violência conjugal. Ressalta-se a pretensão não de alcançar neutralidade, mas mudanças sociais e empoderamento de grupos/sujeitos oprimidos, neste caso mulheres vítimas de violência. Com essa finalidade, busca-se fazer uma analise fundamentada em abordagens críticas.
Analia da Silva Barbosa (UFF)
Maternidade e Mulheres Encarceradas: olhares aproximativos dos pesquisadores e equipe técnica da SEAP que participam do Grupo de Pesquisa Os sentidos da Maternidade
Como primeiro produto da pesquisa acerca do tema Os sentidos da Maternidade e Sistema Penitenciário , realizamos um grupo focal com as pesquisadoras envolvidas no processo, com o objetivo de aprender como os técnicos que trabalham diretamente com as mulheres encarceradas e as pesquisadoras que formularam em conjunto a pesquisa problematizam a temática da investigação. O grupo focal foi um alternativa para pesquisar o universo técnico, discutindo em conjunto as questões ligadas ao mundo da criminalidade, cárcere, feminismo, maternidade, família entre outras questões.No presente trabalho, buscaremos analisar de forma qualitativa as percepções que os técnicos conseguiram extrair deste momento e os seus rebatimentos ao longo da pesquisa, pois esta experiência não foi conclusiva e sim o início de questionamentos, debates, encontros ao longo da pesquisa.
Andréa Pires Grandini (FCMSCSP), Marta Maria de Assis (Santa Casa - SP)
Principais Conseqüências Psicossociais da Paternidade na Adolescência: Uma Revisão Bibliográfica
Este trabalho teve como objetivos obter informações sobre os principais motivos que levam a paternidade na adolescência e identificar as conseqüências psicossociais relacionados à mesma. Pesquisa bibliográfica de 1998 a 2008 nas bases LILACS, BDENF, SCIELO e ADOLEC utilizando-se os descritores paternidade, adolescência, motivos e conseqüências. Dos artigos encontrados apenas sete respondiam aos objetivos. A maioria dos artigos foi publicada pelas revistas Caderno de Saúde Pública e Estudos de Psicologia. A faixa etária prevalente dos pais adolescentes foi de 15 a 19 anos. Os artigos mostraram que 86% dos pais adolescentes tinham o Ensino Fundamental Completo. A paternidade na adolescência levou a inserção no mercado de trabalho informal com renda mensal de um salário mínimo. Desconhecimento sobre contracepção (57%), relaxamento no controle da contracepção (57%), atribuição da responsabilidade de contracepção à parceira (42%) e baixo nível sócio-econômico (42%) foram os principais motivos que levaram a paternidade na adolescência, sendo conseqüências desta: abandono escolar (citado em 100% dos artigos); inserção no mercado de trabalho (85%); diminuição do convívio social (71%), dependência econômica dos pais (42%) e amadurecimento / aumento da responsabilidade (28%).
Andrei Martin San Pablo Kotchergenko (UFSC)
A Participação Das Mulheres Na Luta Armada No Cone Sul
Esta pesquisa pretende realizar uma análise sobre a participação da mulher nos grupos de esquerda armada, pertencentes ao Brasil e ao Chile, verificando principalmente a maneira pela qual essa participação feminina era vista e considerada pelos companheiros guerrilheiros atuantes nas mesmas organizações. Pretende enfocar também o sentimento dessas militantes em relação às dificuldades enfrentadas, devido à intensa discriminação que sofriam em suas trajetórias quanto guerrilheiras. Para a análise desta proposta temática, é utilizada uma comparação entre os conteúdos produzidos pelas organizações de esquerda armada desses países, focalizando a ALN, Ação Libertadora Nacional, do Brasil e o MIR, Movimiento de Izquierda Revolucionária, do Chile, tais como manuais, memórias, relatos autobiografados e bibliografia referente ao assunto. Para complemento e apoio dessas análises são usadas entrevistas realizadas com algumas mulheres que pertenceram ou colaboraram com as organizações já mencionadas.
Andreliza Cesar de Oliveira (UFSCAR)
Feminismo dialógico: Grupo de mulheres dialogando a construção da autonomia e solidariedade feminina
Este trabalho discorre sobre um projeto de extensão desenvolvido pelo grupo de Ação e Estudos de gênero e Feminismo Dialógico do NIASE- UFSCar (Núcleo de Ação e Investigação Social e Educativa) em conjunto com a Divisão de Políticas para Mulheres e dois Grupos de Mulheres. O primeiro grupo é composto por mulheres de um assentamento rural (Assentamento Rural Terra Nossa/Horto Aimorés -Bauru-Pederneiras/SP) e o segundo por mulheres de um bairro da periferia da Cidade de São Carlos. Pretende-se apresentar as principais ações educativas desenvolvidas com as mulheres na busca da prevenção contra a violência e autonomia feminina, as quais se manifestam pelos cursos voltados para a geração de renda, cursos de informática e vivência de práticas de solidariedade entre mulheres.
Tais atividades visam à inclusão de diferentes mulheres no diálogo fortalecendo e instrumentalizando-as para participarem dos diferentes espaços sociais, compreenderem a construção histórica da socialização de mulheres e homens e transformarem as práticas sociais de desigualdades de gênero. Baseiam-se na perspectiva teórica do Feminismo Dialógico, o qual tem suas bases na Aprendizagem Dialógica, pautada nas contribuições teóricas de Paulo Freire (Dialogicidade) e Habermas (Ação Comunicativa).
Andressa Marques da Silva (UNB)
Mulheres Negras e caminhos negados
Ane Talita da Silva Rocha (USP)
Os jovens e o prazer: Um recorte de gênero na escola pública
Anelisa Martins Ribeiro (UERJ), Anna Paula Uziel (UERJ)
Parentalidade e Adversidade: O que a justiça diz sobre a homossexualidade dos pais
Uma grande diversidade de estruturas familiares é comum na atualidade e um desses novos arranjos é a família homoparental, que consiste na formação de uma nova família composta por uma pessoa sozinha ou um casal de mesmo sexo e seus filhos, que podem ser adotados, fruto de reprodução assistida ou oriundos de relacionamentos heterossexuais anteriores. Tendo em vista que essa já uma realidade na sociedade atual e que, mesmo assim, ainda gera certo desconforto para alguns, o objetivo da presente pesquisa é observar como a justiça se posiciona a respeito da decisão sobre a guarda dos filhos quando, no momento da separação, o pai ou a mãe se declara ou é descoberto homossexual. Para tal, lemos processos de algumas Varas de Família do Estado do Rio de Janeiro. Ainda que a homossexualidade dos pais não seja impedimento para concessão da guarda, ela é tematizada no processo em todos os casos que aparece. Chama a atenção a comparação feita com outros personagens que também não se encaixam com a percepção hegemônica de família como o usuário de drogas ou de álcool. Declarar-se homossexual parece excluir a paternidade/maternidade e esse preconceito, mesmo que muito combatido, ainda aparece bem claramente nos processos aos quais tivemos acesso.
Angela Yesenia Olaya Requene (Universidad de Caldas), Nitonel Gonzalez Castro
Recorriendo las realidades del pueblo tumaqueño...¿el Congal un pueblo destinado al olvido?
Angélica Ferrarez de Almeida (UERJ)
O Corpo do Outro: Uma Reflexão acerca das Marcas da Nação e dos Castigos através das aquarelas de Jean Baptiste Debret
Anna Barbara Cardoso da Silva (UFPA), Luiz Eduardo Santos do Nascimento (UFPA), Kirla Korina dos Santos Anderson (UFPA)
A universidade vista pelas mulheres: interpretações sobre o processo de construção da identidade universitária
Anna Carolina Horstmann Amorim (UFPR), Marlene Tamanini (UFPR)
Gênero e ciência: dinâmicas das Novas Tecnologias Reprodutivas conceptivas
Trata-se de uma análise sociológica que cerca as diferentes especialidades envolvidas em reprodução assistida e que encontram-se ligadas aos centros e clínicas de reprodução humana pertencentes à Rede Latino Americana de reprodução assistida (REDLARA) e os conteúdos de seus artigos publicados entre os anos de 2000 e 2007 e disponíveis online nos sites das clínicas. Articula-se a estes aspectos a análise dos conteúdos publicitários encontrados nos sites das clínicas brasileiras e intersectam-se os sentidos dos discursos e o rol de valores presentes nas imagens. Objetiva-se, além de visibilizar as diferentes dinâmicas que envolvem a reprodução assistida em laboratório, analisar como as metáforas sobre reprodução, gênero e ciência são ali engendradas; como estas se conectam a processos sociotécnicos, afetivos e sociais e qual o lugar da ciência e da tecnologia na ordem reprodutiva. Por fim, analisa-se como a cultura da maternidade obrigatória permeia o campo publicitário e científico nesses espaços e ressaltam-se as possíveis consequências dessa estreita ligação para o âmbito social, cultural, ético, político e tecnológico.
Antonio Vitorino de Oliveira Bisneto (PUC - PR), Maria Francinete de Oliveira (UFRN)
Gênero e representações sociais no universo culinário
O universo dos alimentos – produção e reprodução – é repleto de valores que contribuem para o dinamismo de nossa cultura. Selecionar, transformar, descartar e reinventar sabores são tarefas próprias de quem executa o ato de cozinhar. Diante do exposto destacamos como objetivo do presente estudo analisar o universo culinário e gastronômico de acordo com os sistemas de gênero e suas representações sociais. Para análise destacamos os seguintes descritores: cozinheira, cozinheiro, chef, gourmet e gastronomia. De acordo com o senso comum, coerente com a literatura, a palavra cozinheira tem uma identidade social baixa ou negativa, uma vez que sua atividade é vista como extensão da cozinha doméstica. Representa uma empregada doméstica com atividade exclusiva na cozinha. Já o cozinheiro é visto como um profissional qualificado que trabalha em grandes cozinhas. O chef e o gourmet têm identidade social elevada ou positiva, sempre representado por uma figura masculina de classe social alta. Esta imagem, divulgada pela mídia, vem sendo responsável por uma representação social de sucesso da gastronomia. Concluímos inferindo que no universo culinário são recriadas as receitas de novos sistemas de gênero, mas, a gastronomia permanece masculina e a culinária feminina.
Ayla Pereira de Camargo (UEL)
Nas origens do movimento feminista “revisitado” no Brasil: o Círculo de Mulheres
São muitos os debates acerca do feminismo no Brasil. Todavia, são poucos os estudos que se lançaram na análise da estreita relação das experiências das mulheres exiladas como um dos pontos de partida para o desenvolvimento do feminismo que chamamos de “segunda onda”, ou de feminismo “revistado”.
Deste modo examinaremos essa experiência das mulheres que foram exiladas à época da ditadura militar, instaurada em 1964. Os anos no exílio foram importantes para a criação desse feminismo “revisitado”. Que foi responsável por uma importante contribuição teórica acerca da subordinação da mulher. No entanto, nossa pesquisa revela que as mulheres que estiveram à base de sua criação no exílio, sobretudo no Círculo de Mulheres Brasileiras em Paris, encontraram muitas dificuldades para se organizarem. O principal obstáculo eram companheiros militantes de dentro dos próprios grupos da esquerda.
Desenvolver este estudo poderá contribuir para a compreensão da eclosão feminista, e do conflito que trazia: a questão da luta de classes, e a questão da sexualidade da mulher. Foi dentro deste contexto em que de um lado estavam às agitações do feminismo francês inspirado nas idéias de maio de 1968 e, de outro, o movimento de mulheres, encontrado no Brasil.
Bárbara Duarte de Souza (UFPA)
Ações afirmativas e participação política das mulheres: um olhar sobre as cotas partidárias
Bárbara Morsch Lipp (UCS), Lucas Guarnieri (UCS), Najara Ferrari Pinheiro (UCS)
Bom, Bonito e Carinhoso: a representação da nova masculinidade na TV
Beatriz Cechinel (UNESC), Alexsandra Pizzetti Benincá (Unisul)
Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06) e violência de gênero: monitoramento processual das medidas protetivas para as mulheres no município de Criciúma-SC, entre os anos de 2008 e 2009
A Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06) foi criada com o intuito de reprimir e evitar a violência doméstica e familiar contra as mulheres no Brasil e, trouxe inovações ao prever medidas protetivas para tutelar as vítimas de violência. Esta pesquisa teve como objetivo apresentar dados e conclusões acerca do monitoramento processual das medidas protetivas concedidas ou denegadas às mulheres no município de Criciúma/SC, entre os anos de 2008 e 2009, envolvendo a violência doméstica no âmbito afetivo/sexual. Foram tabulados e analisados 269 processos judiciais, dentre os quais foi possível observar uma tendência de relacionamento duradouro, sendo que em 40% dos casos,este já existia há mais de 08 anos, tendo como característica a união estável (42%). Um dos fatores que mais impulsionou a violência foi a influência de álcool e drogas (26%). No que tange às medidas protetivas requeridas, verifica-se que as mais pedidas são a proibição de contato com a ofendida e seus familiares, e o afastamento do agressor do lar, sendo estes também os pedidos mais deferidos pelo magistrado. Conclui-se que embora tenham sido criadas medidas protetivas para prevenir a violência, o ciclo parece perdurar, já que o agressor torna-se reincidente no cometimento de tais delitos.
Bianca de Azevedo Lima (UFRJ), Rosa Maria Leite Ribeiro Pedro
Legalização do casamento homossexual em Portugal: redes e controvérsias
Este trabalho pretende investigar as redes relacionadas à legalização do casamento homossexual em Portugal. Como metodologia foi utilizada a Análise das Controvérsias (LATOUR, 2000) a partir de notícias na imprensa portuguesa.

Este autor indica que o melhor momento para se estudar as redes é quando ainda não estão estáveis, ou seja, quando suscitam controvérsias como durante o debate e votação do casamento homossexual. É raro as redes se formarem sem conflitos, as resoluções são sempre resultado de negociações.

Discursos de conservadores e religiosos evocam conceitos como casamento e família como imutáveis. De acordo com a concepção de Latour (1994) não há limites precisos entre diferentes categorias, o que forma os híbridos, que se proliferam nas sociedades contemporâneas. Desta forma, o casamento homossexual constituiria mais um híbrido. Para que esta hibridização ganhe estatuto de verdade é necessário a estabilização de um jogo de interesses e mobilização de aliados, não há uma regra a priori.


Referências

Latour, B. Ciência em ação: como seguir cientistas e engenheiros sociedade afora. São Paulo: Unesp, 2000.
Latour, B. Jamais fomos modenos. São Paulo: 34, 1994.
Bruna Alessandra Comelli Bukowitz (IESB), Valeska Zanello (IESB)
Contos eróticos e relações de gênero
O xingamento é um ato de fala que possui na esfera pública o objetivo de ofender. Cada cultura privilegia certas palavras que serão consideradas ofensivas. Em estudo recente (Zanello & Gomes, 2008) encontrou-se, entre estas palavras, uma prevalência daquelas de caráter sexual ativo para mulheres e passivo para homens. Elas apontam para espaços sociais interditados e não desejáveis, para uma determinada forma de regramento libidinal, subsistente na prescrição dos comportamentos sociais. É na intimidade que esta prescrição é transgredida, seja na realidade ou no imaginário erótico (Stoller). A presente pesquisa teve como objetivo fazer um levantamento da presença e freqüência de xingamentos em contos eróticos disponibilizados em sites pornográficos da web. A maioria dos xingamentos encontrados atribuídos a mulheres e homens são sexuais ativos. No entanto, para mulheres seriam ofensivos na esfera pública, enquanto para homens seriam elogiosos e enaltecedores de sua virilidade. Sugere-se assim que há um controle mais efetivo da sexualidade feminina (que pode se realizar pela via do masoquismo, como forma de liberação sexual, pois a transgressão na vida íntima casa-se com a humilhação na esfera pública); e um exercício da sexualidade masculina, marcada e valorizada pela virilidade.
Bruna Ferreira Gomes (PUC - GO), Cinthia Gracielle Martins
Adolescentes grávidas vítimas de violência: um olhar interdisciplinar sobre os serviços de saúde
A pesquisa trata da avaliação dos serviços de saúde prestados às adolescentes grávidas, vítimas de violência doméstica, na Região Leste de Goiânia. A gravidez na adolescência relaciona-se às condições sócio-econômicas de quem as vivenciam. A região é marcada pela vulnerabilidade social e alta incidência de gravidez. Objetiva avaliar e monitorar o processo de atenção à saúde de adolescentes grávidas, moradoras no Leste da cidade, que sofreram violência doméstica. A metodologia utilizada é a avaliação por triangulação de métodos. Esta propõe a abordagem quanti-qualitativa que consiste na combinação de múltiplas estratégias capaz de apreender tanto as dimensões objetivas quanto subjetivas do objeto. O método busca garantir a representatividade e a diversidade de posições dos grupos sociais e conhecer a magnitude, cobertura e eficiência dos programas investigados. O resultado permitiu elaborar o perfil bio-psico-sócio-econômico das adolescentes grávidas e a compreensão dos sentidos e significados que as mesmas dão à experiência vivenciada e à atenção de saúde recebida. Os resultados apontam para uma certa invisibilidade da violência nos serviços de saúde e dificuldades quanto à atenção interdisciplinar. A gravidez pode ser abordada como causa e/ou consequência da violência.
Bruna Janerini Corrêa (UNESP), Karina Pereira Lima (UNESP), Larissa Botura Fonseca (UNESP)
Corpo e identidade em travestis: reposição X transformação da identidade
Este trabalho realizou um estudo sobre as transformações do corpo e a constituição da identidade dos travestis. Buscou-se compreender o processo de formação e transformação homossexual, o processo de transformação em travestis e como tais mudanças configuraram-se na composição de suas identidades psicossociais. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com duas travestis de uma cidade do interior do estado de São Paulo. As entrevistas foram divididas em sete blocos: dados pessoais; história de vida; orientação sexual; corpo e identidade; percepção de si e do mundo; trabalhos; desejos e planos para o futuro. As análises foram realizadas a partir da teoria da identidade de Ciampa e da Psicologia Social na perspectiva Sócio-Histórica, que compreende a identidade como um processo em constante movimento. Este estudo mostrou que no processo de mudança da sexualidade e gênero dos sujeitos ocorre a perspectiva de uma identidade psicossocial de transformação (rompimento com o modelo anterior), bem como a perspectiva de uma identidade psicossocial de reposição (quando assume características tipicamente femininas). Mostrou-se também que esse processo está associado à superação da normatividade, da dicotomia homem-mulher e da hierarquização das identidades e das diferenças.
Bruna Rossi Koerich (UFRGS)
Questão urbana: um recorte de gênero
Objetivos: A questão urbana tem sido objeto de vários estudos, com recortes e áreas de pesquisa diversos. Contudo, o recorte de gênero ainda é pouco trabalhado e se caracteriza por possuir fontes limitadas e áreas de atuação restritas.
Este trabalho, ainda em andamento, busca analisar a interferência que o gênero exerce nos direitos e usos da cidade.
Metodologia: A pesquisa utiliza-se fontes teóricas estudiosos do direito à cidade e de gênero e feminismo, além de boletins de grupos de discussões sobre esta temática realizados em Fóruns Urbanos em todo o mundo. Buscando um enfoque desse recorte na questão habitacional, dados foram coletados durante reuniões com a comunidade para a elaboração do Plano Local de Habitação de Interesse Social nos Municípios de Eldorado do Sul(RS), São Leopoldo (RS) e São Gabriel (RS).
Conclusões: Por ser essa uma pesquisa ainda em andamento, seus resultados encontram-se em processo de finalização, entretanto, pode-se dizer que a conclusão principal da pesquisa é a positiva da influência do gênero na territorialização dos espaços, principalmente no tocante ao trabalho e às políticas públicas urbanas.
Bruno Adelmo Ferreira Mendes Franco (UFBA), Maria Thereza Ávila Dantas Coelho (UFBA), Nelson Junot Borges (UFBA)
Conhecimento acerca da AIDS e comportamento sexual de estudantes de Salvador - Bahia
Considerando a orientação do Ministério da Saúde de avaliação dos programas de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, este estudo objetivou investigar o comportamento sexual dos jovens e o seu conhecimento acerca da AIDS. Para tanto, utilizou o Questionário para avaliação de programas de prevenção das DST/AIDS do próprio Ministério, com uma parcela da população estudantil de Salvador/Bahia. Foram aplicados 100 questionários por um grupo de discentes do Bacharelado Interdisciplinar em Saúde da UFBA, em instituições de ensino médio e superior, em cinco ocasiões distintas. No que diz respeito às características demográficas da população estudada, 75% era do sexo feminino, com idade entre 14 e 55 anos, e 82,25% eram alunos da rede pública de ensino médio. Em relação ao comportamento sexual, 60% já havia tido pelo menos uma relação sexual, dos quais 64% relataram uso de preservativo na primeira relação. 51% disseram ter se relacionado sexualmente nos últimos seis meses, destes somente, 17% usaram preservativos todas as vezes, mas apenas 35% tiveram parceiro fixo. Conclui-se que a população estudada ainda é desinformada e necessita de mais programas de educação e orientação sexual.
Caetano Kayuna Sordi Barbará Dias (UFRGS), Bernardo Lewgoy (UFRGS)
O triângulo rosa: o reconhecimento da perseguição nazista aos homossexuais (1933-1945) e a cultura memorial da República Federal Alemã sobre o III Reich
Este trabalho surge como derivação da pesquisa realizada, sob orientação do Prof. Bernardo Lewgoy, acerca das vicissitudes sofridas pela cultura memorial alemã sobre o Holocausto. O reconhecimento de homens e mulheres homossexuais entre as vítimas da perseguição nazista (1933 – 1945) tem sido uma das principais demandas dos movimentos pelos direitos sexuais na República Federal Alemã desde a década de 60. Neste contexto nacional, a construção de memoriais às vítimas do III Reich possui grande importância dentro das políticas de reparação, tornando-se, para o movimento gay, objeto central de suas demandas. Da positivação semântica inicial do "Rosa-winkel" [triângulo rosa, estigma aplicado aos uniformes dos prisioneiros homossexuais] nas décadas de 70 e 80, passando pela crise de representação da cultura monumental alemã sobre o holocausto (anos 90, 2000), o presente trabalho intenta traçar uma linha concisa das mudanças e transformações sofridas pela cultura da memória deste grupo de vítimas, sobretudo seu papel na consolidação do movimento gay alemão.
Camila Bianca dos Reis (UFSC)
Afirmação de masculinidade na violência doméstica contra a mulher: um discurso presente?
Em uma época marcada por crises, mudanças culturais e mudanças sociais, o sujeito contemporâneo reformula e afirma seus valores e identidades constantemente. Comportamentos, sentimentos, desejos e emoções, vistos como partes de uma essência masculina ou feminina, são produtos de determinado contexto histórico cultural. Por essa perspectiva, algumas mudanças na sociedade atual como, por exemplo, na estrutura familiar, com a emancipação das mulheres e as conquistas femininas no mercado de trabalho, geraram o que podemos chamar de uma crise do masculino. As mudanças nos papéis masculinos e femininos geraram homens mais afetuosos que, por outro lado, fez com que se sentissem ameaçados pela “dominação” feminina. Como reação desse sentimento de ameaça há uma valorização e afirmação da masculinidade por parte dos homens “machos”, que muitas vezes acontecem por meio da imposição de poder e autoridade nas relações de trabalho e familiares. Nesse sentido, este trabalho se propõe analisar as representações e formas de afirmação de masculinidades nos homens que estão vivenciando uma relação de gênero com violência doméstica contra a mulher.
Camila de Sousa Godoy (PUC - GO), Débora Marinho Avelar (PUC - GO)
Os sentidos e significados da gravidez, maternidade e paternidade na adolescência
O presente estudo busca constituir uma aproximação dos temas: sentidos e significados da gravidez na adolescência para os sujeitos que vivenciam essa realidade e sua percepção acerca da participação do companheiro antes e após o nascimento do filho. Trata-se de uma pesquisa que busca o aprofundamento das reflexões e discussões acerca do tema proposto. A análise do corpo de conhecimento construido, a partir das lentes analiticas feministas pode contribuir para uma melhor compreensão da temática proposta. As influencias sociais, psicológicas e biologicas na vida das adolescentes e seus companheiros parecem determinar a presença ou ausência paterna em todo o processo de gravidez considerada precoce. Os sentidos e significados da gravidez, maternidade e paternidade na adolescência estão carregados, entre outros, de conceitos (ou pré-conceitos) relacionados ao gênero, geração e classe social.
Camila Gonçalves Chagas (UNISINOS)
Reflexão de uma experiência: aprendendo a tecer com as artesãs
Pesquisamos um grupo de mulheres tecelãs e o relacionamos com a experiência de conhecimentos invisibilizados na história das mulheres. O grupo pesquisado é do município de Alvorada/RS. Durante dois dias vivenciamos (orientadora, mestranda e bolsistas de iniciação científica) uma experiência diferenciada junto com esse grupo de artesãs. Esse encontro tinha como objetivo o aprender, ensinar e refletir os processos da tecelagem, a partir de uma “inversão de papéis”: as tecelãs tornaram-se professoras e as professoras e futuras professoras, tornaram-se alunas. Os grupos se reuniram no próprio atelier para a produção de peças individuais: aprendemos a tecer uma peça própria, enquanto as tecelãs produziram uma peça para elas. Entendo que esse momento foi um passo decisivo para que houvesse uma reflexão sobre a automatização do trabalho manual. Ensinar-nos a tecer afastou-as da preocupação da demanda de produção de trabalho, e fez com que vissem as peças produzidas de outra forma, não apenas como um trabalho, mas também a beleza deste. Assim, elas puderam visibilizar seus conhecimentos, sabendo que os possuem e são capazes de produzi-los e ensiná-los.
Camila Rodrigues da Silva (UNESP)
Gênero e documentação jurídica: percebendo as subjetividades femininas
O projeto objetiva identificar e analisar as múltiplas identidades femininas e as relações de gênero no cotidiano das cidades paulistas que compreenderam a circunscrição da Comarca de Bauru no período de 1920-1940, observando a dinâmica dos movimentos dos indivíduos inseridos em uma sociedade em formação, diante dos avanços e recursos implementados pelo complexo processo de mudança, modernização/modernidade do século XX. Atento ao cotidiano, as práticas sociais e principalmente as relações de gênero que permitem observar singularidades de uma inserção feminina no espaço público, este, contribui para resgatar uma outra visão histográfica da sociedade, com temporalidades heterogêneas, a partir da leitura de Inquéritos Policiais do período.
Camila Serafim Daminelli (UDESC)
O mercado do sexo infanto-juvenil feminino em Florianópolis: perspectivas e enfrentamentos (1990 – 2009)
No decorrer do século XX o Estado brasileiro buscou regulamentar algumas atividades exercidas por menores, enquanto outras se tornaram alvo de prevenção. Dentre as práticas a serem abolidas, destaca-se a prostituição infanto-juvenil, cuja luta ganha força na década de 1980 com os discursos feministas e internacionais. Percebe-se um deslocamento no que se refere à compreensão da prostituição infanto-juvenil e às formas de enfrentamento no Brasil, ao longo das últimas décadas. Concebido como um problema moral da infância sem assistência pouco visado nas legislações de 1927 e 1979, a prática passa a ser entendida como uma violência contra os menores, sendo seus agressores criminalizados judicialmente, de acordo com o ECA, a partir de 1990. Em Florianópolis, na contemporaneidade, a prostituição infanto-juvenil situa-se num contexto de diversidades, visto que as pessoas envolvidas possuem trajetórias de vida singulares, mas também porque existe uma gama diversa de serviços sexuais comerciais e uma demanda por eles, o que gerou um mercado do sexo infanto-juvenil. A partir de uma perspectiva teórica das relações de gênero, busca-se neste estudo conhecer a relação destas jovens com a atividade laboral e as ações dos programas sociais no enfrentamento das mesmas.
Camile Faustino (UERJ), Dayse de Paula Marques da Silva (UERJ), Natalina Ribeiro Brito (UERJ)
Hierarquias de gênero e conhecimento: a casa de parto no Rio de Janeiro
O presente trabalho tem como objetivo fazer uma análise da transversalidade de Gênero nas carreiras profissionais, especificamente no Serviço social e na Medicina bem como um estudo das relações de gênero no mercado de trabalho. Este trabalho é fruto de estudos e leituras de textos incorporados do Projeto de Pesquisa: Novas hierarquias profissionais: conhecimento, gênero e etnia do Programa de Estudo de Gênero, Geração e Etnia – PEGGE/SR3/FSS/UERJ. As profissões são grupos de poder dentro da sociedade dispostos de forma hierárquica, que buscam a valorização e a legitimidade do seu fazer profissional. O perfil atribuído às mulheres se relaciona a qualidades consideradas genuinamente femininas, tais como a sensibilidade e o cuidado, enquanto o masculino caracteriza-se como o mais técnico e objetivo. As profissões “destinadas” às mulheres têm baixo prestígio e são desvalorizadas. Estas questões podem ser claramente evidenciadas através das discussões sobre as casas de parto no RJ. Os únicos profissionais de nível superior que atuam são o enfermeiro, o nutricionista e o assistente social, o que provocou muitos conflitos com o Conselho Regional de Medicina, em 2009. Este fato será analisado com base nas hierarquias de gênero e de conhecimento.
Carina Géssika Irineu do Monte (UFRPE), Maria de Fatima Paz Alves (UFRPE)
Gênero, sexualidade e saúde reprodutiva na perspectiva de alunos/as de uma escola pública, em Recife-PE
No trabalho apresentamos e discutimos o modo como jovens de uma escola pública situada numa comunidade de baixa renda de Recife/PE, se posicionam diante de questões relativas às relações de Gênero, Sexualidade e Saúde Reprodutiva. Ele fundamenta-se em técnicas de natureza qualitativa, entrevistas semi-estruturadas e observação sistemática do cotidiano escolar de rapazes e moças, na faixa etária entre 14 e 18 anos. A pesquisa realizada fez parte do projeto de extensão “Formação em Gênero, Sexualidade e Saúde reprodutiva entre jovens de escolas públicas dos bairros de Sítio dos Pintos”, desenvolvido por bolsistas do curso de Economia Doméstica da UFRPE em 2009. Os resultados indicam que tanto homens como mulheres se queixam quanto à forma com que são vistos e tratados mutuamente, destacando a relação de competição que existe entre os sexos. No que se diz a respeito ao namoro/relacionamento afetivo, o modelo de dominação masculina sobre o feminino é um ponto recorrente enfocado por eles/as, ao mesmo tempo é um dos principais motivos geradores de violência contra as mulheres. A conclusão sinaliza para a falta de diálogo entre: pais e filhos/as e, a escola, apontando-se esta última como local em que mitos e tabus devem ser quebrados particularmente, em relação às temáticas abordadas.
Carlo Giovani de Jesus Bruno (UFF)
A Lapa de hoje e de "Madame Satã"
O presente trabalho visa analisar e comparar os espaços de convivência e de lazer da população LGBTT do Rio de Janeiro, mais especificamente da lapa, nos anos 30 traçando as devidas relações com os atuais espaços. O trabalho utiliza como referencia principal o filme “Madame Satã”, interpretado por Lazaro Ramos, que narra a história de João Francisco dos Santos, personagem lendário de resistência da Lapa entre os anos 30 e 40, negro, homossexual, que realiza performances durante uma época de extrema repressão, sendo respeitado e admirado por diversos freqüentadores da lapa nos tempos áureos da “malandragem” carioca, apesar de toda a força do preconceito daquele momento histórico. A partir do filme e de sua contextualização na época este trabalho caracteriza as atuais áreas destinadas para o publico LGBTT, observando as diferenças e semelhanças de diversos aspectos, porém centrando no caráter sócio-econômico dos atuais freqüentadores, avaliando também os impactos gerados por estas áreas no contexto geral da lapa.
Carlos Wendell Pedrosa dos Santos (UFPE), Vitória Régia Fernandes Gehlen (UFPE), Maria Magaly Colares de Moura Alencar
Divisão sexual do trabalho nas Unidades Domésticas de Produção no Município de Toritama.
Carolina de Souza Amaral (FURG)
“É jogo de mulher, é mulher com mulher ...”: os espaços e lugares das mulheres na roda de capoeira
Este trabalho objetiva analisar as relações de gênero no contexto de rodas de capoeira na cidade do Rio Grande, RS. Essa análise foi feita a partir dos dados coletados nos diários de campo e das imagens das rodas de rua. A capoeira não parece preocupada com as relações de gênero, mas elas emergem nas suas práticas, em que mulheres, muitas vezes, são secundarizadas tanto nas rodas como nos rituais e treinos. O fato de ser uma luta é associada diretamente à masculinidade, já que para as mulheres a sociedade reserva as atividades corporais mais delicadas como a dança. É a masculinidade que eles querem expor quando tomam conta da roda, mostrando seus corpos fortes e viris, num jogo de enfrentamentos corpóreos, em que se espera que o duelo seja vencido não só pelo mais habilidoso, mas também pelo mais forte. Contudo, as poucas mulheres que tentam subverter essa lógica, nem sempre são bem sucedidas, pois são eles quem determinam os espaços e as atividades reservadas a elas. Além disso, a maior parte dessas atividades destinadas às mulheres na roda de capoeira são hierarquicamente inferiores em relação àquelas desenvolvidas pelos homens, independente de suas habilidades.
Carolina Ferreira de Figueiredo (UDESC), Thamirys Mendes Lunardi (UDESC)
El Bint: o desafio das jovens mulheres muçulmanas em Florianópolis (1990-2010)
A partir de pesquisa iniciada em agosto de 2009 sobre a população árabe muçulmana em Florianópolis, constatamos que este grupo é pouco vislumbrado pela historiografia. Dentro deste grupo, é perceptível o desafiante estágio em que se encontram as mulheres jovens- Bint em árabe; isto porque seu papel na comunidade islâmica não está solidificado, porque ainda não constituíram família e não representam o papel social de mulher amadurecida, e sobretudo de mãe. É relevante ressaltar a dificuldade destas jovens de estarem em cultura tão diferente que a sua materna, de modo que suas experiências perpassam discussões acerca de como enxergam o seu papel nas duas sociedades, buscando perceber a presença de uma reprodução das concepções mais clássicas ou permissivas da cultura árabe. Pretendemos aprofundar questões relativas ao (auto)-reconhecimento destas jovens acerca do seu papel como mulher no Islã, a partir daquelas que residem na capital de Santa Catarina. Assim, as noções do significado de mulher, casamento, família, indicam ser diferentes e até mesmo, conflitantes. Nesse estudo, pretendemos visibilizar as falas destas jovens, suas identificações e pertencimentos, considerando o seu cotidiano rodeado por elementos não árabes, “próprios” à cidade contemporânea e ocidental.
Carolina Izabela Dutra de Miranda (UFMG), Maria Zilda Ferreira Cury
Entre lugares do feminino: as faces da diáspora nas personagens de Relato de um certo Oriente, de Milton Hatoum
Este trabalho pretende abordar o espaço conquistado pela figura feminina em uma obra da literatura brasileira contemporânea. Em Relato de um certo Oriente, de Milton Hatoum, focalizamos a diáspora da personagem Emilie e sua família para o Brasil em 1920, em busca do Amazonas, abandonando um Líbano dominado pelo império Otomano, sua pressão político-religiosa e a dificuldade de sobrevivência. O objetivo desta pesquisa é explicitar como a migração desta libanesa cristã e a construção de sua família constituem um entre lugar cultural, contrapondo o lugar de soberania e alicerce conferidos à figura feminina da matriarca na tradição árabe, a das personagens femininas das populações indígena e ribeirinha, vítimas da exploração e da subserviência social. Pretende-se explorar como a negociação identitária e cultural, entre ocidente e oriente, ocorrem por meio da personagem Emilie, ressaltando a troca entre culturas e constituindo a revisitação do regionalismo, transfigurando o ambiente amazônico em lugar de contradições que extrapolam o regionalismo. Espera-se demonstrar a ressiguinificação, importância e função atribuídas pelo autor à ficcionalização da diáspora feminina em suas obras.
Carolina Ribeiro Pátaro (UNESP), Renata Sparapan
Abordagens da violência doméstica em revistas feministas acadêmicas brasileiras
Caroline Marci Fagundes Coutinho (UNIMONTES), Gemilson Soares da Silva Segundo (UNIMONTES)
Mandachuvas ou mandonas? A posição das policiais femininas enquanto provedoras dos lares
Cássio de Albuquerque Maffioletti (UFRGS)
Emancipação de jovens de periferia
O projeto pretende viabilizar a formação de equipes de trabalho capazes de tomar iniciativas, prover e administrar recursos, construindo caminhos para geração de renda e desenvolvimento de trabalho social comunitário. São protagonistas desse processo os jovens da comunidade da Vila Bom Jesus, da cidade de Porto Alegre, na sua maioria militantes do movimento Hip Hop. A pesquisa valoriza as iniciativas dos seus protagonistas, potencializando suas ações e dando voz aos anseios da comunidade. Trata-se de pesquisa do tipo qualitativa, que “envolve a imersão do
pesquisador no campo de pesquisa, considerando este como o cenário social em que tem lugar o fenômeno estudado em todo o conjunto de elementos que o constitui, e que, por sua vez, está constituído por ele”. (REY, 2005 p. 81). Como iniciativa já consolidada foi criado o espaço de vivências “Casa do Hip Hop KSULO”, onde são ministradas oficinas de Break, DJ, MC e Graffit, informática e produção musical. Contamos com 6 computadores doados pela ONG Moradia e Cidadania. A KSULO fomentou a cooperativa de confecção de roupas com a grife “470”, como alternativa da geração de renda. Para a capacitação profissional dos jovens na produção de gestão de recursos firmou parceria com Fundação Luterana de Diaconia.
Catarina Lisboa do Carmo (UDESC)
Da Rua à Mesa: manifestações sócio-culturais da população árabe em Florianópolis/SC (1991-2010)
Na contemporaneidade, devido ao desenvolvimento tecnológico acelerado, diferentes culturas e/ou nacionalidades entram em contato através de um trânsito intenso de produtos, pessoas e informações. Lançados a migração transnacional, a comunidade árabe em Florianópolis, formada inicialmente em 1920, atravessa e é atravessada pelo processo de mundialização. Assim, a comunidade árabe florianopolitana parece experimentar, a partir de um processo de desterritorialização, maneiras de se inserir no mundo que tensionam lugares vistos como próprios das suas inscrições culturais. Neste sentido, a comida, fruto de uma maneira particular de preparar os alimentos, narrativa sensitiva e simbólica de cores, texturas, sabores e cheiros, se apresenta como estimulante de lembranças e de produção de lugares de memória, que muitas vezes são utilizados para sustentar uma identidade cultural e/ou nacional. Na cultura árabe, visivelmente balizada entre domínios feminino e masculino, a cozinha é o setor da casa onde o poder é exercido quase que exclusivamente pelas mulheres. Onde hierarquias familiares são postas, receitas são ensinadas de mãe para filha, de sogra para nora, onde quem tem o “saber fazer” é portador e transmissor de uma tradição sustentada nas falas e práticas cotidianas dessa população.
Catharina da Cunha Silveira (UFRGS), Maria Simone Vione Schwengber (Unijui)
O Pai Presente: um modelo masculino em crescente evidência na mídia
Esta pesquisa tem como objetivo destacar as transformações ocorridas em relação às posições masculinas - de parternidade(s)- a partir da segunda metade do século XX, mapeadas em um artefato específico da mídia brasileira a revista Pais & Filhos. Selecionamos artigos da coluna Pais, nos exemplares de Janeiro a Agosto de 2009. Como estratégia metodológica utilizamos a análise de discurso. Das análises destacamos os seguintes resultados: a Pais & Filhos apresenta, inicialmente, uma postura tradicional de exacerbação da centralidade da mãe, porém esse posicionamento modifica-se, pois, observa-se a partir da década de 80, um movimento que desloca essa posição de única responsável, aumentando o envolvimento do genitor na criação dos/as filhos/as. Assim, o planejamento, cuidado, educação dos/as filhos/as passa a ser visto como um problema do casal; embora a mãe permaneça enunciada como a responsável principal, pois a ajuda paterna inicialmente restringe-se à esfera lúdica. Observa-se a multiplicação de enunciados que evidenciam o lugar do novo pai “sentimental, amoroso”, como o modelo de marido participante e de pai presente: aquele que ajuda a mulher nos cuidados (alguns) com as crianças, descrito como um homem “mais completo”, pelo enriquecimento da experiência da paternidade.
Catiane Resinato Ribeiro (Bolsista recém-formada)
Partipação das mulheres na organização política do Sudoeste Paranaense: terceira jornada de trabalho
Cinthia Alves Falchi (UNESP)
Discurso Heteronormativo: uma postura histórica na atualidade.
Clara Pedroso Maffia (UNIFEM)
Tematizando a participação política feminina: o processo de conquista das cotas de gênero no Brasil
Cláudio Claudino da Silva Filho (UFBA), Nadirlene Pereira Gomes
Prostituição Masculina e Feminina: concepções de mulheres em situação de prostituição no município de Juazeiro, Bahia, Brasil
Cristina Lessa dos Santos (UFPEL), Henrique de Oliveira Arrieira (Anhanguera Educacional/Pelotas)
As questões de gênero nas aulas de Educação Física na escola e nas Casas Lares
Esta pesquisa aborda a percepção das crianças e adolescentes que vivem em uma Casa Lar, com relação à Educação Física (EF) escolar e analisa como se manifestam as questões de gênero nas escolas onde estudam e também na Casa Lar. O estudo segue os princípios da abordagem qualitativa, do tipo estudo de caso, o qual buscou, através de entrevistas semi-estruturadas e observações, responder as questões definidas na investigação. A pesquisa contou com a participação de 14 meninas, cujo critério utilizado para defini-las foi estar regularmente matriculada na escola desde o início do ano letivo de 2009. A partir das observações feitas e dos dados levantados, através das entrevistas surgiram às questões de gênero, já que são comuns as aulas de EF serem separadas, meninos jogam bola e meninas brincam de pular corda, por exemplo. Este é um fator de extrema relevância, pois se pôde constatar com este estudo que as aulas de EF são mistas, no entanto, algumas meninas disseram que às vezes estas aulas são separadas. Entende-se que esta separação traz danos para o pleno desenvolvimento da criança e, para estas meninas em especial, este é um fator o qual acentua estes prejuízos, uma vez que elas são também privadas deste convívio nas Casas, já que estas são organizadas por sexo e idade.
Cristovam Colombo Cirqueira Ferreira Filho (UFCE)
Interfaces do lazer e sua fronteira com o popular: notas sobre as interações e subjetividades juvenis LGBT no centro de Fortaleza
A pesquisa aqui apresentada tem como objeto de investigação as sociabilidades juvenis, no contexto das práticas de lazer e consumo de jovens de classes populares. Nessa população, fazemos um recorte: elegemos jovens LGBTs e suas “sociações homoeróticas” (Paiva, 2009, 2007) associadas às práticas de lazer e consumo das camadas populares. Destacamos, a partir de uma revisão bibliográfica, a lacuna de estudos sócio-antropológicos que tratam dessa parcela da juventude brasileira. Objetivando promover uma incursão etnográfica e perceber a importância de um estudo sob a ótica da antropologia, a pesquisa possui um caráter essencialmente qualitativo, uma vez que busca descrever e acompanhar as práticas de lazer/consumo dos jovens LGBTs no “território relacional” do centro da cidade de Fortaleza no Estado do Ceará, com freqüência predominantemente homossexual de classe social baixa, palco para a expressão de Néstor Perlongher (1993, 1987) “homossexualidades populares”, sobre as quais recaem de forma potencializada, os preconceitos e injúrias associados às identidades LGBTs. A pesquisa, por fim, pretende refletir sobre alguns dos elementos fundamentais das interações juvenis LGBTs no contexto do mercado de consumo e lazer popular na noite do centro de Fortaleza.
Daiane Cardoso dos Santos (UNISUL)
A desconstrução da linguagem sexista
O presente trabalho tem por objetivo abordar o sexismo presente na Língua Portuguesa, que, por ser, predominantemente masculina, acaba sendo discriminatória em relação ao gênero feminino. Face ao debate constante que tem sido estabelecido a respeito da temática do gênero social, uma revisão bibliográfica acerca dos estudos que abordam o sexismo da linguagem, faz-se necessária. As opiniões de pesquisadores como Caldas-Coulthard (2007) e Da Silva (2004) sobre a predominância do gênero masculino na construção dos discursos sociais são aqui apresentadas, a fim de colaborarem para uma melhor compreensão do tema. O artigo não somente aborda o sexismo presente na linguagem, mas aponta possibilidades de mudanças propostas por estudiosos/as como: Cannabrava (2010) e Alvarez (2006) para que essa linguagem preconceituosa e discriminatória contra o gênero feminino seja alterada nos discursos que circulam em diferentes ambientes sociais. Para que essa mudança aconteça, torna-se necessário o uso constante de uma linguagem inclusiva, no maior número possível de representações linguísticas disponíveis na sociedade.
Daiane Grillo Martins (FURG), Carla Rosane Mattos Gautério (FURG)
Aulas de Educação Física separadas por gêneros: o professor atuante na construção de uma identidade social
Este trabalho tem por objetivo analisar a atitude do professor de Educação Física em relação à questão da separação entre gêneros nas aulas do terceiro ciclo do Ensino Fundamental no município de Rio Grande. Por isso, procura-se vincular esse tipo de intervenção à formação de conceitos de gênero por parte dos educandos enquanto seres produzidos no contexto social. A idéia dessa produção resulta da pesquisa de campo realizada em duas escolas do Ensino Fundamental, sendo uma pública e outra privada, em que foram analisados dois professores do sexo masculino. Dessa maneira, foi possível observar que os professores constantemente fazem distinção entre gêneros, ou seja, meninas e meninos praticam atividades diferenciadas como, por exemplo, futebol para eles e voleibol para elas. Constata-se, dessa forma, que o professor de Educação Física que não proporciona vivências corporais coletivas não dá para ambos a mesma oportunidade de desenvolvimento de habilidades, estimulando a naturalização da distinção entre gêneros. Conclui-se, então, que esse educador pode ser considerado agente ativo na produção de uma identidade social em que homens e mulheres, mesmo nas séries fundamentais da escola, ocupam posições distintas.
Damaris Schwalb (PUC - PR), Angélica Caroline Fernandes (PUC- PR), Bruna Fiedler de Moura (PUC - PR)
Gênero, o medo e a humanização do parto
O parto é um fenômeno social vivido de forma intensa, em especial pela mulher, e desencadeia diferentes redes de ligação entre papéis sociais, história de vida e identificação de gênero. Indepentende da escolha do tipo de procedimento adotado, ele é uma experiência tanto biomédica quanto sócio-cultural. É através da cultura que se determina o que é o processo e como agir e reagir diante dele. Sendo assim, cada tipo de parto tem uma significação que interfere no modo como a experiência é vivida pela mulher e na forma como os profissionais participam da mesma. Para que o parto seja uma manifestação do que é propriamente humano, todos os participantes envolvidos no nascimento devem interferir o mínimo possível, adotando uma postura respeitosa ao desejo da mulher. O medo da experiência do parto, presente no estudo de caso realizado, é um fator de bloqueio do poder de escolha e desejo da mulher. A gestante, mulher, filha e futura mãe na sociedade atual se sente incapaz e insegura frente a este processo devido ao discurso social presente do quão sofrido e perigoso o parto natural é, resultando em uma tendência de se estabelecer um ciclo vicioso entre seus desejos e a dos profissionais envolvidos, sustentado pelo medo eminente da hora do parto.
Dandara de Oliveira Ramos (UFRRJ)
A feminização do magistério no município de Nova Iguaçu, na primeira metade do século XX
Daniel de Jesus dos Santos Costa (UNB)
Educação e identidades negras fortalecidas
Daniel Luis Moura Vergara (UFPEL), Helena dos Santos Candiota (UFPEL), Claudia Turra Magni
“Marcely, muito prazer!”: Construindo um feminino no masculino
Daniel Paulo Caye (UFRGS)
A aplicação do Direito Internacional dos Direitos Humanos para proteção d@s LGBTs: os Princípios de Yogyakarta e seus reflexos no Brasil
Em novembro de 2006, uma coalizão de organismos internacionais se reuniu com objetivo de desenvolver um conjunto de princípios jurídicos que trariam mais clareza e coerência às obrigações dos Estados no tocante às violações de Direitos Humanos baseadas na orientação sexual e identidade de gênero. Ao fim da conferência, foi aprovada carta de princípios sobre a aplicação da legislação internacional de Direitos Humanos em relação à orientação sexual e identidade de gênero, os chamados Princípios de Yogyakarta. A partir da premissa de que todos os Direitos Humanos são universais, interdependentes, indivisíveis e interrelacionados, a orientação sexual e a identidade de gênero se apresentam como essenciais para a dignidade e humanidade de cada pessoa. Com base nessa perspectiva, a presente pesquisa visa a estudar a evolução do Direito Internacional quanto a tal temática; analisar a referida carta de princípios e suas possíveis influências no Direito Interno brasileiro; além de apresentar o quadro atual das discussões sobre direitos da população LGBT no Brasil, no qual se destacam o programa “Brasil sem Homofobia”, o PLC 122/06, a I Conferência Nacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (2008) e os planos de ação decorrentes desta conferência pioneira no Brasil.
Daniela Possebon (UFSM), Luana Ferreira de Oliveira, Glaucia Vieira Ramos Konrad
Vila Lídia, um estudo de caso: apontamentos sobre pobreza, cultura e a exclusão da mulher
Este trabalho teve início no primeiro semestre de 2009, como levantamento histórico de uma área de realocação e sub-realocação, a Vila Lídia, no município de Santa Maria – RS. Através do projeto, encontramos uma realidade carente de políticas públicas adequadas, uma população criminalizada, em boa parte desempregada ou no trabalho informal, com acesso restrito à saúde, educação, lazer, salário digno, saneamento e moradia de qualidade.
A pesquisa tomou o propósito de identificar elementos problemáticos sociais, políticos e econômicos, trabalhando no método materialista e na forma da antropologia engajada. Desenvolve intervenções culturais adequadas buscando transformação em relação às políticas públicas e à emancipação, agindo através de educação transformadora. Realiza práticas sociais competentes dentro do contexto cultural e econômico, com isso também despertando um olhar menos hostil da população de Santa Maria que não compartilha a realidade dos moradores da periferia pobre.
O estudo foca-se no papel da mulher protagonista da pobreza, da subjugação e do preconceito, tiradas de suas casas, com dificuldades em trabalhar e por isso as principais colaboradoras nesta síntese. Também examinando como a realidade mundial de opressão e exclusão feminina e a Vila Lídia interagem.
Daniela Romcy (UFSM)
Virar ou não virar ONG: o grande dilema?
Este trabalho é um recorte da pesquisa de conclusão do curso de Ciências Sociais na Universidade Federal de Santa Maria – RS, que esta sendo realizada com o Grupo Igualdade, fundado em outubro de 2002. Este grupo é representativo do movimento LGBT (lésbicas, gays bissexuais e transgêneros) no cenário municipal de Santa Maria e tem como sua principal atividade, a organização da Parada Livre de Santa Maria.
Especificamente com este artigo exploro a idéia “virar ONG” (Organizações não-governamentais, cunhada por Regina Facchini (2005), como parte importante do processo de constituição de uma identidade coletiva aqui analisada. Pensar através de uma linearidade, apenas analítica, os processos de construção e legitimação do grupo.
Para esta pesquisa qualitativa, utilizo-me da ferramenta etnográfica como coleta de dados, através da observação participante de suas reuniões e eventos, no período de setembro de 2007 a setembro de 2008.
Daniele Schwochow Pires (FURG), Stella Amaral Martins (FURG), Peterson Dourado de Quadro
Mulheres Boleiras e Mídia: de que forma é retratado o futebol feminino?
Muitas são as instâncias sociais que de uma maneira ou outra excluem o sexo feminino. Não seria diferente dentro dos esportes. O futebol era uma das práticas vinculadas aos homens, como se pode perceber na deliberação do Conselho Nacional de Desporto, em 1965, que afirmava que à mulher “não é permitida a prática de lutas de qualquer natureza, futebol, futebol de salão, futebol de praia, pólo aquático, pólo, rugby, halterofilismo e baseball”. (CASTELANI FILHO, 2003 apud CORRÊA, s/d, p. 3) Hoje, existem vários times femininos de futebol e alguns campeonatos, mas percebe-se que na mídia o futebol feminino não tem a mesma repercussão destinada ao sexo oposto, talvez por ainda existirem visões pouco flexíveis para mudanças do cotidiano e ainda prevalecerem questões culturais que destinavam à mulher o trabalho doméstico e a função reprodutiva.(CORRÊA, s/d) Então de que maneira a mídia retrata as mulheres boleiras? Estas mulheres conseguem alguma repercussão quanto a seus méritos? Sendo assim, neste trabalho temos como objetivo, através de pesquisa documental, pontuar de que forma as mulheres vêm se constituindo no campo da prática futebolística e ainda de que maneira a mídia é utilizada como um artefato cultural que propaga uma identidade de mulheres adeptas dessa prática esportiva.
Danielle Ferreira de Araújo (UFSC), Rosana de Carvalho Martinelli Freitas (UFSC)
A Retórica da Emancipação: descortinando formas de poder e controle
Este trabalho apresenta os resultados parciais da pesquisa documental e bibliográfica, Proteção social e a Política de Combate à pobreza: o paradoxo entre a participação e o controle. Esta compõe a linha de Pesquisa Desigualdade e Pobreza do Núcleo de Estudos e Pesquisas Estado Sociedade Civil, Políticas Públicas e Serviço Social(NESSP) e se insere nas preocupações compartilhadas com os membros da “Red Políticas Públicas, Derechos y Trabajo Social en el Mercosur-Córdoba/Argentina”.Problematiza concepções teórico-metodológicas, ético-políticas e técnico- operativas que vem fundamentando a engenharia jurídico-institucional do Programa chileno Puente que vêm sendo considerado exemplo de goods practices de Política de Combate à Pobreza pelas agências internacionais. Identifica os recursos, instrumentos teóricos, políticos e administrativos quem vem sendo utilizados junto às mulheres, inseridas no Programa Puente, que são as titulares dos benefícios e de serviços. Analisa a interface existente entre participação e controle no âmbito do Programa implementado, por técnicos e profissionais , entre eles o de Serviço Social.
Danielle Xavier de Santana (UFPE), Ridete da Silva (Secretaria Especial da Mulher de Pernambuco)
Secretaria Especial da Mulher de Pernambuco: criação e trajetória
Danilo Borges Paulino (UFU), Gustavo Antonio Raimondi (UFU), Vera Lúcia Puga (UFU)
As relações de gênero e as especialidades médicas na percepção dos concluintes do curso de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia
Através dos tempos foram constituídas as clássicas divisões entre o que se convencionou chamar de áreas de trabalho “femininas” e “masculinas”, como se homens e mulheres buscassem áreas de atuação por determinação do que se estabelece como o esperado de cada um dos sexos. Atualmente, o ingresso de mulheres no curso de medicina aumentou, sendo importante identificar como os atributos de gênero estão informando os(as) alunos(as) sobre a profissão que escolheram. Após a aplicação de questionários a 74 alunos(as) concluintes do curso de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia, 32 afirmaram acreditar que existem especialidades médicas que melhor se adequam a homens ou mulheres. A ortopedia foi a mais citada como adequada para o sexo masculino, devido à força física que ela exige e, para as mulheres, a mais citada foi a dermatologia, por ter relação com características como cautela e atenção a detalhes. Hoje, as desigualdades de gênero ainda são visíveis no âmbito do sistema de ensino, mesmo quando alunos afirmam não acreditar em uma divisão das especialidades médicas por gênero, por exemplo. Ainda assim, as relações de gênero são um objeto de estudo fundamental, quando se pensa em uma sociedade mais justa e igualitária, buscando sempre a desconstrução de mitos e estereótipos.
Dárcia Amaro Ávila (FURG), Roberta de Azevedo Pereira (FURG), Paula Regina Costa Ribeiro (FURG)
Analisando as questões de gênero no espaço escolar: relatos de profissionais
Este estudo tem por objetivo analisar as questões de gêneros presentes em quinze relatos produzidos por profissionais da educação que participaram do projeto Corpos, Gêneros e Sexualidades: questões possíveis para o currículo escolar. Tais relatos foram produzidos a partir das atividades realizadas juntamente com seus alunos e encontram-se no livro Sexualidade e Escola: compartilhando saberes e experiências. Nesse trabalho, utilizamos o conceito de gênero como uma construção sócio-histórica das distinções baseadas no sexo, sendo que a masculinidades e a feminilidades, ao contrário do que algumas correntes defendem, não são constituídas propriamente pelas características biológicas, mas são o resultado do que se diz ou se representa destas características. A partir dos relatos, percebemos que o curso contribuiu para esses profissionais (re)pensarem suas práticas pedagógicas, pois se propuseram a planejar e aplicar atividades para seus alunos, possibilitando novos olhares sobre as questões de gêneros e sexualidades. Verificamos também, a separação das atividades de acordo com o sexo na hora da recreação, nos trabalhos em grupos, nas brincadeiras, etc. Entendemos que os atributos masculinos e femininos e as dicotomias podem e precisam ser problematizados e desconstruídos na escola, contribuindo para a constituição de sujeitos críticos, curiosos e criativos.
Débora Corrêa (UFSC), Vania Malta Rossi (UFSC)
Identidades, exílio e violência no rastro da história colonial portuguesa
O pôster apresentará o trabalho desenvolvido no projeto de pesquisa Identidades, exílio e violência no rastro da história colonial portuguesa, orientado pela professora Simone Pereira Schmidt, cujo objetivo é investigar sobre o tema “No rastro da história colonial: violência e racismo nas culturas de língua portuguesa, em seus aspectos de gênero e raça”. O trabalho de investigação consiste no levantamento de obras literárias de autoria feminina nos países africanos de língua portuguesa, e do corpus teórico, produzido e publicado no Brasil nos últimos 30 anos, sobre as intersecções entre gênero e raça. O corpus se apóia nos periódicos Revista Estudos Feministas (UFRJ e UFSC) e Cadernos Pagu (UNICAMP), bem como trabalhos apresentados nos principais congressos das áreas de humanidades, ligados ao tema da investigação: Seminário Internacional Fazendo Gênero, Seminário Nacional (e Internacional) Mulher e Literatura, REDOR, REDEFEM, ANPOCS e ANPUH.
Débora Taynã Gomes Machado (PUC - GO), Juliana de Oliveira Saturnino
Tráfico de mulheres em Goiânia: olhares sobre as necessidades de assistência às mulheres traficadas
Este estudo objetiva compreender os sentidos e os significados do tráfico para as mulheres envolvidas e os arranjos institucionais para a atenção integral às mesmas. Essa entendida como ações de promoção, prevenção, assistência e reabilitação no processo do cuidar profissional. Pesquisa qualitativa, com realização de grupo focal com profissionais da Rede de Atenção às Crianças, Adolescentes e Mulheres em Situação de Violência de Goiânia e entrevista com as mulheres. A metodologia permite a contextualização sócio-histórica dos sujeitos e a comparação entre os sentidos e significados que os profissionais e as mulheres dão ao tráfico e ao cuidado. Em várias pesquisas, a presença de mulheres envolvidas com o tráfico em Goiás é significativa. Em Goiânia, a Rede de Atenção foi criada há muitos anos e congrega várias instituições públicas, filantrópicas e outras. Contudo, há dificuldades em concretizar as políticas de saúde e assistência em uma atenção integral às vítimas do tráfico. Por outro lado, as marcas ao longo das trajetórias das mulheres nos deslocamentos transnacionais dificultam o diálogo entre os profissionais (com seus pré-conceitos) e as mesmas. Os resultados encontrados coincidem com estudos sobre as dificuldades de implantação em redes de atenção às vítimas de violência.
Denise Rosa Souza (Centro Universitário Nilton Lins), Wagner dos Reis Marques Araújo (UFAM)
A rota do tráfico de mulheres na Amazônia Brasileira
Nesta pesquisa buscamos mapear a rota do tráfico de mulheres na Amazônia brasileira e, especialmente no Estado do Amazonas, a nossa investigação está ancorada no aporte teórico metodológico dos estudos de gênero e das ciências sociais. Os dados levantados indicam uma relação direta do trafico de mulheres no estado do Amazonas com o turismo ecológico e com as festas tradicionais, que recebem patrocínio dos governos municipal e estadual da região Amazônica. Na contemporaneidade, em um universo globalizado, constata-se que a discriminação de gênero, a marginalização das culturas locais e tradicionais, a precarização das relações de trabalho criaram realidades nas quais mulheres jovens de camadas sociais estratificadas procuram estratégias de inclusão social através do mercado de sexo, ou quando não são cooptadas por redes de tráfico humano.
Diana Rodrigues do Rêgo Barros (UFRPE)
Família, moralidade e sexualidade sob a ótica da imprensa - Recife, 1900-1915
Analisando os discursos que permearam o Recife do início do século XX sobre família, moralidade e sexualidade, percebemos o intenso empenho de juristas, médicos e intelectuais em controlar os populares. A emergência do regime republicano clama por mudanças sociais, onde os antigos hábitos que remontam ao sistema monárquico deveriam ser aniquilados, a fim de remodelar a sociedade e adaptá-la aos novos tempos. Neste sentido, campanhas de “educação comportamental” voltadas para a camada popular (homens e mulheres, sendo elas atingidas com mais veemência), são promovidas pelo governo aliado pelo discurso médico e jurídico da época, com o objetivo de educar a população e acabar com comportamentos considerados desviantes. A imprensa terá então, um papel importantíssimo como divulgadora de hábitos considerados saudáveis, tomando como exemplo os procedimentos de uma classe burguesa, que deveriam ser seguidos pela maioria da população. Então, este trabalho busca investigar como se deu a noção de família e sexualidade; como se fomentou uma política sexual voltada para o controle das famílias populares, no Recife nos anos de 1900 a 1915, compreendendo também as divergentes noções de honra pelas diferentes camadas sociais.
Diego Pontes Gonçalves (UENF)
O estar 'montada': a Rua dos Andradas além do sexo como mercadoria
O trabalho visa compreender, sob uma ótica etnográfica, como se faz a dinâmica da Rua dos Andradas e como se dão as relações entre os atores envolvidos, sejam de afeto, conflito ou de poder, além de suas simbologias carregadas de peculiaridades e como elas são interpretadas e ganham significados no espaço em questão. Localizada na área central de Campos dos Goytacazes, interior do estado do Rio de Janeiro, tal rua abriga a área de prostituição travesti da cidade, que está marcada historicamente por ser a última cidade do Brasil a abolir a escravidão e por ainda possuir fortes traços tradicionais de comportamento.
Buscando apoio teórico nos estudos queer, a idéia da construção da identidade de gênero ganha valor, e os discursos que nos fazem pensar as categorias de gênero são colocados em xeque. Entendendo que os sujeitos contemporâneos trazem consigo marcas das diversidades e das movimentações, o trabalho ao mesmo tempo em que permite que seja aberto um campo reflexivo para questões acerca da pluralidade, propõe uma reavaliação das ‘lógicas’ que guiam as estruturas do campo da sexualidade no caso analisado, o que nos leva a pensar além dos limites dos corpos, da moral, das boas maneiras, enfim, do que é permitido ou não.
Edgar da Costa Maciel (PUC - RS), Bruno Morche (UFRGS), Natasha Centenaro
ONGs de gênero e a grande mídia: como anda este casamento?
Edileuza de Souza Paiva Sobral (FACEX), Leila Rodrigues Fonseca
Assistência a Saúde da Mulher Vítima de Violência: um desafio para os Serviços de Atenção Básica em Natal/RN
Ednaldo Jardel Andrade de Santana (UCB)
A (des)construção do armário em ambiente escolar: heteronormatividade e educação
À luz da intepretação Eve Kosofsky Sedgwick sobre heteronormatividade, que aponta o “armário” como um dispositivo regulador tanto da vida de lésbicas, gays, travestis e transexuais (LGBT), como das próprias pessoas heterossexuais, esse trabalho investiga como esse dispositivo se engendra em ambiente escolar, produzindo violências e opressões, gerando invisibilidades, garantindo privilégios de visibilidade, compondo valores e construindo identidades e subjetividades. A partir de relatos de professoras e professores da Secretária de Educação do Distrito Federal, registrados durante curso de formação de enfrentamento à homofobia e ao sexismo realizado em 2010, bem como de relatos de pessoas não-heterossexuais que “saíram do armário” ou se “esconderam” nele durante suas trajetórias escolares, examino os mecanismos de opressão homofóbica que se constroem dentro do espaço escolar e as possibilidades de sua desconstrução na construção de uma educação que promova e acolha a diversidade.
Edyr Batista de Oliveira Júnior (UFPA)
Corpo e sexualidade: As representações do masculino em torno do pênis
Elaine Maria de Quadros (UDESC)
Boa menina! Os discursos sobre a civilidade feminina baseados na personagem Maria Clara da Série de Leitura Graduada Pedrinho de Lourenço Filho
Maria Clara é uma garota “exemplar”! Personagem da Série de Leitura Graduada Pedrinho, ela serviu como modelo de boa conduta para muitas meninas de seu tempo. A Série, escrita por Lourenço Filho na década de 1950, circulou como manual didático para crianças de 1ª a 4ª séries do ensino fundamental em todo o Brasil. Tendo como núcleo personagens de uma mesma família, a Série inteira é protagonizada pelo menino Pedrinho. A maior representação feminina fica por conta da coadjuvante Maria Clara, irmã do personagem principal. E é nela que este trabalho - que faz parte do Projeto de Pesquisa, desenvolvido na UDESC, sob a coordenação da Profª. Maria Teresa Santos Cunha - pretende focar. Utilizando como fonte os quatro livros da Série, pretende-se observar nas lições, imagens e textos, preceitos que supostamente ajudaram a condicionar o comportamento feminino no período em que circularam os manuais didáticos. Maria Clara demonstra ser regida por valores que ajudam na formação de uma futura dona de casa, esposa exemplar e boa mãe, ficando assim, muitas vezes restrita ao âmbito privado (diferente de seus irmãos). Valores transmitidos de muitas maneiras ao longo desta Série que serviu como meio de propagação de preceitos importantes para a manutenção do comportamento feminino da época.
Eleniz Soares Lisboa (UFV), Marisa Barletto (UFV), Dayana Gonzaga Souza e Freitas (UFV)
Formação em gênero e agroecologia de mulheres trabalhadoras rurais da Zona da Mata de Minas Gerais
Eliel Bandeira (FURG), Josiane Vian Domingues (FURG)
Na ponta dos pés: a produção de masculinidades no ballet clássico
O ballet clássico se originou durante o período Renascentista, na Itália e esse era executado pelos príncipes e cortesãos que dançavam como forma de manter o poder. Durante um longo período de tempo foi uma forma de arte manifestada quase que exclusivamente pelo gênero masculino e com o passar do tempo esse espaço foi invadido pelas mulheres e mais do que isso, o ballet passou a ser caracterizado como uma dança tipicamente feminina. Isso porque essa prática envolve uma sensualidade, emoção e leveza, traços culturalmente atribuídos às mulheres e que os homens, teoricamente não expressam por serem sujeitos considerados como fortes, viris, sem sentimentalismos. Por conta disso é que grande parte dos bailarinos carregam um estigma bastante forte, sendo rotulados como homossexuais por dançarem ballet, fazendo com que, muitas vezes se inibam a praticar tal dança. A partir disso, com esse trabalho, objetivo analisar como são produzidas as masculinidades a partir do ballet clássico. Para isso, utilizo a vertente pós-estruturalista dos Estudos Culturais, mais especificamente empregando alguns instrumentos da análise do discurso, sob ótica de Michel Foucault.
Elisa Maria Taborda da Silva (UFMG)
O feminino em diáspora: representações do exílio em textos de Orlanda Amarílis
Propõe-se o estudo, em contos selecionados da escritora Orlanda Amarílis, de personagens femininos como representação de mulheres cabo-verdianas. O estudo centrar-se-á nas marcas discursivas que expressam o sentimento de pertença à nação de Cabo Verde, sobretudo levando-se em conta as diferentes situações de diáspora vividas pelas personagens nos contos escolhidos. Parte-se do princípio de que a identidade local das personagens de Amarílis passa por interessantes transformações através da experiência de deslocamento espacial e de distância do solo pátrio. O deslocamento espacial ganharia ares de deslocamento psicológico, identitário, tornando-se, no texto, parte integrante da representação identitária cabo-verdiana.
A presente pesquisa justifica-se não só pelo atual interesse das Ciências Humanas no estudo do Espaço (proliferação de representações do espaço, deslocamentos, exílio) como pela atitude política que existe na escolha da África e sua cultura como objeto de estudos acadêmicos. Segundo Walter Mignolo (2004), o estudo da produção cultural das chamadas margens do sistema globalizado representa uma possibilidade de constituição de novas epistemologias. Justifica-se também pela crença na relevância teórica em se abordar, mais uma vez, conceitos como espaço, diáspora, identidade da mulher e exílio.
Elismênnia Aparecida Oliviera (UFG)
A voz que rompe os mecanismos de silenciamento: produção de conhecimento indígena sobre linguagem enquanto pensamento de fronteira
Com a proposta de fazer um mapeamento de produções escritas de indígenas no Brasil que tenham por tema discurso, linguagem e/ou fala/escrita disponíveis em superfícies de circulação diversas este trabalho tem por objetivos: promover uma reflexão crítica sobre as produções encontradas e considerar o processo de colonização junto à concepção de corpos desiguais a que os indígenas foram submetidos.
Visa também incluir as produções encontradas, juntamente com a análise destas, no acervo geral de produções escritas sobre linguagem, e por último, procuramos nestas produções um pensamento de fronteira (Mignolo, 2003), um pensamento resultante do processo de colonização, que propõe uma reflexão crítica sobre a produção de conhecimento ao considerar o entrelaçar de identidades e fronteiras, e a subalternização e hierarquização de corpos/conhecimentos.
Com a análise das produções encontradas, foram levantados pontos pertinentes como o contexto multilingue de algumas etnias, relações de gênero, mecanismos de silenciamento e resistência. E estes estão sendo pensados de uma forma mais ampla que abarca as relações de poder não só entre sociedades diferentes, mas também dentro de cada sociedade, em que há pessoas e tipos de produções evidenciadas e incentivadas enquanto outras são silenciadas.
Ellen Cristina de Almeida (UFGD)
Mulheres indígenas: organização política e cidadania
Esse pôster trata do universo de uma associação de mulheres indígenas localizada em Dourados/MS com a qual pesquisamos acerca da temática de gênero e organização política no contexto do trânsito de culturas entre espaços sociais que justapõem um contexto da lógica organizacional indígena em diálogo com as exigências burocráticas da sociedade envolvente. Sendo assim, o objetivo principal é compreender se estas mulheres têm acesso a políticas públicas e como se dá a relação intercultural entre elas e a sociedade não-índia. Esta pesquisa se justifica pelo o estado de discriminação dos indígenas em geral, provocada desde o início do processo de colonização na região, sendo que no caso das mulheres essa discriminação é dupla, de etnia e de gênero. A metodologia utilizada será composta pela etnografia e a observação participante, juntamente com a pesquisa bibliográfica e internet. No atual momento da pesquisa apresento questões relacionadas aos estudos que tenho realizado. A presente investigação está sendo realizada com financiamento do CNPq destinado à Iniciação Científica.
Elzahra Mohamed Radwan Omar Osman (UNB)
“A falta” na “Mulher Escrita”: o entre-lugar do pensamento de Lúcia Castello Branco na escritura do feminino
Emerson Roberto de Araujo Pessoa (UEM), Ivana Guilherme Simili (UEM)
Pedagogias do travestir: a indumentária e os gêneros nas aparências dos travestis
O conceito de gênero vem permitindo que inúmeras práticas sociais e culturais sejam revisitadas. Entre elas, a prática de vestir o corpo. Este trabalho almeja abordar o papel desempenhado pela indumentária na transformação das travestis, de modo a entender as articulações existentes entre a produção de aparências pelos sujeitos e a fabricação de representações que rompem com as associações entre as roupas e os sexos. Nesta abordagem, as fontes orais (entrevistas) e visuais (fotografias), ajudarão a entender como as roupas, juntamente com as “correções” corporais realizadas por meio de intervenções da medicina e da cosmética (próteses, hormônios, maquiagem e cabelo), são transformadas pelos sujeitos em vetores de comunicação e de questionamento das premissas e balizas “naturalizantes” que relacionam o sexo e as roupas. Portanto, por intermédio das imagens fotográficas e das narrativas coletadas, será possível perceber e identificar as relações dos sujeitos com seus corpos, informando as múltiplas maneiras de vivenciá-los e vestí-los.
Erica Aparecida de Andrade Sabino (UNESP)
Gênero e Educação em revistas feministas acadêmicas
Erika Christina Gomes de Almeida Batista (UNIVALE), Sueli Siqueira (UNIVALE)
Filhos de emigrantes valadarenses e sua relação com o saber escolar
Como constituinte da cultura valadarense, a emigração internacional encontra-se presente também nas escolas. Partindo do pressuposto teórico de que a aprendizagem é um processo interno, que será desenvolvida mediante as relações vivenciadas pela criança, o reflexo que a emigração internacional de um ou ambos os pais causa na vida escolar do filho será o tema abordado neste trabalho. Este artigo discute a emigração dos pais, no tocante à concepção dos filhos estudantes sobre este fenômeno. Busca ainda levantar as conseqüências ocasionadas pela ausência dos pais e avalia se a participação dos pais no processo migratório interfere no projeto de vida dos filhos. A partir de pesquisa quantitativa e qualitativa realizada nas escolas da cidade pode-se afirmar que 38% admitem ter mudado de comportamento na escola, dentre estes 50% afirmaram não ter vontade de estudar. Destaca-se que 54% dos estudantes entrevistados consideram a emigração de um modo geral positiva e 51% relataram o interesse em emigrar num futuro próximo. Considera-se que a emigração dos pais influencia diretamente a relação dos filhos com o saber escolar e a construção do seu projeto de vida. À escola cabe discutir os efeitos da emigração e demonstrar as possibilidades de construção do projeto de vida no país de origem.
Érika Rodrigues Caldas (PUC - GO), Lorhana Martins Morais Silva
Assistência a saúde das profissionais do sexo no Brasil - Cadê as Políticas Públicas?
As profissionais do sexo têm incluso em suas trajetórias uma característica comum, o deslocamento. Essas geralmente residem, trabalham e buscam cuidados com a saúde em regiões diferentes, revelando as dificuldades que os serviços de saúde têm para se despirem de pré-conceitos e lidarem com pessoas de direitos, cidadãs. Esta pesquisa bibliográfica objetiva identificar como os autores abordam a assistência à saúde das profissionais do sexo no Brasil. Na BIREME e SCIELO foram identificados sessenta e um artigos, a partir de palavras chaves relacionadas à prostituição. As diferentes abordagens partem de questões conceituais sobre profissionais do sexo, por exemplo, a igreja e movimentos feministas possuem posições tradicionalmente opostas. Quanto a assistência à saúde, são hegemônicas as omissões dos serviços referentes às ações de promoção, prevenção, diagnóstico precoce e terapêutica. O fazer profissional das mulheres neste mercado é considerado como desencadeante de problemas que afetam a saúde. A necessidade de integralidade na atenção para essa parcela da população é desconhecida nas práticas assistenciais. Porém, vale registrar que já existem ações mais específicas que foram e são desenvolvidas em função das políticas/ações relativas à AIDS.
Erika Rodrigues Costa Antunes (UFT), Eliseu Riscarolli (UFT)
Trabalho, gênero e educação: construindo perfis e mapeando atividades produtivas de mulheres tocantinenses
A pesquisa em andamento, está sendo desenvolvida em 10 municípios na região do Bico do Papagaio. Em cada município haverá uma coleta de dados a partir de 20 mulheres com idade maior de 20 anos, sendo elas: professoras, quebradeiras de coco, secretarias do lar, comerciárias, profissionais liberais e mulheres em cargos eletivos. Temos percebido que uma relação cada vez mais crescente entre educação e trabalho com interface na questão. Nossa hipótese é de que na região do Bico o trabalho das mulheres tem significativa importância na economia uma vez que elas detém a maioria dos cargos nos empregos públicos como educação e saúde, além do trabalho doméstico e serviços em geral. O objetivo é mapear as atividades produtivas das mulheres na região do Bico do Papagaio do estado do Tocantins; refletir acerca da relação entre escolarização, atividade produtiva e renda salarial entre homens e mulheres; identificar o grau de escolaridade nas mulheres trabalhadoras da região; coletar informações para o banco de dados do Núcleo de estudos das diferenças de gênero; identificar elementos que expliquem a distorção entre renda salarial, escolaridade e atividade produtiva da região. As informações serão colhidas através da aplicação de um questionário qualitativo.
Eumara Maciel dos Santos (UNEB), Allisson Esdras Fernandes de Oliveira
Nuances da matriarcalidade africana em Amkoullel, o menino fula
Everton de Oliveira (UFSCAR)
O Negro nas Páginas da Esquerda: a perspectiva dos militantes negros petistas nos números do "Em Tempo"
O que busco neste trabalho é observar a articulação entre o movimento negro contemporâneo e a esquerda brasileira a partir da leitura dos números do jornal "Em Tempo", do grupo Democracia Socialista (DS), hoje uma tendência interna do Partido dos Trabalhadores (PT). A análise se dá no período de 1977, ano de criação do jornal, a 2003, ano de posse de Luís Inácio Lula da Silva e de emergência do debate acerca das políticas de Ação Afirmativa. A partir disto, buscarei mostrar como o movimento negro contemporâneo possibilitou a construção de uma nova subjetividade no campo político, o negro, e como esta foi usada pela esquerda brasileira como uma nova forma de reivindicação política, que na década de 1990 se consolidaria na proposta de uma nova cidadania, na defesa do direito a ter direitos e na radicalização da democracia. O Negro passou a ser um sujeito político, com uma proposta fundamental: tornar pública a questão do racismo e denunciar a falsidade do mito da democracia racial. Neste sentido, o objetivo principal deste trabalho é averiguar até que ponto o projeto político do movimento negro contemporâneo e dos militantes negros ligados ao PT, a publicidade da raça, do racismo e do negro, se concretizou, atualmente, nas denúncias e defesas públicas das ações afirmativas.
Fabia Alberton da Silva Galvane (UNIBAVE), Giovana Ilka Jacinto Salvaro (UNIBAVE)
Os sentidos produzidos por mulheres que ocupam cargos de chefia nas indústrias da cidade de Orleans
Esta pesquisa teve como objetivo geral analisar os sentidos produzidos por mulheres que ocupam cargos de chefia em indústrias da cidade de Orleans, SC. Foi realizada como uma proposta de estudo em psicologia social e se apresenta como um Trabalho de Conclusão de Curso, fazendo-se cumprir as exigências para a graduação no curso de Psicologia do Centro Universitário Barriga Verde - UNIBAVE. A aproximação com os sujeitos de pesquisa foi realizada por acessibilidade e as informações foram obtidas por meio de entrevistas semi-estruturadas. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, segundo Gonzáles Rey (2005), que pressupõe a construção de conhecimento por meio do diálogo entre o pesquisador, sujeitos de pesquisa e as informações obtidas no decorrer do processo. A teoria de base para a compreensão da constituição do sujeito e da subjetividade foi a psicologia sócio histórica de Vygotski. Este trabalho possibilitou verificar que os sentidos atribuídos pelas mulheres acerca das atividades que realizam, tanto na esfera pública como na esfera privada, são marcadas por concepções historicamente construídas e naturalizadas.
Fabiene Barros de Oliveira (UERJ), Samanta Carralas Pinheiro de Lima, Amanda Duarte Moura (UERJ)
Homossexualidade, convivência e homofobia
No início dos anos 1980, a epidemia de AIDS levou a sociedade a refletir sobre a homossexualidade. Identificada, em um primeiro momento, como geradora do então “câncer gay”, a resposta que a comunidade atingida deu no início da epidemia foi gerando outras concepções acerca das pessoas que se relacionam com outras de mesmo sexo. Realizamos uma pesquisa na cidade do Rio de Janeiro, nos anos de 2009/2010, com alunos de todos os cursos da UERJ, com objetivo de identificar suas concepções em relação à homossexualidade, abordando, inclusive, convivência, direitos e homofobia. Neste trabalho, vamos destacar aspectos referentes à aceitação e à convivência. No que diz respeito à “origem” da homossexualidade, as pessoas ficaram muito confusas e o cruzamento das respostas sobre ser inata ou uma opção apontou contradições internas em diversos questionários. Em grande parte das respostas, o autor se esquivava, dizendo que não tinha nada contra alguém ser gay ou lésbica, mas apresentava reservas quanto ao relacionamento com quem assim se identifica. A religião revelou-se plano de fundo para comportamentos dos entrevistados no que tange à convivência e à aceitação de manifestações públicas de afeto entre homossexuais.
Fabiolla Falconi Vieira (UDESC), Ornella Borille
(Des) Enlaces matrimoniais: experiências subjetivas da separação (Florianópolis, 1970-2010)
Com o objetivo de analisar experiências de homens e mulheres, que estiveram envolvidos em processos de separação, litigiosa ou consensual, foram entrevistadas 12 mulheres e 12 homens cujas histórias de separação evidenciam problemas e dores relacionadas aos filhos, difíceis relações após a separação, muitas vezes envolvendo atos de violência psicológica, disputa de bens e conflitos sociais. As entrevistas mostram-nos o quanto se torna difícil a reconstrução de outros laços afetivos e a adoção de novas perspectivas de vida. As relações entre os filhos se tornam mais complexas. Na cotidianidade, têm ocorrido experiências que se diferenciam das ocorridas antes e próximo a aprovação da Lei do Divórcio (Lei nº 6.515, de 26 de Dezembro de 1977), que eram mais imbricadas de preconceito contra a mulher. As implicações negativas do processo são vividas tanto por mulheres, quanto por homens, não raro ainda recaindo sobre elas o fardo mais pesado da cobrança de condutas e comportamentos face à separação matrimonial.
Fagno Pereira da Silva (UFF)
Cotidiano da prostituição das travestis em campos dos goytacazes
Felipe Girardi (UFSM), Aline Martins Linhares (UFSM), André Luís Ramos Soares (UFSM)
O resgate da cultura lusoaçoriana no distrito de Santo Amaro do Sul-RS
Fernanda Burbulhan (UNICENTRO)
TRIP e Trip para a mulher: uma análise das relações de gênero na mídia escrita
Com o decorrer do tempo houve grandes avanços teoricos nos estudos de gênero, no entanto, na pratica nossa sociedade continua dividida em duas, uma pertencente aos homens e outra as mulheres, de maneira que o discurso não corresponde ao que é experenciado. Assim, mesmo com os questionamentos decorrentes dos estudos de gênero, as categorias universais de ser/estar no mundo ainda continuam estáticas e uma das variáveis que tornam essa situação invariável é a mídia, dotada de grande poder de persuasão. Considerando a interação entre a mídia e as relações de gênero é que nos propusemos a ler criticamente, sob o referencial da analise de discurso, duas revistas voltadas cada uma para um dos sexos e perceber de que forma seus conteúdos expressam as relações de gênero. Para tanto, analisamos a revista como um todo e perc ebemos um discurso sexista fragmentado, estando esse cristalizado já na publicação de duas revistas diferentes, assim como na configuração das matérias de cada uma, em suas capas e até mesmo nos ensaios fotográficos. Dessa forma, os conteúdos veiculados por cada uma das revistas e para cada um dos sexos são muito diferentes e carregam, cada um deles, discursos aparentemente imparciais, mas fundamentalmente implicados com antigos padrões de pensamento e conduta.
Fernanda Carla de Moraes Augusto (UNESP), Wiliam Siqueira Peres (UNESP), Thalita Hellen de Faria (UNESP)
Contribuições dos estudos de gênero na atenção psicossocial
Este trabalho propõe uma reflexão ético-estético-política sobre a importância dos Estudos de Gêneros na formação do psicólogo e na escuta clínica, a partir de um estágio realizado pelo curso de psicologia da UNESP de Assis/SP, que atua junto à Estratégia Saúde da Família de uma vila periférica da cidade, oferecendo pronto-atendimentos psicossociais, acompanhamento terapêutico, atendimento domiciliar. Procura-se cartografar modos existenciais e as construções dos discursos sobre gêneros e sexualidades presentes nos processos de subjetivação que atravessam os corpos e os territórios, considerando que o gênero é o primeiro elemento de constituição dos sujeitos. Na escuta psicossocial percebemos cenas/discursos que apresentam dados relevantes sobre as expressões de gêneros, tais como: masculinidades e feminilidades, sexismos, (hetero)normatividades, homofobias, identidades de gênero. Propomos um espaço de reflexão acerca dos enunciados que constituem esses sujeitos, problematizando as várias linhas presentes nas relações cotidianas de modo a expandir seus universos de referência e ampliar seus territórios. Assim, essas problematizações vão ao encontro da defesa dos direitos sexuais e humanos e emancipação psicossocial, política e cultural, buscando uma potencialização da vida.
Fernanda Peixoto dos Santos (PUC - GO), Priscilla Aguiar Delmond
Políticas para as mulheres no Brasil e em Goiás: um olhar comparativo
Este analisa o Plano Nacional de Políticas Públicas para as Mulheres (PNPM) e o Pacto Goiano pela Igualdade de Gênero, comparando as políticas públicas de gênero, implantadas no Brasil e em Goiás. A metodologia utilizada foi a quanti-qualitativa, chamada por Minayo (2005), de triangulação de métodos. As informações/dados foram organizadas em tabelas para facilitar a compreensão e análise. A sistematização destas foi realizada por meio de uma divisão em 10 grandes áreas: Economia e Trabalho, Saúde, Educação, Enfrentamento da violência, Participação nos espaços de trabalho e decisão, Desenvolvimento sustentável, Direito a terra, Cultura, Enfrentamento do racismo e Enfrentamento das desigualdades geracionais. Estas áreas foram encontradas nos planos do Brasil e de Goiás, ainda que, às vezes descritos de forma diferentes. Os resultados ainda são insuficientes para dizer se foram ou não concretizadas as ações propostas nos dois planos analisados. Estes explicitam diferenças entre as prioridades estabelecidas no PNPM e as ações estratégicas do Pacto pela Igualdade de Direitos. No Plano goiano identifica-se o foco nas especificidades e necessidades concretas das mulheres goianas.
Fernanda Prestes Almeida (FECILCAM), Cristina Satiê de Oliveira Pátaro (FECILCAM)
Afetividade e juventude: um estudo a partir das representações de jovens estudantes do município de Campo Mourão-PR
Fernanda Ramires da Silva (FURG), Leani Severo Silveira (FURG)
Os Projetos Sociais Esportivos demarcando feminilidades e masculinidades
Este estudo analisou a produção das masculinidades e feminilidades em projetos sociais esportivos, focado nas relações de poder que perpassa o trabalho de monitor@s e professor@s. Consideramos produção de feminilidade e masculinidade como os mecanismos que demarcam as identidades masculinas e femininas e suas significações sociais. O trabalho se enquadra no campo dos Estudos Culturais, usando como ferramenta metodológica entrevistas semi-estruturadas com gestor@s, professor@s e monitor@s. A pesquisa foi desenvolvida em dois projetos sociais esportivos de Rio Grande (RS) e, a partir da análise dos dados, percebeu-se uma intensa definição das identidades masculinas e femininas, principalmente na distribuição de monitor@s, dispondo normalmente um homem e uma mulher para cada núcleo. Denotam-se, também, demarcações de feminilidades e masculinidade na definição das tarefas entre @s monitores e professor@s, na diferenciação das aulas dadas por homens e por mulheres e na divisão das crianças em turmas masculinas e femininas. Por fim, caracterizou-se uma forte pedagogização das crianças que participam dos projetos, pois a divisão das turmas, das tarefas e atividades dos professor@s e monitor@s delimita, para as crianças, os papéis socialmente definidos como masculinos e femininos.
Fernanda Rodrigues de Miranda (USP)
Cantares femininos de uma poeta africana e de outra afro-brasileira em comparação: Ana Paula Tavares e Conceição Evaristo
Fernando Bagiotto Botton (UFPR)
A Masculinidade e a Modernização sob Perspectiva Teórica
O presente banner se propõe a comentar algumas nuances do processo de modernização curitibano e sobre as transformações nos modelos de masculinidade da época. A tese aqui levantada é de que juntamente com o processo de modernização emergiram novos modelos de masculinidade. Chegamos à conclusão inicial de que os novos modelos modernos de masculinidades entraram em tensão com os modelos tradicionais, demarcando uma disputa pelos benefícios simbólicos advindos da posição de “masculinidade hegemônica” ou socialmente sancionada.
Flaviane Andressa Carvalho (UFPE), Valdenice José Raimundo, Vitória Régia Fernandes Gehlen (UFPE)
A mulher na Comunidade Onze Negras
Francine Oliveira Mirapalheta (FURG)
A Ana e a Mia com suas linguagens: observando a linguagem dos anoréxicos e bulímicosna Internet
Com os avanços da tecnologia, @s jovens utilizam a internet para diversão, pesquisa e para publicar em blog “diários” seus relatos de vida, que podem ser acessados por todos na web. Focada nos estudos da anorexia, bulimia e na diversidade destes relatos na internet que este trabalho se desenvolveu. As gírias utilizadas nestes diários virtuais foram pesquisadas em cinco blogs pró-ana e pró-mia – que defendem a anorexia e a bulimia como estilo de vida –, com o objetivo de compreender como as mesmas produzem as suas identidades de gênero. Para atender a este objetivo foi usada como metodologia algumas ferramentas da análise de discurso, buscando as gírias usadas para descrever suas ações com relação à anorexia e bulimia, resultando na construção de um glossário com as expressões e seus significados. A anorexia e a bulimia são consideradas transtornos alimentares e que utilizam, como purgação ao ato de comer, dietas rígidas e períodos longos sem alimentação. Concluímos que há uma diversidade de gírias utilizadas diferentemente entre meninos e meninas para descrever as ações. Outra constatação foi a importância dos blogs para a construção das identidades d@s jovens, pois os recursos visuais dos blogs afirmam os atributos sociais esperados para homens e mulheres.
Francine Pereira Rebelo (UFSC)
História da Antropologia sob a ótica de gênero:recuperando as trajetórias de antropólogas
O presente trabalho constitui-se em pesquisa biográfica e produção de verbetes sobre a trajetória intelectual de renomadas antropólogas de diferentes nacionalidades. Através do resgate das histórias profissionais dessas antropólogas – trajetória acadêmica, publicações, premiações científicas, etc. – entrelaçado a aspectos de suas vidas privadas – data e local de nascimento, parentesco, relações com colegas, na perspectiva das relações de gênero, buscamos recuperar as suas contribuições para a disciplina, especialmente no século XX.
Este projeto é parceria entre o Laboratoire d´Anthropologie Sociale (França) e o Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades do Laboratório de Antropologia da UFSC. As coordenadoras da pesquisa são as professoras Carla Cabral e Miriam Pillar Grossi. Em meio a uma diversidade de mais de 80 antropólogas, pesquisei mais especificadamente, as inglesas Mary Douglas e Marilyn Strathern e as brasileiras Heloísa Alberto Torres e Manuela Carneiro da Cunha.
Para a construção dos verbetes a metodologia consiste na revisão bibliográfica da produção intelectual de autoria das antropólogas, bem como de textos escritos sobre elas. A pesquisa alicerça-se também em informações coletadas em jornais e sites na Internet.
Gabriela Cássia Grimm (UFSC)
Militante e dona de casa: conciliação e conflito no cotidiano das organizações de esquerda dos anos 1970
O objetivo deste trabalho é mostrar as estratégias e conflitos vividos por mulheres militantes de esquerda em seu cotidiano, no qual procuravam conciliar o trabalho militante com o trabalho doméstico, o cuidado com os filhos, e também atividades de trabalho remunerado. É claro que isto gerava conflitos com os companheiros, e por vezes também com as organizações das quais participavam. Para isso vou analisar entrevistas feitas com mulheres que durante o período de ditadura no Brasil e na Argentina, atuavam como militantes. Na memória das mulheres entrevistadas para o Projeto Gênero, feminismos e ditaduras, desenvolvido pelo Laboratório de Estudos de Gênero e História da UFSC, estes conflitos aparecem como centrais para as opções que estas mulheres tiveram em suas vidas, seja o exílio, seja a opção pelo feminismo ou as várias estratégias que elaboraram para conciliar estas atividades que muitas vezes apareceram como excludentes.
Gabriela Garcia Sevilla (UFRGS)
O Estado e a violência contra a mulher: um estudo antropológico sobre a implementação da Lei Maria da Penha a partir do trabalho realizado por um órgão público de Porto Alegre
Esta pesquisa analisa o processo de implementação da Lei Maria da Penha (nº 11.340 de 7 de Agosto de 2006) a partir do trabalho desenvolvido por agentes do Estado, assistentes sociais e psicólogos, em um órgão público de Porto Alegre no âmbito dos atendimentos aos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher. O objetivo é perceber as transformações ocorridas a partir desta mudança legal nas percepções que esses agentes do Estado têm acerca deste fenômeno e nas suas práticas de elaboração e execução de projetos de intervenção nesta área. Para isso, busco entender o modo de funcionamento deste órgão e perceber as relações deste órgão com a rede de proteção a mulher do município. De modo geral, a perspectiva que norteia este trabalho é a abordagem relacional entre leis e práticas sociais. Realizo observação participante acompanhando a rotina de trabalho deste órgão e seus agentes, além de observação de seminários e encontros promovidos por este órgão, e análise de uma série de documentos. Os dados já obtidos permitem afirmar que este órgão é um dos locais onde a lei é construída e posta em prática. Essa construção reflete a disputa e as tensões existentes na rede de proteção à mulher, devido à diversidade de percepções dos agentes e órgãos que a constituem.
Gabriela Krugel (PUC - RS), Yaskara Arrial Palma (PUC - RS)
Vida de Mulher: a homossexualidade como cativeiro
Este estudo está inserido no projeto Vida de Mulher, desenvolvido no grupo de pesquisa Relações de Gênero. Através da Teoria do Desenvolvimento de Levinson e da Teoria do Espaço Consciente de Burlae, tem como objetivo investigar os sistemas que estão na essência da subjetividade de mulheres lésbicas a partir da meia idade. Para tanto, são utilizadas entrevistas biográficas, segundo Gersick e Kram, que propõem três encontros com cada participante, focando o passado, o presente e o futuro em relação às suas vivências de um modo geral. Trata-se de um estudo qualitativo, exploratório e descritivo. As participantes são mulheres com idade acima de quarenta anos, que assumiram sua homossexualidade. Os resultados ainda são parciais, entretanto, pode se perceber que os cativeiros continuam se apresentando, sob a forma de preconceitos sofridos nas próprias famílias, com amigos, no trabalho e na sociedade. Porém, é o apoio da família que permite às mulheres lésbicas a possibilidade de seguir suas vidas de maneira mais segura. Desta maneira, flexibilizando as barreiras dos seus cativeiros, não permitindo que esses se atravessem diretamente nas suas vidas e impeçam a realização de seus objetivos na busca da felicidade.
Gabrielle Gomes Ferreira (UFF)
A UFF e a Rede de Educação e saúde em Niterói para prevenção de DST-HIV/AIDS (REDUSAIDS)
Este trabalho apresenta uma experiência de Rede de empoderamento nas áreas de saúde e educação. A REDUSAIDS surge há dez anos, juntando forças de ONG de Niterói, as Fundações Municipais de Saúde e Educação e outros parceiros. A UFF vem sendo representada desde o início através das ações de extensão coordenadas pelo Profº Sérgio Aboud do Instituto de Educação Física. Neste período a REDUSAIDS tornou-se uma referência nacional no enfrentamento da epidemia. Através das reuniões os problemas e soluções são discutidos dialogicamente, fortalecendo as parcerias com os segmentos envolvidos na Rede. As ações coletivas são planejadas por comissões e executadas por todos os segmentos envolvidos: Profissionais de Saúde e Educação; alunos de Educação Básica e da UFF, populações em situação de vulnerabilidade; portadores do HIV; membros da sociedade civil organizada desde grupos LGBTTI à associação de moradores. A ênfase desse trabalho aqui apresentado é a ação voltada para o segmento LGBTTI. Temos como principais objetivos: trabalhar na formação continuada dos profissionais de saúde e educação; ofertar cursos nas áreas de sustentabilidade, saúde, educação e direitos humanos. Temos como nosso principal referencial teórico o trabalho de João Bosco Góis (2001) e Veriano Terto (1998).
Geisa de Oliveira Loureiro (UERJ), Isabela Maciel Pires (UERJ), Anna Paula Uziel (UERJ)
A sexualidade nas instituições de abrigamento: o que dizem os educadores
A partir do Estatuto da Criança e do Adolescente, novas perspectivas foram construídas para o acolhimento de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. A proposta de ter estabelecimentos pequenos e que cumpram a exigência do ECA de abrigamento durante curtos períodos ainda está aos poucos sendo implantada, bem como a qualificação dos educadores, que não segue um padrão mínimo. Ao observar a literatura, podemos notar que pouco se encontra sobre a forma como o tema sexualidade é abordado nessas instituições. Os educadores nem sempre possuem um amadurecimento sobre essas questões, tampouco o abrigo determina uma diretriz de conduta e as mensagens são contraditórias e truncadas, por parte dos adultos. Nos trabalhos que desenvolvemos observamos entraves derivados de concepções religiosas dos educadores que interferiam diretamente em seu trabalho, bem como choque de valores com a realidade experenciada pelos adolescentes. Muitas vezes a tentativa de impor valores e de prescrever comportamentos gera um distanciamento entre educadores e jovens que impede o exercício do papel de formador.
Gemilson Soares da Silva Segundo (UNIMONTES), Caroline Marci Fagundes Coutinho (UNIMONTES), Sheyla da Silva Borges
A atuação das mulheres em atividades consideradas masculinas: o caso das frentistas de Montes Claros-MG
Gilvana de Oliveira Souza Ferraz (UEM), Ivana Guilherme Simili (UEM)
“Confesso que vivi”: as masculinidades de Pablo Neruda
Nos estudos de gênero, as obras memorialísticas podem ser transformadas em fonte de pesquisa para conhecer e entender os processos de construção das masculinidades. Neste trabalho, o livro “Confesso que vivi”, de Pablo Neruda, é analisado sob o foco da masculinidade. No universo literário, Neruda (1904-1973) é tido como um dos mais importantes poetas do século XX. Na obra selecionada para este estudo, a imagem que se depreende para o autor é de que ele foi um homem que viveu intensamente a afetividade e a sexualidade. Por esta característica da obra, nas narrativas feitas pelo autor para descrever a infância, a juventude e os casamentos, identificamos e mostramos como ele cria significados para a sua trajetória como homem. A hipótese é a de que, por meio de Neruda é possível conhecer e compreender a sociedade e cultura chilena, do início do século XX,  acerca da educação dos meninos, dos valores e sentimentos compartilhados pelos homens nos relacionamentos amorosos e na vivência da sexualidade, ou seja, os matizes das masculinidades que permeavam e ditavam os comportamentos dos segmentos masculinos no período.
Glaciane Heil dos Santos (UFPR), Patricia Bueno Pluschkat
Mulheres de mim, melhores memórias: uma montagem feminista?
Glauco de Sousa Backes (UFSC)
Karla Camuracci: a trajetória de uma transexual em busca do seu lugar plural dentro da sociedade florianópolitana
A perfeição do corpo feminino sempre esteve no imaginário do ser humano, artistas, poetas, escritores, pintores, escultores, médicos e também por aqueles que ao se olharem no espelho se perceberam diferentes do que viam. Transexuais perseguem a forma feminina e tentam traduzir através dessa imagem um sentimento interior de insatisfação pessoal. A sociedade ainda hoje se choca com essas representações e cria barreiras para a entrada daquelas que por serem diferentes rompem as mesmas e tornam-se o que o espelho não pode mostrar. A pesquisa estuda o caso da cabeleireira Karla Camuracci, impedida de fazer um curso de formação no SENAC em 1975 por ser transexual com características femininas físicas e em suas representações no vestuário. Depois de conquistar seu espaço dentro do SENAC, não deixou de se mostrar como mulher e a aceitação proporcionou a Karla ascensão social e aceitação local da figura da transexual culminando nos dias de hoje com homenagem da câmara como cidadã florianópolitana e possivelmente a primeira transexual não operada a ter o direito de mudança do nome na certidão de nascimento e conseqüente na carteira de identidade.
Gleide Regina de Sousa Almeida Oliveira (UFBA)
Violência conjugal e denúncia do agressor: um estudo bibliográfico
A violência conjugal é um fenômeno complexo baseado na diferença entre os sexos numa relação íntima e uma das formas de enfrentamento da mulher é a denúncia do agressor na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM). Este estudo de natureza bibliográfica teve como objetivo identificar como as publicações científicas abordam a denúncia realizada por mulheres em situação de violência conjugal. É apresentada uma revisão bibliográfica da produção científica sobre violência conjugal e a denúncia realizada por mulheres contra o agressor no período de 2004 a 2008. Foi observado que as 10 publicações que atenderam aos critérios determinados para alcançar o objetivo deste estudo estavam inseridas na base de dados da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), tornando-se esta a fonte de informação. A análise das publicações evidenciou que os direitos reivindicados pelas mulheres, segundo os autores, não se coadunam plenamente à lógica universalizante que configura a cidadania proposta legalmente. Compreender o que a mulher espera da denúncia e os motivos que a faz desistir da denúncia ou da sua continuidade, são apontados como problemas a serem desafiados na delegacia especializada.
Gregory da Silva Balthazar (PUC - RS)
Plutarco e a Ocidentalização de Cleópatra
Ela foi a sétima Cleópatra da dinastia dos Ptolomeu, a rainha das duas nações, Thea Philopator, a deusa que ama seu pai, Thea Neotera, a jovem deusa; filha de Ptolomeu Neos Dionysio; amante de Caio Júlio César e Marco Antônio; mãe de Ptolomeu XV César, de Alexandre Hélio, de Cleópatra Selene e de Ptolomeu Filadelfo. Nesse contexto, o presente trabalho tem por objetivo compreender, sob a ótica do gênero como categoria de análise, como essas múltiplas faces da última soberana lágida foram retratadas por Plutarco. Assim, evidenciando as contribuições do discurso plutarquiano na construção de uma imagem ocidental acerca da rainha Cleópatra VII.
Guilherme Araújo Caetano (PUC-GO), Raiza Nogueira de Souza Afonso
Articulação entre extensão, tráfico de pessoas e acadêmicos da área da saúde
A PUC-GO, como grande incentivadora da pesquisa e da busca de novos conhecimentos pelos seus acadêmicos, oferece o programa de extensão universitária com o objetivo de coordenar e executar os programas institucionais de extensão universitária, enriquecendo o diálogo entre a Universidade com as organizações da sociedade civil, do Estado e do mundo do trabalho. Respondendo a esta iniciativa, o projeto de extensão ''Proposta educativa sobre tráfico de pessoas/mulheres – uma construção conjuntiva com a área de turismo de Goiás'' objetiva elaborar uma proposta de processo educativo na prevenção do tráfico de pessoas/mulheres para os trabalhadores(as) das agências de turismo.
O assunto tráfico de pessoas, uma questão social de grande relevância no estado de Goiás; citado como o local que mais envia mulheres à Europa com este fim (Thalita Carneiro Ary-Abril 2009) não faz parte do currículo dos cursos da área da saúde. Logo, a extensão propicia a ampliação da atuação dos acadêmicos na comunidade, contribuindo com o enfrentamento deste fenômeno social.
Nove alunos reúnem-se semanalmente com duas professoras visando cumprir os objetivos propostos pelo citado projeto em parceria com o Ministério Público Estadual e Federal por meio do Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas de Goiás.
Gustavo Antonio Raimondi (UFU), Danilo Borges Paulino (UFU), Vera Lúcia Puga (UFU)
O gênero e o mercado de trabalho médico.
Com as transformações no mercado de trabalho, nota-se um aumento da participação feminina nos mais diversos setores, incluindo aqueles antes reservados aos homens, como a medicina. No entanto, as mulheres ainda ocupam cargos menos valorizados, tanto em termos sociais quanto de remuneração. Dessa forma, buscou-se identificar, a partir da análise de questionários, como os atributos de gênero influenciam a construção do mercado de trabalho médico a partir das perspectivas de atuação profissional dos alunos do internato do curso de Medicina da Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Das alunas que já definiram a sua especialidade médica, 69,2% almejam atuar em áreas “gerais”, como ginecologia e pediatria, que estão associadas culturalmente ao espaço feminino e a uma baixa valorização. Dos alunos que definiram a área de atuação profissional, 65,2% buscam especialidades “não-gerais”, como radiologia e anestesiologia, especialidades essas associadas a um alto componente tecnológico e a uma alta valorização. Assim, pudemos observar que a escolha por áreas de atuação profissional ainda é influenciada por fatores históricos e culturais, como os atributos de gênero, os quais funcionam como determinantes para que as figuras femininas e masculinas se mantenham em espaços específicos.
Gustavo Bento Ribeiro de Araújo (UFF), Edmundo de Drummond Alves Junior, Tauan Nunes Maia (UFF)
Os esportes na natureza: investigando o campo através das questões de gênero
O Grupo de Pesquisa Esporte, Lazer e Natureza (GPELN-UFF) se dedica a entender o crescimento de atividades esportivas praticadas em ambientes naturais e suas interfaces com diversas áreas de conhecimento. Este trabalho apresenta as discussões abordadas pelo GPELN, a partir de 2008, onde problematizamos as questões de gênero associadas às práticas dos esportes na natureza. Inicialmente investigamos a participação feminina nestas atividades através da análise de produções cinematográficas apresentadas numa tradicional mostra de filmes de montanha. Outra fonte de investigação saiu de uma pesquisa etnográfica realizada nos locais de prática do kitesurf onde foi constatada uma diferença no número de praticantes homens e mulheres. Procurou-se responder: Como as mulheres se inserem nesta prática? O que determinaria essa escolha:as especificidades técnicas ou construções socioculturais? Recentemente temos investigado uma característica de um tradicional esporte na natureza, o surf, que nos pareceu andar na contramão dos demais esportes. Enquanto uns procuram ignorar o gênero como determinante do aprendizado, algumas escolas de iniciação neste esporte são exclusivamente femininas. O que leva a este fato? Questões de mercado ou empoderamento feminino? Atualmente, busca-se compreender o que levou um grupo de homens gays a se organizarem tendo como finalidade a prática do montanhismo.
Gustavo Henrique Ribeiro Martins (UFF), Sérgio Ricardo Aboud Dutra (UFF)
Atividades físicas e empoderamento de mulheres de classes populares: uma proposta do PET Saúde UFF
Neste pôster apresentamos uma proposta de trabalho desenvolvida no PET Saúde da UFF em uma unidade do PSF em Niterói. Partindo do conceito de promoção à saúde, realizamos um levantamento de atividades que a comunidade atendida gostaria de realizar. Decidimos privilegiar para esta ação um grupo de mulheres já que nesta Unidade o trabalho é desenvolvido na saúde da mulher. Durante o desenvolvimento das atividades percebemos manifestações de crescimento de auto estima no grupo o que nos levou a pensarmos na possibilidade de uma investigação partindo do conceito de Freiriano de empoderamento, na intercessão gênero e classe. Elaboramos um questionário sobre a importância das atividades desenvolvidas em relação a temas sobre promoção à saúde, bem estar, estética corporal, lazer, sexualidade entre outros. Neste momento estamos na fase de tabulação e análise, no período do evento já teremos chegado as conclusões finais, mas, parcialmente verificamos que para esse grupo específico violentado diariamente, por questões econômicas e também em relação a opressão masculina, ter um espaço de integração, socialização e lazer na sua comunidade tem funcionado como empoderamento e quem sabe de transformação.
Haika Priscilla Rocha de Santana (UFF), Rosana Pena de Sá (UFF)
Currículo, Gênero e formação de professores: reforçando a importância de se debater gênero e sexualidade nas Licenciaturas
Neste pôster apresentamos uma pesquisa que está sendo desenvolvida no curso de Educação Física da UFF, que aborda gênero, currículo e formação de professores. O interesse inicial surgiu de um trabalho de conclusão de curso ao refletirmos sobre a importância de que as Licenciaturas tenham em sua grade curricular disciplinas que discutam gênero, sexualidade e educação. Em um primeiro momento, contamos com relatos de alunos que cursaram a disciplina “Gênero e Sexualidade na Escola”, que tiveram sua forma de refletir e suas ações cotidianas modificadas, a partir do curso, no âmbito pessoal e profissional. Além da revisão bibliográfica e da pesquisa sobre os currículos de outros cursos de Licenciatura, elaboramos questionários semi-abertos para alunos de licenciaturas e futuramente para professores da rede, sobre a discussão da temática. Sobre a formação de professores, na UFF, somos o único curso de licenciatura que tem uma disciplina especifica sobre o tema, o que é um fator preocupante quanto a formação docente, tendo em vista que este é um tema pertinente e fundamental no combate as opressões em nossa sociedade, para a efetiva inclusão de todos.
Hebert Carlos do Nascimento Schott (UFRRJ), Marcella Cristina Pires (UFRRJ), Helen da Rocha Menezes (UFRRJ)
Motivos que levam a escolha da Dança de Salão
A dança é uma das mais antigas formas de expressividade já conhecida na história da humanidade. Está inserida no contexto das artes cênicas e recentemente na educação. Historicamente no contexto das danças de casais eram conhecidas como “Danças Sociais”, só eram praticadas pelos nobres e aristocratas. Existiam apenas duas modalidades a “Base Dance” e o “Pavane”, ficando popular a partir do ano de 1820, onde sugiram mais dois novos estilos a partir do Minueto, sendo o “Quadrille” e “Cotillos”, ambos substituídos pela Valsa. Desde então, outros estilos começaram a surgir, mudando o nome de Danças Sociais para Ballroom Dancing que eram dançadas na forma de Saraus (antigos bailes e cortejos) e foram trazidas para o Brasil com a vinda da Família Real. A Dança de Salão acabou ganhando o lugar dos Saraus dançantes, conquistando assim o espaço dentro da sociedade brasileira. Com o tempo os estilos foram se modificando, aperfeiçoando e tornando a sua pratica hoje em dia, peculiar e marcante. O presente estudo, em andamento, tem como objetivo investigar os motivos que levam pessoas moradoras dos municípios de Nova Iguaçu e Campo Grande no Rio de Janeiro a praticarem a Dança de Salão. Este trabalho esta sob orientação da Prof. M. Sc. Valéria Nascimento-DEFD/UFRRJ.
Helena dos Santos Candiota (UFPEL), Daniel Luis Moura Vergara (UFPEL), Claudia Turra Magni
A visibilidade do corpo doméstico
Em Pelotas existe um sindicato dirigido para empregadas domésticas, que tem como objetivo socializar e atende-las. A partir desse espaço busquei perceber como ocorre a corporalização da mulher em seu ambiente de trabalho tendo a hipótese de que ela se corporaliza atraves de seus atos e de seu trabalho. Seu corpo é percebido como parte do ambiente de tarefas domésticas, um patrimônio destinado a cuidar do espaço familiar de outrem. O objetivo desse trabalho foi perceber as marcas corporais e psicológicas das trabalhadoras domésticas a partir de suas renuncias sociais como mulher. Conceitos antropologicos – tais como técnicas do corpo e performance foram utilizados para discussão teórica dos dados empíricos colhidos através de observações participantes. Essa organização do trabalho exige uma dedicação corporal intensa que faz com que a empregada doméstica “morra socialmente”. Pela exigência de suas atividades há uma invisibilidade do corpo saudável, decorrente de um processo de ansiedade, insatisfação, entre outros, que se tornam insuportáveis para essas mulheres. Portanto, o ser mulher fica limitado ao fazer tarefas domésticas alheias e cuidar dos filhos dos outros, com seu próprio espaço social como, por exemplo, a família, sendo relegado a segundo plano.
Helena Isoppo Schmid (UNISUL), Jussara Bittencourt de Sá (Unisul)
Análise de gênero e função social nas designações das ruas de municípios das Microrregiões da AMUREL e AMREC
O presente projeto enseja-se dos dados efetuados a partir do projeto de pesquisa “Análise da Influência da Colonização na Escolha dos Topônimos”. Percebeu-se, ao ser focalizado com mais especificidade, a relevância de se aprofundar na investigação da análise dos gêneros (masculino/feminino), das funções sociais e profissões em designações das ruas de municípios. Foram analisados e catalogados arruamentos dos dez municípios das Microrregiões da AMUREL e da AMREC. A partir do estudo foi confeccionado o material didático multimídia intitulado: “Topônimo: Memória, História e Cidadania”. Esse material está sendo utilizado no Ensino Fundamental como ferramenta de identificação local através do resgate da memória, da investigação, destacando o estudo dos gêneros e das funções sociais como um importante campo investigatório para avaliar, como e que, contextos podem ser refletidos.
Hellen Olympia da Rocha Tavares (UFU)
Reflexões sobre situações de violência conjugal contra mulheres – Uberlândia/2000-2007
Hellena Bonocore Morais (PUC - RS), Amanda Pacheco Machado (PUC - RS), Lucas Gerzson Linck (PUC - RS)
Estereótipos de gênero: a naturalização de conceitos em alunos de Psicologia
Heloísa Helena de Farias Rosa (USJT)
Luta por reconhecimento. A relação homoerótica no ordenamento jurídico brasileiro
Henrique de Oliveira Arrieira (Anhanguera Educacional/Pelotas), Cristina Lessa dos Santos (UFPEL)
As questões de gênero nos estágios curriculares da Educação Física
Este trabalho pretende relatar a experiência obtida durante os estágios curriculares dos cursos de Educação Física (EF) da Faculdade Anhanguera/Pelotas eda Escola Superior de Educação Física/UFPel, realizados em escolas públicas da rede municipal e estadual da cidade de Pelotas. O estágio curricular objetiva aproximar a realidade enfrentada pelos professores no trabalho e a realidade vivida pelos alunos durante o curso. Essa aproximação que nos permite testar, criar e desenvolver atividades que não são trabalhadas na escola, mas que também nos concede diversas experiências no sentido de como lidar com os alunos e de como enfrentar as adversidades. Comparando os estágios e os tipos de trabalhos encontrados nas escolas, percebemos semelhanças nas aulas relacionadas à questão de gênero, uma vez que predominam as aulas mistas. Pudemos observar também que nas aulas mistas, as crianças, sejam elas meninas ou meninos, têm oportunidades iguais de desenvolvimento. A questão de gênero tem de ser trabalhada desde as séries iniciais do ensino fundamental, já que a separação entre "as atividades de meninas e as atividades de meninos" são impostas pela sociedade como algo natural e cultural.
Igor Henrique Lopes de Queiroz (UDESC)
A repressão aos homossexuais na Florianópolis da década de 1980
Esta pesquisa reflete sobre como a imprensa representava as/os homossexuais, em meados da década de 1980, em Santa Catarina, através do jornal Diário Catarinense, onde são percebidas notícias carregadas de preconceitos e repressão aquelas/es que fugiam à regra heteronormativa.
Libertinas/os, de má reputação, nocivas/os à sociedade. As notícias mostram como era necessária a intervenção nos espaços de sociabilidades de homossexuais. Outras, disfarçadas de um “humor” homofóbico, consideravam os homossexuais masculinos como propagadores da AIDS, num momento em que a doença era vista como altamente letal e considerada como um resultado direto do comportamento “pervertido” de homossexuais, enfatizando a homossexualidade como imoral e incorreta e produzindo sentidos e imagens negativas sobre as/os homossexuais, em especial masculinos.
Ao utilizar linguagens e ideologias que espalham e reproduzem um certo modo de ver/viver a vida e os comportamentos, aceitos e corroborados por seus leitores, o jornal acabava por provocar cada vez mais a marginalidade social e cultural, segregando as/os homossexuais das pessoas “normais” e engajadas no sistema institucional dominante.
Iran Nunes Lemes Segundo (UFG)
Participação feminina na Câmera dos Deputados e Assembleia Legislativa de Goiás
Como se sabe, ainda que componha a maioria do eleitorado a presença das mulheres na política é bastante embrionária, sendo um fenômeno que ocorre em escala mundial e não apenas local - Goiás ou Brasil. Assim o presente trabalho é fruto de um estudo que mapeia a participação da mulher na arena político-eleitoral do Estado de Goiás no período de 1982 a 2006. O objetivo de tal proposta é quantificar e analisar a participação das mulheres goianas - aumento ou diminuição – no poder legislativo estadual e federal relacionando com o impacto da adoção da Lei de Cotas no acesse desses sujeitos a essas esferas do poder. Outra proposta é a indagação de quem são essas parlamentares, qual é o perfil das mulheres que estão na política institucional. Para tal é feito um levantamento de informações como: profissão, grau de escolaridade, idade média, filiação partidária e se são esposas de políticos profissionais.
Isabel Cristina Hentz (UFSC)
Memórias de mulheres políticas: ditadura militar e feminismo em trajetórias no Cone Sul
Nas narrativas de mulheres que têm participação política atual no Cone Sul (cargos eletivos, postos no governo, posições de comando em ONGs e movimentos sociais, etc) destaca-se um período de suas vidas marcado pelos regimes militares que se instalaram nestes países na segunda metade do século XX. Este mesmo período foi também marcado, no Cone Sul e no restante do Ocidente, pela segunda onda do feminismo. Através de entrevistas com estas mulheres é possível articular a atuação política atual com suas trajetórias pessoais no período das ditaduras militares e com a segunda onda feminista, até porque muitas destas mulheres se dizem feministas. O objetivo deste pôster é analisar como o feminismo e as ditaduras militares influenciaram e marcaram as trajetórias políticas de algumas mulheres que se identificam com as idéias feministas e que atuam, ou atuaram, politicamente nos países do Cone Sul. Para isso, as fontes utilizadas serão entrevistas de história oral realizadas com essas mulheres entre 2005 e 2008. Este trabalho é resultado de pesquisa de bolsa PIBIC/CNPq, orientada pela Profa. Dra. Joana Maria Pedro e faz parte do Projeto Cone Sul, desenvolvido no Laboratório de Estudos de Gênero e História, da UFSC, cujos temas gerais envolvem ditaduras, feminismo e relações de gênero.
Isabel Fontenelle Arantes (UFSC)
"House" e deficientes: a pressão pela “normalização”
“House, M.D.”, um seriado norte-americano com uma audiência de milhares, representa um item popular da cultura mais dominante do mundo atual. Com a personagem de um médico com dor crônica e dificuldade de andar, a história centra-se na busca de curas para seus pacientes—mesmo quando contra a vontade destes. A análise destes casos revela como muitos norte-americanos enxergam os deficientes.

Examinar a cultura hegemônica, como explica Silviano Santiago em “O Entre-Lugar do Discurso Latino-Americano”, vira um ato de “reescrever” textos para resignificá-los. Nesse processo, revelam-se noções geralmente pejorativas sobre grupos marginalizados e, simultaneamente, caminhos que possibilitam não só protestar contra tais representações como também resignificá-las, intervindo assim em importantes relações culturais, econômicas e sociais.

Utilizando a teoria crítica da deficiência, proponho uma leitura crítica das personagens em House, M.D. que têm seus corpos mudados para serem “normais” apesar de insistirem que não querem mudar por questão de identidade; examinarei como o “normal” é construído; e procurarei identificar estratégias de significação e resignificação a partir do impacto que este “normal” tem sobre personagens que buscam representar todos que dele são excluídos.
Isabela Maciel Pires (UERJ), Geisa de Oliveira Loureiro (UERJ), Anna Paula Uziel (UERJ)
Gênero e sexualidade nos abrigos
A literatura sobre abrigo não trata especificamente de gênero e sexualidade, embora essas questões façam parte do cotidiano de forma intensa. Os abrigos se vêem diante de situações que requerem posicionamentos como namoro, descoberta do corpo, prostituição, gravidez na adolescência, menstruação. O dilema entre o esclarecimento sobre transformações e funcionamento do corpo, desejo e orientação sexual, prevenção de doenças e de gravidez e o risco desse diálogo aguçar a curiosidade habita a realidade de muitos centros de acolhimento. Grupos com adolescentes são organizados com fins informativos e muitas vezes não conseguem transformar o comportamento no sentido de maior cuidado deles com o próprio corpo e tomada de decisões próprias sobre saúde sexual e reprodutiva. Realizamos vários encontros de grupo com meninas adolescentes de um abrigo que teve como objetivo discutir sexualidade e gênero a partir do referencial da autonomia. Concepções tradicionais de submissão da mulher ao homem e da necessidade de sustento por parte dos homens foram temas recorrentes, assim como relatos de violência nas experiências conjugais. A ideia de um filho para permanecer com aquele que identificavam como o amor de suas vidas também esteve muito presente.
Isabella Cristina de Souza (UFSC)
Analisando o discurso feminista no Cone Sul: continuidades e apropriações entre os feminismos de “primeira” e de “segunda onda”
O movimento feminista tem sido caracterizado por possuir algumas “ondas”. O chamado feminismo de “primeira onda” teria se desenvolvido no final do século XIX e nas primeiras décadas do século XX. As feministas que viveram neste período reivindicavam, principalmente, direitos políticos, sociais e econômicos. Já o feminismo de “segunda onda”, que surge após a Segunda Guerra Mundial, lutava pelo direito ao corpo, ao prazer e contra o patriarcado. Entretanto, entre os feminismos de “primeira” e de “segunda onda” há muito mais continuidades do que a historiografia tem admitido. As diferenças entre estas “ondas” tornam-se muito menores se analisarmos como as obras de Clara Zetkin e Alexandra Kollontai, feministas socialistas de “primeira onda”, são citadas e apropriadas pelas feministas do Cone Sul, que viveram entre período de 1960 a 1990. Este é, pois, o objetivo deste trabalho. As fontes utilizadas para apontar que muitas reivindicações das feministas do início do século foram apropriadas pelas feministas de “segunda onda” são entrevistas – realizadas entre 2005 e 2007 – e textos publicados pelas mulheres que se identificaram com o feminismo do Cone Sul. Além de obras de Clara Zetkin, Alexandra Kollontai e Simone de Beauvoir.
Isabelle dos Santos França (UFRPE), Alcileide Cabral do Nascimento (UFRPE)
A lei Maria da Penha em Pernambuco: avanços e desafios (2006-2009)
Isadora Araujo Cruxên (UNB)
Movimento Feminista e Fórum Social Mundial: revendo a relação entre igualdade e diferença
Isadora Pallaro dos Reis (UEM), Carolina Panzieri (UEM)
Trajetórias de mulheres e gênero: a costura de uma cooperativa de moda pelas “Marias Maracujás”
O conceito de gênero permite analisar as trajetórias e experiências das mulheres sob múltiplos focos. Este pôster propõe-se a analisar os percursos de mulheres na criação de uma cooperativa de moda sustentável, de maneira a identificar como elas estão vivenciando as mudanças em suas condições de vida e trabalho. Os materiais empregados na análise referem-se às entrevistas e às imagens fotográficas das mulheres que participam do projeto “Mulheres entre panos e sementes: produção de roupas e acessórios para a moda”, o qual vem sendo realizado na cidade de Corumbataí do Sul (PR). Os estudos biográficos com recortes de gênero, bem como os trabalhos sobre cooperativa de moda darão suporte à análise do material selecionado para a apresentação.
Ivanete Fernandes Pereira (UFGD), Bruna Amaral Dávalo (UFGD)
Memórias de infância de professoras de criança: gênero, identidade e formação
A infância uma fase da vida humana, quando as influências recebidas contribuem para a construção da identidade, o objetivo deste foi buscar nas memórias de infância de professoras, de que modo suas concepções, no que diz respeito às questões de gênero e papéis sociais de homens e mulheres, se expressam nas suas práticas pedagógicas. A abordagem se fundamenta em obras acerca da História da Criança e Educação Infantil, Identidade e Gênero, Formação de Professores, além dos estudos sobre Memória e História Oral. Entrevistamos professoras dos Centros de Educação Infantil Municipal (CEIMS) de Dourados MS, com formação em Pedagogia e que atuam junto à Infância. Apontamentos conclusivos indicam: desconhecimento do significado dos conceitos de gênero, identidade e papéis sociais, e a consciência de que tais conceitos se expressam no cotidiano de suas atividades; ausência da discussão do tema na prática pedagógica, tanto em cursos de formação, quanto em projetos da instituição; presença de estigmas recorrentes dos modelos conservadores na história de vida das professoras; preconceito dos pais e comunidade em relação às atividades desenvolvidas com as crianças, além de concepções fundadas em perspectivas que naturalizam e reafirmam as relações de desigualdade de gênero e papéis sociais.
Ivon Rodrigues Silva Filho (FUNDAJ), Lígia Albuquerque de Melo (Fundação Joaquim Nabuco)
A mulher pescadora artesanal nas colônias e associações de pescadores(as): participação e empoderamento
Nas sociedades atuais ainda predomina o sistema social patriarcal, que se reflete nas relações sociais desiguais entre homens e mulheres e em relações de poder que afetam de forma negativa às mulheres. No setor da pesca artesanal, pode-se perceber o reflexo desse fenômeno na diminuta participação das mulheres nos espaços de poder de decisão da categoria, pois como elas são reservadas a ocupar o espaço doméstico, encontram dificuldades de se inserirem nos espaços públicos como Colônias e Associações de Pescadores. O presente trabalho tem caráter explicativo, com o objetivo de analisar como se dá a participação das mulheres pescadoras artesanais nos espaços de poder do ambiente pesqueiro, sua trajetória política, as formas de empoderamento e a inclusão dessas mulheres na hierarquia das organizações de representação da categoria. Foi realizada uma pesquisa exploratória, através de levantamento bibliográfico em bibliotecas e pesquisas em web sites. Os resultados demonstram que as relações de poder desiguais entre homens e mulheres se tornam um entrave tanto à luta dessas mulheres por seus direitos previdenciários e trabalhistas, quanto à efetiva ocupação dos cargos na hierarquia dos movimentos sociais de pescadores e pescadoras.
Izabelle Lúcia de Oliveira Barbosa (UFRPE)
Revistas femininas e feministas na cidade do Recife de 1900 a 1930
A modernização vivida pelo Recife na primeira metade do século XX refletiu no cotidiano da cidade, desde a estrutura física até o modo de viver de seus/suas habitantes. Sendo essa nova configuração marcada pelo surgimento dos primeiros espaços de manifestações sobre as mulheres e para elas, por um discurso masculino ou no surgimento do movimento feminista e/ou feminino. As autoras Michelle Perrot, Céli Pinto, Joana Pedro e Rachel Soihet fundamentam a pesquisa porque possibilitam estabelecer uma relação entre a história das mulheres e dos movimentos de mulheres e feministas. Cabe a pesquisa investigar o surgimento de revistas femininas e feministas que circulavam no Recife entre os anos de 1900 a 1930 e analisar como foi problematizada a sexualidade, a família e a conquista de novos espaços para e pelas as mulheres.
Janine Apª Bastos Stecanella (UCS), Najara Ferrari Pinheiro (UCS), Jeferson Batista Scholz
A representação da "nova" masculinidade e os mitos Narciso e Don Juan
Jaqueline Ferreira Holanda de Melo (UFRPE), Micheline Cristina Rufino Maciel, Maria de Fátima Paz Alves (UFRPE)
Educação Sexual com Perspectiva de Gênero numa Escola Pública: Desafios e Dificuldades
Jeffeson William Pereira (UFAM), Iraildes Caldas Torres (UFAM)
Identidade homossexual: um debate inconcluso no âmbito teórico e dos movimentos sociais
Esta pesquisa tem como objetivo de estudo a identidade homossexual, em que procuramos compreender como se estabelece o conflito interno no sujeito em meio à subversão das normas sociais. Busca-se analisar a produção de uma suposta identidade homossexual e de discursos formulados a partir dos pólos heterossexualidade/homossexualidade; e identificar as principais resistências dos sujeitos quanto à vivência de sua sexualidade. Fundamentados nos pressupostos teóricos de Michel Foucault e Judith Butler, utilizamos as categorias sujeito, gênero e identidade em diálogo com pesquisadores como Stuart Hall, Monique Witting, Lúcia Facco e Guacira Louro. Trata-se de uma pesquisa de iniciação científica, em que ouvimos em entrevista gays e lésbicas usuárias do Centro de Referência de Combate à Homofobia Adamor Guedes localizado em Manaus. Constatatou-se a existência do incômodo da sociedade provocado pela homossexualidade ao evidenciar a possibilidade de rompimento da normativa heterossexual e ultrapassar fronteiras consideradas “naturais” ou fixas, bem como a superação da discussão identidade/diversidade em termos da oposição hétero/homo. Conclui-se que há necessidade de maior interlocução epistemológica envolvendo conceitos como orientação sexual, gênero, raça/etnia e classe social.
Jessica Gomes Machado (UEPB), Thays Felipe de Oliveira David (UEPB)
Perspectivas de gênero: Uma análise sobre as Metas do Milênio e o papel das mulheres nas Relações Internacionais
Jéssica Martins da Silva (FURG)
“Por que os homens não escutam as mulheres?” Discutindo gênero na escola a partir do filme Mulan
Este trabalho é referente a um projeto desenvolvido com alunos/as do 3º ano em uma Escola Municipal de Ensino Fundamental situada na periferia da cidade do Rio Grande-RS, com o objetivo de discutir e problematizar representações de gênero, traçando um paralelo entre a cultura ocidental e a oriental, a partir do filme de animação Mulan. Para tanto, houve uma conversa inicial sobre o entendimento dos/as alunos/as acerca das representações de gênero e, em seguida, a exibição do filme. Após, discutimos as feminilidades e masculinidades apresentadas na animação, fazendo um contraponto com o nosso contexto sócio-cultural. Por fim, foi solicitado que as crianças desenhassem e escrevessem sobre uma cena do filme que tenha sido significativa. Essa produção, juntamente com as falas das crianças, constitui o corpus de análise dessa pesquisa. A partir de metodologia utilizada, percebemos os entendimentos dos/as alunos/as sobre as questões de gênero, o que vem sendo construído com eles/as e o que vem permeando a constituição de suas identidades. As análises preliminares apontaram alguns significados em relação ao masculino e feminino para esse grupo de alunos/as, como por exemplo, o entendimento de que ambos os gêneros podem desenvolver as mesmas atividades e ter as mesmas atitudes.
Jessica Silva Andrade dos Santos (UFRJ), Ludmila Fontenele Cavalcanti, Roberta Matassoli Duran Flach (UFRJ)
Prevenção da violência sexual na internet: análise de 60 sites
Introdução. Este trabalho vincula-se a pesquisa integra o projeto de extensão “Prevenção da violência sexual”, cujo objetivo é dar visibilidade ao tema da prevenção da violência sexual. Objetivo. Analisar a informação disponível através de sites relacionados ao tema da violência sexual, de maneira a subsidiar a atualização do site www.ess.ufrj.br/prevencaoviolenciasexual. Metodologia. Foram levantados 60 sites relacionados com a violência sexual disponibilizados no site da SPM. As categorias analisadas foram: conteúdo, público alvo, instituição responsável, cor e publicação. Resultados. Os conteúdos apresentados nos sites se referem às diferentes formas de enfrentamento à violência sexual, tais como garantia dos direitos, resgate dos movimentos sociais, abordagem sobre a igualdade de gênero e políticas públicas; o público alvo são mulheres e a sociedade civil; as instituições responsáveis são organismos internacionais, instituições públicas e organizações não governamentais; as cores predominantes são lilás e azul; a maioria dos sites disponibiliza publicações em diferentes formatos. Conclusão: Colocar a informação sobre a prevenção da violência a disposição dos profissionais de saúde tem sido uma estratégia adequada para a incorporação do tema nas unidades de saúde.
Joana do Prado Puglia (UNISC), Rossana Bogorny Heinze Schmidt (UNISC), Marcela do Prado Puglia (UNISC)
Homofobia na Universidade: um estudo exploratório
Este trabalho é resultado de uma pesquisa realizada por acadêmicas do Curso de Psicologia da Universidade de Santa Cruz do Sul, quando cento e trinta e oito acadêmicos, de diversos cursos sorteados, responderam a um questionário, com o objetivo de detectar a existência do fenômeno da homofobia dentro da instituição, bem como conhecer a concepção de homossexualidade entre os alunos da UNISC. Todo o processo, embora os acadêmicos tenham tido um cuidado visivelmente elaborado para manter-se dentro de uma postura politicamente correta, apontam para uma tolerância, mais do que um posicionamento de igualdade, de forma que mais ainda sente-se validado o comportamento heterossexista. De maneira geral, o presente estudo veio a incentivar os investimentos destas acadêmicas em direção ao esclarecimento quanto ao fenômeno que, embora aparentemente inexistente nesta instituição, se manifesta de forma sutil, deixando suas marcas de discriminação.
João Fernando Pereira Lima (UFPA)
A construção da identidade gênero e a gravidez adolescente na escola: um estudo na escola Dr. José Márcio Ayres.
José Carlos Vieira Junior (UFF), Sérgio Ricardo Aboud Dutra (UFF)
Banco de Dados na Área Interdisciplinar de Relações de Gênero da UFF: um projeto investigativo
Este trabalho apresenta o resultado parcial de um Projeto de Extensão e Pesquisa do Instituto de Educação Física da UFF, coordenado pelo Profº Sérgio Aboud. O principal objetivo deste é expandir a divulgação de trabalhos acadêmicos centrados na área interdisciplinar de Relações de Gênero, através da construção de um banco de dados para uso do domínio público, partindo da produção realizada na UFF, em monografias, dissertações e teses dos cursos de graduação e pós-graduação em Educação, Letras, Serviço Social, História, Psicologia, Educação Física, Ciências Sociais, Enfermagem e Direito, no período de 1968/2010, inicialmente, tendo como base os acervos de algumas das nossas bibliotecas. A pesquisa desenvolvida se propõe a realizar a análise e significados antropológicos e sociais desta produção. A primeira fase do trabalho consiste na construção de um banco de dados com os resultados obtidos. Na segunda fase estamos trabalhando com a proposta de interlocutores etnográficos, procurando verificar as representações, as distinções teóricas, por questões cronológicas e metodológicas. Acreditando que a sistematização desses trabalhos será de relevância acadêmica para pesquisadores de diferentes graus, como para outros membros da sociedade que participam da luta pela equidade de gêneros.
Josiane Pereira Santos Miranda (UFGD), Janaína Tibúrcio Moreira (UFGD)
Memória de professoras de crianças e as concepções de jogos e brincadeiras na Educação Infantil
Júlia Bellini Capelari (UEM), Cássia Cristina Furlan (UEM)
Pedagogias do corpo e construção do gênero na prática de musculação em academias
O presente projeto teve como objetivo geral fazer uma análise das expectativas de corpo que homens e mulheres possuem ao procurarem a musculação, analisar as relações de gênero presentes no ambiente das academias; verificar a pratica da musculação como uma pedagogia de corpo que constrói modelos de feminino e de masculino e, conhecer o perfil dos praticantes de musculação da academia da UEM. Justifica-se pela baixa produção acadêmica na Educação Física de estudos direcionados para a compreensão das nuances e variáveis que envolvem a musculação de academia, sendo esse um lócus privilegiado para o estudo das relações de gênero e reprodução de valores masculinos e femininos, bem como um espaço pedagógico onde se constroem representações de corpo e de gênero. Os dados provêm de questionários semi-estruturados (CAUDURO, 2004) com 60 informantes, sendo 30 homens e 30 mulheres praticantes de musculação na academia da UEM. Os critérios para seleção dos informantes foram: faixa etária entre 20-40 anos, regularmente matriculados a mais de 6 meses.
Julia Massucheti Tomasi (UDESC)
Sinos da morte, velório em casa, cortejo fúnebre e enterro: Diversas narrativas sobre as diferenças nos ritos funerários entre homens e mulheres na cidade de Urussanga (SC) no decorrer do século XX
Este banner tem por objetivo mostrar a partir de narrativas de urussanguenses as diferenças entre homens e mulheres nos rituais funerários praticados na cidade de Urussanga no século XX. Muitas são as histórias e recordações contadas pelos moradores de Urussanga sobre os rituais de morte praticados na região.
Ritos como deixar guardada a roupa que quer ser enterrado dentro do baú ou no guarda-roupa é um costume bastante antigo e está presente até os dias de hoje na cidade. Porém, conforme relata Amabile Romagna (ROMAGNA, Amabile. Entrevista cedida a Julia Massucheti Tomasi. Urussanga, 15 de Janeiro de 2010), as mulheres eram nas décadas passadas, e ainda são nos dias de hoje as que mais se preocupam com a vestimenta fúnebre, pedindo para serem veladas com uma determinada roupa, jóia e até sapatos.
Além da vestimenta fúnebre, tocar o sino de morte da Igreja Matriz após o falecimento de alguém ainda é presente nos dias de hoje. O repique dos sinos da morte modifica conforme o sexo do morto. Quando falece um homem adulto, são dados três sinais. Já para as mulheres adultas, são dados dois sinais (um sinal, pausa, o segundo sinal e repica com outro sino).
Esses são apenas dois exemplos dos variados ritos fúnebres de Urussanga praticados durante o século XX que modificam conforme o sexo do morto.
Julia Mayra Duarte Alves (UFAL), Mário Henrique da Mata Martins, Marcos Ribeiro Mesquita
E agora José? Mudanças na identidade de gênero em uma comunidade de artesãos de Maceió
O conceito de gênero tem sido elaborado de diferentes formas na história das teorias sociais. Inicialmente, a construção desse conceito trouxe à tona a denúncia de um discurso que naturalizava o papel das mulheres numa condição de subordinação social. Com o avanço do debate, outros elementos foram incorporados surgindo uma perspectiva relacional nesse campo. Este trabalho analisa as transformações nas relações de gênero a partir da inserção de homens na produção do filé, renda conhecida na cidade de Maceió e tradicionalmente produzida por mulheres da comunidade do Pontal da Barra. Realizou-se uma série de visitas à comunidade com o fim de conhecer os moradores, os artesãos, suas associações. As visitas foram descritas em diário de campo onde estão relatadas as impressões frente aos fatos ocorridos. Também realizou-se entrevistas com os artesãos e moradores da comunidade para obter informações sobre o processo de inclusão dos homens na confecção do filé. Os entrevistados foram divididos em diferentes faixas etárias considerando a discussão geracional que envolve o tema. Constatou-se uma multiplicidade de discursos acerca da produção do filé e das relações de gênero na comunidade sem, no entanto, modificar as representações hegemônicas sobre os papéis entre homens e mulheres.
Júlia Rodrigues Vieira (UDESC), Silvia Maria Fávero Arend (UDESC)
Aborto e imprensa: o olhar da Revista Veja (1995-2009)
O debate sobre o aborto no Brasil tomou vulto na última década do século XX. Este processo se acirrou devido a um conjunto de fatores vigentes na sociedade brasileira: a emergência das novas tecnologias reprodutivas levou a sociedade a discutir as noções de vida e morte; a despenalização desta prática em outros países católicos, como a Espanha; a adoção de religiões pentecostais, que defendem o planejamento familiar; e a presença de pessoas oriundas do Movimento Feminista pró-aborto na administração federal. A imprensa, entendida como formadora da “opinião pública”,possui um papel fundamental neste contexto. Através da mesma as “vozes autorizadas”, ou seja, os diferentes saberes e ideários travam disputas que constroem sujeitos, descrevem cenários sociais e edificam (ou ratificam) noções filosóficas/morais antigas e novas acerca de vida e de morte. Nesta pesquisa, de cunho historiográfico, analisa-se o discurso veiculado pela Revista Veja sobre o aborto no país. O referido periódico semanal, lido por uma parcela significativa da camada média brasileira, publicou um conjunto de matérias sobre a temática ao longo período em estudo. Essas reportagens caracterizam-se por uma fraca reflexão dos aportes do Feminismo da terceira onda em testemunhos de mulheres que fizeram o aborto.
Júlia Telésforo Osório (UFSC), Ana Carolina de Melo Martins (UFSC)
Aquela que fica, aquela que sai: Delminda da Silveira e Maura de Senna Pereira
Esta pesquisa faz parte do Projeto Acervos Digitais de Escritor@s Catarinenses, financiado pelo Projeto PRONEX/FAPESC e CNPq. A leitura dos manuscritos, dos éditos e inéditos de duas autoras catarinenses, Delminda Silveira (1854, 1932) e Maura de Sena Pereira (1904, 1991), nos leva a pensar o conceito diaspórico, descrito por Stuart Hall em Da Diáspora. As escritoras catarinenses convergem e divergem não apenas pelo local geográfico no qual viveram e escreveram sua obra, mas pelo modo de ver/ler esse espaço. Maura fez do Rio de Janeiro o seu exílio e nele deposita o seu olhar, construindo uma poética mais política; já Delminda, não saindo da ilha, foge do seu espaço palpável e visível em seus poemas, viajando e se exilando em lugares mais imaginários, sendo perceptível em sua obra um viés intimista. Aquela que fica e aquela que sai cruzam-se nesse olhar diaspórico e a aproximação entre elas se dá pela palavra poética e pelas imagens que buscam em dois mo(vi)mentos literários.
Juliana Cristina Bessa (UNESP), Andressa Benini Mendes (UNESP), Fernando Silva Teixeira Filho
“O quê que eu quero com isso?”: a desconstrução de preconceitos de gênero, raça, cor e etnia na infância
Trata-se de relato de experiência decorrente do trabalho com oficinas semanais de duração de uma hora, realizadas junto a 20 crianças com idades de 6 anos inscritas em regime de contra-turno na Instituição Casa da Criança “Dom Antônio José dos Santos”, na cidade de Assis no interior do Estado de São Paulo. No decorrer deste trabalho tem-se observado a presença de preconceitos e esteriótipos na relação que as crianças têm com as temáticas de gênero, sexualidade, raça, etnia e diferenças sócio-econômicas. A partir de jogos, histórias, desenhos e atividades físicas, estamos possibilitando a desconstrução destes esteriótipos, instigando-as à reflexão dos papéis de gênero préviamente estabelecidos e institucionalizados como norma vigente. O foco teórico deste trabalho são as teorias sócio-histórica, estudos de gênero e culturais e teoria queer. A base metodológica que nos serve para a preparação das oficinas implica a psicanálise em seu recorte de clínica ampliada, o que possibilita nos posicionarmos de modo a propiciar aos participantes a possibilidade de associação livre e exercício transferencial que lhes permitam produzir performatividades críticas em relação às produções heteronormativizadas que atravessam os seus processos de subjetivação.
Juliana Martins Silva (UFG)
As santas virgens na Legenda Áurea: o imaginário de perfeição cristã para a sociedade do século XIII
Juliana Silva Santos (UFMG)
A legitmação do silêncio no cotidiano da mulher negra brasileira a partir do Filme Bendito Fruto
O presente trabalho é parte do grupo de Iniciação Científica sobre as representações do feminino no cinema brasileiro contemporâneo, sob orientação da professora Dra. Helcira Lima (Faculdade de Letras/ UFMG). Este texto, especificamente, visa a analisar os perfis de representação acerca da mulher negra brasileira sob o viés do silenciamento enquanto categoria discursiva, tal como desenvolvido por Eni P. Orlandi (2005). Com base na hipótese de que os produtos veiculados pelas mídias possuem um determinado grau de especularidade com as relações cotidianas dos sujeitos, este trabalho tem como objeto o longa-metragem dirigido por Sérgio Goldenberg, “Bendito Fruto” (Brasil, 2005), obra temporalmente localizada na fase denominada Cinema da Retomada. A partir de pesquisa e revisão bibliográfica de estudos em Análise do Discurso de escola francesa, buscamos levantar, a partir do olhar da protagonista, situações em que o silenciamento se faz presente como produto da incorporação de comportamentos sobre a mulher negra e também por ela incorporados. Comportamentos estes que julgamos na qualidade de produto de formações ideológicas que foram e continuam a ser legitimadas historicamente. Para o desenvolvimento da análise, foram traçadas leituras das teorias de Michel Pêcheux, Eni P. Orlandi, Louis Althusser e Pierre Bourdieu.
Julião Gonçalves Amaral (UFMG)
As dinâmicas institucionais do preconceito contra LGBT’s e a emergência de identidades políticas
Kamila Thais da Silva Figueira (UNB)
O enfrentamento da violência contra a mulher a partir do Programa de Agentes Comunitários da Saúde (PACS) – Análise da experiência do Núcleo Bandeirante / DF.
A pesquisa "O enfrentamento da violência doméstica contra a mulher – Análise da experiência da Regional de Saúde do Núcleo Bandeirante (DF)", a partir dos agentes comunitários de saúde (ACS) buscou analisar a atuação dos ACS frente a violência contra as mulheres.
A preocupação com o tema da violência e seu enfrentamento no âmbito da atenção básica à saúde se traduziu em 2008, na realização do I Curso de Capacitação para Prevenção e Atendimento às Vítimas de Violência, destinado a profissionais da Atenção Básica do Programa Saúde da Família (PSF). A capacitação incluiu também os agentes comunitários de saúde (ACS), visto o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) ser considerado parte da estratégia Saúde da Família.
Por meio da realização de entrevistas semi-estruturadas com os agentes comunitários de saúde, a pesquisa identificou: a) as demandas relacionadas à violência doméstica contra as mulheres dirigidas aos agentes comunitários da saúde; b) as ações dos ACS frente às famílias em que há casos de violência doméstica contra a mulher e c) as atividades desenvolvidas pelos ACS que abordem a prevenção à violência doméstica contra a mulher.
Káren Francynne Araújo Maia (UNIMONTES)
A atuação da Delegacia de Repressão ao crime contra a mulher em Montes Claros: 1987-2007
A violência que ocorre cotidianamente no âmbito interpessoal e contra as mulheres tem, nos últimos anos, despertado maior interesse por parte dos pesquisadores das diversas áreas do conhecimento. A Delegacia da Mulher (DM) foi uma das primeiras ações do Estado no combate à violência contra as mulheres. No norte de Minas Gerais a primeira DM foi criada em 1987, em Montes Claros, apenas dois anos após a implantação das primeiras DMs no Brasil. Curiosamente, logo quando este dispositivo ganhou força em outros contextos, se generalizando país afora e a violência contra mulheres se tornou uma preocupação pública e do Estado, essa primeira delegacia encerrou suas atividades, embora os índices de violência na região continuassem elevados. Deste modo, esse trabalho tem por objetivo historicizar o processo de implantação e atuação da DM em Montes Claros através de levantamento de dados feitos em documentos da extinta delegacia, como atas e boletins de ocorrência, e entrevistas de história oral com ex-delegadas, escrivãs(aos) e policiais que atuaram no local. Acreditamos ser este um dos caminhos possíveis para compreender o crescimento nos índices da violência contra mulheres e os fatores que dificultam a eficiência da ação do Estado no combate a esse tipo de violência no município.
Karen Gabriely Sousa Santos (UFPA), Cassiano dos Santos Simão
A representação como ‘espelho’ ou representatividade sociológica:a garantia de direitos da sexualidade a partir de uma visibilidade política.
No campo da Ciência Política, no que concerne ao conteúdo da função representativa relacionada ao papel do representante, há inúmeras produções científicas que são observadas no seu aspecto prático, promovendo debates sobre modelos que a interpretam. Um deles é a representação como “espelho” ou representatividade sociológica, não sendo a finalidade política que a explique por si só, mas observando quais as características do corpo social são espelhadas no organismo representativo. O objetivo maior de análise é relacionar conceitos e experiências sobre sexualidade, abordando perspectivas a partir de movimentos homossexuais na cidade de Belém do Pará, que através da reivindicação política almejam reconhecimento social tendo em vista a garantia de seus direitos como cidadãos. A título de análise tais grupos, movimentos e partidos políticos, como: Movimento Homossexual de Belém (MHB); Grupo Homossexual do Pará (GHP) e o Grupo Apolo pela Livre Expressão sexual surgem com o intuito de defesa, e transformação da realidade político-social. Através de revisão bibliográfica, análise de conteúdo e de dados secundários, aborda-se a relação de representatividade sociológica e como esta se posiciona como alternativa de emancipação das sexualidades, através de uma política de visibilidade.
Karilene Costa Fonsêca (UEMA)
Patrimônio cultural Kríkati: rituais e oralidade dos guardiões
Este artigo analisa, a partir da memória dos guardiões os rituais do grupo indígena Krïkati. Além disso, através da oralidade dos mais velhos pretende-se que a história deste povo seja narrada dentro da visão etnológica. Surgindo então a pesquisa sobre a etnia Krïkati, localizada na Aldeia São José, no entorno da cidade de Montes Altos - Maranhão. Trata-se de identificar e reconhecer a influência deste povo na cultura da sociedade sul maranhense, denotada pela sabedoria dos Guardiões e nas suas riquezas materiais e imateriais. Portanto, de forma preliminar esta pesquisa conclui que a cultura Krïkati deve ser preservada e valorizada com elo de respeito e honradez e com o viés para a educação Patrimonial e a conseqüente justeza social.
Karina Scaramboni (UNESP), José Roberto Sanabria de Aleluia (UNESP), Antonio Carlos Barbosa da Silva
Análise do fanzine Vaginas Dentadas: uma interface entre a militância feminista e a educação informal
O desenvolvimento tecnológico, o surgimento de novas formas de comunicação e a facilidade de acesso, infligiram aos pesquisadores das diversas áreas a necessidade de desenvolver novas técnicas educativas que atingisse a população contemporânea. A partir do referencial teórico postulado por militantes feministas e da revisão bibliográfica de instrumentos educativos alternativos, encarrilhamos por compreender como a educação informal pode ser eficaz no intercâmbio entre movimentos sociais e mulheres em situação de vulnerabilidade de gênero. Partindo da premissa que a violência contra a mulher é o resultado de uma construção histórica, portanto, passível de desconstrução, é de extrema importância para autonomia da mulher o acesso ilimitado a informação. Logo, a existência do fanzine (impresso e eletrônico), enquanto material alternativo pode ser utilizado como instrumental educativo para fornecer informações no que concerne à questão de gênero. Assim, o recorte do presente trabalho averigua a operacionalidade do fanzine enquanto instrumento dialógico entre a militância feminista e a sociedade, possibilitando um espaço para construção da cidadania, no qual, a igualdade de gênero, a violência contra a mulher e a luta por direitos possam ser alguns pilares de um novo projeto social.
Karine Pásseri (CESUMAR)
Acenos e Afagos (2008): A sutil influência do preconceito
A literatura de minorias divide-se em diversas temáticas. Dentre elas, há a literatura homoerótica, que aborda a questão do sujeito homoeroticamente inclinado, como no livro Acenos e Afagos (2008), de João Gilberto Noll, cujo narrador-personagem vivencia relações hetero e homossexuais. Analisar-se-á como as atitudes do narrador autodiegético estão relacionadas à visão preconceituosa da sociedade dominante. Diante de tal contexto, questiona-se: será que ele tem consciência do preconceito existente no âmbito social? Isso influencia as suas relações heteroeróticas? E as homoeróticas, como se procedem diante disso? A partir disso, este artigo abordará tais questionamentos e, como resultado, espera-se que o personagem, inserido em um “entre-lugar”, se mostre como alguém que, por não ter coragem de transgredir as “leis” sociais preconceituosas, se submete a elas e, portanto, divide-se a uma vida heterossexual para fazer seu papel na sociedade e, ao mesmo tempo, desfruta de experiências homoafetivas às escuras, metaforizando sua invisibilidade social.
Káritha Bernardo de Macedo (UDESC)
Identidade feminina brasileira nos anos 40 - o que é que essa brasileira tem?
Com a compreensão de que a música atua como representação simbólica das relações e age como elo de consolidação de discursos, os projetos populistas no Brasil oportunamente se apoiaram em músicas que traduzissem simbolicamente o conceito então almejado de povo e de mulher brasileira. Porém, o padrão que se queria expor internacionalmente nem sempre era o mesmo que se ansiava fomentar em terras tupiniquins. Nesse ínterim, a música se destaca como instrumento de diálogo entre o Estado e as grandes camadas populares, conectando o centro do poder aos seus sujeitos. Assim, foi desenvolvido um estudo da expressão identitária da figura feminina brasileira nos anos 40, manifestos na música “O que é que a baiana tem” e do figurino de sua intérprete, Carmem Miranda. O objetivo central foi compreender qual é a representação de mulher proposta, pela música, pela performance e pelo figurino da célebre intérprete, bem como, a quem ela se direcionava. Aponta-se na conclusão como o discurso generalizante de feminino brasileiro como uma mulher mulata, divertida, curvilínea, sedutora, cheia de remelexos, rebolados e olhares, vaidosa e extravagante foi tanto exaltado além-mar, como incentivado também dentro do território nacional.
Karla Leandro Rascke (UDESC)
As Irmãs do Rosário: o papel social das mulheres freqüentadoras da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos (Desterro, segunda metade do século XIX)
O presente trabalho pretende apresentar alguns apontamentos acerca da atuação de diferentes mulheres na Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos em Desterro na segunda metade do século XIX. Mulheres vindas de diferentes portos africanos ou descendentes de africanas que em muitos momentos foram maioria quantitativa na irmandade e, no entanto, nem sempre tiveram posições de comando na instituição. Apesar das restrições a alguns cargos e à participação nas eleições, estas mulheres assumiram papéis importantes para o funcionamento da irmandade.
Karla Regina Ferreira Diniz (UNIGRANRIO), Raquel Costa de Souza Santos (UFF)
Feminização e criminalização da pobreza: uma abordagem sobre o processo de exclusão social e Marginalidade
O presente estudo tem por objetivo analisar os fenômenos recentes de feminização e criminalização da pobreza, ou seja, o crescente movimento de encarceramento feminino baseado no perfil majoritário da pobreza que inclui características geralmente comuns de gênero, cor e classe social. Buscou-se vislumbrar estes dois fenômenos sob o mesmo prisma, entendendo que os processos de exclusão social e marginalização avançada que vivenciamos nesta sociedade são decorrentes de um processo ainda maior em que estamos inscritos, isto é, a ideologia capitalista neoliberal, cuja conseqüência mais séria, a pobreza, é multifacetada e, portanto, não basta encará-la sob um único ângulo, um único olhar. É necessário e emergencial que tenhamos um olhar mais abrangente e voltado para os novos formatos que essa pobreza assume. Não somente para intervirmos nela, mas, sobretudo, para ampliarmos nossos conhecimentos sobre as diferentes faces da pobreza no Brasil. Como problemática de estudo, procuramos analisar o perfil socioeconômico das mulheres encarceradas que cumprem pena nas unidades prisionais situadas no Complexo Penitenciário de Gericinó, no estado do Rio de Janeiro. Convém destacar que este trabalho é notas do artigo Feminização da Pobreza e Criminalidade da autora Raquel Costa de Souza Santos, Assistente Social e pesquisadora como eu do grupo Maternidade e Sistema Penitenciário.
Karoline Kika Uemura (UDESC)
Brasil, Europa e Estados Unidos: os novos e/imigrantes e a construção de comunidades e laços transnacionais
O projeto de pesquisa “Conexões entre os Estados Unidos, a Europa e o Brasil: uma análise da configuração de laços transnacionais construídos pelos novos e/imigrantes brasileiros”, coordenado pela Profª Drª Gláucia de Oliveira Assis, tem por objetivo analisar a configuração de comunidades e laços transnacionais, no contexto da globalização, observando a presença de migrantes brasileiros, especificamente, das cidades de Governador Valadares/MG e Criciúma/SC, que se encontram nos Estados Unidos (região de Boston) e na Europa (Portugal/cidade de Lisboa e Cascais). No contexto da Globalização, observa-se o aumento e diversificação de fluxos migratórios, nos quais os migrantes brasileiros – no caso, valadarenses e criciumenses – se inserem como mão-de-obra no mercado internacional, com maior intensidade, a partir da década de 80 do século XX. Dessa forma, observam-se comunidades transnacionais construídas a partir de redes sociais. Nessa perspectiva, com novas tecnologias introduzidas nos meios de transporte e de comunicação, os migrantes brasileiros aprendem a conviver entre dois lugares, construindo múltiplas relações entre a sociedade de origem e o de destino: a migração internacional vai além daqueles que emigram, causando impacto na vida cotidiana das cidades de origem.
Kátia Carolina Meurer Azambuja (UFRGS), Gabriela Cordenonsi da Fonseca (UFRGS)
Mulheres Parlamentares de Esquerda: trabalham em beneficio das mulheres?
A proposta desse trabalho é analisar a produção parlamentar das três deputadas federais do Rio Grande do Sul, Luciana Genro (PSOL), Manuela D'Ávila (PcdoB) e Maria do Rosário (PT), ao longo do exercício do seu mandato, no período de 2006 a 2010. Nossa análise se baseia sobre a direção da produção legislativa. Nossa hipótese é que mesmo sendo elas mulheres de partidos brasileiros de esquerda, elas não tem uma produção exclusivamente voltada para as mulheres e a melhoria de sua condição de vida. A proposta é confirmar ou refutar essa hipótese.
Keissiane Michelotti Geittenes (UNIOESTE), Vanuza Andressa Braga (UNIOESTE)
A ocupação do espaço público pelas mulheres agricultoras a partir da organização sindical no Sudoeste do Paraná
Kelly Naiane Pinheiro Gaia (UFPA)
Duas cenas: as concepções sobre o corpo de jovens estudantes influenciadas pela escola e pela mídia televisiva
Késsia Rosaria de Sousa (UFMA)
Gênero e religiosidade: um estudo sobre as representações das personagens femininas em A Canção dos Nibelungos e Volsunga saga
Kim Martins Knoche (UDESC), Gláucia de Oliveira Assis (UDESC)
As representações sobre os novos migrantes brasileiros rumo a Europa: gênero, etnicidade e preconceito
Esta pesquisa buscou analisar as imagens e representações construídas sobre os migrantes contemporâneos, em particular os migrantes brasileiros, na mídia nacional e internacional, tendo como objetivo analisar como as questões relativas à migração são abordadas na imprensa e em que medida essas imagens reforçam ou não o processo de criminalização das migrações, o qual tem se intensificado principalmente após os atentados de 11 de Setembro de 2001 nos EUA. Dentro desse contexto abrangente se focou, em um primeiro momento, no caso da morte do brasileiro Jean Charles de Menezes em Londres, e toda a discussão em relação a imigração na Europa suscitada a partir deste incidente. Em um segundo momento analisou-se as representações da mulher brasileira imigrante na Europa, verificou-se que, quando estas são tema na mídia de massa, elas estão freqüentemente associadas a questões como o tráfico de mulheres, prostituição, desrespeito e certa sensualidade exótica, além de raramente aparecerem como protagonistas de seu próprio processo migratório. Por fim, foram analisadas as reportagens de sete grandes jornais (da Espanha, Portugal, Inglaterra e Brasil) ao longo de todo o ano de 2008.
Laís Alice Oliveira Santos (UFU)
Meninos e meninas: sinais da reprodução dos valores negadores de uma identidade emancipadora
Laís Cristine Ferreira Cardoso (UNICAP), Nataly de Queiroz Lima (UFRPE)
Mídia e Aborto: uma análise das matérias sobre o Caso Alagoinha no Jornal do Commercio
Láisson Menezes Luiz (UFG)
D. Dinis e o homicídio das mulheres adúlteras. Ley daqueles que matam as molheres sem merecçjmento dizendo que lhis fazem torto e nom sabendo ante a uerdade
Lara Roberta Rodrigues Facioli (UNESP), Karine Dutra Rocha Viana, Juliana de Oliveira (UNESP)
Relações de gênero no processo de esolha das tecnologias conceptivas
Larissa Amorim Borges (PUC Minas), Renata Cristina Belarmino, Manuela de Sousa Magalhães (PUC Minas)
Corpo negro em movimentos
O racismo e o sexismo são lógicas de dominação produtoras de tensões internas e externas aos sujeitos que marcam a subjetividade e o corpo em todo seu processo de desenvolvimento, limitando o prazer e o poder desses atores em se auto-determinar e exercer plenamente seus direitos. Considerando que o corpo e a identidade são esculpidos pelas vivências e pela localização sócio-político-afetiva de seus sujeitos, este trabalho busca partilhar a sistematização de um processo de observação-participante junto a jovens negras ligadas a Cultura Hip Hop e ao movimento de mulheres de Belo Horizonte, numa perspectiva feminista negra. Apresentamos aqui reflexões sobre as possibilidades de reinvenção e alteração das expressões e percepções corporais de mulheres negras a partir da sua participação político-cultural. Para isso, nosso trabalho está organizado da seguinte forma: I - Diásporas do corpo: imagens que a violência racial e o sexismo esculpem II - Corpos em Movimentos: subjetivos, corporais, sociais e culturais III - Negritude e Resignificação: Corpo Negro Território de Beleza. Expressa-se neste trabalho a construção coletiva e individual de um “Nós Mulheres Negras” capaz de provocar deslocamentos diversos.
Larissa Viegas de Mello Freitas (UFSC)
Participação de mulheres rurais em movimentos sociais no período de ditaduras militares no Cone Sul: comparações entre Brasil, Paraguai e Bolívia (1979-1989)
Os países do Cone Sul viveram, entre fins das décadas de 50 e 80, sob a vigência de regimes militares com governos marcados por forte repressão. Esse fato trouxe à tona uma série de reivindicações políticas e o surgimento dos mais diversos tipos de organização e movimentação social, dentre as quais destaco os movimentos sociais que ocorreram na área rural. Neste pôster procuro observar, a partir de uma perspectiva de gênero e utilizando o método comparativo de análise histórica, a trajetória de mulheres que atuaram em movimentos sociais no campo no período de ditaduras militares que ocorreram no Brasil, no Paraguai e na Bolívia, entre 1970 e 1989. Observo também os possíveis contatos que ocorreram entre essas mulheres e o feminismo de segunda onda ― movimento que emergia naquele momento ― e a relação disso com suas práticas políticas dentro das organizações em que faziam parte. Este estudo se utiliza de fontes orais, cujas entrevistas foram feitas nos anos de 2007 e de 2008 com mulheres dos três países em questão; além disso, são utilizadas bibliografias relacionadas a esse tema.
Larissa Zanetti Antas (UFF)
Relações de gênero e movimento feminista pelos olhos da menina Mafalda
Este trabalho apresenta o resultado parcial de um trabalho de pesquisa. Trabalhamos com a personagem criada por Quino, Mafalda. As tirinhas foram feitas nos anos sessenta uma época de turbulência, marcada por crises na América Latina e pelo aparecimento do Movimento Feminista. Mafalda é um personagem que representa um símbolo de contestação e liberdade. Sempre questionando os problemas vistos na sociedade da época, como a progressiva mudança de costumes e a introdução da tecnologia no quotidiano.A personagem, junto a seus amigos, desconstrói as visões conservadores sobre a política, a moral, a cultura. Partindo do princípio que os assuntos abordados pela menina eram pensamentos ligados “aos homens”, logo essa personagem aparece para subverter a lógica social da época, bem como romper com a idéia de que a mulher tem como função a vida doméstica. O principal assunto é a transição do papel da mulher na sociedade. É possível notar a diferença entre os pensamentos da menina Mafalda com os de sua mãe, em relação ao papel social feminino. Partimos do referencial teórico de Scott (1995). Ao analisarmos as histórias da Mafalda situamos as relações de gênero no tempo/espaço, e as permanências e mudanças nas questões contemporâneas. Assim, este trabalho cumpre sua relevância social.
Laura D'Agostin Nesi (UNESC), Luciana Nolla Pizzollo, Monica Ovinski de Camargo (UNESC)
“Matar por amor?”: estudo dos inquéritos policiais e processos judiciais de femicídio na Comarca de Criciúma-SC, entre os anos de 1999 a 2009, na perspectiva dos direitos humanos das mulheres
Os índices de femicídio no Brasil, entendido como o assassinato de mulheres baseado em gênero, tem se tornado cada vez mais preocupante, tendo em vista que a prática desse crime constitui grave violação dos direitos humanos das mulheres. Os avanços alcançados pelas lutas dos movimentos feministas, que resultaram em conquistas importantes no campo da igualdade de gênero, faz com que haja a falsa percepção social de que a violência com base em gênero acabou. No entanto, a igualdade perante a lei se defronta com a desigualdade e a violência em âmbito doméstico e familiar. Nesse sentido, a partir de pesquisa realizada no Fórum da Comarca de Criciúma, constatou-se a existência de 60 casos de mortes violentas de mulheres, num universo de 496 inquéritos e processos de crimes contra a vida registrados nesse período. Da análise parcial dos dados, verificou-se 36 processos e inquéritos, dos quais 47,25% foram caracterizados como crime passional de femicídio tentado ou consumado, 16,66% tentativa ou consumação de assassinato por outras razões, 13,88% suicídio, 8,33% atropelamento, 5,55% erro médico e 8,33% em demais casos. Assim, a maior proporção do femicídio dentre as causas de morte violenta nesse estudo, serve como indicador regional de uma realidade sofrida pelas mulheres no Brasil.
Laura França Martello (UFMG)
Trocas e tensões entre teoria feminista e multiculturalismo: revisão e análise
O presente trabalho é um esforço teórico de revisão e análise das interseções e trocas entre as teorias feministas e as do multiculturalismo. Os encontros entre esses dois campos, tão diversos internamente, tem sido muito fértil, pois explicitam uma série de conflitos a respeito dos direitos das mulheres, de minorias sexuais, de minorias étnico-raciais e diferentes práticas culturais. O feminismo gera fortes questionamentos @s teóric@s do multiculturalismo, em especial relativos às relações de poder nos mais diferentes grupos e espaços. Por outro lado, para diversas autoras feministas a discussão do multiculturalismo tem se tornado cada vez mais central, especialmente por colocar em questão o modelo de emancipação feminina formado em padrões europeus, brancos e burgueses. Algumas, já internacionalmente reconhecidas, como I. Young, S. Benhabib, S. Okin, N. Fraser, J. Butler e A. Phillips vêm encarando esses desafios, com a colaboração de divers@s autor@s dos estudos culturais, pós-coloniais e da discussão sobre justiça social. Indo mais além, as feministas latino-americanas têm enfrentado tais dilemas, construindo perspectivas teóricas alternativas, baseadas em diálogos sul-sul e em visões críticas da emancipação das mulheres e de outras minorias.
Laura Helena Silva de Almeida (UFF)
A desigualdade na formação de papéis masculinos e femininos
Este trabalho é um dos resultados do Projeto “Juventude e Homoafetividade: Direitos Sexuais são Direitos Humanos” do IEF/UFF. Trabalhamos com o conceito de direitos sexuais enquanto direitos humanos, portanto, básico para o bem estar de um cidadão. O nosso principal objetivo é expandir o trabalho centrado na luta pelos direitos sexuais, como condição à construção de cidadania. Aqui nos propomos a discutir as variadas forma de dominação masculina sobre as mulheres (independente de sua identidade sócio-sexual), sendo física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral, tendo como base as formas diferenciadas, da construção dos papéis sócio-sexuais durante a infância. E analisar estas reproduções, a partir da história da dominação masculina, para juntos conquistarmos uma sociedade baseada na equidade de gêneros. A dominação masculina e a violência contra mulheres são questões interligadas. Estas diferenças entre as representações sócio-sexuais é uma questão processual histórica e cultural, onde se constroem os papéis tanto do masculino, quanto do feminino, entretanto, não se tratam de categorias fixas quando falamos de gêneros, mas sim de lugares sociais móveis e provisórios. Como principal referencial teórico estamos usando BOURDIEU, (1998). WELZER-LANG (2001).
Layla Vitorio Peçanha (UERJ)
Estudo da interseccionalidade entre “raça”, gênero e sexualidade
Lázaro Castro Silva Nascimento (UFPA), Adelma Pimentel (UFPA)
Violência e homossexualidade masculina: atuação da Delegacia de Combate aos Crimes Discriminatórios na cidade de Belém
Este trabalho se insere no campo de estudos fenomenológicos gestálticos e visa abordar repercussões das violências física e psicológica dirigidas a homossexuais. O Brasil é um dos países que mais agride esse gênero, por isso a importância desse estudo. Dentre as facetas do ato violento destacamos as violências física e verbal, que podem culminar na psicológica. Esta é danosa ao ser humano, pois, embora não deixe marcas visíveis, pode gerar baixa auto-estima e problemas no desenvolvimento pessoal. O objetivo da pesquisa é examinar os boletins de ocorrência da Delegacia de Combate aos Crimes Discriminatórios de Belém, a incidência e o tipo de denúncias de atos violentos a que estão afetados os homossexuais. Procedimentos: O material de análise foram os boletins de ocorrência registrados nos anos de 2007 e 2008. Após o levantamento de dados, cotejamos o material empírico à literatura da área para verificar quais idéias estavam associadas à violência encontrada. A literatura aponta alguns fatores, entre eles: a visão de inferioridade acerca da vítima e o ideal de que a homossexualidade é moralmente errada. Resultados da análise bibliográfica: a vivência homossexual nos campos psíquico e social, de modo pleno, ainda é difícil apesar de já haver proteção jurídica contra tais crimes.
Leane Aparecida da Silva (PUC - RJ)
Gênero e educação intercultural: os caminhos da produção acadêmica no Brasil
Leide Sayuri Ogasawara (UFSC), Jane Maria de Souza Philippi (UFSC), Patrícia Alves de Souza
Casa da Mulher Catarina: ensinando cidadania e igualdade - prevenindo a gravidez na adolescência
O projeto Casa da Mulher Catarina é uma extensão do Departamento de Saúde Pública da Universidade Federal de Santa Catarina que visa refletir e agir sobre a mulher e sua condição, realizando debates, palestras, oficinas e capacitações. Realiza palestras com o tema Gravidez na Adolescência com o objetivo de esclarecer e prevenir a gravidez em adolescentes, considerada de alto risco. Em 2009, a Casa realizou palestras, utilizando data-show, e debates sobre este tema com os estudantes da Escola de Educação Básica Laurita Dutra de Souza, em São José, SC. Participaram das atividades 109 alunos da escola da 5ª e 6ª séries do ensino fundamental. Enfatizou-se a responsabilidade compartilhada na gravidez, o alto risco atribuído à gravidez na adolescência, os métodos contraceptivos e a importância de evitar a gravidez indesejada, já que a adolescência é a época da formação do ser humano como cidadão, incluindo-se aí as descobertas, o estudo, as amizades, o esporte e a diversão, e não deve ser desperdiçada precocemente com atribuições de adultos, como a gestação e a criação de um filho. As atividades foram importantes para a conscientização dos estudantes e também para o esclarecimento de alguns professores sobre o assunto. A bolsista sentiu-se útil no preparo das atividades e nas discussões, onde usou o conhecimento aprendido na Universidade.
Lélia de Castro Gramignolli (UNESP)
Pedagogia queer(?): uma proposta fluida
A sociedade em que vivemos é fundamentada em relações de poder que classificam, hierarquizam, homogeneízam os seres humanos segundo comportamentos e pensamentos construídos sócio-culturalmente; e aquelas(es) que não correspondem a estes padrões determinantes são categorizadas(os) e, com isso, excluídas(os) e discriminadas(os) . Por meio das sutilezas existentes no espaço escolar, onde as relações de poder se legitimam e impõem ao indivíduo que aceite e se submeta à norma vigente, que o presente trabalho inicia. O presente trabalho discorre sobre as constatações iniciais de uma pesquisa que tem como objetivo investigar as relações existentes dentro do espaço escolar que culminam na categorização e separação das(os) estudantes desde cedo - em atividades, jogos, brinquedos e disposição dos espaços - promovendo a relação direta do sexo biológico com a identidade de gênero, fixando uma identidade sexual. Para isso, será realizada uma pesquisa a fim de verificar como a heteronormatividade compulsória está presente especificamente no contexto escolar, tendo como referencial teórico a teoria queer , sendo assim, por meio da teoria acerca da pedagogia queer, busco subsídios para uma educação equitária.
Leonardo Francisco de Azevedo (UFJF), Anderson Ferrari
O/a professor/a frente à homofobia na escola: o que el@s têm a dizer...
Lidiane Bruno Sertorio (UFRRJ)
Migração, educação e gênero: a trajetória das mulheres migrantes na turma de EJA em Nova Iguaçu
Lidiane Raquel da Silva Nominato (UFMG), Charles Martins Muniz
As Faladeiras
Lilian Back (UFSC)
Moral revolucionária revisitada: depoimentos das militantes da esquerda armada brasileira e argentina
Esse trabalho é um dos frutos da pesquisa “Relações de gênero na luta da esquerda armada: uma perspectiva comparativa entre os países do Cone Sul (1960-1979)” e foi orientado pela Profa. Dra. Cristina Scheibe Wolff (LEGH/UFSC). Ele está centrado na comparação das rememorações da moral nos grupos de EA dos dois países por suas ex-militantes. A comparação estabelecida é dupla: diz respeito à observação de semelhanças e diferenças entre a “moral revolucionária” e das memórias sobre ela; e dos depoimentos de mulheres que se identificaram em algum momento com o feminismo e os das não envolvidas nessas discussões.
As entrevistas coletadas apontam para uma série de semelhanças entre a moral revolucionária forjada pelos grupos de ambos países. Entretanto, na Argentina, ela foi mais elaborada e era interpretada como uma forma de luta contra o capitalismo. Aqui, com as organizações imersas na “dinâmica da clandestinidade”, foi formada uma moral mais pragmática, ancorada nos princípios de segurança e proteção do grupo. As memórias das ex-militantes variam de acordo com a identificação delas ou não com o feminismo. As feministas afirmaram que a moral era rígida demais e que eram discriminadas dentro das organizações por serem mulheres, observações menos enfáticas no caso das não feministas.
Lilian Cerquetani Sousa (UNESP), Fernando Silva Teixeira Filho, Lilian Aparecida de Araújo (UNESP)
Enfrentamento da Homofobia por Práticas Psi
O projeto de extensão e estágio Clínica das Diversidades Sexuais desenvolvido junto ao Departamento de Psicologia Clínica (UNESP de Assis), aliado as conquistas dos direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT), tem o intuito de conhecer teórica e praticamente as questões relacionadas à produção da discriminação em relação às sexualidades dissidentes do dispositivo heteronormativo. Para tal, realizamos ações clínicas que vão desde atendimentos individuais com base no método psicanalítico e tórias pós-estruturalistas à acolhimento e plantões junto ao Centro de Referência em Direitos Humanos no Oeste Paulista (CR) instaurado na ONG Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre as Sexualidades (NEPS). Além destas atividades realizamos intervenções de cunho informacional e reflexivo, como cine-debates semanais em torno da temáticos LGBT. Até o momento, atendemos 10 casos vitimas de violência homofóbica e 5 pacientes heterossexuais com queixas de disfunções sexuais. Por fim, observamos a necessidade de incluir na clínica psicológica as discussões promovidas pelas teorias de gênero e pós-estruturalistas, que levam em consideração referentes sociais relevantes nos processos de subjetivação.
Liliana Lopes Pedral Sampaio (UFBA), Maria Thereza Ávila Dantas Coelho (UFBA)
Aspectos psicológicos e éticos nas novas demandas feitas ao Setor Saúde por pessoas transexuais
Falar sobre a transexualidade é falar sobre a dor da existência em um corpo cujo sexo biológico está em desacordo com o gênero a que se sente pertencer. Em busca de uma adequação, as pessoas transexuais optam por cirurgias e hormonioterapia para desenvolvimento dos caracteres secundários. A realização desses procedimentos pelo SUS requer uma avaliação e acompanhamento multiprofissional, com conseqüente parecer favorável ou desfavorável à sua realização. Este trabalho exploratório pretendeu investigar o drama vivido por essas pessoas na conquista de uma harmonia com seus corpos, incluindo os períodos pré e pós-cirurgia e demais procedimentos. Foram entrevistadas sete pessoas transexuais, através de entrevistas semi-estruturadas, que já tivessem realizado a cirurgia ou estivessem em vias de realizá-la. Observou-se que a infância e a adolescência deles foram marcadas por conflitos, discriminação, isolamento e depressão, o que se acentuou na adolescência com o surgimento dos caracteres secundários discordantes do sexo psíquico. As cirurgias e a hormonioterapia foram apontadas como condição para uma vida mais feliz. A regulamentação do acesso a esses procedimentos através do SUS foi considerada necessária como movimento de busca da garantia do direito humano e universal à saúde.
Liliane de Souza Santos (UFPA)
Iniciação sexual antecipada. Uma análise com alunos da escola Drº José Marcio Ayres
Liliane Maria Ramos Silva (UFMG), Vivane Martins Cunha (UFMG), Sandra Maria da Mata Azeredo
Violência contra a mulher: fronteiras entre gênero, raça e classe
A Delegacia Especializada em Crimes Contra a Mulher de Belo Horizonte conta com o serviço de atendimento psicológico realizado por equipes compostas por estagiários/as e professores/as de Universidades da cidade. Os atendimentos realizados pela equipe da UFMG partem da perspectiva de gênero e as supervisões do estágio sobre os casos atendidos são perpassadas pelas teorias feministas. A importância do atendimento que leve em consideração a perspectiva de gênero está na tentativa de que as mulheres assumam uma posição crítica frente a situação de violência, compreendendo a sua própria participação na história, assim como o fato dessa sua participação estar ligada a um contexto histórico de dominação de gênero. Neste trabalho, iremos discutir os atendimentos realizados durante o 2º semestre de 2009 e o 1º semestre de 2010 realizados pela equipe de estagiários/as da UFMG. Daremos ênfase na articulação entre gênero, raça e classe, pois, a compreensão de formas de opressão específicas vivenciadas por mulheres negras e de baixa renda é de grande relevância para embasar os atendimentos realizados na delegacia, bem como ajuda romper com uma visão hegemônica de mulher, ou seja, branca, classe média e heterossexual, ainda presente em contextos de atendimentos a mulher.
Livia Freire da Silva (UFPB)
A prostituição em seu contexto: o cotidiano conflituoso da prostituição em Mamanguape
O trabalho que se segue é de cunho etnográfico a respeito da prostituição feminina na região de Mamanguape, Litoral Norte da Paraíba, faz parte de um projeto mais amplo, “Entre campos, mares e trajetos: experimentos etnográficos no Litoral Norte da Paraíba”, com financiamento do CNPq. O projeto temático, coordenado pela profa. Dra. Silvana de Souza Nascimento, da área de Antropologia do Campus IV da UFPB em Rio Tinto, tem como objetivo construir etnografias sobre a configuração de suas cidades, municípios e a multiplicidade de gênero, étnica e cultural de sua população. Pretendo entender as relações existentes no cotidiano da prostituição particularmente feminina, nessa área pesquisada, que são bastante conflituosas, e mostrar que parte desses conflitos se torna mecanismos de defesas, concretos e simbólicos, das profissionais do sexo. Observamos que algumas formas de violência são conseqüências das práticas dessas mulheres em relação aos seus clientes e os seus companheiros (as). Partindo do pressuposto de que a violência ali vivida é criada por uma via de mão dupla, e não somente baseada numa relação agressor-vítima. Pretenderemos perceber como e por que algumas práticas dessas mulheres prostitutas desencadeiam formas de violência e reciprocidades.
Lolly Quaresma (UFF)
O belo, a mídia impressa e o corpo adolescente feminino no contemporâneo
O presente trabalho busca problematizar questões relacionando os padrões de beleza impostos pela mídia impressa (revistas), as imposições articuladas por esta dentro da escola e de que forma contribui para uma deturpação do que é saúde e estética. Realizamos uma pesquisa de campo com 45 meninas, entre 12 e 17 anos, sendo 20 da rede pública e 25 da rede particular de ensino do município de Niterói, estado do Rio de Janeiro, no mês de novembro de 2008, a partir de um questionário com 11 perguntas. Entre elas está apontada a satisfação das adolescentes com a aparência, a prática de atividade física e se fariam ou não cirurgia plástica. Entre as questões, 3 eram de cunho dissertativo onde se perguntava o que elas entendiam por saúde, estética e atividade física. Após a pesquisa realizada associada ao referencial teórico, observou-se que o conteúdo das revistas pode estar levando as adolescentes a perceberem seus corpos como produto, notando uma preocupação excessiva com a transformação do corpo e sua adaptação a um padrão corporal definido pela indústria cultural de massa.
Lorena Lúcia Cardoso Monteiro (UFPB), Amanda Virgínia Albuquerque dos Santos (UFPB), Edilon Mendes Nunes
Fissuras no cotidiano, rupturas na tradição: mulheres fazendo diferença no semi-árido paraibano
Lorraine Lopes Souza (USP)
Gênero, lazer e trabalho na produção do cotidiano de mulheres imigrantes ilegais: um estudo psicopolítico com mulheres sulamericanas em São Paulo
Luana Balieiro Cosme (UNIMONTES)
Mulheres e violência: os casos de feminicídios no norte de Minas (1970-2007)
O presente estudo analisa assassinatos de mulheres ocorridos no norte de Minas Gerais durante o período de 1970-2007, a partir de processos-crime encontrados nos arquivos das comarcas de Montes Claros e Janaúba. Para a análise dos processos utilizamos os conceitos de violência de gênero e, pelas características de alguns assassinatos, o de feminícidio. Esse último, de modo geral, é entendido como uma categoria de crime em que se caracteriza pelo ódio em relação às vítimas, não como indivíduos, mas como símbolos de uma construção social, nesse caso, o ser feminino. Assim, foram encontramos 40 assassinatos, em que mulheres são as vítimas e os réus são homens. Tendo em vista nossos objetivos, selecionamos sete processos para análise, quatro dos quais ocorridos entre cônjuges. Os motivos alegados pelos réus são quase sempre banais, como ter sofrido discriminação por sua aparência “feia e estranha”. Os assassinatos são caracterizados pela perversidade, crueldade, às vezes acompanhado de tortura o que sugere o ódio pelas vítimas. O desfecho dos processos foram quase sempre os mesmos: arquivamento, extinta a punibilidade do réu, ou até mesmo poucos anos de prisão. Isso demonstra o “desinteresse” da justiça em punir os acusados quando a violência é cometida contra mulheres.
Luana Zamprogno (EMESCAM), Aline de Oliveira, Gilsa Helena Barcellos (EMESCAM)
O adoecimento psíquico-físico de mulheres em situação de violência: o Serviço Social tem tudo a ver com isso
Lucas Gerzson Linck (PUC - RS), Hellena Bonocore Morais (PUC - RS), Amanda Pacheco Machado (PUC - RS)
Infância e estereótipos: o gênero na creche, escola e família
Luciana Silva dos Santos (PUC - RJ)
O corpo vestido: o corpo e os aspectos de sua nudez frente à padronização estética
Lucicleide dos Santos Silva (UFPE), Rebeca Ramany Santos Nascimento (UFPE)
Gênero, Registro Civil e Processos Judiciais em contextos rurais
Este trabalho objetiva analisar os processos judiciais referentes a pedidos de autorização judicial, entre os anos de 1998 e 2008, para assentamento de Registro de Nascimento, retificação de Registro Civil e restauração de Certidão de Casamento de homens e mulheres moradores do município de Calumbi – PE.
A pesquisa é qualitativa e utilizou como instrumento a pesquisa documental realizada no fórum da comarca de Flores – PE. Esta teve como base os processos judiciais de registro civil de 1998 ao ano 2008. Ao todo, foram encontrados 72 processos. Os dados encontrados apontam que o número de assentamento de registro é quase o dobro dos demais pedidos, sendo correspondente a mais de 50% dos casos pesquisados.
Foi identificado também que como as pessoas mais jovens necessitam de documentos para estudar, trabalhar e viajar, elas têm sua documentação desde criança. Outro ponto abordado é que o percentual de mulheres que tiram sua certidão de nascimento tardiamente é de 60,47%. Atualmente, por motivos que geralmente estão relacionados ao acesso a políticas publicas e a previdência, as mulheres requerem com mais frequência que os homens a sua certidão de nascimento tardia.
Luciene Maria Araújo de Oliveira (FATERN), Vanúsia Pereira de Araujo (FATERN), Suzana da Cunha Joffer (FATERN)
A Mulher pescadora e a atividade pesqueira: Estudo na comunidade pesqueira de Pitangui/Extremoz/RN
Lucimara Fabiana Fornari (UNICENTRO), Leticia Garcia, Maria Isabel Raimondo Ferraz
O papel do profissional enfermeiro na assistência a mulher vítima de violência doméstica: uma reflexão teórica
A violência contra a mulher é considerada como uma epidemia na área de saúde pública. Esse resumo de reflexão foi elaborado em 2009 durante a execução de um projeto de extensão universitária, com o objetivo de esclarecer o papel do profissional enfermeiro na assistência às mulheres vítimas de violência doméstica. Pela característica da violência doméstica ocorrer em âmbito privado e se constituir de medo e vergonha, existe a dificuldade de visualizar as conseqüências à saúde da mulher. No atendimento as mulheres vítimas de violência doméstica é preciso conhecer o histórico da paciente, pois a atenção voltada somente ao relato dos sintomas pode manter oculto o verdadeiro problema. Também se faz necessária à notificação dos casos permitindo uma análise concreta da incidência de violência contra a mulher, e assim promover medidas de intervenções efetivas. A formação de uma rede intersetorial é fundamental para atender integralmente a mulher vítima, contando com a participação da assistência psicológica, policial e jurídica, além da interação com os demais profissionais de saúde. A importância do enfermeiro na assistência as mulheres vítimas de violência doméstica é fundamental para romper com o ciclo de violência e não apenas realizar um cuidado paliativo, mas curativo.
Ludmila Bastos Mochizuki (PUC- GO), Melyse Moura Campos
Violência doméstica em gestantes
Luiza Dias Flores (UFRGS)
Quando a mulher negra rouba a cena: esboço de uma etnografia sobre um grupo de teatro negro em Porto Alegre
Luíza Mello da Silva (FURG)
Mulheres, representações e construções: a China em meio à idealização do gaúcho.
Mahinã Leston Araujo (FURG), Carolina de Biasi Amaral
Memórias de um Futebol Azul, Amarelo e Rosa: Esporte Clube Pelotas/Phoenix - Futebol Feminino
O Departamento de Futebol Feminino do Esporte Clube Pelotas/Phoenix foi ativado em 25 de julho de 1996, através da formação de um grupo de jogadoras amadoras oriundas de equipes menores existentes e mais algumas peneiras/seleções realizadas na cidade. A intenção de montar um time de futebol feminino foi para fomentar a modalidade na cidade e no estado e criar um novo espaço com oportunidades para atletas e demais integrantes do projeto. Aproximadamente 500 meninas e mulheres já passaram pelo time. Com isso, essa pesquisa visa compreender os aspectos históricos dessa equipe, através de uma metodologia qualitativa, com o uso de entrevistas com as (ex)jogadoras e técnicos e análise de documentos do clube e da mídia. Até o momento já podemos destacar que houveram mudanças significativas com o passar do tempo no clube, vale citar a diminuição de preconceitos, aumento de visibilidade na mídia, aumento do número de praticantes e até mesmo aumento de investimentos por parte de patrocinadores/apoiadores. De 2005 para cá nove atletas foram convocadas para as categorias de base da Seleção Brasileira de Futebol Feminino (sub20 e sub17), além de inúmeras conquistas em campeonatos regionais, estaduais e nacionais.
Marana Tamie Uehara de Souza (UEL), Vania Galbes
A construção social da identidade de gênero de uma Drag Queen: notas de um estudo na psicologia social
A disciplina de Psicologia Social prática do curso de Psicologia da Universidade Estadual de Londrina-PR desenvolveu em suas propostas, partindo dos Estudos Culturais e de gênero, o aprofundamento da temática sexualidades e gênero. Objetivou-se verificar como ocorre a construção social da identidade de gênero e considera-se que a história de vida do indivíduo, suas experiências nas relações sociais e culturais contribuem para a formação desta. Será realizado, no projeto, entrevistas com onze participantes selecionados por categorias representativas e pelas distintas e amplas expressões de suas sexualidades; dentre eles uma Drag Queen. Esse participante em questão foi solicitado a participar por se autodenominar detentor da condição artística que a identifica como Drag Queen, sendo do sexo biológico masculino, homossexual e se identificando com as questões do feminino. Os dados serão coletados por meio de entrevistas semi-estruturadas, sendo audiogravadas e transcritos na íntegra, de modo a captar as analogias históricas dos discursos instituídos, a partir da contribuição teórica proposta por Michael Focault.
Marcela Peregrino Bastos de Nazaré (UEM)
O movimento LGBT como agente de transformação social- um estudo da bibliografia brasileira sobre as estratégias políticas do movimento
Ao longo das últimas décadas, o movimento LGBT ( Lésbicas, Gays, Bissexuais, travestis e transexuais) no Brasil sofreu modificações relativas à formulação de demandas e à configuração de suas estratégias políticas. Também se configurou como um agente de transformação social, ao trazer para a cena pública novos valores e travar discussões acerca das instituições e das relações sociais. Devido sua importância na dinâmica social e sua expressividade para as ciências sociais, este trabalho tem como objetivo, mapear alguns dos conceitos e problemas teóricos empregados pela bibliografia para compreender atuação do movimento em um contexto mais amplo de mudança social, bem como mostrar a configuração contemporânea deste, em termos de estratégias políticas e agenda de reivindicações.
Marcella Carmem Silva Reginaldo (UERJ), Regina Gonçalves de Moura (UERJ), Mayra de Souza Santos (UERJ)
Cada um na sua e muito em comum
Em 2007 o Projeto TRANSformAÇÃO de orientação afetivo-sexual foi implantado nas turmas da 7ª série de uma escola municipal em Vila Isabel com o objetivo de estimular a ressignificação das representações sociais e de gênero em grupo de adolescentes, a fim de identificar as vulnerabilidades nas questões relativas à saúde sexual e reprodutiva, possibilitando a adoção de práticas preventivas às DSTs/HIV-AIDS e gravidez precoce. A avaliação dos resultados para a continuidade do trabalho em 2008 apontou para a necessidade de intervenções focais em grupos separados de moças e rapazes, a fim de suscitar, discutir e problematizar os mitos, certezas e dúvidas em relação à sexualidade próprias de moças e rapazes em grupos isolados.
A cada mês eram realizados 4 encontros de 50 minutos; os 3 primeiros sob a forma de oficinas com grupos de adolescentes e facilitadores separados pelo sexo (“conversa de meninas” e “papo dos caras”), problematizando os imperativos de gênero (“tem que”). No quarto encontro eram reunidos os dois grupos e são trabalhados os temas e dúvidas comuns a ambos. A partir das oficinas pôde-se estabelecer novas formas de intervenção no Projeto TRANSformAÇÃO para as turmas da 8ª série e assim viabilizar novas estratégias para adoção de práticas preventivas.
Marcella Cristina Pires (UFRRJ), Valéria Nascimento (UFRRJ), Herbert Carlos do Nascimento Schott (UFRRJ)
O significado do corpo na Educação Física
O humano torna-se individuo sob a direção dos padrões culturais, compondo um sistema de significados, elaborando seus próprios valores no decorrer de sua vida. Torna-se arriscado formar um padrão universal para os significados, porém é possível identificar relações significativas com as questões temporais e sócio-culturais. Historicamente pode-se considerar que o sentido do corpo vem sofrendo mudanças expressivas e somado a isso, acredita-se que a intervenção do profissional de Educação Física está ligada a construção do valor do corpo.
A intervenção em Educação Física está fundamentada nas competências profissionais no que diz respeito as questões técnicas, cientificas, pedagógicas e sociais envolvidas no âmbito da educação e da saúde. Portanto, acredita-se que o significado do corpo para os estudantes do curso de Educação Física constitui fator imprescindível na formação desses profissionais em favor de um sentido critico e original na sua atuação. É nossa intenção investigar o sentido do corpo para homens e mulheres, futuros educadores físicos, a fim de verificar se há diferença de opinião entre os mesmos considerando que este sentido pode interferir diretamente na formação do indivíduo. O referido estudo encontra-se em desenvolvimento.
Marcella Uceda Betti (USP)
"Mulheres Reais" - A marca Dove e o corpo feminino
Atualmente um corpo jovem e magro é sinônimo de sucesso e autodeterminação. Assim, as mulheres são incentivadas a buscarem um corpo livre de gordura e de marcas do tempo, se submetendo a dietas, exercícios físicos, procedimentos estéticos e até cirurgias plásticas.
A mídia e a publicidade, grandes referências de modelos de identidade feminina, são apontadas como as “vilãs” responsáveis pelos padrões de beleza disciplinadores que regulam o corpo das mulheres. Sabendo disso, a marca de cosméticos Dove iniciou a “Campanha pela Real Beleza”, que prega uma beleza feminina mais democrática, valorizando os diferentes corpos de mulheres “comuns”, e não os corpos de modelos “perfeitas”.
O objetivo de minha pesquisa é identificar as representações do corpo feminino e os estereótipos de gênero presentes na Campanha, questionando até que ponto esta diverge da publicidade que glorifica a perfeição estética, analisando criticamente as imagens e os discursos dos anúncios impressos da Campanha publicados entre 2004 e 2008. O material para a pesquisa também inclui uma constante leitura sobre trabalhos da área de gênero e mídia, bem como entrevistas que objetivo realizar com profissionais da mídia que tenham se envolvido na Campanha, de modo a apreender a lógica publicitária por trás desta.
Marcelo Melo da Silva (UFRPE)
A legislação civil e os desafios das mulheres pelos direitos políticos (1824-1932)
Esta pesquisa tem por objetivo analisar o processo constitucional e seu resultado no período monárquico e início da era republicana no Brasil, relativos aos direitos e deveres das mulheres. Em 1822, o país se torna independente de Portugal e em 1889 o golpe civil-militar tira o país da Monarquia. Esses dois momentos compõem o contexto de elaboração das Constituições de 1824 e 1891, pontos de partida para a discussão dos direitos das mulheres em nossa legislação. Na primeira Constituição, a mulher é preterida de direitos. Já, na Constituinte de 1890 e 1891, há um forte embate político para a inserção da mulher no corpus legislativo. A Constituição de 1891 relata que não podem alistar-se eleitores, entre outros: os mendigos e os analfabetos. Para Pimentel (2003, p. 16) “a mulher não foi citada porque simplesmente não existia na cabeça dos constituintes como um indivíduo dotado de direitos”. É só no Governo Provisório de Vargas, através do Decreto n° 21.076, de 24 de fevereiro de 1932, que o direito de voto das mulheres seria garantido. A importância desse estudo é perceber essas modificações e como elas ocorreram. Identificando também seus condicionantes político e histórico para uma melhor compreensão do processo de configuração das relações de gênero e de família no Brasil.
Marcelo Porto Dias (UCB)
Transfobia em contexto de ação policial: ações e representações
Este trabalho investiga as representações que policiais militares do Distrito Federal possuem a respeito de travestis e como essas representações repercutem e orientam suas ações em contextos de ocorrencias envolvendo essas sujeitas. A partir de relatos e dados coletados através de entrevistas e questionários aplicados com policiais militares, bem como de um experimento de auto-etnografia a partir de minha posição enquanto policial militar, analiso como policiais percebem sua interação com as travestis e as conexões entre ação e representação perante as identidades de gênero na construção de violências transfóbicas. Por fim, discuto como o gênero e suas estruturas se expressam na ação policial, tornando-a o ápice da estatização da violência contra travestis.
Marcia Helena de Souza Lima (UNIRITTER), Raquel da Silva Silveira (UFRGS / UNIRITTER), Maria Beatriz Rocha Vieira de Souza
A Lei Maria da Penha e a violação de Direitos Humanos: articulações entre gênero e raça em processos judiciais na cidade de Porto Alegre-RS
Este trabalho integra a pesquisa “Violências contra as mulheres e a Lei Maria da Penha: a interseccionalidade gênero/raça e seus efeitos na violação de Direitos Humanos”, desenvolvida no Curso de Direito do Centro Universitário Ritter dos Reis e em parceria com o Instituto de Psicologia da UFRGS. Tem como objetivo identificar qual a visibilidade que as questões de raça têm nos processos judiciais da Lei Maria da Penha e se essa identificação produz algum tipo de encaminhamento e articulação específicos. O recurso teórico-metodológico é a análise das práticas discursivas e não-discursivas de Foucault (1999, 2000), que potencializa reflexões sobre “como se configuram os campos de conflito e as condições políticas que marcam a emergência dos discursos/verdades que sustentam os processos de subjetivação” (Nardi, Tittoni, Giannechini e Ramminger, 2005). Este estudo situa-se no campo da pesquisa qualitativa, com caráter exploratório, apresentando análises parciais sobre a materialidade de alguns processos do Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher na cidade de Porto Alegre, tanto para identificar os discursos sobre a violência de gênero, quanto investigar como as questões de raça emergem ou não nos autos.
Márcia Regina Becker (UNISINOS)
Processos de ensinar e aprender num atelier de tecelagem: tecelãs/professoras ensinam a tecer professoras/alunas
Esse pôster mostra um recorte de uma pesquisa que acontece num atelier de tecelagem no município de Alvorada, no Rio Grande do Sul. Um dos objetivos é visibilizar os processos formadores das mulheres tecelãs para que, a medida que esses processos se tornarem visíveis, os saberes do trabalho de tecelagem sejam valorizados. Nosso recorte para o pôster é o relato e a análise de dois dias de aprendizagem da técnica de tecer por parte das pesquisadoras/professoras. Cinco tecelãs ensinaram cinco professoras a tecer e no final desses dois dias realizamos uma roda de conversa avaliando todo o processo. Constatamos, com todo o grupo, que há processos e técnicas já automatizados pelas tecelãs e de que o processo de ensinar a tecer é bastante complexo. Concluímos que, no trabalho de tecer há práticas de ensinar e aprender de forma [a]teórica, desapercebida, que acontece dessa forma por ser trabalho automatizado, não refletido, e, em especial por ser trabalho de mulher. E ainda que, ao realizar o exercício sistemático de narrar/dizer sobre os processos vividos no fazer cotidiano, esse conhecimento passa a ser visibilizado, portanto: conhecimento que pode ser teorizado.
Marcílio Timoteo de França (UFRPE)
Professores homossexuais: uma análise das experiências de ensino e uma luta contra a homofobia
Este trabalho analisa as experiências dos professores homossexuais que atuam nos ensinos fundamental e médio, nas escolas particulares e públicas da cidade do Recife (PE). Tenta entender como esses professores, vítimas de homofobia tanto por parte de colegas profissionais, quanto de seus alunos, lidam com tal preconceito e lutam com as suas estratégias em engendrar, através de suas aulas, uma política não-homofóbica e uma formação sadia do intelecto do alunado, livre de estereótipos e estigmas que indignificam os profissionais de educação que são homossexuais
Marcio Bressiani Zamboni (USP)
O Corpo e o Traço: gênero e homoerotismo na estética de Paulo Von Poser
Este pôster se propõe a apresentar uma abordagem interdisciplinar acerca da significativa trama de sentimentos e situações que envolveu o processo de produção, a recepção e alguns desdobramentos da exposição “O Modelo e Seu Pensamento”, apresentada por Paulo Von Poser na Galeria Sadalla em 1986. Tal exposição, que consiste em uma série de nus masculinos produzidos com técnicas diversas, foi fruto de um relacionamento não simplesmente profissional mas também erótico-afetivo do artista com um único modelo, tema privilegiado da série. Veremos como essa configuração peculiar coloca em questão a relação entre artista e modelo, a relação entre representação do corpo e (homo)erotismo e o lugar do nu masculino na arte e na sociedade brasileira.
Esse trabalho foi produzido a partir de um amplo diálogo com o artista, incluindo uma série de entrevistas e uma extensa correspondência virtual, além da apreciação de originais e fotos da exposição, análise da crítica publicada na época e revisão de bibliografia especializada nas áreas de crítica artística e ciências sociais. Este pôster se insere no contexto da pesquisa “Homossexualidades em Camadas Altas da Cidade de São Paulo” que venho desenvolvendo sob a orientação da Profa Laura Moutinho desde junho de 2009 com o financiamento da FAPESP.
Marcos da Silva Medeiros (UDESC), Jacqueline Wildi Lins (UDESC)
Gênero, publicidade e arte: O corpo feminino presente na mídia versus o corpo representado na obra de Remédios Varo
Trata-se de uma investigação relacionada à representação do corpo feminino na mídia atual (corpo anoréxico, siliconado, lipoaspirado, estereotipado, “photoshopado”) em contraposição ao corpo representado na obra “Visita al Cirujano Plástico” da artista modernista mexicana Remédios Varo. Serão abordadas questões relacionadas ao gênero feminino, à influência da publicidade no cotidiano das mulheres, à busca incessante pelo corpo perfeito e à representação do corpo feminino na arte modernista.
Margarida Celestino da Silva (UFAL), Daniella Leite Lima (UFAL), Karolinne Pereira Loreiro (UFAL)
O sagrado habitando corpos: um olhar sobre gênero e sexualidade na Igreja!
Este pôster apresentará recortes de uma pesquisa desenvolvida na disciplina Educação e Gênero, ofertada ao curso de Pedagogia de uma universidade pública federal. Tal pesquisa teve como objetivo aguçar olhares sobre gênero e sexualidade, entendendo-os como aspectos constitutivos dos sujeitos, presentes em todos os espaços sociais, principalmente em instituições como a família, a escola e a igreja. Neste sentido, buscou-se problematizar os modos como socialmente são vividas e produzidas as identidades de gênero e de sexualidade, tendo como foco a igreja, já que as práticas e os discursos que lá circulam são da ordem do sagrado. Foram realizadas algumas incursões em igrejas freqüentadas pelas próprias investigadoras, no intuito de negociar com os sujeitos – fiéis – registros fotográficos e conversas. Observou-se que os fiéis preocupavam-se em vestir-se “bem”, seguindo normas impostas pela sociedade, como forma de aceitação do próximo. Os corpos “mal vestidos” permaneciam do lado externo, e de lá faziam suas orações. Constatou-se que a maioria dos fiéis estava capturada pelos discursos da pureza, corroborando com a idéia de que a igreja é um espaço que subjetiva e posiciona os sujeitos socialmente.
Maria Angélica Pedrosa de Lima Silva (UFRPE)
Discursos e representações do feminino no Recife entre os anos de 1900 a 1932
Essa pesquisa tem como objetivo analisar a participação política das mulheres no Recife, entre os anos 1900 a 1932, problematizando suas lutas pelo direito a voz e a vez na sociedade vigente. Buscamos dar visibilidade ao empenho dessas mulheres, procurando compreender as estratégias de inserção nos espaços públicos. Como norteadores para essa discussão estão as autoras Céli Regina Jardim Pinto, Rachel Soihet e Joana Maria Pedro que discutiram o movimento feminista no Brasil. A pesquisa tem como fontes as Obras Raras e a série Coleção Pernambucana, localizadas na Biblioteca Pública de Pernambuco. Mulheres como Edwiges de Sá, Maria Fragoso e Maria Augusta Meira de Vasconcelos, pernambucanas de classe abastada, foram fundamentais na luta pela conquista dos direitos políticos e pela fundação da Federação Pernambucana pelo Progresso Feminino, que se portava como uma continuidade da Federação Brasileira para o Progresso Feminino (FBPF), sediada no Rio de Janeiro e criada por Bertha Lutz. Escritos dos homens da elite recifense também nos dá a percepção dos discursos e das representações dessas grandes personalidades quando se referia à transformação do ambiente feminino e o seu despertar de uma vida inerte.
Maria Betânia Gonçalves Diniz (UFRPE), Fabiane Alves Regino (UFRPE), Raquel de Aragão Uchôa Fernandes
A percepção das mulheres idosas sobre as consultas ginecológicas: medos, normas e tabus
Maria do Carmo dos Santos Carvalho (UNIMONTES), Maria Tereza Rocha (UNIMONTES), Maria da Luz Alves Ferreira (UNIMONTES/Faculdades Santo Agostinho)
Padrões de beleza feminino: a imposição da cultura mediática a busca do estereótipo perfeito
Maria do Rosario Santos (UNISANT'ANNA)
A caracterização das gestantes indigenas Pankararú na cidade de São Paulo
Maria Elisa Horn Iwaya (UNIVILLE)
O(s) trabalho(s) na agricultura, a(s) migração(ões) e a questão de gênero em narrativas femininas na cidade de Joinville.
Esta pesquisa problematiza questões relacionadas à agricultura familiar da região rural de Joinville, bem como, os modos de fazer tradicionais desta região e o impacto que as mudanças ocorridas na cidade em virtude da crescente industrialização e a implementação do Turismo-Rural ocasionaram no cotidiano de mulheres e homens. Devido a pouca produção teórica e considerando a importância do trabalho de mulheres e homens na agricultura familiar e nos programas de turismo rural na cidade, utilizou-se a metodologia da História Oral. Colhendo histórias sobre as transformações corridas nas famílias, na alimentação, nas formas de festejar, bem como as mudanças sentidas com o crescente êxodo rural e a política de 1992 - que incentivava a adesão das famílias do campo ao ciclo do turismo-rural. Este estudo aponta para a multiplicidade de temas que ainda não foram devidamente problematizados pela historiografia local. Discussões sobre tradição, território, etnia e aspectos do cotidiano, dos “modos de fazer” e do patrimônio cultural, sobretudo em sua imaterialidade. A partir desta pesquisa, pode-se entremear a utilização da História Oral com a categoria de análise gênero a fim de perceber como a região rural reagiu ao processo de industrialização e aos novos fluxos migratórios.
Maria Tereza Rocha (UNIMONTES), Maria do Carmo dos Santos Carvalho (UNIMONTES), Cláudia Luz de Oliveira
Mulheres Vazanteiras: formas de uso e apropriação do espaço no Quilombo Bom Jardim da Prata
Mariana Rotili da Silveira (UDESC), Lisandra Barbosa Macedo (UDESC)
O samba na cidade: espaços e sociabilidades
Pensando o samba para além de um gênero musical e conferindo-lhe o caráter de prática social, a proposta de banner visa apresentar uma investigação acerca dos espaços de origem do samba na cidade de Florianópolis. Localizando as comunidades envolvidas e apontado-as no mapa da Ilha, intentamos perceber os locais onde se desdobra o fazer samba na cidade. Estabelecido o contato e percorridas as comunidades, pensamos em partilhar memórias e reflexões relacionadas às sociabilidades resultantes do fazer samba e conviver com o universo associado. Tal proposta faz parte do programa Mídia e Memória na História, desenvolvido junto ao Laboratório de Imagem e Som da Universidade do Estado de Santa Catarina e coloca-se como uma alternativa de localização desses espaços diversos afim de encurtar caminhos e apontar rotas para interessados e curiosos em relação ao tema.
Marianna Barbosa Almeida (UNIVASF), Daniel Henrique Pereira Espíndula (UFES)
Promoção de saúde sexual nas ESF – o papel das ACS na garantia dos direitos sexuais e reprodutivos das adolescentes
As Equipes de Saúde da Família (ESF) surgem como proposta de reorientação ao modelo assistencial, atuando na promoção, prevenção e atenção à saúde. Em relação a esta última percebe-se a não adesão da população jovem neste serviço. O Agente Comunitário de Saúde (ACS) é considerado primordial para aproximação dos serviços de saúde e a comunidade, sendo o elo entre os jovens e o serviço. Neste estudo buscou-se analisar os discursos dos ACS em rodas de conversa com adolescentes do sexo feminino sobre direitos sexuais e reprodutivos. Foram realizadas 30 rodas de conversa entre adolescentes com a participação dos ACS, um moderador com uma média de 06 adolescentes por grupo. As falas foram transcritas e analisadas pela análise temática de conteúdo. Ficou evidenciado que os profissionais reproduzem idéias de cunho machista e muitas vezes são acusados pelas adolescentes de não guardarem o sigilo profissional com a comunidade, além de não reconhecerem a fala das adolescentes nas rodas de conversa. Nota-se que estes profissionais são mal pagos e sobrecarregados. Os outros profissionais da ESF se isentam das atividades educativas, deixando-as para os agentes. A partir da proposta de pesquisa-ação, acredita-se que o ACS possa durante os encontros minorar o distanciamento de gênero.
Marielly Alves Chaves (UNIGRAN)
A função do Pai na familia homossexual feminina.
Considerando as mudanças na sociedade contemporânea, como a legalização do casamento gay em diversos países, adoções homoparentais que determinam outras estruturas de parentesco e a cada vez mais comum manifestação de identidades, possibilitam um questionamento a respeito da definição dividida e exclusiva de gêneros entre machos e fêmeas(BUTLER, 2003).Embora as variadas maneiras de viver a sexualidade não sejam inéditas, a novidade está nos padrões culturais, nas transformações sociais, jurídicas e, claro, psíquicas.Demoramos a descobrir, por exemplo, o fenômeno da paternidade.E mesmo os mecanismos da fecundidade foram longamente ignorados na completude de seu processo.Sendo assim, o que será muito retratado neste trabalho é de como serão estabelecidas as funções materna e paterna. Trataremos, em especifico, do fenômeno da paternidade nas famílias de casais homossexuais femininos.A reflexão acerca da função paterna em famílias constituídas por mulheres homoafetivas é de suma importância, devido às mudanças socioculturais que estão acontecendo a cada século, na qual novas formas de parentalidade vêm se constituindo.Ainda que isto signifique expressar opiniões, é respeitando tal diversidade de opiniões e saberes em torno da sexualidade que este trabalho pretende contribuir.
Marilu Monteiro (UNIPLAC), Ana Rita de Souza, Tatiane Muniz Barbosa
Instituições e poder: qual a sua relevância para o saber dos adolescentes sobre as diversidades sexuais
Toda a vida humana transcorre por meio de instituições, estas estão imbuídas de valores próprios e, por conseguinte transmitem tais valores para seus integrantes.Esta pesquisa objetivou fazer uma análise da influencia de algumas instituições(construção histórico-social, família, escola, mídia e grupo de amigos)na construção do conhecimento sobre a diversidade sexual nos adolescentes entre 18/20 anos de idade.Constatou-se que os movimentos sociais interferem nesta construção, mas valores sociais construídos em um modelo hegemônico são identificados em seus discursos.A família e a escola foram mencionadas como relevantes,contudo não são partícipes neste conhecimento.Os adolescentes apontam os grupos de amigos e alguns programas televisivos como suas maiores fontes de informação sobre a temática.Observou-se o anseio destes em pluralizar os modelos de sociedade contemporânea.Compreende-se necessário entender os sujeitos, e não adestrá-los e normatizá-los na tentativa de transformá-los de acordo com a heteronormatização.O psicólogo,enquanto profissional que visa enriquecer a subjetividade dos sujeitos,deve promover a reflexão sobre a temática possibilitando-nos interrogar e entender valores sociais vigentes ao longo da história humana, proporcionando desta forma respeito e harmonia.
Marina Camarinha Lima (UNESP)
Experiências femininas: uma marca registrada nos períodicos da noroeste paulista de 1907-1926
Este projeto visa dar seqüência a uma pesquisa temática voltada para releitura das cidades do noroeste paulista, especificamente o município de Bauru. Visando recuperar as experiências femininas dentro do processo de modernidade/modernização procuramos adotar como principais fontes os periódicos locais no período de 1907-1926. Assim, busca-se compreender a metodologia jornalística através de leituras específicas de modo a utilizá-la corretamente como recurso documental para posteriormente inseri-los em sala de aula através da elaboração de um Material Didático que associe o uso de jornais e as relações de gênero.
Marina Fatiane Reis Martins (PUC - GO), Vanessa Ferreira do Lago, Maria Paula Macedo Motta Capparelli
Os significados do tempo para homens e mulheres que freqüentam a Oficina “Gênero, Sexualidade e Envelhecimento”
O relato de experiência e reflexão teórica sobre o uso do tempo, de homens e mulheres com mais de 60 anos de idade, objetiva descrever o significado do tempo para as pessoas que vivenciam uma experiência coletiva na Oficina Gênero, Sexualidade e Envelhecimento. As autoras compõem a equipe do Programa Interdisciplinar da Mulher – Estudos e Pesquisas/PUC-GO e coordenam a oficina desenvolvida há um ano em parceria com a Universidade Aberta à Terceira Idade/PUC-GO. A maioria das pessoas participantes são mulheres, aposentadas, com filhos e netos e vivem, no momento, sem companheiros. As dinâmicas que refletem sobre a sexualidade, gênero e envelhecimento trazem, com freqüência, questões relativas ao tempo: “no meu tempo, quando um menino nascia, soltavam-se 07 rojões e quando uma menina nascia soltava-se 01 rojão”. Outras referências ao tempo são citadas na discussão sobre sexualidade, diferenças de gerações e gênero, isolamento, abandono, cuidado dos filhos, netos e pais. Os significados do tempo atual e passado, as mudanças corporais e o cotidiano de cada idoso têm relação com sua inserção na sociedade. A oficina se apresenta como uma oportunidade prazerosa e útil do tempo, aprofundamento das relações interpessoais e aquisição de conhecimento por meio da troca de experiência.
Marina Santos Pereira (UFGD)
A vida de jovens-mulheres negras nos assentamentos de Reforma Agrária Santa Rosa e Guaçu no município de Itaquiraí-MS
A pesquisa desenvolvida nos assentamentos Guaçu e Santa Rosa no município de Itaquiraí-MS tem por objetivo, compreender a vida de jovens-mulheres negras em suas nuances, perspectivas e possibilidades, considerando que as mesmas vivem situações de conquistas e desilusões e fazem parte de um grupo que luta por uma vida melhor. Para tanto, estamos aprofundando a reflexão sobre a questão racial e o modo de vida das jovens-mulheres assentadas, através de visitas, entrevistas e diálogos, objetivando perceber o que elas pensam a respeito do preconceito e como o mesmo é discutido dentro da comunidade. Procura-se, também, indagar como se reconhecem, se existe a negação da raça e uma distinção em relação as jovens brancas, além disso, como as relações de gênero se efetivam meio a este cotidiano. A juventude é considerada de acordo com as especificidades da vida no campo, com uma cultura própria que orienta os projetos familiares de pessoas que lutaram por terra. Nesse processo, muitas/os jovens participaram ainda crianças e vivenciaram um processo de conflito e de confronto com proprietários de terra e policiais, além de experienciarem diversas formas de preconceitos e de desvalorização de sua condição de sem-terra, que podem se agravar para as pessoas negras.
Marleide Maria de Jesus (UNESP)
As lesbianas e a produção das subjetividades em Marília-SP: suas diásporas e deslocamentos
As pluralidades das (homo)sexualidades; as manifestações dos desejos, as práticas queers e as possibilidades performáticas dos corpos vem ganhando espaços para reflexão nunca antes visto. Presenciamos um tempo onde as lésbicas foram conquistando espaços e conseguiram no ano de 2008 na I Conferencia Nacional LGBTs deslocar numa perspectiva lingüística a letra “L” da sigla que representa as “sujeitas-políticas lésbicas” sendo substituída por LGBTs (lésbicas, gays, travestis, transexuais, transgêneras/os dentre outras/os). Se politicamente percebemos a morosidade no tratamento dessas questões, nas experiências, essas mulheres ainda continuam a enfrentar desafios no que tange decidirem sobre seus corpos, manifestar as fluências de seus desejos, suas práticas (homo)eróticas, performáticas dentre outras. Nessa perspectiva, a proposta desse trabalho é observar a partir das falas das colaboradoras que se autodenominam lésbicas quais os seus “discursos sobre si”, as percepções das experiências. Para isso utilizamos o método fenomenológico, dando ênfase à multiplicidade de subjetividades observando nessa interpretação os processos de produção de subjetividades e os fluxos das redes sócio-espaciais visando abordar como é experimentar esse “ser lésbica” em uma cidade média do oeste paulista.
Martin Tsang (Florida International University)
Imagining the Chinese in Afro-Cuban Religion
Matheus Guimarães Mello (UFG)
Distinções de gênero em processos de socialização e construção identitária de profissionais de música
Este trabalho procura pesquisar os processos de socialização e construção de identidades de músicos e musicistas profissionais, com o intuito de compreender quais processos sociais estão imbricados na escolha, atuação e identificação com as diversas atividades profissionais possíveis no campo da música.
Foi possível constatar que a maioria dos/das profissionais de música atua em várias atividades qualitativamente diferentes ao mesmo tempo. Ainda assim, foram percebidas distinções de gênero na distribuição dessas escolhas profissionais: a maioria das mulheres se sentem mais identificadas e estão concentradas em atividades de ensino, enquanto que poucos homens se identificam como professores apesar de a maioria exercer essa como pelo menos uma de suas atividades.
Para compreender isso, este trabalho enfoca na perspectiva dos processos de socialização que diferenciam homens e mulheres, processos tanto especificamente musicais quanto mais amplos socialmente. Assim, estes resultados são pertinentes para se compreender como se dão suas negociações identitárias, isto é, a articulação problemática entre as identidades reivindicadas e as identidades atribuídas.
Mayra de Souza Santos (UERJ), Regina Gonçalves de Moura (UERJ), Marcella Carmem Silva Reginaldo (UERJ)
Projeto Transformação
A sexualidade é ainda encarada como um tabu e repleta de imposições e interditos pessoais e culturais. Homens e mulheres vêem o sexo numa perspectiva unilateral, esquecendo que o sexo é para dois, o que aponta para a importância de discutir as representações de gênero. O projeto TRANSformAÇÃO de orientação afetivo sexual, implantado em turmas de 7º séries de uma escola municipal do Rio de Janeiro em 2007, visou debater, refletir e suscitar questionamentos acerca das questões relativas às representações sociais e de gênero em grupos de adolescentes, identificando vulnerabilidades em relação à saúde sexual e reprodutiva, a fim de promover o protagonismo dos jovens nas ações de prevenção às DSTs/HIV-aids e gravidez precoce. Eram realizadas oficinas semanais com duração de 1hora, facilitadas por médica sexóloga e estagiários de medicina. Ao final dos encontros e ao longo de 3 anos pôde-se observar que os adolescentes puderam ressignificar alguns conceitos e atribuir novos valores no que diz respeito às diferenças de gênero envolvendo temas como virgindade, castidade, masturbação, prazer e orgasmo, passando a assumir posturas participativas e colaborativas.
Meiry Peruchi Mezari (UFSC), Rafaella Machado (UFSC)
O poder da mulher em O Quarteto Fantástico: a invisibilidade
Tomando o cinema a partir do conceito de mimesis, neste trabalho, faz-se uma reflexão da representação do ser humano, focando a mulher, no cinema hollywoodiano. Para tanto, fazemos uma reflexão sobre a personagem Susan Storm, a Mulher Invisível do Quarteto Fantástico, filme de 2005 baseado nos quadrinhos da Marvel criados na década de 1960. Antes da reflexão sobre a mulher invisível, são levantadas algumas concepções sobre o corpo, baseadas na análise de obras feita por Elodia Xavier (2003). Na análise sobre a personagem, são considerados diálogos, apelos visuais e a aparência dos atores/atrizes que representam os personagens. Conclui-se que o enredo explora exaustivamente a dicotomia mente x corpo e outras oposições binárias - baseadas em Elizabeth Grosz (2000) - que colocam de um lado homens e, de outro, mulheres. A ilustração da Mulher Invisível, permeada por estereotipos que rodeiam a figura da mulher - com letra minúscula - mostra a tentativa de equiparação aos tradicionais super-herois masculinos, projetando poder à mulher. Tal poder, ironicamente, é o de se fazer sumir.
Michael Ferreira Machado (UFAL), Helena Costa Gomes de Araújo
Um olhar para além da tela: o ser mulher no filme “O homem que desafiou o Diabo”
Realiza uma análise crítica sobre a constituição do feminino nos diversos discursos e práticas que são reveladas no filme “O Homem que desafiou o diabo”. Nesse filme são retratadas varias construções acerca do feminino nas comunidades do Nordeste Brasileiro. A categoria gênero é considerada um construto social para o qual convergem as contingências históricas e culturais mais evidentes são: a virgem versus a vagabunda; a mocinha ingênua versus a vilã caprichosa. Sendo assim, estudar um filme, é compreendê-lo como resultante de um meio produtor de discursos que fomentam efeitos sobre o social, à medida que ele permite visualizar certas realidades acerca do feminino.A partir desse pressuposto, são identificados e analisados os discursos da personagem sobre si, bem como o que é dito pelas outras personagens acerca deste, estabelecendo as ligações entre esses discursos e as relações de poder. Segundo Montoro (2006), na linguagem audiovisual são os estereótipos que operam com o esforço de privilegiar e fixar determinados significados em detrimento de outros. Para isso, vale-se de práticas significativas que reduzem aquilo que está representado a características simplistas e fixas, sendo comuns os binarismos representacionais do feminino.
Mikarla Gomes da Silva (UFRN), Mikelly Gomes da Silva (UFRN)
Com que corpo eu vou?
Mikelly Gomes da Silva (UFRN)
Michê: entre arquétipos e sentimentos
Mirian Alves do Nascimento (UFSC)
Violência contra mulheres nas ditaduras militares do Brasil e Chile (1964-1989) nos periódicos de esquerda
Este trabalho tem por objetivo mostrar a incidência e o conteúdo das denúncias acerca das violências praticadas contra mulheres aprisionadas pelo Estado, durante as ditaduras militares do Brasil e do Chile, nos períodos de 1964 a 1989, em periódicos de esquerda, clandestinos ou não, bem como as motivações que levaram essas publicações a realizá-las. A partir dos estudos de gênero e de forma comparada, analisamos documentos produzidos nos dois países durante e depois deste período como jornais alternativos, entrevistas, biografias e autobiografias. Notamos, então, que a presença de denúncias acerca das violências sofridas pelas mulheres na época das ditaduras, praticadas pelo Estado, se deu de forma tímida durante o período de exceção, ampliou-se nas fases seguintes à abertura política, como uma maneira de enfatizar a denúncia das torturas em geral, porém, essas denúncias se utilizam de uma estratégia de gênero. Nas notícias que acusam as torturas contra as mulheres comumente optou-se pelo apagamento de sua militância nas organizações de esquerda, no intuito de reafirmar um papel secundário, de vínculo com o companheiro/esposo, pai, irmão, filho, num processo de reforço dos ideais burgueses. Já com respeito aos homens, além de existirem em maior número, são realizadas de forma a realçar a coragem, virilidade e masculinidade destes homens, representados como heróis e mártires.
Monike Meurer (UDESC)
“Lindonéia”, Nara Leão e mulheres desaparecidas – música e história
Em meados dos anos 60, um regime ditatorial chega ao poder no país fazendo o Brasil mergulhar em uma longa ditadura militar. Um regime com proibições e censuras capaz de restringir qualquer tipo de manifestação contra o governo. A censura alcançou um poder muito forte sobre a influência da produção e consumo de música nacional. Diversos artistas sofreram com a repressão, porém alguns músicos manifestaram sua revolta e, por conseguinte sofreram exílio. Mesmo a Bossa Nova, fazendo parte do repertório presente na alta classe da sociedade carioca, Nara Leão, uma grande intérprete do gênero, manifesta sua dor ao dar voz a uma canção dos compositores Caetano Veloso e Gilberto Gil. “Lindonéia” foi lançada no ano de 1968, retratando a figura de uma mulher desaparecida nesse período. Uma jovem sem face definida com sua triste história, de tortura e violência durante a militância política brasileira. A pesquisa investiga, a partir das questões relativas à linguagem musical e seu ambiente histórico, como o discurso de resistência deste grupo de cantores e compositores se manifestava na sonoridade de uma nação marcada pela repressão, cujo discurso vinculado a sentimentos nacionalistas, evidencia posições culturais e ideológicas da conjuntura existente durante o regime militar de 64.
Natália Madureira Ferreira (UFU), Flávia do Bonsucesso Teixeira (UFU), Cintia Pesconi
A subnotificação da violência contra a mulher nas Unidades Básicas de Saúde da Família: onde está a lacuna?
Violência contra a mulher é agravo de notificação compulsória desde 2003. Entretanto a subnotificação em serviços de saúde, onde as vítimas recebem a primeira assistência ou são acompanhadas, é uma preocupação da rede de atenção à mulher. Pelo caráter predominantemente doméstico, as equipes da Estratégia de Saúde da Família são fundamentais para a identificação e intervenção neste tipo de violência. Apesar disso, excetuando casos extremos, a identificação de situações de risco depende da subjetividade dos profissionais das Unidades de Saúde da Família. No estudo realizado, observamos que 62,8% dos profissionais entrevistados relataram situações de violência, porém a informação de terceiros foi o recurso de identificação mais freqüente, com 32% dos casos. A queixa de violência foi externalizada em 41,5%. Diante da denúncia, a postura mais freqüente foi conversar com a vítima em contraposição aos ínfimos 3,4% que notificaram. Embora prevalente esta violência é pouco reportada, visto que a exigência da notificação não é cumprida e a conduta na abordagem da vítima é precária, tratada como um aspecto menos relevante da saúde. A hipótese é que a violência não se constitui para esses profissionais como uma demanda da saúde pública, mas ainda um fenômeno privado que não exige intervenção.
Natalina Ribeiro Brito (UERJ), Camile Faustino (UERJ), Dayse de Paula Marques da Silva (UERJ)
Relações de gênero em equipes de Saúde: Serviço Social e Medicina
O presente trabalho tem como objetivo fazer uma análise da transversalidade de gênero nas carreiras profissionais, especificamente no Serviço social e na Medicina e um estudo das relações de gênero no mercado de trabalho. É fruto de leituras de textos incorporados do Projeto de Pesquisa: Novas hierarquias profissionais: conhecimento, gênero e etnia do Programa de Estudos de Gênero, Geração e Etnia. Existem formas de desestimular as mulheres na escolha por carreiras mais competitivas. Esse fato ocorre tanto na família como entre amigos ou até mesmo no ambiente escolar, pois há professores que ainda estão impregnados de “preconceitos” e os reproduzem nas salas de aula. Na especialização médica constata-se que a cirurgia e a pediatria, tornam-se especializações “masculinas e femininas”. Há uma concentração por sexo em algumas especialidades e estudos apontam a feminilização da carreira médica. O Governo de Vargas definiu o lugar da mulher na sociedade brasileira. A concepção de Gustavo Capanema era de que a mulher deveria proteger a família e ter uma educação adequada ao seu papel familiar. O Serviço Social evidencia esta influência até hoje, tanto na sua composição como na sua prática profissional. As hierarquias de gênero surgem nestes grupos e tem repercussão nas equipes.
Natasha Dias Castelli (UFPEl), Adhemar Lourenço da Silva Jr. (UFPEL)
Filantropia Feminina no Rio Grande do Sul (1920-1940): primeiros resultados
Nathália Dourado F Costa (UFPA), Adelma do Socorro Gonçalves Pimentel (UFPA)
Autoconceito em adolescentes do sexo masculino, no SENAI, em Belém - Pará
Nathilucy do Nascimento Marinho (UFRPE), Maria de Fátima Massena de Melo (UFRPE), Jaqueline Ferreira Holanda de Melo (UFRPE)
Erotização do Corpo Feminino e Consumo de Moda-Vestuário: vendendo “beleza e sensualidade”
Nayane Cristina Rodrigues de Brito (UFMA), Roseane Arcanjo Pinheiro
A notícia além do gênero: perfil de mulheres jornalistas de Imperatriz-MA
Nicole Geovana Dias Carneiro (UFU), Flavia do Bonsucesso Teixeira (UFU), Jacqueline Gonçalves Paiva (UFU)
Violência contra Mulher e a produção de provas: analisando o (des) preparo dos profissionais das Unidades Básicas de Saúde da Família de Uberlândia-MG
Considerada um agravo à saúde, a violência contra a mulher é de Notificação Compulsória desde 2003. Nesse contexto, espera-se que o profissional de saúde possua conhecimento técnico necessário para essa ação. Este trabalho desenvolvido com as equipes de Saúde da Família em Uberlândia-MG, em 2009, visava identificar as ações dos profissionais frente aos casos de violência contra a mulher e suas decisões no encaminhamento dos mesmos. A maioria significativa dos entrevistados (88,7%) afirmou se sentir capaz de identificar situações de violência. No entanto, os sinais corporais da violência foram indicados como o motivo mais prevalente para a identificação somado ao estado emocional da vítima, ou seja, situações onde as “provas” estariam mais evidentes. Nesse contexto, a violência sexual ou simbólica, pouco seria percebida, se não deixassem “marcas”. Considerando um número significativo (75,5%) desses profissionais se formou depois do estabelecimento da compulsoriedade da notificação do agravo e durante a constituição e reforma da Norma Técnica de Prevenção de Tratamento dos Agravos resultantes da Violência Sexual contra Mulheres e Adolescentes, nos remetemos ao lugar que essa discussão tem ocupado no currículo de formação desses profissionais e nos cursos de educação permanente.
Patricia de Oliveira Santos (UNEB), Cleide Silva de Sousa, Jessica Ferreira Marinho
Diálogos possíveis: masculinidades, trabalho e turismo nas barracas de praia na cidade de Camaçari
O presente artigo pretende descrever os resultados parciais da pesquisa intitulada Masculinidades, Turismo e o Terceiro Setor: um estudo sobre os atos performativos masculinos reproduzidos pelos microempresários e os membros dos movimentos sociais. Este trabalho focaliza os atos performativos masculinizados reproduzidos pelos microempresários negros oriundos da orla da cidade de Camaçari que trabalham diretamente com as áreas potencialmente turísticas. Trata-se de uma pesquisa de base quantitativa e qualitativa, muito embora os dados a serem descritos centram-se nas histórias de vida e na observação participante. Aqui, tentaremos compreender como os varões, proprietários das barracas de praias, desenrolam as suas relações de gênero, considerando as três dimensões da masculinidade (Connell, 1998): poder, trabalho e desejo. Neste diálogo com os dados coletados buscaremos o enlace entre a classe, raça/etnia, e sexo/gênero. Esta pesquisa tem como pressuposto que estamos enquadrados numa matriz da heterossexual compulsória, patriarcal e racializada, quer seja na linguagem ordinária, quer seja nas Ciências Humanas.
Patrícia do Nascimento Campos (PUC - RJ)
Gênero e Prática Pedagógica Intercultural: o que deve ser tomado como natural na educação de meninos e meninas?
Patrícia Oliveira Santana dos Santos (UFPB), Jéssica Karoline Rodrigues da Silva (UFPB), Flávia Ferreira Pires (UFPB)
“Nós somos combinados”- negociando o destino do benefício do Programa Bolsa Família.
O presente trabalho tem por objetivo analisar, a partir da pesquisa de campo realizada no município de Catingueira, região do semi-árido da Paraíba, as mudanças ocorridas no poder de barganha feminino como decorrência da introdução do Programa Bolsa Família. Tradicionalmente, na configuração da estrutura familiar sertaneja o homem assume o papel de provedor dos recursos familiares, enquanto a mulher assume o papel de administradora desses recursos. Trataremos, neste artigo, de entender o que estes papéis significam e principalmente, que mudanças estão acontecendo em virtude do recebimento por parte da mãe (ou mulher responsável pelo domicílio) da quantia monetária advinda do Programa.
Patrícia Stoco (Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)), Filipe Miranda Pereira, Anna Paula Uziel (UERJ)
Os Sentidos da Homossexualidade no Contexto Acadêmico
A educação pode ser uma grande aliada no combate à discriminação, ainda mais, no que tange à diversidade sexual. A construção do preconceito se dá muitas vezes devido a uma grande falta de informações concernentes ao tema. Pouco se discute sobre sexualidade e se toma a heterossexualidade como sinônimo de normalidade, direcionando qualquer outra manifestação de afeto ou sexual para o campo da anomalia. A universidade pode funcionar como um agente importante na construção de outros olhares sobre a sexualidade. Atualmente, os professores estão frente a estudantes que convivem com questões relativas aos direitos dos transexuais, orgulho gay, famílias homoparentais, AIDS, entre outros, que estão na mídia o tempo todo. Apesar de todas essas convocações a reflexões, estudantes da UERJ de diversos cursos que participaram de uma pesquisa que visava conhecer suas concepções a respeito da homossexualidade, feita através de um questionário ainda acreditam que professores e alunos não estão preparados para lidar com a diversidade sexual. Em relação à universidade ser um espaço para discussão da temática, mostraram-se divididos, mas afirmam que a universidade alterou suas concepções.
Patricia Tatiana Raasch (UDESC)
Conexões entre os EUA, Europa e Brasil: uma análise da configuração de laços transnacionais construídos pelos novos e/imigrantes brasileiros.
Desde meados da década de 1980 e início da década de 1990, Governador Valadares (MG) e Criciúma (SC), respectivamente, têm se configurado como cidades que mantém um fluxo contínuo de emigrantes para os EUA (região de Boston) e, mais recentemente, para Portugal (região de Lisboa). Esses migrantes têm, ao longo dos anos, formado redes sociais que sustentam a formação de comunidades transnacionais.
Este projeto de pesquisa tem por um de seus objetivos verificar os tipos de conexões que são construídas a partir das redes familiares, e de que maneira os laços transnacionais recriam ou provocam rupturas nos padrões familiares e de gênero nas relações entre homens e mulheres e destes com suas famílias.
A metodologia da pesquisa envolve entrevistas semi-estruturadas e observação participante com migrantes tanto nos locais de origem como nos locais de destino.
Por meio de relatos de algumas entrevistas já transcritas foi possível percebemos que o projeto migratório é um projeto familiar e afetivo, que envolve tanto pessoas que migraram, como os que permaneceram na sociedade de origem. Mas é também um projeto atravessado pelas questões de gênero, em que homens e mulheres se vêem obrigados a rever determinados conceitos e valores.
Paula Rodrigues da Silva (UFRRJ), Jéssica Alves Rangel (UFRRJ), Silvia Aparecida Lelis (UFRRJ)
A função da escola na incorporação dos papeis sexuais em crianças do Ensino Fundamental
A pesquisa está sendo desenvolvida pelo Laboratório de Estudos em Educação Física Escolar e Gênero – LEEFEG/UFRRJ. Primeiramente, a referida pesquisa busca descrever o histórico do ensino formal brasileiro, e a partir deste entendimento, visa compreender as relações de gênero nas crianças em idade escolar. Procura, também, discutir a atuação docente relacionada à questão de gênero, e algumas condutas ultrapassadas no convívio entre os sexos. Além disso, pretende-se alertar como as desigualdades se mostram presentes na formação da personalidade das crianças que acabam por contribuir para que a sociedade condene as pessoas a aceitarem suas regras, muitas vezes obsoletas, e puna os que tentam se diferenciar. O objetivo geral da pesquisa é investigar a função da escola na incorporação dos papeis sexuais pelas crianças de 6 a 10 anos de uma escola pública do município de Seropédica - RJ. A metodologia utilizará, após a primeira etapa de fundamentação teórica, uma coleta de dados através de observação das crianças na escola, bem como um questionário que está sendo aplicado as professoras do Ensino Fundamental, para que através deste possamos analisar como as docentes lidam com a questão das relações de gênero e os papeis sexuais que estão sendo incorporados pelos seus alunos.
Pedro Lopes (USP)
A construção de figuras “jovens” em relatos de pesquisa na Cidade do Cabo, África do Sul
Esta pesquisa se insere no contexto de outra mais ampla: “Relations among “race”, sexuality and gender in different local and national contexts”, que abrange seis grandes cidades no Brasil, Estados Unidos e África do Sul. O material que aqui será tratado foi coletado entre 2006 e 2007 na Cidade do Cabo, por meio de etnografias em locais de sociabilidade frequentados por um público próximo da faixa de 18 a 24 anos e entrevistas em profundidade realizadas com pessoas selecionadas a partir da experiência etnográfica. Busca-se, no recorte da pesquisa que ora se apresenta, verificar as formas como a equipe que foi a campo operou com as noções “jovem“/“juventude“ (“young”/“youth”) nos relatos etnográficos, entrecruzando categorias de gênero, “cor/raça/etnia”, classe social e de orientetação sexual. O que se propõe é que os “marcadores sociais da diferença” operam nas narrativas dos pesquisadores articulando-se a representações sociais, criando diferentes figuras “jovens” – que variam entre as distintas posições territoriais na rede urbana. Assim, cria-se um olhar diverso daquele que entende a “juventude” enquanto uma fase da vida, ou um período transitório anterior à maturidade, rumo à exploração de seus conteúdos identitários múltiplos e situacionados.
Penélope Gomes Mora Cortés (UFRJ), Ludmila Fontenele Cavalcanti, Roberta Matassoli Duran Flach (UFRJ)
www.ess.ufrj.br/prevencaoviolenciasexual/fale-conosco
Introdução. Esse trabalho faz parte do projeto de extensão Prevenção da Violência Sexual II e articula-se à pesquisa Avaliação dos serviços de atenção às mulheres em situação de violência sexual no estado do Rio de Janeiro. Objetivo. Apresentar as demandas encaminhadas por diferentes sujeitos, através do espaço de comunicação com a equipe, denominado “fale conosco”, no acesso ao site www.ess.ufrj/prenvencaoviolenciasexual. Metodologia. Foram analisadas 46 demandas enviadas no período de 2007 a 2009, classificadas pelo tipo, região do país, profissão e sexo do remetente. Resultados. O envio de mensagens triplicou de 2007 para 2009; a solicitação de material sobre a temática, seguida da solicitação de orientação são as demandas mais freqüentes; os remetentes são profissionais das diferentes políticas públicas e estudantes de vários cursos, em sua maioria do sexo feminino e da região sudeste. Conclusões. O acesso ao site, como um instrumento pedagógico, vem contribuindo para: a) o acesso à informação tanto de profissionais quanto de estudantes; b) o encaminhamento de mulheres e famílias em situação de violência sexual e doméstica para a rede de serviços; c) a qualificação das ações profissionais; e d) o intercâmbio institucional.
Philipi Gomes Alves Pinheiro (UFES/FACITEC)
Marcas da desordem: agressões de mulheres na Comarca de Vitória/ES (1860/1870)
Desde a década de 1980 os autos criminais têm sido utilizados em larga escala como janelas para a vida social e para as relações cotidianas das sociedades. No século XIX a sociedade capixaba era composta, em grande parte, por mulheres. Desta forma, pretende-se explorar as sociabilidades violentas nas quais as mulheres figuravam como atores sociais. As fontes utilizadas serão os autos criminais e as correspondências policiais de 1860 a 1870, os quais se localizam no Arquivo Público do Estado do Espírito Santo( APEES). Por meio do método quantitativo e qualitativo pretende-se compreender o contexto no qual ocorreram os casos de agressão física com vítimas femininas na Comarca de Vitória/ES. Nesta localidade observa-se que os motins travados entre os habitantes revelam mais que conflitos locais. Tais desordens funcionavam como reguladores da moralidade local, condenando hábitos sociais. Este trabalho busca analisar o universo das agressões sofridas pelas mulheres desde o fervor da desordem até o julgamento dos casos levados às instancias superiores de justiça. Desse modo, espera-se compreender os motivos geradores desses desarranjos assim como o perfil dos envolvidos, seu grau de parentesco com a vítima e a reação desta perante a situação de agressão.
Pilar Carvalho Guimarães (UNICAMP)
Homens e Mulheres no Mercado de Trabalho nos anos 2000. As tendências de segregação e divisão sexual do trabalho se mantém?
O objetivo deste estudo é pesquisar o perfil dos trabalhadores nas Regiões Metropolitanas de Campinas, São Paulo e Baixada Santista investigando a composição da força de trabalho em 2006 utilizando a base de dados da PCV - SEADE. À luz da revisão bibliográfica, comparar e verificar se as tendências disponibilizadas por estudos anteriores sobre as diferenciações na inserção de homens e mulheres no mercado de trabalho se mantêm. Nesta pesquisa sobre o mercado de trabalho, se torna imperativo pensar a esfera produtiva tendo como referência a categoria gênero, entendendo-a como constitutiva das relações de poder, intrínsecas a esse campo, onde são primordiais características históricas, naturais, materiais e sociais. A análise considerando a categoria gênero evidencia que as disparidades verificadas entre homens e mulheres no mercado de trabalho estão vinculadas às relações sociais hierarquizadas na esfera da reprodução.
Através de um recorte de gênero, considerando as relações sociais construídas e reproduzidas historicamente e a teoria da divisão sexual e social do trabalho, pretende-se investigar o perfil dos trabalhadores e trabalhadoras no contexto de recuperação do crescimento econômico e de retomada da formalização dos vínculos de trabalho. As diferenciações de inserção no mercado de trabalho são analisadas relacionadas ao gênero e à posição na família.
Priscila Fabiane Farias (UFSC)
Entrando no Entre-lugar da Deficiência
Este trabalho tem por objetivo construir um diálogo entre o conceito de “entre-lugar” (Santiago, 1978) e o conceito de “deficiência” problematizado no ensaio “Feminist Theory, the Body and the Disabled Figure” (Thomson, 1997). De acordo com Thomson, o processo de redefinição de ‘deficiência’ passa necessariamente por um conflito. Isto porque, ao mesmo tempo em que é urgente universalizá-lo (ou seja, reconhecer que as questões relacionadas à ‘deficiência’ não são limitadas a pessoas culturalmente identificadas com ‘deficiência’ mas sim remetem à sociedade como um todo), corre-se o risco de mascarar a ‘deficiência’ enquanto efeito sócio-cultural que recai de forma assimétrica sobre os indivíduos, privilegiando o acesso aos direitos de alguns em detrimento do acesso aos direitos daqueles assim constituídos como “outros”. Este trabalho busca refletir sobre o conflito apontado por Thomson, levando em conta o potencial político de engajar as noções de "entre-lugar", "releitura" e "reescrita" propostas por Santiago.
Priscilla da Silva Faria (UEL)
Psicologia e ativismo: análise psicossocial do papel do psicólogo nas políticas públicas LGBTTT
Ao longo da história, os relacionamentos homossexuais são alvo de forte preconceito por parte da sociedade, que com intensa influência de dogmas religiosos e debates políticos e científicos, estabeleceu padrões de anormalidade, patologia e aberração para as relações homoafetivas. Nesse sentido, a presente pesquisa qualitativa buscou subsídios para uma análise psicossocial sobre o papel do psicólogo dentro das políticas públicas destinadas a população LGBTTT, com o objetivo de contribuir para a formação e atuação dos psicólogos sobre questões relacionadas à diversidade sexual. Utilizou-se como instrumento de coleta de dados, entrevista semi-estruturada, realizada com um psicólogo militante do movimento LGBTTT. A análise do material coletado está articulada a perspectiva teórica de autores que problematizam as construções sócio-históricas relacionadas à sexualidade e às questões de gênero, e prioriza um breve debate sobre a história da psicologia, sobre a formação e atuação do psicólogo nas políticas e movimento LGBTTT, bem como propõe uma reflexão sobre o compromisso desta ciência no combate a discursos e práticas homofóbicas.
Rafael Reis da Luz (UFRJ)
A normatividade nas relações afetivo-sexuais hetero e homossexuais: um estudo a partir dos espaços de homossociabilidade
O trabalho teve como objetivo realizar um estudo bibliográfico crítico sobre as relações afetivo-sexuais homossexuais e suas particularidades frente à normatividade heterossexual. Falamos das redes de homossociabilidade, em seguida da tendência de se definir uma imagem do gay e como essa definição poderia promover a criação de novos “guetos”, que abrigariam aqueles homossexuais que não se encaixam num padrão. Discutimos alguns estudos realizados dentro do circuito GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes) que mostram uma normatização da figura do gay, na qual alguns são aceitos e desejados, tanto dentro como fora desse circuito. Em seguida, entramos na questão do gênero, e mostramos que há uma possível passagem da condição físico-sexual da mulher (passividade) para sua condição psicológica, e que esta passagem está presente nas relações homo-afetivas, onde a figura do homem gay masculino é associada à atividade, tanto no sentido sexual como psicológico, e a figura do gay feminino é associada à passividade. Concluímos que a suposta ‘homonormatividade’ nada mais é do que um atravessamento, uma readequação da normatividade heterossexual e da norma de gênero. Um processo de normatização que influencia na busca de parceiros e na adoção de um modelo homossexual, favorecendo a estigmatização e a exclusão, além de manter a sujeição do feminino frente ao masculino.
Rafaela Alessi Rosa (Universidade Positivo), Christine Ditzel Delle Donne
O predomínio do machismo em algumas categorias da publicidade.
Raphael Francisco do Nascimento Soares (ENCE)
Análise do desempenho escolar por sexo no Ensino Fundamental e Médio no Brasil, para os anos de1992 e 2006, com dados da Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios
Raphael Henrique Travia (IFSC), Vanessa Luiza Tuono Jardim, Angela Morel Nitschke (IFSC)
Entre Lírios e Delírios: igualdade de gênero em saúde mental
Em um novo modelo de saúde mental, a internação psiquiátrica vem sendo substituída pelo tratamento em serviços de referência como os CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) que visa ajudar os clientes a exercerem seus direitos e deveres, reconstruindo sua cidadania. Os transtornos psiquiátricos na comunidade, estudados como morbidade, são mais freqüentes na população feminina, aumentam com a idade e apontam para um excesso no estrato social de baixa renda. Através da observação direta intensiva, com base em roteiro previamente estabelecido, a pesquisa de campo foi realizada no Grupo de Apoio Gênero Feminino, do CAPS III Dê-Lírios, Joinville-SC, durante o mês de outubro de 2009, com pacientes em tratamento de depressão grave. Percebe-se que a formatação feminina exigida pela sociedade perdura gerações e tem gerado sérios problemas às mulheres, principalmente problemas que atingem sua saúde física e psicológica. Traumas da infância, compromissos com a família e condições do mercado de trabalho são algumas das causas que levam muitas mulheres desenvolverem transtornos mentais. Para que o tratamento possa ter os resultados desejados é fundamental assegurar às mulheres o direito de receber cuidado digno e respeitoso.
Raphael Xavier Barbosa (UFRPE)
Rosas de chumbo: mulheres e guerrilhas urbanas em Pernambuco (1969 – 1974)
Essa pesquisa exploratória visa analisar a participação feminina nos grupos revolucionários de esquerda que se proponham a empreender guerrilhas urbanas em Pernambuco, no período do governo ditatorial de Garrastazu Médici. Desmistificando o papel político das mulheres nesse contexto, que quase sempre são tidas como fantasmas da história, sendo silenciadas suas vozes nas narrativas oficiais. Problematizando os resultados expostos no Projeto “Brasil Nunca Mais” o qual, assinala uma baixíssima representatividade feminina no total de processos políticos formados na Justiça Militar. Buscamos dar visibilidade as lutas dessas companheiras que combateram com chumbo, suor e sangue o regime repressor. Devido à fragmentação e relativa ausência de material teórico sobre o tema, utilizamos os métodos de análise de escritores como Carlo Ginzburg e Michel Foucault como norteadores de nossa escrita. Construindo o projeto através de um levantamento e fichamento das fontes, as mais relevantes foram usadas na perspectiva de empreender essa discussão, buscando contribuir para formação e aprofundamento no tema.
Raphaela de Souza Alvarenga (UFF)
O futebol feminino e os professores de Educação Física
Este trabalho foi elaborado para a conclusão da disciplina “Gênero e Sexualidade na Escola”, ministrada pelo Profº Sérgio Aboud, no curso de Educação Física da UFF e vem sendo ampliado no grupo de estudos coordenado pelo mesmo. Este tema é relevante para os estudos de gênero principalmente ao relacionarmos aos estudos das atividades físicas e da Educação Física Escolar. Metodologicamente, além de pesquisa bibliográfica e em periódicos, algumas entrevistas foram feitas com jogadoras de futebol, todas amadoras e também com professoras e professores de Educação Básica. Trabalhei com autores que abordam as relações de gênero relacionando-os a outros autores que falam sobre futebol, para pensar na prática deste fora e dentro da escola. Uma visão mais ampliada do papel da mulher em atividades físicas em que homens também estão envolvidos está sendo levada em consideração. Como conclusão parcial, já que continuamos a pesquisa com a perspectiva de transformá-la em um trabalho monográfico, podemos destacar a necessidade da ampliação de pesquisas na área, a necessidade da inclusão de disciplinas que falem sobre gênero nos cursos de Educação Física e também de propostas de formação continuada para os docentes que já estão inseridos nas redes de ensino.
Raquel Braga Franco (UFMG)
Mãe, Mulher, Feminino, Professora e... o falo
Ao serem convidados a pensar sobre sua prática, alguns docentes (sujeitos da pesquisa A subjetividade docente produzida em tempos de declínio do discurso do mestre, realizada no período de 2007 a 2009 na Faculdade de Educação da UFMG) fizeram associações tanto com o que denominamos “maternagem”, quanto com aspectos relacionados ao gênero dos envolvidos. Para tal análise, julgamos necessário recorrer tanto à Psicanálise, quanto à alguns teóricos da Educação que escrevem sobre o tema, haja visto que o que parece estar em jogo é a “feminização do magistério”, bem como sua domesticidade. Tais características acabam por acarretar alguns prejuízos políticos tanto para a consolidação de um corpus epistemológico que dê conta do impossível ato de educar, quanto para o próprio exercício da pratica docente, tornando necessário que nos aprofundássemos no estudo de tal nuance para tentar ao menos tornar claras as obscuridades envolvidas em tais questões.
Raquel de Melo Giacomini (UFSC), Claricia Otto (UFSC)
A história nas memórias de professoras catarinenses: qual história?
Este trabalho conta com financiamento do PIBIC/CNPq - BIP/UFSC. É parte da pesquisa “História e educação: investigações sobre a apropriação do conhecimento histórico”, sob a coordenação da professora Drª Claricia Otto. Objetiva-se apresentar a leitura e análise de quase uma centena de entrevistas, realizadas na década de 1990 por professores e estudantes da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), com ex-professoras, acerca de suas experiências como professoras, em escolas primárias, no Estado de Santa Catarina. As entrevistadas nasceram, em sua maioria, nas três primeiras décadas do século XX e as entrevistas estão depositadas no acervo do Museu da Escola Catarinense, no centro de Florianópolis (SC). As memórias, vivências e experiências narradas por essas mulheres sinalizam para uma série de processos de construção de gêneros, e, consequentemente de subjetividades. Esses processos podem ser visualizados nas afirmações das entrevistadas por meio de frases tais como: “magistério é coisa de mulher”; o pai e/ou marido só deixava trabalhar “se fosse como professora de ensino primário”.
Raquel Forchesatto (UNOCHAPECÓ), Adriana De Toni
A trajetória de vida de mulheres em situação de pobreza: um olhar a partir das relações de gênero
Não são recentes os debates e produções acadêmicas que tem como finalidade problematizar as desigualdades existentes entre homens e mulheres. Nesta direção, a investigação sobre as configurações das relações de gênero na trajetória de vida de mulheres em situação de pobreza, beneficiárias do Programa Bolsa Família - PBF, no município de Chapecó/SC, é o foco central do nosso Trabalho de Conclusão de Curso, a ser finalizado em junho de 2010. Ao relacionarmos gênero e pobreza, pretendemos decifrar fenômenos como a feminilização da pobreza, já que muitas mulheres são de fato as chefes do domicílio e a centralidade da figura da mulher como gestora do programa voltado ao combate à pobreza no Brasil. Questiona-se, portanto, a atual tendência das políticas públicas, que tem a mulher como público-alvo, constatando-se como políticas de gênero. Num primeiro momento, estamos decifrando como as relações de gênero foram sendo concebidas e construídas historicamente na região onde vivem as mulheres pesquisadas. Em decorrência disso, pretendemos compreender como tais concepções marcaram e marcam a trajetória de vida destas mulheres até se tornarem as principais gestoras do PBF, qual a concepção que elas têm do PBF e quais os impactos que o Programa gera na sua vida cotidiana.
Rayani Mariano dos Santos (UFSC), Miriam Pillar Grossi (UFSC), Patricia Rosalba Salvador Moura Costa (UFSC)
O Caso Geisy Arruda: representações midiáticas brasileiras sobre violências contra mulheres
Este trabalho tem como objetivo analisar a cobertura midiática divulgada em portais da internet sobre o caso da estudante Geisy Arruda, agredida pelos colegas dentro do campus da Universidade Bandeirante em São Paulo, sob a alegação de que estava com um vestido muito curto. Foram pesquisadas um total de 171 matérias publicadas em quatro portais (Folha de São Paulo, R7 da Record, G1 da Rede Globo e Revista Época). Analisou-se as matérias, objetivando perceber o posicionamento dos diferentes veículos e as fontes mais citadas. Detivemo-nos em alguns desdobramentos do caso que nos pareceram os mais ilustrativos, inclusive pelo destaque que mereceram na mídia analisada. Observamos que o evento de agressão atraiu grande interesse da mídia e da população e promoveu um intenso debate entre jornalistas, antropólogos, psicólogos, intelectuais, políticos e ativistas de movimentos sociais, principalmente do feminista. Porém, apesar da grande discussão e do espaço ilimitado da internet, a violência de gênero que Geisy Arruda sofreu não foi muito discutida nos portais selecionados, que, em algumas matérias, inclusive, ratificaram essas agressões como “culpa da estudante”.
Rebeca Tobias Carneiro e Souza (UNB)
A violência psicológica baseada no gênero e a eficácia da Lei Maria da Penha
O foco desta apresetação de pôster é analisar a eficácia da Lei Maria da Penha, no que concerne à violência psicológica baseada no gênero. Este tipo de violência consiste em uma agressão emocional, muitas vezes mais grave que a física, praticada para atingir e diminuir a auto-estima e a saúde psicológica da mulher. A violência psicológica, na maioria das vezes, não necessita de ações rudes ou de agressões perceptíveis para se configurar e as mulheres simplesmente passam a achar que é normal serem desrespeitadas e humilhadas. Assim, a violência psicológica, estando sempre presente no dia-a-dia das relações sociais, torna-se a principal forma de controle na reiteração do status quo de dominação masculina e na manutenção da hierarquia social baseada no gênero. Se a violência física possui alguma estatística, a violência psicológica, por ser mais difícil de enxergar, se infiltra em praticamente todas as relações familiares e afetivas normais, contribuindo para que o sistema de subordinação seja considerado natural na sociedade. Procura-se então questionar, sob a égide da Lei Maria da Penha, como e quanto estes fatores afetam a denunciação da prática de violência psicológica no ambiente doméstico e familiar contra a mulher.
Rejane Veiga de Almeida (UERJ), Maricy Beda Siqueira dos Santos (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do RJ), Maria Fernanda Leite Oliveira (SEAP-RJ)
Perfil das mulheres cujos filhos nasceram durante o cumprimento de suas penas no Sistema Prisional do Estado do Rio de Janeiro
Este trabalho apresenta resultados de uma pesquisa, cujos integrantes são alunos e profissionais de psicologia e serviço social; dentre estes alguns atuam em equipes técnicas nos presídios femininos do Estado do Rio de Janeiro. A pesquisa tinha como objetivo investigar os sentidos da maternidade para mulheres em privação de liberdade cujos filhos nasceram durante o cumprimento da pena há no máximo dois anos. Foram entrevistadas 48 detentas, utilizando um roteiro composto por três eixos: família, maternidade e maternidade e prisão. Abordaram-se questões como: dados sócio-demográficos; exercício da maternidade na vida de uma mulher livre e em privação de liberdade; relação com familiares e outros filhos antes e depois do encarceramento; dia-a-dia na penitenciária; visão do tratamento recebido e projetos futuros. Assim, através da coleta de dados objetivos, foi possível delinear um perfil desta população no que tange as características socioculturais, nível de escolaridade, profissionalização, número de filhos, organização familiar, permitindo identificar suas necessidades e delinear políticas públicas mais direcionadas a esta clientela.
Renata Cecília de Lima Oliveira (UDESC)
Os cantos fúnebres no filme Abril Despedaçado: representação da tragédia além das fronteiras
Através da análise do filme Abril Despedaçado, este trabalho sugere a relação entre os elementos melódicos presentes nos cânticos fúnebres, (inseridos nas cenas ligadas a morte), com a técnica utilizada na captação das imagens (o Claro/Escuro), e a narrativa trágica a qual se insere toda a obra.
No tocante as imagens, nota-se que os cantos fúnebres entoados pelas rezadeiras e pela mãe do morto que precisa ser vingado, frequentemente aparecem associados às cenas com imagens mais escuras e densas.
Através da transcrição das melodias dos cantos fúnebres, tornou-se possível uma análise destas melodias e os seus intervalos musicais. Elementos que sugeriram a relação musical dos cantos e o aspecto trágico da obra.
O filme Abril Despedaçado é inspirado, de maneira livre, no livro homônimo do escritor albanês Ismahil Kadaré. O diretor e roteirista Walter Salles foi um dos responsáveis pela adaptação da história do livro para o cinema.
Na adaptação do livro para o filme, Salles representou as carpideiras albanezas através das rezadeiras do nordeste brasileiro (símbolizando as mulheres que choram o morto que não lhes pertence). Desta forma o diretor sugeriu uma adaptação de um ritual local, de uma região, no caso da Albânia, para o Brasil, propondo, desta maneira, um diálogo cultural além das fronteiras.
Renata Souza Rolim (UFRPE), Sabrina Carneiro de Lima Souza (UFRPE), Maria de Fátima Massena de Melo (UFRPE)
Inclusão perversa de mulheres catadoras de materiais recicláveis
A catação de materiais recicláveis tem sido utilizada como uma das alternativas de sobrevivência entre mulheres em situação de pobreza. Esta alternativa tem servido para sustentar a indústria de reciclagem e aumentar o capital das grandes empresas do setor, visto que as catadoras recolhem e fazem a triagem dos materiais, mas são as indústrias que determinam o preço e as condições de trabalho. Ao se organizarem em associações e cooperativas as catadoras garantem “trabalho e renda”, porém seus direitos sociais e trabalhistas são negados pelo Estado e pela indústria de reciclagem, ocorrendo então uma inclusão perversa. O objetivo deste artigo é analisar até que ponto a organização em associação e cooperativas de catadores/as nos municípios de Paulista e Abreu e Lima-PE incluem as mulheres socialmente. Por meio de relatos orais, observações e entrevistas constatamos a presença maciça de mulheres chefes de família, negras e com baixa escolaridade trabalhando como catadoras. Constatamos ainda, que embora reconhecendo o papel político e sócio-ambiental que exercem, elas consideram seu trabalho precário, informal e barato. Sem acesso aos direitos sociais e condições dignas de trabalho as catadoras participam de um sistema que normatiza a informalidade e vivenciam a inclusão perversa.
Ricardo Santana Braga (UFF)
Cinema como proposta pedagógica na luta pela equidade de gêneros
Este pôster apresenta uma análise sobre o filme Transamérica e o seu uso pedagógico, apresentado na disciplina “Gênero, Sexualidade e Escola” do curso de Educação Física da UFF. No filme Bree (Felicity Huffman) é uma transsexual que as vésperas de realizar sua cirurgia de adequação sexual descobre que teve um filho produto de uma única relação sexual. O garoto, Toby (Kevin Zegers), é agora um adolescente problemático que sonha encontrar o pai que nunca conheceu. Os dois se conhecem e partem em uma viagem de carro cheia de imprevistos e acidentes. Na primeira parte do trabalho discutimos questões de identidades sociosexuais, papéis normatizados e o conceito de novas estruturas familiares, para isso fizemos uso de Guacira Louro (2000) e Anderson Ferrari (2003) como referencial teórico. Em uma segunda etapa apresentamos uma proposta de trabalho pedagógico a ser desenvolvido em turmas de Ensino Médio como tema transversal, buscando exercitar com este público um debate sobre diversidade e respeito às diferenças, procurando contribuir na luta pela equidade de gêneros e suas representações na sociedade.
Rick Valerio do Nascimento Silva (UERJ), Filipe Miranda Pereira
Homofobia na Universidade: reflexões sobre a aversão aos homossexuais
Em 2009 e 2010 foi realizada uma pesquisa com estudantes da UERJ sobre homossexualidade abordando demonstrações de afeto em público, direitos à conjugalidade, parentalidade e benefícios para os casais, convivência com gays e lésbicas, entre outros temas. Este trabalho discute questões quanto a ações preconceituosas contra homossexuais e o termo homofobia, definido, na pesquisa, de forma significativa, como “medo e/ou aversão a pessoas que se relacionam com outras do mesmo gênero sexual”. Grande parte dos pesquisados condenava manifestações públicas de afeto entre casais do mesmo sexo justificando ser uma ofensa a quem estava em volta. Muitos alunos identificam práticas homofóbicas nos trotes, fato que demanda, nos parece, a necessidade de se gerar debates sobre o tema na universidade. A dificuldade ou a recusa em ter amizade com gays e lésbicas também foram identificadas por nós como práticas homofóbicas, uma vez que os estudantes localizaram na orientação sexual o motivo do afastamento da pessoa.
Rislene de Moura Rissi (CESUMAR), Fernanda Riseti Manfrinato, Renata Feltrim Resina (CESUMAR)
Moda, sustentabilidade e gênero: as flores das mulheres de Corumbataí do Sul (PR)
A moda e a sustentabilidade são campos de estudos de gênero. Este pôster tem por objetivo analisar os resultados obtidos no projeto “Mulheres entre panos e sementes: produção de roupas e acessórios para a moda”, com vistas a entender as relações entre moda, mulheres, sustentabilidade e gênero. Por meio de fragmentos visuais (fotografias), que retratam os desempenhos femininos de segmentos pobres da cidade de Corumbataí do Sul(PR), no trabalho de produção de acessórios com retalhos de tecidos descartados pelas indústrias de confecção, procuraremos mostrar como a moda e a sustentabilidade permitem visitar temas e questões de gênero. Neste empreendimento, indicaremos como os saberes e fazeres das mulheres acerca das artes manuais, historicamente e culturalmente concebidos como “habilidades femininas”, tais como, cortar panos, costurar, pregar botões etc, podem se constituir em vetores para a construção de novas representações nos sujeitos acerca de si e da natureza, proporcionando mudanças em suas histórias de vida, mediante a geração de trabalho e renda.
Roberta Alves dos Santos (FUNDAJ), Lígia Albuquerque de Melo (Fundação Joaquim Nabuco)
Conservação ambiental: o papel desempenhado pelas mulheres na conservação da água
O estudo versa sobre a relação de gênero e a conservação da água. A mulher, especialmente a mulher rural, está diretamente em contato com os recursos hídricos tanto no espaço reprodutivo – doméstico - como no produtivo – agricultura familiar -, por isso ela pode desempenhar um importante papel na conservação da água, pois é ela quem geralmente administra esse bem natural nesses espaços. Partindo disso, o estudo tem como objetivo analisar a contribuição da mulher rural na conservação dos recursos hídricos e como a relação de gênero interfere na convivência da mulher com a água. Trata-se de uma pesquisa com base bibliográfica e análise de dados secundários. Constatou-se que a mulher rural mantém uma estreita relação com a água e por isso é mais preocupada em conservar esse recurso natural devido ser ela a maior prejudicada com os impactos da escassez da água. Então, a mulher rural cria alternativas que contribuem para a conservação dos recursos hídricos através da agricultura familiar sem o uso de insumos externos e no âmbito doméstico com o aproveitamento da água já utilizada, as cisternas com a captação da água da chuva e a retirada de água dos poços, rios, açudes e barreiros de forma moderada.
Roberta de Azevedo Pereira (FURG), Dárcia Amaro Ávila (FURG), Paula Regina Costa Ribeiro (FURG)
Projeto Segundo Tempo: analisando algumas questões de gênero
Este estudo visa investigar e traçar alguns paralelos a respeito das questões de gênero presentes no projeto do Programa Segundo Tempo. Para isso, realizou-se uma análise do projeto padrão – apresentado pelo Ministério do Esporte – e compararam-se os dados obtidos com os relatos de vivência de uma monitora que atuou no programa, a qual é uma das autoras desse trabalho. O estudo está fundamentado no entendimento de gênero como uma construção sócio-histórica das distinções baseadas no sexo. Através da análise realizada, percebeu-se que o programa apresentava aspectos como a democratização da atividade esportiva sem distinção de gênero e primava pela livre escolha da criança na modalidade esportiva de interesse. Porém, a partir do relato da monitora, observou-se que a efetivação do projeto dava-se de forma desarmônica com o que era nele pautado, visto que as atividades desenvolvidas eram aquelas culturalmente nomeadas como masculinas e as meninas as realizavam sem resistência, mas geralmente os meninos se opunham em realizar as culturalmente denominadas femininas, quando estas eram sugeridas. Com isso, eram realizadas mais atividades consideradas masculinas, o que acarretou maior participação de meninos do que de meninas, o que vai de encontro à proposta do projeto, no qual tanto meninos quanto meninas deveriam ter o mesmo atendimento.
Rodrigo Fessel Sega (UNESP), Samara Konno (UNESP)
Canadá e Japão: relações de gênero em estudos comparativos de imigração internacional
A partir da década de 80, a auto-imagem do Brasil se inverte, de país receptor de imigrantes para país exportador. A inserção diferenciada de mulheres e homens no decorrer desse movimento migratório, principalmente para os países onde o fluxo de brasileiros foi mais intenso como os EUA, Japão e Europa, foi amplamente comparada e estudada. Entretanto, países como o Canadá, onde o fluxo de brasileiros é relativamente menor, embora tenha se iniciado na mesma década, os estudos de gênero se encontram ainda em defasagem. Neste projeto pretendemos analisar as instituições sociais da família e do trabalho com a finalidade de mapear e analisar as relações de gênero existentes entre os brasileiros no Canadá e no Japão. Nosso objetivo é analisar a incorporação das relações de gênero entre mulheres e homens brasileiros, ainda residentes no Brasil, a partir dos anos 80 e verificar se eles se mantém quando chegam no exterior. Serão comparados os papéis sociais masculinos e femininos dentro do próprio fluxo, horizontalmente, e também entre os diferentes fluxos, verticalmente, traçando prováveis alterações desses padrões no processo de adaptação na sociedade canadense e japonesa. Esses padrões serão confrontados levando em consideração as especificidades de cada fluxo e de cada país receptor.
Rodrigo Lemos Soares (FURG)
Um Axé a homo afetividade: Um estudo sobre a união homoafetiva (masculina) nos centros de religião Afro Brasileiros de Umbanda, na cidade do Rio Grande (RS)
“Um Axé a homo afetividade...” é uma pesquisa que emergiu da vivência e da proximidade com o africanismo e tem o propósito de analisar o ritual do casamento entre iguais, especificamente os do gênero masculino, nos centros de religião afros. O estudo aborda as questões como a participação e a inserção de homossexuais masculinos na umbanda, vertente do africanismo, que aparentemente acolhe os indivíduos, independente da sua sexualidade. Além disso, a análise do rito do casamento entre homossexuais visa problematizar as representações desse evento para a vida dos participantes. O trabalho foi desenvolvido através da utilização de algumas ferramentas da etnografia e os dados das observações foram registrados em um diário de campo. Além disso, os dados das observações foram confrontados com as falas dos sujeitos, obtidas através de entrevistas semi-estruturadas. Na análise dos dados, discutiu-se as representações do africanismo para os homossexuais entrevistados, bem como as relações que eles estabelecem com os seus núcleos e como essas interações interferem nos seus cotidianos. Somado a isso, discutem-se as visões dos “irmãos de santo”, dos sacerdotes e sacerdotisas responsáveis pelos reinos sobre homossexualidade e os princípios morais que orientam estas religiões.
Rodrigo Marcio Santana dos Santos (UNIFACS), Ailton da Silva Santos (UERJ)
A Montagem: o processo de transformação das travestis.
A construção da identidade da travesti não se constitui apenas na sua concepção de gênero, mas também na identidade somática onde acontece o processo de montagem o qual será o foco deste trabalho. É na montagem que as travestis utilizam e experimentam acessórios do universo feminino no espaço público ou privado, já que a sua identidade ainda não está assumida completamente pelo medo de serem rechaçada pela sociedade. Para tanto o surgimento das características femininas ficam cada vez mais evidentes e marcantes com a utilização do silicone para ganhar formas arredondadas isto ocorre em paralelo à desconstrução da imagem do corpo masculino. O instrumento metodológico utilizado fora estudo de caso a partir da história de vida do participante que na época da entrevista encontrava-se na montagem trajando roupas femininas quase que cotidiano e fazendo uso de hormônio. Na analise do discurso do mesmo pode-se percebe o fortalecimento da sua nova identidade juntamente com a graduação da montagem e a importância desta fase.
Rodrigo Nascimento Reis (UFMA)
Meninos fazem carvão e Meninas quebram coco babaçu
Rodrigo Prates de Andrade (UFSC)
A Faculdade de Serviço Social de Santa Catarina e a feminização da profissão
Rosana Pena de Sá (UFF), Tauan Nunes Maia (UFF)
Novas práticas de inclusão: brincadeiras e expressão corporal como forma de inclusão de gênero
Este pôster apresenta uma oficina ministrada no Fórum Cultura Arte Brinquedo e Educação de 2009, O Fórum CABE, da Faculdade de Educação da UFF. No ano de 2009 a temática do Fórum foi “Novas práticas de inclusão”. O público é basicamente de professores e licenciandos. A oficina teve como titulo “Brincadeiras e expressão corporal como forma de inclusão de gênero”. O principal objetivo era discutir expressões e práticas heteronormativas socialmente construídas. A Oficina foi dividida em partes. 1º: “mímica das expressões”, onde os participantes interpretavam expressões sexistas usadas no cotidiano; 2º: uma discussão teórica com base no texto: Pedagogias da Sexualidade (LOURO, 2001); 3º: atividade “pique abraço”, os participantes formam duplas através de abraço com a pessoa mais próxima; e 4º: reflexão acerca da última atividade e sobre a oficina em sua totalidade. No final acreditamos que os objetivos foram alcançados e que questões importantes, tais como: reflexão sobre expressões usadas e naturalizadas no cotidiano com cunho homofóbico e sexista; devemos trabalhar cada vez mais atividades que desconstruam as barreiras generificadas, em especial as que envolvem o contato corporal; e pensar em brincadeiras que não excluam, mas sim que busquem a inclusão.
Rosangela Ferreira de Mesquita (UFRPE), Bruna Flor da Silva, Maria do Rosario de Fatima Andrade Leitão (UFPE)
A ruptura da invisibilidade do trabalho feminino em comunidades pesqueiras
Rosangela Xavier dos Santos (UCB)
"Que vês, quando me vês?" Percepções da travestilidade numa comunidade em Ceilândia no Distrito Federal
Rosânia Maria Silvano Bittencourt (UNESC)
Os estereótipos de masculinidade e feminilidade reproduzidos no cinema: uma análise do filme "O menino maluquinho, o filme"
Este projeto de pesquisa tem por objetivo realizar um estudo na perspectiva das relações de gênero, tendo como foco o cinema. Entende-se aqui o cinema como um espaço educativo que produz cultura, forma opiniões e contribui na construção dos sujeitos. Pretendo para este fim, fazer uma análise do filme “O Menino Maluquinho, o filme” na tentativa de identificar os estereótipos de feminilidade e masculinidade. Será analisada toda a dramaturgia protagonizada pelos atores e atrizes mirins, a fim de perceber como e de que forma os papéis masculinos e femininos vão sendo forjados no decorrer da trama. Baseado no livro de Ziraldo, o qual foi sucesso em circulação nacional, o mesmo foi utilizado para refletir sobre a questão da diversidade em uma turma de 3º ano do E. F. Buscarei entender a força da mídia em ditar normas e determinar valores. Quero perceber as representações do feminino e do masculino que constituem a identidade dos sujeitos. Compreender as questões de gênero implica em reconhecer que o sexo não justifica as diferenças sociais e culturais entre o masculino e o feminino. Na condição de mestranda do PPGE da UNESC, pretendo desenvolver este projeto de pesquisa nos próximos dois anos.
Rosiane Silveira Pontes (UFRGS), Jussara Reis Prá (UFRGS)
Mulheres na Política: Uma análise do Legislativo em Porto Alegre/RS – Brasil
Representação política e paridade de gênero na sociedade brasileira são o cerne da presente pesquisa. Focamos a ausência da mulher em cargos eletivos do legislativo e adotamos a Teoria do Reconhecimento e Justiça de Gênero de Nancy Fraser para refletir acerca da questão. Em que medida o campo político ainda é um espaço social masculino? Nossa hipótese é que a trajetória pública prévia à eleição é fundamental para a conquista de mandatos públicos. Os percentuais de participação das mulheres na arena legislativa são baixos e consideramos que não há paridade entre homens e mulheres. Como objetivo do trabalho pretendemos verificar a trajetória política anterior dos(as) mandatários(as) em busca de similitudes e/ou peculiaridades antes de sua primeira eleição. Nossa opção metodológica visa um enfoque quantitativo, com aplicação de questionários - cujas informações serão a base de um banco de dados no programa SPSS - com as parlamentares eleitas, entre os anos de 2006 e 2008, em Porto Alegre e no RS. As mulheres eleitas hoje no Brasil apresentam algumas características interessantes: a maioria das legisladoras optou por uma profissão ligada à área das humanas (tradicionalmente identificadas como profissões femininas) e participavam da esfera pública antes de sua primeira eleição.
Rúbia Machado de Oliveira (UFSM), Natana Alvina Botezini, Simone Lira da Silva (UFSM)
Construção de Identidades Sociais e Gênero nas Interações do Meio Urbano de Santa Maria, RS
Este trabalho busca dar visibilidade à diversidade de identidades sociais encontradas no centro da cidade de Santa Maria, RS. Entende-se que este espaço, de grande concentração de indivíduos, é propício para que estes grupos se afirmem mediante a presença do outro e encontrem novas formas para vivenciar sua cultura diante das transformações sociais e deslocamento a que esta foi submetida. Pensamos, especificamente, nesse caso as novas organizações assumidas por grupos indígenas que usam o centro como local de comercialização de seus produtos, resignificando assim os papeis sociais dados para a mulher, o homem e mesmo para as crianças que acompanham este grupo. Diversas tribos urbanas, trabalhadores informais, grupos de artesãos nômades e artistas de rua também criam meios de se afirmar e interagir com cada um desses grupos bem como com os transeuntes com quem comercializam seus produtos materiais e artísticos. Dessa forma, a aparente homogeneidade com que nossos olhos costumam ver ou não ver os indivíduos neste espaço, é desfeita mediante olhar mais atento.
Sabrina Forati Linhar (UNISINOS)
Fios, tramas, saberes, artesanato: o trabalho invisibilizado e precário de mulheres em um atelier de tecelagem
Nossa pesquisa empírica é realizada em um atelier de tecelagem, localizado no município de Alvorada, na grande Porto Alegre. Através de conversas, observações participantes e grupos de discussão, buscamos fazer a ligação entre o trabalho docente e o trabalho informal e artesanal realizado pelas tecelãs no atelier. Com base nessa perspectiva, identificamos o quanto o trabalho artesanal é pouco reconhecido e precário, sendo considerado como um ´´trabalho temporário`` no cotidiano dessas mulheres. A desvalorização, a falta de melhores condições de trabalho e reconhecimento contribuem para que elas não se reconheçam como tecelãs, produtoras de conhecimento e criadoras na arte têxtil. Um dos nossos objetivos tem sido buscar o que e como elas compreendem o que produzem, e a partir disso analisar a percepção do trabalho que realizam como arte, técnica e conhecimento produzidos.
Sammy Silva Sales (UFPA)
Quem é mais violento, meninos ou meninas?: Um recorte de gênero a partir da violência entre pares no ambiente escolar
Sandra Izabele de Souza (UFRPE)
Crimes contra a honra da família: O debate jurídico no Recife (1900-1915)
Essa pesquisa busca investigar como e por que se instituiu uma política sexual direcionada ao controle das famílias populares, procurando compreender o debate jurídico em torno da honra, das condutas e dos prazeres sexuais masculinos e femininos, no período de 1900 a 1915, na cidade do Recife. Os debates sobre a honra sexual e moral da família e, especialmente, da mulher ganham importância entre os intelectuais da Primeira República. Assim como o discurso médico, os juristas e legisladores brasileiros, do início do século XX, terão influência nas políticas de controle e normatização das condutas e hábitos dos indivíduos das camadas populares. Era preciso difundir o modelo de família ideal burguesa para construir uma nação moderna, higienizada e “aperfeiçoada” como pontuam Martha de Abreu e Sueann Caulfield. Nossas fontes são os processos crimes de defloramento, estupro e atentado ao pudor da Comarca do Recife, sob a guarda do Memorial da Justiça de Pernambuco. Nos processos pesquisados podemos verificar que muitas mulheres e famílias procuraram a justiça em defesa da honra. Assim, nos tribunais os diversos atores jurídicos contribuíram com seus discursos para a construção e perpetuação de um modelo de conduta adequado para mulheres e homens.
Santiago Barreto Nascimento Gontijo (UNIEURO)
Criminalização da homofobia com ênfase no Projeto de Lei 5003/2001 (PLC 122/2006).
A homofobia também se configura como um crime por ferir diversos direitos fundamentais, principalmente o da dignidade humana e o da isonomia.
O estudo da criminalização da homofobia é imprescindível na atualidade, pois a Constituição, ao estabelecer que todos são iguais perante a lei, não só destina esse preceito no trato individual, mas perante a edição de normas jurídicas. As tensões criadas por esse projeto partem do desconhecimento da população das cláusulas e também pelo temor causado em relação à restrição da liberdade de expressão. Destaca-se que o conflito causa grandes divergências de opiniões, visto que de um lado muitos simplesmente ignoram a existência do preconceito ou até mesmo enxergam legitimação nele, por outro lado muitos acham que devem defender a causa a “ferro e fogo”. A importância desta pesquisa e apontar os conflitos e buscar soluções razoáveis no diálogo na educação e quando em casos insustentáveis, na criminalização.
A pesquisa realizar-se-á com base na leitura de artigos, livros, textos da lei e no estudo de casos. Buscando apontar em que situações seria necessário uma pena mais rígida.
Sara Raquel Nacif Baião (UFSC), Miriam Pillar Grossi (UFSC)
Os mortos de São Tomaz - Ritos funebres entre Catolicos e Pentecostais da Assembléia de Deus
A pesquisa objetiva analisar ritos funerários - velórios e enterros - em um bairro rural no interior e ao Sul de Santa Catarina, pela ótica das religiões Católica e Pentecostal da Assembléia de Deus. A metodologia utilizada foi a observação participante e entrevistas abertas com roteiro. Os primeiros resultados demonstram que pertencer a cada uma dessa religiões, determina diferentes ritos mortuarios baseados na visão de salvação e intermediação, e que, dentro destes ritos há papéis
específicos de mulheres e outros de homens.
Sarah Tavares Cortês (UFRN), Laura Costa de Paiva e Mendonça (UFRN)
Participação social juvenil: uma construção de autonomia e expressão política
Este trabalho é fruto da vivência de estágio curricular obrigatório no Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente CEDECA–Casa Renascer, cuja atuação está direcionada ao atendimento do público de crianças e adolescentes do sexo feminino vítimas de violência sexual, que, ao se inserirem institucionalmente, busca-se a (re) construção dos significados acerca de si e das relações sociais. Tendo em foco esse fortalecimento da identidade e autonomia, foi desenvolvido o projeto “O enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes a partir da ação das adolescentes multiplicadoras do CEDECA Casa Renascer” com as adolescentes entre 14 e 18 anos, cujo objetivo é despertar o debate sócio-político sobre os direitos em espaços comunitários de identificação cultural mútua, estruturando um processo de autonomização na busca de projetos individuais e coletivos que atendam os interesses no âmbito dos direitos de crianças e adolescentes. Assim, a atuação das adolescentes suscita a conquista de espaços sociais e expressão política, num processo de participação social, além de possibilitar a ressignificação da violência sofrida. Esse processo desencadeia a negação da subalternidade e numa intervenção crítica que parte do contexto das desigualdades sociais e violação de direitos, despertando a sociedade para a valorização dos jovens nos espaços de participação política.
Sergio Luis Schlatter Junior (UFSC), Lilian Back (UFSC)
Do outro lado da militância: relações pessoais à prova
A pesquisa em questão se dá no contexto das ditaduras militares vividas pelos países do Cone Sul na segunda metade do século XX. A partir das memórias de militantes que atuaram durante a ditadura militar no Brasil e em outros países do Cone Sul pretende-se tecer uma análise de gênero, subjetividade e afetividade desses/as personagens. Geralmente, ao tratar desse período muitas questões são deixadas a margem pela historiografia, como, por exemplo, que a revolução “tinha dois sexos” e que os/as militantes detinham relações afetivas que foram afetadas pela clandestinidade e organizações da qual faziam parte. Observamos um conservadorismo da esquerda brasileira quanto às questão consideradas discursos “pequeno-burgueses”, dentre elas a questão do aborto, da homossexualidade e da emancipação das mulheres. Através da Historia Oral, adotando uma metodologia dentro desse campo de trabalho, pretendemos discutir subjetividade e gênero. Utilizar-se-á fontes escritas, livros publicados e, sobretudo, fontes orais, ou seja, entrevistas e depoimentos.
Severino Rafael da Silva (UFPE), Mayza Allani da Silva Toledo, Cybelle Montenegro Souza
Gênero e diversidade sexual na escola: alguns apontamentos
A escola enquanto espaço legitimado de socialização de crianças, jovens e adultos, assim como outras instituições sociais, reflete a problemática social vigente. Dessa forma é importante compreender de que forma a instituição educacional esta posta enquanto espaço de repressão do que, dentro de uma lógica deturpada de normalidade, se coloca de encontro a seus princípios morais. Assim se faz necessário compreender até que ponto a escola pode influenciar a orientação sexual d@s estudantes de forma a legitimar e firmar ainda mais, preconceitos e exclusão. Na tentativa de compreender como essas relações se dão no âmbito escolar o presente estudo pretende analisar o discurso de profissionais da educação sobre algumas questões relacionadas à diversidade na escola. Para isso fez-se uso de entrevistas semi-estruturadas e rodas de conversa como forma de melhor aproximação entre os sujeitos da pesquisa, com a pretensão de analisar seus discursos no tocante as relações de gênero e diversidade sexual. Uma análise preliminar pode-nos mostrar o quando alguns profissionais da educação desconhecem os estudos sobre a temática, uma vez que os mesmos tendem a explicar essas questões se utilizando de dogmas religiosos e/ou ainda utilizando-se de análises puramente biológicas da natureza humana.
Shirlei Fernandes Romano (PUC), Murilo Marques Guimarães (PUC)
Proposta Educativa sobre Tráfico de Pessoas/mulheres – Uma construção conjunta com a área de Turismo em Goiás
Objetivo:Elaboração de proposta educativa na prevenção do tráfico de pessoas/mulheres para os agentes de turismo;incentivar a articulação dos participantes do processo educativo, na prevenção ao tráfico, com as redes construídas no Estado; além de publicar um relato experiência na área.Prevenção e repressão, à prática defeituosa e a atenção dedicada às vítimas do tráfico.
Metodologia: pedagogia da liberdade de Paulo Freire e as metodologias feministas. O projeto será desenvolvido no Estado de GO e os critérios para escolha dos municípios consideram os resultados da PESTRAF (Pesquisa sobre Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para fins de Exploração Sexual Comercial), e características sociais, econômicas, demográficas.
Mecanismos gerenciais: atividades de sensibilização para os agentes de turismo no sentido da prevenção; além de registros, análise e produção de texto para publicação e devolução para os participantes do projeto.
Relato de experiência:As pessoas envolvidas no projeto já contam com 7 meses de reuniões realizadas , 4 cursos, ministrado por professores envolvidos com o tema em duas IE´S do Estado. Foi desenvolvido um evento em parceria com o Ministério Público visando os objetivos acima.Agendada uma oficina para o dia 31/03/2010 para reforçar essas ações.
Simone Gomes da Costa (UERJ), Perseu Pereira da Silva (UERJ)
Redes Educativas: cotidianos e diversidades
É no cotidiano onde as diferenças se colocam e os preconceitos e discriminações são reproduzidos. Devido ao esforço dos movimentos sociais organizados e do crescente número de pesquisas na área, questões como práticas machistas, sexistas, homofóbicas, racistas, etnocêntricas, de intolerância religiosa, têm se tornado cada vez mais evidentes, sendo impossível silenciá-las nos cotidianos escolares. Apesar disso, as discussões relacionadas ao sexismo, machismo e das práticas patriarcais arraigadas nos cotidianos dos cursos de formação ainda encontram-se em posição secundária nos currículos gerando ciclos de reprodução de tais práticas. A docência em educação infantil, por exemplo, é relacionada historicamente ao cuidado, ao carinho, afeto, características atribuídas às mulheres, por isso, quando homens se propõe a cumprir este papel enfrentam preconceito oriundo de pais e de outros profissionais de educação. Essas situações evidenciam a emergência das discussões relacionadas a gênero, sexismo nos cursos de formação docente. Assim, acreditamos que as escolas são espaçostempos privilegiados e potencial para encontrar as saídas e/ou soluções para o que enfrentamos cotidianamente já que cada um de nós tem ou teve freqüência obrigatória, por direito - embora, muitas vezes não garantido.
Simone Regina dos Reis Nunes (ULBRA), Dione Matos de Souza (ULBRA), Graziela Cucchiarelli Werba (ULBRA)
O acolhimento e a assessoria em Psicologia Jurídica na perspectiva de gênero
Este trabalho visa apresentar um modelo referencial de Acolhimento e Assessoria em Psicologia Jurídica na perspectiva de Gênero. Trata-se de uma prática desempenhada junto ao estágio de psicologia clínica e comunitária estendendo-se ao serviço de atendimento jurídico da ULBRA Torres e à delegacia local. É realizado por estagiári@s, bolsistas do Núcleo de Estudos e Intervenção em Gênero e voluntári@s do Serviço de Assessoria em Psicologia Jurídica. Partindo de uma bem sucedida experiência realizada no COMDIM em Porto Alegre, no ano de 2001, o projeto é uma referência para o atendimento a pessoas em situação de violência a ser implantando nas universidades junto aos serviços de Psicologia e Direito. O diferencial desse modelo é seu compromisso com os estudos de gênero. Essa aliança teórica e técnica propõe que todas as pessoas envolvidas no atendimento a pessoas em situação de violência sejam qualificadas em gênero para esse tipo de trabalho. O modelo referencial foi construído para ser aplicado em clínicas de psicologia e serviços de assistência judiciária das universidades, delegacias de polícia e fóruns, podendo ser adaptado para postos de saúde e hospitais.
Simone Santos Souza (UFBA), Normélia Maria Freire Diniz, Nadirlene Pereira Gomes
O processo da denúncia e não denúncia: mulheres em vivência de violência doméstica
Ao falar em violência doméstica, estamos falando de relações violentas envolvendo pessoas com as quais se tem laços afetivos ou de parentesco. Dentre a rede de atendimento à mulher em situação de violência, a delegacia ainda é o que tem maior visibilidade. Percebe-se também que ainda há uma dificuldade em tornar público um tipo de violência que ocorre no âmbito privado da casa. Trata-se de um estudo descritivo, com abordagem quanti e qualitativa que tem como objetivo analisar o processo da denúncia e não-denúncia da violência doméstica em mulheres. Os sujeitos do estudo foram 150 mulheres. Foram obedecidos os aspectos éticos da Resolução nº. 196/96. A coleta de dados se deu através da entrevista. Foi utilizada a Técnica de Análise de Conteúdo de Bardin. O estudo caracteriza-se por mulheres em sua maioria jovens, dependentes financeiramente principalmente dos companheiros. O processo de denúncia e não denúncia ancora-se na deficiência da infra-estrutura, na relação no atendimento e na demora dos processos de atendimento e audiência. Desvelaram-se as deficiências existentes em toda tramitação do processo da denúncia que vem por fim refletir em uma das causas da não denúncia. O estudo contribuiu para ampliar as discussões que permeiam o processo de construção do atendimento na Rede.
Simone Yamaniha (UEL), Thiago Ferezim Yokota (UEL)
Identidade de gênero: um estudo sobre a construção social do gênero travesti
Admitindo-se que no campo da Psicologia existem poucas publicações na área de pesquisa sobre gênero e, sendo este um campo de conhecimento que demande um olhar sobre questões relativas à sexualidade, este assunto ganha relevância para uma pesquisa em Psicologia Social. Como parte de uma pesquisa maior, o presente trabalho visa entender como se dá a construção social do gênero travesti através da influência dos discursos instituídos sobre a formação das identidades de gênero e o processo de subjetivação. Como método de pesquisa, tal projeto pretende utilizar de entrevistas pré-estabelecidas que possam sugerir particularidades nas histórias coletivas das travestis que corroborem com o entendimento dessa construção. Na bibliografia consultada constatou-se que as travestis têm conquistado através de movimentos organizados espaços na dinâmica social- diminuindo processos de estigmatização. Assim, conhecer possíveis influências dos discursos nas construções da identidade do gênero pode nos oferecer informações valiosas para um entendimento mais abrangente e coerente do assunto.
Solange Mendonça da Silva (UEM)
Escola e Sexualidade
A sexualidade sempre foi um dos pontos de maiores discussões dentro do espaço educativo. Desde que o Ministério da Educação e Cultura, em 1996, produziu os Parâmetros Curriculares Nacionais, incluiu a sexualidade em seu volume 10, intitulado Orientação Sexual. Porém, o que se percebe é que a escola ainda não trabalha efetivamente este tema dentro do espaço educativo, gerando dificuldades entre alunos/as e professores/as, quando se trata desse assunto. Assim, esse trabalho pretende discutir a sexualidade na escola, pesquisando com dez professores/as de duas escolas particulares e públicas e dezesseis alunos/as, das respectivas instituições, do Ensino Fundamental (5ª a 8ª séries), utilizando uma entrevista semi-diretiva, questionando sobre a importância da Educação Sexual na escola. As respostas nos indicam que a temática da sexualidade ainda não se faz presente no espaço educativo. Tanto nas falas dos/as alunos/as, quanto dos professores/as. Há a necessidade premente de que se tenha uma disciplina sobre educação sexual e gênero nos cursos de formação docente, para que se discutam assuntos relacionados á educação sexual, proporcionando assim debates, informações que levem a um pensamento crítico e importante no espaço educativo.
Stephanie Winkler (UNB), Cristina Maria Teixeira Stevens (UNB)
25 Anos de Mulher e Literatura: Periódicos Acadêmicos Nacionais
O trabalho tem como objetivo identificar a inserção da Teoria e Crítica Literária Feminista nos periódicos acadêmicos nacionais Cadernos Pagu, Revista Labrys, e Revista de Estudos Feministas. Desenvolvido como projeto de iniciação científica, está vinculado ao projeto de pesquisa da professora Cristina Maria Teixeira Stevens, que analisa a produção teórico-crítica na área de Estudos Feministas e de Gênero em nosso país e sua contribuição para a literatura, bem como a contribuição específica de nossa área para esse campo interdisciplinar de estudos; o referido projeto objetiva também analisar o impacto das publicações em periódicos acadêmicos na área Mulher e Literatura na área de Letras em nosso país, após 25 anos de criação do GT ANPOLL/Mulher e Literatura.
Suelen da Silva Sampaio (UERJ), Samanta Carralas Pinheiro de Lima, Isabela Maciel Pires (UERJ)
Homossexualidade e Direitos: parentalidade e conjugalidade
Há duas décadas a homossexualidade entrou definitivamente no debate público. A epidemia de AIDS fez com que a sociedade se voltasse para mulheres e especialmente homens que se relacionam com pessoas do mesmo sexo. Se por um lado essa visibilidade despertou mais preconceito, por outro, várias crenças puderam ser desfeitas. Várias são as opiniões e reações quando o assunto é relacionamento homossexual e possíveis direitos decorrentes dessa união, e os temores são sobre a criação dos filhos, sobretudo. Realizamos uma pesquisa na UERJ em 2009/2010, com estudantes de todos os cursos existentes na cidade do Rio de Janeiro, com objetivo de identificar concepções dos alunos frente à homossexualidade, abordando convivência, direitos, homofobia. Reforçando eventos que conhecemos pela mídia, a expressão de afetos em público é rechaçada, tomada com ofensa à comunidade do entorno. O direito à herança, pensão, partilha de bens decorrentes de uma relação conjugal são mais aceitos quando não se trata de formação de família.
Suélen de Souza Andres (UFSM), Tamara Souza de Castro (UFSM)
A Formação dos acadêmicos de Educação Física-Licenciatura na temática da Diversidade Sexual
Este trabalho busca compreender como vem sendo a preparação dos acadêmicos do curso de Educação Física- licenciatura plena (EF-LP) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), para o trabalho com a diversidade sexual nas aulas de educação física escolar.
Para isso, esta sendo realizada uma pesquisa de cunho qualitativo e quantitativo com graduandos (as) de distintos semestres do curso de EF-LP.
Diferentes autores têm mostrado, que as construções culturais do ambiente e da sociedade têm papel fundamental na construção das relações de gênero e na formação e/ou quebra de fronteiras no âmbito escolar, como Moita Lopes, Guacira Lopes Louro,Sousa e Altmann e Dornelles entre outros, além de novas medidas implantadas pelo governo federal, como “Brasil sem Homofobia” que visa o direito a dignidade e o respeito a diferença, sendo seus principais objetivos a educação e a mudança de comportamento dos gestores públicos.
Assim, a proposta aqui, é investigar como vem sendo a preparação destes acadêmicos nos assuntos que versam a diversidade sexual e se ela na verdade existe no curso de EF-LP da UFSM. Pensando assim nas suas futuras práticas escolares.
Suzana Aparecida de Santana (UEM)
As mulheres de Vermeer:pedagogias das aparências e feminilidades
Resumo Este projeto tem por objetivo examinar as mulheres retratadas pelo pintor holandês Johannes Vermeer (1632-1675), com vistas a identificar nos tipos e estilos femininos, os conceitos de beleza e feminilidade compartilhados pela sociedade e cultura holandesa do século XVII. Nas mulheres pintadas em telas, procuraremos examinar as aparências criadas pelo artista para dizer, mostrar e diferenciar os segmentos femininos. Nesta análise, a indumentária, os gestos, as fisionomias, os espaços (arquitetura e ambiências) serão tomados como indicativos dos recursos usados pelo artista para criar suas personagens e diferenciá-las, consoante à classe social, faixa etária e papel desempenhado socialmente. Os aparatos teórico-metodológicos de análise são provenientes da história e historiografia sobre mulheres, indumentária e beleza.
Symone Karla de Ataide Gondim (UFPE), Kíssia Valéria Cavalcanti Luna (UFPE), Juliana Mayara Freire da Silva (UFPE)
Permanências e deslocamentos de um discurso: os sentidos produzidos por adolescentes sobre o uso do preservativo masculino
Esse estudo visa problematizar o uso de preservativo masculino entre adolescentes que utilizam o Sistema Único de Saúde (SUS). Procurou-se compreender como os adolescentes se posicionam e são posicionados, no que se refere ao uso de preservativo masculino, analisando, a partir do referencial das Práticas Discursivas, a construção de repertórios que justificam o uso, ou mesmo o não uso, do preservativo. Assim, foram realizadas entrevistas com adolescentes de ambos os sexos, entre 12 e 18 anos de idade, residentes em Recife, onde foi possível analisar, além dos sentidos sobre o uso do preservativo, diferenças e semelhanças presentes nos discursos dos adolescentes, considerando as diferenças de sexo, a partir de uma perspectiva de gênero. Dessa forma, foi possível observar deslocamentos entre os sentidos produzidos pelos adolescentes e o que se diz sobre eles. A existência de questões como participação familiar, políticas públicas de saúde preventiva e comportamento sexual de risco compuseram os repertórios interpretativos dos adolescentes, o que vai de encontro ao estereótipo que vem sendo disseminado do que é ser adolescente, que ainda remete à idéia de crise e de inconseqüência.
Tácila Aparecida Mattos (UFES)
Singelo e Profundo: as mulheres vítimas de agressão física na Comarca de Vitória/ES (1850/1860)
O presente trabalho se propõe a estudar o cotidiano violento das mulheres, nas ocasiões em que elas figuraram como vítimas de atos impetuosos praticados por homens e por outras mulheres. Trata-se de ressaltar a diversidade dos comportamentos frente a situações marcadas pela brutalidade. A demarcação espacial e temporal compreende a Cidade de Vitória, capital da Província do Espírito Santo, na segunda metade do século XIX. Para tal empreendimento, utilizar-se-á como base documental correspondências policiais e autos criminais datados de 1850 a 1860, ambos localizados no Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES). A metodologia do trabalho consistirá em técnicas de levantamento quantitativo e qualitativo a fim de discutir os interditos impostos às mulheres consideradas vítimas, bem como sua atuação diante do cotidiano balizado por códigos formais e informais de convivência. Ou seja, analisar-se-á desde os crimes de menor gravidade ressaltados nas cartas policiais até aqueles considerados mais graves em que resultaram processos formais, com o intuito de buscar a motivação dos atos, a maneira como eles se desenrolaram, quais os tipos de agressão e suas consequências. Portanto, pretende-se conhecer melhor o modus vivendi das mulheres e seu envolvimento em cenas violentas.
Tâmara de Oliveira Silva (UEPB), Sislene Pereira de Souza, Cilânea Santos Costa
A questão de gênero na divisão sexual do trabalho no semi-árido paraibano
O presente artigo tem por objetivo analisar as mudanças ocorridas na divisão sexual do trabalho no âmbito produção agropecuária no semi-árido paraibano, com o advento do uso de tecnologias alternativas de convivência com o semi-árido. Detectando em que proporções estas mudanças têm contribuído para redefinir as relações entre os gêneros, no interior do grupo doméstico. Averiguar como se dá a construção das relações sociais entre homens e mulheres na organização do trabalho familiar voltado a agropecuária que utiliza tecnologias alternativas de convivência com o semi-árido, considerando-se todas as fases do processo produtivo á sua comercialização, não se perdendo de vista as divergências, os conflitos e as tensões, bem como as relações de poder que emergem destas práticas sociais. Procurou-se analisar a implementação das políticas públicas voltadas para a agricultura familiar e a efetivação das mesmas, com enfoque de gênero. É através da pesquisa está sendo possível detectar o papel desempenhado pela mulher no espaço da casa e na atividade rural, como também a eficácia das políticas públicas e sociais voltadas para as mesmas.
Tâmara Feitosa Oliveira (UFPI)
Produção e reprodução do patriarcado em espaços de reclusão para jovens: o caso do Centro Educacional Feminino-CEF de Teresina
As reflexões aqui apresentadas são oriundas da pesquisa intitulada:Práticas de lazer de jovens em espaço de reclusão:o caso do CEM e do CEF em Teresina.São objetivos desse trabalho: apresentar e realizar uma reflexão sobre a produção e reprodução do patriarcado tendo como foco o cotidiano da instituição CEF (Centro Educacional Feminino),espaço destinado a reclusão de jovens do sexo feminino que cometeram ato infracional.Para viabilizar a pesquisa realizamos observação sistemática ao CEF, para recolher informações sobre sua funcionalidade, conhecer o cotidiano das jovens. Sobre a instituição,identificamos que a maioria das pessoas que trabalham no CEF,é de mulheres.São, portanto, as mulheres que criam as regras e implementam as ações na instituição.Fazem parte da rotina do CEF atividades relacionadas aos cuidados domésticos, como: oficinas de culinária, bordado, de beleza e de bijouteria,consideradas, segundo os preceitos machistas, como de mulheres em nossa sociedade.Dito isto,podemos afirmar que, no espaço do CEF, toda a lógica do patriarcado é mantida, reproduzida a cada atividade proposta e realizada no centro, pelas mulheres,o que nos permite concluir que,também no mesmo,não é necessária a presença masculina para que ocorra a produção e reprodução da ordem patriarcal.
Tâmila Pires da Silva (UFBA), Maria Thereza Ávila Dantas Coelho (UFBA), Milena Araujo Silva Sá (UFBA)
AIDS: Educar para desmitificar
Na década de 80, a descoberta do HIV acabou por sedimentar o caminho da discriminação em relação aos homossexuais com a sentença da morte. Preconceito e pouca informação disponível parecem ter sido alguns dos elementos que mais contribuíram para que a AIDS fosse inicialmente associada exclusivamente à homossexualidade. Expressões como ‘Câncer Gay’ e ‘Peste’ passaram a infestar as narrativas cinematográficas. Dois filmes, em especial, evidenciaram o modo como se deu esse processo: Filadélfia e O Filhote. Nestes, imputou-se aos homossexuais a culpa pela transmissão do vírus, ficando a AIDS associada a uma doença que punia o exercício do sexo. O projeto AIDS – Educar para Desmitificar traduz-se numa iniciativa acadêmica de valorização da informação desnuda de preconceitos e construída através de um diálogo interdisciplinar entre os diversos campos do saber. Através da informação, buscamos diminuir as assustadoras estatísticas da doença, cujo número de infectados cresce no mundo e, em especial, nos países periféricos.
Tamna Ribeiro dos Santos Dias (UCB)
Subvertendo o mandato cisgênero: significações de parentalidade em famílias com travestis e transexuais
O processo de construção de relações parentais se conectam e dependem de processos de construção de gênero. As posições de parentesco são dependentes de um conjunto de expectativas marcadas pelas estruturas de gênero, sobre as quais se estabelecem hierarquias, poderes, empatias, disposições, afetos, relações etc. Frente a esse panorama, nesse trabalho discuto o que ocorre com as significações dadas às relações parentais em familias com travestis e transexuais, outrossim como é percebida a noção de família por essas sujeitas em suas trajetórias de vida. Partindo de uma análise de “histórias de vida” de algumas travestis e transexuais e de entrevistas semi-estruturadas com seus parentes, esse trabalho não pretende construir uma teoria geral sobre como as relações familiares se estabelecem com travestis e transexuais, mas se aproximar das estratégias que algumas sujeitas têm buscado na construção e resignificação de suas relações familiares subvertendo o mandato cisgênero. Por fim, analiso a partir de um olhar da piscologia as implicações dessas configurações parentais para o conceito de família e para o processo de construção de gênero.
Tanay Gonçalves Notargiacomo (UFSC)
Margens (des)cobertas
O projeto orientado pela professora Dra. Tânia Regina O. Ramos teve como objetivo perceber os obstáculos no ensino da literatura e até que ponto as questões das provas pressupõem uma leitura integral dos textos. Encaminhamos a nossa pesquisa para um lugar que repensasse as listas sugeridas pela Comissão Permanente do Vestibular da UFSC. Com a nova proposta do MEC de aderir um modelo de ENEM que sirva como prova no vestibular, parece, primeiramente, ocorrer um sucateamento da literatura na sua especificidade cultural, ética e estética. Onde ficaria a leitura do texto e a possibilidade de escrever a leitura, como desejava Roland Barthes? Voltamos nossa pesquisa a outras questões que envolvam a possibilidade de espaços que sejam disciplinares e críticos em relação à contemporaneidade, como as escritas silenciadas e que ficam à margem. Escritores como Caio Fernando Abreu e suas temáticas contemporâneas, assim como Hilda Hilst e suas escritas eróticas, possuem um lugar dentro da literatura ensinada? Onde estará a literatura marginalizada nesse novo molde de ensino? É preciso pensar em outro perfil de pesquisa que busque novas compreensões e que nos permitam entender os espaços disciplinares e os caminhos que os leitores terão para conhecer a literatura homoerótica e o realismo afetivo.
Tatiana Brandão de Araujo (UFSC)
Olhares fora-dentro: história, fotografia e questões de gênero na obra de cindy sherman
Esse trabalho tem por objetivo problematizar as questões identitárias, principalmente no que se refere às mulheres. Partindo de uma perspectiva feminista analiso as produções fotográficas da artista estadunidense Cindy Sherman, conectando os ‘sujeitos’ apresentados nas suas produções com a contemporaneidade, com a intenção de demonstrar a importância dos debates feministas no tempo histórico de Sherman, e que assim permanecessem até hoje. A obra analisada é a série A Play of Selves, produzida na década de 1970, que narra visualmente a história de uma personagem e seus embates identitários com referência à corporalidade frente aos ideais socialmente moldados, e a forma como os mesmos afetam as subjetividades. Acima de tudo busco destacar a relevância de tais discussões, que relacionam textos imagéticos e questões de gênero, para as pesquisas no campo da História.
Tatiana da Fonsêca Benjamin (UFPB), Flávia Ferreira Pires (UFPB)
Brebotes e Burugangas: analisando o ‘empoderamento’ infanto-juvenil no Sertão Paraibano
Tauan Nunes Maia (UFF), Sérgio Ricardo Aboud Dutra (UFF)
Futebol, lazer e homossexualidade
Este pôster apresenta parte de uma pesquisa desenvolvida no IEF da UFF, nele estarei apresentando a prática de futebol de um grupos de homens gays como forma de lazer. Metodologicamente trabalhamos com entrevistas em grupo focal, considerando que esta, permite melhor integração com os atores sociais, em uma perspectiva bakhtiniana e também legitima as histórias dos sujeitos. Ao pensarmos na forma como o futebol se constrói na nossa sociedade, naturalizado como uma prática masculina, entendida como sinônimo de heterossexualidade, para melhor compreensão deste estudo estamos usando Bourdieu (1998) como referencial teórico. Outro referencial teórico usado é o de lazer desenvolvido por Vitor melo (2009) desconsiderando a heteronormatividade opressora esses peladeiros formaram um grupo que se encontra semanalmente como forma de lazer. Até a presente fase percebemos nas entrevistas feitas a diversidade do grupo. O que agrega estes homens são o Futebol e a identidade sócio-sexual. Até o término da pesquisa, pelo nosso cronograma em início de agosto, estaremos concluindo o mapeamento e as análises e reflexões sobre o tema proposto.
Thaís Loureiro Dias (PUC - RJ/Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT), Cleber Vicente Gonçalves, Marcelle Cristiane Esteves
O teatro fórum como meio de comunicação entre profissionais de educação e jovens lésbicas, gays e bissexuais para diminuir a homofobia no ambiente escolar
O projeto “Entre Laços” do Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT busca eliminar o preconceito de profissionais de saúde e educação no atendimento à população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT), principalmente de jovens LGBT.
Percebendo que a reprodução de preconceitos relacionados à orientação e/ou identidade sexual na escola, prejudica o acesso de jovens lésbicas, gays e bissexuais, sendo muitas vezes motivo de evasão escolar dentro desta população, o projeto realiza atividades que promovem o debate e a sensibilização de profissionais da área da educação.
Para atingir os objetivos, o projeto utiliza a metodologia do teatro fórum – técnica desenvolvida pelo teatrólogo Augusto Boal no Teatro do Oprimido – na qual os jovens provocam os profissionais reproduzindo ações do cotidiano escolar nas quais os profissionais cometem abusos e agem de forma preconceituosa. A representação, na medida em que cria um lugar de empatia, abre canais de comunicação entre opressores e oprimidos. A ideia é eliminar os ruídos da comunicação entre estes atores sociais, permitir que todos se percebam como sujeitos, analisem suas falas – inclusive as não verbais – e estabeleçam relações mais profissionais.
Thamiris Azevedo Malfitano (UFF), Aílton Souza da Silva Junior
Festas Juninas escolares: uma análise de gênero
Thayline Oliveira (UNIVASF), Juliana Sampaio (UFCG), Daniel Henrique Pereira Espíndula (UFES)
Rodas de conversas: produzindo saberes, autonomia e saúde
Seguindo Paulo Freire, tem sido propostas diversas formas de produção de saberes compartilhados, dentre elas a roda de conversas, visando autonomia dos atores, a partir da fala que circula. Este trabalho analisa uma experiência com 24 rodas de conversas em 2 comunidades de Petrolina, com 16 adolescentes do sexo feminino de 10 a 19 anos, sobre saúde sexual e reprodutiva. As rodas duraram em média 2h, com cerca de 8 jovens, tendo como parceiros: escolas, centro de referência em assistência social, igrejas e equipes de saúde. Para facilitar a circulação das vozes, foram utilizadas várias estratégias, como: exibição de vídeos, jogos, teatralizações, produções de textos coletivos, etc. A experiência evidenciou diversas dificuldades como: pouca articulação entre parceiros; local inapropriado para as rodas; baixa assiduidade das adolescentes e pouco apoio dos pais. O monitoramento sistemático do processo viabilizou estratégias coletivas de enfrentamento das dificuldades e a avaliação tem demonstrado: a democratização das falas e saberes e a construção de vínculos afetivos e de confiança entre as participantes e os moderadores que oportuniza maior troca de experiências, favorecendo a construção da autonomia das adolescentes frente à promoção da sua saúde sexual e reprodutiva.
Thayse Adineia Pacheco (IFSC), Letícia Elias Casagrande (IFSC)
Um pouco da biografia da mulher: igualdade e liberdade de expressão no Brasil
O presente trabalho visa traçar um histórico da luta da mulher pela igualdade dos direitos, o qual servirá como base para a elaboração de um artigo em construção pelos autores a respeito das causas da ausência de mulheres nos cursos de ciências exatas e da terra, em especial a física. A luta feminista conquistou lentamente alguns direitos e no Brasil a história não foi diferente. Em busca da igualdade de voto e libertdade de trabalho, sem necessitar de autorização do pai ou do marido a mulher conquistou seu lugar na sociedade exercendo uma profissão com remuneração, tornou-se mais independente e, consequentemente, luta pelos direitos de cidadã brasileira. A partir daí, muitos movimentos revolucionários ocorreram e várias publicações em jornais, revistas e livros decorreram desses eventos.
Thiago do Vale Pereira Livramento (UFSC)
Um olhar sobre a publicidade: gênero e subjetividade
A presente pesquisa é fruto do Trabalho de Conclusão de Curso em História pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com o título de “A publicidade como reforço de gênero”, sob a orientação da Profª. Drª. Joana Maria Pedro. O objetivo é apresentar através de analises de anúncios publicitários como a dicotomia de gênero foi reforçada durante a década de 1990. Os anúncios escolhidos se encontram nas revistas Veja e Nova. Abordo uma prática publicitária que nasceu no Brasil na década de 1950 durante o pós-guerra. Esta prática reitera o gênero e mostra que apesar das mudanças ocorridas nas últimas décadas do século XX nas relações familiares, no relacionamento amoroso e na sociedade - os processos de construção do gênero e de subjetividades, ainda estão fortemente marcados para a instituição da diferença e das hierarquias. Isto fica mais evidente quando encontramos nas revistas anúncios direcionados para mulheres e homens, diferenciando seus gostos e interesses. É esta reiteração da diferença que pretendo expor no pôster.
Thiago Leão Silveira Dourado (UEL), Mariana Grassi do Nascimento (UEL), Márcio Alessandro Neman do Nascimento (UEL)
Políticas das sexualidades e identidade de gênero & psicologia - CRP 8ª região
Considerando a Resolução CFP N° 001/99 de 22/03/99 e publicações na área, além de uma grande inquietação em torno das distintas expressões das sexualidades e gênero, é atribuído ao psicólogo o dever de obter conhecimentos nessa temática. Contudo esta demanda não tem sido contemplada na maioria dos cursos de psicologia do Brasil. Atentando-se à essa realidade fundou-se o Grupo Temático: “Políticas das Sexualidades e Identidade de Gênero & Psicologia vinculado ao Conselho Regional de Psicologia - CRP 8ª região realizando seus encontros na Subsede Londrina do qual participam profissionais e estudantes da psicologia. O objetivo consiste em expandir saberes sobre estudos de gênero, culturais, das sexualidades, levantar interesses e dificuldades dos profissionais que atuam nesse campo, compreender os contextos de vulnerabilidades, educação sexual, movimentos sociais e ainda as políticas publicas no campo da diversidade sexual. No segundo semestre de 2009 foram conferidas produções bibliográficas à adotar e discutiu-se aspectos teóricos que possibilitaram a participação em eventos da área. No ano corrente estão sendo realizadas discussões, palestras com profissionais de áreas afins, cine-club temático, publicações, parceria com universidades e participação em/e realização de eventos.
Thiago Loreto Garcia da Silva (PUC - RS), Karine Aline Laini Silveira, Hellena Bonocore de Moraes (PUC - RS)
Estereótipos de gênero em filmes de romance
Thiago Silva de Souza (FURG)
Gênero nas ondas de uma experiência com a Educação Física
Neste trabalho pensamos a temática de gênero, a partir de uma experiência intervencionista na disciplina de Estágio Supervisionado II, do curso de Educação Física, da Universidade Federal do Rio Grande. Salientamos que a intervenção foi alçada em uma Escola Municipal de Educação Infantil do Balneário Cassino - RS. Assim, entre diversas brincadeiras com as crianças, chamou-nos a atenção para uma em especial. Em meio a técnicas alternativas de surf, com pranchas de papelão, a seguinte pergunta referida por uma menina nos depreendeu para a reflexão: “tio meninas surfam?”. O estagiário retrucou, perguntando a ela: “você enquanto menina gostaria de surfar?”. Este questionamento nos alertou para os efeitos produzidos por esses discursos imersos de relações hierárquicas entre os gêneros, constituídas pelas redes de poder, colocando, portanto, em xeque exames de masculinidades e feminilidades (Louro, 1997, p. 23-24). A partir da análise destes discursos, visualizamos a necessidade de transpor as barreiras tecnocientificas, implicadas por relações de poder, nas formas de saber e nos modos de subjetivação produzidos pela dinâmica social e pelos quais somos sempre responsáveis em nossos locais de trabalho e de vivencias (Coraza, 2001, s/p).
Trícia Andrade Cardoso (UFSM), Juliana Franchi da Silva (UFSM)
Os ferroviários e suas representações em Santa Maria – RS (1950)
Este trabalho procura abordar as representações e significados do trabalho ferroviário e do coletivo destes trabalhadores para a comunidade santa-mariense em 1950. Até o momento, não se realizou no município, estudos que trataram a relação da historia profissional dos trabalhadores ferroviários, abarcando suas vivências de labor e o cotidiano de uma forma mais ampla. Para atingir os objetivos da pesquisa, houve a necessidade da realização de entrevistas com ferroviários e seus familiares, de procurar compreender o papel do homem e da mulher a fim de demonstrar que o grupo ferroviário na região central do RS foram possuidores de uma identidade que os diferenciava dos demais grupos de trabalhadores. Em verdade, eles eram um grupo com um status social privilegiado. Portanto, o significado e as representações desse grupo, através de sua memória coletiva o definem como uma identidade própria que foi, ao longo do processo histórico de mudanças no mundo do trabalho ferroviário, alterando-se também.
Ueles Monteiro Santos (PUC - GO), Fernando Silva Mendonça, Aldevina Maria dos Santos (PUC - GO)
Rede de Atenção às Mulheres que Sofrem Violência: desafios e êxitos na implantação
A violência de gênero é um fenômeno complexo e multideterminado. De um lado, a alta incidência é um incômodo epidêmico, de outro, ainda é invisível, enquanto problema de saúde pública, para grande número de serviços, gestores e profissionais de saúde. Os movimentos sociais levantaram a 'bandeira' de que a atenção às pessoas que sofrem de violência deve ser intersetorial e em rede. O Ministério da Saúde e a Secretaria de Políticas para as Mulheres incorporaram a proposta. Assim, as políticas públicas recomendam que os serviços se organizem em rede para o atendimento integral a essas pessoas. Esta pesquisa bibliográfica objetiva analisar a produção científica sobre o atendimento em rede para as mulheres vítimas de violência de gênero e identificar como as redes estão sendo implantadas, seus avanços e suas dificuldades. Os artigos foram selecionados no portal BVS e revelam experiências exitosas e muitos desafios para a integralidade da atenção generificada. Entre os aspectos estudados destacam-se a atuação dos profissionais, a formação, a qualificação dos serviços, o acolhimento às mulheres, a organização das redes, a sensibilização de gestores de políticas públicas. A atenção integral é um desafios para os setores responsáveis pelas políticas públicas para as mulheres.
Valdirene de Souza Ferreira Savi (UNESC)
Histórias e memórias: trajetórias de formação docente para os primeiros anos escolares no município de Jaguaruna/SC (1930-1990)
Vanessa Aparecida da Conceição (UNESP)
Carolina Maria de Jesus: garra na vida, simplicidade no escrever
O presente projeto propõe o estudo da escritora Carolina Maria de Jesus em sua condição de mulher, favelada, mãe solteira, negra e semi-analfabeta. Analisando como driblou tantos percalços e se tornou na década de 1960 uma das principais escritoras brasileiras, sendo reconhecida internacionalmente, mas, que apesar deste reconhecimento foi esquecida e rejeitada pelos brasileiros. A partir deste estudo visa-se responder algumas indagações acerca de quem foi a mulher Carolina Maria de Jesus, o motivo de seu sucesso como escritora ter sido maior no exterior, o porque de seu esquecimento pelo povo brasileiro e se sua escrita não culta incomodou os leitores. O objetivo deste projeto, além de mostrar a genialidade de uma escritora por vezes esquecida, é também mostrar a garra, a simplicidade e particularidade do ser mulher de Carolina Maria de Jesus.
Vanessa Costa Pereira (UFRJ), Patrícia Silveira de Farias (UFRJ), Ludmila Fontenele Cavalcanti
A Relação entre o sistema de crenças religiosas dos profissionais de saúde frente à garantia dos direitos das usuárias
Este trabalho faz parte do projeto de pesquisa “Sexualidade, Religião e Políticas Públicas: uma análise da relação entre gênero, sistema de crença religiosa e práticas profissionais dos agentes de saúde do Programa de Assistência integral a Saúde da Mulher (PAISM)”. O objetivo é analisar a articulação entre gênero e religião dos profissionais de saúde inseridos no PAISM, e como percebem a relação entre a religião e a defesa dos direitos das usuárias. Para tanto, foram examinados 40 questionários, respondidos por profissionais da enfermagem, serviço social, saúde mental e da área médica de cinco unidades de saúde da cidade do Rio de Janeiro. A religião, mesmo em um contexto secularizado ainda é um sistema de construções de subjetividades masculinas e femininas. Percebeu-se que a maioria dos profissionais de gênero feminino pertencem a uma determinada religião e, em contraponto, a maioria dos profissionais de gênero masculino não pertencem a nenhuma religião. O pertencimento a uma comunidade de fé interfere no momento de intervir junto às usuárias, particularmente em casos de interrupção da gravidez e de planejamento familiar.
Vanessa Flores dos Santos (UFSM), Vinícius Teixeira Pinto
Gênero, masculinidades, violências
Vanessa Marinho Pereira (UERJ), Lucila Lima da Silva, Andressa Siqueira
“É um luxo ser e não parecer...”: Mas ela não pode estar sendo? – Reflexões acerca dos estereótipos e identidades lésbicas na rede virtual Leskut
O presente trabalho consiste na revisão bibliográfica de conceitos de autores como Judith Butler e Antonio Ciampa, referentes às identidades e sexualidades objetivando a análise de falas presentes em fóruns de discussão da rede virtual Leskut sobre o que é ser lésbica. Consideramos os gênero como reiterações performáticas de significações estabelecidas socialmente, podendo haver uma multiplicidade destes sem que nenhum deles fossem considerados como gêneros originais, sendo a dualidade de gênero masculino/feminino resultado de um processo histórico de repetição e sedimentação de normas que criam uma aparente a-historicidade de comportamentos ditos definidores do homem ou da mulher, e a heteronormatividade como única possibilidade normal. Na análise das falas dos fóruns percebemos que embora critiquem os estereótipos socialmente criados do ser lésbica como uma mulher masculinizada verificamos a busca algo em comum, de alguma essência que as permitam identificar umas as outras. Além, da dificuldade intra e extra grupo de experienciar o encontro com um outro diferente, que não segue a coerência entre sexo biológico, desejo, gênero e identidade; ou que ainda vivencia essas instâncias como fluidas e passiveis de múltiplas combinações modificáveis de acordo com os contextos.
Verônica Alcântara Guerra (UFPB)
Identidades e sociabilidades fluidas: travestis no Litoral Norte da Paraíba
Esta pesquisa, financiada pelo CNPq, tem como objetivo observar, descrever e interpretar a construção de identidades de gênero e redes de relações entre travestis na região de Mamanguape (PB), situada na BR 101, umas das principais vias de acesso para Rio Tinto (PB), cidade erguida em função da Companhia de Tecidos de Rio Tinto, e também para Baía da Traição (PB), região que abriga o maior número de índios potiguara da Paraíba. Podemos observar, entre outros aspectos, a fluidez da identidade de gênero e dos relacionamentos de socialização que há entre as travestis do Litoral Norte da Paraíba. A todo o momento elas reconstroem e desfazem suas redes de relações e apresentam uma constante mobilidade por Países, Estados, cidades e residências na região. Esta fluidez se apresenta não somente pela ocupação que exercem como prostitutas, mas pelo modo como constroem suas identidades e tecem suas sociabilidades. Esta pesquisa está incluída em um projeto temático, “Entre campos, mares e trajetos: experimentos etnográficos no Litoral Norte da Paraíba”, coordenado pela prof. Dra. Silvana de Souza Nascimento, que tem como propósito construir etnografias sobre a configuração de suas cidades, municípios e a multiplicidade de gênero, étnica e cultural de sua população.
Verônica Dutra dos Santos da Conceição (UFRJ), Patrícia Silveira de Farias (UFRJ), Ludmila Fontenele Cavalcanti
Gênero e saúde: representações dos profissionais de saúde sobre o Programa de Saúde da Mulher no Rio de Janeiro
Este trabalho faz parte do projeto de pesquisa “Sexualidade, Religião e Políticas Públicas: uma análise da relação entre gênero, sistema de crença religiosa e práticas profissionais dos agentes de saúde do Programa de Assistência Integral a Saúde da Mulher (PAISM)”. O objetivo é analisar a compreensão dos profissionais de saúde inseridos no PAISM acerca das diretrizes do programa e como isso repercute na defesa dos direitos das usuárias. Para tanto, foram examinados 40 questionários, respondidos por profissionais da enfermagem, serviço social, saúde mental e da área médica de cinco unidades de saúde da cidade do Rio de Janeiro. É de extrema relevância lembrar que o programa é fruto da reivindicação do movimento de mulheres por uma política pública que as considerasse de forma mais ampla, para além de sua saúde reprodutiva.
Percebeu-se que os profissionais sentiram dificuldade em caracterizar o PAISM. Além disso, demonstraram um sentimento de não pertencimento ao programa. Este achado levou a um novo leque de questões, pois, se os profissionais envolvidos com a política nacional de saúde da mulher não a conhecem, como criarão ações que materializem seus princípios e diretrizes? Como instrumentalizarão as usuárias para que elas reivindiquem os seus direitos?
Victor Cesar Torres de Mello Rangel (UENF e UFF), Luana Rodrigues da Silva (UENF), Gisele Valverde (UENF)
Representações de Gênero e Administração de Conflitos: O caso de um núcleo de atendimento à mulher localizado em uma delegacia distrital
Este trabalho integra o Projeto Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher: uma análise de suas práticas de administração de conflitos, coordenado pela Profª Lana Lage da Gama Lima. É fruto de dois anos de pesquisa de Iniciação Científica (FAPERJ), da qual resultou a monografia intitulada Políticas Públicas e Representações de Gênero: administração de conflitos em um núcleo de atendimento a mulher no interior do Estado do Rio de Janeiro. A Rede de Atendimento à Mulher, tal como concebida pela Secretaria Especial de Política para as Mulheres do Governo Federal, implica na articulação de um conjunto de instituições, entre as quais estão os núcleos de atendimento e as delegacias de polícia. No entanto, as relações institucionais estabelecidas entre eles são marcadas por divergências decorrentes do confronto entre diferentes representações sobre os conflitos de gênero e as formas de administrá-los no espaço público. Implantadas a partir de formulações do movimento feminista, as políticas de gênero enfrentam resistências decorrentes do modelo ideológico de cultura patriarcal ainda dominante no Brasil. No caso específico, a proximidade com a polícia e a situação de submissão em relação à autoridade policial, também dificultam a adequação às normas estabelecidas para o funcionamento dos núcleos de atendimento.
Vinicius Kauê Ferreira (UFSC), Miriam Pillar Grossi (UFSC)
Etnografia da universidade: a (in)visibilidade dos estudos de gênero na graduação
Este trabalho traz os primeiros resultados de uma pesquisa subjacente ao projeto Transmissão, formação e constituição do campo das Antropologias Contemporâneas em uma perspectiva de gênero, coordenado pela Drª. Miriam Pillar Grossi e financiado pelo CNPq. Com o intuito inicial de analisar a atual abrangência dos Estudos de Gênero em cursos de graduação do Estado de Santa, realizamos diversas entrevistas com professor@s e alun@s de diversas instituições, que revelam não apenas o engajamento acadêmico e militante no fortalecimento deste campo de estudos no seu aspecto mais formal, mas também a importância da discussão dessa temática na trajetória de muit@s profissionais e discentes, explicitando ainda a intrínseca relação dialética entre o desenvolvimento intelectual e subjetivo engendrado pelos princípios desse campo de estudos. A realização de uma “Etnografia da Universidade” contou com o levantamento da produção intelectual das instituições e o conhecimento das condições de criação e funcionamento de alguns grupos de pesquisa de cidades como Chapecó, Criciúma, Joinville e, adicionalmente, Natal (RN). No que tange aos currículos, percebemos a carência de disciplinas específicas sobre Relações de Gênero e Estudos Feministas, que são tratados, geralmente, de modo transversal.
Vivane Martins Cunha (UFMG), Alba Maria Barbosa Coura (UFMG), Claudia Mayorga (UFMG)
A relação entre gênero, raça e sexualidade nos movimentos sociais: olhares feministas
Este trabalho apresenta resultados preliminares de pesquisa que tem como objetivo analisar como a categoria gênero se articula com outras categorias sociais como raça e sexualidade na formação, mobilização e lutas de movimentos sociais diversos. A partir de diversas perspectivas feministas - as correntes e debates são tão diversos que tem sido cada vez mais imperativo que nos refiramos a feminismos nos nossos fazeres acadêmicos e militantes - identificamos que a articulação entre categorias sociais não ocorrem sem tensões, pois apontam para hierarquias colocadas entre mulheres. Assim, apresentamos uma análise comparativa entre autoras feministas que enfatizaram questões de raça (G. Anzaldúa; Bell Hooks) e sexualidade (G. Rubin; M. Wittig) e buscamos identificar: 1) concepção de sujeito do feminismo; 2) posicionamento das autoras em relação à categoria gênero; 3) posições apresentadas pelas autoras diante das hierarquias entre categorias sociais; 4) concepções sobre ação política feminista. A análise comparativa permitiu que identificássemos que a proposta de articulação de categorias sociais nas lutas de movimentos sociais diversos não deve prescindir de uma compreensão histórica e política da relação entre posições de desigualdade vivenciadas pelas mulheres.
Vivian dos Santos Alves Matosinho (UNICAMP)
Desejos, Mulheres e HIV
O presente estudo privilegia a discussão sobre desejo e decisão reprodutiva de mulheres no contexto do HIV. Percebe-se a importância do tema principalmente em um momento onde casos de mulheres, em idade reprodutiva, infectadas pelo vírus do HIV vem aumentando desde a década de 1990. Esta proposta faz parte do projeto de pesquisa “HIV/Aids e Trajetórias Reprodutivas de Mulheres Brasileiras” coordenado pelo NEPO/UNICAMP e CRT-DST/Aids e financiado pelo CNPq. Trata-se de um estudo qualitativo, que se apóia, sobretudo, no acompanhamento da discussão na literatura acadêmica, tendo como principal referencial teórico o conceito de gênero e direitos reprodutivos; e na análise de conteúdo de entrevistas em profundidade realizadas com usuárias de serviços de saúde especializados em DST/HIV no município de São Paulo.
O referido estudo tem como principais objetivos compreender a relação entre a condição sorológica e o desejo de ter filhos, apreender os significados do desejo reprodutivo e entender o processo de realização desse desejo.
Para compreender a concretização do desejo da maternidade nesse contexto particular faz-se necessário considerar fundamentalmente o papel desempenhado pelas instituições médicas, pelo contexto socioeconômico e cultural e pelas relações interpessoais.
Vivian Karina da Silva (UEL), Patricia Sivia de Souza (UEL), Mariana Barbosa Oliveira (UEL)
Mulheres e Cores em Almodóvar
Viviane Suzano Martinhão (UNESP), Fernando Silva Teixeira Filho, Pedro Rodolfo Morelli (Unesp Assis)
Laços de Amor: adoção, gênero, cidadania e direitos
A adoção é uma das formas legítimas de constituição familiar e é a mais cerceada por preconceitos, dúvidas e mitos que a prejudicam. Estes preconceitos baseiam-se em olhares machistas, sexistas, heteronormativos e biologizantes, justificando o enorme contingente de crianças em instituições asilares a espera de uma família. O Projeto Laços de Amor: adoção, gênero, cidadania e direitos, grupo de estágio, pesquisa e extensão ligado ao Departamento de Psicologia Clínica da UNESP-Assis objetiva: atendimento psicológico a pessoas cujo sofrimento esteja associado aos preconceitos ligados ao processo de adoção; resignificar a prática da adoção como estruturante da família; promover reflexões sobre as lógicas de produção das normas e leis relativas a adoção; contribuir para à promoção da cidadania e direitos humanos das pessoas adotadas (ou em vias de adoção) e seus familiares; estimular uma cultura pró-adoção; e colaborar na transformação para uma sociedade mais igualitária e humana. Com um paradigma pós-estruturalista discutimos, debatemos e informamos a população, a partir de atendimentos clínicos, cine-debates, distribuição de material informacional, textos, eventos e jornadas, divulgando e criando redes de discussão que possam colaborar para promoção de uma sociedade igualitária.
Wania Mara dos Reis Guedes (UFPA)
Aborto provocado clandestinamente na região metropolitana de Belém
Willame Fonseca dos Santos (UFPA)
O Sex Appeal e a dinâmica dos grupos juvenis
Wilson Santos de Vasconcelos (ENCE)
Saúde materna no município do Rio de Janeiro
Yane Carla Silva dos Santos (UEPB), Tâmara de Oliveira Silva (UEPB), Cilânea dos santos Costas
A questão de gênero na busca pela sustentabilidade do planeta
Zana Maria Macedo (UFSC)
A produção teórica do Serviço Social referente à questão raça e etnia
Adriana Soares de Souza (UFSC)
O Entre-lugar: O Fio Cortante da Tradução e da Negociação
A partir dos questionamentos de teóricos e escritores sobre os critérios europeus de julgar as culturas diferentes, as do outro (colonizado), a literatura pós-colonial surge denunciando a opressão do colonizador, a devastação da terra e da cultura nativa, contrapondo-se aos pressupostos imperialistas. Desse modo, o presente artigo pretende evidenciar, sob a perspectiva conceitual de Tradução Cultural de Homi Bhabha, uma discussão acerca do discurso colonial e de sua representação em duas narrativas cinematográficas. Para tanto, procura-se cunhar, a partir dos filmes The Piano e Amélia, respectivamente, de Jane Campion (1993) e de Ana Carolina (2000), os momentos de tensão e de resistência entre culturas diferentes.
Alba dos Santos Rocha (UFU), Nathália Neiva dos Santos, Leila Bitar Moukachar Ramos
Entre a identificação e a ação: a Estratégia de Saúde da Família e a possibilidade de intervenção nos casos de violência contra a mulher
Considerando que a violência contra a mulher é um agravo à saúde de notificação compulsória e que sua definição engloba uma multiplicidade de variantes: física, sexual e/ou psicológica da vítima e que geralmente é impetrada por parceiros íntimos, ocorrendo no ambiente domiciliar, o presente trabalho teve como objetivo o diagnóstico sobre a detecção deste fenômeno pelas equipes que atuam na Estratégia de Saúde da Família. Através de questionários aplicados aos profissionais das equipes da cidade de Uberlândia, no ano de 2009, investigamos a forma mais freqüente de agressão empregada, o principal tipo de relação entre vítima e agressor e a recorrência do fato. Em consonância com as pesquisas nacionais, a forma mais comum de violência identificada foi a física, correspondendo a 51,4% do universo. Também a relação vítima agressor, onde 54,9%, dos agressores, estão inseridos numa relação de conjugalidade corresponde a literatura. No entanto, a recorrência do agravo é de 60,7% o que aponta para a vulnerabilidade dessas mulheres e para o espaço de intervenção da política pública. Consideramos que a capacitação das equipes de saúde da família acerca deste fenômeno é urgente, uma vez que a Estratégia de Saúde da Família é uma ferramenta de grande potencial interventor na saúde pública.
Alberto Mesaque Martins (Fiocruz - MG), Maria José Nogueira (Fiocruz - BH)
Práticas de promoção da saúde sexual e reprodutiva na perspectiva de adolescentes da cidade de Belo Horizonte – MG
Alcemir de Oliveira Freire (UFPB), Raisa Albuquerque Andrade (UFPB)
Uma História de Antonia Coelho Pereira
Aldezir de Oliveira Santos (UNISANT'ANNA), Maria de Fátima Bezerra
Um estudo sobre a depressão em mulheres cárcere privado de um presídio na cidade de São Paulo
Alessandra Elisa Gromowski (UEL), Virgínia Bonelli Milani (UEL)
A construção transitória entre o(s) masculino(s) e feminino(s) na androginia
A androginia tem se configurado como uma proposta estética na contemporaneidade utilizando-se de roupas, acessórios e outros signos que rompem a divisão binária entre o masculino e o feminino, embaralhando seus símbolos, e propondo alternativos estilos de vida. Para tanto serão realizadas duas entrevistas com pessoas que se autodenominam andróginas, os relatos serão áudio-gravado e transcritos na íntegra para posterior análise do discurso, referenciado por estudos culturais e de gênero de autores pós-estruturalistas; entre eles Michael Foucault, Judith Butler, Joan Scott e Guacira Lopes Louro. O objetivo do trabalho é descrever os processos de subjetivação, assim como o cotidiano de pessoas que podem criar um estilo singular de vida. Esta pesquisa faz parte de um aprofundamento nos estudos que buscam compreender as diferentes expressões de sexualidade e gênero; este estudo é realizado na disciplina de Psicologia Social do curso de Psicologia da Universidade Estadual de Londrina.
Alessandro Güntzel (UFRGS), Vanderlei Machado (Colégio de Aplicação - UFRGS)
Os livros didáticos de História e a luta das mulheres contra a ditadura militar no Brasil
O presente Pôster tem como objetivo discorrer sobre uma pesquisa em andamento no Colégio de Aplicação da UFRGS. Este estudo busca perceber como os livros didáticos de História abordam a participação feminina na luta contra o regime ditatorial que se instalou no Brasil, entre 1964 e 1985. Apesar da existência de uma bibliografia que aborda a participação feminina nas lutas contra a ditadura, o que se percebe nos manuais escolares é uma quase ausência da figura feminina neste episódio que marcou a história brasileira recente. Entre os objetivos desta pesquisa está a construção de metodologias de ensino visando inserir a história das mulheres e das relações de gênero no espaço escolar. Ao levar este tema para a sala de aula, busca-se ampliar os horizontes de expectativas de meninos e meninas, demonstrando que tanto os homens quanto as mulheres devem participar da esfera pública política.
Alex Rodrigo De Cerqueira (UENP), Edna Aparecida Lopes Katakura, Annecy Tojeiro Giordani
Cuidados de enfermagem prestados a portadores de HIV/AIDS na perspectiva de Enfermeiros: uma questão de gênero
Alexandre Augusto Fernandes da Silva (UFU)
Outras mulheres de Zéfiro: corporalidades homoeróticas femininas e pornografia masculina
Alexandre Pereira Faustini (UFES)
Violência e ciúme na DEAM de Vitória/ES entre janeiro e julho de 2003
O presente trabalho trata de um mapeamento das denúncias de violência registradas na DEAM de Vitória/ES entre Janeiro e Julho de 2003. Será focada a
questão do ciúme, verificando a porcentagem relativa às agressões provocadas por essa motivação, em relação ao total de ocorrências registradas naquela instituição. Traçaremos o perfil sócio-econômico do agressor passional e também a participação das mulheres em delitos contra outras mulheres, por causa de ciúme. Tal visualização será feita por gráficos feitos com base no banco de dados sobre o tema construído pelo expositor com auxílio de sua professora orientadora.
Alícia Santana de Castro (UFRRJ), Gisele Maria Costa Souza (UFRRJ)
Estereótipos de gênero nos contos de Malba Tahan
Este estudo analisa as percepções de gênero em personagens de histórias de Malba Tahan e utiliza-se como ferramenta a contação de histórias com professoras do Centro de Atenção à Criança e ao Adolescente - CAIC Paulo Dacorso Filho, escola pública localizada no Município de Seropédica no Estado do Rio de Janeiro. O instrumento utilizado na pesquisa foi o da Análise das Evocações Livres: uma técnica de análise estrutural das representações sociais (Moreira et al., 2005). Os resultados da pesquisa apontam uma forte inclinação de valorização da beleza como instrumento de sedução nas relações conjugais e da construção no imaginário feminino de um homem ideal, romântico e apaixonado capaz de fazer sacrifícios para conquistar o amor da mulher amada. Observou-se também uma associação com a idade cronológica d@ personagem com o desenvolvimento de ações como astúcia e esperteza (Pedro, 2001). Nesse sentido, a pesquisa se justifica pela necessidade de maior estudo na questão da percepção de gênero de profissionais da educação com implicações no desenvolvimento da construção de identidade de crianças nos primeiros anos de vida, na melhoria e qualidade do ensino fundamental e na capacitação profissional da área.
Aline Braga Moreira (UFMG), Esfefa Pereira Gonçalves (UFMG)
Relações de gênero nos reagrupamentos escolares: práticas generificadas no currículo escolar
Aline Eiko Hoshino (UNESP)
Gênero na figura de Mãe Susana no livro Úrsula de Maria Firmina dos Reis em 1859
Na obra Úrsula, escrita no período escravista, as relações se dão entre senhores e escravos. Contudo não é todo escravo que o senhor consegue manter sob o domínio patriarcal, visto que Mãe Susana(escrava) não se submete a esta hierarquia, por ser ela de uma visão de mundo antiescravista. Através da temática de gênero, essa não submissão a hierarquia será melhor entendida. Pela lógica do período, Mãe Susana deveria ser submissa a Fernando P.( vilão da história), mas ela não é, já que sendo Fernando P. um homem e senhor de escravos exerceria duplamente um poder. Primeiro por ser homem (o homem domina a mulher), segundo por ser senhor (o senhor exerce domínio sobre os escravos). A figura de Mãe Susana quebra esta representação criada pela sociedade, sobre a mestiça e sobre a negra. Ou seja, longe de ser a mulher submissa, sem pensamentos e ações próprias, Mãe Susana se afasta da figura da escrava obediente e subjugada, muito característica nos romances. Numa época em que a mulher não tem voz e a representação das escravas é apresentada de modo racista na época, como vista, por exemplo na obra de Bernardo Guimarães, A escrava Isaura, em que para o autor só existe beleza na mulher branca, Mãe Susana aparece diante de nós criando sua própria identidade e contando sua história.
Aline Ferreira Nogueira (FURG), Indira Capela (FURG), Cristian Remor Oliveira (FURG)
Sexualidade e Travestilidade: uma maneira de segregar
Preconceito é uma palavra que a cada dia ganha mais espaço em nossas discussões. A sociedade realizando um papel excludente a todos aqueles que não se encaixam no modelo "normal”, estabelece e determina as formas de ser e de se comportar em diferentes esferas sociais. No presente estudo trataremos da questão da sexualidade, com foco no preconceito social às travestis. Após estudos a respeito do tema, tendo como referencial autores como Larissa Pelúcio, MR. Benedetti e Hugo Denizart, realizamos uma pesquisa de campo entrevistando travestis da cidade de Rio Grande/RS.
Nosso objetivo visava investigar se a prostituição é o único caminho para uma travesti. Foi possível perceber a complexidade do tema em questão: mesmo com o apoio da família e a extensa dedicação dos familiares para o reconhecimento e para a não discriminação da travesti, o preconceito social acaba por levar uma grande parcela dessas pessoas para o destino único e cruel da prostituição. Entendemos que o ponto de conflito que pode ou não levar uma travesti a prostituição é a própria sociedade.
Esta pouco possibilita espaços para educação, emprego e lazer sem que a travestilidade se torne uma maneira de segregar, a partir do preconceito social e discriminatório que vivenciamos a cada dia em nossos convívios sociais.
Aline Magalhães Fernandes (Centro Universitário UNA)
“Qual é? Sou homem! Sensível é coisa de mulherzinha”: gênero e sexualidade no espaço escolar
Aline Motter Schmitz (UNIOSTE), Roselí Alves dos Santos (Unioeste)
A mulher e sua inclusão no processo produtivo e na produção leiteira no sudoeste do Paraná após a Revolução Tecnológica da agricultura
No resultado parcial da pesquisa desenvolvida constatamos que apesar das diversas lutas e conquistas na construção de uma sociedade eqüitativa, em relação a agricultura familiar, prevalece na região sudoeste paranaense a hierarquia familiar e a divisão sexual do trabalho. A presença destas resultam em relações conflitantes e contraditórias, focamos este texto na atuação da mulher na produção leiteira e análise das mudanças decorrentes neste processo e seus reflexos na organização política das agricultoras. A mulher que tinha sobre seus cuidados e domínio a produção e a renda leiteira, com a introdução do pacote tecnológico e as dificuldades para adaptação da agricultura familiar, torna o leite a principal atividade econômica e a mulher perde esse espaço, mesmo sendo responsável pelo trabalho na produção do leite, assumindo dupla jornada de trabalho e, na maioria das vezes, encontrando-se subsumida nas atividades da propriedade. As entrevistas e o registro das narrativas com as mulheres agricultoras da região revelaram essa realidade que mais que mudanças na produção, demonstraram a contradição presente no processo de organização política da agricultura familiar, pois ao serem excluídas na produção as mesmas também o são dos processos organizativos e do comando dessas.
Aline Paiva de Lucena (UNB)
Personagens femininas e espaço urbano em Samuel Rawet e Oswaldo Goeldi
Amanda Ely (UNESC), Beatriz Cechinel (UNESC)
Encarceramento feminino e deslocamentos: um estudo de caso sobre o deslocamento forçado de mulheres em situação de prisão e a quebra dos vínculos familiares no Presídio Santa Augusta em Criciúma-SC
No Brasil, as mulheres constituem 6,12% da população carcerária total. Estes dados apontam para a necessidade de estudos que considerem a perspectiva de gênero no ambiente prisional, garantindo que não haja a invisibilização das necessidades e direitos das mulheres. Nesse sentido, a presente investigação aborda a questão dos efeitos do deslocamento forçado, que impossibilita a convivência familiar, na subjetividade da mulher presa. Para tanto, apresentar-se-á um estudo de caso com uma detenta do presídio Santa Augusta em Criciúma-SC. Trata-se, portanto, de uma pesquisa qualitativa, onde foi utilizado o método história de vida. A detenta entrevistada encontra-se reclusa há cinco meses a espera de julgamento. Ao ser presa, as duas filhas foram enviadas para outro estado, onde reside toda a sua família. Devido a precária situação financeira familiar, não recebe visitas. O que mais chama a atenção em seu discurso é o sofrimento emocional ocasionado pela ausência de contato com as filhas, o que a leva a desejar abrir mão de todos os seus direitos, apenas para poder estar mais perto delas. Concluímos que uma das principais preocupações da mulher presa é a sua família e esta, como categoria, constitui um elemento fundamental de integração social.
Amanda Pacheco Machado (PUC - RS), Hellena Bonocore Moraes (PUC - RS), Lucas Gerzson Linck (PUC - RS)
Vida de mulher: cativeiros e superações
Este estudo está inserido no projeto guarda-chuva “Gênero, Gerações e Subjetividade” desenvolvido no grupo de pesquisa Relações de Gênero. Por meio da Teoria do Desenvolvimento de Levinson e da Teoria do Espaço Consciente de Burlae, o estudo visa investigar os processos que estão na base da construção da subjetividade de mulheres de meia idade e idosas. Esta investigação é realizada a partir da Entrevista Biográfica desenvolvida por Gersick e Kram, onde são previstos três encontros com cada participante, no sentido do passado, presente e futuro das mesmas. Trata-se de um estudo com enfoque qualitativo, exploratório e descritivo. As participantes são mulheres com idade a partir dos quarenta anos, não havendo limite a partir dessa idade, e com os mais diversos perfis. Aqui apresentamos resultados de entrevistas já realizadas com mulheres entre os quarenta e quarenta e cinco anos, que possuem nível de escolaridade superior completo e incompleto. Através delas, pode-se perceber que é na família que essas mulheres sofrem mais cativeiros e também onde estão suas maiores preocupações. Já o trabalho é descrito como fonte de realização. Esses dados são analisados a partir da análise de discurso proposto por Rosalind Gill. Atualmente, o estudo está em desenvolvimento, mas já é possível perceber a importância da reflexão desencadeada pela entrevista.
Amanda Teixeira Pinto (UNIFESP)
Paixões Infames: Homossexualidade e a mídia da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD)
Neste trabalho, pretendeu-se caracterizar o discurso da IURD acerca da homossexualidade. Para tal, fez-se uma busca em dois tipos de mídia: jornal e Internet. Optou-se por esses canais devido à forte participação dessa instituição nos mais variados meios de comunicação, tendo como público principal os próprios adeptos. Durante a análise dos textos, foi predominante uma visão essencialista do gênero feminino e masculino, sendo notável o esforço da IURD para distinguir homens de mulheres. O mesmo mostrou-se presente no âmbito das práticas sexuais, em alguns textos de Edir Macedo, ele deliberadamente prescreve quais são as práticas sexuais “naturais”, esperadas de homens e mulheres. E dessa forma impõe uma heteronormatividade, já que, em suas próprias palavras, a homossexualidade é “uma infâmia diabólica”. Em nossa hipótese, a homossexualidade só pode ser concebida como uma prática desviante, porque se estabeleceu que a heterossexualidade seria a norma. A idéia de desvio só faz sentido quando pensada de forma relacional e não implica em consenso entre os chamados de “infratores”. Mudanças sociais que rompem com os padrões normativos da sociedade podem gerar algum tipo de conflito. Procuramos neste trabalho mostrar como a IURD atua nessa dinâmica social, através de suas mensagens.
Ana Carla Liscoski (UNIJUÍ)
Modos de envelhecimento no município de Ijuí - RS e as redes das práticas de lazer
O presente trabalho é desdobramento de um conjunto de pesquisas que vimos realizando sobre a “politização dos corpos”, inspirada nos Estudos de Gênero. Discutimos como os diferentes discursos, da Medicina à Educação Física, investem sobre os corpos, argumentando que esse modo educativo pode ser compreendido como uma dimensão importante de um processo contemporâneo mais amplo, que definimos como “politização do corpo e do feminino” (MEYER, 2003), o que, por extensão, inclui a “politização do corpo idoso” (SCHWENGBER, 2008). Assim, na primeira etapa da pesquisa, procuramos, conhecer como se materializam os projetos governamentais e não governamentais esportivos de lazer na cidade de Ijuí-RS destinados aos idosos. Para tal, estudamos os espaços de lazer por meio de mapas, fotografias e visitas em 35 bairros e 2 distritos do município de Ijuí. Encontramos 25 espaços de práticas de lazer voltados aos idosos. Destes, 12 se constituem em bailes de “Terceira Idade”, não vinculados a entidades governamentais, 11 grupos ligados a um projeto da prefeitura municipal e 2 grupos relacionados a entidades privadas. Os resultados nesse momento apontam para os espaços de lazer como um ambiente de sociabilidade, onde se configuram diferentes modos de envelhecimento dos idosos ijuienses.
Ana Carolina de Andrade e Silva (UCB - DF)
“As mais vividas”: travestilidades, experiências e envelhecimento
Ana Carolina Radd Lima (UFJF)
O mito do eterno Feminino no olhar de Simone de Beauvoir
O presente estudo aborda a distinção de gênero e a situação da mulher dentro da sociedade, a partir do pensamento de Simone de Beauvoir. Trata-se de uma pesquisa de caráter descritivo de cunho histórico-social, dando ênfase à questão cultural, à desigualdade de gênero e à violência sexista. Tal desigualdade é decorrente de traços culturais, como o patriarcalismo, onde as mulheres não desfrutavam dos mesmos direitos que os homens, e por isso foram excluídas de certos privilégios. Cabia a elas, portanto, serem preparadas apenas para se casar e viver de forma submissa em função de seu marido e filhos. Hoje já se vê um grande avanço na discussão de gênero, e na situação da mulher na sociedade, apesar dos preconceitos ainda sofridos, e muitas ainda são vítimas de violências física e moral. Tem-se como grande referência desse progresso feminista, a francesa, Simone de Beauvoir que, além de ser uma mulher à frente de seu tempo, dedicou grande parte de sua vida aos estudos da situação da mulher. Por fim, o objetivo desse trabalho é quebrar os tabus e estereótipos criados culturalmente em torno do que se chama de universo feminino.
Ana Carolina Santana Moreira (UFGD)
Caça às bruxas: A (re)invenção do poder inquisidor da persecução penal no caso do crime de aborto
A polêmica trazida à tona pelo indiciamento de mais de 10 mil mulheres pelo crime de aborto em Campo Grande – MS seria tema suficiente para muitas discussões transdisciplinares envolvendo princípios de direito penal e processual penal e as vastas teorias de Gênero. O aceite de algumas destas mulheres à proposta de suspensão do processo mediante serviços prestados às creches da comunidade traria ainda mais um ponto importante a ser tratado: o caráter inquisidor da imputação penal. A tortura psicológica a que estas mulheres podem ter sido submetidas para que fossem punidas/reeducadas pelo crime de aborto denuncia um uso cruel do poder punitivo legitimamente constituído no Estado de Direito. Define-se crime a partir da vontade da maioria, porém o sistema judiciário possui regras próprias, não recorrendo à sociedade no momento da persecução penal. Assim, cabe ao juiz instituir o grau da punição e adequá-la à gravidade da lesão ao bem jurídico protegido. Qual é a legitimidade deste poder quando se trata de um tema tão delicado como o aborto. Esta reflexão sobre a crueldade ou não da punição estatal em uma perspectiva de Gênero pode até constituir-se em uma polêmica tão abrangente quanto a discussão sobre a descriminalização, ou não, do aborto no Brasil.
Ana Carolina Silva Torres (URCA), Roberto Marques, Antônia Eudivânia de Oliveira Silva (URCA)
Ser Mãe, ser Mulher: Recepções do Movimento Feminista no Projeto “Mães De Presos” na Cidade de Crato – CE
Apresentamos aqui material recolhido ao longo do projeto -Gênero, Feminismo e Políticas Públicas-financiado pelo CNPq. Analisamos um dos projetos do Conselho da Mulher em Crato (CE), espaço de militância feminista e busca de equidade de gênero. Durante nossa entrada em campo, percebemos que o Conselho centra-se na assistência e assessoramento de mulheres vítimas de violência. Desta forma, o projeto “Mães de presos, mães de presas: Mães Presas”consiste em ações de apoio às mães dos detentos da Penitenciária Industrial Regional do Cariri cuja justificativa é que:“quando um filho de uma mulher vai preso, esta vai presa junto com ele”, fato encarado pelas conselheiras como mais uma forma de violência contra a mulher. A reflexão sobre o projeto possibilita localizar o Conselho na discussão sobre Movimento Feminista e suas formas de recepção. Aqui, pode-se perceber como a busca de equidade conflui com uma concepção de mulher como vítima e reproduz a idéia fragilidade. Para tanto, a noção de violência constitui-se como principal artífice do movimento feminista local. Ao criar políticas de apoio às mães dos presos, as conselheiras sustentam ainda uma imagística de gênero que considera a idéia de mulher intimamente ligada a idéia de filho, contradizendo discursos feministas pós-70.
Ana Flávia Ramos (UNESP)
Andalusiando em contos: Uma análise do espaço em “The river”, “The comforts of home” e “Good country people”, de Flannery O’Connor
Este trabalho propõe um estudo do espaço nos contos “The river” (1953), “The comforts of home” (1965) e “Good country people” (1955), da escritora Flannery O’Connor. É objetivo central desta proposta a procura por identificar quais espaços, ou quais elementos neles contidos, tais como objetos e cores, compõem para uma melhor compreensão das obras, e analisar a função de ‘representação’ que muitos deles desempenham. Para tanto, alguns textos teóricos tomados como base são “Espaço e romance”, de Antônio Dimas, “O sistema dos objetos”, de Jean Baudrillard, “A cor no processo criativo”, de Lilian Ried Miller Barros, dentre outras obras concernentes à questão do espaço e à produção literária de Flannery O’Connor.
Ana Lúcia Oliveira Fernandez Gil (UDESC), Jacqueline Wildi Lins (UDESC)
O corpo feminino no espaço poético e estético de Frida Kahlo
A preocupação com a beleza é recorrente desde os tempos mais remotos, mas os padrões estéticos sofreram grandes mudanças ao longo do tempo influenciadas por fatores culturais, sociais, econômicos e históricos. O presente artigo aborda a obra de Frida Kahlo artista latino americana que coloca o corpo como matéria moldável possível de ser idealizado como lugar de questionamentos sobre a identidade feminina no espaço poético e estético da sua obra.
Ana Paula Alves da Silva (UFGD)
Relações de Gênero e Poder no âmbito privado dos/as alunos/as da Escola Família Agrícola (EFA), localizada no Assentamento Lua Branca, município de Itaquiraí-MS (um estudo de caso)
Ana Paula Medeiros Teixeira dos Santos (UEM)
A moda na educação dos anos 70: as aparências da primeira-dama Bárbara Barros
As fotografias são vetores de comunicação da moda e das representações de gênero presentes na sociedade e cultura acerca dos modos de vestir e aparecer publicamente. No trabalho examinamos as fotografias da primeira-dama, Bárbara Barros, focando a análise sobre as representações de moda e gênero veiculadas nas imagens. A personagem desempenhou o papel de primeira-dama entre os anos 1973-1977, quando o marido, Silvio Magalhães Barros, foi prefeito de Maringá (PR). No período, a atuação de Bárbara foi direcionada para um dos vértices da política da educação: a implementação das Associações de Pais e Mestres (APPs), nas escolas públicas. O levantamento e a análise de fontes imagéticas (fotografias), oriundas do acervo do Patrimônio Histórico de Maringá e da imprensa (jornais), mostra que o percurso da primeira-dama foi marcado pela produção de aparências, as quais informam sobre as tendências da moda dos anos 70 e nelas, as representações para o feminino e as feminilidades. As imagens produzidas para a primeira-dama na cobertura de eventos tecem representações que mostram como a personagem usou os artefatos indumentários, bem como os gestos e as atitudes concebidas como apropriados às mulheres, para conquistar simpatia e ter autoridade para comandar e atingir seus objetivos.
Ana Paula Patrone (USP)
"Sketches of Buenos Aires" - Leitura da Paisagem Urbana (1893-1898)
Ana Paula Provin (UDESC)
Práticas Contraceptivas e Aborto em Grupos Populares Urbanos
Esta pesquisa tem por objetivo reconstruir trajetórias afetivo-sexuais de mulheres e homens de grupos populares urbanos, buscando apreender suas representações sobre práticas contraceptivas e aborto. O universo é um bairro da periferia urbana de Florianópolis, e recorre-se a metodologias qualitativas (entrevistas e observação participante) e quantitativas (grupo focal e questionários). Pretende-se inventariar as práticas contraceptivas e de interrupção voluntária da gravidez e experiências dos sujeitos no que se refere aos chamados direitos reprodutivos e sexualidade. A pesquisa vem sendo desenvolvida em equipe, cabendo a bolsista de IC o suporte ao grupo da pesquisa,
na transcrição e análise das entrevistas realizadas, acompanhamento das pesquisadoras em entrevistas com as mulheres e profissionais da área de saúde que trabalham na região e na observação participante tanto nos grupos comunitários quanto no posto de saúde do bairro. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da UDESC e conta com o apoio do Edital 022/Saúde da Mulher/CNPq e Ministério da Saúde.
Ana Rosa de Sousa Amor (UNB), Gláucia Ribeiro Starling Diniz (UnB)
A relação conjugal violenta no discurso de mulheres vítimas de violência
A violência, processo presente em todos os espaços civilizatórios, emerge com configuração complexa nos relacionamentos afetivos. Na forma de violência conjugal, a violência de gênero encontra um espaço bem marcado, sendo que o domínio masculino é o seu propulsor. A experiência de violência no contexto das relações conjugais e familiares danifica profundamente a saúde mental e física de suas vítimas, provocando nelas perda da condição de sujeito e de cidadã. Desta forma, é necessário aprofundar e elucidar o entendimento da constituição da violência de gênero e buscar formas de lidar com o sofrimento provocado por ela, visto que histórias de relações afetivas violentas são recorrentes em diferentes contextos, refletindo a complexidade das dimensões pessoais, relacionais e sociais envolvidas. A luz de uma perspectiva feminista, este estudo visa compreender dimensões da conjugalidade violenta, tais como o silêncio e o segredo, a partir do discurso de mulheres vítimas de violência conjugal. Ressalta-se a pretensão não de alcançar neutralidade, mas mudanças sociais e empoderamento de grupos/sujeitos oprimidos, neste caso mulheres vítimas de violência. Com essa finalidade, busca-se fazer uma analise fundamentada em abordagens críticas.
Analia da Silva Barbosa (UFF)
Maternidade e Mulheres Encarceradas: olhares aproximativos dos pesquisadores e equipe técnica da SEAP que participam do Grupo de Pesquisa Os sentidos da Maternidade
Como primeiro produto da pesquisa acerca do tema Os sentidos da Maternidade e Sistema Penitenciário , realizamos um grupo focal com as pesquisadoras envolvidas no processo, com o objetivo de aprender como os técnicos que trabalham diretamente com as mulheres encarceradas e as pesquisadoras que formularam em conjunto a pesquisa problematizam a temática da investigação. O grupo focal foi um alternativa para pesquisar o universo técnico, discutindo em conjunto as questões ligadas ao mundo da criminalidade, cárcere, feminismo, maternidade, família entre outras questões.No presente trabalho, buscaremos analisar de forma qualitativa as percepções que os técnicos conseguiram extrair deste momento e os seus rebatimentos ao longo da pesquisa, pois esta experiência não foi conclusiva e sim o início de questionamentos, debates, encontros ao longo da pesquisa.
Andréa Pires Grandini (FCMSCSP), Marta Maria de Assis (Santa Casa - SP)
Principais Conseqüências Psicossociais da Paternidade na Adolescência: Uma Revisão Bibliográfica
Este trabalho teve como objetivos obter informações sobre os principais motivos que levam a paternidade na adolescência e identificar as conseqüências psicossociais relacionados à mesma. Pesquisa bibliográfica de 1998 a 2008 nas bases LILACS, BDENF, SCIELO e ADOLEC utilizando-se os descritores paternidade, adolescência, motivos e conseqüências. Dos artigos encontrados apenas sete respondiam aos objetivos. A maioria dos artigos foi publicada pelas revistas Caderno de Saúde Pública e Estudos de Psicologia. A faixa etária prevalente dos pais adolescentes foi de 15 a 19 anos. Os artigos mostraram que 86% dos pais adolescentes tinham o Ensino Fundamental Completo. A paternidade na adolescência levou a inserção no mercado de trabalho informal com renda mensal de um salário mínimo. Desconhecimento sobre contracepção (57%), relaxamento no controle da contracepção (57%), atribuição da responsabilidade de contracepção à parceira (42%) e baixo nível sócio-econômico (42%) foram os principais motivos que levaram a paternidade na adolescência, sendo conseqüências desta: abandono escolar (citado em 100% dos artigos); inserção no mercado de trabalho (85%); diminuição do convívio social (71%), dependência econômica dos pais (42%) e amadurecimento / aumento da responsabilidade (28%).
Andrei Martin San Pablo Kotchergenko (UFSC)
A Participação Das Mulheres Na Luta Armada No Cone Sul
Esta pesquisa pretende realizar uma análise sobre a participação da mulher nos grupos de esquerda armada, pertencentes ao Brasil e ao Chile, verificando principalmente a maneira pela qual essa participação feminina era vista e considerada pelos companheiros guerrilheiros atuantes nas mesmas organizações. Pretende enfocar também o sentimento dessas militantes em relação às dificuldades enfrentadas, devido à intensa discriminação que sofriam em suas trajetórias quanto guerrilheiras. Para a análise desta proposta temática, é utilizada uma comparação entre os conteúdos produzidos pelas organizações de esquerda armada desses países, focalizando a ALN, Ação Libertadora Nacional, do Brasil e o MIR, Movimiento de Izquierda Revolucionária, do Chile, tais como manuais, memórias, relatos autobiografados e bibliografia referente ao assunto. Para complemento e apoio dessas análises são usadas entrevistas realizadas com algumas mulheres que pertenceram ou colaboraram com as organizações já mencionadas.
Andreliza Cesar de Oliveira (UFSCAR)
Feminismo dialógico: Grupo de mulheres dialogando a construção da autonomia e solidariedade feminina
Este trabalho discorre sobre um projeto de extensão desenvolvido pelo grupo de Ação e Estudos de gênero e Feminismo Dialógico do NIASE- UFSCar (Núcleo de Ação e Investigação Social e Educativa) em conjunto com a Divisão de Políticas para Mulheres e dois Grupos de Mulheres. O primeiro grupo é composto por mulheres de um assentamento rural (Assentamento Rural Terra Nossa/Horto Aimorés -Bauru-Pederneiras/SP) e o segundo por mulheres de um bairro da periferia da Cidade de São Carlos. Pretende-se apresentar as principais ações educativas desenvolvidas com as mulheres na busca da prevenção contra a violência e autonomia feminina, as quais se manifestam pelos cursos voltados para a geração de renda, cursos de informática e vivência de práticas de solidariedade entre mulheres.
Tais atividades visam à inclusão de diferentes mulheres no diálogo fortalecendo e instrumentalizando-as para participarem dos diferentes espaços sociais, compreenderem a construção histórica da socialização de mulheres e homens e transformarem as práticas sociais de desigualdades de gênero. Baseiam-se na perspectiva teórica do Feminismo Dialógico, o qual tem suas bases na Aprendizagem Dialógica, pautada nas contribuições teóricas de Paulo Freire (Dialogicidade) e Habermas (Ação Comunicativa).
Andressa Marques da Silva (UNB)
Mulheres Negras e caminhos negados
Ane Talita da Silva Rocha (USP)
Os jovens e o prazer: Um recorte de gênero na escola pública
Anelisa Martins Ribeiro (UERJ), Anna Paula Uziel (UERJ)
Parentalidade e Adversidade: O que a justiça diz sobre a homossexualidade dos pais
Uma grande diversidade de estruturas familiares é comum na atualidade e um desses novos arranjos é a família homoparental, que consiste na formação de uma nova família composta por uma pessoa sozinha ou um casal de mesmo sexo e seus filhos, que podem ser adotados, fruto de reprodução assistida ou oriundos de relacionamentos heterossexuais anteriores. Tendo em vista que essa já uma realidade na sociedade atual e que, mesmo assim, ainda gera certo desconforto para alguns, o objetivo da presente pesquisa é observar como a justiça se posiciona a respeito da decisão sobre a guarda dos filhos quando, no momento da separação, o pai ou a mãe se declara ou é descoberto homossexual. Para tal, lemos processos de algumas Varas de Família do Estado do Rio de Janeiro. Ainda que a homossexualidade dos pais não seja impedimento para concessão da guarda, ela é tematizada no processo em todos os casos que aparece. Chama a atenção a comparação feita com outros personagens que também não se encaixam com a percepção hegemônica de família como o usuário de drogas ou de álcool. Declarar-se homossexual parece excluir a paternidade/maternidade e esse preconceito, mesmo que muito combatido, ainda aparece bem claramente nos processos aos quais tivemos acesso.
Angela Yesenia Olaya Requene (Universidad de Caldas), Nitonel Gonzalez Castro
Recorriendo las realidades del pueblo tumaqueño...¿el Congal un pueblo destinado al olvido?
Angélica Ferrarez de Almeida (UERJ)
O Corpo do Outro: Uma Reflexão acerca das Marcas da Nação e dos Castigos através das aquarelas de Jean Baptiste Debret
Anna Barbara Cardoso da Silva (UFPA), Luiz Eduardo Santos do Nascimento (UFPA), Kirla Korina dos Santos Anderson (UFPA)
A universidade vista pelas mulheres: interpretações sobre o processo de construção da identidade universitária
Anna Carolina Horstmann Amorim (UFPR), Marlene Tamanini (UFPR)
Gênero e ciência: dinâmicas das Novas Tecnologias Reprodutivas conceptivas
Trata-se de uma análise sociológica que cerca as diferentes especialidades envolvidas em reprodução assistida e que encontram-se ligadas aos centros e clínicas de reprodução humana pertencentes à Rede Latino Americana de reprodução assistida (REDLARA) e os conteúdos de seus artigos publicados entre os anos de 2000 e 2007 e disponíveis online nos sites das clínicas. Articula-se a estes aspectos a análise dos conteúdos publicitários encontrados nos sites das clínicas brasileiras e intersectam-se os sentidos dos discursos e o rol de valores presentes nas imagens. Objetiva-se, além de visibilizar as diferentes dinâmicas que envolvem a reprodução assistida em laboratório, analisar como as metáforas sobre reprodução, gênero e ciência são ali engendradas; como estas se conectam a processos sociotécnicos, afetivos e sociais e qual o lugar da ciência e da tecnologia na ordem reprodutiva. Por fim, analisa-se como a cultura da maternidade obrigatória permeia o campo publicitário e científico nesses espaços e ressaltam-se as possíveis consequências dessa estreita ligação para o âmbito social, cultural, ético, político e tecnológico.
Antonio Vitorino de Oliveira Bisneto (PUC - PR), Maria Francinete de Oliveira (UFRN)
Gênero e representações sociais no universo culinário
O universo dos alimentos – produção e reprodução – é repleto de valores que contribuem para o dinamismo de nossa cultura. Selecionar, transformar, descartar e reinventar sabores são tarefas próprias de quem executa o ato de cozinhar. Diante do exposto destacamos como objetivo do presente estudo analisar o universo culinário e gastronômico de acordo com os sistemas de gênero e suas representações sociais. Para análise destacamos os seguintes descritores: cozinheira, cozinheiro, chef, gourmet e gastronomia. De acordo com o senso comum, coerente com a literatura, a palavra cozinheira tem uma identidade social baixa ou negativa, uma vez que sua atividade é vista como extensão da cozinha doméstica. Representa uma empregada doméstica com atividade exclusiva na cozinha. Já o cozinheiro é visto como um profissional qualificado que trabalha em grandes cozinhas. O chef e o gourmet têm identidade social elevada ou positiva, sempre representado por uma figura masculina de classe social alta. Esta imagem, divulgada pela mídia, vem sendo responsável por uma representação social de sucesso da gastronomia. Concluímos inferindo que no universo culinário são recriadas as receitas de novos sistemas de gênero, mas, a gastronomia permanece masculina e a culinária feminina.
Ayla Pereira de Camargo (UEL)
Nas origens do movimento feminista “revisitado” no Brasil: o Círculo de Mulheres
São muitos os debates acerca do feminismo no Brasil. Todavia, são poucos os estudos que se lançaram na análise da estreita relação das experiências das mulheres exiladas como um dos pontos de partida para o desenvolvimento do feminismo que chamamos de “segunda onda”, ou de feminismo “revistado”.
Deste modo examinaremos essa experiência das mulheres que foram exiladas à época da ditadura militar, instaurada em 1964. Os anos no exílio foram importantes para a criação desse feminismo “revisitado”. Que foi responsável por uma importante contribuição teórica acerca da subordinação da mulher. No entanto, nossa pesquisa revela que as mulheres que estiveram à base de sua criação no exílio, sobretudo no Círculo de Mulheres Brasileiras em Paris, encontraram muitas dificuldades para se organizarem. O principal obstáculo eram companheiros militantes de dentro dos próprios grupos da esquerda.
Desenvolver este estudo poderá contribuir para a compreensão da eclosão feminista, e do conflito que trazia: a questão da luta de classes, e a questão da sexualidade da mulher. Foi dentro deste contexto em que de um lado estavam às agitações do feminismo francês inspirado nas idéias de maio de 1968 e, de outro, o movimento de mulheres, encontrado no Brasil.
Bárbara Duarte de Souza (UFPA)
Ações afirmativas e participação política das mulheres: um olhar sobre as cotas partidárias
Bárbara Morsch Lipp (UCS), Lucas Guarnieri (UCS), Najara Ferrari Pinheiro (UCS)
Bom, Bonito e Carinhoso: a representação da nova masculinidade na TV
Beatriz Cechinel (UNESC), Alexsandra Pizzetti Benincá (Unisul)
Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06) e violência de gênero: monitoramento processual das medidas protetivas para as mulheres no município de Criciúma-SC, entre os anos de 2008 e 2009
A Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06) foi criada com o intuito de reprimir e evitar a violência doméstica e familiar contra as mulheres no Brasil e, trouxe inovações ao prever medidas protetivas para tutelar as vítimas de violência. Esta pesquisa teve como objetivo apresentar dados e conclusões acerca do monitoramento processual das medidas protetivas concedidas ou denegadas às mulheres no município de Criciúma/SC, entre os anos de 2008 e 2009, envolvendo a violência doméstica no âmbito afetivo/sexual. Foram tabulados e analisados 269 processos judiciais, dentre os quais foi possível observar uma tendência de relacionamento duradouro, sendo que em 40% dos casos,este já existia há mais de 08 anos, tendo como característica a união estável (42%). Um dos fatores que mais impulsionou a violência foi a influência de álcool e drogas (26%). No que tange às medidas protetivas requeridas, verifica-se que as mais pedidas são a proibição de contato com a ofendida e seus familiares, e o afastamento do agressor do lar, sendo estes também os pedidos mais deferidos pelo magistrado. Conclui-se que embora tenham sido criadas medidas protetivas para prevenir a violência, o ciclo parece perdurar, já que o agressor torna-se reincidente no cometimento de tais delitos.
Bianca de Azevedo Lima (UFRJ), Rosa Maria Leite Ribeiro Pedro
Legalização do casamento homossexual em Portugal: redes e controvérsias
Este trabalho pretende investigar as redes relacionadas à legalização do casamento homossexual em Portugal. Como metodologia foi utilizada a Análise das Controvérsias (LATOUR, 2000) a partir de notícias na imprensa portuguesa.

Este autor indica que o melhor momento para se estudar as redes é quando ainda não estão estáveis, ou seja, quando suscitam controvérsias como durante o debate e votação do casamento homossexual. É raro as redes se formarem sem conflitos, as resoluções são sempre resultado de negociações.

Discursos de conservadores e religiosos evocam conceitos como casamento e família como imutáveis. De acordo com a concepção de Latour (1994) não há limites precisos entre diferentes categorias, o que forma os híbridos, que se proliferam nas sociedades contemporâneas. Desta forma, o casamento homossexual constituiria mais um híbrido. Para que esta hibridização ganhe estatuto de verdade é necessário a estabilização de um jogo de interesses e mobilização de aliados, não há uma regra a priori.


Referências

Latour, B. Ciência em ação: como seguir cientistas e engenheiros sociedade afora. São Paulo: Unesp, 2000.
Latour, B. Jamais fomos modenos. São Paulo: 34, 1994.
Bruna Alessandra Comelli Bukowitz (IESB), Valeska Zanello (IESB)
Contos eróticos e relações de gênero
O xingamento é um ato de fala que possui na esfera pública o objetivo de ofender. Cada cultura privilegia certas palavras que serão consideradas ofensivas. Em estudo recente (Zanello & Gomes, 2008) encontrou-se, entre estas palavras, uma prevalência daquelas de caráter sexual ativo para mulheres e passivo para homens. Elas apontam para espaços sociais interditados e não desejáveis, para uma determinada forma de regramento libidinal, subsistente na prescrição dos comportamentos sociais. É na intimidade que esta prescrição é transgredida, seja na realidade ou no imaginário erótico (Stoller). A presente pesquisa teve como objetivo fazer um levantamento da presença e freqüência de xingamentos em contos eróticos disponibilizados em sites pornográficos da web. A maioria dos xingamentos encontrados atribuídos a mulheres e homens são sexuais ativos. No entanto, para mulheres seriam ofensivos na esfera pública, enquanto para homens seriam elogiosos e enaltecedores de sua virilidade. Sugere-se assim que há um controle mais efetivo da sexualidade feminina (que pode se realizar pela via do masoquismo, como forma de liberação sexual, pois a transgressão na vida íntima casa-se com a humilhação na esfera pública); e um exercício da sexualidade masculina, marcada e valorizada pela virilidade.
Bruna Ferreira Gomes (PUC - GO), Cinthia Gracielle Martins
Adolescentes grávidas vítimas de violência: um olhar interdisciplinar sobre os serviços de saúde
A pesquisa trata da avaliação dos serviços de saúde prestados às adolescentes grávidas, vítimas de violência doméstica, na Região Leste de Goiânia. A gravidez na adolescência relaciona-se às condições sócio-econômicas de quem as vivenciam. A região é marcada pela vulnerabilidade social e alta incidência de gravidez. Objetiva avaliar e monitorar o processo de atenção à saúde de adolescentes grávidas, moradoras no Leste da cidade, que sofreram violência doméstica. A metodologia utilizada é a avaliação por triangulação de métodos. Esta propõe a abordagem quanti-qualitativa que consiste na combinação de múltiplas estratégias capaz de apreender tanto as dimensões objetivas quanto subjetivas do objeto. O método busca garantir a representatividade e a diversidade de posições dos grupos sociais e conhecer a magnitude, cobertura e eficiência dos programas investigados. O resultado permitiu elaborar o perfil bio-psico-sócio-econômico das adolescentes grávidas e a compreensão dos sentidos e significados que as mesmas dão à experiência vivenciada e à atenção de saúde recebida. Os resultados apontam para uma certa invisibilidade da violência nos serviços de saúde e dificuldades quanto à atenção interdisciplinar. A gravidez pode ser abordada como causa e/ou consequência da violência.
Bruna Janerini Corrêa (UNESP), Karina Pereira Lima (UNESP), Larissa Botura Fonseca (UNESP)
Corpo e identidade em travestis: reposição X transformação da identidade
Este trabalho realizou um estudo sobre as transformações do corpo e a constituição da identidade dos travestis. Buscou-se compreender o processo de formação e transformação homossexual, o processo de transformação em travestis e como tais mudanças configuraram-se na composição de suas identidades psicossociais. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com duas travestis de uma cidade do interior do estado de São Paulo. As entrevistas foram divididas em sete blocos: dados pessoais; história de vida; orientação sexual; corpo e identidade; percepção de si e do mundo; trabalhos; desejos e planos para o futuro. As análises foram realizadas a partir da teoria da identidade de Ciampa e da Psicologia Social na perspectiva Sócio-Histórica, que compreende a identidade como um processo em constante movimento. Este estudo mostrou que no processo de mudança da sexualidade e gênero dos sujeitos ocorre a perspectiva de uma identidade psicossocial de transformação (rompimento com o modelo anterior), bem como a perspectiva de uma identidade psicossocial de reposição (quando assume características tipicamente femininas). Mostrou-se também que esse processo está associado à superação da normatividade, da dicotomia homem-mulher e da hierarquização das identidades e das diferenças.
Bruna Rossi Koerich (UFRGS)
Questão urbana: um recorte de gênero
Objetivos: A questão urbana tem sido objeto de vários estudos, com recortes e áreas de pesquisa diversos. Contudo, o recorte de gênero ainda é pouco trabalhado e se caracteriza por possuir fontes limitadas e áreas de atuação restritas.
Este trabalho, ainda em andamento, busca analisar a interferência que o gênero exerce nos direitos e usos da cidade.
Metodologia: A pesquisa utiliza-se fontes teóricas estudiosos do direito à cidade e de gênero e feminismo, além de boletins de grupos de discussões sobre esta temática realizados em Fóruns Urbanos em todo o mundo. Buscando um enfoque desse recorte na questão habitacional, dados foram coletados durante reuniões com a comunidade para a elaboração do Plano Local de Habitação de Interesse Social nos Municípios de Eldorado do Sul(RS), São Leopoldo (RS) e São Gabriel (RS).
Conclusões: Por ser essa uma pesquisa ainda em andamento, seus resultados encontram-se em processo de finalização, entretanto, pode-se dizer que a conclusão principal da pesquisa é a positiva da influência do gênero na territorialização dos espaços, principalmente no tocante ao trabalho e às políticas públicas urbanas.
Bruno Adelmo Ferreira Mendes Franco (UFBA), Maria Thereza Ávila Dantas Coelho (UFBA), Nelson Junot Borges (UFBA)
Conhecimento acerca da AIDS e comportamento sexual de estudantes de Salvador - Bahia
Considerando a orientação do Ministério da Saúde de avaliação dos programas de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, este estudo objetivou investigar o comportamento sexual dos jovens e o seu conhecimento acerca da AIDS. Para tanto, utilizou o Questionário para avaliação de programas de prevenção das DST/AIDS do próprio Ministério, com uma parcela da população estudantil de Salvador/Bahia. Foram aplicados 100 questionários por um grupo de discentes do Bacharelado Interdisciplinar em Saúde da UFBA, em instituições de ensino médio e superior, em cinco ocasiões distintas. No que diz respeito às características demográficas da população estudada, 75% era do sexo feminino, com idade entre 14 e 55 anos, e 82,25% eram alunos da rede pública de ensino médio. Em relação ao comportamento sexual, 60% já havia tido pelo menos uma relação sexual, dos quais 64% relataram uso de preservativo na primeira relação. 51% disseram ter se relacionado sexualmente nos últimos seis meses, destes somente, 17% usaram preservativos todas as vezes, mas apenas 35% tiveram parceiro fixo. Conclui-se que a população estudada ainda é desinformada e necessita de mais programas de educação e orientação sexual.
Caetano Kayuna Sordi Barbará Dias (UFRGS), Bernardo Lewgoy (UFRGS)
O triângulo rosa: o reconhecimento da perseguição nazista aos homossexuais (1933-1945) e a cultura memorial da República Federal Alemã sobre o III Reich
Este trabalho surge como derivação da pesquisa realizada, sob orientação do Prof. Bernardo Lewgoy, acerca das vicissitudes sofridas pela cultura memorial alemã sobre o Holocausto. O reconhecimento de homens e mulheres homossexuais entre as vítimas da perseguição nazista (1933 – 1945) tem sido uma das principais demandas dos movimentos pelos direitos sexuais na República Federal Alemã desde a década de 60. Neste contexto nacional, a construção de memoriais às vítimas do III Reich possui grande importância dentro das políticas de reparação, tornando-se, para o movimento gay, objeto central de suas demandas. Da positivação semântica inicial do "Rosa-winkel" [triângulo rosa, estigma aplicado aos uniformes dos prisioneiros homossexuais] nas décadas de 70 e 80, passando pela crise de representação da cultura monumental alemã sobre o holocausto (anos 90, 2000), o presente trabalho intenta traçar uma linha concisa das mudanças e transformações sofridas pela cultura da memória deste grupo de vítimas, sobretudo seu papel na consolidação do movimento gay alemão.
Camila Bianca dos Reis (UFSC)
Afirmação de masculinidade na violência doméstica contra a mulher: um discurso presente?
Em uma época marcada por crises, mudanças culturais e mudanças sociais, o sujeito contemporâneo reformula e afirma seus valores e identidades constantemente. Comportamentos, sentimentos, desejos e emoções, vistos como partes de uma essência masculina ou feminina, são produtos de determinado contexto histórico cultural. Por essa perspectiva, algumas mudanças na sociedade atual como, por exemplo, na estrutura familiar, com a emancipação das mulheres e as conquistas femininas no mercado de trabalho, geraram o que podemos chamar de uma crise do masculino. As mudanças nos papéis masculinos e femininos geraram homens mais afetuosos que, por outro lado, fez com que se sentissem ameaçados pela “dominação” feminina. Como reação desse sentimento de ameaça há uma valorização e afirmação da masculinidade por parte dos homens “machos”, que muitas vezes acontecem por meio da imposição de poder e autoridade nas relações de trabalho e familiares. Nesse sentido, este trabalho se propõe analisar as representações e formas de afirmação de masculinidades nos homens que estão vivenciando uma relação de gênero com violência doméstica contra a mulher.
Camila de Sousa Godoy (PUC - GO), Débora Marinho Avelar (PUC - GO)
Os sentidos e significados da gravidez, maternidade e paternidade na adolescência
O presente estudo busca constituir uma aproximação dos temas: sentidos e significados da gravidez na adolescência para os sujeitos que vivenciam essa realidade e sua percepção acerca da participação do companheiro antes e após o nascimento do filho. Trata-se de uma pesquisa que busca o aprofundamento das reflexões e discussões acerca do tema proposto. A análise do corpo de conhecimento construido, a partir das lentes analiticas feministas pode contribuir para uma melhor compreensão da temática proposta. As influencias sociais, psicológicas e biologicas na vida das adolescentes e seus companheiros parecem determinar a presença ou ausência paterna em todo o processo de gravidez considerada precoce. Os sentidos e significados da gravidez, maternidade e paternidade na adolescência estão carregados, entre outros, de conceitos (ou pré-conceitos) relacionados ao gênero, geração e classe social.
Camila Gonçalves Chagas (UNISINOS)
Reflexão de uma experiência: aprendendo a tecer com as artesãs
Pesquisamos um grupo de mulheres tecelãs e o relacionamos com a experiência de conhecimentos invisibilizados na história das mulheres. O grupo pesquisado é do município de Alvorada/RS. Durante dois dias vivenciamos (orientadora, mestranda e bolsistas de iniciação científica) uma experiência diferenciada junto com esse grupo de artesãs. Esse encontro tinha como objetivo o aprender, ensinar e refletir os processos da tecelagem, a partir de uma “inversão de papéis”: as tecelãs tornaram-se professoras e as professoras e futuras professoras, tornaram-se alunas. Os grupos se reuniram no próprio atelier para a produção de peças individuais: aprendemos a tecer uma peça própria, enquanto as tecelãs produziram uma peça para elas. Entendo que esse momento foi um passo decisivo para que houvesse uma reflexão sobre a automatização do trabalho manual. Ensinar-nos a tecer afastou-as da preocupação da demanda de produção de trabalho, e fez com que vissem as peças produzidas de outra forma, não apenas como um trabalho, mas também a beleza deste. Assim, elas puderam visibilizar seus conhecimentos, sabendo que os possuem e são capazes de produzi-los e ensiná-los.
Camila Rodrigues da Silva (UNESP)
Gênero e documentação jurídica: percebendo as subjetividades femininas
O projeto objetiva identificar e analisar as múltiplas identidades femininas e as relações de gênero no cotidiano das cidades paulistas que compreenderam a circunscrição da Comarca de Bauru no período de 1920-1940, observando a dinâmica dos movimentos dos indivíduos inseridos em uma sociedade em formação, diante dos avanços e recursos implementados pelo complexo processo de mudança, modernização/modernidade do século XX. Atento ao cotidiano, as práticas sociais e principalmente as relações de gênero que permitem observar singularidades de uma inserção feminina no espaço público, este, contribui para resgatar uma outra visão histográfica da sociedade, com temporalidades heterogêneas, a partir da leitura de Inquéritos Policiais do período.
Camila Serafim Daminelli (UDESC)
O mercado do sexo infanto-juvenil feminino em Florianópolis: perspectivas e enfrentamentos (1990 – 2009)
No decorrer do século XX o Estado brasileiro buscou regulamentar algumas atividades exercidas por menores, enquanto outras se tornaram alvo de prevenção. Dentre as práticas a serem abolidas, destaca-se a prostituição infanto-juvenil, cuja luta ganha força na década de 1980 com os discursos feministas e internacionais. Percebe-se um deslocamento no que se refere à compreensão da prostituição infanto-juvenil e às formas de enfrentamento no Brasil, ao longo das últimas décadas. Concebido como um problema moral da infância sem assistência pouco visado nas legislações de 1927 e 1979, a prática passa a ser entendida como uma violência contra os menores, sendo seus agressores criminalizados judicialmente, de acordo com o ECA, a partir de 1990. Em Florianópolis, na contemporaneidade, a prostituição infanto-juvenil situa-se num contexto de diversidades, visto que as pessoas envolvidas possuem trajetórias de vida singulares, mas também porque existe uma gama diversa de serviços sexuais comerciais e uma demanda por eles, o que gerou um mercado do sexo infanto-juvenil. A partir de uma perspectiva teórica das relações de gênero, busca-se neste estudo conhecer a relação destas jovens com a atividade laboral e as ações dos programas sociais no enfrentamento das mesmas.
Camile Faustino (UERJ), Dayse de Paula Marques da Silva (UERJ), Natalina Ribeiro Brito (UERJ)
Hierarquias de gênero e conhecimento: a casa de parto no Rio de Janeiro
O presente trabalho tem como objetivo fazer uma análise da transversalidade de Gênero nas carreiras profissionais, especificamente no Serviço social e na Medicina bem como um estudo das relações de gênero no mercado de trabalho. Este trabalho é fruto de estudos e leituras de textos incorporados do Projeto de Pesquisa: Novas hierarquias profissionais: conhecimento, gênero e etnia do Programa de Estudo de Gênero, Geração e Etnia – PEGGE/SR3/FSS/UERJ. As profissões são grupos de poder dentro da sociedade dispostos de forma hierárquica, que buscam a valorização e a legitimidade do seu fazer profissional. O perfil atribuído às mulheres se relaciona a qualidades consideradas genuinamente femininas, tais como a sensibilidade e o cuidado, enquanto o masculino caracteriza-se como o mais técnico e objetivo. As profissões “destinadas” às mulheres têm baixo prestígio e são desvalorizadas. Estas questões podem ser claramente evidenciadas através das discussões sobre as casas de parto no RJ. Os únicos profissionais de nível superior que atuam são o enfermeiro, o nutricionista e o assistente social, o que provocou muitos conflitos com o Conselho Regional de Medicina, em 2009. Este fato será analisado com base nas hierarquias de gênero e de conhecimento.
Carina Géssika Irineu do Monte (UFRPE), Maria de Fatima Paz Alves (UFRPE)
Gênero, sexualidade e saúde reprodutiva na perspectiva de alunos/as de uma escola pública, em Recife-PE
No trabalho apresentamos e discutimos o modo como jovens de uma escola pública situada numa comunidade de baixa renda de Recife/PE, se posicionam diante de questões relativas às relações de Gênero, Sexualidade e Saúde Reprodutiva. Ele fundamenta-se em técnicas de natureza qualitativa, entrevistas semi-estruturadas e observação sistemática do cotidiano escolar de rapazes e moças, na faixa etária entre 14 e 18 anos. A pesquisa realizada fez parte do projeto de extensão “Formação em Gênero, Sexualidade e Saúde reprodutiva entre jovens de escolas públicas dos bairros de Sítio dos Pintos”, desenvolvido por bolsistas do curso de Economia Doméstica da UFRPE em 2009. Os resultados indicam que tanto homens como mulheres se queixam quanto à forma com que são vistos e tratados mutuamente, destacando a relação de competição que existe entre os sexos. No que se diz a respeito ao namoro/relacionamento afetivo, o modelo de dominação masculina sobre o feminino é um ponto recorrente enfocado por eles/as, ao mesmo tempo é um dos principais motivos geradores de violência contra as mulheres. A conclusão sinaliza para a falta de diálogo entre: pais e filhos/as e, a escola, apontando-se esta última como local em que mitos e tabus devem ser quebrados particularmente, em relação às temáticas abordadas.
Carlo Giovani de Jesus Bruno (UFF)
A Lapa de hoje e de "Madame Satã"
O presente trabalho visa analisar e comparar os espaços de convivência e de lazer da população LGBTT do Rio de Janeiro, mais especificamente da lapa, nos anos 30 traçando as devidas relações com os atuais espaços. O trabalho utiliza como referencia principal o filme “Madame Satã”, interpretado por Lazaro Ramos, que narra a história de João Francisco dos Santos, personagem lendário de resistência da Lapa entre os anos 30 e 40, negro, homossexual, que realiza performances durante uma época de extrema repressão, sendo respeitado e admirado por diversos freqüentadores da lapa nos tempos áureos da “malandragem” carioca, apesar de toda a força do preconceito daquele momento histórico. A partir do filme e de sua contextualização na época este trabalho caracteriza as atuais áreas destinadas para o publico LGBTT, observando as diferenças e semelhanças de diversos aspectos, porém centrando no caráter sócio-econômico dos atuais freqüentadores, avaliando também os impactos gerados por estas áreas no contexto geral da lapa.
Carlos Wendell Pedrosa dos Santos (UFPE), Vitória Régia Fernandes Gehlen (UFPE), Maria Magaly Colares de Moura Alencar
Divisão sexual do trabalho nas Unidades Domésticas de Produção no Município de Toritama.
Carolina de Souza Amaral (FURG)
“É jogo de mulher, é mulher com mulher ...”: os espaços e lugares das mulheres na roda de capoeira
Este trabalho objetiva analisar as relações de gênero no contexto de rodas de capoeira na cidade do Rio Grande, RS. Essa análise foi feita a partir dos dados coletados nos diários de campo e das imagens das rodas de rua. A capoeira não parece preocupada com as relações de gênero, mas elas emergem nas suas práticas, em que mulheres, muitas vezes, são secundarizadas tanto nas rodas como nos rituais e treinos. O fato de ser uma luta é associada diretamente à masculinidade, já que para as mulheres a sociedade reserva as atividades corporais mais delicadas como a dança. É a masculinidade que eles querem expor quando tomam conta da roda, mostrando seus corpos fortes e viris, num jogo de enfrentamentos corpóreos, em que se espera que o duelo seja vencido não só pelo mais habilidoso, mas também pelo mais forte. Contudo, as poucas mulheres que tentam subverter essa lógica, nem sempre são bem sucedidas, pois são eles quem determinam os espaços e as atividades reservadas a elas. Além disso, a maior parte dessas atividades destinadas às mulheres na roda de capoeira são hierarquicamente inferiores em relação àquelas desenvolvidas pelos homens, independente de suas habilidades.
Carolina Ferreira de Figueiredo (UDESC), Thamirys Mendes Lunardi (UDESC)
El Bint: o desafio das jovens mulheres muçulmanas em Florianópolis (1990-2010)
A partir de pesquisa iniciada em agosto de 2009 sobre a população árabe muçulmana em Florianópolis, constatamos que este grupo é pouco vislumbrado pela historiografia. Dentro deste grupo, é perceptível o desafiante estágio em que se encontram as mulheres jovens- Bint em árabe; isto porque seu papel na comunidade islâmica não está solidificado, porque ainda não constituíram família e não representam o papel social de mulher amadurecida, e sobretudo de mãe. É relevante ressaltar a dificuldade destas jovens de estarem em cultura tão diferente que a sua materna, de modo que suas experiências perpassam discussões acerca de como enxergam o seu papel nas duas sociedades, buscando perceber a presença de uma reprodução das concepções mais clássicas ou permissivas da cultura árabe. Pretendemos aprofundar questões relativas ao (auto)-reconhecimento destas jovens acerca do seu papel como mulher no Islã, a partir daquelas que residem na capital de Santa Catarina. Assim, as noções do significado de mulher, casamento, família, indicam ser diferentes e até mesmo, conflitantes. Nesse estudo, pretendemos visibilizar as falas destas jovens, suas identificações e pertencimentos, considerando o seu cotidiano rodeado por elementos não árabes, “próprios” à cidade contemporânea e ocidental.
Carolina Izabela Dutra de Miranda (UFMG), Maria Zilda Ferreira Cury
Entre lugares do feminino: as faces da diáspora nas personagens de Relato de um certo Oriente, de Milton Hatoum
Este trabalho pretende abordar o espaço conquistado pela figura feminina em uma obra da literatura brasileira contemporânea. Em Relato de um certo Oriente, de Milton Hatoum, focalizamos a diáspora da personagem Emilie e sua família para o Brasil em 1920, em busca do Amazonas, abandonando um Líbano dominado pelo império Otomano, sua pressão político-religiosa e a dificuldade de sobrevivência. O objetivo desta pesquisa é explicitar como a migração desta libanesa cristã e a construção de sua família constituem um entre lugar cultural, contrapondo o lugar de soberania e alicerce conferidos à figura feminina da matriarca na tradição árabe, a das personagens femininas das populações indígena e ribeirinha, vítimas da exploração e da subserviência social. Pretende-se explorar como a negociação identitária e cultural, entre ocidente e oriente, ocorrem por meio da personagem Emilie, ressaltando a troca entre culturas e constituindo a revisitação do regionalismo, transfigurando o ambiente amazônico em lugar de contradições que extrapolam o regionalismo. Espera-se demonstrar a ressiguinificação, importância e função atribuídas pelo autor à ficcionalização da diáspora feminina em suas obras.
Carolina Ribeiro Pátaro (UNESP), Renata Sparapan
Abordagens da violência doméstica em revistas feministas acadêmicas brasileiras
Caroline Marci Fagundes Coutinho (UNIMONTES), Gemilson Soares da Silva Segundo (UNIMONTES)
Mandachuvas ou mandonas? A posição das policiais femininas enquanto provedoras dos lares
Cássio de Albuquerque Maffioletti (UFRGS)
Emancipação de jovens de periferia
O projeto pretende viabilizar a formação de equipes de trabalho capazes de tomar iniciativas, prover e administrar recursos, construindo caminhos para geração de renda e desenvolvimento de trabalho social comunitário. São protagonistas desse processo os jovens da comunidade da Vila Bom Jesus, da cidade de Porto Alegre, na sua maioria militantes do movimento Hip Hop. A pesquisa valoriza as iniciativas dos seus protagonistas, potencializando suas ações e dando voz aos anseios da comunidade. Trata-se de pesquisa do tipo qualitativa, que “envolve a imersão do
pesquisador no campo de pesquisa, considerando este como o cenário social em que tem lugar o fenômeno estudado em todo o conjunto de elementos que o constitui, e que, por sua vez, está constituído por ele”. (REY, 2005 p. 81). Como iniciativa já consolidada foi criado o espaço de vivências “Casa do Hip Hop KSULO”, onde são ministradas oficinas de Break, DJ, MC e Graffit, informática e produção musical. Contamos com 6 computadores doados pela ONG Moradia e Cidadania. A KSULO fomentou a cooperativa de confecção de roupas com a grife “470”, como alternativa da geração de renda. Para a capacitação profissional dos jovens na produção de gestão de recursos firmou parceria com Fundação Luterana de Diaconia.
Catarina Lisboa do Carmo (UDESC)
Da Rua à Mesa: manifestações sócio-culturais da população árabe em Florianópolis/SC (1991-2010)
Na contemporaneidade, devido ao desenvolvimento tecnológico acelerado, diferentes culturas e/ou nacionalidades entram em contato através de um trânsito intenso de produtos, pessoas e informações. Lançados a migração transnacional, a comunidade árabe em Florianópolis, formada inicialmente em 1920, atravessa e é atravessada pelo processo de mundialização. Assim, a comunidade árabe florianopolitana parece experimentar, a partir de um processo de desterritorialização, maneiras de se inserir no mundo que tensionam lugares vistos como próprios das suas inscrições culturais. Neste sentido, a comida, fruto de uma maneira particular de preparar os alimentos, narrativa sensitiva e simbólica de cores, texturas, sabores e cheiros, se apresenta como estimulante de lembranças e de produção de lugares de memória, que muitas vezes são utilizados para sustentar uma identidade cultural e/ou nacional. Na cultura árabe, visivelmente balizada entre domínios feminino e masculino, a cozinha é o setor da casa onde o poder é exercido quase que exclusivamente pelas mulheres. Onde hierarquias familiares são postas, receitas são ensinadas de mãe para filha, de sogra para nora, onde quem tem o “saber fazer” é portador e transmissor de uma tradição sustentada nas falas e práticas cotidianas dessa população.
Catharina da Cunha Silveira (UFRGS), Maria Simone Vione Schwengber (Unijui)
O Pai Presente: um modelo masculino em crescente evidência na mídia
Esta pesquisa tem como objetivo destacar as transformações ocorridas em relação às posições masculinas - de parternidade(s)- a partir da segunda metade do século XX, mapeadas em um artefato específico da mídia brasileira a revista Pais & Filhos. Selecionamos artigos da coluna Pais, nos exemplares de Janeiro a Agosto de 2009. Como estratégia metodológica utilizamos a análise de discurso. Das análises destacamos os seguintes resultados: a Pais & Filhos apresenta, inicialmente, uma postura tradicional de exacerbação da centralidade da mãe, porém esse posicionamento modifica-se, pois, observa-se a partir da década de 80, um movimento que desloca essa posição de única responsável, aumentando o envolvimento do genitor na criação dos/as filhos/as. Assim, o planejamento, cuidado, educação dos/as filhos/as passa a ser visto como um problema do casal; embora a mãe permaneça enunciada como a responsável principal, pois a ajuda paterna inicialmente restringe-se à esfera lúdica. Observa-se a multiplicação de enunciados que evidenciam o lugar do novo pai “sentimental, amoroso”, como o modelo de marido participante e de pai presente: aquele que ajuda a mulher nos cuidados (alguns) com as crianças, descrito como um homem “mais completo”, pelo enriquecimento da experiência da paternidade.
Catiane Resinato Ribeiro (Bolsista recém-formada)
Partipação das mulheres na organização política do Sudoeste Paranaense: terceira jornada de trabalho
Cinthia Alves Falchi (UNESP)
Discurso Heteronormativo: uma postura histórica na atualidade.
Clara Pedroso Maffia (UNIFEM)
Tematizando a participação política feminina: o processo de conquista das cotas de gênero no Brasil
Cláudio Claudino da Silva Filho (UFBA), Nadirlene Pereira Gomes
Prostituição Masculina e Feminina: concepções de mulheres em situação de prostituição no município de Juazeiro, Bahia, Brasil
Cristina Lessa dos Santos (UFPEL), Henrique de Oliveira Arrieira (Anhanguera Educacional/Pelotas)
As questões de gênero nas aulas de Educação Física na escola e nas Casas Lares
Esta pesquisa aborda a percepção das crianças e adolescentes que vivem em uma Casa Lar, com relação à Educação Física (EF) escolar e analisa como se manifestam as questões de gênero nas escolas onde estudam e também na Casa Lar. O estudo segue os princípios da abordagem qualitativa, do tipo estudo de caso, o qual buscou, através de entrevistas semi-estruturadas e observações, responder as questões definidas na investigação. A pesquisa contou com a participação de 14 meninas, cujo critério utilizado para defini-las foi estar regularmente matriculada na escola desde o início do ano letivo de 2009. A partir das observações feitas e dos dados levantados, através das entrevistas surgiram às questões de gênero, já que são comuns as aulas de EF serem separadas, meninos jogam bola e meninas brincam de pular corda, por exemplo. Este é um fator de extrema relevância, pois se pôde constatar com este estudo que as aulas de EF são mistas, no entanto, algumas meninas disseram que às vezes estas aulas são separadas. Entende-se que esta separação traz danos para o pleno desenvolvimento da criança e, para estas meninas em especial, este é um fator o qual acentua estes prejuízos, uma vez que elas são também privadas deste convívio nas Casas, já que estas são organizadas por sexo e idade.
Cristovam Colombo Cirqueira Ferreira Filho (UFCE)
Interfaces do lazer e sua fronteira com o popular: notas sobre as interações e subjetividades juvenis LGBT no centro de Fortaleza
A pesquisa aqui apresentada tem como objeto de investigação as sociabilidades juvenis, no contexto das práticas de lazer e consumo de jovens de classes populares. Nessa população, fazemos um recorte: elegemos jovens LGBTs e suas “sociações homoeróticas” (Paiva, 2009, 2007) associadas às práticas de lazer e consumo das camadas populares. Destacamos, a partir de uma revisão bibliográfica, a lacuna de estudos sócio-antropológicos que tratam dessa parcela da juventude brasileira. Objetivando promover uma incursão etnográfica e perceber a importância de um estudo sob a ótica da antropologia, a pesquisa possui um caráter essencialmente qualitativo, uma vez que busca descrever e acompanhar as práticas de lazer/consumo dos jovens LGBTs no “território relacional” do centro da cidade de Fortaleza no Estado do Ceará, com freqüência predominantemente homossexual de classe social baixa, palco para a expressão de Néstor Perlongher (1993, 1987) “homossexualidades populares”, sobre as quais recaem de forma potencializada, os preconceitos e injúrias associados às identidades LGBTs. A pesquisa, por fim, pretende refletir sobre alguns dos elementos fundamentais das interações juvenis LGBTs no contexto do mercado de consumo e lazer popular na noite do centro de Fortaleza.
Daiane Cardoso dos Santos (UNISUL)
A desconstrução da linguagem sexista
O presente trabalho tem por objetivo abordar o sexismo presente na Língua Portuguesa, que, por ser, predominantemente masculina, acaba sendo discriminatória em relação ao gênero feminino. Face ao debate constante que tem sido estabelecido a respeito da temática do gênero social, uma revisão bibliográfica acerca dos estudos que abordam o sexismo da linguagem, faz-se necessária. As opiniões de pesquisadores como Caldas-Coulthard (2007) e Da Silva (2004) sobre a predominância do gênero masculino na construção dos discursos sociais são aqui apresentadas, a fim de colaborarem para uma melhor compreensão do tema. O artigo não somente aborda o sexismo presente na linguagem, mas aponta possibilidades de mudanças propostas por estudiosos/as como: Cannabrava (2010) e Alvarez (2006) para que essa linguagem preconceituosa e discriminatória contra o gênero feminino seja alterada nos discursos que circulam em diferentes ambientes sociais. Para que essa mudança aconteça, torna-se necessário o uso constante de uma linguagem inclusiva, no maior número possível de representações linguísticas disponíveis na sociedade.
Daiane Grillo Martins (FURG), Carla Rosane Mattos Gautério (FURG)
Aulas de Educação Física separadas por gêneros: o professor atuante na construção de uma identidade social
Este trabalho tem por objetivo analisar a atitude do professor de Educação Física em relação à questão da separação entre gêneros nas aulas do terceiro ciclo do Ensino Fundamental no município de Rio Grande. Por isso, procura-se vincular esse tipo de intervenção à formação de conceitos de gênero por parte dos educandos enquanto seres produzidos no contexto social. A idéia dessa produção resulta da pesquisa de campo realizada em duas escolas do Ensino Fundamental, sendo uma pública e outra privada, em que foram analisados dois professores do sexo masculino. Dessa maneira, foi possível observar que os professores constantemente fazem distinção entre gêneros, ou seja, meninas e meninos praticam atividades diferenciadas como, por exemplo, futebol para eles e voleibol para elas. Constata-se, dessa forma, que o professor de Educação Física que não proporciona vivências corporais coletivas não dá para ambos a mesma oportunidade de desenvolvimento de habilidades, estimulando a naturalização da distinção entre gêneros. Conclui-se, então, que esse educador pode ser considerado agente ativo na produção de uma identidade social em que homens e mulheres, mesmo nas séries fundamentais da escola, ocupam posições distintas.
Damaris Schwalb (PUC - PR), Angélica Caroline Fernandes (PUC- PR), Bruna Fiedler de Moura (PUC - PR)
Gênero, o medo e a humanização do parto
O parto é um fenômeno social vivido de forma intensa, em especial pela mulher, e desencadeia diferentes redes de ligação entre papéis sociais, história de vida e identificação de gênero. Indepentende da escolha do tipo de procedimento adotado, ele é uma experiência tanto biomédica quanto sócio-cultural. É através da cultura que se determina o que é o processo e como agir e reagir diante dele. Sendo assim, cada tipo de parto tem uma significação que interfere no modo como a experiência é vivida pela mulher e na forma como os profissionais participam da mesma. Para que o parto seja uma manifestação do que é propriamente humano, todos os participantes envolvidos no nascimento devem interferir o mínimo possível, adotando uma postura respeitosa ao desejo da mulher. O medo da experiência do parto, presente no estudo de caso realizado, é um fator de bloqueio do poder de escolha e desejo da mulher. A gestante, mulher, filha e futura mãe na sociedade atual se sente incapaz e insegura frente a este processo devido ao discurso social presente do quão sofrido e perigoso o parto natural é, resultando em uma tendência de se estabelecer um ciclo vicioso entre seus desejos e a dos profissionais envolvidos, sustentado pelo medo eminente da hora do parto.
Dandara de Oliveira Ramos (UFRRJ)
A feminização do magistério no município de Nova Iguaçu, na primeira metade do século XX
Daniel de Jesus dos Santos Costa (UNB)
Educação e identidades negras fortalecidas
Daniel Luis Moura Vergara (UFPEL), Helena dos Santos Candiota (UFPEL), Claudia Turra Magni
“Marcely, muito prazer!”: Construindo um feminino no masculino
Daniel Paulo Caye (UFRGS)
A aplicação do Direito Internacional dos Direitos Humanos para proteção d@s LGBTs: os Princípios de Yogyakarta e seus reflexos no Brasil
Em novembro de 2006, uma coalizão de organismos internacionais se reuniu com objetivo de desenvolver um conjunto de princípios jurídicos que trariam mais clareza e coerência às obrigações dos Estados no tocante às violações de Direitos Humanos baseadas na orientação sexual e identidade de gênero. Ao fim da conferência, foi aprovada carta de princípios sobre a aplicação da legislação internacional de Direitos Humanos em relação à orientação sexual e identidade de gênero, os chamados Princípios de Yogyakarta. A partir da premissa de que todos os Direitos Humanos são universais, interdependentes, indivisíveis e interrelacionados, a orientação sexual e a identidade de gênero se apresentam como essenciais para a dignidade e humanidade de cada pessoa. Com base nessa perspectiva, a presente pesquisa visa a estudar a evolução do Direito Internacional quanto a tal temática; analisar a referida carta de princípios e suas possíveis influências no Direito Interno brasileiro; além de apresentar o quadro atual das discussões sobre direitos da população LGBT no Brasil, no qual se destacam o programa “Brasil sem Homofobia”, o PLC 122/06, a I Conferência Nacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (2008) e os planos de ação decorrentes desta conferência pioneira no Brasil.
Daniela Possebon (UFSM), Luana Ferreira de Oliveira, Glaucia Vieira Ramos Konrad
Vila Lídia, um estudo de caso: apontamentos sobre pobreza, cultura e a exclusão da mulher
Este trabalho teve início no primeiro semestre de 2009, como levantamento histórico de uma área de realocação e sub-realocação, a Vila Lídia, no município de Santa Maria – RS. Através do projeto, encontramos uma realidade carente de políticas públicas adequadas, uma população criminalizada, em boa parte desempregada ou no trabalho informal, com acesso restrito à saúde, educação, lazer, salário digno, saneamento e moradia de qualidade.
A pesquisa tomou o propósito de identificar elementos problemáticos sociais, políticos e econômicos, trabalhando no método materialista e na forma da antropologia engajada. Desenvolve intervenções culturais adequadas buscando transformação em relação às políticas públicas e à emancipação, agindo através de educação transformadora. Realiza práticas sociais competentes dentro do contexto cultural e econômico, com isso também despertando um olhar menos hostil da população de Santa Maria que não compartilha a realidade dos moradores da periferia pobre.
O estudo foca-se no papel da mulher protagonista da pobreza, da subjugação e do preconceito, tiradas de suas casas, com dificuldades em trabalhar e por isso as principais colaboradoras nesta síntese. Também examinando como a realidade mundial de opressão e exclusão feminina e a Vila Lídia interagem.
Daniela Romcy (UFSM)
Virar ou não virar ONG: o grande dilema?
Este trabalho é um recorte da pesquisa de conclusão do curso de Ciências Sociais na Universidade Federal de Santa Maria – RS, que esta sendo realizada com o Grupo Igualdade, fundado em outubro de 2002. Este grupo é representativo do movimento LGBT (lésbicas, gays bissexuais e transgêneros) no cenário municipal de Santa Maria e tem como sua principal atividade, a organização da Parada Livre de Santa Maria.
Especificamente com este artigo exploro a idéia “virar ONG” (Organizações não-governamentais, cunhada por Regina Facchini (2005), como parte importante do processo de constituição de uma identidade coletiva aqui analisada. Pensar através de uma linearidade, apenas analítica, os processos de construção e legitimação do grupo.
Para esta pesquisa qualitativa, utilizo-me da ferramenta etnográfica como coleta de dados, através da observação participante de suas reuniões e eventos, no período de setembro de 2007 a setembro de 2008.
Daniele Schwochow Pires (FURG), Stella Amaral Martins (FURG), Peterson Dourado de Quadro
Mulheres Boleiras e Mídia: de que forma é retratado o futebol feminino?
Muitas são as instâncias sociais que de uma maneira ou outra excluem o sexo feminino. Não seria diferente dentro dos esportes. O futebol era uma das práticas vinculadas aos homens, como se pode perceber na deliberação do Conselho Nacional de Desporto, em 1965, que afirmava que à mulher “não é permitida a prática de lutas de qualquer natureza, futebol, futebol de salão, futebol de praia, pólo aquático, pólo, rugby, halterofilismo e baseball”. (CASTELANI FILHO, 2003 apud CORRÊA, s/d, p. 3) Hoje, existem vários times femininos de futebol e alguns campeonatos, mas percebe-se que na mídia o futebol feminino não tem a mesma repercussão destinada ao sexo oposto, talvez por ainda existirem visões pouco flexíveis para mudanças do cotidiano e ainda prevalecerem questões culturais que destinavam à mulher o trabalho doméstico e a função reprodutiva.(CORRÊA, s/d) Então de que maneira a mídia retrata as mulheres boleiras? Estas mulheres conseguem alguma repercussão quanto a seus méritos? Sendo assim, neste trabalho temos como objetivo, através de pesquisa documental, pontuar de que forma as mulheres vêm se constituindo no campo da prática futebolística e ainda de que maneira a mídia é utilizada como um artefato cultural que propaga uma identidade de mulheres adeptas dessa prática esportiva.
Danielle Ferreira de Araújo (UFSC), Rosana de Carvalho Martinelli Freitas (UFSC)
A Retórica da Emancipação: descortinando formas de poder e controle
Este trabalho apresenta os resultados parciais da pesquisa documental e bibliográfica, Proteção social e a Política de Combate à pobreza: o paradoxo entre a participação e o controle. Esta compõe a linha de Pesquisa Desigualdade e Pobreza do Núcleo de Estudos e Pesquisas Estado Sociedade Civil, Políticas Públicas e Serviço Social(NESSP) e se insere nas preocupações compartilhadas com os membros da “Red Políticas Públicas, Derechos y Trabajo Social en el Mercosur-Córdoba/Argentina”.Problematiza concepções teórico-metodológicas, ético-políticas e técnico- operativas que vem fundamentando a engenharia jurídico-institucional do Programa chileno Puente que vêm sendo considerado exemplo de goods practices de Política de Combate à Pobreza pelas agências internacionais. Identifica os recursos, instrumentos teóricos, políticos e administrativos quem vem sendo utilizados junto às mulheres, inseridas no Programa Puente, que são as titulares dos benefícios e de serviços. Analisa a interface existente entre participação e controle no âmbito do Programa implementado, por técnicos e profissionais , entre eles o de Serviço Social.
Danielle Xavier de Santana (UFPE), Ridete da Silva (Secretaria Especial da Mulher de Pernambuco)
Secretaria Especial da Mulher de Pernambuco: criação e trajetória
Danilo Borges Paulino (UFU), Gustavo Antonio Raimondi (UFU), Vera Lúcia Puga (UFU)
As relações de gênero e as especialidades médicas na percepção dos concluintes do curso de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia
Através dos tempos foram constituídas as clássicas divisões entre o que se convencionou chamar de áreas de trabalho “femininas” e “masculinas”, como se homens e mulheres buscassem áreas de atuação por determinação do que se estabelece como o esperado de cada um dos sexos. Atualmente, o ingresso de mulheres no curso de medicina aumentou, sendo importante identificar como os atributos de gênero estão informando os(as) alunos(as) sobre a profissão que escolheram. Após a aplicação de questionários a 74 alunos(as) concluintes do curso de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia, 32 afirmaram acreditar que existem especialidades médicas que melhor se adequam a homens ou mulheres. A ortopedia foi a mais citada como adequada para o sexo masculino, devido à força física que ela exige e, para as mulheres, a mais citada foi a dermatologia, por ter relação com características como cautela e atenção a detalhes. Hoje, as desigualdades de gênero ainda são visíveis no âmbito do sistema de ensino, mesmo quando alunos afirmam não acreditar em uma divisão das especialidades médicas por gênero, por exemplo. Ainda assim, as relações de gênero são um objeto de estudo fundamental, quando se pensa em uma sociedade mais justa e igualitária, buscando sempre a desconstrução de mitos e estereótipos.
Dárcia Amaro Ávila (FURG), Roberta de Azevedo Pereira (FURG), Paula Regina Costa Ribeiro (FURG)
Analisando as questões de gênero no espaço escolar: relatos de profissionais
Este estudo tem por objetivo analisar as questões de gêneros presentes em quinze relatos produzidos por profissionais da educação que participaram do projeto Corpos, Gêneros e Sexualidades: questões possíveis para o currículo escolar. Tais relatos foram produzidos a partir das atividades realizadas juntamente com seus alunos e encontram-se no livro Sexualidade e Escola: compartilhando saberes e experiências. Nesse trabalho, utilizamos o conceito de gênero como uma construção sócio-histórica das distinções baseadas no sexo, sendo que a masculinidades e a feminilidades, ao contrário do que algumas correntes defendem, não são constituídas propriamente pelas características biológicas, mas são o resultado do que se diz ou se representa destas características. A partir dos relatos, percebemos que o curso contribuiu para esses profissionais (re)pensarem suas práticas pedagógicas, pois se propuseram a planejar e aplicar atividades para seus alunos, possibilitando novos olhares sobre as questões de gêneros e sexualidades. Verificamos também, a separação das atividades de acordo com o sexo na hora da recreação, nos trabalhos em grupos, nas brincadeiras, etc. Entendemos que os atributos masculinos e femininos e as dicotomias podem e precisam ser problematizados e desconstruídos na escola, contribuindo para a constituição de sujeitos críticos, curiosos e criativos.
Débora Corrêa (UFSC), Vania Malta Rossi (UFSC)
Identidades, exílio e violência no rastro da história colonial portuguesa
O pôster apresentará o trabalho desenvolvido no projeto de pesquisa Identidades, exílio e violência no rastro da história colonial portuguesa, orientado pela professora Simone Pereira Schmidt, cujo objetivo é investigar sobre o tema “No rastro da história colonial: violência e racismo nas culturas de língua portuguesa, em seus aspectos de gênero e raça”. O trabalho de investigação consiste no levantamento de obras literárias de autoria feminina nos países africanos de língua portuguesa, e do corpus teórico, produzido e publicado no Brasil nos últimos 30 anos, sobre as intersecções entre gênero e raça. O corpus se apóia nos periódicos Revista Estudos Feministas (UFRJ e UFSC) e Cadernos Pagu (UNICAMP), bem como trabalhos apresentados nos principais congressos das áreas de humanidades, ligados ao tema da investigação: Seminário Internacional Fazendo Gênero, Seminário Nacional (e Internacional) Mulher e Literatura, REDOR, REDEFEM, ANPOCS e ANPUH.
Débora Taynã Gomes Machado (PUC - GO), Juliana de Oliveira Saturnino
Tráfico de mulheres em Goiânia: olhares sobre as necessidades de assistência às mulheres traficadas
Este estudo objetiva compreender os sentidos e os significados do tráfico para as mulheres envolvidas e os arranjos institucionais para a atenção integral às mesmas. Essa entendida como ações de promoção, prevenção, assistência e reabilitação no processo do cuidar profissional. Pesquisa qualitativa, com realização de grupo focal com profissionais da Rede de Atenção às Crianças, Adolescentes e Mulheres em Situação de Violência de Goiânia e entrevista com as mulheres. A metodologia permite a contextualização sócio-histórica dos sujeitos e a comparação entre os sentidos e significados que os profissionais e as mulheres dão ao tráfico e ao cuidado. Em várias pesquisas, a presença de mulheres envolvidas com o tráfico em Goiás é significativa. Em Goiânia, a Rede de Atenção foi criada há muitos anos e congrega várias instituições públicas, filantrópicas e outras. Contudo, há dificuldades em concretizar as políticas de saúde e assistência em uma atenção integral às vítimas do tráfico. Por outro lado, as marcas ao longo das trajetórias das mulheres nos deslocamentos transnacionais dificultam o diálogo entre os profissionais (com seus pré-conceitos) e as mesmas. Os resultados encontrados coincidem com estudos sobre as dificuldades de implantação em redes de atenção às vítimas de violência.
Denise Rosa Souza (Centro Universitário Nilton Lins), Wagner dos Reis Marques Araújo (UFAM)
A rota do tráfico de mulheres na Amazônia Brasileira
Nesta pesquisa buscamos mapear a rota do tráfico de mulheres na Amazônia brasileira e, especialmente no Estado do Amazonas, a nossa investigação está ancorada no aporte teórico metodológico dos estudos de gênero e das ciências sociais. Os dados levantados indicam uma relação direta do trafico de mulheres no estado do Amazonas com o turismo ecológico e com as festas tradicionais, que recebem patrocínio dos governos municipal e estadual da região Amazônica. Na contemporaneidade, em um universo globalizado, constata-se que a discriminação de gênero, a marginalização das culturas locais e tradicionais, a precarização das relações de trabalho criaram realidades nas quais mulheres jovens de camadas sociais estratificadas procuram estratégias de inclusão social através do mercado de sexo, ou quando não são cooptadas por redes de tráfico humano.
Diana Rodrigues do Rêgo Barros (UFRPE)
Família, moralidade e sexualidade sob a ótica da imprensa - Recife, 1900-1915
Analisando os discursos que permearam o Recife do início do século XX sobre família, moralidade e sexualidade, percebemos o intenso empenho de juristas, médicos e intelectuais em controlar os populares. A emergência do regime republicano clama por mudanças sociais, onde os antigos hábitos que remontam ao sistema monárquico deveriam ser aniquilados, a fim de remodelar a sociedade e adaptá-la aos novos tempos. Neste sentido, campanhas de “educação comportamental” voltadas para a camada popular (homens e mulheres, sendo elas atingidas com mais veemência), são promovidas pelo governo aliado pelo discurso médico e jurídico da época, com o objetivo de educar a população e acabar com comportamentos considerados desviantes. A imprensa terá então, um papel importantíssimo como divulgadora de hábitos considerados saudáveis, tomando como exemplo os procedimentos de uma classe burguesa, que deveriam ser seguidos pela maioria da população. Então, este trabalho busca investigar como se deu a noção de família e sexualidade; como se fomentou uma política sexual voltada para o controle das famílias populares, no Recife nos anos de 1900 a 1915, compreendendo também as divergentes noções de honra pelas diferentes camadas sociais.
Diego Pontes Gonçalves (UENF)
O estar 'montada': a Rua dos Andradas além do sexo como mercadoria
O trabalho visa compreender, sob uma ótica etnográfica, como se faz a dinâmica da Rua dos Andradas e como se dão as relações entre os atores envolvidos, sejam de afeto, conflito ou de poder, além de suas simbologias carregadas de peculiaridades e como elas são interpretadas e ganham significados no espaço em questão. Localizada na área central de Campos dos Goytacazes, interior do estado do Rio de Janeiro, tal rua abriga a área de prostituição travesti da cidade, que está marcada historicamente por ser a última cidade do Brasil a abolir a escravidão e por ainda possuir fortes traços tradicionais de comportamento.
Buscando apoio teórico nos estudos queer, a idéia da construção da identidade de gênero ganha valor, e os discursos que nos fazem pensar as categorias de gênero são colocados em xeque. Entendendo que os sujeitos contemporâneos trazem consigo marcas das diversidades e das movimentações, o trabalho ao mesmo tempo em que permite que seja aberto um campo reflexivo para questões acerca da pluralidade, propõe uma reavaliação das ‘lógicas’ que guiam as estruturas do campo da sexualidade no caso analisado, o que nos leva a pensar além dos limites dos corpos, da moral, das boas maneiras, enfim, do que é permitido ou não.
Edgar da Costa Maciel (PUC - RS), Bruno Morche (UFRGS), Natasha Centenaro
ONGs de gênero e a grande mídia: como anda este casamento?
Edileuza de Souza Paiva Sobral (FACEX), Leila Rodrigues Fonseca
Assistência a Saúde da Mulher Vítima de Violência: um desafio para os Serviços de Atenção Básica em Natal/RN
Ednaldo Jardel Andrade de Santana (UCB)
A (des)construção do armário em ambiente escolar: heteronormatividade e educação
À luz da intepretação Eve Kosofsky Sedgwick sobre heteronormatividade, que aponta o “armário” como um dispositivo regulador tanto da vida de lésbicas, gays, travestis e transexuais (LGBT), como das próprias pessoas heterossexuais, esse trabalho investiga como esse dispositivo se engendra em ambiente escolar, produzindo violências e opressões, gerando invisibilidades, garantindo privilégios de visibilidade, compondo valores e construindo identidades e subjetividades. A partir de relatos de professoras e professores da Secretária de Educação do Distrito Federal, registrados durante curso de formação de enfrentamento à homofobia e ao sexismo realizado em 2010, bem como de relatos de pessoas não-heterossexuais que “saíram do armário” ou se “esconderam” nele durante suas trajetórias escolares, examino os mecanismos de opressão homofóbica que se constroem dentro do espaço escolar e as possibilidades de sua desconstrução na construção de uma educação que promova e acolha a diversidade.
Edyr Batista de Oliveira Júnior (UFPA)
Corpo e sexualidade: As representações do masculino em torno do pênis
Elaine Maria de Quadros (UDESC)
Boa menina! Os discursos sobre a civilidade feminina baseados na personagem Maria Clara da Série de Leitura Graduada Pedrinho de Lourenço Filho
Maria Clara é uma garota “exemplar”! Personagem da Série de Leitura Graduada Pedrinho, ela serviu como modelo de boa conduta para muitas meninas de seu tempo. A Série, escrita por Lourenço Filho na década de 1950, circulou como manual didático para crianças de 1ª a 4ª séries do ensino fundamental em todo o Brasil. Tendo como núcleo personagens de uma mesma família, a Série inteira é protagonizada pelo menino Pedrinho. A maior representação feminina fica por conta da coadjuvante Maria Clara, irmã do personagem principal. E é nela que este trabalho - que faz parte do Projeto de Pesquisa, desenvolvido na UDESC, sob a coordenação da Profª. Maria Teresa Santos Cunha - pretende focar. Utilizando como fonte os quatro livros da Série, pretende-se observar nas lições, imagens e textos, preceitos que supostamente ajudaram a condicionar o comportamento feminino no período em que circularam os manuais didáticos. Maria Clara demonstra ser regida por valores que ajudam na formação de uma futura dona de casa, esposa exemplar e boa mãe, ficando assim, muitas vezes restrita ao âmbito privado (diferente de seus irmãos). Valores transmitidos de muitas maneiras ao longo desta Série que serviu como meio de propagação de preceitos importantes para a manutenção do comportamento feminino da época.
Eleniz Soares Lisboa (UFV), Marisa Barletto (UFV), Dayana Gonzaga Souza e Freitas (UFV)
Formação em gênero e agroecologia de mulheres trabalhadoras rurais da Zona da Mata de Minas Gerais
Eliel Bandeira (FURG), Josiane Vian Domingues (FURG)
Na ponta dos pés: a produção de masculinidades no ballet clássico
O ballet clássico se originou durante o período Renascentista, na Itália e esse era executado pelos príncipes e cortesãos que dançavam como forma de manter o poder. Durante um longo período de tempo foi uma forma de arte manifestada quase que exclusivamente pelo gênero masculino e com o passar do tempo esse espaço foi invadido pelas mulheres e mais do que isso, o ballet passou a ser caracterizado como uma dança tipicamente feminina. Isso porque essa prática envolve uma sensualidade, emoção e leveza, traços culturalmente atribuídos às mulheres e que os homens, teoricamente não expressam por serem sujeitos considerados como fortes, viris, sem sentimentalismos. Por conta disso é que grande parte dos bailarinos carregam um estigma bastante forte, sendo rotulados como homossexuais por dançarem ballet, fazendo com que, muitas vezes se inibam a praticar tal dança. A partir disso, com esse trabalho, objetivo analisar como são produzidas as masculinidades a partir do ballet clássico. Para isso, utilizo a vertente pós-estruturalista dos Estudos Culturais, mais especificamente empregando alguns instrumentos da análise do discurso, sob ótica de Michel Foucault.
Elisa Maria Taborda da Silva (UFMG)
O feminino em diáspora: representações do exílio em textos de Orlanda Amarílis
Propõe-se o estudo, em contos selecionados da escritora Orlanda Amarílis, de personagens femininos como representação de mulheres cabo-verdianas. O estudo centrar-se-á nas marcas discursivas que expressam o sentimento de pertença à nação de Cabo Verde, sobretudo levando-se em conta as diferentes situações de diáspora vividas pelas personagens nos contos escolhidos. Parte-se do princípio de que a identidade local das personagens de Amarílis passa por interessantes transformações através da experiência de deslocamento espacial e de distância do solo pátrio. O deslocamento espacial ganharia ares de deslocamento psicológico, identitário, tornando-se, no texto, parte integrante da representação identitária cabo-verdiana.
A presente pesquisa justifica-se não só pelo atual interesse das Ciências Humanas no estudo do Espaço (proliferação de representações do espaço, deslocamentos, exílio) como pela atitude política que existe na escolha da África e sua cultura como objeto de estudos acadêmicos. Segundo Walter Mignolo (2004), o estudo da produção cultural das chamadas margens do sistema globalizado representa uma possibilidade de constituição de novas epistemologias. Justifica-se também pela crença na relevância teórica em se abordar, mais uma vez, conceitos como espaço, diáspora, identidade da mulher e exílio.
Elismênnia Aparecida Oliviera (UFG)
A voz que rompe os mecanismos de silenciamento: produção de conhecimento indígena sobre linguagem enquanto pensamento de fronteira
Com a proposta de fazer um mapeamento de produções escritas de indígenas no Brasil que tenham por tema discurso, linguagem e/ou fala/escrita disponíveis em superfícies de circulação diversas este trabalho tem por objetivos: promover uma reflexão crítica sobre as produções encontradas e considerar o processo de colonização junto à concepção de corpos desiguais a que os indígenas foram submetidos.
Visa também incluir as produções encontradas, juntamente com a análise destas, no acervo geral de produções escritas sobre linguagem, e por último, procuramos nestas produções um pensamento de fronteira (Mignolo, 2003), um pensamento resultante do processo de colonização, que propõe uma reflexão crítica sobre a produção de conhecimento ao considerar o entrelaçar de identidades e fronteiras, e a subalternização e hierarquização de corpos/conhecimentos.
Com a análise das produções encontradas, foram levantados pontos pertinentes como o contexto multilingue de algumas etnias, relações de gênero, mecanismos de silenciamento e resistência. E estes estão sendo pensados de uma forma mais ampla que abarca as relações de poder não só entre sociedades diferentes, mas também dentro de cada sociedade, em que há pessoas e tipos de produções evidenciadas e incentivadas enquanto outras são silenciadas.
Ellen Cristina de Almeida (UFGD)
Mulheres indígenas: organização política e cidadania
Esse pôster trata do universo de uma associação de mulheres indígenas localizada em Dourados/MS com a qual pesquisamos acerca da temática de gênero e organização política no contexto do trânsito de culturas entre espaços sociais que justapõem um contexto da lógica organizacional indígena em diálogo com as exigências burocráticas da sociedade envolvente. Sendo assim, o objetivo principal é compreender se estas mulheres têm acesso a políticas públicas e como se dá a relação intercultural entre elas e a sociedade não-índia. Esta pesquisa se justifica pelo o estado de discriminação dos indígenas em geral, provocada desde o início do processo de colonização na região, sendo que no caso das mulheres essa discriminação é dupla, de etnia e de gênero. A metodologia utilizada será composta pela etnografia e a observação participante, juntamente com a pesquisa bibliográfica e internet. No atual momento da pesquisa apresento questões relacionadas aos estudos que tenho realizado. A presente investigação está sendo realizada com financiamento do CNPq destinado à Iniciação Científica.
Elzahra Mohamed Radwan Omar Osman (UNB)
“A falta” na “Mulher Escrita”: o entre-lugar do pensamento de Lúcia Castello Branco na escritura do feminino
Emerson Roberto de Araujo Pessoa (UEM), Ivana Guilherme Simili (UEM)
Pedagogias do travestir: a indumentária e os gêneros nas aparências dos travestis
O conceito de gênero vem permitindo que inúmeras práticas sociais e culturais sejam revisitadas. Entre elas, a prática de vestir o corpo. Este trabalho almeja abordar o papel desempenhado pela indumentária na transformação das travestis, de modo a entender as articulações existentes entre a produção de aparências pelos sujeitos e a fabricação de representações que rompem com as associações entre as roupas e os sexos. Nesta abordagem, as fontes orais (entrevistas) e visuais (fotografias), ajudarão a entender como as roupas, juntamente com as “correções” corporais realizadas por meio de intervenções da medicina e da cosmética (próteses, hormônios, maquiagem e cabelo), são transformadas pelos sujeitos em vetores de comunicação e de questionamento das premissas e balizas “naturalizantes” que relacionam o sexo e as roupas. Portanto, por intermédio das imagens fotográficas e das narrativas coletadas, será possível perceber e identificar as relações dos sujeitos com seus corpos, informando as múltiplas maneiras de vivenciá-los e vestí-los.
Erica Aparecida de Andrade Sabino (UNESP)
Gênero e Educação em revistas feministas acadêmicas
Erika Christina Gomes de Almeida Batista (UNIVALE), Sueli Siqueira (UNIVALE)
Filhos de emigrantes valadarenses e sua relação com o saber escolar
Como constituinte da cultura valadarense, a emigração internacional encontra-se presente também nas escolas. Partindo do pressuposto teórico de que a aprendizagem é um processo interno, que será desenvolvida mediante as relações vivenciadas pela criança, o reflexo que a emigração internacional de um ou ambos os pais causa na vida escolar do filho será o tema abordado neste trabalho. Este artigo discute a emigração dos pais, no tocante à concepção dos filhos estudantes sobre este fenômeno. Busca ainda levantar as conseqüências ocasionadas pela ausência dos pais e avalia se a participação dos pais no processo migratório interfere no projeto de vida dos filhos. A partir de pesquisa quantitativa e qualitativa realizada nas escolas da cidade pode-se afirmar que 38% admitem ter mudado de comportamento na escola, dentre estes 50% afirmaram não ter vontade de estudar. Destaca-se que 54% dos estudantes entrevistados consideram a emigração de um modo geral positiva e 51% relataram o interesse em emigrar num futuro próximo. Considera-se que a emigração dos pais influencia diretamente a relação dos filhos com o saber escolar e a construção do seu projeto de vida. À escola cabe discutir os efeitos da emigração e demonstrar as possibilidades de construção do projeto de vida no país de origem.
Érika Rodrigues Caldas (PUC - GO), Lorhana Martins Morais Silva
Assistência a saúde das profissionais do sexo no Brasil - Cadê as Políticas Públicas?
As profissionais do sexo têm incluso em suas trajetórias uma característica comum, o deslocamento. Essas geralmente residem, trabalham e buscam cuidados com a saúde em regiões diferentes, revelando as dificuldades que os serviços de saúde têm para se despirem de pré-conceitos e lidarem com pessoas de direitos, cidadãs. Esta pesquisa bibliográfica objetiva identificar como os autores abordam a assistência à saúde das profissionais do sexo no Brasil. Na BIREME e SCIELO foram identificados sessenta e um artigos, a partir de palavras chaves relacionadas à prostituição. As diferentes abordagens partem de questões conceituais sobre profissionais do sexo, por exemplo, a igreja e movimentos feministas possuem posições tradicionalmente opostas. Quanto a assistência à saúde, são hegemônicas as omissões dos serviços referentes às ações de promoção, prevenção, diagnóstico precoce e terapêutica. O fazer profissional das mulheres neste mercado é considerado como desencadeante de problemas que afetam a saúde. A necessidade de integralidade na atenção para essa parcela da população é desconhecida nas práticas assistenciais. Porém, vale registrar que já existem ações mais específicas que foram e são desenvolvidas em função das políticas/ações relativas à AIDS.
Erika Rodrigues Costa Antunes (UFT), Eliseu Riscarolli (UFT)
Trabalho, gênero e educação: construindo perfis e mapeando atividades produtivas de mulheres tocantinenses
A pesquisa em andamento, está sendo desenvolvida em 10 municípios na região do Bico do Papagaio. Em cada município haverá uma coleta de dados a partir de 20 mulheres com idade maior de 20 anos, sendo elas: professoras, quebradeiras de coco, secretarias do lar, comerciárias, profissionais liberais e mulheres em cargos eletivos. Temos percebido que uma relação cada vez mais crescente entre educação e trabalho com interface na questão. Nossa hipótese é de que na região do Bico o trabalho das mulheres tem significativa importância na economia uma vez que elas detém a maioria dos cargos nos empregos públicos como educação e saúde, além do trabalho doméstico e serviços em geral. O objetivo é mapear as atividades produtivas das mulheres na região do Bico do Papagaio do estado do Tocantins; refletir acerca da relação entre escolarização, atividade produtiva e renda salarial entre homens e mulheres; identificar o grau de escolaridade nas mulheres trabalhadoras da região; coletar informações para o banco de dados do Núcleo de estudos das diferenças de gênero; identificar elementos que expliquem a distorção entre renda salarial, escolaridade e atividade produtiva da região. As informações serão colhidas através da aplicação de um questionário qualitativo.
Eumara Maciel dos Santos (UNEB), Allisson Esdras Fernandes de Oliveira
Nuances da matriarcalidade africana em Amkoullel, o menino fula
Everton de Oliveira (UFSCAR)
O Negro nas Páginas da Esquerda: a perspectiva dos militantes negros petistas nos números do "Em Tempo"
O que busco neste trabalho é observar a articulação entre o movimento negro contemporâneo e a esquerda brasileira a partir da leitura dos números do jornal "Em Tempo", do grupo Democracia Socialista (DS), hoje uma tendência interna do Partido dos Trabalhadores (PT). A análise se dá no período de 1977, ano de criação do jornal, a 2003, ano de posse de Luís Inácio Lula da Silva e de emergência do debate acerca das políticas de Ação Afirmativa. A partir disto, buscarei mostrar como o movimento negro contemporâneo possibilitou a construção de uma nova subjetividade no campo político, o negro, e como esta foi usada pela esquerda brasileira como uma nova forma de reivindicação política, que na década de 1990 se consolidaria na proposta de uma nova cidadania, na defesa do direito a ter direitos e na radicalização da democracia. O Negro passou a ser um sujeito político, com uma proposta fundamental: tornar pública a questão do racismo e denunciar a falsidade do mito da democracia racial. Neste sentido, o objetivo principal deste trabalho é averiguar até que ponto o projeto político do movimento negro contemporâneo e dos militantes negros ligados ao PT, a publicidade da raça, do racismo e do negro, se concretizou, atualmente, nas denúncias e defesas públicas das ações afirmativas.
Fabia Alberton da Silva Galvane (UNIBAVE), Giovana Ilka Jacinto Salvaro (UNIBAVE)
Os sentidos produzidos por mulheres que ocupam cargos de chefia nas indústrias da cidade de Orleans
Esta pesquisa teve como objetivo geral analisar os sentidos produzidos por mulheres que ocupam cargos de chefia em indústrias da cidade de Orleans, SC. Foi realizada como uma proposta de estudo em psicologia social e se apresenta como um Trabalho de Conclusão de Curso, fazendo-se cumprir as exigências para a graduação no curso de Psicologia do Centro Universitário Barriga Verde - UNIBAVE. A aproximação com os sujeitos de pesquisa foi realizada por acessibilidade e as informações foram obtidas por meio de entrevistas semi-estruturadas. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, segundo Gonzáles Rey (2005), que pressupõe a construção de conhecimento por meio do diálogo entre o pesquisador, sujeitos de pesquisa e as informações obtidas no decorrer do processo. A teoria de base para a compreensão da constituição do sujeito e da subjetividade foi a psicologia sócio histórica de Vygotski. Este trabalho possibilitou verificar que os sentidos atribuídos pelas mulheres acerca das atividades que realizam, tanto na esfera pública como na esfera privada, são marcadas por concepções historicamente construídas e naturalizadas.
Fabiene Barros de Oliveira (UERJ), Samanta Carralas Pinheiro de Lima, Amanda Duarte Moura (UERJ)
Homossexualidade, convivência e homofobia
No início dos anos 1980, a epidemia de AIDS levou a sociedade a refletir sobre a homossexualidade. Identificada, em um primeiro momento, como geradora do então “câncer gay”, a resposta que a comunidade atingida deu no início da epidemia foi gerando outras concepções acerca das pessoas que se relacionam com outras de mesmo sexo. Realizamos uma pesquisa na cidade do Rio de Janeiro, nos anos de 2009/2010, com alunos de todos os cursos da UERJ, com objetivo de identificar suas concepções em relação à homossexualidade, abordando, inclusive, convivência, direitos e homofobia. Neste trabalho, vamos destacar aspectos referentes à aceitação e à convivência. No que diz respeito à “origem” da homossexualidade, as pessoas ficaram muito confusas e o cruzamento das respostas sobre ser inata ou uma opção apontou contradições internas em diversos questionários. Em grande parte das respostas, o autor se esquivava, dizendo que não tinha nada contra alguém ser gay ou lésbica, mas apresentava reservas quanto ao relacionamento com quem assim se identifica. A religião revelou-se plano de fundo para comportamentos dos entrevistados no que tange à convivência e à aceitação de manifestações públicas de afeto entre homossexuais.
Fabiolla Falconi Vieira (UDESC), Ornella Borille
(Des) Enlaces matrimoniais: experiências subjetivas da separação (Florianópolis, 1970-2010)
Com o objetivo de analisar experiências de homens e mulheres, que estiveram envolvidos em processos de separação, litigiosa ou consensual, foram entrevistadas 12 mulheres e 12 homens cujas histórias de separação evidenciam problemas e dores relacionadas aos filhos, difíceis relações após a separação, muitas vezes envolvendo atos de violência psicológica, disputa de bens e conflitos sociais. As entrevistas mostram-nos o quanto se torna difícil a reconstrução de outros laços afetivos e a adoção de novas perspectivas de vida. As relações entre os filhos se tornam mais complexas. Na cotidianidade, têm ocorrido experiências que se diferenciam das ocorridas antes e próximo a aprovação da Lei do Divórcio (Lei nº 6.515, de 26 de Dezembro de 1977), que eram mais imbricadas de preconceito contra a mulher. As implicações negativas do processo são vividas tanto por mulheres, quanto por homens, não raro ainda recaindo sobre elas o fardo mais pesado da cobrança de condutas e comportamentos face à separação matrimonial.
Fagno Pereira da Silva (UFF)
Cotidiano da prostituição das travestis em campos dos goytacazes
Felipe Girardi (UFSM), Aline Martins Linhares (UFSM), André Luís Ramos Soares (UFSM)
O resgate da cultura lusoaçoriana no distrito de Santo Amaro do Sul-RS
Fernanda Burbulhan (UNICENTRO)
TRIP e Trip para a mulher: uma análise das relações de gênero na mídia escrita
Com o decorrer do tempo houve grandes avanços teoricos nos estudos de gênero, no entanto, na pratica nossa sociedade continua dividida em duas, uma pertencente aos homens e outra as mulheres, de maneira que o discurso não corresponde ao que é experenciado. Assim, mesmo com os questionamentos decorrentes dos estudos de gênero, as categorias universais de ser/estar no mundo ainda continuam estáticas e uma das variáveis que tornam essa situação invariável é a mídia, dotada de grande poder de persuasão. Considerando a interação entre a mídia e as relações de gênero é que nos propusemos a ler criticamente, sob o referencial da analise de discurso, duas revistas voltadas cada uma para um dos sexos e perceber de que forma seus conteúdos expressam as relações de gênero. Para tanto, analisamos a revista como um todo e perc ebemos um discurso sexista fragmentado, estando esse cristalizado já na publicação de duas revistas diferentes, assim como na configuração das matérias de cada uma, em suas capas e até mesmo nos ensaios fotográficos. Dessa forma, os conteúdos veiculados por cada uma das revistas e para cada um dos sexos são muito diferentes e carregam, cada um deles, discursos aparentemente imparciais, mas fundamentalmente implicados com antigos padrões de pensamento e conduta.
Fernanda Carla de Moraes Augusto (UNESP), Wiliam Siqueira Peres (UNESP), Thalita Hellen de Faria (UNESP)
Contribuições dos estudos de gênero na atenção psicossocial
Este trabalho propõe uma reflexão ético-estético-política sobre a importância dos Estudos de Gêneros na formação do psicólogo e na escuta clínica, a partir de um estágio realizado pelo curso de psicologia da UNESP de Assis/SP, que atua junto à Estratégia Saúde da Família de uma vila periférica da cidade, oferecendo pronto-atendimentos psicossociais, acompanhamento terapêutico, atendimento domiciliar. Procura-se cartografar modos existenciais e as construções dos discursos sobre gêneros e sexualidades presentes nos processos de subjetivação que atravessam os corpos e os territórios, considerando que o gênero é o primeiro elemento de constituição dos sujeitos. Na escuta psicossocial percebemos cenas/discursos que apresentam dados relevantes sobre as expressões de gêneros, tais como: masculinidades e feminilidades, sexismos, (hetero)normatividades, homofobias, identidades de gênero. Propomos um espaço de reflexão acerca dos enunciados que constituem esses sujeitos, problematizando as várias linhas presentes nas relações cotidianas de modo a expandir seus universos de referência e ampliar seus territórios. Assim, essas problematizações vão ao encontro da defesa dos direitos sexuais e humanos e emancipação psicossocial, política e cultural, buscando uma potencialização da vida.
Fernanda Peixoto dos Santos (PUC - GO), Priscilla Aguiar Delmond
Políticas para as mulheres no Brasil e em Goiás: um olhar comparativo
Este analisa o Plano Nacional de Políticas Públicas para as Mulheres (PNPM) e o Pacto Goiano pela Igualdade de Gênero, comparando as políticas públicas de gênero, implantadas no Brasil e em Goiás. A metodologia utilizada foi a quanti-qualitativa, chamada por Minayo (2005), de triangulação de métodos. As informações/dados foram organizadas em tabelas para facilitar a compreensão e análise. A sistematização destas foi realizada por meio de uma divisão em 10 grandes áreas: Economia e Trabalho, Saúde, Educação, Enfrentamento da violência, Participação nos espaços de trabalho e decisão, Desenvolvimento sustentável, Direito a terra, Cultura, Enfrentamento do racismo e Enfrentamento das desigualdades geracionais. Estas áreas foram encontradas nos planos do Brasil e de Goiás, ainda que, às vezes descritos de forma diferentes. Os resultados ainda são insuficientes para dizer se foram ou não concretizadas as ações propostas nos dois planos analisados. Estes explicitam diferenças entre as prioridades estabelecidas no PNPM e as ações estratégicas do Pacto pela Igualdade de Direitos. No Plano goiano identifica-se o foco nas especificidades e necessidades concretas das mulheres goianas.
Fernanda Prestes Almeida (FECILCAM), Cristina Satiê de Oliveira Pátaro (FECILCAM)
Afetividade e juventude: um estudo a partir das representações de jovens estudantes do município de Campo Mourão-PR
Fernanda Ramires da Silva (FURG), Leani Severo Silveira (FURG)
Os Projetos Sociais Esportivos demarcando feminilidades e masculinidades
Este estudo analisou a produção das masculinidades e feminilidades em projetos sociais esportivos, focado nas relações de poder que perpassa o trabalho de monitor@s e professor@s. Consideramos produção de feminilidade e masculinidade como os mecanismos que demarcam as identidades masculinas e femininas e suas significações sociais. O trabalho se enquadra no campo dos Estudos Culturais, usando como ferramenta metodológica entrevistas semi-estruturadas com gestor@s, professor@s e monitor@s. A pesquisa foi desenvolvida em dois projetos sociais esportivos de Rio Grande (RS) e, a partir da análise dos dados, percebeu-se uma intensa definição das identidades masculinas e femininas, principalmente na distribuição de monitor@s, dispondo normalmente um homem e uma mulher para cada núcleo. Denotam-se, também, demarcações de feminilidades e masculinidade na definição das tarefas entre @s monitores e professor@s, na diferenciação das aulas dadas por homens e por mulheres e na divisão das crianças em turmas masculinas e femininas. Por fim, caracterizou-se uma forte pedagogização das crianças que participam dos projetos, pois a divisão das turmas, das tarefas e atividades dos professor@s e monitor@s delimita, para as crianças, os papéis socialmente definidos como masculinos e femininos.
Fernanda Rodrigues de Miranda (USP)
Cantares femininos de uma poeta africana e de outra afro-brasileira em comparação: Ana Paula Tavares e Conceição Evaristo
Fernando Bagiotto Botton (UFPR)
A Masculinidade e a Modernização sob Perspectiva Teórica
O presente banner se propõe a comentar algumas nuances do processo de modernização curitibano e sobre as transformações nos modelos de masculinidade da época. A tese aqui levantada é de que juntamente com o processo de modernização emergiram novos modelos de masculinidade. Chegamos à conclusão inicial de que os novos modelos modernos de masculinidades entraram em tensão com os modelos tradicionais, demarcando uma disputa pelos benefícios simbólicos advindos da posição de “masculinidade hegemônica” ou socialmente sancionada.
Flaviane Andressa Carvalho (UFPE), Valdenice José Raimundo, Vitória Régia Fernandes Gehlen (UFPE)
A mulher na Comunidade Onze Negras
Francine Oliveira Mirapalheta (FURG)
A Ana e a Mia com suas linguagens: observando a linguagem dos anoréxicos e bulímicosna Internet
Com os avanços da tecnologia, @s jovens utilizam a internet para diversão, pesquisa e para publicar em blog “diários” seus relatos de vida, que podem ser acessados por todos na web. Focada nos estudos da anorexia, bulimia e na diversidade destes relatos na internet que este trabalho se desenvolveu. As gírias utilizadas nestes diários virtuais foram pesquisadas em cinco blogs pró-ana e pró-mia – que defendem a anorexia e a bulimia como estilo de vida –, com o objetivo de compreender como as mesmas produzem as suas identidades de gênero. Para atender a este objetivo foi usada como metodologia algumas ferramentas da análise de discurso, buscando as gírias usadas para descrever suas ações com relação à anorexia e bulimia, resultando na construção de um glossário com as expressões e seus significados. A anorexia e a bulimia são consideradas transtornos alimentares e que utilizam, como purgação ao ato de comer, dietas rígidas e períodos longos sem alimentação. Concluímos que há uma diversidade de gírias utilizadas diferentemente entre meninos e meninas para descrever as ações. Outra constatação foi a importância dos blogs para a construção das identidades d@s jovens, pois os recursos visuais dos blogs afirmam os atributos sociais esperados para homens e mulheres.
Francine Pereira Rebelo (UFSC)
História da Antropologia sob a ótica de gênero:recuperando as trajetórias de antropólogas
O presente trabalho constitui-se em pesquisa biográfica e produção de verbetes sobre a trajetória intelectual de renomadas antropólogas de diferentes nacionalidades. Através do resgate das histórias profissionais dessas antropólogas – trajetória acadêmica, publicações, premiações científicas, etc. – entrelaçado a aspectos de suas vidas privadas – data e local de nascimento, parentesco, relações com colegas, na perspectiva das relações de gênero, buscamos recuperar as suas contribuições para a disciplina, especialmente no século XX.
Este projeto é parceria entre o Laboratoire d´Anthropologie Sociale (França) e o Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades do Laboratório de Antropologia da UFSC. As coordenadoras da pesquisa são as professoras Carla Cabral e Miriam Pillar Grossi. Em meio a uma diversidade de mais de 80 antropólogas, pesquisei mais especificadamente, as inglesas Mary Douglas e Marilyn Strathern e as brasileiras Heloísa Alberto Torres e Manuela Carneiro da Cunha.
Para a construção dos verbetes a metodologia consiste na revisão bibliográfica da produção intelectual de autoria das antropólogas, bem como de textos escritos sobre elas. A pesquisa alicerça-se também em informações coletadas em jornais e sites na Internet.
Gabriela Cássia Grimm (UFSC)
Militante e dona de casa: conciliação e conflito no cotidiano das organizações de esquerda dos anos 1970
O objetivo deste trabalho é mostrar as estratégias e conflitos vividos por mulheres militantes de esquerda em seu cotidiano, no qual procuravam conciliar o trabalho militante com o trabalho doméstico, o cuidado com os filhos, e também atividades de trabalho remunerado. É claro que isto gerava conflitos com os companheiros, e por vezes também com as organizações das quais participavam. Para isso vou analisar entrevistas feitas com mulheres que durante o período de ditadura no Brasil e na Argentina, atuavam como militantes. Na memória das mulheres entrevistadas para o Projeto Gênero, feminismos e ditaduras, desenvolvido pelo Laboratório de Estudos de Gênero e História da UFSC, estes conflitos aparecem como centrais para as opções que estas mulheres tiveram em suas vidas, seja o exílio, seja a opção pelo feminismo ou as várias estratégias que elaboraram para conciliar estas atividades que muitas vezes apareceram como excludentes.
Gabriela Garcia Sevilla (UFRGS)
O Estado e a violência contra a mulher: um estudo antropológico sobre a implementação da Lei Maria da Penha a partir do trabalho realizado por um órgão público de Porto Alegre
Esta pesquisa analisa o processo de implementação da Lei Maria da Penha (nº 11.340 de 7 de Agosto de 2006) a partir do trabalho desenvolvido por agentes do Estado, assistentes sociais e psicólogos, em um órgão público de Porto Alegre no âmbito dos atendimentos aos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher. O objetivo é perceber as transformações ocorridas a partir desta mudança legal nas percepções que esses agentes do Estado têm acerca deste fenômeno e nas suas práticas de elaboração e execução de projetos de intervenção nesta área. Para isso, busco entender o modo de funcionamento deste órgão e perceber as relações deste órgão com a rede de proteção a mulher do município. De modo geral, a perspectiva que norteia este trabalho é a abordagem relacional entre leis e práticas sociais. Realizo observação participante acompanhando a rotina de trabalho deste órgão e seus agentes, além de observação de seminários e encontros promovidos por este órgão, e análise de uma série de documentos. Os dados já obtidos permitem afirmar que este órgão é um dos locais onde a lei é construída e posta em prática. Essa construção reflete a disputa e as tensões existentes na rede de proteção à mulher, devido à diversidade de percepções dos agentes e órgãos que a constituem.
Gabriela Krugel (PUC - RS), Yaskara Arrial Palma (PUC - RS)
Vida de Mulher: a homossexualidade como cativeiro
Este estudo está inserido no projeto Vida de Mulher, desenvolvido no grupo de pesquisa Relações de Gênero. Através da Teoria do Desenvolvimento de Levinson e da Teoria do Espaço Consciente de Burlae, tem como objetivo investigar os sistemas que estão na essência da subjetividade de mulheres lésbicas a partir da meia idade. Para tanto, são utilizadas entrevistas biográficas, segundo Gersick e Kram, que propõem três encontros com cada participante, focando o passado, o presente e o futuro em relação às suas vivências de um modo geral. Trata-se de um estudo qualitativo, exploratório e descritivo. As participantes são mulheres com idade acima de quarenta anos, que assumiram sua homossexualidade. Os resultados ainda são parciais, entretanto, pode se perceber que os cativeiros continuam se apresentando, sob a forma de preconceitos sofridos nas próprias famílias, com amigos, no trabalho e na sociedade. Porém, é o apoio da família que permite às mulheres lésbicas a possibilidade de seguir suas vidas de maneira mais segura. Desta maneira, flexibilizando as barreiras dos seus cativeiros, não permitindo que esses se atravessem diretamente nas suas vidas e impeçam a realização de seus objetivos na busca da felicidade.
Gabrielle Gomes Ferreira (UFF)
A UFF e a Rede de Educação e saúde em Niterói para prevenção de DST-HIV/AIDS (REDUSAIDS)
Este trabalho apresenta uma experiência de Rede de empoderamento nas áreas de saúde e educação. A REDUSAIDS surge há dez anos, juntando forças de ONG de Niterói, as Fundações Municipais de Saúde e Educação e outros parceiros. A UFF vem sendo representada desde o início através das ações de extensão coordenadas pelo Profº Sérgio Aboud do Instituto de Educação Física. Neste período a REDUSAIDS tornou-se uma referência nacional no enfrentamento da epidemia. Através das reuniões os problemas e soluções são discutidos dialogicamente, fortalecendo as parcerias com os segmentos envolvidos na Rede. As ações coletivas são planejadas por comissões e executadas por todos os segmentos envolvidos: Profissionais de Saúde e Educação; alunos de Educação Básica e da UFF, populações em situação de vulnerabilidade; portadores do HIV; membros da sociedade civil organizada desde grupos LGBTTI à associação de moradores. A ênfase desse trabalho aqui apresentado é a ação voltada para o segmento LGBTTI. Temos como principais objetivos: trabalhar na formação continuada dos profissionais de saúde e educação; ofertar cursos nas áreas de sustentabilidade, saúde, educação e direitos humanos. Temos como nosso principal referencial teórico o trabalho de João Bosco Góis (2001) e Veriano Terto (1998).
Geisa de Oliveira Loureiro (UERJ), Isabela Maciel Pires (UERJ), Anna Paula Uziel (UERJ)
A sexualidade nas instituições de abrigamento: o que dizem os educadores
A partir do Estatuto da Criança e do Adolescente, novas perspectivas foram construídas para o acolhimento de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. A proposta de ter estabelecimentos pequenos e que cumpram a exigência do ECA de abrigamento durante curtos períodos ainda está aos poucos sendo implantada, bem como a qualificação dos educadores, que não segue um padrão mínimo. Ao observar a literatura, podemos notar que pouco se encontra sobre a forma como o tema sexualidade é abordado nessas instituições. Os educadores nem sempre possuem um amadurecimento sobre essas questões, tampouco o abrigo determina uma diretriz de conduta e as mensagens são contraditórias e truncadas, por parte dos adultos. Nos trabalhos que desenvolvemos observamos entraves derivados de concepções religiosas dos educadores que interferiam diretamente em seu trabalho, bem como choque de valores com a realidade experenciada pelos adolescentes. Muitas vezes a tentativa de impor valores e de prescrever comportamentos gera um distanciamento entre educadores e jovens que impede o exercício do papel de formador.
Gemilson Soares da Silva Segundo (UNIMONTES), Caroline Marci Fagundes Coutinho (UNIMONTES), Sheyla da Silva Borges
A atuação das mulheres em atividades consideradas masculinas: o caso das frentistas de Montes Claros-MG
Gilvana de Oliveira Souza Ferraz (UEM), Ivana Guilherme Simili (UEM)
“Confesso que vivi”: as masculinidades de Pablo Neruda
Nos estudos de gênero, as obras memorialísticas podem ser transformadas em fonte de pesquisa para conhecer e entender os processos de construção das masculinidades. Neste trabalho, o livro “Confesso que vivi”, de Pablo Neruda, é analisado sob o foco da masculinidade. No universo literário, Neruda (1904-1973) é tido como um dos mais importantes poetas do século XX. Na obra selecionada para este estudo, a imagem que se depreende para o autor é de que ele foi um homem que viveu intensamente a afetividade e a sexualidade. Por esta característica da obra, nas narrativas feitas pelo autor para descrever a infância, a juventude e os casamentos, identificamos e mostramos como ele cria significados para a sua trajetória como homem. A hipótese é a de que, por meio de Neruda é possível conhecer e compreender a sociedade e cultura chilena, do início do século XX,  acerca da educação dos meninos, dos valores e sentimentos compartilhados pelos homens nos relacionamentos amorosos e na vivência da sexualidade, ou seja, os matizes das masculinidades que permeavam e ditavam os comportamentos dos segmentos masculinos no período.
Glaciane Heil dos Santos (UFPR), Patricia Bueno Pluschkat
Mulheres de mim, melhores memórias: uma montagem feminista?
Glauco de Sousa Backes (UFSC)
Karla Camuracci: a trajetória de uma transexual em busca do seu lugar plural dentro da sociedade florianópolitana
A perfeição do corpo feminino sempre esteve no imaginário do ser humano, artistas, poetas, escritores, pintores, escultores, médicos e também por aqueles que ao se olharem no espelho se perceberam diferentes do que viam. Transexuais perseguem a forma feminina e tentam traduzir através dessa imagem um sentimento interior de insatisfação pessoal. A sociedade ainda hoje se choca com essas representações e cria barreiras para a entrada daquelas que por serem diferentes rompem as mesmas e tornam-se o que o espelho não pode mostrar. A pesquisa estuda o caso da cabeleireira Karla Camuracci, impedida de fazer um curso de formação no SENAC em 1975 por ser transexual com características femininas físicas e em suas representações no vestuário. Depois de conquistar seu espaço dentro do SENAC, não deixou de se mostrar como mulher e a aceitação proporcionou a Karla ascensão social e aceitação local da figura da transexual culminando nos dias de hoje com homenagem da câmara como cidadã florianópolitana e possivelmente a primeira transexual não operada a ter o direito de mudança do nome na certidão de nascimento e conseqüente na carteira de identidade.
Gleide Regina de Sousa Almeida Oliveira (UFBA)
Violência conjugal e denúncia do agressor: um estudo bibliográfico
A violência conjugal é um fenômeno complexo baseado na diferença entre os sexos numa relação íntima e uma das formas de enfrentamento da mulher é a denúncia do agressor na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM). Este estudo de natureza bibliográfica teve como objetivo identificar como as publicações científicas abordam a denúncia realizada por mulheres em situação de violência conjugal. É apresentada uma revisão bibliográfica da produção científica sobre violência conjugal e a denúncia realizada por mulheres contra o agressor no período de 2004 a 2008. Foi observado que as 10 publicações que atenderam aos critérios determinados para alcançar o objetivo deste estudo estavam inseridas na base de dados da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), tornando-se esta a fonte de informação. A análise das publicações evidenciou que os direitos reivindicados pelas mulheres, segundo os autores, não se coadunam plenamente à lógica universalizante que configura a cidadania proposta legalmente. Compreender o que a mulher espera da denúncia e os motivos que a faz desistir da denúncia ou da sua continuidade, são apontados como problemas a serem desafiados na delegacia especializada.
Gregory da Silva Balthazar (PUC - RS)
Plutarco e a Ocidentalização de Cleópatra
Ela foi a sétima Cleópatra da dinastia dos Ptolomeu, a rainha das duas nações, Thea Philopator, a deusa que ama seu pai, Thea Neotera, a jovem deusa; filha de Ptolomeu Neos Dionysio; amante de Caio Júlio César e Marco Antônio; mãe de Ptolomeu XV César, de Alexandre Hélio, de Cleópatra Selene e de Ptolomeu Filadelfo. Nesse contexto, o presente trabalho tem por objetivo compreender, sob a ótica do gênero como categoria de análise, como essas múltiplas faces da última soberana lágida foram retratadas por Plutarco. Assim, evidenciando as contribuições do discurso plutarquiano na construção de uma imagem ocidental acerca da rainha Cleópatra VII.
Guilherme Araújo Caetano (PUC-GO), Raiza Nogueira de Souza Afonso
Articulação entre extensão, tráfico de pessoas e acadêmicos da área da saúde
A PUC-GO, como grande incentivadora da pesquisa e da busca de novos conhecimentos pelos seus acadêmicos, oferece o programa de extensão universitária com o objetivo de coordenar e executar os programas institucionais de extensão universitária, enriquecendo o diálogo entre a Universidade com as organizações da sociedade civil, do Estado e do mundo do trabalho. Respondendo a esta iniciativa, o projeto de extensão ''Proposta educativa sobre tráfico de pessoas/mulheres – uma construção conjuntiva com a área de turismo de Goiás'' objetiva elaborar uma proposta de processo educativo na prevenção do tráfico de pessoas/mulheres para os trabalhadores(as) das agências de turismo.
O assunto tráfico de pessoas, uma questão social de grande relevância no estado de Goiás; citado como o local que mais envia mulheres à Europa com este fim (Thalita Carneiro Ary-Abril 2009) não faz parte do currículo dos cursos da área da saúde. Logo, a extensão propicia a ampliação da atuação dos acadêmicos na comunidade, contribuindo com o enfrentamento deste fenômeno social.
Nove alunos reúnem-se semanalmente com duas professoras visando cumprir os objetivos propostos pelo citado projeto em parceria com o Ministério Público Estadual e Federal por meio do Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas de Goiás.
Gustavo Antonio Raimondi (UFU), Danilo Borges Paulino (UFU), Vera Lúcia Puga (UFU)
O gênero e o mercado de trabalho médico.
Com as transformações no mercado de trabalho, nota-se um aumento da participação feminina nos mais diversos setores, incluindo aqueles antes reservados aos homens, como a medicina. No entanto, as mulheres ainda ocupam cargos menos valorizados, tanto em termos sociais quanto de remuneração. Dessa forma, buscou-se identificar, a partir da análise de questionários, como os atributos de gênero influenciam a construção do mercado de trabalho médico a partir das perspectivas de atuação profissional dos alunos do internato do curso de Medicina da Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Das alunas que já definiram a sua especialidade médica, 69,2% almejam atuar em áreas “gerais”, como ginecologia e pediatria, que estão associadas culturalmente ao espaço feminino e a uma baixa valorização. Dos alunos que definiram a área de atuação profissional, 65,2% buscam especialidades “não-gerais”, como radiologia e anestesiologia, especialidades essas associadas a um alto componente tecnológico e a uma alta valorização. Assim, pudemos observar que a escolha por áreas de atuação profissional ainda é influenciada por fatores históricos e culturais, como os atributos de gênero, os quais funcionam como determinantes para que as figuras femininas e masculinas se mantenham em espaços específicos.
Gustavo Bento Ribeiro de Araújo (UFF), Edmundo de Drummond Alves Junior, Tauan Nunes Maia (UFF)
Os esportes na natureza: investigando o campo através das questões de gênero
O Grupo de Pesquisa Esporte, Lazer e Natureza (GPELN-UFF) se dedica a entender o crescimento de atividades esportivas praticadas em ambientes naturais e suas interfaces com diversas áreas de conhecimento. Este trabalho apresenta as discussões abordadas pelo GPELN, a partir de 2008, onde problematizamos as questões de gênero associadas às práticas dos esportes na natureza. Inicialmente investigamos a participação feminina nestas atividades através da análise de produções cinematográficas apresentadas numa tradicional mostra de filmes de montanha. Outra fonte de investigação saiu de uma pesquisa etnográfica realizada nos locais de prática do kitesurf onde foi constatada uma diferença no número de praticantes homens e mulheres. Procurou-se responder: Como as mulheres se inserem nesta prática? O que determinaria essa escolha:as especificidades técnicas ou construções socioculturais? Recentemente temos investigado uma característica de um tradicional esporte na natureza, o surf, que nos pareceu andar na contramão dos demais esportes. Enquanto uns procuram ignorar o gênero como determinante do aprendizado, algumas escolas de iniciação neste esporte são exclusivamente femininas. O que leva a este fato? Questões de mercado ou empoderamento feminino? Atualmente, busca-se compreender o que levou um grupo de homens gays a se organizarem tendo como finalidade a prática do montanhismo.
Gustavo Henrique Ribeiro Martins (UFF), Sérgio Ricardo Aboud Dutra (UFF)
Atividades físicas e empoderamento de mulheres de classes populares: uma proposta do PET Saúde UFF
Neste pôster apresentamos uma proposta de trabalho desenvolvida no PET Saúde da UFF em uma unidade do PSF em Niterói. Partindo do conceito de promoção à saúde, realizamos um levantamento de atividades que a comunidade atendida gostaria de realizar. Decidimos privilegiar para esta ação um grupo de mulheres já que nesta Unidade o trabalho é desenvolvido na saúde da mulher. Durante o desenvolvimento das atividades percebemos manifestações de crescimento de auto estima no grupo o que nos levou a pensarmos na possibilidade de uma investigação partindo do conceito de Freiriano de empoderamento, na intercessão gênero e classe. Elaboramos um questionário sobre a importância das atividades desenvolvidas em relação a temas sobre promoção à saúde, bem estar, estética corporal, lazer, sexualidade entre outros. Neste momento estamos na fase de tabulação e análise, no período do evento já teremos chegado as conclusões finais, mas, parcialmente verificamos que para esse grupo específico violentado diariamente, por questões econômicas e também em relação a opressão masculina, ter um espaço de integração, socialização e lazer na sua comunidade tem funcionado como empoderamento e quem sabe de transformação.
Haika Priscilla Rocha de Santana (UFF), Rosana Pena de Sá (UFF)
Currículo, Gênero e formação de professores: reforçando a importância de se debater gênero e sexualidade nas Licenciaturas
Neste pôster apresentamos uma pesquisa que está sendo desenvolvida no curso de Educação Física da UFF, que aborda gênero, currículo e formação de professores. O interesse inicial surgiu de um trabalho de conclusão de curso ao refletirmos sobre a importância de que as Licenciaturas tenham em sua grade curricular disciplinas que discutam gênero, sexualidade e educação. Em um primeiro momento, contamos com relatos de alunos que cursaram a disciplina “Gênero e Sexualidade na Escola”, que tiveram sua forma de refletir e suas ações cotidianas modificadas, a partir do curso, no âmbito pessoal e profissional. Além da revisão bibliográfica e da pesquisa sobre os currículos de outros cursos de Licenciatura, elaboramos questionários semi-abertos para alunos de licenciaturas e futuramente para professores da rede, sobre a discussão da temática. Sobre a formação de professores, na UFF, somos o único curso de licenciatura que tem uma disciplina especifica sobre o tema, o que é um fator preocupante quanto a formação docente, tendo em vista que este é um tema pertinente e fundamental no combate as opressões em nossa sociedade, para a efetiva inclusão de todos.
Hebert Carlos do Nascimento Schott (UFRRJ), Marcella Cristina Pires (UFRRJ), Helen da Rocha Menezes (UFRRJ)
Motivos que levam a escolha da Dança de Salão
A dança é uma das mais antigas formas de expressividade já conhecida na história da humanidade. Está inserida no contexto das artes cênicas e recentemente na educação. Historicamente no contexto das danças de casais eram conhecidas como “Danças Sociais”, só eram praticadas pelos nobres e aristocratas. Existiam apenas duas modalidades a “Base Dance” e o “Pavane”, ficando popular a partir do ano de 1820, onde sugiram mais dois novos estilos a partir do Minueto, sendo o “Quadrille” e “Cotillos”, ambos substituídos pela Valsa. Desde então, outros estilos começaram a surgir, mudando o nome de Danças Sociais para Ballroom Dancing que eram dançadas na forma de Saraus (antigos bailes e cortejos) e foram trazidas para o Brasil com a vinda da Família Real. A Dança de Salão acabou ganhando o lugar dos Saraus dançantes, conquistando assim o espaço dentro da sociedade brasileira. Com o tempo os estilos foram se modificando, aperfeiçoando e tornando a sua pratica hoje em dia, peculiar e marcante. O presente estudo, em andamento, tem como objetivo investigar os motivos que levam pessoas moradoras dos municípios de Nova Iguaçu e Campo Grande no Rio de Janeiro a praticarem a Dança de Salão. Este trabalho esta sob orientação da Prof. M. Sc. Valéria Nascimento-DEFD/UFRRJ.
Helena dos Santos Candiota (UFPEL), Daniel Luis Moura Vergara (UFPEL), Claudia Turra Magni
A visibilidade do corpo doméstico
Em Pelotas existe um sindicato dirigido para empregadas domésticas, que tem como objetivo socializar e atende-las. A partir desse espaço busquei perceber como ocorre a corporalização da mulher em seu ambiente de trabalho tendo a hipótese de que ela se corporaliza atraves de seus atos e de seu trabalho. Seu corpo é percebido como parte do ambiente de tarefas domésticas, um patrimônio destinado a cuidar do espaço familiar de outrem. O objetivo desse trabalho foi perceber as marcas corporais e psicológicas das trabalhadoras domésticas a partir de suas renuncias sociais como mulher. Conceitos antropologicos – tais como técnicas do corpo e performance foram utilizados para discussão teórica dos dados empíricos colhidos através de observações participantes. Essa organização do trabalho exige uma dedicação corporal intensa que faz com que a empregada doméstica “morra socialmente”. Pela exigência de suas atividades há uma invisibilidade do corpo saudável, decorrente de um processo de ansiedade, insatisfação, entre outros, que se tornam insuportáveis para essas mulheres. Portanto, o ser mulher fica limitado ao fazer tarefas domésticas alheias e cuidar dos filhos dos outros, com seu próprio espaço social como, por exemplo, a família, sendo relegado a segundo plano.
Helena Isoppo Schmid (UNISUL), Jussara Bittencourt de Sá (Unisul)
Análise de gênero e função social nas designações das ruas de municípios das Microrregiões da AMUREL e AMREC
O presente projeto enseja-se dos dados efetuados a partir do projeto de pesquisa “Análise da Influência da Colonização na Escolha dos Topônimos”. Percebeu-se, ao ser focalizado com mais especificidade, a relevância de se aprofundar na investigação da análise dos gêneros (masculino/feminino), das funções sociais e profissões em designações das ruas de municípios. Foram analisados e catalogados arruamentos dos dez municípios das Microrregiões da AMUREL e da AMREC. A partir do estudo foi confeccionado o material didático multimídia intitulado: “Topônimo: Memória, História e Cidadania”. Esse material está sendo utilizado no Ensino Fundamental como ferramenta de identificação local através do resgate da memória, da investigação, destacando o estudo dos gêneros e das funções sociais como um importante campo investigatório para avaliar, como e que, contextos podem ser refletidos.
Hellen Olympia da Rocha Tavares (UFU)
Reflexões sobre situações de violência conjugal contra mulheres – Uberlândia/2000-2007
Hellena Bonocore Morais (PUC - RS), Amanda Pacheco Machado (PUC - RS), Lucas Gerzson Linck (PUC - RS)
Estereótipos de gênero: a naturalização de conceitos em alunos de Psicologia
Heloísa Helena de Farias Rosa (USJT)
Luta por reconhecimento. A relação homoerótica no ordenamento jurídico brasileiro
Henrique de Oliveira Arrieira (Anhanguera Educacional/Pelotas), Cristina Lessa dos Santos (UFPEL)
As questões de gênero nos estágios curriculares da Educação Física
Este trabalho pretende relatar a experiência obtida durante os estágios curriculares dos cursos de Educação Física (EF) da Faculdade Anhanguera/Pelotas eda Escola Superior de Educação Física/UFPel, realizados em escolas públicas da rede municipal e estadual da cidade de Pelotas. O estágio curricular objetiva aproximar a realidade enfrentada pelos professores no trabalho e a realidade vivida pelos alunos durante o curso. Essa aproximação que nos permite testar, criar e desenvolver atividades que não são trabalhadas na escola, mas que também nos concede diversas experiências no sentido de como lidar com os alunos e de como enfrentar as adversidades. Comparando os estágios e os tipos de trabalhos encontrados nas escolas, percebemos semelhanças nas aulas relacionadas à questão de gênero, uma vez que predominam as aulas mistas. Pudemos observar também que nas aulas mistas, as crianças, sejam elas meninas ou meninos, têm oportunidades iguais de desenvolvimento. A questão de gênero tem de ser trabalhada desde as séries iniciais do ensino fundamental, já que a separação entre "as atividades de meninas e as atividades de meninos" são impostas pela sociedade como algo natural e cultural.
Igor Henrique Lopes de Queiroz (UDESC)
A repressão aos homossexuais na Florianópolis da década de 1980
Esta pesquisa reflete sobre como a imprensa representava as/os homossexuais, em meados da década de 1980, em Santa Catarina, através do jornal Diário Catarinense, onde são percebidas notícias carregadas de preconceitos e repressão aquelas/es que fugiam à regra heteronormativa.
Libertinas/os, de má reputação, nocivas/os à sociedade. As notícias mostram como era necessária a intervenção nos espaços de sociabilidades de homossexuais. Outras, disfarçadas de um “humor” homofóbico, consideravam os homossexuais masculinos como propagadores da AIDS, num momento em que a doença era vista como altamente letal e considerada como um resultado direto do comportamento “pervertido” de homossexuais, enfatizando a homossexualidade como imoral e incorreta e produzindo sentidos e imagens negativas sobre as/os homossexuais, em especial masculinos.
Ao utilizar linguagens e ideologias que espalham e reproduzem um certo modo de ver/viver a vida e os comportamentos, aceitos e corroborados por seus leitores, o jornal acabava por provocar cada vez mais a marginalidade social e cultural, segregando as/os homossexuais das pessoas “normais” e engajadas no sistema institucional dominante.
Iran Nunes Lemes Segundo (UFG)
Participação feminina na Câmera dos Deputados e Assembleia Legislativa de Goiás
Como se sabe, ainda que componha a maioria do eleitorado a presença das mulheres na política é bastante embrionária, sendo um fenômeno que ocorre em escala mundial e não apenas local - Goiás ou Brasil. Assim o presente trabalho é fruto de um estudo que mapeia a participação da mulher na arena político-eleitoral do Estado de Goiás no período de 1982 a 2006. O objetivo de tal proposta é quantificar e analisar a participação das mulheres goianas - aumento ou diminuição – no poder legislativo estadual e federal relacionando com o impacto da adoção da Lei de Cotas no acesse desses sujeitos a essas esferas do poder. Outra proposta é a indagação de quem são essas parlamentares, qual é o perfil das mulheres que estão na política institucional. Para tal é feito um levantamento de informações como: profissão, grau de escolaridade, idade média, filiação partidária e se são esposas de políticos profissionais.
Isabel Cristina Hentz (UFSC)
Memórias de mulheres políticas: ditadura militar e feminismo em trajetórias no Cone Sul
Nas narrativas de mulheres que têm participação política atual no Cone Sul (cargos eletivos, postos no governo, posições de comando em ONGs e movimentos sociais, etc) destaca-se um período de suas vidas marcado pelos regimes militares que se instalaram nestes países na segunda metade do século XX. Este mesmo período foi também marcado, no Cone Sul e no restante do Ocidente, pela segunda onda do feminismo. Através de entrevistas com estas mulheres é possível articular a atuação política atual com suas trajetórias pessoais no período das ditaduras militares e com a segunda onda feminista, até porque muitas destas mulheres se dizem feministas. O objetivo deste pôster é analisar como o feminismo e as ditaduras militares influenciaram e marcaram as trajetórias políticas de algumas mulheres que se identificam com as idéias feministas e que atuam, ou atuaram, politicamente nos países do Cone Sul. Para isso, as fontes utilizadas serão entrevistas de história oral realizadas com essas mulheres entre 2005 e 2008. Este trabalho é resultado de pesquisa de bolsa PIBIC/CNPq, orientada pela Profa. Dra. Joana Maria Pedro e faz parte do Projeto Cone Sul, desenvolvido no Laboratório de Estudos de Gênero e História, da UFSC, cujos temas gerais envolvem ditaduras, feminismo e relações de gênero.
Isabel Fontenelle Arantes (UFSC)
"House" e deficientes: a pressão pela “normalização”
“House, M.D.”, um seriado norte-americano com uma audiência de milhares, representa um item popular da cultura mais dominante do mundo atual. Com a personagem de um médico com dor crônica e dificuldade de andar, a história centra-se na busca de curas para seus pacientes—mesmo quando contra a vontade destes. A análise destes casos revela como muitos norte-americanos enxergam os deficientes.

Examinar a cultura hegemônica, como explica Silviano Santiago em “O Entre-Lugar do Discurso Latino-Americano”, vira um ato de “reescrever” textos para resignificá-los. Nesse processo, revelam-se noções geralmente pejorativas sobre grupos marginalizados e, simultaneamente, caminhos que possibilitam não só protestar contra tais representações como também resignificá-las, intervindo assim em importantes relações culturais, econômicas e sociais.

Utilizando a teoria crítica da deficiência, proponho uma leitura crítica das personagens em House, M.D. que têm seus corpos mudados para serem “normais” apesar de insistirem que não querem mudar por questão de identidade; examinarei como o “normal” é construído; e procurarei identificar estratégias de significação e resignificação a partir do impacto que este “normal” tem sobre personagens que buscam representar todos que dele são excluídos.
Isabela Maciel Pires (UERJ), Geisa de Oliveira Loureiro (UERJ), Anna Paula Uziel (UERJ)
Gênero e sexualidade nos abrigos
A literatura sobre abrigo não trata especificamente de gênero e sexualidade, embora essas questões façam parte do cotidiano de forma intensa. Os abrigos se vêem diante de situações que requerem posicionamentos como namoro, descoberta do corpo, prostituição, gravidez na adolescência, menstruação. O dilema entre o esclarecimento sobre transformações e funcionamento do corpo, desejo e orientação sexual, prevenção de doenças e de gravidez e o risco desse diálogo aguçar a curiosidade habita a realidade de muitos centros de acolhimento. Grupos com adolescentes são organizados com fins informativos e muitas vezes não conseguem transformar o comportamento no sentido de maior cuidado deles com o próprio corpo e tomada de decisões próprias sobre saúde sexual e reprodutiva. Realizamos vários encontros de grupo com meninas adolescentes de um abrigo que teve como objetivo discutir sexualidade e gênero a partir do referencial da autonomia. Concepções tradicionais de submissão da mulher ao homem e da necessidade de sustento por parte dos homens foram temas recorrentes, assim como relatos de violência nas experiências conjugais. A ideia de um filho para permanecer com aquele que identificavam como o amor de suas vidas também esteve muito presente.
Isabella Cristina de Souza (UFSC)
Analisando o discurso feminista no Cone Sul: continuidades e apropriações entre os feminismos de “primeira” e de “segunda onda”
O movimento feminista tem sido caracterizado por possuir algumas “ondas”. O chamado feminismo de “primeira onda” teria se desenvolvido no final do século XIX e nas primeiras décadas do século XX. As feministas que viveram neste período reivindicavam, principalmente, direitos políticos, sociais e econômicos. Já o feminismo de “segunda onda”, que surge após a Segunda Guerra Mundial, lutava pelo direito ao corpo, ao prazer e contra o patriarcado. Entretanto, entre os feminismos de “primeira” e de “segunda onda” há muito mais continuidades do que a historiografia tem admitido. As diferenças entre estas “ondas” tornam-se muito menores se analisarmos como as obras de Clara Zetkin e Alexandra Kollontai, feministas socialistas de “primeira onda”, são citadas e apropriadas pelas feministas do Cone Sul, que viveram entre período de 1960 a 1990. Este é, pois, o objetivo deste trabalho. As fontes utilizadas para apontar que muitas reivindicações das feministas do início do século foram apropriadas pelas feministas de “segunda onda” são entrevistas – realizadas entre 2005 e 2007 – e textos publicados pelas mulheres que se identificaram com o feminismo do Cone Sul. Além de obras de Clara Zetkin, Alexandra Kollontai e Simone de Beauvoir.
Isabelle dos Santos França (UFRPE), Alcileide Cabral do Nascimento (UFRPE)
A lei Maria da Penha em Pernambuco: avanços e desafios (2006-2009)
Isadora Araujo Cruxên (UNB)
Movimento Feminista e Fórum Social Mundial: revendo a relação entre igualdade e diferença
Isadora Pallaro dos Reis (UEM), Carolina Panzieri (UEM)
Trajetórias de mulheres e gênero: a costura de uma cooperativa de moda pelas “Marias Maracujás”
O conceito de gênero permite analisar as trajetórias e experiências das mulheres sob múltiplos focos. Este pôster propõe-se a analisar os percursos de mulheres na criação de uma cooperativa de moda sustentável, de maneira a identificar como elas estão vivenciando as mudanças em suas condições de vida e trabalho. Os materiais empregados na análise referem-se às entrevistas e às imagens fotográficas das mulheres que participam do projeto “Mulheres entre panos e sementes: produção de roupas e acessórios para a moda”, o qual vem sendo realizado na cidade de Corumbataí do Sul (PR). Os estudos biográficos com recortes de gênero, bem como os trabalhos sobre cooperativa de moda darão suporte à análise do material selecionado para a apresentação.
Ivanete Fernandes Pereira (UFGD), Bruna Amaral Dávalo (UFGD)
Memórias de infância de professoras de criança: gênero, identidade e formação
A infância uma fase da vida humana, quando as influências recebidas contribuem para a construção da identidade, o objetivo deste foi buscar nas memórias de infância de professoras, de que modo suas concepções, no que diz respeito às questões de gênero e papéis sociais de homens e mulheres, se expressam nas suas práticas pedagógicas. A abordagem se fundamenta em obras acerca da História da Criança e Educação Infantil, Identidade e Gênero, Formação de Professores, além dos estudos sobre Memória e História Oral. Entrevistamos professoras dos Centros de Educação Infantil Municipal (CEIMS) de Dourados MS, com formação em Pedagogia e que atuam junto à Infância. Apontamentos conclusivos indicam: desconhecimento do significado dos conceitos de gênero, identidade e papéis sociais, e a consciência de que tais conceitos se expressam no cotidiano de suas atividades; ausência da discussão do tema na prática pedagógica, tanto em cursos de formação, quanto em projetos da instituição; presença de estigmas recorrentes dos modelos conservadores na história de vida das professoras; preconceito dos pais e comunidade em relação às atividades desenvolvidas com as crianças, além de concepções fundadas em perspectivas que naturalizam e reafirmam as relações de desigualdade de gênero e papéis sociais.
Ivon Rodrigues Silva Filho (FUNDAJ), Lígia Albuquerque de Melo (Fundação Joaquim Nabuco)
A mulher pescadora artesanal nas colônias e associações de pescadores(as): participação e empoderamento
Nas sociedades atuais ainda predomina o sistema social patriarcal, que se reflete nas relações sociais desiguais entre homens e mulheres e em relações de poder que afetam de forma negativa às mulheres. No setor da pesca artesanal, pode-se perceber o reflexo desse fenômeno na diminuta participação das mulheres nos espaços de poder de decisão da categoria, pois como elas são reservadas a ocupar o espaço doméstico, encontram dificuldades de se inserirem nos espaços públicos como Colônias e Associações de Pescadores. O presente trabalho tem caráter explicativo, com o objetivo de analisar como se dá a participação das mulheres pescadoras artesanais nos espaços de poder do ambiente pesqueiro, sua trajetória política, as formas de empoderamento e a inclusão dessas mulheres na hierarquia das organizações de representação da categoria. Foi realizada uma pesquisa exploratória, através de levantamento bibliográfico em bibliotecas e pesquisas em web sites. Os resultados demonstram que as relações de poder desiguais entre homens e mulheres se tornam um entrave tanto à luta dessas mulheres por seus direitos previdenciários e trabalhistas, quanto à efetiva ocupação dos cargos na hierarquia dos movimentos sociais de pescadores e pescadoras.
Izabelle Lúcia de Oliveira Barbosa (UFRPE)
Revistas femininas e feministas na cidade do Recife de 1900 a 1930
A modernização vivida pelo Recife na primeira metade do século XX refletiu no cotidiano da cidade, desde a estrutura física até o modo de viver de seus/suas habitantes. Sendo essa nova configuração marcada pelo surgimento dos primeiros espaços de manifestações sobre as mulheres e para elas, por um discurso masculino ou no surgimento do movimento feminista e/ou feminino. As autoras Michelle Perrot, Céli Pinto, Joana Pedro e Rachel Soihet fundamentam a pesquisa porque possibilitam estabelecer uma relação entre a história das mulheres e dos movimentos de mulheres e feministas. Cabe a pesquisa investigar o surgimento de revistas femininas e feministas que circulavam no Recife entre os anos de 1900 a 1930 e analisar como foi problematizada a sexualidade, a família e a conquista de novos espaços para e pelas as mulheres.
Janine Apª Bastos Stecanella (UCS), Najara Ferrari Pinheiro (UCS), Jeferson Batista Scholz
A representação da "nova" masculinidade e os mitos Narciso e Don Juan
Jaqueline Ferreira Holanda de Melo (UFRPE), Micheline Cristina Rufino Maciel, Maria de Fátima Paz Alves (UFRPE)
Educação Sexual com Perspectiva de Gênero numa Escola Pública: Desafios e Dificuldades
Jeffeson William Pereira (UFAM), Iraildes Caldas Torres (UFAM)
Identidade homossexual: um debate inconcluso no âmbito teórico e dos movimentos sociais
Esta pesquisa tem como objetivo de estudo a identidade homossexual, em que procuramos compreender como se estabelece o conflito interno no sujeito em meio à subversão das normas sociais. Busca-se analisar a produção de uma suposta identidade homossexual e de discursos formulados a partir dos pólos heterossexualidade/homossexualidade; e identificar as principais resistências dos sujeitos quanto à vivência de sua sexualidade. Fundamentados nos pressupostos teóricos de Michel Foucault e Judith Butler, utilizamos as categorias sujeito, gênero e identidade em diálogo com pesquisadores como Stuart Hall, Monique Witting, Lúcia Facco e Guacira Louro. Trata-se de uma pesquisa de iniciação científica, em que ouvimos em entrevista gays e lésbicas usuárias do Centro de Referência de Combate à Homofobia Adamor Guedes localizado em Manaus. Constatatou-se a existência do incômodo da sociedade provocado pela homossexualidade ao evidenciar a possibilidade de rompimento da normativa heterossexual e ultrapassar fronteiras consideradas “naturais” ou fixas, bem como a superação da discussão identidade/diversidade em termos da oposição hétero/homo. Conclui-se que há necessidade de maior interlocução epistemológica envolvendo conceitos como orientação sexual, gênero, raça/etnia e classe social.
Jessica Gomes Machado (UEPB), Thays Felipe de Oliveira David (UEPB)
Perspectivas de gênero: Uma análise sobre as Metas do Milênio e o papel das mulheres nas Relações Internacionais
Jéssica Martins da Silva (FURG)
“Por que os homens não escutam as mulheres?” Discutindo gênero na escola a partir do filme Mulan
Este trabalho é referente a um projeto desenvolvido com alunos/as do 3º ano em uma Escola Municipal de Ensino Fundamental situada na periferia da cidade do Rio Grande-RS, com o objetivo de discutir e problematizar representações de gênero, traçando um paralelo entre a cultura ocidental e a oriental, a partir do filme de animação Mulan. Para tanto, houve uma conversa inicial sobre o entendimento dos/as alunos/as acerca das representações de gênero e, em seguida, a exibição do filme. Após, discutimos as feminilidades e masculinidades apresentadas na animação, fazendo um contraponto com o nosso contexto sócio-cultural. Por fim, foi solicitado que as crianças desenhassem e escrevessem sobre uma cena do filme que tenha sido significativa. Essa produção, juntamente com as falas das crianças, constitui o corpus de análise dessa pesquisa. A partir de metodologia utilizada, percebemos os entendimentos dos/as alunos/as sobre as questões de gênero, o que vem sendo construído com eles/as e o que vem permeando a constituição de suas identidades. As análises preliminares apontaram alguns significados em relação ao masculino e feminino para esse grupo de alunos/as, como por exemplo, o entendimento de que ambos os gêneros podem desenvolver as mesmas atividades e ter as mesmas atitudes.
Jessica Silva Andrade dos Santos (UFRJ), Ludmila Fontenele Cavalcanti, Roberta Matassoli Duran Flach (UFRJ)
Prevenção da violência sexual na internet: análise de 60 sites
Introdução. Este trabalho vincula-se a pesquisa integra o projeto de extensão “Prevenção da violência sexual”, cujo objetivo é dar visibilidade ao tema da prevenção da violência sexual. Objetivo. Analisar a informação disponível através de sites relacionados ao tema da violência sexual, de maneira a subsidiar a atualização do site www.ess.ufrj.br/prevencaoviolenciasexual. Metodologia. Foram levantados 60 sites relacionados com a violência sexual disponibilizados no site da SPM. As categorias analisadas foram: conteúdo, público alvo, instituição responsável, cor e publicação. Resultados. Os conteúdos apresentados nos sites se referem às diferentes formas de enfrentamento à violência sexual, tais como garantia dos direitos, resgate dos movimentos sociais, abordagem sobre a igualdade de gênero e políticas públicas; o público alvo são mulheres e a sociedade civil; as instituições responsáveis são organismos internacionais, instituições públicas e organizações não governamentais; as cores predominantes são lilás e azul; a maioria dos sites disponibiliza publicações em diferentes formatos. Conclusão: Colocar a informação sobre a prevenção da violência a disposição dos profissionais de saúde tem sido uma estratégia adequada para a incorporação do tema nas unidades de saúde.
Joana do Prado Puglia (UNISC), Rossana Bogorny Heinze Schmidt (UNISC), Marcela do Prado Puglia (UNISC)
Homofobia na Universidade: um estudo exploratório
Este trabalho é resultado de uma pesquisa realizada por acadêmicas do Curso de Psicologia da Universidade de Santa Cruz do Sul, quando cento e trinta e oito acadêmicos, de diversos cursos sorteados, responderam a um questionário, com o objetivo de detectar a existência do fenômeno da homofobia dentro da instituição, bem como conhecer a concepção de homossexualidade entre os alunos da UNISC. Todo o processo, embora os acadêmicos tenham tido um cuidado visivelmente elaborado para manter-se dentro de uma postura politicamente correta, apontam para uma tolerância, mais do que um posicionamento de igualdade, de forma que mais ainda sente-se validado o comportamento heterossexista. De maneira geral, o presente estudo veio a incentivar os investimentos destas acadêmicas em direção ao esclarecimento quanto ao fenômeno que, embora aparentemente inexistente nesta instituição, se manifesta de forma sutil, deixando suas marcas de discriminação.
João Fernando Pereira Lima (UFPA)
A construção da identidade gênero e a gravidez adolescente na escola: um estudo na escola Dr. José Márcio Ayres.
José Carlos Vieira Junior (UFF), Sérgio Ricardo Aboud Dutra (UFF)
Banco de Dados na Área Interdisciplinar de Relações de Gênero da UFF: um projeto investigativo
Este trabalho apresenta o resultado parcial de um Projeto de Extensão e Pesquisa do Instituto de Educação Física da UFF, coordenado pelo Profº Sérgio Aboud. O principal objetivo deste é expandir a divulgação de trabalhos acadêmicos centrados na área interdisciplinar de Relações de Gênero, através da construção de um banco de dados para uso do domínio público, partindo da produção realizada na UFF, em monografias, dissertações e teses dos cursos de graduação e pós-graduação em Educação, Letras, Serviço Social, História, Psicologia, Educação Física, Ciências Sociais, Enfermagem e Direito, no período de 1968/2010, inicialmente, tendo como base os acervos de algumas das nossas bibliotecas. A pesquisa desenvolvida se propõe a realizar a análise e significados antropológicos e sociais desta produção. A primeira fase do trabalho consiste na construção de um banco de dados com os resultados obtidos. Na segunda fase estamos trabalhando com a proposta de interlocutores etnográficos, procurando verificar as representações, as distinções teóricas, por questões cronológicas e metodológicas. Acreditando que a sistematização desses trabalhos será de relevância acadêmica para pesquisadores de diferentes graus, como para outros membros da sociedade que participam da luta pela equidade de gêneros.
Josiane Pereira Santos Miranda (UFGD), Janaína Tibúrcio Moreira (UFGD)
Memória de professoras de crianças e as concepções de jogos e brincadeiras na Educação Infantil
Júlia Bellini Capelari (UEM), Cássia Cristina Furlan (UEM)
Pedagogias do corpo e construção do gênero na prática de musculação em academias
O presente projeto teve como objetivo geral fazer uma análise das expectativas de corpo que homens e mulheres possuem ao procurarem a musculação, analisar as relações de gênero presentes no ambiente das academias; verificar a pratica da musculação como uma pedagogia de corpo que constrói modelos de feminino e de masculino e, conhecer o perfil dos praticantes de musculação da academia da UEM. Justifica-se pela baixa produção acadêmica na Educação Física de estudos direcionados para a compreensão das nuances e variáveis que envolvem a musculação de academia, sendo esse um lócus privilegiado para o estudo das relações de gênero e reprodução de valores masculinos e femininos, bem como um espaço pedagógico onde se constroem representações de corpo e de gênero. Os dados provêm de questionários semi-estruturados (CAUDURO, 2004) com 60 informantes, sendo 30 homens e 30 mulheres praticantes de musculação na academia da UEM. Os critérios para seleção dos informantes foram: faixa etária entre 20-40 anos, regularmente matriculados a mais de 6 meses.
Julia Massucheti Tomasi (UDESC)
Sinos da morte, velório em casa, cortejo fúnebre e enterro: Diversas narrativas sobre as diferenças nos ritos funerários entre homens e mulheres na cidade de Urussanga (SC) no decorrer do século XX
Este banner tem por objetivo mostrar a partir de narrativas de urussanguenses as diferenças entre homens e mulheres nos rituais funerários praticados na cidade de Urussanga no século XX. Muitas são as histórias e recordações contadas pelos moradores de Urussanga sobre os rituais de morte praticados na região.
Ritos como deixar guardada a roupa que quer ser enterrado dentro do baú ou no guarda-roupa é um costume bastante antigo e está presente até os dias de hoje na cidade. Porém, conforme relata Amabile Romagna (ROMAGNA, Amabile. Entrevista cedida a Julia Massucheti Tomasi. Urussanga, 15 de Janeiro de 2010), as mulheres eram nas décadas passadas, e ainda são nos dias de hoje as que mais se preocupam com a vestimenta fúnebre, pedindo para serem veladas com uma determinada roupa, jóia e até sapatos.
Além da vestimenta fúnebre, tocar o sino de morte da Igreja Matriz após o falecimento de alguém ainda é presente nos dias de hoje. O repique dos sinos da morte modifica conforme o sexo do morto. Quando falece um homem adulto, são dados três sinais. Já para as mulheres adultas, são dados dois sinais (um sinal, pausa, o segundo sinal e repica com outro sino).
Esses são apenas dois exemplos dos variados ritos fúnebres de Urussanga praticados durante o século XX que modificam conforme o sexo do morto.
Julia Mayra Duarte Alves (UFAL), Mário Henrique da Mata Martins, Marcos Ribeiro Mesquita
E agora José? Mudanças na identidade de gênero em uma comunidade de artesãos de Maceió
O conceito de gênero tem sido elaborado de diferentes formas na história das teorias sociais. Inicialmente, a construção desse conceito trouxe à tona a denúncia de um discurso que naturalizava o papel das mulheres numa condição de subordinação social. Com o avanço do debate, outros elementos foram incorporados surgindo uma perspectiva relacional nesse campo. Este trabalho analisa as transformações nas relações de gênero a partir da inserção de homens na produção do filé, renda conhecida na cidade de Maceió e tradicionalmente produzida por mulheres da comunidade do Pontal da Barra. Realizou-se uma série de visitas à comunidade com o fim de conhecer os moradores, os artesãos, suas associações. As visitas foram descritas em diário de campo onde estão relatadas as impressões frente aos fatos ocorridos. Também realizou-se entrevistas com os artesãos e moradores da comunidade para obter informações sobre o processo de inclusão dos homens na confecção do filé. Os entrevistados foram divididos em diferentes faixas etárias considerando a discussão geracional que envolve o tema. Constatou-se uma multiplicidade de discursos acerca da produção do filé e das relações de gênero na comunidade sem, no entanto, modificar as representações hegemônicas sobre os papéis entre homens e mulheres.
Júlia Rodrigues Vieira (UDESC), Silvia Maria Fávero Arend (UDESC)
Aborto e imprensa: o olhar da Revista Veja (1995-2009)
O debate sobre o aborto no Brasil tomou vulto na última década do século XX. Este processo se acirrou devido a um conjunto de fatores vigentes na sociedade brasileira: a emergência das novas tecnologias reprodutivas levou a sociedade a discutir as noções de vida e morte; a despenalização desta prática em outros países católicos, como a Espanha; a adoção de religiões pentecostais, que defendem o planejamento familiar; e a presença de pessoas oriundas do Movimento Feminista pró-aborto na administração federal. A imprensa, entendida como formadora da “opinião pública”,possui um papel fundamental neste contexto. Através da mesma as “vozes autorizadas”, ou seja, os diferentes saberes e ideários travam disputas que constroem sujeitos, descrevem cenários sociais e edificam (ou ratificam) noções filosóficas/morais antigas e novas acerca de vida e de morte. Nesta pesquisa, de cunho historiográfico, analisa-se o discurso veiculado pela Revista Veja sobre o aborto no país. O referido periódico semanal, lido por uma parcela significativa da camada média brasileira, publicou um conjunto de matérias sobre a temática ao longo período em estudo. Essas reportagens caracterizam-se por uma fraca reflexão dos aportes do Feminismo da terceira onda em testemunhos de mulheres que fizeram o aborto.
Júlia Telésforo Osório (UFSC), Ana Carolina de Melo Martins (UFSC)
Aquela que fica, aquela que sai: Delminda da Silveira e Maura de Senna Pereira
Esta pesquisa faz parte do Projeto Acervos Digitais de Escritor@s Catarinenses, financiado pelo Projeto PRONEX/FAPESC e CNPq. A leitura dos manuscritos, dos éditos e inéditos de duas autoras catarinenses, Delminda Silveira (1854, 1932) e Maura de Sena Pereira (1904, 1991), nos leva a pensar o conceito diaspórico, descrito por Stuart Hall em Da Diáspora. As escritoras catarinenses convergem e divergem não apenas pelo local geográfico no qual viveram e escreveram sua obra, mas pelo modo de ver/ler esse espaço. Maura fez do Rio de Janeiro o seu exílio e nele deposita o seu olhar, construindo uma poética mais política; já Delminda, não saindo da ilha, foge do seu espaço palpável e visível em seus poemas, viajando e se exilando em lugares mais imaginários, sendo perceptível em sua obra um viés intimista. Aquela que fica e aquela que sai cruzam-se nesse olhar diaspórico e a aproximação entre elas se dá pela palavra poética e pelas imagens que buscam em dois mo(vi)mentos literários.
Juliana Cristina Bessa (UNESP), Andressa Benini Mendes (UNESP), Fernando Silva Teixeira Filho
“O quê que eu quero com isso?”: a desconstrução de preconceitos de gênero, raça, cor e etnia na infância
Trata-se de relato de experiência decorrente do trabalho com oficinas semanais de duração de uma hora, realizadas junto a 20 crianças com idades de 6 anos inscritas em regime de contra-turno na Instituição Casa da Criança “Dom Antônio José dos Santos”, na cidade de Assis no interior do Estado de São Paulo. No decorrer deste trabalho tem-se observado a presença de preconceitos e esteriótipos na relação que as crianças têm com as temáticas de gênero, sexualidade, raça, etnia e diferenças sócio-econômicas. A partir de jogos, histórias, desenhos e atividades físicas, estamos possibilitando a desconstrução destes esteriótipos, instigando-as à reflexão dos papéis de gênero préviamente estabelecidos e institucionalizados como norma vigente. O foco teórico deste trabalho são as teorias sócio-histórica, estudos de gênero e culturais e teoria queer. A base metodológica que nos serve para a preparação das oficinas implica a psicanálise em seu recorte de clínica ampliada, o que possibilita nos posicionarmos de modo a propiciar aos participantes a possibilidade de associação livre e exercício transferencial que lhes permitam produzir performatividades críticas em relação às produções heteronormativizadas que atravessam os seus processos de subjetivação.
Juliana Martins Silva (UFG)
As santas virgens na Legenda Áurea: o imaginário de perfeição cristã para a sociedade do século XIII
Juliana Silva Santos (UFMG)
A legitmação do silêncio no cotidiano da mulher negra brasileira a partir do Filme Bendito Fruto
O presente trabalho é parte do grupo de Iniciação Científica sobre as representações do feminino no cinema brasileiro contemporâneo, sob orientação da professora Dra. Helcira Lima (Faculdade de Letras/ UFMG). Este texto, especificamente, visa a analisar os perfis de representação acerca da mulher negra brasileira sob o viés do silenciamento enquanto categoria discursiva, tal como desenvolvido por Eni P. Orlandi (2005). Com base na hipótese de que os produtos veiculados pelas mídias possuem um determinado grau de especularidade com as relações cotidianas dos sujeitos, este trabalho tem como objeto o longa-metragem dirigido por Sérgio Goldenberg, “Bendito Fruto” (Brasil, 2005), obra temporalmente localizada na fase denominada Cinema da Retomada. A partir de pesquisa e revisão bibliográfica de estudos em Análise do Discurso de escola francesa, buscamos levantar, a partir do olhar da protagonista, situações em que o silenciamento se faz presente como produto da incorporação de comportamentos sobre a mulher negra e também por ela incorporados. Comportamentos estes que julgamos na qualidade de produto de formações ideológicas que foram e continuam a ser legitimadas historicamente. Para o desenvolvimento da análise, foram traçadas leituras das teorias de Michel Pêcheux, Eni P. Orlandi, Louis Althusser e Pierre Bourdieu.
Julião Gonçalves Amaral (UFMG)
As dinâmicas institucionais do preconceito contra LGBT’s e a emergência de identidades políticas
Kamila Thais da Silva Figueira (UNB)
O enfrentamento da violência contra a mulher a partir do Programa de Agentes Comunitários da Saúde (PACS) – Análise da experiência do Núcleo Bandeirante / DF.
A pesquisa "O enfrentamento da violência doméstica contra a mulher – Análise da experiência da Regional de Saúde do Núcleo Bandeirante (DF)", a partir dos agentes comunitários de saúde (ACS) buscou analisar a atuação dos ACS frente a violência contra as mulheres.
A preocupação com o tema da violência e seu enfrentamento no âmbito da atenção básica à saúde se traduziu em 2008, na realização do I Curso de Capacitação para Prevenção e Atendimento às Vítimas de Violência, destinado a profissionais da Atenção Básica do Programa Saúde da Família (PSF). A capacitação incluiu também os agentes comunitários de saúde (ACS), visto o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) ser considerado parte da estratégia Saúde da Família.
Por meio da realização de entrevistas semi-estruturadas com os agentes comunitários de saúde, a pesquisa identificou: a) as demandas relacionadas à violência doméstica contra as mulheres dirigidas aos agentes comunitários da saúde; b) as ações dos ACS frente às famílias em que há casos de violência doméstica contra a mulher e c) as atividades desenvolvidas pelos ACS que abordem a prevenção à violência doméstica contra a mulher.
Káren Francynne Araújo Maia (UNIMONTES)
A atuação da Delegacia de Repressão ao crime contra a mulher em Montes Claros: 1987-2007
A violência que ocorre cotidianamente no âmbito interpessoal e contra as mulheres tem, nos últimos anos, despertado maior interesse por parte dos pesquisadores das diversas áreas do conhecimento. A Delegacia da Mulher (DM) foi uma das primeiras ações do Estado no combate à violência contra as mulheres. No norte de Minas Gerais a primeira DM foi criada em 1987, em Montes Claros, apenas dois anos após a implantação das primeiras DMs no Brasil. Curiosamente, logo quando este dispositivo ganhou força em outros contextos, se generalizando país afora e a violência contra mulheres se tornou uma preocupação pública e do Estado, essa primeira delegacia encerrou suas atividades, embora os índices de violência na região continuassem elevados. Deste modo, esse trabalho tem por objetivo historicizar o processo de implantação e atuação da DM em Montes Claros através de levantamento de dados feitos em documentos da extinta delegacia, como atas e boletins de ocorrência, e entrevistas de história oral com ex-delegadas, escrivãs(aos) e policiais que atuaram no local. Acreditamos ser este um dos caminhos possíveis para compreender o crescimento nos índices da violência contra mulheres e os fatores que dificultam a eficiência da ação do Estado no combate a esse tipo de violência no município.
Karen Gabriely Sousa Santos (UFPA), Cassiano dos Santos Simão
A representação como ‘espelho’ ou representatividade sociológica:a garantia de direitos da sexualidade a partir de uma visibilidade política.
No campo da Ciência Política, no que concerne ao conteúdo da função representativa relacionada ao papel do representante, há inúmeras produções científicas que são observadas no seu aspecto prático, promovendo debates sobre modelos que a interpretam. Um deles é a representação como “espelho” ou representatividade sociológica, não sendo a finalidade política que a explique por si só, mas observando quais as características do corpo social são espelhadas no organismo representativo. O objetivo maior de análise é relacionar conceitos e experiências sobre sexualidade, abordando perspectivas a partir de movimentos homossexuais na cidade de Belém do Pará, que através da reivindicação política almejam reconhecimento social tendo em vista a garantia de seus direitos como cidadãos. A título de análise tais grupos, movimentos e partidos políticos, como: Movimento Homossexual de Belém (MHB); Grupo Homossexual do Pará (GHP) e o Grupo Apolo pela Livre Expressão sexual surgem com o intuito de defesa, e transformação da realidade político-social. Através de revisão bibliográfica, análise de conteúdo e de dados secundários, aborda-se a relação de representatividade sociológica e como esta se posiciona como alternativa de emancipação das sexualidades, através de uma política de visibilidade.
Karilene Costa Fonsêca (UEMA)
Patrimônio cultural Kríkati: rituais e oralidade dos guardiões
Este artigo analisa, a partir da memória dos guardiões os rituais do grupo indígena Krïkati. Além disso, através da oralidade dos mais velhos pretende-se que a história deste povo seja narrada dentro da visão etnológica. Surgindo então a pesquisa sobre a etnia Krïkati, localizada na Aldeia São José, no entorno da cidade de Montes Altos - Maranhão. Trata-se de identificar e reconhecer a influência deste povo na cultura da sociedade sul maranhense, denotada pela sabedoria dos Guardiões e nas suas riquezas materiais e imateriais. Portanto, de forma preliminar esta pesquisa conclui que a cultura Krïkati deve ser preservada e valorizada com elo de respeito e honradez e com o viés para a educação Patrimonial e a conseqüente justeza social.
Karina Scaramboni (UNESP), José Roberto Sanabria de Aleluia (UNESP), Antonio Carlos Barbosa da Silva
Análise do fanzine Vaginas Dentadas: uma interface entre a militância feminista e a educação informal
O desenvolvimento tecnológico, o surgimento de novas formas de comunicação e a facilidade de acesso, infligiram aos pesquisadores das diversas áreas a necessidade de desenvolver novas técnicas educativas que atingisse a população contemporânea. A partir do referencial teórico postulado por militantes feministas e da revisão bibliográfica de instrumentos educativos alternativos, encarrilhamos por compreender como a educação informal pode ser eficaz no intercâmbio entre movimentos sociais e mulheres em situação de vulnerabilidade de gênero. Partindo da premissa que a violência contra a mulher é o resultado de uma construção histórica, portanto, passível de desconstrução, é de extrema importância para autonomia da mulher o acesso ilimitado a informação. Logo, a existência do fanzine (impresso e eletrônico), enquanto material alternativo pode ser utilizado como instrumental educativo para fornecer informações no que concerne à questão de gênero. Assim, o recorte do presente trabalho averigua a operacionalidade do fanzine enquanto instrumento dialógico entre a militância feminista e a sociedade, possibilitando um espaço para construção da cidadania, no qual, a igualdade de gênero, a violência contra a mulher e a luta por direitos possam ser alguns pilares de um novo projeto social.
Karine Pásseri (CESUMAR)
Acenos e Afagos (2008): A sutil influência do preconceito
A literatura de minorias divide-se em diversas temáticas. Dentre elas, há a literatura homoerótica, que aborda a questão do sujeito homoeroticamente inclinado, como no livro Acenos e Afagos (2008), de João Gilberto Noll, cujo narrador-personagem vivencia relações hetero e homossexuais. Analisar-se-á como as atitudes do narrador autodiegético estão relacionadas à visão preconceituosa da sociedade dominante. Diante de tal contexto, questiona-se: será que ele tem consciência do preconceito existente no âmbito social? Isso influencia as suas relações heteroeróticas? E as homoeróticas, como se procedem diante disso? A partir disso, este artigo abordará tais questionamentos e, como resultado, espera-se que o personagem, inserido em um “entre-lugar”, se mostre como alguém que, por não ter coragem de transgredir as “leis” sociais preconceituosas, se submete a elas e, portanto, divide-se a uma vida heterossexual para fazer seu papel na sociedade e, ao mesmo tempo, desfruta de experiências homoafetivas às escuras, metaforizando sua invisibilidade social.
Káritha Bernardo de Macedo (UDESC)
Identidade feminina brasileira nos anos 40 - o que é que essa brasileira tem?
Com a compreensão de que a música atua como representação simbólica das relações e age como elo de consolidação de discursos, os projetos populistas no Brasil oportunamente se apoiaram em músicas que traduzissem simbolicamente o conceito então almejado de povo e de mulher brasileira. Porém, o padrão que se queria expor internacionalmente nem sempre era o mesmo que se ansiava fomentar em terras tupiniquins. Nesse ínterim, a música se destaca como instrumento de diálogo entre o Estado e as grandes camadas populares, conectando o centro do poder aos seus sujeitos. Assim, foi desenvolvido um estudo da expressão identitária da figura feminina brasileira nos anos 40, manifestos na música “O que é que a baiana tem” e do figurino de sua intérprete, Carmem Miranda. O objetivo central foi compreender qual é a representação de mulher proposta, pela música, pela performance e pelo figurino da célebre intérprete, bem como, a quem ela se direcionava. Aponta-se na conclusão como o discurso generalizante de feminino brasileiro como uma mulher mulata, divertida, curvilínea, sedutora, cheia de remelexos, rebolados e olhares, vaidosa e extravagante foi tanto exaltado além-mar, como incentivado também dentro do território nacional.
Karla Leandro Rascke (UDESC)
As Irmãs do Rosário: o papel social das mulheres freqüentadoras da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos (Desterro, segunda metade do século XIX)
O presente trabalho pretende apresentar alguns apontamentos acerca da atuação de diferentes mulheres na Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos em Desterro na segunda metade do século XIX. Mulheres vindas de diferentes portos africanos ou descendentes de africanas que em muitos momentos foram maioria quantitativa na irmandade e, no entanto, nem sempre tiveram posições de comando na instituição. Apesar das restrições a alguns cargos e à participação nas eleições, estas mulheres assumiram papéis importantes para o funcionamento da irmandade.
Karla Regina Ferreira Diniz (UNIGRANRIO), Raquel Costa de Souza Santos (UFF)
Feminização e criminalização da pobreza: uma abordagem sobre o processo de exclusão social e Marginalidade
O presente estudo tem por objetivo analisar os fenômenos recentes de feminização e criminalização da pobreza, ou seja, o crescente movimento de encarceramento feminino baseado no perfil majoritário da pobreza que inclui características geralmente comuns de gênero, cor e classe social. Buscou-se vislumbrar estes dois fenômenos sob o mesmo prisma, entendendo que os processos de exclusão social e marginalização avançada que vivenciamos nesta sociedade são decorrentes de um processo ainda maior em que estamos inscritos, isto é, a ideologia capitalista neoliberal, cuja conseqüência mais séria, a pobreza, é multifacetada e, portanto, não basta encará-la sob um único ângulo, um único olhar. É necessário e emergencial que tenhamos um olhar mais abrangente e voltado para os novos formatos que essa pobreza assume. Não somente para intervirmos nela, mas, sobretudo, para ampliarmos nossos conhecimentos sobre as diferentes faces da pobreza no Brasil. Como problemática de estudo, procuramos analisar o perfil socioeconômico das mulheres encarceradas que cumprem pena nas unidades prisionais situadas no Complexo Penitenciário de Gericinó, no estado do Rio de Janeiro. Convém destacar que este trabalho é notas do artigo Feminização da Pobreza e Criminalidade da autora Raquel Costa de Souza Santos, Assistente Social e pesquisadora como eu do grupo Maternidade e Sistema Penitenciário.
Karoline Kika Uemura (UDESC)
Brasil, Europa e Estados Unidos: os novos e/imigrantes e a construção de comunidades e laços transnacionais
O projeto de pesquisa “Conexões entre os Estados Unidos, a Europa e o Brasil: uma análise da configuração de laços transnacionais construídos pelos novos e/imigrantes brasileiros”, coordenado pela Profª Drª Gláucia de Oliveira Assis, tem por objetivo analisar a configuração de comunidades e laços transnacionais, no contexto da globalização, observando a presença de migrantes brasileiros, especificamente, das cidades de Governador Valadares/MG e Criciúma/SC, que se encontram nos Estados Unidos (região de Boston) e na Europa (Portugal/cidade de Lisboa e Cascais). No contexto da Globalização, observa-se o aumento e diversificação de fluxos migratórios, nos quais os migrantes brasileiros – no caso, valadarenses e criciumenses – se inserem como mão-de-obra no mercado internacional, com maior intensidade, a partir da década de 80 do século XX. Dessa forma, observam-se comunidades transnacionais construídas a partir de redes sociais. Nessa perspectiva, com novas tecnologias introduzidas nos meios de transporte e de comunicação, os migrantes brasileiros aprendem a conviver entre dois lugares, construindo múltiplas relações entre a sociedade de origem e o de destino: a migração internacional vai além daqueles que emigram, causando impacto na vida cotidiana das cidades de origem.
Kátia Carolina Meurer Azambuja (UFRGS), Gabriela Cordenonsi da Fonseca (UFRGS)
Mulheres Parlamentares de Esquerda: trabalham em beneficio das mulheres?
A proposta desse trabalho é analisar a produção parlamentar das três deputadas federais do Rio Grande do Sul, Luciana Genro (PSOL), Manuela D'Ávila (PcdoB) e Maria do Rosário (PT), ao longo do exercício do seu mandato, no período de 2006 a 2010. Nossa análise se baseia sobre a direção da produção legislativa. Nossa hipótese é que mesmo sendo elas mulheres de partidos brasileiros de esquerda, elas não tem uma produção exclusivamente voltada para as mulheres e a melhoria de sua condição de vida. A proposta é confirmar ou refutar essa hipótese.
Keissiane Michelotti Geittenes (UNIOESTE), Vanuza Andressa Braga (UNIOESTE)
A ocupação do espaço público pelas mulheres agricultoras a partir da organização sindical no Sudoeste do Paraná
Kelly Naiane Pinheiro Gaia (UFPA)
Duas cenas: as concepções sobre o corpo de jovens estudantes influenciadas pela escola e pela mídia televisiva
Késsia Rosaria de Sousa (UFMA)
Gênero e religiosidade: um estudo sobre as representações das personagens femininas em A Canção dos Nibelungos e Volsunga saga
Kim Martins Knoche (UDESC), Gláucia de Oliveira Assis (UDESC)
As representações sobre os novos migrantes brasileiros rumo a Europa: gênero, etnicidade e preconceito
Esta pesquisa buscou analisar as imagens e representações construídas sobre os migrantes contemporâneos, em particular os migrantes brasileiros, na mídia nacional e internacional, tendo como objetivo analisar como as questões relativas à migração são abordadas na imprensa e em que medida essas imagens reforçam ou não o processo de criminalização das migrações, o qual tem se intensificado principalmente após os atentados de 11 de Setembro de 2001 nos EUA. Dentro desse contexto abrangente se focou, em um primeiro momento, no caso da morte do brasileiro Jean Charles de Menezes em Londres, e toda a discussão em relação a imigração na Europa suscitada a partir deste incidente. Em um segundo momento analisou-se as representações da mulher brasileira imigrante na Europa, verificou-se que, quando estas são tema na mídia de massa, elas estão freqüentemente associadas a questões como o tráfico de mulheres, prostituição, desrespeito e certa sensualidade exótica, além de raramente aparecerem como protagonistas de seu próprio processo migratório. Por fim, foram analisadas as reportagens de sete grandes jornais (da Espanha, Portugal, Inglaterra e Brasil) ao longo de todo o ano de 2008.
Laís Alice Oliveira Santos (UFU)
Meninos e meninas: sinais da reprodução dos valores negadores de uma identidade emancipadora
Laís Cristine Ferreira Cardoso (UNICAP), Nataly de Queiroz Lima (UFRPE)
Mídia e Aborto: uma análise das matérias sobre o Caso Alagoinha no Jornal do Commercio
Láisson Menezes Luiz (UFG)
D. Dinis e o homicídio das mulheres adúlteras. Ley daqueles que matam as molheres sem merecçjmento dizendo que lhis fazem torto e nom sabendo ante a uerdade
Lara Roberta Rodrigues Facioli (UNESP), Karine Dutra Rocha Viana, Juliana de Oliveira (UNESP)
Relações de gênero no processo de esolha das tecnologias conceptivas
Larissa Amorim Borges (PUC Minas), Renata Cristina Belarmino, Manuela de Sousa Magalhães (PUC Minas)
Corpo negro em movimentos
O racismo e o sexismo são lógicas de dominação produtoras de tensões internas e externas aos sujeitos que marcam a subjetividade e o corpo em todo seu processo de desenvolvimento, limitando o prazer e o poder desses atores em se auto-determinar e exercer plenamente seus direitos. Considerando que o corpo e a identidade são esculpidos pelas vivências e pela localização sócio-político-afetiva de seus sujeitos, este trabalho busca partilhar a sistematização de um processo de observação-participante junto a jovens negras ligadas a Cultura Hip Hop e ao movimento de mulheres de Belo Horizonte, numa perspectiva feminista negra. Apresentamos aqui reflexões sobre as possibilidades de reinvenção e alteração das expressões e percepções corporais de mulheres negras a partir da sua participação político-cultural. Para isso, nosso trabalho está organizado da seguinte forma: I - Diásporas do corpo: imagens que a violência racial e o sexismo esculpem II - Corpos em Movimentos: subjetivos, corporais, sociais e culturais III - Negritude e Resignificação: Corpo Negro Território de Beleza. Expressa-se neste trabalho a construção coletiva e individual de um “Nós Mulheres Negras” capaz de provocar deslocamentos diversos.
Larissa Viegas de Mello Freitas (UFSC)
Participação de mulheres rurais em movimentos sociais no período de ditaduras militares no Cone Sul: comparações entre Brasil, Paraguai e Bolívia (1979-1989)
Os países do Cone Sul viveram, entre fins das décadas de 50 e 80, sob a vigência de regimes militares com governos marcados por forte repressão. Esse fato trouxe à tona uma série de reivindicações políticas e o surgimento dos mais diversos tipos de organização e movimentação social, dentre as quais destaco os movimentos sociais que ocorreram na área rural. Neste pôster procuro observar, a partir de uma perspectiva de gênero e utilizando o método comparativo de análise histórica, a trajetória de mulheres que atuaram em movimentos sociais no campo no período de ditaduras militares que ocorreram no Brasil, no Paraguai e na Bolívia, entre 1970 e 1989. Observo também os possíveis contatos que ocorreram entre essas mulheres e o feminismo de segunda onda ― movimento que emergia naquele momento ― e a relação disso com suas práticas políticas dentro das organizações em que faziam parte. Este estudo se utiliza de fontes orais, cujas entrevistas foram feitas nos anos de 2007 e de 2008 com mulheres dos três países em questão; além disso, são utilizadas bibliografias relacionadas a esse tema.
Larissa Zanetti Antas (UFF)
Relações de gênero e movimento feminista pelos olhos da menina Mafalda
Este trabalho apresenta o resultado parcial de um trabalho de pesquisa. Trabalhamos com a personagem criada por Quino, Mafalda. As tirinhas foram feitas nos anos sessenta uma época de turbulência, marcada por crises na América Latina e pelo aparecimento do Movimento Feminista. Mafalda é um personagem que representa um símbolo de contestação e liberdade. Sempre questionando os problemas vistos na sociedade da época, como a progressiva mudança de costumes e a introdução da tecnologia no quotidiano.A personagem, junto a seus amigos, desconstrói as visões conservadores sobre a política, a moral, a cultura. Partindo do princípio que os assuntos abordados pela menina eram pensamentos ligados “aos homens”, logo essa personagem aparece para subverter a lógica social da época, bem como romper com a idéia de que a mulher tem como função a vida doméstica. O principal assunto é a transição do papel da mulher na sociedade. É possível notar a diferença entre os pensamentos da menina Mafalda com os de sua mãe, em relação ao papel social feminino. Partimos do referencial teórico de Scott (1995). Ao analisarmos as histórias da Mafalda situamos as relações de gênero no tempo/espaço, e as permanências e mudanças nas questões contemporâneas. Assim, este trabalho cumpre sua relevância social.
Laura D'Agostin Nesi (UNESC), Luciana Nolla Pizzollo, Monica Ovinski de Camargo (UNESC)
“Matar por amor?”: estudo dos inquéritos policiais e processos judiciais de femicídio na Comarca de Criciúma-SC, entre os anos de 1999 a 2009, na perspectiva dos direitos humanos das mulheres
Os índices de femicídio no Brasil, entendido como o assassinato de mulheres baseado em gênero, tem se tornado cada vez mais preocupante, tendo em vista que a prática desse crime constitui grave violação dos direitos humanos das mulheres. Os avanços alcançados pelas lutas dos movimentos feministas, que resultaram em conquistas importantes no campo da igualdade de gênero, faz com que haja a falsa percepção social de que a violência com base em gênero acabou. No entanto, a igualdade perante a lei se defronta com a desigualdade e a violência em âmbito doméstico e familiar. Nesse sentido, a partir de pesquisa realizada no Fórum da Comarca de Criciúma, constatou-se a existência de 60 casos de mortes violentas de mulheres, num universo de 496 inquéritos e processos de crimes contra a vida registrados nesse período. Da análise parcial dos dados, verificou-se 36 processos e inquéritos, dos quais 47,25% foram caracterizados como crime passional de femicídio tentado ou consumado, 16,66% tentativa ou consumação de assassinato por outras razões, 13,88% suicídio, 8,33% atropelamento, 5,55% erro médico e 8,33% em demais casos. Assim, a maior proporção do femicídio dentre as causas de morte violenta nesse estudo, serve como indicador regional de uma realidade sofrida pelas mulheres no Brasil.
Laura França Martello (UFMG)
Trocas e tensões entre teoria feminista e multiculturalismo: revisão e análise
O presente trabalho é um esforço teórico de revisão e análise das interseções e trocas entre as teorias feministas e as do multiculturalismo. Os encontros entre esses dois campos, tão diversos internamente, tem sido muito fértil, pois explicitam uma série de conflitos a respeito dos direitos das mulheres, de minorias sexuais, de minorias étnico-raciais e diferentes práticas culturais. O feminismo gera fortes questionamentos @s teóric@s do multiculturalismo, em especial relativos às relações de poder nos mais diferentes grupos e espaços. Por outro lado, para diversas autoras feministas a discussão do multiculturalismo tem se tornado cada vez mais central, especialmente por colocar em questão o modelo de emancipação feminina formado em padrões europeus, brancos e burgueses. Algumas, já internacionalmente reconhecidas, como I. Young, S. Benhabib, S. Okin, N. Fraser, J. Butler e A. Phillips vêm encarando esses desafios, com a colaboração de divers@s autor@s dos estudos culturais, pós-coloniais e da discussão sobre justiça social. Indo mais além, as feministas latino-americanas têm enfrentado tais dilemas, construindo perspectivas teóricas alternativas, baseadas em diálogos sul-sul e em visões críticas da emancipação das mulheres e de outras minorias.
Laura Helena Silva de Almeida (UFF)
A desigualdade na formação de papéis masculinos e femininos
Este trabalho é um dos resultados do Projeto “Juventude e Homoafetividade: Direitos Sexuais são Direitos Humanos” do IEF/UFF. Trabalhamos com o conceito de direitos sexuais enquanto direitos humanos, portanto, básico para o bem estar de um cidadão. O nosso principal objetivo é expandir o trabalho centrado na luta pelos direitos sexuais, como condição à construção de cidadania. Aqui nos propomos a discutir as variadas forma de dominação masculina sobre as mulheres (independente de sua identidade sócio-sexual), sendo física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral, tendo como base as formas diferenciadas, da construção dos papéis sócio-sexuais durante a infância. E analisar estas reproduções, a partir da história da dominação masculina, para juntos conquistarmos uma sociedade baseada na equidade de gêneros. A dominação masculina e a violência contra mulheres são questões interligadas. Estas diferenças entre as representações sócio-sexuais é uma questão processual histórica e cultural, onde se constroem os papéis tanto do masculino, quanto do feminino, entretanto, não se tratam de categorias fixas quando falamos de gêneros, mas sim de lugares sociais móveis e provisórios. Como principal referencial teórico estamos usando BOURDIEU, (1998). WELZER-LANG (2001).
Layla Vitorio Peçanha (UERJ)
Estudo da interseccionalidade entre “raça”, gênero e sexualidade
Lázaro Castro Silva Nascimento (UFPA), Adelma Pimentel (UFPA)
Violência e homossexualidade masculina: atuação da Delegacia de Combate aos Crimes Discriminatórios na cidade de Belém
Este trabalho se insere no campo de estudos fenomenológicos gestálticos e visa abordar repercussões das violências física e psicológica dirigidas a homossexuais. O Brasil é um dos países que mais agride esse gênero, por isso a importância desse estudo. Dentre as facetas do ato violento destacamos as violências física e verbal, que podem culminar na psicológica. Esta é danosa ao ser humano, pois, embora não deixe marcas visíveis, pode gerar baixa auto-estima e problemas no desenvolvimento pessoal. O objetivo da pesquisa é examinar os boletins de ocorrência da Delegacia de Combate aos Crimes Discriminatórios de Belém, a incidência e o tipo de denúncias de atos violentos a que estão afetados os homossexuais. Procedimentos: O material de análise foram os boletins de ocorrência registrados nos anos de 2007 e 2008. Após o levantamento de dados, cotejamos o material empírico à literatura da área para verificar quais idéias estavam associadas à violência encontrada. A literatura aponta alguns fatores, entre eles: a visão de inferioridade acerca da vítima e o ideal de que a homossexualidade é moralmente errada. Resultados da análise bibliográfica: a vivência homossexual nos campos psíquico e social, de modo pleno, ainda é difícil apesar de já haver proteção jurídica contra tais crimes.
Leane Aparecida da Silva (PUC - RJ)
Gênero e educação intercultural: os caminhos da produção acadêmica no Brasil
Leide Sayuri Ogasawara (UFSC), Jane Maria de Souza Philippi (UFSC), Patrícia Alves de Souza
Casa da Mulher Catarina: ensinando cidadania e igualdade - prevenindo a gravidez na adolescência
O projeto Casa da Mulher Catarina é uma extensão do Departamento de Saúde Pública da Universidade Federal de Santa Catarina que visa refletir e agir sobre a mulher e sua condição, realizando debates, palestras, oficinas e capacitações. Realiza palestras com o tema Gravidez na Adolescência com o objetivo de esclarecer e prevenir a gravidez em adolescentes, considerada de alto risco. Em 2009, a Casa realizou palestras, utilizando data-show, e debates sobre este tema com os estudantes da Escola de Educação Básica Laurita Dutra de Souza, em São José, SC. Participaram das atividades 109 alunos da escola da 5ª e 6ª séries do ensino fundamental. Enfatizou-se a responsabilidade compartilhada na gravidez, o alto risco atribuído à gravidez na adolescência, os métodos contraceptivos e a importância de evitar a gravidez indesejada, já que a adolescência é a época da formação do ser humano como cidadão, incluindo-se aí as descobertas, o estudo, as amizades, o esporte e a diversão, e não deve ser desperdiçada precocemente com atribuições de adultos, como a gestação e a criação de um filho. As atividades foram importantes para a conscientização dos estudantes e também para o esclarecimento de alguns professores sobre o assunto. A bolsista sentiu-se útil no preparo das atividades e nas discussões, onde usou o conhecimento aprendido na Universidade.
Lélia de Castro Gramignolli (UNESP)
Pedagogia queer(?): uma proposta fluida
A sociedade em que vivemos é fundamentada em relações de poder que classificam, hierarquizam, homogeneízam os seres humanos segundo comportamentos e pensamentos construídos sócio-culturalmente; e aquelas(es) que não correspondem a estes padrões determinantes são categorizadas(os) e, com isso, excluídas(os) e discriminadas(os) . Por meio das sutilezas existentes no espaço escolar, onde as relações de poder se legitimam e impõem ao indivíduo que aceite e se submeta à norma vigente, que o presente trabalho inicia. O presente trabalho discorre sobre as constatações iniciais de uma pesquisa que tem como objetivo investigar as relações existentes dentro do espaço escolar que culminam na categorização e separação das(os) estudantes desde cedo - em atividades, jogos, brinquedos e disposição dos espaços - promovendo a relação direta do sexo biológico com a identidade de gênero, fixando uma identidade sexual. Para isso, será realizada uma pesquisa a fim de verificar como a heteronormatividade compulsória está presente especificamente no contexto escolar, tendo como referencial teórico a teoria queer , sendo assim, por meio da teoria acerca da pedagogia queer, busco subsídios para uma educação equitária.
Leonardo Francisco de Azevedo (UFJF), Anderson Ferrari
O/a professor/a frente à homofobia na escola: o que el@s têm a dizer...
Lidiane Bruno Sertorio (UFRRJ)
Migração, educação e gênero: a trajetória das mulheres migrantes na turma de EJA em Nova Iguaçu
Lidiane Raquel da Silva Nominato (UFMG), Charles Martins Muniz
As Faladeiras
Lilian Back (UFSC)
Moral revolucionária revisitada: depoimentos das militantes da esquerda armada brasileira e argentina
Esse trabalho é um dos frutos da pesquisa “Relações de gênero na luta da esquerda armada: uma perspectiva comparativa entre os países do Cone Sul (1960-1979)” e foi orientado pela Profa. Dra. Cristina Scheibe Wolff (LEGH/UFSC). Ele está centrado na comparação das rememorações da moral nos grupos de EA dos dois países por suas ex-militantes. A comparação estabelecida é dupla: diz respeito à observação de semelhanças e diferenças entre a “moral revolucionária” e das memórias sobre ela; e dos depoimentos de mulheres que se identificaram em algum momento com o feminismo e os das não envolvidas nessas discussões.
As entrevistas coletadas apontam para uma série de semelhanças entre a moral revolucionária forjada pelos grupos de ambos países. Entretanto, na Argentina, ela foi mais elaborada e era interpretada como uma forma de luta contra o capitalismo. Aqui, com as organizações imersas na “dinâmica da clandestinidade”, foi formada uma moral mais pragmática, ancorada nos princípios de segurança e proteção do grupo. As memórias das ex-militantes variam de acordo com a identificação delas ou não com o feminismo. As feministas afirmaram que a moral era rígida demais e que eram discriminadas dentro das organizações por serem mulheres, observações menos enfáticas no caso das não feministas.
Lilian Cerquetani Sousa (UNESP), Fernando Silva Teixeira Filho, Lilian Aparecida de Araújo (UNESP)
Enfrentamento da Homofobia por Práticas Psi
O projeto de extensão e estágio Clínica das Diversidades Sexuais desenvolvido junto ao Departamento de Psicologia Clínica (UNESP de Assis), aliado as conquistas dos direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT), tem o intuito de conhecer teórica e praticamente as questões relacionadas à produção da discriminação em relação às sexualidades dissidentes do dispositivo heteronormativo. Para tal, realizamos ações clínicas que vão desde atendimentos individuais com base no método psicanalítico e tórias pós-estruturalistas à acolhimento e plantões junto ao Centro de Referência em Direitos Humanos no Oeste Paulista (CR) instaurado na ONG Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre as Sexualidades (NEPS). Além destas atividades realizamos intervenções de cunho informacional e reflexivo, como cine-debates semanais em torno da temáticos LGBT. Até o momento, atendemos 10 casos vitimas de violência homofóbica e 5 pacientes heterossexuais com queixas de disfunções sexuais. Por fim, observamos a necessidade de incluir na clínica psicológica as discussões promovidas pelas teorias de gênero e pós-estruturalistas, que levam em consideração referentes sociais relevantes nos processos de subjetivação.
Liliana Lopes Pedral Sampaio (UFBA), Maria Thereza Ávila Dantas Coelho (UFBA)
Aspectos psicológicos e éticos nas novas demandas feitas ao Setor Saúde por pessoas transexuais
Falar sobre a transexualidade é falar sobre a dor da existência em um corpo cujo sexo biológico está em desacordo com o gênero a que se sente pertencer. Em busca de uma adequação, as pessoas transexuais optam por cirurgias e hormonioterapia para desenvolvimento dos caracteres secundários. A realização desses procedimentos pelo SUS requer uma avaliação e acompanhamento multiprofissional, com conseqüente parecer favorável ou desfavorável à sua realização. Este trabalho exploratório pretendeu investigar o drama vivido por essas pessoas na conquista de uma harmonia com seus corpos, incluindo os períodos pré e pós-cirurgia e demais procedimentos. Foram entrevistadas sete pessoas transexuais, através de entrevistas semi-estruturadas, que já tivessem realizado a cirurgia ou estivessem em vias de realizá-la. Observou-se que a infância e a adolescência deles foram marcadas por conflitos, discriminação, isolamento e depressão, o que se acentuou na adolescência com o surgimento dos caracteres secundários discordantes do sexo psíquico. As cirurgias e a hormonioterapia foram apontadas como condição para uma vida mais feliz. A regulamentação do acesso a esses procedimentos através do SUS foi considerada necessária como movimento de busca da garantia do direito humano e universal à saúde.
Liliane de Souza Santos (UFPA)
Iniciação sexual antecipada. Uma análise com alunos da escola Drº José Marcio Ayres
Liliane Maria Ramos Silva (UFMG), Vivane Martins Cunha (UFMG), Sandra Maria da Mata Azeredo
Violência contra a mulher: fronteiras entre gênero, raça e classe
A Delegacia Especializada em Crimes Contra a Mulher de Belo Horizonte conta com o serviço de atendimento psicológico realizado por equipes compostas por estagiários/as e professores/as de Universidades da cidade. Os atendimentos realizados pela equipe da UFMG partem da perspectiva de gênero e as supervisões do estágio sobre os casos atendidos são perpassadas pelas teorias feministas. A importância do atendimento que leve em consideração a perspectiva de gênero está na tentativa de que as mulheres assumam uma posição crítica frente a situação de violência, compreendendo a sua própria participação na história, assim como o fato dessa sua participação estar ligada a um contexto histórico de dominação de gênero. Neste trabalho, iremos discutir os atendimentos realizados durante o 2º semestre de 2009 e o 1º semestre de 2010 realizados pela equipe de estagiários/as da UFMG. Daremos ênfase na articulação entre gênero, raça e classe, pois, a compreensão de formas de opressão específicas vivenciadas por mulheres negras e de baixa renda é de grande relevância para embasar os atendimentos realizados na delegacia, bem como ajuda romper com uma visão hegemônica de mulher, ou seja, branca, classe média e heterossexual, ainda presente em contextos de atendimentos a mulher.
Livia Freire da Silva (UFPB)
A prostituição em seu contexto: o cotidiano conflituoso da prostituição em Mamanguape
O trabalho que se segue é de cunho etnográfico a respeito da prostituição feminina na região de Mamanguape, Litoral Norte da Paraíba, faz parte de um projeto mais amplo, “Entre campos, mares e trajetos: experimentos etnográficos no Litoral Norte da Paraíba”, com financiamento do CNPq. O projeto temático, coordenado pela profa. Dra. Silvana de Souza Nascimento, da área de Antropologia do Campus IV da UFPB em Rio Tinto, tem como objetivo construir etnografias sobre a configuração de suas cidades, municípios e a multiplicidade de gênero, étnica e cultural de sua população. Pretendo entender as relações existentes no cotidiano da prostituição particularmente feminina, nessa área pesquisada, que são bastante conflituosas, e mostrar que parte desses conflitos se torna mecanismos de defesas, concretos e simbólicos, das profissionais do sexo. Observamos que algumas formas de violência são conseqüências das práticas dessas mulheres em relação aos seus clientes e os seus companheiros (as). Partindo do pressuposto de que a violência ali vivida é criada por uma via de mão dupla, e não somente baseada numa relação agressor-vítima. Pretenderemos perceber como e por que algumas práticas dessas mulheres prostitutas desencadeiam formas de violência e reciprocidades.
Lolly Quaresma (UFF)
O belo, a mídia impressa e o corpo adolescente feminino no contemporâneo
O presente trabalho busca problematizar questões relacionando os padrões de beleza impostos pela mídia impressa (revistas), as imposições articuladas por esta dentro da escola e de que forma contribui para uma deturpação do que é saúde e estética. Realizamos uma pesquisa de campo com 45 meninas, entre 12 e 17 anos, sendo 20 da rede pública e 25 da rede particular de ensino do município de Niterói, estado do Rio de Janeiro, no mês de novembro de 2008, a partir de um questionário com 11 perguntas. Entre elas está apontada a satisfação das adolescentes com a aparência, a prática de atividade física e se fariam ou não cirurgia plástica. Entre as questões, 3 eram de cunho dissertativo onde se perguntava o que elas entendiam por saúde, estética e atividade física. Após a pesquisa realizada associada ao referencial teórico, observou-se que o conteúdo das revistas pode estar levando as adolescentes a perceberem seus corpos como produto, notando uma preocupação excessiva com a transformação do corpo e sua adaptação a um padrão corporal definido pela indústria cultural de massa.
Lorena Lúcia Cardoso Monteiro (UFPB), Amanda Virgínia Albuquerque dos Santos (UFPB), Edilon Mendes Nunes
Fissuras no cotidiano, rupturas na tradição: mulheres fazendo diferença no semi-árido paraibano
Lorraine Lopes Souza (USP)
Gênero, lazer e trabalho na produção do cotidiano de mulheres imigrantes ilegais: um estudo psicopolítico com mulheres sulamericanas em São Paulo
Luana Balieiro Cosme (UNIMONTES)
Mulheres e violência: os casos de feminicídios no norte de Minas (1970-2007)
O presente estudo analisa assassinatos de mulheres ocorridos no norte de Minas Gerais durante o período de 1970-2007, a partir de processos-crime encontrados nos arquivos das comarcas de Montes Claros e Janaúba. Para a análise dos processos utilizamos os conceitos de violência de gênero e, pelas características de alguns assassinatos, o de feminícidio. Esse último, de modo geral, é entendido como uma categoria de crime em que se caracteriza pelo ódio em relação às vítimas, não como indivíduos, mas como símbolos de uma construção social, nesse caso, o ser feminino. Assim, foram encontramos 40 assassinatos, em que mulheres são as vítimas e os réus são homens. Tendo em vista nossos objetivos, selecionamos sete processos para análise, quatro dos quais ocorridos entre cônjuges. Os motivos alegados pelos réus são quase sempre banais, como ter sofrido discriminação por sua aparência “feia e estranha”. Os assassinatos são caracterizados pela perversidade, crueldade, às vezes acompanhado de tortura o que sugere o ódio pelas vítimas. O desfecho dos processos foram quase sempre os mesmos: arquivamento, extinta a punibilidade do réu, ou até mesmo poucos anos de prisão. Isso demonstra o “desinteresse” da justiça em punir os acusados quando a violência é cometida contra mulheres.
Luana Zamprogno (EMESCAM), Aline de Oliveira, Gilsa Helena Barcellos (EMESCAM)
O adoecimento psíquico-físico de mulheres em situação de violência: o Serviço Social tem tudo a ver com isso
Lucas Gerzson Linck (PUC - RS), Hellena Bonocore Morais (PUC - RS), Amanda Pacheco Machado (PUC - RS)
Infância e estereótipos: o gênero na creche, escola e família
Luciana Silva dos Santos (PUC - RJ)
O corpo vestido: o corpo e os aspectos de sua nudez frente à padronização estética
Lucicleide dos Santos Silva (UFPE), Rebeca Ramany Santos Nascimento (UFPE)
Gênero, Registro Civil e Processos Judiciais em contextos rurais
Este trabalho objetiva analisar os processos judiciais referentes a pedidos de autorização judicial, entre os anos de 1998 e 2008, para assentamento de Registro de Nascimento, retificação de Registro Civil e restauração de Certidão de Casamento de homens e mulheres moradores do município de Calumbi – PE.
A pesquisa é qualitativa e utilizou como instrumento a pesquisa documental realizada no fórum da comarca de Flores – PE. Esta teve como base os processos judiciais de registro civil de 1998 ao ano 2008. Ao todo, foram encontrados 72 processos. Os dados encontrados apontam que o número de assentamento de registro é quase o dobro dos demais pedidos, sendo correspondente a mais de 50% dos casos pesquisados.
Foi identificado também que como as pessoas mais jovens necessitam de documentos para estudar, trabalhar e viajar, elas têm sua documentação desde criança. Outro ponto abordado é que o percentual de mulheres que tiram sua certidão de nascimento tardiamente é de 60,47%. Atualmente, por motivos que geralmente estão relacionados ao acesso a políticas publicas e a previdência, as mulheres requerem com mais frequência que os homens a sua certidão de nascimento tardia.
Luciene Maria Araújo de Oliveira (FATERN), Vanúsia Pereira de Araujo (FATERN), Suzana da Cunha Joffer (FATERN)
A Mulher pescadora e a atividade pesqueira: Estudo na comunidade pesqueira de Pitangui/Extremoz/RN
Lucimara Fabiana Fornari (UNICENTRO), Leticia Garcia, Maria Isabel Raimondo Ferraz
O papel do profissional enfermeiro na assistência a mulher vítima de violência doméstica: uma reflexão teórica
A violência contra a mulher é considerada como uma epidemia na área de saúde pública. Esse resumo de reflexão foi elaborado em 2009 durante a execução de um projeto de extensão universitária, com o objetivo de esclarecer o papel do profissional enfermeiro na assistência às mulheres vítimas de violência doméstica. Pela característica da violência doméstica ocorrer em âmbito privado e se constituir de medo e vergonha, existe a dificuldade de visualizar as conseqüências à saúde da mulher. No atendimento as mulheres vítimas de violência doméstica é preciso conhecer o histórico da paciente, pois a atenção voltada somente ao relato dos sintomas pode manter oculto o verdadeiro problema. Também se faz necessária à notificação dos casos permitindo uma análise concreta da incidência de violência contra a mulher, e assim promover medidas de intervenções efetivas. A formação de uma rede intersetorial é fundamental para atender integralmente a mulher vítima, contando com a participação da assistência psicológica, policial e jurídica, além da interação com os demais profissionais de saúde. A importância do enfermeiro na assistência as mulheres vítimas de violência doméstica é fundamental para romper com o ciclo de violência e não apenas realizar um cuidado paliativo, mas curativo.
Ludmila Bastos Mochizuki (PUC- GO), Melyse Moura Campos
Violência doméstica em gestantes
Luiza Dias Flores (UFRGS)
Quando a mulher negra rouba a cena: esboço de uma etnografia sobre um grupo de teatro negro em Porto Alegre
Luíza Mello da Silva (FURG)
Mulheres, representações e construções: a China em meio à idealização do gaúcho.
Mahinã Leston Araujo (FURG), Carolina de Biasi Amaral
Memórias de um Futebol Azul, Amarelo e Rosa: Esporte Clube Pelotas/Phoenix - Futebol Feminino
O Departamento de Futebol Feminino do Esporte Clube Pelotas/Phoenix foi ativado em 25 de julho de 1996, através da formação de um grupo de jogadoras amadoras oriundas de equipes menores existentes e mais algumas peneiras/seleções realizadas na cidade. A intenção de montar um time de futebol feminino foi para fomentar a modalidade na cidade e no estado e criar um novo espaço com oportunidades para atletas e demais integrantes do projeto. Aproximadamente 500 meninas e mulheres já passaram pelo time. Com isso, essa pesquisa visa compreender os aspectos históricos dessa equipe, através de uma metodologia qualitativa, com o uso de entrevistas com as (ex)jogadoras e técnicos e análise de documentos do clube e da mídia. Até o momento já podemos destacar que houveram mudanças significativas com o passar do tempo no clube, vale citar a diminuição de preconceitos, aumento de visibilidade na mídia, aumento do número de praticantes e até mesmo aumento de investimentos por parte de patrocinadores/apoiadores. De 2005 para cá nove atletas foram convocadas para as categorias de base da Seleção Brasileira de Futebol Feminino (sub20 e sub17), além de inúmeras conquistas em campeonatos regionais, estaduais e nacionais.
Marana Tamie Uehara de Souza (UEL), Vania Galbes
A construção social da identidade de gênero de uma Drag Queen: notas de um estudo na psicologia social
A disciplina de Psicologia Social prática do curso de Psicologia da Universidade Estadual de Londrina-PR desenvolveu em suas propostas, partindo dos Estudos Culturais e de gênero, o aprofundamento da temática sexualidades e gênero. Objetivou-se verificar como ocorre a construção social da identidade de gênero e considera-se que a história de vida do indivíduo, suas experiências nas relações sociais e culturais contribuem para a formação desta. Será realizado, no projeto, entrevistas com onze participantes selecionados por categorias representativas e pelas distintas e amplas expressões de suas sexualidades; dentre eles uma Drag Queen. Esse participante em questão foi solicitado a participar por se autodenominar detentor da condição artística que a identifica como Drag Queen, sendo do sexo biológico masculino, homossexual e se identificando com as questões do feminino. Os dados serão coletados por meio de entrevistas semi-estruturadas, sendo audiogravadas e transcritos na íntegra, de modo a captar as analogias históricas dos discursos instituídos, a partir da contribuição teórica proposta por Michael Focault.
Marcela Peregrino Bastos de Nazaré (UEM)
O movimento LGBT como agente de transformação social- um estudo da bibliografia brasileira sobre as estratégias políticas do movimento
Ao longo das últimas décadas, o movimento LGBT ( Lésbicas, Gays, Bissexuais, travestis e transexuais) no Brasil sofreu modificações relativas à formulação de demandas e à configuração de suas estratégias políticas. Também se configurou como um agente de transformação social, ao trazer para a cena pública novos valores e travar discussões acerca das instituições e das relações sociais. Devido sua importância na dinâmica social e sua expressividade para as ciências sociais, este trabalho tem como objetivo, mapear alguns dos conceitos e problemas teóricos empregados pela bibliografia para compreender atuação do movimento em um contexto mais amplo de mudança social, bem como mostrar a configuração contemporânea deste, em termos de estratégias políticas e agenda de reivindicações.
Marcella Carmem Silva Reginaldo (UERJ), Regina Gonçalves de Moura (UERJ), Mayra de Souza Santos (UERJ)
Cada um na sua e muito em comum
Em 2007 o Projeto TRANSformAÇÃO de orientação afetivo-sexual foi implantado nas turmas da 7ª série de uma escola municipal em Vila Isabel com o objetivo de estimular a ressignificação das representações sociais e de gênero em grupo de adolescentes, a fim de identificar as vulnerabilidades nas questões relativas à saúde sexual e reprodutiva, possibilitando a adoção de práticas preventivas às DSTs/HIV-AIDS e gravidez precoce. A avaliação dos resultados para a continuidade do trabalho em 2008 apontou para a necessidade de intervenções focais em grupos separados de moças e rapazes, a fim de suscitar, discutir e problematizar os mitos, certezas e dúvidas em relação à sexualidade próprias de moças e rapazes em grupos isolados.
A cada mês eram realizados 4 encontros de 50 minutos; os 3 primeiros sob a forma de oficinas com grupos de adolescentes e facilitadores separados pelo sexo (“conversa de meninas” e “papo dos caras”), problematizando os imperativos de gênero (“tem que”). No quarto encontro eram reunidos os dois grupos e são trabalhados os temas e dúvidas comuns a ambos. A partir das oficinas pôde-se estabelecer novas formas de intervenção no Projeto TRANSformAÇÃO para as turmas da 8ª série e assim viabilizar novas estratégias para adoção de práticas preventivas.
Marcella Cristina Pires (UFRRJ), Valéria Nascimento (UFRRJ), Herbert Carlos do Nascimento Schott (UFRRJ)
O significado do corpo na Educação Física
O humano torna-se individuo sob a direção dos padrões culturais, compondo um sistema de significados, elaborando seus próprios valores no decorrer de sua vida. Torna-se arriscado formar um padrão universal para os significados, porém é possível identificar relações significativas com as questões temporais e sócio-culturais. Historicamente pode-se considerar que o sentido do corpo vem sofrendo mudanças expressivas e somado a isso, acredita-se que a intervenção do profissional de Educação Física está ligada a construção do valor do corpo.
A intervenção em Educação Física está fundamentada nas competências profissionais no que diz respeito as questões técnicas, cientificas, pedagógicas e sociais envolvidas no âmbito da educação e da saúde. Portanto, acredita-se que o significado do corpo para os estudantes do curso de Educação Física constitui fator imprescindível na formação desses profissionais em favor de um sentido critico e original na sua atuação. É nossa intenção investigar o sentido do corpo para homens e mulheres, futuros educadores físicos, a fim de verificar se há diferença de opinião entre os mesmos considerando que este sentido pode interferir diretamente na formação do indivíduo. O referido estudo encontra-se em desenvolvimento.
Marcella Uceda Betti (USP)
"Mulheres Reais" - A marca Dove e o corpo feminino
Atualmente um corpo jovem e magro é sinônimo de sucesso e autodeterminação. Assim, as mulheres são incentivadas a buscarem um corpo livre de gordura e de marcas do tempo, se submetendo a dietas, exercícios físicos, procedimentos estéticos e até cirurgias plásticas.
A mídia e a publicidade, grandes referências de modelos de identidade feminina, são apontadas como as “vilãs” responsáveis pelos padrões de beleza disciplinadores que regulam o corpo das mulheres. Sabendo disso, a marca de cosméticos Dove iniciou a “Campanha pela Real Beleza”, que prega uma beleza feminina mais democrática, valorizando os diferentes corpos de mulheres “comuns”, e não os corpos de modelos “perfeitas”.
O objetivo de minha pesquisa é identificar as representações do corpo feminino e os estereótipos de gênero presentes na Campanha, questionando até que ponto esta diverge da publicidade que glorifica a perfeição estética, analisando criticamente as imagens e os discursos dos anúncios impressos da Campanha publicados entre 2004 e 2008. O material para a pesquisa também inclui uma constante leitura sobre trabalhos da área de gênero e mídia, bem como entrevistas que objetivo realizar com profissionais da mídia que tenham se envolvido na Campanha, de modo a apreender a lógica publicitária por trás desta.
Marcelo Melo da Silva (UFRPE)
A legislação civil e os desafios das mulheres pelos direitos políticos (1824-1932)
Esta pesquisa tem por objetivo analisar o processo constitucional e seu resultado no período monárquico e início da era republicana no Brasil, relativos aos direitos e deveres das mulheres. Em 1822, o país se torna independente de Portugal e em 1889 o golpe civil-militar tira o país da Monarquia. Esses dois momentos compõem o contexto de elaboração das Constituições de 1824 e 1891, pontos de partida para a discussão dos direitos das mulheres em nossa legislação. Na primeira Constituição, a mulher é preterida de direitos. Já, na Constituinte de 1890 e 1891, há um forte embate político para a inserção da mulher no corpus legislativo. A Constituição de 1891 relata que não podem alistar-se eleitores, entre outros: os mendigos e os analfabetos. Para Pimentel (2003, p. 16) “a mulher não foi citada porque simplesmente não existia na cabeça dos constituintes como um indivíduo dotado de direitos”. É só no Governo Provisório de Vargas, através do Decreto n° 21.076, de 24 de fevereiro de 1932, que o direito de voto das mulheres seria garantido. A importância desse estudo é perceber essas modificações e como elas ocorreram. Identificando também seus condicionantes político e histórico para uma melhor compreensão do processo de configuração das relações de gênero e de família no Brasil.
Marcelo Porto Dias (UCB)
Transfobia em contexto de ação policial: ações e representações
Este trabalho investiga as representações que policiais militares do Distrito Federal possuem a respeito de travestis e como essas representações repercutem e orientam suas ações em contextos de ocorrencias envolvendo essas sujeitas. A partir de relatos e dados coletados através de entrevistas e questionários aplicados com policiais militares, bem como de um experimento de auto-etnografia a partir de minha posição enquanto policial militar, analiso como policiais percebem sua interação com as travestis e as conexões entre ação e representação perante as identidades de gênero na construção de violências transfóbicas. Por fim, discuto como o gênero e suas estruturas se expressam na ação policial, tornando-a o ápice da estatização da violência contra travestis.
Marcia Helena de Souza Lima (UNIRITTER), Raquel da Silva Silveira (UFRGS / UNIRITTER), Maria Beatriz Rocha Vieira de Souza
A Lei Maria da Penha e a violação de Direitos Humanos: articulações entre gênero e raça em processos judiciais na cidade de Porto Alegre-RS
Este trabalho integra a pesquisa “Violências contra as mulheres e a Lei Maria da Penha: a interseccionalidade gênero/raça e seus efeitos na violação de Direitos Humanos”, desenvolvida no Curso de Direito do Centro Universitário Ritter dos Reis e em parceria com o Instituto de Psicologia da UFRGS. Tem como objetivo identificar qual a visibilidade que as questões de raça têm nos processos judiciais da Lei Maria da Penha e se essa identificação produz algum tipo de encaminhamento e articulação específicos. O recurso teórico-metodológico é a análise das práticas discursivas e não-discursivas de Foucault (1999, 2000), que potencializa reflexões sobre “como se configuram os campos de conflito e as condições políticas que marcam a emergência dos discursos/verdades que sustentam os processos de subjetivação” (Nardi, Tittoni, Giannechini e Ramminger, 2005). Este estudo situa-se no campo da pesquisa qualitativa, com caráter exploratório, apresentando análises parciais sobre a materialidade de alguns processos do Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher na cidade de Porto Alegre, tanto para identificar os discursos sobre a violência de gênero, quanto investigar como as questões de raça emergem ou não nos autos.
Márcia Regina Becker (UNISINOS)
Processos de ensinar e aprender num atelier de tecelagem: tecelãs/professoras ensinam a tecer professoras/alunas
Esse pôster mostra um recorte de uma pesquisa que acontece num atelier de tecelagem no município de Alvorada, no Rio Grande do Sul. Um dos objetivos é visibilizar os processos formadores das mulheres tecelãs para que, a medida que esses processos se tornarem visíveis, os saberes do trabalho de tecelagem sejam valorizados. Nosso recorte para o pôster é o relato e a análise de dois dias de aprendizagem da técnica de tecer por parte das pesquisadoras/professoras. Cinco tecelãs ensinaram cinco professoras a tecer e no final desses dois dias realizamos uma roda de conversa avaliando todo o processo. Constatamos, com todo o grupo, que há processos e técnicas já automatizados pelas tecelãs e de que o processo de ensinar a tecer é bastante complexo. Concluímos que, no trabalho de tecer há práticas de ensinar e aprender de forma [a]teórica, desapercebida, que acontece dessa forma por ser trabalho automatizado, não refletido, e, em especial por ser trabalho de mulher. E ainda que, ao realizar o exercício sistemático de narrar/dizer sobre os processos vividos no fazer cotidiano, esse conhecimento passa a ser visibilizado, portanto: conhecimento que pode ser teorizado.
Marcílio Timoteo de França (UFRPE)
Professores homossexuais: uma análise das experiências de ensino e uma luta contra a homofobia
Este trabalho analisa as experiências dos professores homossexuais que atuam nos ensinos fundamental e médio, nas escolas particulares e públicas da cidade do Recife (PE). Tenta entender como esses professores, vítimas de homofobia tanto por parte de colegas profissionais, quanto de seus alunos, lidam com tal preconceito e lutam com as suas estratégias em engendrar, através de suas aulas, uma política não-homofóbica e uma formação sadia do intelecto do alunado, livre de estereótipos e estigmas que indignificam os profissionais de educação que são homossexuais
Marcio Bressiani Zamboni (USP)
O Corpo e o Traço: gênero e homoerotismo na estética de Paulo Von Poser
Este pôster se propõe a apresentar uma abordagem interdisciplinar acerca da significativa trama de sentimentos e situações que envolveu o processo de produção, a recepção e alguns desdobramentos da exposição “O Modelo e Seu Pensamento”, apresentada por Paulo Von Poser na Galeria Sadalla em 1986. Tal exposição, que consiste em uma série de nus masculinos produzidos com técnicas diversas, foi fruto de um relacionamento não simplesmente profissional mas também erótico-afetivo do artista com um único modelo, tema privilegiado da série. Veremos como essa configuração peculiar coloca em questão a relação entre artista e modelo, a relação entre representação do corpo e (homo)erotismo e o lugar do nu masculino na arte e na sociedade brasileira.
Esse trabalho foi produzido a partir de um amplo diálogo com o artista, incluindo uma série de entrevistas e uma extensa correspondência virtual, além da apreciação de originais e fotos da exposição, análise da crítica publicada na época e revisão de bibliografia especializada nas áreas de crítica artística e ciências sociais. Este pôster se insere no contexto da pesquisa “Homossexualidades em Camadas Altas da Cidade de São Paulo” que venho desenvolvendo sob a orientação da Profa Laura Moutinho desde junho de 2009 com o financiamento da FAPESP.
Marcos da Silva Medeiros (UDESC), Jacqueline Wildi Lins (UDESC)
Gênero, publicidade e arte: O corpo feminino presente na mídia versus o corpo representado na obra de Remédios Varo
Trata-se de uma investigação relacionada à representação do corpo feminino na mídia atual (corpo anoréxico, siliconado, lipoaspirado, estereotipado, “photoshopado”) em contraposição ao corpo representado na obra “Visita al Cirujano Plástico” da artista modernista mexicana Remédios Varo. Serão abordadas questões relacionadas ao gênero feminino, à influência da publicidade no cotidiano das mulheres, à busca incessante pelo corpo perfeito e à representação do corpo feminino na arte modernista.
Margarida Celestino da Silva (UFAL), Daniella Leite Lima (UFAL), Karolinne Pereira Loreiro (UFAL)
O sagrado habitando corpos: um olhar sobre gênero e sexualidade na Igreja!
Este pôster apresentará recortes de uma pesquisa desenvolvida na disciplina Educação e Gênero, ofertada ao curso de Pedagogia de uma universidade pública federal. Tal pesquisa teve como objetivo aguçar olhares sobre gênero e sexualidade, entendendo-os como aspectos constitutivos dos sujeitos, presentes em todos os espaços sociais, principalmente em instituições como a família, a escola e a igreja. Neste sentido, buscou-se problematizar os modos como socialmente são vividas e produzidas as identidades de gênero e de sexualidade, tendo como foco a igreja, já que as práticas e os discursos que lá circulam são da ordem do sagrado. Foram realizadas algumas incursões em igrejas freqüentadas pelas próprias investigadoras, no intuito de negociar com os sujeitos – fiéis – registros fotográficos e conversas. Observou-se que os fiéis preocupavam-se em vestir-se “bem”, seguindo normas impostas pela sociedade, como forma de aceitação do próximo. Os corpos “mal vestidos” permaneciam do lado externo, e de lá faziam suas orações. Constatou-se que a maioria dos fiéis estava capturada pelos discursos da pureza, corroborando com a idéia de que a igreja é um espaço que subjetiva e posiciona os sujeitos socialmente.
Maria Angélica Pedrosa de Lima Silva (UFRPE)
Discursos e representações do feminino no Recife entre os anos de 1900 a 1932
Essa pesquisa tem como objetivo analisar a participação política das mulheres no Recife, entre os anos 1900 a 1932, problematizando suas lutas pelo direito a voz e a vez na sociedade vigente. Buscamos dar visibilidade ao empenho dessas mulheres, procurando compreender as estratégias de inserção nos espaços públicos. Como norteadores para essa discussão estão as autoras Céli Regina Jardim Pinto, Rachel Soihet e Joana Maria Pedro que discutiram o movimento feminista no Brasil. A pesquisa tem como fontes as Obras Raras e a série Coleção Pernambucana, localizadas na Biblioteca Pública de Pernambuco. Mulheres como Edwiges de Sá, Maria Fragoso e Maria Augusta Meira de Vasconcelos, pernambucanas de classe abastada, foram fundamentais na luta pela conquista dos direitos políticos e pela fundação da Federação Pernambucana pelo Progresso Feminino, que se portava como uma continuidade da Federação Brasileira para o Progresso Feminino (FBPF), sediada no Rio de Janeiro e criada por Bertha Lutz. Escritos dos homens da elite recifense também nos dá a percepção dos discursos e das representações dessas grandes personalidades quando se referia à transformação do ambiente feminino e o seu despertar de uma vida inerte.
Maria Betânia Gonçalves Diniz (UFRPE), Fabiane Alves Regino (UFRPE), Raquel de Aragão Uchôa Fernandes
A percepção das mulheres idosas sobre as consultas ginecológicas: medos, normas e tabus
Maria do Carmo dos Santos Carvalho (UNIMONTES), Maria Tereza Rocha (UNIMONTES), Maria da Luz Alves Ferreira (UNIMONTES/Faculdades Santo Agostinho)
Padrões de beleza feminino: a imposição da cultura mediática a busca do estereótipo perfeito
Maria do Rosario Santos (UNISANT'ANNA)
A caracterização das gestantes indigenas Pankararú na cidade de São Paulo
Maria Elisa Horn Iwaya (UNIVILLE)
O(s) trabalho(s) na agricultura, a(s) migração(ões) e a questão de gênero em narrativas femininas na cidade de Joinville.
Esta pesquisa problematiza questões relacionadas à agricultura familiar da região rural de Joinville, bem como, os modos de fazer tradicionais desta região e o impacto que as mudanças ocorridas na cidade em virtude da crescente industrialização e a implementação do Turismo-Rural ocasionaram no cotidiano de mulheres e homens. Devido a pouca produção teórica e considerando a importância do trabalho de mulheres e homens na agricultura familiar e nos programas de turismo rural na cidade, utilizou-se a metodologia da História Oral. Colhendo histórias sobre as transformações corridas nas famílias, na alimentação, nas formas de festejar, bem como as mudanças sentidas com o crescente êxodo rural e a política de 1992 - que incentivava a adesão das famílias do campo ao ciclo do turismo-rural. Este estudo aponta para a multiplicidade de temas que ainda não foram devidamente problematizados pela historiografia local. Discussões sobre tradição, território, etnia e aspectos do cotidiano, dos “modos de fazer” e do patrimônio cultural, sobretudo em sua imaterialidade. A partir desta pesquisa, pode-se entremear a utilização da História Oral com a categoria de análise gênero a fim de perceber como a região rural reagiu ao processo de industrialização e aos novos fluxos migratórios.
Maria Tereza Rocha (UNIMONTES), Maria do Carmo dos Santos Carvalho (UNIMONTES), Cláudia Luz de Oliveira
Mulheres Vazanteiras: formas de uso e apropriação do espaço no Quilombo Bom Jardim da Prata
Mariana Rotili da Silveira (UDESC), Lisandra Barbosa Macedo (UDESC)
O samba na cidade: espaços e sociabilidades
Pensando o samba para além de um gênero musical e conferindo-lhe o caráter de prática social, a proposta de banner visa apresentar uma investigação acerca dos espaços de origem do samba na cidade de Florianópolis. Localizando as comunidades envolvidas e apontado-as no mapa da Ilha, intentamos perceber os locais onde se desdobra o fazer samba na cidade. Estabelecido o contato e percorridas as comunidades, pensamos em partilhar memórias e reflexões relacionadas às sociabilidades resultantes do fazer samba e conviver com o universo associado. Tal proposta faz parte do programa Mídia e Memória na História, desenvolvido junto ao Laboratório de Imagem e Som da Universidade do Estado de Santa Catarina e coloca-se como uma alternativa de localização desses espaços diversos afim de encurtar caminhos e apontar rotas para interessados e curiosos em relação ao tema.
Marianna Barbosa Almeida (UNIVASF), Daniel Henrique Pereira Espíndula (UFES)
Promoção de saúde sexual nas ESF – o papel das ACS na garantia dos direitos sexuais e reprodutivos das adolescentes
As Equipes de Saúde da Família (ESF) surgem como proposta de reorientação ao modelo assistencial, atuando na promoção, prevenção e atenção à saúde. Em relação a esta última percebe-se a não adesão da população jovem neste serviço. O Agente Comunitário de Saúde (ACS) é considerado primordial para aproximação dos serviços de saúde e a comunidade, sendo o elo entre os jovens e o serviço. Neste estudo buscou-se analisar os discursos dos ACS em rodas de conversa com adolescentes do sexo feminino sobre direitos sexuais e reprodutivos. Foram realizadas 30 rodas de conversa entre adolescentes com a participação dos ACS, um moderador com uma média de 06 adolescentes por grupo. As falas foram transcritas e analisadas pela análise temática de conteúdo. Ficou evidenciado que os profissionais reproduzem idéias de cunho machista e muitas vezes são acusados pelas adolescentes de não guardarem o sigilo profissional com a comunidade, além de não reconhecerem a fala das adolescentes nas rodas de conversa. Nota-se que estes profissionais são mal pagos e sobrecarregados. Os outros profissionais da ESF se isentam das atividades educativas, deixando-as para os agentes. A partir da proposta de pesquisa-ação, acredita-se que o ACS possa durante os encontros minorar o distanciamento de gênero.
Marielly Alves Chaves (UNIGRAN)
A função do Pai na familia homossexual feminina.
Considerando as mudanças na sociedade contemporânea, como a legalização do casamento gay em diversos países, adoções homoparentais que determinam outras estruturas de parentesco e a cada vez mais comum manifestação de identidades, possibilitam um questionamento a respeito da definição dividida e exclusiva de gêneros entre machos e fêmeas(BUTLER, 2003).Embora as variadas maneiras de viver a sexualidade não sejam inéditas, a novidade está nos padrões culturais, nas transformações sociais, jurídicas e, claro, psíquicas.Demoramos a descobrir, por exemplo, o fenômeno da paternidade.E mesmo os mecanismos da fecundidade foram longamente ignorados na completude de seu processo.Sendo assim, o que será muito retratado neste trabalho é de como serão estabelecidas as funções materna e paterna. Trataremos, em especifico, do fenômeno da paternidade nas famílias de casais homossexuais femininos.A reflexão acerca da função paterna em famílias constituídas por mulheres homoafetivas é de suma importância, devido às mudanças socioculturais que estão acontecendo a cada século, na qual novas formas de parentalidade vêm se constituindo.Ainda que isto signifique expressar opiniões, é respeitando tal diversidade de opiniões e saberes em torno da sexualidade que este trabalho pretende contribuir.
Marilu Monteiro (UNIPLAC), Ana Rita de Souza, Tatiane Muniz Barbosa
Instituições e poder: qual a sua relevância para o saber dos adolescentes sobre as diversidades sexuais
Toda a vida humana transcorre por meio de instituições, estas estão imbuídas de valores próprios e, por conseguinte transmitem tais valores para seus integrantes.Esta pesquisa objetivou fazer uma análise da influencia de algumas instituições(construção histórico-social, família, escola, mídia e grupo de amigos)na construção do conhecimento sobre a diversidade sexual nos adolescentes entre 18/20 anos de idade.Constatou-se que os movimentos sociais interferem nesta construção, mas valores sociais construídos em um modelo hegemônico são identificados em seus discursos.A família e a escola foram mencionadas como relevantes,contudo não são partícipes neste conhecimento.Os adolescentes apontam os grupos de amigos e alguns programas televisivos como suas maiores fontes de informação sobre a temática.Observou-se o anseio destes em pluralizar os modelos de sociedade contemporânea.Compreende-se necessário entender os sujeitos, e não adestrá-los e normatizá-los na tentativa de transformá-los de acordo com a heteronormatização.O psicólogo,enquanto profissional que visa enriquecer a subjetividade dos sujeitos,deve promover a reflexão sobre a temática possibilitando-nos interrogar e entender valores sociais vigentes ao longo da história humana, proporcionando desta forma respeito e harmonia.
Marina Camarinha Lima (UNESP)
Experiências femininas: uma marca registrada nos períodicos da noroeste paulista de 1907-1926
Este projeto visa dar seqüência a uma pesquisa temática voltada para releitura das cidades do noroeste paulista, especificamente o município de Bauru. Visando recuperar as experiências femininas dentro do processo de modernidade/modernização procuramos adotar como principais fontes os periódicos locais no período de 1907-1926. Assim, busca-se compreender a metodologia jornalística através de leituras específicas de modo a utilizá-la corretamente como recurso documental para posteriormente inseri-los em sala de aula através da elaboração de um Material Didático que associe o uso de jornais e as relações de gênero.
Marina Fatiane Reis Martins (PUC - GO), Vanessa Ferreira do Lago, Maria Paula Macedo Motta Capparelli
Os significados do tempo para homens e mulheres que freqüentam a Oficina “Gênero, Sexualidade e Envelhecimento”
O relato de experiência e reflexão teórica sobre o uso do tempo, de homens e mulheres com mais de 60 anos de idade, objetiva descrever o significado do tempo para as pessoas que vivenciam uma experiência coletiva na Oficina Gênero, Sexualidade e Envelhecimento. As autoras compõem a equipe do Programa Interdisciplinar da Mulher – Estudos e Pesquisas/PUC-GO e coordenam a oficina desenvolvida há um ano em parceria com a Universidade Aberta à Terceira Idade/PUC-GO. A maioria das pessoas participantes são mulheres, aposentadas, com filhos e netos e vivem, no momento, sem companheiros. As dinâmicas que refletem sobre a sexualidade, gênero e envelhecimento trazem, com freqüência, questões relativas ao tempo: “no meu tempo, quando um menino nascia, soltavam-se 07 rojões e quando uma menina nascia soltava-se 01 rojão”. Outras referências ao tempo são citadas na discussão sobre sexualidade, diferenças de gerações e gênero, isolamento, abandono, cuidado dos filhos, netos e pais. Os significados do tempo atual e passado, as mudanças corporais e o cotidiano de cada idoso têm relação com sua inserção na sociedade. A oficina se apresenta como uma oportunidade prazerosa e útil do tempo, aprofundamento das relações interpessoais e aquisição de conhecimento por meio da troca de experiência.
Marina Santos Pereira (UFGD)
A vida de jovens-mulheres negras nos assentamentos de Reforma Agrária Santa Rosa e Guaçu no município de Itaquiraí-MS
A pesquisa desenvolvida nos assentamentos Guaçu e Santa Rosa no município de Itaquiraí-MS tem por objetivo, compreender a vida de jovens-mulheres negras em suas nuances, perspectivas e possibilidades, considerando que as mesmas vivem situações de conquistas e desilusões e fazem parte de um grupo que luta por uma vida melhor. Para tanto, estamos aprofundando a reflexão sobre a questão racial e o modo de vida das jovens-mulheres assentadas, através de visitas, entrevistas e diálogos, objetivando perceber o que elas pensam a respeito do preconceito e como o mesmo é discutido dentro da comunidade. Procura-se, também, indagar como se reconhecem, se existe a negação da raça e uma distinção em relação as jovens brancas, além disso, como as relações de gênero se efetivam meio a este cotidiano. A juventude é considerada de acordo com as especificidades da vida no campo, com uma cultura própria que orienta os projetos familiares de pessoas que lutaram por terra. Nesse processo, muitas/os jovens participaram ainda crianças e vivenciaram um processo de conflito e de confronto com proprietários de terra e policiais, além de experienciarem diversas formas de preconceitos e de desvalorização de sua condição de sem-terra, que podem se agravar para as pessoas negras.
Marleide Maria de Jesus (UNESP)
As lesbianas e a produção das subjetividades em Marília-SP: suas diásporas e deslocamentos
As pluralidades das (homo)sexualidades; as manifestações dos desejos, as práticas queers e as possibilidades performáticas dos corpos vem ganhando espaços para reflexão nunca antes visto. Presenciamos um tempo onde as lésbicas foram conquistando espaços e conseguiram no ano de 2008 na I Conferencia Nacional LGBTs deslocar numa perspectiva lingüística a letra “L” da sigla que representa as “sujeitas-políticas lésbicas” sendo substituída por LGBTs (lésbicas, gays, travestis, transexuais, transgêneras/os dentre outras/os). Se politicamente percebemos a morosidade no tratamento dessas questões, nas experiências, essas mulheres ainda continuam a enfrentar desafios no que tange decidirem sobre seus corpos, manifestar as fluências de seus desejos, suas práticas (homo)eróticas, performáticas dentre outras. Nessa perspectiva, a proposta desse trabalho é observar a partir das falas das colaboradoras que se autodenominam lésbicas quais os seus “discursos sobre si”, as percepções das experiências. Para isso utilizamos o método fenomenológico, dando ênfase à multiplicidade de subjetividades observando nessa interpretação os processos de produção de subjetividades e os fluxos das redes sócio-espaciais visando abordar como é experimentar esse “ser lésbica” em uma cidade média do oeste paulista.
Martin Tsang (Florida International University)
Imagining the Chinese in Afro-Cuban Religion
Matheus Guimarães Mello (UFG)
Distinções de gênero em processos de socialização e construção identitária de profissionais de música
Este trabalho procura pesquisar os processos de socialização e construção de identidades de músicos e musicistas profissionais, com o intuito de compreender quais processos sociais estão imbricados na escolha, atuação e identificação com as diversas atividades profissionais possíveis no campo da música.
Foi possível constatar que a maioria dos/das profissionais de música atua em várias atividades qualitativamente diferentes ao mesmo tempo. Ainda assim, foram percebidas distinções de gênero na distribuição dessas escolhas profissionais: a maioria das mulheres se sentem mais identificadas e estão concentradas em atividades de ensino, enquanto que poucos homens se identificam como professores apesar de a maioria exercer essa como pelo menos uma de suas atividades.
Para compreender isso, este trabalho enfoca na perspectiva dos processos de socialização que diferenciam homens e mulheres, processos tanto especificamente musicais quanto mais amplos socialmente. Assim, estes resultados são pertinentes para se compreender como se dão suas negociações identitárias, isto é, a articulação problemática entre as identidades reivindicadas e as identidades atribuídas.
Mayra de Souza Santos (UERJ), Regina Gonçalves de Moura (UERJ), Marcella Carmem Silva Reginaldo (UERJ)
Projeto Transformação
A sexualidade é ainda encarada como um tabu e repleta de imposições e interditos pessoais e culturais. Homens e mulheres vêem o sexo numa perspectiva unilateral, esquecendo que o sexo é para dois, o que aponta para a importância de discutir as representações de gênero. O projeto TRANSformAÇÃO de orientação afetivo sexual, implantado em turmas de 7º séries de uma escola municipal do Rio de Janeiro em 2007, visou debater, refletir e suscitar questionamentos acerca das questões relativas às representações sociais e de gênero em grupos de adolescentes, identificando vulnerabilidades em relação à saúde sexual e reprodutiva, a fim de promover o protagonismo dos jovens nas ações de prevenção às DSTs/HIV-aids e gravidez precoce. Eram realizadas oficinas semanais com duração de 1hora, facilitadas por médica sexóloga e estagiários de medicina. Ao final dos encontros e ao longo de 3 anos pôde-se observar que os adolescentes puderam ressignificar alguns conceitos e atribuir novos valores no que diz respeito às diferenças de gênero envolvendo temas como virgindade, castidade, masturbação, prazer e orgasmo, passando a assumir posturas participativas e colaborativas.
Meiry Peruchi Mezari (UFSC), Rafaella Machado (UFSC)
O poder da mulher em O Quarteto Fantástico: a invisibilidade
Tomando o cinema a partir do conceito de mimesis, neste trabalho, faz-se uma reflexão da representação do ser humano, focando a mulher, no cinema hollywoodiano. Para tanto, fazemos uma reflexão sobre a personagem Susan Storm, a Mulher Invisível do Quarteto Fantástico, filme de 2005 baseado nos quadrinhos da Marvel criados na década de 1960. Antes da reflexão sobre a mulher invisível, são levantadas algumas concepções sobre o corpo, baseadas na análise de obras feita por Elodia Xavier (2003). Na análise sobre a personagem, são considerados diálogos, apelos visuais e a aparência dos atores/atrizes que representam os personagens. Conclui-se que o enredo explora exaustivamente a dicotomia mente x corpo e outras oposições binárias - baseadas em Elizabeth Grosz (2000) - que colocam de um lado homens e, de outro, mulheres. A ilustração da Mulher Invisível, permeada por estereotipos que rodeiam a figura da mulher - com letra minúscula - mostra a tentativa de equiparação aos tradicionais super-herois masculinos, projetando poder à mulher. Tal poder, ironicamente, é o de se fazer sumir.
Michael Ferreira Machado (UFAL), Helena Costa Gomes de Araújo
Um olhar para além da tela: o ser mulher no filme “O homem que desafiou o Diabo”
Realiza uma análise crítica sobre a constituição do feminino nos diversos discursos e práticas que são reveladas no filme “O Homem que desafiou o diabo”. Nesse filme são retratadas varias construções acerca do feminino nas comunidades do Nordeste Brasileiro. A categoria gênero é considerada um construto social para o qual convergem as contingências históricas e culturais mais evidentes são: a virgem versus a vagabunda; a mocinha ingênua versus a vilã caprichosa. Sendo assim, estudar um filme, é compreendê-lo como resultante de um meio produtor de discursos que fomentam efeitos sobre o social, à medida que ele permite visualizar certas realidades acerca do feminino.A partir desse pressuposto, são identificados e analisados os discursos da personagem sobre si, bem como o que é dito pelas outras personagens acerca deste, estabelecendo as ligações entre esses discursos e as relações de poder. Segundo Montoro (2006), na linguagem audiovisual são os estereótipos que operam com o esforço de privilegiar e fixar determinados significados em detrimento de outros. Para isso, vale-se de práticas significativas que reduzem aquilo que está representado a características simplistas e fixas, sendo comuns os binarismos representacionais do feminino.
Mikarla Gomes da Silva (UFRN), Mikelly Gomes da Silva (UFRN)
Com que corpo eu vou?
Mikelly Gomes da Silva (UFRN)
Michê: entre arquétipos e sentimentos
Mirian Alves do Nascimento (UFSC)
Violência contra mulheres nas ditaduras militares do Brasil e Chile (1964-1989) nos periódicos de esquerda
Este trabalho tem por objetivo mostrar a incidência e o conteúdo das denúncias acerca das violências praticadas contra mulheres aprisionadas pelo Estado, durante as ditaduras militares do Brasil e do Chile, nos períodos de 1964 a 1989, em periódicos de esquerda, clandestinos ou não, bem como as motivações que levaram essas publicações a realizá-las. A partir dos estudos de gênero e de forma comparada, analisamos documentos produzidos nos dois países durante e depois deste período como jornais alternativos, entrevistas, biografias e autobiografias. Notamos, então, que a presença de denúncias acerca das violências sofridas pelas mulheres na época das ditaduras, praticadas pelo Estado, se deu de forma tímida durante o período de exceção, ampliou-se nas fases seguintes à abertura política, como uma maneira de enfatizar a denúncia das torturas em geral, porém, essas denúncias se utilizam de uma estratégia de gênero. Nas notícias que acusam as torturas contra as mulheres comumente optou-se pelo apagamento de sua militância nas organizações de esquerda, no intuito de reafirmar um papel secundário, de vínculo com o companheiro/esposo, pai, irmão, filho, num processo de reforço dos ideais burgueses. Já com respeito aos homens, além de existirem em maior número, são realizadas de forma a realçar a coragem, virilidade e masculinidade destes homens, representados como heróis e mártires.
Monike Meurer (UDESC)
“Lindonéia”, Nara Leão e mulheres desaparecidas – música e história
Em meados dos anos 60, um regime ditatorial chega ao poder no país fazendo o Brasil mergulhar em uma longa ditadura militar. Um regime com proibições e censuras capaz de restringir qualquer tipo de manifestação contra o governo. A censura alcançou um poder muito forte sobre a influência da produção e consumo de música nacional. Diversos artistas sofreram com a repressão, porém alguns músicos manifestaram sua revolta e, por conseguinte sofreram exílio. Mesmo a Bossa Nova, fazendo parte do repertório presente na alta classe da sociedade carioca, Nara Leão, uma grande intérprete do gênero, manifesta sua dor ao dar voz a uma canção dos compositores Caetano Veloso e Gilberto Gil. “Lindonéia” foi lançada no ano de 1968, retratando a figura de uma mulher desaparecida nesse período. Uma jovem sem face definida com sua triste história, de tortura e violência durante a militância política brasileira. A pesquisa investiga, a partir das questões relativas à linguagem musical e seu ambiente histórico, como o discurso de resistência deste grupo de cantores e compositores se manifestava na sonoridade de uma nação marcada pela repressão, cujo discurso vinculado a sentimentos nacionalistas, evidencia posições culturais e ideológicas da conjuntura existente durante o regime militar de 64.
Natália Madureira Ferreira (UFU), Flávia do Bonsucesso Teixeira (UFU), Cintia Pesconi
A subnotificação da violência contra a mulher nas Unidades Básicas de Saúde da Família: onde está a lacuna?
Violência contra a mulher é agravo de notificação compulsória desde 2003. Entretanto a subnotificação em serviços de saúde, onde as vítimas recebem a primeira assistência ou são acompanhadas, é uma preocupação da rede de atenção à mulher. Pelo caráter predominantemente doméstico, as equipes da Estratégia de Saúde da Família são fundamentais para a identificação e intervenção neste tipo de violência. Apesar disso, excetuando casos extremos, a identificação de situações de risco depende da subjetividade dos profissionais das Unidades de Saúde da Família. No estudo realizado, observamos que 62,8% dos profissionais entrevistados relataram situações de violência, porém a informação de terceiros foi o recurso de identificação mais freqüente, com 32% dos casos. A queixa de violência foi externalizada em 41,5%. Diante da denúncia, a postura mais freqüente foi conversar com a vítima em contraposição aos ínfimos 3,4% que notificaram. Embora prevalente esta violência é pouco reportada, visto que a exigência da notificação não é cumprida e a conduta na abordagem da vítima é precária, tratada como um aspecto menos relevante da saúde. A hipótese é que a violência não se constitui para esses profissionais como uma demanda da saúde pública, mas ainda um fenômeno privado que não exige intervenção.
Natalina Ribeiro Brito (UERJ), Camile Faustino (UERJ), Dayse de Paula Marques da Silva (UERJ)
Relações de gênero em equipes de Saúde: Serviço Social e Medicina
O presente trabalho tem como objetivo fazer uma análise da transversalidade de gênero nas carreiras profissionais, especificamente no Serviço social e na Medicina e um estudo das relações de gênero no mercado de trabalho. É fruto de leituras de textos incorporados do Projeto de Pesquisa: Novas hierarquias profissionais: conhecimento, gênero e etnia do Programa de Estudos de Gênero, Geração e Etnia. Existem formas de desestimular as mulheres na escolha por carreiras mais competitivas. Esse fato ocorre tanto na família como entre amigos ou até mesmo no ambiente escolar, pois há professores que ainda estão impregnados de “preconceitos” e os reproduzem nas salas de aula. Na especialização médica constata-se que a cirurgia e a pediatria, tornam-se especializações “masculinas e femininas”. Há uma concentração por sexo em algumas especialidades e estudos apontam a feminilização da carreira médica. O Governo de Vargas definiu o lugar da mulher na sociedade brasileira. A concepção de Gustavo Capanema era de que a mulher deveria proteger a família e ter uma educação adequada ao seu papel familiar. O Serviço Social evidencia esta influência até hoje, tanto na sua composição como na sua prática profissional. As hierarquias de gênero surgem nestes grupos e tem repercussão nas equipes.
Natasha Dias Castelli (UFPEl), Adhemar Lourenço da Silva Jr. (UFPEL)
Filantropia Feminina no Rio Grande do Sul (1920-1940): primeiros resultados
Nathália Dourado F Costa (UFPA), Adelma do Socorro Gonçalves Pimentel (UFPA)
Autoconceito em adolescentes do sexo masculino, no SENAI, em Belém - Pará
Nathilucy do Nascimento Marinho (UFRPE), Maria de Fátima Massena de Melo (UFRPE), Jaqueline Ferreira Holanda de Melo (UFRPE)
Erotização do Corpo Feminino e Consumo de Moda-Vestuário: vendendo “beleza e sensualidade”
Nayane Cristina Rodrigues de Brito (UFMA), Roseane Arcanjo Pinheiro
A notícia além do gênero: perfil de mulheres jornalistas de Imperatriz-MA
Nicole Geovana Dias Carneiro (UFU), Flavia do Bonsucesso Teixeira (UFU), Jacqueline Gonçalves Paiva (UFU)
Violência contra Mulher e a produção de provas: analisando o (des) preparo dos profissionais das Unidades Básicas de Saúde da Família de Uberlândia-MG
Considerada um agravo à saúde, a violência contra a mulher é de Notificação Compulsória desde 2003. Nesse contexto, espera-se que o profissional de saúde possua conhecimento técnico necessário para essa ação. Este trabalho desenvolvido com as equipes de Saúde da Família em Uberlândia-MG, em 2009, visava identificar as ações dos profissionais frente aos casos de violência contra a mulher e suas decisões no encaminhamento dos mesmos. A maioria significativa dos entrevistados (88,7%) afirmou se sentir capaz de identificar situações de violência. No entanto, os sinais corporais da violência foram indicados como o motivo mais prevalente para a identificação somado ao estado emocional da vítima, ou seja, situações onde as “provas” estariam mais evidentes. Nesse contexto, a violência sexual ou simbólica, pouco seria percebida, se não deixassem “marcas”. Considerando um número significativo (75,5%) desses profissionais se formou depois do estabelecimento da compulsoriedade da notificação do agravo e durante a constituição e reforma da Norma Técnica de Prevenção de Tratamento dos Agravos resultantes da Violência Sexual contra Mulheres e Adolescentes, nos remetemos ao lugar que essa discussão tem ocupado no currículo de formação desses profissionais e nos cursos de educação permanente.
Patricia de Oliveira Santos (UNEB), Cleide Silva de Sousa, Jessica Ferreira Marinho
Diálogos possíveis: masculinidades, trabalho e turismo nas barracas de praia na cidade de Camaçari
O presente artigo pretende descrever os resultados parciais da pesquisa intitulada Masculinidades, Turismo e o Terceiro Setor: um estudo sobre os atos performativos masculinos reproduzidos pelos microempresários e os membros dos movimentos sociais. Este trabalho focaliza os atos performativos masculinizados reproduzidos pelos microempresários negros oriundos da orla da cidade de Camaçari que trabalham diretamente com as áreas potencialmente turísticas. Trata-se de uma pesquisa de base quantitativa e qualitativa, muito embora os dados a serem descritos centram-se nas histórias de vida e na observação participante. Aqui, tentaremos compreender como os varões, proprietários das barracas de praias, desenrolam as suas relações de gênero, considerando as três dimensões da masculinidade (Connell, 1998): poder, trabalho e desejo. Neste diálogo com os dados coletados buscaremos o enlace entre a classe, raça/etnia, e sexo/gênero. Esta pesquisa tem como pressuposto que estamos enquadrados numa matriz da heterossexual compulsória, patriarcal e racializada, quer seja na linguagem ordinária, quer seja nas Ciências Humanas.
Patrícia do Nascimento Campos (PUC - RJ)
Gênero e Prática Pedagógica Intercultural: o que deve ser tomado como natural na educação de meninos e meninas?
Patrícia Oliveira Santana dos Santos (UFPB), Jéssica Karoline Rodrigues da Silva (UFPB), Flávia Ferreira Pires (UFPB)
“Nós somos combinados”- negociando o destino do benefício do Programa Bolsa Família.
O presente trabalho tem por objetivo analisar, a partir da pesquisa de campo realizada no município de Catingueira, região do semi-árido da Paraíba, as mudanças ocorridas no poder de barganha feminino como decorrência da introdução do Programa Bolsa Família. Tradicionalmente, na configuração da estrutura familiar sertaneja o homem assume o papel de provedor dos recursos familiares, enquanto a mulher assume o papel de administradora desses recursos. Trataremos, neste artigo, de entender o que estes papéis significam e principalmente, que mudanças estão acontecendo em virtude do recebimento por parte da mãe (ou mulher responsável pelo domicílio) da quantia monetária advinda do Programa.
Patrícia Stoco (Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)), Filipe Miranda Pereira, Anna Paula Uziel (UERJ)
Os Sentidos da Homossexualidade no Contexto Acadêmico
A educação pode ser uma grande aliada no combate à discriminação, ainda mais, no que tange à diversidade sexual. A construção do preconceito se dá muitas vezes devido a uma grande falta de informações concernentes ao tema. Pouco se discute sobre sexualidade e se toma a heterossexualidade como sinônimo de normalidade, direcionando qualquer outra manifestação de afeto ou sexual para o campo da anomalia. A universidade pode funcionar como um agente importante na construção de outros olhares sobre a sexualidade. Atualmente, os professores estão frente a estudantes que convivem com questões relativas aos direitos dos transexuais, orgulho gay, famílias homoparentais, AIDS, entre outros, que estão na mídia o tempo todo. Apesar de todas essas convocações a reflexões, estudantes da UERJ de diversos cursos que participaram de uma pesquisa que visava conhecer suas concepções a respeito da homossexualidade, feita através de um questionário ainda acreditam que professores e alunos não estão preparados para lidar com a diversidade sexual. Em relação à universidade ser um espaço para discussão da temática, mostraram-se divididos, mas afirmam que a universidade alterou suas concepções.
Patricia Tatiana Raasch (UDESC)
Conexões entre os EUA, Europa e Brasil: uma análise da configuração de laços transnacionais construídos pelos novos e/imigrantes brasileiros.
Desde meados da década de 1980 e início da década de 1990, Governador Valadares (MG) e Criciúma (SC), respectivamente, têm se configurado como cidades que mantém um fluxo contínuo de emigrantes para os EUA (região de Boston) e, mais recentemente, para Portugal (região de Lisboa). Esses migrantes têm, ao longo dos anos, formado redes sociais que sustentam a formação de comunidades transnacionais.
Este projeto de pesquisa tem por um de seus objetivos verificar os tipos de conexões que são construídas a partir das redes familiares, e de que maneira os laços transnacionais recriam ou provocam rupturas nos padrões familiares e de gênero nas relações entre homens e mulheres e destes com suas famílias.
A metodologia da pesquisa envolve entrevistas semi-estruturadas e observação participante com migrantes tanto nos locais de origem como nos locais de destino.
Por meio de relatos de algumas entrevistas já transcritas foi possível percebemos que o projeto migratório é um projeto familiar e afetivo, que envolve tanto pessoas que migraram, como os que permaneceram na sociedade de origem. Mas é também um projeto atravessado pelas questões de gênero, em que homens e mulheres se vêem obrigados a rever determinados conceitos e valores.
Paula Rodrigues da Silva (UFRRJ), Jéssica Alves Rangel (UFRRJ), Silvia Aparecida Lelis (UFRRJ)
A função da escola na incorporação dos papeis sexuais em crianças do Ensino Fundamental
A pesquisa está sendo desenvolvida pelo Laboratório de Estudos em Educação Física Escolar e Gênero – LEEFEG/UFRRJ. Primeiramente, a referida pesquisa busca descrever o histórico do ensino formal brasileiro, e a partir deste entendimento, visa compreender as relações de gênero nas crianças em idade escolar. Procura, também, discutir a atuação docente relacionada à questão de gênero, e algumas condutas ultrapassadas no convívio entre os sexos. Além disso, pretende-se alertar como as desigualdades se mostram presentes na formação da personalidade das crianças que acabam por contribuir para que a sociedade condene as pessoas a aceitarem suas regras, muitas vezes obsoletas, e puna os que tentam se diferenciar. O objetivo geral da pesquisa é investigar a função da escola na incorporação dos papeis sexuais pelas crianças de 6 a 10 anos de uma escola pública do município de Seropédica - RJ. A metodologia utilizará, após a primeira etapa de fundamentação teórica, uma coleta de dados através de observação das crianças na escola, bem como um questionário que está sendo aplicado as professoras do Ensino Fundamental, para que através deste possamos analisar como as docentes lidam com a questão das relações de gênero e os papeis sexuais que estão sendo incorporados pelos seus alunos.
Pedro Lopes (USP)
A construção de figuras “jovens” em relatos de pesquisa na Cidade do Cabo, África do Sul
Esta pesquisa se insere no contexto de outra mais ampla: “Relations among “race”, sexuality and gender in different local and national contexts”, que abrange seis grandes cidades no Brasil, Estados Unidos e África do Sul. O material que aqui será tratado foi coletado entre 2006 e 2007 na Cidade do Cabo, por meio de etnografias em locais de sociabilidade frequentados por um público próximo da faixa de 18 a 24 anos e entrevistas em profundidade realizadas com pessoas selecionadas a partir da experiência etnográfica. Busca-se, no recorte da pesquisa que ora se apresenta, verificar as formas como a equipe que foi a campo operou com as noções “jovem“/“juventude“ (“young”/“youth”) nos relatos etnográficos, entrecruzando categorias de gênero, “cor/raça/etnia”, classe social e de orientetação sexual. O que se propõe é que os “marcadores sociais da diferença” operam nas narrativas dos pesquisadores articulando-se a representações sociais, criando diferentes figuras “jovens” – que variam entre as distintas posições territoriais na rede urbana. Assim, cria-se um olhar diverso daquele que entende a “juventude” enquanto uma fase da vida, ou um período transitório anterior à maturidade, rumo à exploração de seus conteúdos identitários múltiplos e situacionados.
Penélope Gomes Mora Cortés (UFRJ), Ludmila Fontenele Cavalcanti, Roberta Matassoli Duran Flach (UFRJ)
www.ess.ufrj.br/prevencaoviolenciasexual/fale-conosco
Introdução. Esse trabalho faz parte do projeto de extensão Prevenção da Violência Sexual II e articula-se à pesquisa Avaliação dos serviços de atenção às mulheres em situação de violência sexual no estado do Rio de Janeiro. Objetivo. Apresentar as demandas encaminhadas por diferentes sujeitos, através do espaço de comunicação com a equipe, denominado “fale conosco”, no acesso ao site www.ess.ufrj/prenvencaoviolenciasexual. Metodologia. Foram analisadas 46 demandas enviadas no período de 2007 a 2009, classificadas pelo tipo, região do país, profissão e sexo do remetente. Resultados. O envio de mensagens triplicou de 2007 para 2009; a solicitação de material sobre a temática, seguida da solicitação de orientação são as demandas mais freqüentes; os remetentes são profissionais das diferentes políticas públicas e estudantes de vários cursos, em sua maioria do sexo feminino e da região sudeste. Conclusões. O acesso ao site, como um instrumento pedagógico, vem contribuindo para: a) o acesso à informação tanto de profissionais quanto de estudantes; b) o encaminhamento de mulheres e famílias em situação de violência sexual e doméstica para a rede de serviços; c) a qualificação das ações profissionais; e d) o intercâmbio institucional.
Philipi Gomes Alves Pinheiro (UFES/FACITEC)
Marcas da desordem: agressões de mulheres na Comarca de Vitória/ES (1860/1870)
Desde a década de 1980 os autos criminais têm sido utilizados em larga escala como janelas para a vida social e para as relações cotidianas das sociedades. No século XIX a sociedade capixaba era composta, em grande parte, por mulheres. Desta forma, pretende-se explorar as sociabilidades violentas nas quais as mulheres figuravam como atores sociais. As fontes utilizadas serão os autos criminais e as correspondências policiais de 1860 a 1870, os quais se localizam no Arquivo Público do Estado do Espírito Santo( APEES). Por meio do método quantitativo e qualitativo pretende-se compreender o contexto no qual ocorreram os casos de agressão física com vítimas femininas na Comarca de Vitória/ES. Nesta localidade observa-se que os motins travados entre os habitantes revelam mais que conflitos locais. Tais desordens funcionavam como reguladores da moralidade local, condenando hábitos sociais. Este trabalho busca analisar o universo das agressões sofridas pelas mulheres desde o fervor da desordem até o julgamento dos casos levados às instancias superiores de justiça. Desse modo, espera-se compreender os motivos geradores desses desarranjos assim como o perfil dos envolvidos, seu grau de parentesco com a vítima e a reação desta perante a situação de agressão.
Pilar Carvalho Guimarães (UNICAMP)
Homens e Mulheres no Mercado de Trabalho nos anos 2000. As tendências de segregação e divisão sexual do trabalho se mantém?
O objetivo deste estudo é pesquisar o perfil dos trabalhadores nas Regiões Metropolitanas de Campinas, São Paulo e Baixada Santista investigando a composição da força de trabalho em 2006 utilizando a base de dados da PCV - SEADE. À luz da revisão bibliográfica, comparar e verificar se as tendências disponibilizadas por estudos anteriores sobre as diferenciações na inserção de homens e mulheres no mercado de trabalho se mantêm. Nesta pesquisa sobre o mercado de trabalho, se torna imperativo pensar a esfera produtiva tendo como referência a categoria gênero, entendendo-a como constitutiva das relações de poder, intrínsecas a esse campo, onde são primordiais características históricas, naturais, materiais e sociais. A análise considerando a categoria gênero evidencia que as disparidades verificadas entre homens e mulheres no mercado de trabalho estão vinculadas às relações sociais hierarquizadas na esfera da reprodução.
Através de um recorte de gênero, considerando as relações sociais construídas e reproduzidas historicamente e a teoria da divisão sexual e social do trabalho, pretende-se investigar o perfil dos trabalhadores e trabalhadoras no contexto de recuperação do crescimento econômico e de retomada da formalização dos vínculos de trabalho. As diferenciações de inserção no mercado de trabalho são analisadas relacionadas ao gênero e à posição na família.
Priscila Fabiane Farias (UFSC)
Entrando no Entre-lugar da Deficiência
Este trabalho tem por objetivo construir um diálogo entre o conceito de “entre-lugar” (Santiago, 1978) e o conceito de “deficiência” problematizado no ensaio “Feminist Theory, the Body and the Disabled Figure” (Thomson, 1997). De acordo com Thomson, o processo de redefinição de ‘deficiência’ passa necessariamente por um conflito. Isto porque, ao mesmo tempo em que é urgente universalizá-lo (ou seja, reconhecer que as questões relacionadas à ‘deficiência’ não são limitadas a pessoas culturalmente identificadas com ‘deficiência’ mas sim remetem à sociedade como um todo), corre-se o risco de mascarar a ‘deficiência’ enquanto efeito sócio-cultural que recai de forma assimétrica sobre os indivíduos, privilegiando o acesso aos direitos de alguns em detrimento do acesso aos direitos daqueles assim constituídos como “outros”. Este trabalho busca refletir sobre o conflito apontado por Thomson, levando em conta o potencial político de engajar as noções de "entre-lugar", "releitura" e "reescrita" propostas por Santiago.
Priscilla da Silva Faria (UEL)
Psicologia e ativismo: análise psicossocial do papel do psicólogo nas políticas públicas LGBTTT
Ao longo da história, os relacionamentos homossexuais são alvo de forte preconceito por parte da sociedade, que com intensa influência de dogmas religiosos e debates políticos e científicos, estabeleceu padrões de anormalidade, patologia e aberração para as relações homoafetivas. Nesse sentido, a presente pesquisa qualitativa buscou subsídios para uma análise psicossocial sobre o papel do psicólogo dentro das políticas públicas destinadas a população LGBTTT, com o objetivo de contribuir para a formação e atuação dos psicólogos sobre questões relacionadas à diversidade sexual. Utilizou-se como instrumento de coleta de dados, entrevista semi-estruturada, realizada com um psicólogo militante do movimento LGBTTT. A análise do material coletado está articulada a perspectiva teórica de autores que problematizam as construções sócio-históricas relacionadas à sexualidade e às questões de gênero, e prioriza um breve debate sobre a história da psicologia, sobre a formação e atuação do psicólogo nas políticas e movimento LGBTTT, bem como propõe uma reflexão sobre o compromisso desta ciência no combate a discursos e práticas homofóbicas.
Rafael Reis da Luz (UFRJ)
A normatividade nas relações afetivo-sexuais hetero e homossexuais: um estudo a partir dos espaços de homossociabilidade
O trabalho teve como objetivo realizar um estudo bibliográfico crítico sobre as relações afetivo-sexuais homossexuais e suas particularidades frente à normatividade heterossexual. Falamos das redes de homossociabilidade, em seguida da tendência de se definir uma imagem do gay e como essa definição poderia promover a criação de novos “guetos”, que abrigariam aqueles homossexuais que não se encaixam num padrão. Discutimos alguns estudos realizados dentro do circuito GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes) que mostram uma normatização da figura do gay, na qual alguns são aceitos e desejados, tanto dentro como fora desse circuito. Em seguida, entramos na questão do gênero, e mostramos que há uma possível passagem da condição físico-sexual da mulher (passividade) para sua condição psicológica, e que esta passagem está presente nas relações homo-afetivas, onde a figura do homem gay masculino é associada à atividade, tanto no sentido sexual como psicológico, e a figura do gay feminino é associada à passividade. Concluímos que a suposta ‘homonormatividade’ nada mais é do que um atravessamento, uma readequação da normatividade heterossexual e da norma de gênero. Um processo de normatização que influencia na busca de parceiros e na adoção de um modelo homossexual, favorecendo a estigmatização e a exclusão, além de manter a sujeição do feminino frente ao masculino.
Rafaela Alessi Rosa (Universidade Positivo), Christine Ditzel Delle Donne
O predomínio do machismo em algumas categorias da publicidade.
Raphael Francisco do Nascimento Soares (ENCE)
Análise do desempenho escolar por sexo no Ensino Fundamental e Médio no Brasil, para os anos de1992 e 2006, com dados da Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios
Raphael Henrique Travia (IFSC), Vanessa Luiza Tuono Jardim, Angela Morel Nitschke (IFSC)
Entre Lírios e Delírios: igualdade de gênero em saúde mental
Em um novo modelo de saúde mental, a internação psiquiátrica vem sendo substituída pelo tratamento em serviços de referência como os CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) que visa ajudar os clientes a exercerem seus direitos e deveres, reconstruindo sua cidadania. Os transtornos psiquiátricos na comunidade, estudados como morbidade, são mais freqüentes na população feminina, aumentam com a idade e apontam para um excesso no estrato social de baixa renda. Através da observação direta intensiva, com base em roteiro previamente estabelecido, a pesquisa de campo foi realizada no Grupo de Apoio Gênero Feminino, do CAPS III Dê-Lírios, Joinville-SC, durante o mês de outubro de 2009, com pacientes em tratamento de depressão grave. Percebe-se que a formatação feminina exigida pela sociedade perdura gerações e tem gerado sérios problemas às mulheres, principalmente problemas que atingem sua saúde física e psicológica. Traumas da infância, compromissos com a família e condições do mercado de trabalho são algumas das causas que levam muitas mulheres desenvolverem transtornos mentais. Para que o tratamento possa ter os resultados desejados é fundamental assegurar às mulheres o direito de receber cuidado digno e respeitoso.
Raphael Xavier Barbosa (UFRPE)
Rosas de chumbo: mulheres e guerrilhas urbanas em Pernambuco (1969 – 1974)
Essa pesquisa exploratória visa analisar a participação feminina nos grupos revolucionários de esquerda que se proponham a empreender guerrilhas urbanas em Pernambuco, no período do governo ditatorial de Garrastazu Médici. Desmistificando o papel político das mulheres nesse contexto, que quase sempre são tidas como fantasmas da história, sendo silenciadas suas vozes nas narrativas oficiais. Problematizando os resultados expostos no Projeto “Brasil Nunca Mais” o qual, assinala uma baixíssima representatividade feminina no total de processos políticos formados na Justiça Militar. Buscamos dar visibilidade as lutas dessas companheiras que combateram com chumbo, suor e sangue o regime repressor. Devido à fragmentação e relativa ausência de material teórico sobre o tema, utilizamos os métodos de análise de escritores como Carlo Ginzburg e Michel Foucault como norteadores de nossa escrita. Construindo o projeto através de um levantamento e fichamento das fontes, as mais relevantes foram usadas na perspectiva de empreender essa discussão, buscando contribuir para formação e aprofundamento no tema.
Raphaela de Souza Alvarenga (UFF)
O futebol feminino e os professores de Educação Física
Este trabalho foi elaborado para a conclusão da disciplina “Gênero e Sexualidade na Escola”, ministrada pelo Profº Sérgio Aboud, no curso de Educação Física da UFF e vem sendo ampliado no grupo de estudos coordenado pelo mesmo. Este tema é relevante para os estudos de gênero principalmente ao relacionarmos aos estudos das atividades físicas e da Educação Física Escolar. Metodologicamente, além de pesquisa bibliográfica e em periódicos, algumas entrevistas foram feitas com jogadoras de futebol, todas amadoras e também com professoras e professores de Educação Básica. Trabalhei com autores que abordam as relações de gênero relacionando-os a outros autores que falam sobre futebol, para pensar na prática deste fora e dentro da escola. Uma visão mais ampliada do papel da mulher em atividades físicas em que homens também estão envolvidos está sendo levada em consideração. Como conclusão parcial, já que continuamos a pesquisa com a perspectiva de transformá-la em um trabalho monográfico, podemos destacar a necessidade da ampliação de pesquisas na área, a necessidade da inclusão de disciplinas que falem sobre gênero nos cursos de Educação Física e também de propostas de formação continuada para os docentes que já estão inseridos nas redes de ensino.
Raquel Braga Franco (UFMG)
Mãe, Mulher, Feminino, Professora e... o falo
Ao serem convidados a pensar sobre sua prática, alguns docentes (sujeitos da pesquisa A subjetividade docente produzida em tempos de declínio do discurso do mestre, realizada no período de 2007 a 2009 na Faculdade de Educação da UFMG) fizeram associações tanto com o que denominamos “maternagem”, quanto com aspectos relacionados ao gênero dos envolvidos. Para tal análise, julgamos necessário recorrer tanto à Psicanálise, quanto à alguns teóricos da Educação que escrevem sobre o tema, haja visto que o que parece estar em jogo é a “feminização do magistério”, bem como sua domesticidade. Tais características acabam por acarretar alguns prejuízos políticos tanto para a consolidação de um corpus epistemológico que dê conta do impossível ato de educar, quanto para o próprio exercício da pratica docente, tornando necessário que nos aprofundássemos no estudo de tal nuance para tentar ao menos tornar claras as obscuridades envolvidas em tais questões.
Raquel de Melo Giacomini (UFSC), Claricia Otto (UFSC)
A história nas memórias de professoras catarinenses: qual história?
Este trabalho conta com financiamento do PIBIC/CNPq - BIP/UFSC. É parte da pesquisa “História e educação: investigações sobre a apropriação do conhecimento histórico”, sob a coordenação da professora Drª Claricia Otto. Objetiva-se apresentar a leitura e análise de quase uma centena de entrevistas, realizadas na década de 1990 por professores e estudantes da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), com ex-professoras, acerca de suas experiências como professoras, em escolas primárias, no Estado de Santa Catarina. As entrevistadas nasceram, em sua maioria, nas três primeiras décadas do século XX e as entrevistas estão depositadas no acervo do Museu da Escola Catarinense, no centro de Florianópolis (SC). As memórias, vivências e experiências narradas por essas mulheres sinalizam para uma série de processos de construção de gêneros, e, consequentemente de subjetividades. Esses processos podem ser visualizados nas afirmações das entrevistadas por meio de frases tais como: “magistério é coisa de mulher”; o pai e/ou marido só deixava trabalhar “se fosse como professora de ensino primário”.
Raquel Forchesatto (UNOCHAPECÓ), Adriana De Toni
A trajetória de vida de mulheres em situação de pobreza: um olhar a partir das relações de gênero
Não são recentes os debates e produções acadêmicas que tem como finalidade problematizar as desigualdades existentes entre homens e mulheres. Nesta direção, a investigação sobre as configurações das relações de gênero na trajetória de vida de mulheres em situação de pobreza, beneficiárias do Programa Bolsa Família - PBF, no município de Chapecó/SC, é o foco central do nosso Trabalho de Conclusão de Curso, a ser finalizado em junho de 2010. Ao relacionarmos gênero e pobreza, pretendemos decifrar fenômenos como a feminilização da pobreza, já que muitas mulheres são de fato as chefes do domicílio e a centralidade da figura da mulher como gestora do programa voltado ao combate à pobreza no Brasil. Questiona-se, portanto, a atual tendência das políticas públicas, que tem a mulher como público-alvo, constatando-se como políticas de gênero. Num primeiro momento, estamos decifrando como as relações de gênero foram sendo concebidas e construídas historicamente na região onde vivem as mulheres pesquisadas. Em decorrência disso, pretendemos compreender como tais concepções marcaram e marcam a trajetória de vida destas mulheres até se tornarem as principais gestoras do PBF, qual a concepção que elas têm do PBF e quais os impactos que o Programa gera na sua vida cotidiana.
Rayani Mariano dos Santos (UFSC), Miriam Pillar Grossi (UFSC), Patricia Rosalba Salvador Moura Costa (UFSC)
O Caso Geisy Arruda: representações midiáticas brasileiras sobre violências contra mulheres
Este trabalho tem como objetivo analisar a cobertura midiática divulgada em portais da internet sobre o caso da estudante Geisy Arruda, agredida pelos colegas dentro do campus da Universidade Bandeirante em São Paulo, sob a alegação de que estava com um vestido muito curto. Foram pesquisadas um total de 171 matérias publicadas em quatro portais (Folha de São Paulo, R7 da Record, G1 da Rede Globo e Revista Época). Analisou-se as matérias, objetivando perceber o posicionamento dos diferentes veículos e as fontes mais citadas. Detivemo-nos em alguns desdobramentos do caso que nos pareceram os mais ilustrativos, inclusive pelo destaque que mereceram na mídia analisada. Observamos que o evento de agressão atraiu grande interesse da mídia e da população e promoveu um intenso debate entre jornalistas, antropólogos, psicólogos, intelectuais, políticos e ativistas de movimentos sociais, principalmente do feminista. Porém, apesar da grande discussão e do espaço ilimitado da internet, a violência de gênero que Geisy Arruda sofreu não foi muito discutida nos portais selecionados, que, em algumas matérias, inclusive, ratificaram essas agressões como “culpa da estudante”.
Rebeca Tobias Carneiro e Souza (UNB)
A violência psicológica baseada no gênero e a eficácia da Lei Maria da Penha
O foco desta apresetação de pôster é analisar a eficácia da Lei Maria da Penha, no que concerne à violência psicológica baseada no gênero. Este tipo de violência consiste em uma agressão emocional, muitas vezes mais grave que a física, praticada para atingir e diminuir a auto-estima e a saúde psicológica da mulher. A violência psicológica, na maioria das vezes, não necessita de ações rudes ou de agressões perceptíveis para se configurar e as mulheres simplesmente passam a achar que é normal serem desrespeitadas e humilhadas. Assim, a violência psicológica, estando sempre presente no dia-a-dia das relações sociais, torna-se a principal forma de controle na reiteração do status quo de dominação masculina e na manutenção da hierarquia social baseada no gênero. Se a violência física possui alguma estatística, a violência psicológica, por ser mais difícil de enxergar, se infiltra em praticamente todas as relações familiares e afetivas normais, contribuindo para que o sistema de subordinação seja considerado natural na sociedade. Procura-se então questionar, sob a égide da Lei Maria da Penha, como e quanto estes fatores afetam a denunciação da prática de violência psicológica no ambiente doméstico e familiar contra a mulher.
Rejane Veiga de Almeida (UERJ), Maricy Beda Siqueira dos Santos (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do RJ), Maria Fernanda Leite Oliveira (SEAP-RJ)
Perfil das mulheres cujos filhos nasceram durante o cumprimento de suas penas no Sistema Prisional do Estado do Rio de Janeiro
Este trabalho apresenta resultados de uma pesquisa, cujos integrantes são alunos e profissionais de psicologia e serviço social; dentre estes alguns atuam em equipes técnicas nos presídios femininos do Estado do Rio de Janeiro. A pesquisa tinha como objetivo investigar os sentidos da maternidade para mulheres em privação de liberdade cujos filhos nasceram durante o cumprimento da pena há no máximo dois anos. Foram entrevistadas 48 detentas, utilizando um roteiro composto por três eixos: família, maternidade e maternidade e prisão. Abordaram-se questões como: dados sócio-demográficos; exercício da maternidade na vida de uma mulher livre e em privação de liberdade; relação com familiares e outros filhos antes e depois do encarceramento; dia-a-dia na penitenciária; visão do tratamento recebido e projetos futuros. Assim, através da coleta de dados objetivos, foi possível delinear um perfil desta população no que tange as características socioculturais, nível de escolaridade, profissionalização, número de filhos, organização familiar, permitindo identificar suas necessidades e delinear políticas públicas mais direcionadas a esta clientela.
Renata Cecília de Lima Oliveira (UDESC)
Os cantos fúnebres no filme Abril Despedaçado: representação da tragédia além das fronteiras
Através da análise do filme Abril Despedaçado, este trabalho sugere a relação entre os elementos melódicos presentes nos cânticos fúnebres, (inseridos nas cenas ligadas a morte), com a técnica utilizada na captação das imagens (o Claro/Escuro), e a narrativa trágica a qual se insere toda a obra.
No tocante as imagens, nota-se que os cantos fúnebres entoados pelas rezadeiras e pela mãe do morto que precisa ser vingado, frequentemente aparecem associados às cenas com imagens mais escuras e densas.
Através da transcrição das melodias dos cantos fúnebres, tornou-se possível uma análise destas melodias e os seus intervalos musicais. Elementos que sugeriram a relação musical dos cantos e o aspecto trágico da obra.
O filme Abril Despedaçado é inspirado, de maneira livre, no livro homônimo do escritor albanês Ismahil Kadaré. O diretor e roteirista Walter Salles foi um dos responsáveis pela adaptação da história do livro para o cinema.
Na adaptação do livro para o filme, Salles representou as carpideiras albanezas através das rezadeiras do nordeste brasileiro (símbolizando as mulheres que choram o morto que não lhes pertence). Desta forma o diretor sugeriu uma adaptação de um ritual local, de uma região, no caso da Albânia, para o Brasil, propondo, desta maneira, um diálogo cultural além das fronteiras.
Renata Souza Rolim (UFRPE), Sabrina Carneiro de Lima Souza (UFRPE), Maria de Fátima Massena de Melo (UFRPE)
Inclusão perversa de mulheres catadoras de materiais recicláveis
A catação de materiais recicláveis tem sido utilizada como uma das alternativas de sobrevivência entre mulheres em situação de pobreza. Esta alternativa tem servido para sustentar a indústria de reciclagem e aumentar o capital das grandes empresas do setor, visto que as catadoras recolhem e fazem a triagem dos materiais, mas são as indústrias que determinam o preço e as condições de trabalho. Ao se organizarem em associações e cooperativas as catadoras garantem “trabalho e renda”, porém seus direitos sociais e trabalhistas são negados pelo Estado e pela indústria de reciclagem, ocorrendo então uma inclusão perversa. O objetivo deste artigo é analisar até que ponto a organização em associação e cooperativas de catadores/as nos municípios de Paulista e Abreu e Lima-PE incluem as mulheres socialmente. Por meio de relatos orais, observações e entrevistas constatamos a presença maciça de mulheres chefes de família, negras e com baixa escolaridade trabalhando como catadoras. Constatamos ainda, que embora reconhecendo o papel político e sócio-ambiental que exercem, elas consideram seu trabalho precário, informal e barato. Sem acesso aos direitos sociais e condições dignas de trabalho as catadoras participam de um sistema que normatiza a informalidade e vivenciam a inclusão perversa.
Ricardo Santana Braga (UFF)
Cinema como proposta pedagógica na luta pela equidade de gêneros
Este pôster apresenta uma análise sobre o filme Transamérica e o seu uso pedagógico, apresentado na disciplina “Gênero, Sexualidade e Escola” do curso de Educação Física da UFF. No filme Bree (Felicity Huffman) é uma transsexual que as vésperas de realizar sua cirurgia de adequação sexual descobre que teve um filho produto de uma única relação sexual. O garoto, Toby (Kevin Zegers), é agora um adolescente problemático que sonha encontrar o pai que nunca conheceu. Os dois se conhecem e partem em uma viagem de carro cheia de imprevistos e acidentes. Na primeira parte do trabalho discutimos questões de identidades sociosexuais, papéis normatizados e o conceito de novas estruturas familiares, para isso fizemos uso de Guacira Louro (2000) e Anderson Ferrari (2003) como referencial teórico. Em uma segunda etapa apresentamos uma proposta de trabalho pedagógico a ser desenvolvido em turmas de Ensino Médio como tema transversal, buscando exercitar com este público um debate sobre diversidade e respeito às diferenças, procurando contribuir na luta pela equidade de gêneros e suas representações na sociedade.
Rick Valerio do Nascimento Silva (UERJ), Filipe Miranda Pereira
Homofobia na Universidade: reflexões sobre a aversão aos homossexuais
Em 2009 e 2010 foi realizada uma pesquisa com estudantes da UERJ sobre homossexualidade abordando demonstrações de afeto em público, direitos à conjugalidade, parentalidade e benefícios para os casais, convivência com gays e lésbicas, entre outros temas. Este trabalho discute questões quanto a ações preconceituosas contra homossexuais e o termo homofobia, definido, na pesquisa, de forma significativa, como “medo e/ou aversão a pessoas que se relacionam com outras do mesmo gênero sexual”. Grande parte dos pesquisados condenava manifestações públicas de afeto entre casais do mesmo sexo justificando ser uma ofensa a quem estava em volta. Muitos alunos identificam práticas homofóbicas nos trotes, fato que demanda, nos parece, a necessidade de se gerar debates sobre o tema na universidade. A dificuldade ou a recusa em ter amizade com gays e lésbicas também foram identificadas por nós como práticas homofóbicas, uma vez que os estudantes localizaram na orientação sexual o motivo do afastamento da pessoa.
Rislene de Moura Rissi (CESUMAR), Fernanda Riseti Manfrinato, Renata Feltrim Resina (CESUMAR)
Moda, sustentabilidade e gênero: as flores das mulheres de Corumbataí do Sul (PR)
A moda e a sustentabilidade são campos de estudos de gênero. Este pôster tem por objetivo analisar os resultados obtidos no projeto “Mulheres entre panos e sementes: produção de roupas e acessórios para a moda”, com vistas a entender as relações entre moda, mulheres, sustentabilidade e gênero. Por meio de fragmentos visuais (fotografias), que retratam os desempenhos femininos de segmentos pobres da cidade de Corumbataí do Sul(PR), no trabalho de produção de acessórios com retalhos de tecidos descartados pelas indústrias de confecção, procuraremos mostrar como a moda e a sustentabilidade permitem visitar temas e questões de gênero. Neste empreendimento, indicaremos como os saberes e fazeres das mulheres acerca das artes manuais, historicamente e culturalmente concebidos como “habilidades femininas”, tais como, cortar panos, costurar, pregar botões etc, podem se constituir em vetores para a construção de novas representações nos sujeitos acerca de si e da natureza, proporcionando mudanças em suas histórias de vida, mediante a geração de trabalho e renda.
Roberta Alves dos Santos (FUNDAJ), Lígia Albuquerque de Melo (Fundação Joaquim Nabuco)
Conservação ambiental: o papel desempenhado pelas mulheres na conservação da água
O estudo versa sobre a relação de gênero e a conservação da água. A mulher, especialmente a mulher rural, está diretamente em contato com os recursos hídricos tanto no espaço reprodutivo – doméstico - como no produtivo – agricultura familiar -, por isso ela pode desempenhar um importante papel na conservação da água, pois é ela quem geralmente administra esse bem natural nesses espaços. Partindo disso, o estudo tem como objetivo analisar a contribuição da mulher rural na conservação dos recursos hídricos e como a relação de gênero interfere na convivência da mulher com a água. Trata-se de uma pesquisa com base bibliográfica e análise de dados secundários. Constatou-se que a mulher rural mantém uma estreita relação com a água e por isso é mais preocupada em conservar esse recurso natural devido ser ela a maior prejudicada com os impactos da escassez da água. Então, a mulher rural cria alternativas que contribuem para a conservação dos recursos hídricos através da agricultura familiar sem o uso de insumos externos e no âmbito doméstico com o aproveitamento da água já utilizada, as cisternas com a captação da água da chuva e a retirada de água dos poços, rios, açudes e barreiros de forma moderada.
Roberta de Azevedo Pereira (FURG), Dárcia Amaro Ávila (FURG), Paula Regina Costa Ribeiro (FURG)
Projeto Segundo Tempo: analisando algumas questões de gênero
Este estudo visa investigar e traçar alguns paralelos a respeito das questões de gênero presentes no projeto do Programa Segundo Tempo. Para isso, realizou-se uma análise do projeto padrão – apresentado pelo Ministério do Esporte – e compararam-se os dados obtidos com os relatos de vivência de uma monitora que atuou no programa, a qual é uma das autoras desse trabalho. O estudo está fundamentado no entendimento de gênero como uma construção sócio-histórica das distinções baseadas no sexo. Através da análise realizada, percebeu-se que o programa apresentava aspectos como a democratização da atividade esportiva sem distinção de gênero e primava pela livre escolha da criança na modalidade esportiva de interesse. Porém, a partir do relato da monitora, observou-se que a efetivação do projeto dava-se de forma desarmônica com o que era nele pautado, visto que as atividades desenvolvidas eram aquelas culturalmente nomeadas como masculinas e as meninas as realizavam sem resistência, mas geralmente os meninos se opunham em realizar as culturalmente denominadas femininas, quando estas eram sugeridas. Com isso, eram realizadas mais atividades consideradas masculinas, o que acarretou maior participação de meninos do que de meninas, o que vai de encontro à proposta do projeto, no qual tanto meninos quanto meninas deveriam ter o mesmo atendimento.
Rodrigo Fessel Sega (UNESP), Samara Konno (UNESP)
Canadá e Japão: relações de gênero em estudos comparativos de imigração internacional
A partir da década de 80, a auto-imagem do Brasil se inverte, de país receptor de imigrantes para país exportador. A inserção diferenciada de mulheres e homens no decorrer desse movimento migratório, principalmente para os países onde o fluxo de brasileiros foi mais intenso como os EUA, Japão e Europa, foi amplamente comparada e estudada. Entretanto, países como o Canadá, onde o fluxo de brasileiros é relativamente menor, embora tenha se iniciado na mesma década, os estudos de gênero se encontram ainda em defasagem. Neste projeto pretendemos analisar as instituições sociais da família e do trabalho com a finalidade de mapear e analisar as relações de gênero existentes entre os brasileiros no Canadá e no Japão. Nosso objetivo é analisar a incorporação das relações de gênero entre mulheres e homens brasileiros, ainda residentes no Brasil, a partir dos anos 80 e verificar se eles se mantém quando chegam no exterior. Serão comparados os papéis sociais masculinos e femininos dentro do próprio fluxo, horizontalmente, e também entre os diferentes fluxos, verticalmente, traçando prováveis alterações desses padrões no processo de adaptação na sociedade canadense e japonesa. Esses padrões serão confrontados levando em consideração as especificidades de cada fluxo e de cada país receptor.
Rodrigo Lemos Soares (FURG)
Um Axé a homo afetividade: Um estudo sobre a união homoafetiva (masculina) nos centros de religião Afro Brasileiros de Umbanda, na cidade do Rio Grande (RS)
“Um Axé a homo afetividade...” é uma pesquisa que emergiu da vivência e da proximidade com o africanismo e tem o propósito de analisar o ritual do casamento entre iguais, especificamente os do gênero masculino, nos centros de religião afros. O estudo aborda as questões como a participação e a inserção de homossexuais masculinos na umbanda, vertente do africanismo, que aparentemente acolhe os indivíduos, independente da sua sexualidade. Além disso, a análise do rito do casamento entre homossexuais visa problematizar as representações desse evento para a vida dos participantes. O trabalho foi desenvolvido através da utilização de algumas ferramentas da etnografia e os dados das observações foram registrados em um diário de campo. Além disso, os dados das observações foram confrontados com as falas dos sujeitos, obtidas através de entrevistas semi-estruturadas. Na análise dos dados, discutiu-se as representações do africanismo para os homossexuais entrevistados, bem como as relações que eles estabelecem com os seus núcleos e como essas interações interferem nos seus cotidianos. Somado a isso, discutem-se as visões dos “irmãos de santo”, dos sacerdotes e sacerdotisas responsáveis pelos reinos sobre homossexualidade e os princípios morais que orientam estas religiões.
Rodrigo Marcio Santana dos Santos (UNIFACS), Ailton da Silva Santos (UERJ)
A Montagem: o processo de transformação das travestis.
A construção da identidade da travesti não se constitui apenas na sua concepção de gênero, mas também na identidade somática onde acontece o processo de montagem o qual será o foco deste trabalho. É na montagem que as travestis utilizam e experimentam acessórios do universo feminino no espaço público ou privado, já que a sua identidade ainda não está assumida completamente pelo medo de serem rechaçada pela sociedade. Para tanto o surgimento das características femininas ficam cada vez mais evidentes e marcantes com a utilização do silicone para ganhar formas arredondadas isto ocorre em paralelo à desconstrução da imagem do corpo masculino. O instrumento metodológico utilizado fora estudo de caso a partir da história de vida do participante que na época da entrevista encontrava-se na montagem trajando roupas femininas quase que cotidiano e fazendo uso de hormônio. Na analise do discurso do mesmo pode-se percebe o fortalecimento da sua nova identidade juntamente com a graduação da montagem e a importância desta fase.
Rodrigo Nascimento Reis (UFMA)
Meninos fazem carvão e Meninas quebram coco babaçu
Rodrigo Prates de Andrade (UFSC)
A Faculdade de Serviço Social de Santa Catarina e a feminização da profissão
Rosana Pena de Sá (UFF), Tauan Nunes Maia (UFF)
Novas práticas de inclusão: brincadeiras e expressão corporal como forma de inclusão de gênero
Este pôster apresenta uma oficina ministrada no Fórum Cultura Arte Brinquedo e Educação de 2009, O Fórum CABE, da Faculdade de Educação da UFF. No ano de 2009 a temática do Fórum foi “Novas práticas de inclusão”. O público é basicamente de professores e licenciandos. A oficina teve como titulo “Brincadeiras e expressão corporal como forma de inclusão de gênero”. O principal objetivo era discutir expressões e práticas heteronormativas socialmente construídas. A Oficina foi dividida em partes. 1º: “mímica das expressões”, onde os participantes interpretavam expressões sexistas usadas no cotidiano; 2º: uma discussão teórica com base no texto: Pedagogias da Sexualidade (LOURO, 2001); 3º: atividade “pique abraço”, os participantes formam duplas através de abraço com a pessoa mais próxima; e 4º: reflexão acerca da última atividade e sobre a oficina em sua totalidade. No final acreditamos que os objetivos foram alcançados e que questões importantes, tais como: reflexão sobre expressões usadas e naturalizadas no cotidiano com cunho homofóbico e sexista; devemos trabalhar cada vez mais atividades que desconstruam as barreiras generificadas, em especial as que envolvem o contato corporal; e pensar em brincadeiras que não excluam, mas sim que busquem a inclusão.
Rosangela Ferreira de Mesquita (UFRPE), Bruna Flor da Silva, Maria do Rosario de Fatima Andrade Leitão (UFPE)
A ruptura da invisibilidade do trabalho feminino em comunidades pesqueiras
Rosangela Xavier dos Santos (UCB)
"Que vês, quando me vês?" Percepções da travestilidade numa comunidade em Ceilândia no Distrito Federal
Rosânia Maria Silvano Bittencourt (UNESC)
Os estereótipos de masculinidade e feminilidade reproduzidos no cinema: uma análise do filme "O menino maluquinho, o filme"
Este projeto de pesquisa tem por objetivo realizar um estudo na perspectiva das relações de gênero, tendo como foco o cinema. Entende-se aqui o cinema como um espaço educativo que produz cultura, forma opiniões e contribui na construção dos sujeitos. Pretendo para este fim, fazer uma análise do filme “O Menino Maluquinho, o filme” na tentativa de identificar os estereótipos de feminilidade e masculinidade. Será analisada toda a dramaturgia protagonizada pelos atores e atrizes mirins, a fim de perceber como e de que forma os papéis masculinos e femininos vão sendo forjados no decorrer da trama. Baseado no livro de Ziraldo, o qual foi sucesso em circulação nacional, o mesmo foi utilizado para refletir sobre a questão da diversidade em uma turma de 3º ano do E. F. Buscarei entender a força da mídia em ditar normas e determinar valores. Quero perceber as representações do feminino e do masculino que constituem a identidade dos sujeitos. Compreender as questões de gênero implica em reconhecer que o sexo não justifica as diferenças sociais e culturais entre o masculino e o feminino. Na condição de mestranda do PPGE da UNESC, pretendo desenvolver este projeto de pesquisa nos próximos dois anos.
Rosiane Silveira Pontes (UFRGS), Jussara Reis Prá (UFRGS)
Mulheres na Política: Uma análise do Legislativo em Porto Alegre/RS – Brasil
Representação política e paridade de gênero na sociedade brasileira são o cerne da presente pesquisa. Focamos a ausência da mulher em cargos eletivos do legislativo e adotamos a Teoria do Reconhecimento e Justiça de Gênero de Nancy Fraser para refletir acerca da questão. Em que medida o campo político ainda é um espaço social masculino? Nossa hipótese é que a trajetória pública prévia à eleição é fundamental para a conquista de mandatos públicos. Os percentuais de participação das mulheres na arena legislativa são baixos e consideramos que não há paridade entre homens e mulheres. Como objetivo do trabalho pretendemos verificar a trajetória política anterior dos(as) mandatários(as) em busca de similitudes e/ou peculiaridades antes de sua primeira eleição. Nossa opção metodológica visa um enfoque quantitativo, com aplicação de questionários - cujas informações serão a base de um banco de dados no programa SPSS - com as parlamentares eleitas, entre os anos de 2006 e 2008, em Porto Alegre e no RS. As mulheres eleitas hoje no Brasil apresentam algumas características interessantes: a maioria das legisladoras optou por uma profissão ligada à área das humanas (tradicionalmente identificadas como profissões femininas) e participavam da esfera pública antes de sua primeira eleição.
Rúbia Machado de Oliveira (UFSM), Natana Alvina Botezini, Simone Lira da Silva (UFSM)
Construção de Identidades Sociais e Gênero nas Interações do Meio Urbano de Santa Maria, RS
Este trabalho busca dar visibilidade à diversidade de identidades sociais encontradas no centro da cidade de Santa Maria, RS. Entende-se que este espaço, de grande concentração de indivíduos, é propício para que estes grupos se afirmem mediante a presença do outro e encontrem novas formas para vivenciar sua cultura diante das transformações sociais e deslocamento a que esta foi submetida. Pensamos, especificamente, nesse caso as novas organizações assumidas por grupos indígenas que usam o centro como local de comercialização de seus produtos, resignificando assim os papeis sociais dados para a mulher, o homem e mesmo para as crianças que acompanham este grupo. Diversas tribos urbanas, trabalhadores informais, grupos de artesãos nômades e artistas de rua também criam meios de se afirmar e interagir com cada um desses grupos bem como com os transeuntes com quem comercializam seus produtos materiais e artísticos. Dessa forma, a aparente homogeneidade com que nossos olhos costumam ver ou não ver os indivíduos neste espaço, é desfeita mediante olhar mais atento.
Sabrina Forati Linhar (UNISINOS)
Fios, tramas, saberes, artesanato: o trabalho invisibilizado e precário de mulheres em um atelier de tecelagem
Nossa pesquisa empírica é realizada em um atelier de tecelagem, localizado no município de Alvorada, na grande Porto Alegre. Através de conversas, observações participantes e grupos de discussão, buscamos fazer a ligação entre o trabalho docente e o trabalho informal e artesanal realizado pelas tecelãs no atelier. Com base nessa perspectiva, identificamos o quanto o trabalho artesanal é pouco reconhecido e precário, sendo considerado como um ´´trabalho temporário`` no cotidiano dessas mulheres. A desvalorização, a falta de melhores condições de trabalho e reconhecimento contribuem para que elas não se reconheçam como tecelãs, produtoras de conhecimento e criadoras na arte têxtil. Um dos nossos objetivos tem sido buscar o que e como elas compreendem o que produzem, e a partir disso analisar a percepção do trabalho que realizam como arte, técnica e conhecimento produzidos.
Sammy Silva Sales (UFPA)
Quem é mais violento, meninos ou meninas?: Um recorte de gênero a partir da violência entre pares no ambiente escolar
Sandra Izabele de Souza (UFRPE)
Crimes contra a honra da família: O debate jurídico no Recife (1900-1915)
Essa pesquisa busca investigar como e por que se instituiu uma política sexual direcionada ao controle das famílias populares, procurando compreender o debate jurídico em torno da honra, das condutas e dos prazeres sexuais masculinos e femininos, no período de 1900 a 1915, na cidade do Recife. Os debates sobre a honra sexual e moral da família e, especialmente, da mulher ganham importância entre os intelectuais da Primeira República. Assim como o discurso médico, os juristas e legisladores brasileiros, do início do século XX, terão influência nas políticas de controle e normatização das condutas e hábitos dos indivíduos das camadas populares. Era preciso difundir o modelo de família ideal burguesa para construir uma nação moderna, higienizada e “aperfeiçoada” como pontuam Martha de Abreu e Sueann Caulfield. Nossas fontes são os processos crimes de defloramento, estupro e atentado ao pudor da Comarca do Recife, sob a guarda do Memorial da Justiça de Pernambuco. Nos processos pesquisados podemos verificar que muitas mulheres e famílias procuraram a justiça em defesa da honra. Assim, nos tribunais os diversos atores jurídicos contribuíram com seus discursos para a construção e perpetuação de um modelo de conduta adequado para mulheres e homens.
Santiago Barreto Nascimento Gontijo (UNIEURO)
Criminalização da homofobia com ênfase no Projeto de Lei 5003/2001 (PLC 122/2006).
A homofobia também se configura como um crime por ferir diversos direitos fundamentais, principalmente o da dignidade humana e o da isonomia.
O estudo da criminalização da homofobia é imprescindível na atualidade, pois a Constituição, ao estabelecer que todos são iguais perante a lei, não só destina esse preceito no trato individual, mas perante a edição de normas jurídicas. As tensões criadas por esse projeto partem do desconhecimento da população das cláusulas e também pelo temor causado em relação à restrição da liberdade de expressão. Destaca-se que o conflito causa grandes divergências de opiniões, visto que de um lado muitos simplesmente ignoram a existência do preconceito ou até mesmo enxergam legitimação nele, por outro lado muitos acham que devem defender a causa a “ferro e fogo”. A importância desta pesquisa e apontar os conflitos e buscar soluções razoáveis no diálogo na educação e quando em casos insustentáveis, na criminalização.
A pesquisa realizar-se-á com base na leitura de artigos, livros, textos da lei e no estudo de casos. Buscando apontar em que situações seria necessário uma pena mais rígida.
Sara Raquel Nacif Baião (UFSC), Miriam Pillar Grossi (UFSC)
Os mortos de São Tomaz - Ritos funebres entre Catolicos e Pentecostais da Assembléia de Deus
A pesquisa objetiva analisar ritos funerários - velórios e enterros - em um bairro rural no interior e ao Sul de Santa Catarina, pela ótica das religiões Católica e Pentecostal da Assembléia de Deus. A metodologia utilizada foi a observação participante e entrevistas abertas com roteiro. Os primeiros resultados demonstram que pertencer a cada uma dessa religiões, determina diferentes ritos mortuarios baseados na visão de salvação e intermediação, e que, dentro destes ritos há papéis
específicos de mulheres e outros de homens.
Sarah Tavares Cortês (UFRN), Laura Costa de Paiva e Mendonça (UFRN)
Participação social juvenil: uma construção de autonomia e expressão política
Este trabalho é fruto da vivência de estágio curricular obrigatório no Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente CEDECA–Casa Renascer, cuja atuação está direcionada ao atendimento do público de crianças e adolescentes do sexo feminino vítimas de violência sexual, que, ao se inserirem institucionalmente, busca-se a (re) construção dos significados acerca de si e das relações sociais. Tendo em foco esse fortalecimento da identidade e autonomia, foi desenvolvido o projeto “O enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes a partir da ação das adolescentes multiplicadoras do CEDECA Casa Renascer” com as adolescentes entre 14 e 18 anos, cujo objetivo é despertar o debate sócio-político sobre os direitos em espaços comunitários de identificação cultural mútua, estruturando um processo de autonomização na busca de projetos individuais e coletivos que atendam os interesses no âmbito dos direitos de crianças e adolescentes. Assim, a atuação das adolescentes suscita a conquista de espaços sociais e expressão política, num processo de participação social, além de possibilitar a ressignificação da violência sofrida. Esse processo desencadeia a negação da subalternidade e numa intervenção crítica que parte do contexto das desigualdades sociais e violação de direitos, despertando a sociedade para a valorização dos jovens nos espaços de participação política.
Sergio Luis Schlatter Junior (UFSC), Lilian Back (UFSC)
Do outro lado da militância: relações pessoais à prova
A pesquisa em questão se dá no contexto das ditaduras militares vividas pelos países do Cone Sul na segunda metade do século XX. A partir das memórias de militantes que atuaram durante a ditadura militar no Brasil e em outros países do Cone Sul pretende-se tecer uma análise de gênero, subjetividade e afetividade desses/as personagens. Geralmente, ao tratar desse período muitas questões são deixadas a margem pela historiografia, como, por exemplo, que a revolução “tinha dois sexos” e que os/as militantes detinham relações afetivas que foram afetadas pela clandestinidade e organizações da qual faziam parte. Observamos um conservadorismo da esquerda brasileira quanto às questão consideradas discursos “pequeno-burgueses”, dentre elas a questão do aborto, da homossexualidade e da emancipação das mulheres. Através da Historia Oral, adotando uma metodologia dentro desse campo de trabalho, pretendemos discutir subjetividade e gênero. Utilizar-se-á fontes escritas, livros publicados e, sobretudo, fontes orais, ou seja, entrevistas e depoimentos.
Severino Rafael da Silva (UFPE), Mayza Allani da Silva Toledo, Cybelle Montenegro Souza
Gênero e diversidade sexual na escola: alguns apontamentos
A escola enquanto espaço legitimado de socialização de crianças, jovens e adultos, assim como outras instituições sociais, reflete a problemática social vigente. Dessa forma é importante compreender de que forma a instituição educacional esta posta enquanto espaço de repressão do que, dentro de uma lógica deturpada de normalidade, se coloca de encontro a seus princípios morais. Assim se faz necessário compreender até que ponto a escola pode influenciar a orientação sexual d@s estudantes de forma a legitimar e firmar ainda mais, preconceitos e exclusão. Na tentativa de compreender como essas relações se dão no âmbito escolar o presente estudo pretende analisar o discurso de profissionais da educação sobre algumas questões relacionadas à diversidade na escola. Para isso fez-se uso de entrevistas semi-estruturadas e rodas de conversa como forma de melhor aproximação entre os sujeitos da pesquisa, com a pretensão de analisar seus discursos no tocante as relações de gênero e diversidade sexual. Uma análise preliminar pode-nos mostrar o quando alguns profissionais da educação desconhecem os estudos sobre a temática, uma vez que os mesmos tendem a explicar essas questões se utilizando de dogmas religiosos e/ou ainda utilizando-se de análises puramente biológicas da natureza humana.
Shirlei Fernandes Romano (PUC), Murilo Marques Guimarães (PUC)
Proposta Educativa sobre Tráfico de Pessoas/mulheres – Uma construção conjunta com a área de Turismo em Goiás
Objetivo:Elaboração de proposta educativa na prevenção do tráfico de pessoas/mulheres para os agentes de turismo;incentivar a articulação dos participantes do processo educativo, na prevenção ao tráfico, com as redes construídas no Estado; além de publicar um relato experiência na área.Prevenção e repressão, à prática defeituosa e a atenção dedicada às vítimas do tráfico.
Metodologia: pedagogia da liberdade de Paulo Freire e as metodologias feministas. O projeto será desenvolvido no Estado de GO e os critérios para escolha dos municípios consideram os resultados da PESTRAF (Pesquisa sobre Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para fins de Exploração Sexual Comercial), e características sociais, econômicas, demográficas.
Mecanismos gerenciais: atividades de sensibilização para os agentes de turismo no sentido da prevenção; além de registros, análise e produção de texto para publicação e devolução para os participantes do projeto.
Relato de experiência:As pessoas envolvidas no projeto já contam com 7 meses de reuniões realizadas , 4 cursos, ministrado por professores envolvidos com o tema em duas IE´S do Estado. Foi desenvolvido um evento em parceria com o Ministério Público visando os objetivos acima.Agendada uma oficina para o dia 31/03/2010 para reforçar essas ações.
Simone Gomes da Costa (UERJ), Perseu Pereira da Silva (UERJ)
Redes Educativas: cotidianos e diversidades
É no cotidiano onde as diferenças se colocam e os preconceitos e discriminações são reproduzidos. Devido ao esforço dos movimentos sociais organizados e do crescente número de pesquisas na área, questões como práticas machistas, sexistas, homofóbicas, racistas, etnocêntricas, de intolerância religiosa, têm se tornado cada vez mais evidentes, sendo impossível silenciá-las nos cotidianos escolares. Apesar disso, as discussões relacionadas ao sexismo, machismo e das práticas patriarcais arraigadas nos cotidianos dos cursos de formação ainda encontram-se em posição secundária nos currículos gerando ciclos de reprodução de tais práticas. A docência em educação infantil, por exemplo, é relacionada historicamente ao cuidado, ao carinho, afeto, características atribuídas às mulheres, por isso, quando homens se propõe a cumprir este papel enfrentam preconceito oriundo de pais e de outros profissionais de educação. Essas situações evidenciam a emergência das discussões relacionadas a gênero, sexismo nos cursos de formação docente. Assim, acreditamos que as escolas são espaçostempos privilegiados e potencial para encontrar as saídas e/ou soluções para o que enfrentamos cotidianamente já que cada um de nós tem ou teve freqüência obrigatória, por direito - embora, muitas vezes não garantido.
Simone Regina dos Reis Nunes (ULBRA), Dione Matos de Souza (ULBRA), Graziela Cucchiarelli Werba (ULBRA)
O acolhimento e a assessoria em Psicologia Jurídica na perspectiva de gênero
Este trabalho visa apresentar um modelo referencial de Acolhimento e Assessoria em Psicologia Jurídica na perspectiva de Gênero. Trata-se de uma prática desempenhada junto ao estágio de psicologia clínica e comunitária estendendo-se ao serviço de atendimento jurídico da ULBRA Torres e à delegacia local. É realizado por estagiári@s, bolsistas do Núcleo de Estudos e Intervenção em Gênero e voluntári@s do Serviço de Assessoria em Psicologia Jurídica. Partindo de uma bem sucedida experiência realizada no COMDIM em Porto Alegre, no ano de 2001, o projeto é uma referência para o atendimento a pessoas em situação de violência a ser implantando nas universidades junto aos serviços de Psicologia e Direito. O diferencial desse modelo é seu compromisso com os estudos de gênero. Essa aliança teórica e técnica propõe que todas as pessoas envolvidas no atendimento a pessoas em situação de violência sejam qualificadas em gênero para esse tipo de trabalho. O modelo referencial foi construído para ser aplicado em clínicas de psicologia e serviços de assistência judiciária das universidades, delegacias de polícia e fóruns, podendo ser adaptado para postos de saúde e hospitais.
Simone Santos Souza (UFBA), Normélia Maria Freire Diniz, Nadirlene Pereira Gomes
O processo da denúncia e não denúncia: mulheres em vivência de violência doméstica
Ao falar em violência doméstica, estamos falando de relações violentas envolvendo pessoas com as quais se tem laços afetivos ou de parentesco. Dentre a rede de atendimento à mulher em situação de violência, a delegacia ainda é o que tem maior visibilidade. Percebe-se também que ainda há uma dificuldade em tornar público um tipo de violência que ocorre no âmbito privado da casa. Trata-se de um estudo descritivo, com abordagem quanti e qualitativa que tem como objetivo analisar o processo da denúncia e não-denúncia da violência doméstica em mulheres. Os sujeitos do estudo foram 150 mulheres. Foram obedecidos os aspectos éticos da Resolução nº. 196/96. A coleta de dados se deu através da entrevista. Foi utilizada a Técnica de Análise de Conteúdo de Bardin. O estudo caracteriza-se por mulheres em sua maioria jovens, dependentes financeiramente principalmente dos companheiros. O processo de denúncia e não denúncia ancora-se na deficiência da infra-estrutura, na relação no atendimento e na demora dos processos de atendimento e audiência. Desvelaram-se as deficiências existentes em toda tramitação do processo da denúncia que vem por fim refletir em uma das causas da não denúncia. O estudo contribuiu para ampliar as discussões que permeiam o processo de construção do atendimento na Rede.
Simone Yamaniha (UEL), Thiago Ferezim Yokota (UEL)
Identidade de gênero: um estudo sobre a construção social do gênero travesti
Admitindo-se que no campo da Psicologia existem poucas publicações na área de pesquisa sobre gênero e, sendo este um campo de conhecimento que demande um olhar sobre questões relativas à sexualidade, este assunto ganha relevância para uma pesquisa em Psicologia Social. Como parte de uma pesquisa maior, o presente trabalho visa entender como se dá a construção social do gênero travesti através da influência dos discursos instituídos sobre a formação das identidades de gênero e o processo de subjetivação. Como método de pesquisa, tal projeto pretende utilizar de entrevistas pré-estabelecidas que possam sugerir particularidades nas histórias coletivas das travestis que corroborem com o entendimento dessa construção. Na bibliografia consultada constatou-se que as travestis têm conquistado através de movimentos organizados espaços na dinâmica social- diminuindo processos de estigmatização. Assim, conhecer possíveis influências dos discursos nas construções da identidade do gênero pode nos oferecer informações valiosas para um entendimento mais abrangente e coerente do assunto.
Solange Mendonça da Silva (UEM)
Escola e Sexualidade
A sexualidade sempre foi um dos pontos de maiores discussões dentro do espaço educativo. Desde que o Ministério da Educação e Cultura, em 1996, produziu os Parâmetros Curriculares Nacionais, incluiu a sexualidade em seu volume 10, intitulado Orientação Sexual. Porém, o que se percebe é que a escola ainda não trabalha efetivamente este tema dentro do espaço educativo, gerando dificuldades entre alunos/as e professores/as, quando se trata desse assunto. Assim, esse trabalho pretende discutir a sexualidade na escola, pesquisando com dez professores/as de duas escolas particulares e públicas e dezesseis alunos/as, das respectivas instituições, do Ensino Fundamental (5ª a 8ª séries), utilizando uma entrevista semi-diretiva, questionando sobre a importância da Educação Sexual na escola. As respostas nos indicam que a temática da sexualidade ainda não se faz presente no espaço educativo. Tanto nas falas dos/as alunos/as, quanto dos professores/as. Há a necessidade premente de que se tenha uma disciplina sobre educação sexual e gênero nos cursos de formação docente, para que se discutam assuntos relacionados á educação sexual, proporcionando assim debates, informações que levem a um pensamento crítico e importante no espaço educativo.
Stephanie Winkler (UNB), Cristina Maria Teixeira Stevens (UNB)
25 Anos de Mulher e Literatura: Periódicos Acadêmicos Nacionais
O trabalho tem como objetivo identificar a inserção da Teoria e Crítica Literária Feminista nos periódicos acadêmicos nacionais Cadernos Pagu, Revista Labrys, e Revista de Estudos Feministas. Desenvolvido como projeto de iniciação científica, está vinculado ao projeto de pesquisa da professora Cristina Maria Teixeira Stevens, que analisa a produção teórico-crítica na área de Estudos Feministas e de Gênero em nosso país e sua contribuição para a literatura, bem como a contribuição específica de nossa área para esse campo interdisciplinar de estudos; o referido projeto objetiva também analisar o impacto das publicações em periódicos acadêmicos na área Mulher e Literatura na área de Letras em nosso país, após 25 anos de criação do GT ANPOLL/Mulher e Literatura.
Suelen da Silva Sampaio (UERJ), Samanta Carralas Pinheiro de Lima, Isabela Maciel Pires (UERJ)
Homossexualidade e Direitos: parentalidade e conjugalidade
Há duas décadas a homossexualidade entrou definitivamente no debate público. A epidemia de AIDS fez com que a sociedade se voltasse para mulheres e especialmente homens que se relacionam com pessoas do mesmo sexo. Se por um lado essa visibilidade despertou mais preconceito, por outro, várias crenças puderam ser desfeitas. Várias são as opiniões e reações quando o assunto é relacionamento homossexual e possíveis direitos decorrentes dessa união, e os temores são sobre a criação dos filhos, sobretudo. Realizamos uma pesquisa na UERJ em 2009/2010, com estudantes de todos os cursos existentes na cidade do Rio de Janeiro, com objetivo de identificar concepções dos alunos frente à homossexualidade, abordando convivência, direitos, homofobia. Reforçando eventos que conhecemos pela mídia, a expressão de afetos em público é rechaçada, tomada com ofensa à comunidade do entorno. O direito à herança, pensão, partilha de bens decorrentes de uma relação conjugal são mais aceitos quando não se trata de formação de família.
Suélen de Souza Andres (UFSM), Tamara Souza de Castro (UFSM)
A Formação dos acadêmicos de Educação Física-Licenciatura na temática da Diversidade Sexual
Este trabalho busca compreender como vem sendo a preparação dos acadêmicos do curso de Educação Física- licenciatura plena (EF-LP) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), para o trabalho com a diversidade sexual nas aulas de educação física escolar.
Para isso, esta sendo realizada uma pesquisa de cunho qualitativo e quantitativo com graduandos (as) de distintos semestres do curso de EF-LP.
Diferentes autores têm mostrado, que as construções culturais do ambiente e da sociedade têm papel fundamental na construção das relações de gênero e na formação e/ou quebra de fronteiras no âmbito escolar, como Moita Lopes, Guacira Lopes Louro,Sousa e Altmann e Dornelles entre outros, além de novas medidas implantadas pelo governo federal, como “Brasil sem Homofobia” que visa o direito a dignidade e o respeito a diferença, sendo seus principais objetivos a educação e a mudança de comportamento dos gestores públicos.
Assim, a proposta aqui, é investigar como vem sendo a preparação destes acadêmicos nos assuntos que versam a diversidade sexual e se ela na verdade existe no curso de EF-LP da UFSM. Pensando assim nas suas futuras práticas escolares.
Suzana Aparecida de Santana (UEM)
As mulheres de Vermeer:pedagogias das aparências e feminilidades
Resumo Este projeto tem por objetivo examinar as mulheres retratadas pelo pintor holandês Johannes Vermeer (1632-1675), com vistas a identificar nos tipos e estilos femininos, os conceitos de beleza e feminilidade compartilhados pela sociedade e cultura holandesa do século XVII. Nas mulheres pintadas em telas, procuraremos examinar as aparências criadas pelo artista para dizer, mostrar e diferenciar os segmentos femininos. Nesta análise, a indumentária, os gestos, as fisionomias, os espaços (arquitetura e ambiências) serão tomados como indicativos dos recursos usados pelo artista para criar suas personagens e diferenciá-las, consoante à classe social, faixa etária e papel desempenhado socialmente. Os aparatos teórico-metodológicos de análise são provenientes da história e historiografia sobre mulheres, indumentária e beleza.
Symone Karla de Ataide Gondim (UFPE), Kíssia Valéria Cavalcanti Luna (UFPE), Juliana Mayara Freire da Silva (UFPE)
Permanências e deslocamentos de um discurso: os sentidos produzidos por adolescentes sobre o uso do preservativo masculino
Esse estudo visa problematizar o uso de preservativo masculino entre adolescentes que utilizam o Sistema Único de Saúde (SUS). Procurou-se compreender como os adolescentes se posicionam e são posicionados, no que se refere ao uso de preservativo masculino, analisando, a partir do referencial das Práticas Discursivas, a construção de repertórios que justificam o uso, ou mesmo o não uso, do preservativo. Assim, foram realizadas entrevistas com adolescentes de ambos os sexos, entre 12 e 18 anos de idade, residentes em Recife, onde foi possível analisar, além dos sentidos sobre o uso do preservativo, diferenças e semelhanças presentes nos discursos dos adolescentes, considerando as diferenças de sexo, a partir de uma perspectiva de gênero. Dessa forma, foi possível observar deslocamentos entre os sentidos produzidos pelos adolescentes e o que se diz sobre eles. A existência de questões como participação familiar, políticas públicas de saúde preventiva e comportamento sexual de risco compuseram os repertórios interpretativos dos adolescentes, o que vai de encontro ao estereótipo que vem sendo disseminado do que é ser adolescente, que ainda remete à idéia de crise e de inconseqüência.
Tácila Aparecida Mattos (UFES)
Singelo e Profundo: as mulheres vítimas de agressão física na Comarca de Vitória/ES (1850/1860)
O presente trabalho se propõe a estudar o cotidiano violento das mulheres, nas ocasiões em que elas figuraram como vítimas de atos impetuosos praticados por homens e por outras mulheres. Trata-se de ressaltar a diversidade dos comportamentos frente a situações marcadas pela brutalidade. A demarcação espacial e temporal compreende a Cidade de Vitória, capital da Província do Espírito Santo, na segunda metade do século XIX. Para tal empreendimento, utilizar-se-á como base documental correspondências policiais e autos criminais datados de 1850 a 1860, ambos localizados no Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES). A metodologia do trabalho consistirá em técnicas de levantamento quantitativo e qualitativo a fim de discutir os interditos impostos às mulheres consideradas vítimas, bem como sua atuação diante do cotidiano balizado por códigos formais e informais de convivência. Ou seja, analisar-se-á desde os crimes de menor gravidade ressaltados nas cartas policiais até aqueles considerados mais graves em que resultaram processos formais, com o intuito de buscar a motivação dos atos, a maneira como eles se desenrolaram, quais os tipos de agressão e suas consequências. Portanto, pretende-se conhecer melhor o modus vivendi das mulheres e seu envolvimento em cenas violentas.
Tâmara de Oliveira Silva (UEPB), Sislene Pereira de Souza, Cilânea Santos Costa
A questão de gênero na divisão sexual do trabalho no semi-árido paraibano
O presente artigo tem por objetivo analisar as mudanças ocorridas na divisão sexual do trabalho no âmbito produção agropecuária no semi-árido paraibano, com o advento do uso de tecnologias alternativas de convivência com o semi-árido. Detectando em que proporções estas mudanças têm contribuído para redefinir as relações entre os gêneros, no interior do grupo doméstico. Averiguar como se dá a construção das relações sociais entre homens e mulheres na organização do trabalho familiar voltado a agropecuária que utiliza tecnologias alternativas de convivência com o semi-árido, considerando-se todas as fases do processo produtivo á sua comercialização, não se perdendo de vista as divergências, os conflitos e as tensões, bem como as relações de poder que emergem destas práticas sociais. Procurou-se analisar a implementação das políticas públicas voltadas para a agricultura familiar e a efetivação das mesmas, com enfoque de gênero. É através da pesquisa está sendo possível detectar o papel desempenhado pela mulher no espaço da casa e na atividade rural, como também a eficácia das políticas públicas e sociais voltadas para as mesmas.
Tâmara Feitosa Oliveira (UFPI)
Produção e reprodução do patriarcado em espaços de reclusão para jovens: o caso do Centro Educacional Feminino-CEF de Teresina
As reflexões aqui apresentadas são oriundas da pesquisa intitulada:Práticas de lazer de jovens em espaço de reclusão:o caso do CEM e do CEF em Teresina.São objetivos desse trabalho: apresentar e realizar uma reflexão sobre a produção e reprodução do patriarcado tendo como foco o cotidiano da instituição CEF (Centro Educacional Feminino),espaço destinado a reclusão de jovens do sexo feminino que cometeram ato infracional.Para viabilizar a pesquisa realizamos observação sistemática ao CEF, para recolher informações sobre sua funcionalidade, conhecer o cotidiano das jovens. Sobre a instituição,identificamos que a maioria das pessoas que trabalham no CEF,é de mulheres.São, portanto, as mulheres que criam as regras e implementam as ações na instituição.Fazem parte da rotina do CEF atividades relacionadas aos cuidados domésticos, como: oficinas de culinária, bordado, de beleza e de bijouteria,consideradas, segundo os preceitos machistas, como de mulheres em nossa sociedade.Dito isto,podemos afirmar que, no espaço do CEF, toda a lógica do patriarcado é mantida, reproduzida a cada atividade proposta e realizada no centro, pelas mulheres,o que nos permite concluir que,também no mesmo,não é necessária a presença masculina para que ocorra a produção e reprodução da ordem patriarcal.
Tâmila Pires da Silva (UFBA), Maria Thereza Ávila Dantas Coelho (UFBA), Milena Araujo Silva Sá (UFBA)
AIDS: Educar para desmitificar
Na década de 80, a descoberta do HIV acabou por sedimentar o caminho da discriminação em relação aos homossexuais com a sentença da morte. Preconceito e pouca informação disponível parecem ter sido alguns dos elementos que mais contribuíram para que a AIDS fosse inicialmente associada exclusivamente à homossexualidade. Expressões como ‘Câncer Gay’ e ‘Peste’ passaram a infestar as narrativas cinematográficas. Dois filmes, em especial, evidenciaram o modo como se deu esse processo: Filadélfia e O Filhote. Nestes, imputou-se aos homossexuais a culpa pela transmissão do vírus, ficando a AIDS associada a uma doença que punia o exercício do sexo. O projeto AIDS – Educar para Desmitificar traduz-se numa iniciativa acadêmica de valorização da informação desnuda de preconceitos e construída através de um diálogo interdisciplinar entre os diversos campos do saber. Através da informação, buscamos diminuir as assustadoras estatísticas da doença, cujo número de infectados cresce no mundo e, em especial, nos países periféricos.
Tamna Ribeiro dos Santos Dias (UCB)
Subvertendo o mandato cisgênero: significações de parentalidade em famílias com travestis e transexuais
O processo de construção de relações parentais se conectam e dependem de processos de construção de gênero. As posições de parentesco são dependentes de um conjunto de expectativas marcadas pelas estruturas de gênero, sobre as quais se estabelecem hierarquias, poderes, empatias, disposições, afetos, relações etc. Frente a esse panorama, nesse trabalho discuto o que ocorre com as significações dadas às relações parentais em familias com travestis e transexuais, outrossim como é percebida a noção de família por essas sujeitas em suas trajetórias de vida. Partindo de uma análise de “histórias de vida” de algumas travestis e transexuais e de entrevistas semi-estruturadas com seus parentes, esse trabalho não pretende construir uma teoria geral sobre como as relações familiares se estabelecem com travestis e transexuais, mas se aproximar das estratégias que algumas sujeitas têm buscado na construção e resignificação de suas relações familiares subvertendo o mandato cisgênero. Por fim, analiso a partir de um olhar da piscologia as implicações dessas configurações parentais para o conceito de família e para o processo de construção de gênero.
Tanay Gonçalves Notargiacomo (UFSC)
Margens (des)cobertas
O projeto orientado pela professora Dra. Tânia Regina O. Ramos teve como objetivo perceber os obstáculos no ensino da literatura e até que ponto as questões das provas pressupõem uma leitura integral dos textos. Encaminhamos a nossa pesquisa para um lugar que repensasse as listas sugeridas pela Comissão Permanente do Vestibular da UFSC. Com a nova proposta do MEC de aderir um modelo de ENEM que sirva como prova no vestibular, parece, primeiramente, ocorrer um sucateamento da literatura na sua especificidade cultural, ética e estética. Onde ficaria a leitura do texto e a possibilidade de escrever a leitura, como desejava Roland Barthes? Voltamos nossa pesquisa a outras questões que envolvam a possibilidade de espaços que sejam disciplinares e críticos em relação à contemporaneidade, como as escritas silenciadas e que ficam à margem. Escritores como Caio Fernando Abreu e suas temáticas contemporâneas, assim como Hilda Hilst e suas escritas eróticas, possuem um lugar dentro da literatura ensinada? Onde estará a literatura marginalizada nesse novo molde de ensino? É preciso pensar em outro perfil de pesquisa que busque novas compreensões e que nos permitam entender os espaços disciplinares e os caminhos que os leitores terão para conhecer a literatura homoerótica e o realismo afetivo.
Tatiana Brandão de Araujo (UFSC)
Olhares fora-dentro: história, fotografia e questões de gênero na obra de cindy sherman
Esse trabalho tem por objetivo problematizar as questões identitárias, principalmente no que se refere às mulheres. Partindo de uma perspectiva feminista analiso as produções fotográficas da artista estadunidense Cindy Sherman, conectando os ‘sujeitos’ apresentados nas suas produções com a contemporaneidade, com a intenção de demonstrar a importância dos debates feministas no tempo histórico de Sherman, e que assim permanecessem até hoje. A obra analisada é a série A Play of Selves, produzida na década de 1970, que narra visualmente a história de uma personagem e seus embates identitários com referência à corporalidade frente aos ideais socialmente moldados, e a forma como os mesmos afetam as subjetividades. Acima de tudo busco destacar a relevância de tais discussões, que relacionam textos imagéticos e questões de gênero, para as pesquisas no campo da História.
Tatiana da Fonsêca Benjamin (UFPB), Flávia Ferreira Pires (UFPB)
Brebotes e Burugangas: analisando o ‘empoderamento’ infanto-juvenil no Sertão Paraibano
Tauan Nunes Maia (UFF), Sérgio Ricardo Aboud Dutra (UFF)
Futebol, lazer e homossexualidade
Este pôster apresenta parte de uma pesquisa desenvolvida no IEF da UFF, nele estarei apresentando a prática de futebol de um grupos de homens gays como forma de lazer. Metodologicamente trabalhamos com entrevistas em grupo focal, considerando que esta, permite melhor integração com os atores sociais, em uma perspectiva bakhtiniana e também legitima as histórias dos sujeitos. Ao pensarmos na forma como o futebol se constrói na nossa sociedade, naturalizado como uma prática masculina, entendida como sinônimo de heterossexualidade, para melhor compreensão deste estudo estamos usando Bourdieu (1998) como referencial teórico. Outro referencial teórico usado é o de lazer desenvolvido por Vitor melo (2009) desconsiderando a heteronormatividade opressora esses peladeiros formaram um grupo que se encontra semanalmente como forma de lazer. Até a presente fase percebemos nas entrevistas feitas a diversidade do grupo. O que agrega estes homens são o Futebol e a identidade sócio-sexual. Até o término da pesquisa, pelo nosso cronograma em início de agosto, estaremos concluindo o mapeamento e as análises e reflexões sobre o tema proposto.
Thaís Loureiro Dias (PUC - RJ/Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT), Cleber Vicente Gonçalves, Marcelle Cristiane Esteves
O teatro fórum como meio de comunicação entre profissionais de educação e jovens lésbicas, gays e bissexuais para diminuir a homofobia no ambiente escolar
O projeto “Entre Laços” do Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT busca eliminar o preconceito de profissionais de saúde e educação no atendimento à população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT), principalmente de jovens LGBT.
Percebendo que a reprodução de preconceitos relacionados à orientação e/ou identidade sexual na escola, prejudica o acesso de jovens lésbicas, gays e bissexuais, sendo muitas vezes motivo de evasão escolar dentro desta população, o projeto realiza atividades que promovem o debate e a sensibilização de profissionais da área da educação.
Para atingir os objetivos, o projeto utiliza a metodologia do teatro fórum – técnica desenvolvida pelo teatrólogo Augusto Boal no Teatro do Oprimido – na qual os jovens provocam os profissionais reproduzindo ações do cotidiano escolar nas quais os profissionais cometem abusos e agem de forma preconceituosa. A representação, na medida em que cria um lugar de empatia, abre canais de comunicação entre opressores e oprimidos. A ideia é eliminar os ruídos da comunicação entre estes atores sociais, permitir que todos se percebam como sujeitos, analisem suas falas – inclusive as não verbais – e estabeleçam relações mais profissionais.
Thamiris Azevedo Malfitano (UFF), Aílton Souza da Silva Junior
Festas Juninas escolares: uma análise de gênero
Thayline Oliveira (UNIVASF), Juliana Sampaio (UFCG), Daniel Henrique Pereira Espíndula (UFES)
Rodas de conversas: produzindo saberes, autonomia e saúde
Seguindo Paulo Freire, tem sido propostas diversas formas de produção de saberes compartilhados, dentre elas a roda de conversas, visando autonomia dos atores, a partir da fala que circula. Este trabalho analisa uma experiência com 24 rodas de conversas em 2 comunidades de Petrolina, com 16 adolescentes do sexo feminino de 10 a 19 anos, sobre saúde sexual e reprodutiva. As rodas duraram em média 2h, com cerca de 8 jovens, tendo como parceiros: escolas, centro de referência em assistência social, igrejas e equipes de saúde. Para facilitar a circulação das vozes, foram utilizadas várias estratégias, como: exibição de vídeos, jogos, teatralizações, produções de textos coletivos, etc. A experiência evidenciou diversas dificuldades como: pouca articulação entre parceiros; local inapropriado para as rodas; baixa assiduidade das adolescentes e pouco apoio dos pais. O monitoramento sistemático do processo viabilizou estratégias coletivas de enfrentamento das dificuldades e a avaliação tem demonstrado: a democratização das falas e saberes e a construção de vínculos afetivos e de confiança entre as participantes e os moderadores que oportuniza maior troca de experiências, favorecendo a construção da autonomia das adolescentes frente à promoção da sua saúde sexual e reprodutiva.
Thayse Adineia Pacheco (IFSC), Letícia Elias Casagrande (IFSC)
Um pouco da biografia da mulher: igualdade e liberdade de expressão no Brasil
O presente trabalho visa traçar um histórico da luta da mulher pela igualdade dos direitos, o qual servirá como base para a elaboração de um artigo em construção pelos autores a respeito das causas da ausência de mulheres nos cursos de ciências exatas e da terra, em especial a física. A luta feminista conquistou lentamente alguns direitos e no Brasil a história não foi diferente. Em busca da igualdade de voto e libertdade de trabalho, sem necessitar de autorização do pai ou do marido a mulher conquistou seu lugar na sociedade exercendo uma profissão com remuneração, tornou-se mais independente e, consequentemente, luta pelos direitos de cidadã brasileira. A partir daí, muitos movimentos revolucionários ocorreram e várias publicações em jornais, revistas e livros decorreram desses eventos.
Thiago do Vale Pereira Livramento (UFSC)
Um olhar sobre a publicidade: gênero e subjetividade
A presente pesquisa é fruto do Trabalho de Conclusão de Curso em História pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com o título de “A publicidade como reforço de gênero”, sob a orientação da Profª. Drª. Joana Maria Pedro. O objetivo é apresentar através de analises de anúncios publicitários como a dicotomia de gênero foi reforçada durante a década de 1990. Os anúncios escolhidos se encontram nas revistas Veja e Nova. Abordo uma prática publicitária que nasceu no Brasil na década de 1950 durante o pós-guerra. Esta prática reitera o gênero e mostra que apesar das mudanças ocorridas nas últimas décadas do século XX nas relações familiares, no relacionamento amoroso e na sociedade - os processos de construção do gênero e de subjetividades, ainda estão fortemente marcados para a instituição da diferença e das hierarquias. Isto fica mais evidente quando encontramos nas revistas anúncios direcionados para mulheres e homens, diferenciando seus gostos e interesses. É esta reiteração da diferença que pretendo expor no pôster.
Thiago Leão Silveira Dourado (UEL), Mariana Grassi do Nascimento (UEL), Márcio Alessandro Neman do Nascimento (UEL)
Políticas das sexualidades e identidade de gênero & psicologia - CRP 8ª região
Considerando a Resolução CFP N° 001/99 de 22/03/99 e publicações na área, além de uma grande inquietação em torno das distintas expressões das sexualidades e gênero, é atribuído ao psicólogo o dever de obter conhecimentos nessa temática. Contudo esta demanda não tem sido contemplada na maioria dos cursos de psicologia do Brasil. Atentando-se à essa realidade fundou-se o Grupo Temático: “Políticas das Sexualidades e Identidade de Gênero & Psicologia vinculado ao Conselho Regional de Psicologia - CRP 8ª região realizando seus encontros na Subsede Londrina do qual participam profissionais e estudantes da psicologia. O objetivo consiste em expandir saberes sobre estudos de gênero, culturais, das sexualidades, levantar interesses e dificuldades dos profissionais que atuam nesse campo, compreender os contextos de vulnerabilidades, educação sexual, movimentos sociais e ainda as políticas publicas no campo da diversidade sexual. No segundo semestre de 2009 foram conferidas produções bibliográficas à adotar e discutiu-se aspectos teóricos que possibilitaram a participação em eventos da área. No ano corrente estão sendo realizadas discussões, palestras com profissionais de áreas afins, cine-club temático, publicações, parceria com universidades e participação em/e realização de eventos.
Thiago Loreto Garcia da Silva (PUC - RS), Karine Aline Laini Silveira, Hellena Bonocore de Moraes (PUC - RS)
Estereótipos de gênero em filmes de romance
Thiago Silva de Souza (FURG)
Gênero nas ondas de uma experiência com a Educação Física
Neste trabalho pensamos a temática de gênero, a partir de uma experiência intervencionista na disciplina de Estágio Supervisionado II, do curso de Educação Física, da Universidade Federal do Rio Grande. Salientamos que a intervenção foi alçada em uma Escola Municipal de Educação Infantil do Balneário Cassino - RS. Assim, entre diversas brincadeiras com as crianças, chamou-nos a atenção para uma em especial. Em meio a técnicas alternativas de surf, com pranchas de papelão, a seguinte pergunta referida por uma menina nos depreendeu para a reflexão: “tio meninas surfam?”. O estagiário retrucou, perguntando a ela: “você enquanto menina gostaria de surfar?”. Este questionamento nos alertou para os efeitos produzidos por esses discursos imersos de relações hierárquicas entre os gêneros, constituídas pelas redes de poder, colocando, portanto, em xeque exames de masculinidades e feminilidades (Louro, 1997, p. 23-24). A partir da análise destes discursos, visualizamos a necessidade de transpor as barreiras tecnocientificas, implicadas por relações de poder, nas formas de saber e nos modos de subjetivação produzidos pela dinâmica social e pelos quais somos sempre responsáveis em nossos locais de trabalho e de vivencias (Coraza, 2001, s/p).
Trícia Andrade Cardoso (UFSM), Juliana Franchi da Silva (UFSM)
Os ferroviários e suas representações em Santa Maria – RS (1950)
Este trabalho procura abordar as representações e significados do trabalho ferroviário e do coletivo destes trabalhadores para a comunidade santa-mariense em 1950. Até o momento, não se realizou no município, estudos que trataram a relação da historia profissional dos trabalhadores ferroviários, abarcando suas vivências de labor e o cotidiano de uma forma mais ampla. Para atingir os objetivos da pesquisa, houve a necessidade da realização de entrevistas com ferroviários e seus familiares, de procurar compreender o papel do homem e da mulher a fim de demonstrar que o grupo ferroviário na região central do RS foram possuidores de uma identidade que os diferenciava dos demais grupos de trabalhadores. Em verdade, eles eram um grupo com um status social privilegiado. Portanto, o significado e as representações desse grupo, através de sua memória coletiva o definem como uma identidade própria que foi, ao longo do processo histórico de mudanças no mundo do trabalho ferroviário, alterando-se também.
Ueles Monteiro Santos (PUC - GO), Fernando Silva Mendonça, Aldevina Maria dos Santos (PUC - GO)
Rede de Atenção às Mulheres que Sofrem Violência: desafios e êxitos na implantação
A violência de gênero é um fenômeno complexo e multideterminado. De um lado, a alta incidência é um incômodo epidêmico, de outro, ainda é invisível, enquanto problema de saúde pública, para grande número de serviços, gestores e profissionais de saúde. Os movimentos sociais levantaram a 'bandeira' de que a atenção às pessoas que sofrem de violência deve ser intersetorial e em rede. O Ministério da Saúde e a Secretaria de Políticas para as Mulheres incorporaram a proposta. Assim, as políticas públicas recomendam que os serviços se organizem em rede para o atendimento integral a essas pessoas. Esta pesquisa bibliográfica objetiva analisar a produção científica sobre o atendimento em rede para as mulheres vítimas de violência de gênero e identificar como as redes estão sendo implantadas, seus avanços e suas dificuldades. Os artigos foram selecionados no portal BVS e revelam experiências exitosas e muitos desafios para a integralidade da atenção generificada. Entre os aspectos estudados destacam-se a atuação dos profissionais, a formação, a qualificação dos serviços, o acolhimento às mulheres, a organização das redes, a sensibilização de gestores de políticas públicas. A atenção integral é um desafios para os setores responsáveis pelas políticas públicas para as mulheres.
Valdirene de Souza Ferreira Savi (UNESC)
Histórias e memórias: trajetórias de formação docente para os primeiros anos escolares no município de Jaguaruna/SC (1930-1990)
Vanessa Aparecida da Conceição (UNESP)
Carolina Maria de Jesus: garra na vida, simplicidade no escrever
O presente projeto propõe o estudo da escritora Carolina Maria de Jesus em sua condição de mulher, favelada, mãe solteira, negra e semi-analfabeta. Analisando como driblou tantos percalços e se tornou na década de 1960 uma das principais escritoras brasileiras, sendo reconhecida internacionalmente, mas, que apesar deste reconhecimento foi esquecida e rejeitada pelos brasileiros. A partir deste estudo visa-se responder algumas indagações acerca de quem foi a mulher Carolina Maria de Jesus, o motivo de seu sucesso como escritora ter sido maior no exterior, o porque de seu esquecimento pelo povo brasileiro e se sua escrita não culta incomodou os leitores. O objetivo deste projeto, além de mostrar a genialidade de uma escritora por vezes esquecida, é também mostrar a garra, a simplicidade e particularidade do ser mulher de Carolina Maria de Jesus.
Vanessa Costa Pereira (UFRJ), Patrícia Silveira de Farias (UFRJ), Ludmila Fontenele Cavalcanti
A Relação entre o sistema de crenças religiosas dos profissionais de saúde frente à garantia dos direitos das usuárias
Este trabalho faz parte do projeto de pesquisa “Sexualidade, Religião e Políticas Públicas: uma análise da relação entre gênero, sistema de crença religiosa e práticas profissionais dos agentes de saúde do Programa de Assistência integral a Saúde da Mulher (PAISM)”. O objetivo é analisar a articulação entre gênero e religião dos profissionais de saúde inseridos no PAISM, e como percebem a relação entre a religião e a defesa dos direitos das usuárias. Para tanto, foram examinados 40 questionários, respondidos por profissionais da enfermagem, serviço social, saúde mental e da área médica de cinco unidades de saúde da cidade do Rio de Janeiro. A religião, mesmo em um contexto secularizado ainda é um sistema de construções de subjetividades masculinas e femininas. Percebeu-se que a maioria dos profissionais de gênero feminino pertencem a uma determinada religião e, em contraponto, a maioria dos profissionais de gênero masculino não pertencem a nenhuma religião. O pertencimento a uma comunidade de fé interfere no momento de intervir junto às usuárias, particularmente em casos de interrupção da gravidez e de planejamento familiar.
Vanessa Flores dos Santos (UFSM), Vinícius Teixeira Pinto
Gênero, masculinidades, violências
Vanessa Marinho Pereira (UERJ), Lucila Lima da Silva, Andressa Siqueira
“É um luxo ser e não parecer...”: Mas ela não pode estar sendo? – Reflexões acerca dos estereótipos e identidades lésbicas na rede virtual Leskut
O presente trabalho consiste na revisão bibliográfica de conceitos de autores como Judith Butler e Antonio Ciampa, referentes às identidades e sexualidades objetivando a análise de falas presentes em fóruns de discussão da rede virtual Leskut sobre o que é ser lésbica. Consideramos os gênero como reiterações performáticas de significações estabelecidas socialmente, podendo haver uma multiplicidade destes sem que nenhum deles fossem considerados como gêneros originais, sendo a dualidade de gênero masculino/feminino resultado de um processo histórico de repetição e sedimentação de normas que criam uma aparente a-historicidade de comportamentos ditos definidores do homem ou da mulher, e a heteronormatividade como única possibilidade normal. Na análise das falas dos fóruns percebemos que embora critiquem os estereótipos socialmente criados do ser lésbica como uma mulher masculinizada verificamos a busca algo em comum, de alguma essência que as permitam identificar umas as outras. Além, da dificuldade intra e extra grupo de experienciar o encontro com um outro diferente, que não segue a coerência entre sexo biológico, desejo, gênero e identidade; ou que ainda vivencia essas instâncias como fluidas e passiveis de múltiplas combinações modificáveis de acordo com os contextos.
Verônica Alcântara Guerra (UFPB)
Identidades e sociabilidades fluidas: travestis no Litoral Norte da Paraíba
Esta pesquisa, financiada pelo CNPq, tem como objetivo observar, descrever e interpretar a construção de identidades de gênero e redes de relações entre travestis na região de Mamanguape (PB), situada na BR 101, umas das principais vias de acesso para Rio Tinto (PB), cidade erguida em função da Companhia de Tecidos de Rio Tinto, e também para Baía da Traição (PB), região que abriga o maior número de índios potiguara da Paraíba. Podemos observar, entre outros aspectos, a fluidez da identidade de gênero e dos relacionamentos de socialização que há entre as travestis do Litoral Norte da Paraíba. A todo o momento elas reconstroem e desfazem suas redes de relações e apresentam uma constante mobilidade por Países, Estados, cidades e residências na região. Esta fluidez se apresenta não somente pela ocupação que exercem como prostitutas, mas pelo modo como constroem suas identidades e tecem suas sociabilidades. Esta pesquisa está incluída em um projeto temático, “Entre campos, mares e trajetos: experimentos etnográficos no Litoral Norte da Paraíba”, coordenado pela prof. Dra. Silvana de Souza Nascimento, que tem como propósito construir etnografias sobre a configuração de suas cidades, municípios e a multiplicidade de gênero, étnica e cultural de sua população.
Verônica Dutra dos Santos da Conceição (UFRJ), Patrícia Silveira de Farias (UFRJ), Ludmila Fontenele Cavalcanti
Gênero e saúde: representações dos profissionais de saúde sobre o Programa de Saúde da Mulher no Rio de Janeiro
Este trabalho faz parte do projeto de pesquisa “Sexualidade, Religião e Políticas Públicas: uma análise da relação entre gênero, sistema de crença religiosa e práticas profissionais dos agentes de saúde do Programa de Assistência Integral a Saúde da Mulher (PAISM)”. O objetivo é analisar a compreensão dos profissionais de saúde inseridos no PAISM acerca das diretrizes do programa e como isso repercute na defesa dos direitos das usuárias. Para tanto, foram examinados 40 questionários, respondidos por profissionais da enfermagem, serviço social, saúde mental e da área médica de cinco unidades de saúde da cidade do Rio de Janeiro. É de extrema relevância lembrar que o programa é fruto da reivindicação do movimento de mulheres por uma política pública que as considerasse de forma mais ampla, para além de sua saúde reprodutiva.
Percebeu-se que os profissionais sentiram dificuldade em caracterizar o PAISM. Além disso, demonstraram um sentimento de não pertencimento ao programa. Este achado levou a um novo leque de questões, pois, se os profissionais envolvidos com a política nacional de saúde da mulher não a conhecem, como criarão ações que materializem seus princípios e diretrizes? Como instrumentalizarão as usuárias para que elas reivindiquem os seus direitos?
Victor Cesar Torres de Mello Rangel (UENF e UFF), Luana Rodrigues da Silva (UENF), Gisele Valverde (UENF)
Representações de Gênero e Administração de Conflitos: O caso de um núcleo de atendimento à mulher localizado em uma delegacia distrital
Este trabalho integra o Projeto Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher: uma análise de suas práticas de administração de conflitos, coordenado pela Profª Lana Lage da Gama Lima. É fruto de dois anos de pesquisa de Iniciação Científica (FAPERJ), da qual resultou a monografia intitulada Políticas Públicas e Representações de Gênero: administração de conflitos em um núcleo de atendimento a mulher no interior do Estado do Rio de Janeiro. A Rede de Atendimento à Mulher, tal como concebida pela Secretaria Especial de Política para as Mulheres do Governo Federal, implica na articulação de um conjunto de instituições, entre as quais estão os núcleos de atendimento e as delegacias de polícia. No entanto, as relações institucionais estabelecidas entre eles são marcadas por divergências decorrentes do confronto entre diferentes representações sobre os conflitos de gênero e as formas de administrá-los no espaço público. Implantadas a partir de formulações do movimento feminista, as políticas de gênero enfrentam resistências decorrentes do modelo ideológico de cultura patriarcal ainda dominante no Brasil. No caso específico, a proximidade com a polícia e a situação de submissão em relação à autoridade policial, também dificultam a adequação às normas estabelecidas para o funcionamento dos núcleos de atendimento.
Vinicius Kauê Ferreira (UFSC), Miriam Pillar Grossi (UFSC)
Etnografia da universidade: a (in)visibilidade dos estudos de gênero na graduação
Este trabalho traz os primeiros resultados de uma pesquisa subjacente ao projeto Transmissão, formação e constituição do campo das Antropologias Contemporâneas em uma perspectiva de gênero, coordenado pela Drª. Miriam Pillar Grossi e financiado pelo CNPq. Com o intuito inicial de analisar a atual abrangência dos Estudos de Gênero em cursos de graduação do Estado de Santa, realizamos diversas entrevistas com professor@s e alun@s de diversas instituições, que revelam não apenas o engajamento acadêmico e militante no fortalecimento deste campo de estudos no seu aspecto mais formal, mas também a importância da discussão dessa temática na trajetória de muit@s profissionais e discentes, explicitando ainda a intrínseca relação dialética entre o desenvolvimento intelectual e subjetivo engendrado pelos princípios desse campo de estudos. A realização de uma “Etnografia da Universidade” contou com o levantamento da produção intelectual das instituições e o conhecimento das condições de criação e funcionamento de alguns grupos de pesquisa de cidades como Chapecó, Criciúma, Joinville e, adicionalmente, Natal (RN). No que tange aos currículos, percebemos a carência de disciplinas específicas sobre Relações de Gênero e Estudos Feministas, que são tratados, geralmente, de modo transversal.
Vivane Martins Cunha (UFMG), Alba Maria Barbosa Coura (UFMG), Claudia Mayorga (UFMG)
A relação entre gênero, raça e sexualidade nos movimentos sociais: olhares feministas
Este trabalho apresenta resultados preliminares de pesquisa que tem como objetivo analisar como a categoria gênero se articula com outras categorias sociais como raça e sexualidade na formação, mobilização e lutas de movimentos sociais diversos. A partir de diversas perspectivas feministas - as correntes e debates são tão diversos que tem sido cada vez mais imperativo que nos refiramos a feminismos nos nossos fazeres acadêmicos e militantes - identificamos que a articulação entre categorias sociais não ocorrem sem tensões, pois apontam para hierarquias colocadas entre mulheres. Assim, apresentamos uma análise comparativa entre autoras feministas que enfatizaram questões de raça (G. Anzaldúa; Bell Hooks) e sexualidade (G. Rubin; M. Wittig) e buscamos identificar: 1) concepção de sujeito do feminismo; 2) posicionamento das autoras em relação à categoria gênero; 3) posições apresentadas pelas autoras diante das hierarquias entre categorias sociais; 4) concepções sobre ação política feminista. A análise comparativa permitiu que identificássemos que a proposta de articulação de categorias sociais nas lutas de movimentos sociais diversos não deve prescindir de uma compreensão histórica e política da relação entre posições de desigualdade vivenciadas pelas mulheres.
Vivian dos Santos Alves Matosinho (UNICAMP)
Desejos, Mulheres e HIV
O presente estudo privilegia a discussão sobre desejo e decisão reprodutiva de mulheres no contexto do HIV. Percebe-se a importância do tema principalmente em um momento onde casos de mulheres, em idade reprodutiva, infectadas pelo vírus do HIV vem aumentando desde a década de 1990. Esta proposta faz parte do projeto de pesquisa “HIV/Aids e Trajetórias Reprodutivas de Mulheres Brasileiras” coordenado pelo NEPO/UNICAMP e CRT-DST/Aids e financiado pelo CNPq. Trata-se de um estudo qualitativo, que se apóia, sobretudo, no acompanhamento da discussão na literatura acadêmica, tendo como principal referencial teórico o conceito de gênero e direitos reprodutivos; e na análise de conteúdo de entrevistas em profundidade realizadas com usuárias de serviços de saúde especializados em DST/HIV no município de São Paulo.
O referido estudo tem como principais objetivos compreender a relação entre a condição sorológica e o desejo de ter filhos, apreender os significados do desejo reprodutivo e entender o processo de realização desse desejo.
Para compreender a concretização do desejo da maternidade nesse contexto particular faz-se necessário considerar fundamentalmente o papel desempenhado pelas instituições médicas, pelo contexto socioeconômico e cultural e pelas relações interpessoais.
Vivian Karina da Silva (UEL), Patricia Sivia de Souza (UEL), Mariana Barbosa Oliveira (UEL)
Mulheres e Cores em Almodóvar
Viviane Suzano Martinhão (UNESP), Fernando Silva Teixeira Filho, Pedro Rodolfo Morelli (Unesp Assis)
Laços de Amor: adoção, gênero, cidadania e direitos
A adoção é uma das formas legítimas de constituição familiar e é a mais cerceada por preconceitos, dúvidas e mitos que a prejudicam. Estes preconceitos baseiam-se em olhares machistas, sexistas, heteronormativos e biologizantes, justificando o enorme contingente de crianças em instituições asilares a espera de uma família. O Projeto Laços de Amor: adoção, gênero, cidadania e direitos, grupo de estágio, pesquisa e extensão ligado ao Departamento de Psicologia Clínica da UNESP-Assis objetiva: atendimento psicológico a pessoas cujo sofrimento esteja associado aos preconceitos ligados ao processo de adoção; resignificar a prática da adoção como estruturante da família; promover reflexões sobre as lógicas de produção das normas e leis relativas a adoção; contribuir para à promoção da cidadania e direitos humanos das pessoas adotadas (ou em vias de adoção) e seus familiares; estimular uma cultura pró-adoção; e colaborar na transformação para uma sociedade mais igualitária e humana. Com um paradigma pós-estruturalista discutimos, debatemos e informamos a população, a partir de atendimentos clínicos, cine-debates, distribuição de material informacional, textos, eventos e jornadas, divulgando e criando redes de discussão que possam colaborar para promoção de uma sociedade igualitária.
Wania Mara dos Reis Guedes (UFPA)
Aborto provocado clandestinamente na região metropolitana de Belém
Willame Fonseca dos Santos (UFPA)
O Sex Appeal e a dinâmica dos grupos juvenis
Wilson Santos de Vasconcelos (ENCE)
Saúde materna no município do Rio de Janeiro
Yane Carla Silva dos Santos (UEPB), Tâmara de Oliveira Silva (UEPB), Cilânea dos santos Costas
A questão de gênero na busca pela sustentabilidade do planeta
Zana Maria Macedo (UFSC)
A produção teórica do Serviço Social referente à questão raça e etnia
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