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17. Diversidade de experiências de gênero, trabalho e educação: comunidades tradicionais (pescadoras/es, quilombolas, indígenas, agricultoras/es familiares)

Coordenador@s: Maria do Rosário de Fátima Andrade Leitão (UFPE), Maria Helena Santana Cruz (UFS)
A proposta do Grupo temático tem como objetivo contribuir no debate sobre diversidade numa perspectiva de gênero, trabalho e educação em comunidades tradicionais. Entende-se por diversidade sócio-cultural a compreensão das diferenças de gênero e orientação afetivo-sexual, étnico-racial, etária e geracional, classe social, religião e de portadoras/es de necessidades especiais. A proposta deste grupo temático envolve pesquisas cujas abordagens dialoguem com problemáticas que incluam as Políticas Públicas estabelecidas pelas organizações governamentais e não-governamentais: Políticas Públicas de atendimento à diversidade e o impacto das mesmas para o desenvolvimento das relações sociais de gênero, além da promoção do desenvolvimento sustentável com equidade; que estabeleçam diálogo entre a diversidade no saber científico e popular. Importante ressaltar que serão priorizadas pesquisas que considerem as condições de vida nas comunidades tradicionais, o acesso diferenciado às políticas e o espaço das mulheres nas comunidades de pescadoras/es; quilombolas, indígenas, agricultoras/es familiares; a participação igualitária de mulheres e homens em todos os níveis dos processos de tomada de decisão políticas nos espaços públicos e privados; que identifique tipos de opressão e formas de discriminação; que discuta a auto-reflexão e a auto-crítica de forma a conhecer os seus valores pessoais e como eles afetam a própria vida e a sua relação com os outros. Também contempla pesquisas que considerem a utilização da música, do cinema, da literatura, da televisão, dos jornais, que possibilitam a compreensão de problemas concretos, oriundos da vida real. A temática gênero e diversidade consiste numa problemática instigante porque contempla temáticas sobre zonas rurais e urbanas conflitivas na sociedade. Espera-se contar com a participação de acadêmicas (os), pesquisadoras (es), técnicas (os) governamentais e militantes de organizações de base, numa perspectiva que incluam diferentes enfoques e referenciais interdisciplinares, por exemplo: pesquisas nas áreas de Ciências Humanas e Sociais.

Local: Sala 301 do CFH

Resumos


24/08 - Terça-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Maria Helena Santana Cruz (UFS)
    Percursos, barreiras e desafios de estudantes universitários de camadas populares no ensino superior na UFS/Sergipe/Brasil
    O estudo aborda a problemática das desigualdades educacionais, centrando o eixo da análise nas desigualdades de gênero no acesso, e na permanência de universitários de origem popular egressos de escolas públicas, Adotou-se a metodologia qualitativa por meio de técnicas etnográficas, centradas na descrição de pessoas, situações e acontecimentos, para captar a visão de mundo, a construção de trajetórias/repertórios diferenciados de formação, trabalho, os significados da consciência prática nas dimensões de gênero/classe. A utilização da História Oral permitiu dar voz aos(as) universitários(as), obter versões sobre suas experiências, entendendo-se que a Nova Memória é o vivido, e a história é o elaborado. O estudo realizou-se no espaço/tempo da UFS/SE em 2008-2009, articulando-se várias fontes entre si, como: a revisão da literatura; documentos, relatórios de pesquisa, sites, destacando-se 22 entrevistas realizadas com alunos(as) da UFS. O poder mostra-se invisível no cotidiano da instituição, em especial, para os(as) respondentes deste estudo. A construção de identidades femininas revela-se por meio da reconstrução de trajetórias biográficas que alimentam a perspectiva de uma formação, integrada e mais completa para as mulheres.
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  • Ivan Pereira Leitão (UPE), Luciano Cipriano da Silva (UFRPE)
    Relações de gênero e diversidade na escola: EaD como instrumento de formação e informação em temáticas relacionadas a diversidade no município de Ipojuca-PE
    O texto tem como objetivo discutir e apresentar experiências de casos, a partir das ações desenvolvidas pelo curso de Gênero e Diversidade na Escola, na modalidade de Ensino a Distância e sua aplicação com docentes de escolas públicas de Ipojuca – município do Estado de Pernambuco. Organizado em módulos como: Diversidade, sexualidade, gênero e raça, o curso de extensão e aperfeiçoamento proporcionou aos/as diversos/as docentes envolvidos, a possibilidade de uma formação versada no reconhecimento de mazelas sociais imbricadas nas relações sociais dos/as alunos/as das escolas públicas do município. Destarte os docentes tiveram acesso a textos, vídeos e oficinas, para que pudessem sensibiliza-se sobre a importância de se lutar contra a intolerância nas mais diversas formas e preconceitos. Os momentos mais relevantes na troca de experiências foram os 3 encontros presenciais, quando as pessoas envolvidas tiveram oportunidade de refletir sobre a prática docente. Dentre os resultados obtidos, encontramos em relatos e textos escritos pelos próprios cursistas, rupturas nas práticas docentes, que envolvem valores e ações desenvolvidas pelos/as mesmos/as na sala de aula.
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  • Maria Aparecida Souza Couto (UFS)
    Diversidade, identidade e poder na escola
    Este artigo faz parte da pesquisa de doutorado em educação ora em andamento. Aqui interessa-nos compreender aspectos de como a experiência do gênero, no que se refere à construção das identidades, em sua intersecção com a violência é vivenciada pela diversidade de sujeitos no âmbito de um percurso escolar permeado por relações de poder. Para tanto nos serviremos de dados exploratórios e da teoria pertinente. O campo empírico é uma escola da Rede Pública Estadual de Ensino de Aracaju, capital sergipana, onde estão matriculados 363 moças e 249 rapazes. O estudo de caso de cunho etnográfico permitiu utilizar a técnica da entrevista semi estruturada, a observação e o diário de campo. A amostra é composta por adolescentes entre 15 a 18 anos, matriculados do 1º ao 3º ano do ensino médio regular. Dados exploratórios revelam que a violência está presente nas “brincadeiras” entre os meninos mediante demonstração de força física e dos meninos em relação às meninas a partir de ameaças e do assédio. Antevê-se o crescente empoderamento feminino através da inserção e permanência das mulheres na escola como mecanismo alavancador da construção de identidades femininas plurais cuja diversidade é passível de provocar o deslocamento das subjetividades masculinas.
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  • Janete Otte (IFSul)
    Ser mulher, ser gestora: percalços e realizações
    O presente trabalho é a respeito de uma pesquisa já concluída sobre a mulher na gestão de instituições da rede federal de educação profissional e tecnológica, especialmente dos Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFETs) e Escolas Técnicas Federais, de onde os CEFETs são originários. O recorte aqui apresentado será das entrevistas feitas com as mulheres gestoras dessas instituições. Para tanto serão transcritas e analisadas partes de duas das dez entrevistas realizadas principalmente no que diz respeito à escolarização, profissionalização, discriminação e realizações encontradas nas trajetórias dessas mulheres. Durante a pesquisa de campo, foram realizadas entrevistas com diretoras das mais diversas localidades do Brasil, com o intuito de conhecer suas trajetórias, suas dificuldades, bem como, suas alegrias em conquistar cada vitória. Acompanhando o que acontece no mercado de trabalho, identificou-se um crescimento, embora pequeno, das mulheres que atuam em cargos de direção, registrando na presente data, seis mulheres a frente da gestão dessas instituições, tornando-se reitoras pro-tempores quando da união de toda a rede federal de educação profissional e tecnológica através dos 38 Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia presentes em todo estados da federação
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  • Elsa Santana dos Santos Lopes (UMESP)
    Os conflitos, barreiras e conquistas das relações de gênero na Educação Infantil - as relações dos educadores e educadoras de uma creche
    A presente pesquisa apresenta-se em uma perspectiva qualitativa, de cunho etnográfico. Analisa as relações estabelecidas entre os educadores e educadoras que trabalham com a educação infantil sob a ótica das relações de gênero. Inicialmente, discute o percurso histórico da Educação Infantil nas principais Leis e Documentos que orientam a Educação Brasileira sob a ótica de gênero. Em uma trajetória reflexiva, a análise passa a ser inspirada nos estudos da categoria gênero, e traz reflexões importantes acerca da sua definição, bem como do seu contexto histórico, político e social. O foco da pesquisa está direcionado nas relações que se estabelecem entre os educadores e educadoras das instituições de educação infantil. E qual a repercussão dessas relações na educação das crianças pequenas. Muitos são os conflitos e barreiras da educação infantil sob a ótica de gênero. Porém, ao longo dos anos várias conquistas foram alcançadas na perspectiva das relações de gênero nessa modalidade de ensino. Ao se analisar as relações entre educadoras e educadores de uma creche, verificou-se que as relações estabelecidas na educação infantil apresentam-se como uma das formas de introdução de meninos e meninas na vida social.
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  • Mayra Paniago Spinola Cardoso (UEFS)
    De normalistas a professoras: um estudo sobre a reorganização de trajetorias profissionais femininas em Feira de Santana - 1950/60
    Pretendemos analisar pontos fundamentais para a compreensão do processo de construção do campo de trabalho feminino dentro do magistério primário brasileiro. Ao mesmo tempo, temos também por objetivo relacionar esse processo ao contexto vivido por professoras em Feira de Santana, oriundas da antiga Escola Normal, marcadamente concluintes do curso Magistério nos anos de 1930 e 1940 e já trabalhadoras definidas profissionalmente nos anos de 1950 e 1960, aposentadas em fins dos anos de 1980 e 1990. A metodologia de História Oral busca fazer um resgate da memória feminina constituindo os depoimentos em fontes para os estudos de Gênero na cidade.

25/08 - Quarta-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Maria do Rosário de Fátima Andrade Leitão (UFPE)
    30 anos de registro da pesca para mulheres
    A produção de texto didático 30 anos de Registro da Pesca para Mulheres, foi resultado de dois anos de pesquisa com as mulheres da colônia Z-10 em Itapissuma – PE. Os temas propostos foram por elas escolhidos, inclui o debate sobre Gênero, Participação, Liderança e Movimentos Sociais. Estes temas são importantes para compreendermos como a sociedade ajuda a construir as diferenças entre masculino e feminino. Algumas questões nortearam a pesquisa, entre elas: 1. Por que muitas dessas mulheres que trabalham e ganham seu sustento, não conseguem mudar a história que para elas tem sido determinada? 2. Por que algumas mulheres que reconhecem e aceitam líderes masculinos, não aceitam nem reconhecem as lideranças femininas? 3. Apesar dos avanços conquistados nos 30 anos, com o Registro da Pesca para as mulheres, quais são os problemas que continuam? A metodologia utilizada consiste em debater sobre as formas estabelecidas de relacionamento entre gênero e incluiu várias visitas a Colônia Z-10 onde de forma lúdica, com os pressupostos da pesquisa ação, foi elaborado o texto didático por meio das narrativas das mulheres e dúvidas por elas levantadas no que se refere a gênero, participação, liderança e movimentos sociais. O debate propõe sensibilizar sobre os impactos sociais das imposições
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  • Luciana Pinheiro (Pesquisadora Independente)
    Pescadoras artesanais do Mercado de Peixes de Shangri-lá, litoral do Paraná: entre a imagem e a realidade
    A literatura aponta a invisibilidade das mulheres nos trabalhos relacionados à pesca, apesar de sua marcada participação e influência nesse setor produtivo. No litoral do Paraná a participação feminina é reconhecida pel@s pescador@s, mas freqüentemente é categorizada como mera ajuda ao trabalho masculino, inclusive pelas mulheres. Tal percepção contribui para a desarticulação ou não fortalecimento dos direitos das mulheres na pesca, reforçando sua invisibilidade ou restringindo ainda mais sua participação nas tomadas de decisão. Por outro lado, a antropologia visual pode contribuir, ao fornecer, por meio do audiovisual, subsídios para a memória, a percepção de si e o empoderamento das comunidades. Usando-se os referenciais teórico-metodológicos da etnoecologia e da antropologia visual, foram realizados registros fílmicos do trabalho das pescadoras no Mercado de Peixes de Shangri-lá (Paraná) com o objetivo de divulgar seu trabalho e produzir um material para o empoderamento político das trabalhadoras. Este texto discutirá, a partir da análise das imagens e do trabalho de campo, algumas categorias essenciais para a compreensão da participação das mulheres na pesca e a articulação entre os gêneros, tais como invisibilidade/protagonismo, união/desunião, empoderamento, trabalho/ajuda.
  • Alessandro Andre Leme (UFU)
    As comunidades quilombolas como novos (velhos) atores: (re)pensando a questão
    As Comunidades Remanescentes de Quilombos, ou terra de preto são algumas das formas conceituais de se referir as comunidades que se constituem como grupo social afro-descendentes. Tal questão nos remete a dimensão étnico-racial e territorial, uma vez que visa reconhecer culturalmente uma determinada condição social e simultaneamente garantir a regularização do território. Não na sua acepção clássica – Lockeana – de propriedade individual inaugurada pela posse/trabalho. Mas sim, na fundamentação da propriedade privada coletiva, inaugurada pelas condições culturais e temporais dos grupos étnico-raciais ali presentes, através da autodefinição como remanescentes de quilombos. Por meio da Constituição de 1988 e demais Decretos e Convenções, visamos analisar a criação do Programa Brasil Quilombola, enfatizando as formas de atuação das instituições do Estado envolvidas com a questão e, por outro lado, evidenciar a importância de se repensar as categorias trabalho e educação como elementos mediadores dos padrões de sociabilidade dessas comunidades entre si e com a sociedade em geral. Tal proposta será realizada mediante análise dos Documentos/Relatórios do Porgrama Brasil Quilombola, da SEPPIR, da Fundação Cultural Palmares, do INCRA, além do debate com a literatura pertinente a questão.
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  • Maria das Mercês Cavalcanti Cabral (UFRPE), Hulda Helena C. Stadler (UFRPE - NEGA), Lyvia Tavares Félix do Carmo (UFRPE)
    Perfil psicossocial das mulheres de Pernambuco que trabalham com a pesca artesanal: contribuições desde uma perspectiva feminista
    O presente trabalho faz parte de uma investigação maior que tem como objetivo principal: redimensionar o valor do saber, da identidade, da reprodução social e da condição de trabalhadora das mulheres da pesca. Este texto abordará questões relacionadas aos aspectos psicossociais de mulheres pescadoras de Pernambuco. Tais aspectos se relacionam diretamente as suas condições de vida, às condições existenciais concretas que contribuem/estruturam de forma decisiva a sua visão de mundo. Foram entrevistadas 67 mulheres moradoras do litoral (norte e sul), do agreste e sertão pernambucano. Ao analisar os dados podemos traçar o perfil psicossocial da mulher trabalhadora da pesca artesanal em Pernambuco como: Mulheres com mais de 30 anos chegando uma boa parte ter mais de 45 anos, com escolaridade correspondente ao fundamental incompleto, que começaram a pescar antes dos 12 anos. Foram iniciadas na pesca por seus pais. A maioria só tem a pesca como atividade produtiva e as que exercem outra atividade, via de regra trabalham na agricultura ou como faxineiras. São mulheres que se inserem em categorias sociais (mulher, pescadora,pobre), que partilham de experiências em comum que interferem na prática de suas atividades produtivas.
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  • Rosane Aparecida Rubert (UFPel)
    Relações de gênero e consolidação territorial na pós-abolição
    Estudos recentes sobre comunidades remanescentes de quilombos indicam que foram diversas as estratégias de apropriação territorial por parte de (ex)escravos(as) durante e após a abolição. Uma etnografia realizada em um conjunto de comunidades da região central do RS, que mantêm relações históricas entre si, revelou que a dimensão de gênero não esteve ausente nestas estratégias de territorialização: o intercurso sexual entre senhor-escrava poderia tanto facilitar quanto dificultar o acesso à terra por parte dos(as) filhos(as) das mulheres negras ou delas próprias, a depender de uma diversidade de fatores circunstanciais. Ao mesmo tempo, a escolha de uma conjuge não negra, especialmente na pós-abolição, revelou-se em um mecanismo explícito de inserção social por parte de homens egressos do cativeiro. Este trabalho se propõe, a partir do estudo realizado, a refletir sobre a condição da mulher negra na passagem do regime escravista para o trabalho livre, bem como sobre as alterações, no transcorrer do tempo, das relações de gênero em uma das comunidades pesquisadas. Estas alterações possuem estreita interface com a expansão de sucessivas redes sociotécnicas relacionadas ao meio rural, às quais esta comunidade foi sendo conectada de diferentes maneiras e intensidadades.
  • Priscila da Cunha Bastos (UFF / Colégio Pedro II)
    Jovem mulher negra quilombola: identidades e trajetórias
    O estudo em questão reflete sobre a trajetória de jovens mulheres negras quilombolas considerando seus percursos de escolarização e trabalho. A premissa de que a heterogeneidade das condições de vida e trabalho das jovens que moram no campo configura formas de viver diferenciadas, constituindo experiências e identidades coletivas distintas, orienta as análises.
    O lugar de origem, a luta pela terra, o jongo, a condição racial, as trajetórias de escolarização e trabalho são dimensões do universo multifacetado que dão sentidos ao processo de identização das jovens e configuram seus caminhos de individuação.
    As identidades negra e quilombola se articulam com o gênero e a geração e se constroem e reconstroem em diálogo e na relação com o outro, seja na escola ou no trabalho. Situações de discriminação que enfrentam nos seus percursos de idas e vindas do quilombo para a cidade também dão corpo a este processo de afirmação de suas identidades, pois no enfrentamento do preconceito e nos conflitos se afirmam símbolos e representações positivas e/ou negativas sobre sua história e sobre si mesmo, um processo vivenciado de maneira única por cada indivíduo.

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  • Simone Miranda Soares (UnB)
    Redes e rendas - Técnicas e gênero em Raposa/MA
    Este trabalho se inspira nas recentes possibilidades da antropologia da técnica na expectativa de comparar a produção de redes artesanais de pesca com as rendas de filé e bilro na comunidade pesqueira de Raposa/MA. Sugerindo através de domínios técnicos análogos, uma outra forma de ver as comunidades pesqueiras para além das polaridades de lugares, papéis e habilidades entre homens e mulheres.
    Redes e rendas são percebidos aqui como objetos técnicos de fabricação artesanal que, não só fazem parte do arsenal cotidiano dos moradores de Raposa, mas demonstram relações de sentidos para além de suas utilidades práticas. O interessante fato do traçado básico dos fios de nailon para a fabricação de redes e dos fios de algodão para as rendas serem os mesmos sugere, a primeira vista, uma proximidade técnica nas relações homem/mulher. Ambos, no momento anterior as pescarias, compartilham o mesmo ambiente técnico artesanal que envolve habilidades manuais, fios de linha, agulhas e formatos de rede. Numa perspectiva de revisar a forma pela qual as relações de gênero são monstradas nas chamadas sociedades pesqueiras, proponho a revisão deste conceito na tentativa de incluir a agência das mulheres nessas comunidades. Exploro estas relações na expectativa de demonstrar a complexidade das relações homem/mulher no mundo da pesca.

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  • Vanda Maria Campos Salmeron Dantas (UNIT)
    Nas marés da vida: histórias e saberes das mulheres marisqueiras
    A vida das catadoras de mariscos, que vivem da pesca no mangue e têm no seu trabalho o sustento da família, é o objeto de estudo desta pesquisa, através da qual será enfatizada a história de vida dessas mulheres que realizam uma atividade de subsistência no seu cotidiano social. Refletir-se-á acerca da sua atuação no meio em que estão inseridas, a visão que têm do trabalho, meio ambiente, família, sexualidade, e suas relações sociais. O projeto de pesquisa foi realizado no Estado de Sergipe, no município de Indiaroba, em comunidades ribeirinhas, nas quais essas mulheres, chamadas de marisqueiras, desempenham atividades diversificadas no seu papel de ser mulher, motivo de sensibilização pessoal, gerando uma curiosidade acadêmica para conhecer suas histórias de vida. Através do método etnográfico, que se desdobra em observações, entrevistas, oficinas e depoimentos, procurou-se conhecer um pouco mais sobre o cotidiano das marisqueiras. Com isso dá-se visibilidade à condição humana em uma de suas expressões o que pode ajudar a compreender e valorizar o conhecimento da diversidade cultural e os saberes construídos nessa atividade pesqueira.
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  • Monica Cristina Silva Santana (UFS)
    O trabalho faz e (re)faz o gênero: rede de pescarias e catações na Ilha Mem de Sá/SE
    As lutas das comunidades tradicionais relacionam-se à permanência de uma diversidade de modos de vida e de usos diferenciados dos espaços ribeirinhos e é essa a realidade da Ilha Mem de Sá/SE. Entre populações pesqueiras, a produção das mulheres é tão importante quanto à dos homens, ainda que não seja reconhecida como tal. Em um contexto de produção de mercadorias, as atividades voltadas ao mercado alcançam necessariamente maior visibilidade, obscurecendo-se as outras dimensões da divisão social do trabalho e, em particular, as conexões que se estabelecem entre a casa e o mundo do trabalho. Os riscos e ameaças vividas pelas comunidades de pescadores artesanais têm conseqüências graves nas famílias, podendo-se dizer que, em grande medida, a capacidade de resistência dessas comunidades repousa nas estratégias de sobrevivência implementadas principalmente pelas mulheres.
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26/08 - Quinta-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Irenilda de Souza Lima (UFRPE), Filipe Lima Silva, Ana Paula Gomes da Silva
    A perspectiva agroecológica da política pública para a extensão rural no Brasil: os desafios da compreensão das questões de gênero na formação do extensionista
    Neste trabalho abordamos a importância da atividade de extensão rural na construção do modelo de desenvolvimento rural que pretende fortalecer a agricultura sustentável. As atividades dos profissionais que praticam a extensão rural deverão ser coerentes com a nova perspectiva agroecológica que conseqüentemente traz associada à questão de gênero. A formação para as profissões da área das ciências agrárias, em especial, com ênfase no desenvolvimento sustentável constitui-se num grande desafio da sociedade atual. Provavelmente, a universidade com seu inquestionável papel formadora, está muito mais voltada para a lógica produtiva, que por sua vez está direcionada para a economia de mercado onde as questões como solidariedade, cultura, educação e gênero não estão na pauta. Este trabalho tem como objetivo trazer alguns subsídios teóricos e de base empírica sobre os desafios da formação do técnico como educador para atuar numa sociedade com demandas por um modelo de desenvolvimento sustentável cuja questão de gênero permeia todos os públicos atendidos pela extensão rural, como opção para um projeto que colabore para a construção de uma sociedade mais igualitária e justa
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  • Rosineide de Lourdes Meira Cordeiro (UFPE), Lucileide dos Santos Silva (UFPE), Rebeca Ramany S. Nascimento (UFPE)
    Registro civil e gênero em contextos rurais

    Este trabalho objetiva analisar como a ausência de registro civil afeta diferentemente homens e mulheres pobres, moradores de áreas rurais, no acesso a direitos e políticas públicas. Para isto, foram analisadas entrevistas com moradores (as) do município de Calumbi-PE, sem registro civil ou que obtiveram o registro depois de adultos. Os dados da pesquisas apontam que diferente do passado, atualmente os pais providenciam o registro civil da criança logo após o nascimento. A gratuidade do registro, as políticas sociais e os programas de transferências de renda pressionam as famílias para que tirem o registro civil dos filhos o quanto antes. Os homens que têm mais de 45 anos tiraram seus documentos já adultos, para poderem migrar para São Paulo; já as mulheres nessa faixa etária adquiriram documentos por conta do casamento. Os idosos quando providenciam a documentação é por motivos de saúde ou para obterem a aposentadoria.. A ausência de registro civil atinge jovens e adultos de ambos os sexos, porém, há predominância de idosos e de pessoas com sofrimento mental. Também foi observado que há uma espécie de pragmática que orienta a aquisição de documentos. Eles só adquirem importância em face de uma necessidade urgente.


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  • Loreley Gomes Garcia (UFPB), Eduardo Sérgio S.Sousa (UFPB), Josilene Ribeiro de Oliveira (UFPB)
    Fissuras no cotidiano, rupturas na história
    Investigamos a formação de novos comportamentos de gênero na zona rural.
    A pesquisa avalia a capacidade que projetos de desenvolvimento voltado para mulheres têm de engendrar mudanças nas relações de gênero no meio rural contribuindo para mudança social mais ampla.
    A pesquisa está sendo realizada nos Cariris da Paraíba, em assentamentos de reforma agrária e agrovilas. Aqui se desenvolve o projeto Dom Helder Camara, PDHC, do Ministerio do Desenvolvimento Agrário do Brasil e FAO, executado por ONGs feministas com objetivo de promover autonomia das mulheres e garantir alternativas de renda no meio rural.
    A mulher adquire visibilidade nos projetos de desenvolvimento na decada de 70, no contexto da politica Women and Development/WID, ((Boserup, 1970; Benaria e Sen, 1998), todavia a posição da mulher na sociedade não estava em questão, pois era vista como coadjuvante num processo destinado às famílias e comunidades. Essa estratégia é substituída pela política de Gender and Developement/GAD, nos anos 90. A GAD não foca nas mulheres, mas as relações entre mulheres e homens em vários espaços – redes de parentesco, vida econômica, social e política, pois considera as relações de gênero como um fator do subdesenvolvimento, pobreza e injustiça.

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  • Maria Cecilia Godoy Ampuero (Consultor Programa de las Naciones Unidas y RED GESTCON), Maria do Rosário de Fátima Andrade Leitão (UFPE)
    Gobernanza costera y la invisiblidad de las actividades de la mujer en Chile y Brasil
    El tema del ensayo apunta a la invisibilidad de la mujer en actividades pesqueras y su rol como transmisora de conocimientos tradicionales, situación que hoy constituye materia de reflexión e investigación no solo en Chile sino en el mundo. Es innegable el rol de la mujer como productora de alimentos y uso sustentable de biodiversidad, constituyéndose en la vía para encontrar soluciones innovativas al hambre, como también su contribución a la conservación de la naturaleza contrarrestando consecuencias del cambio climático. Pese a la importancia de la mujer en la reproducción social, la invisibilidad de la mujer está firmada en la economia de mercado cuya principal perspectiva es la reproducción económica, sin considerar que no hay éxito económico sin reproducción social, o sea, la sociedad necesita mantener conocimientos tradicionales para aportar otras innovaciones realmente sustentables. Se discuten y analizan casos en la costa sur de Chile y Recife, Brasil, cuyas investigaciones se llevan a cabo desde 2003 y en la actualidad se ha desarrollado con el apoyo Núcleo CNPq: Desenvolvimento e Sociedade, coordinado por la profesora Maria do Rosário de Fátima Andrade Leitão del Programa de Pós-Graduação em Extensão Rural e Desenvolvimento Local – POSMEX, UFRPE
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  • Maria Santana Ferreira Dos Santos Milhomem (UFS)
    Mulheres indígenas, sim. Professoras por que não? Estudo sobre as representações de gênero e poder na comunidade Xerente
    O presente trabalho resume uma pesquisa em nível de Mestrado sobre as representações de gênero no cotidiano de mulheres professoras indígenas Xerente do Estado do Tocantins. Nesse sentido, analisa a partir das relações de gênero, os fatores objetivos e subjetivos que influenciaram o acesso dessas mulheres ao mercado de trabalho, bem como a compreensão das desigualdades e assimetrias existentes e naturalizadas que culminam numa forma de violência simbólica. A pesquisa se desenvolveu no Município de Tocantínia no Estado de Tocantins. O estudo baseia-se em pesquisa qualitativa, realizada a partir de entrevistas do tipo histórias de vida com 6 (seis) mulheres professoras e 2 (dois) caciques da etnia Xerente e observações participantes, onde se verifica através da trajetória de vida e de trabalho, as representações de gênero presentes no cotidiano do grupo pesquisado. Os resultados informam que as práticas de vida das mulheres Xerente se constituem a partir da coabitação de permanências (convivem com a reprodução de posições de gênero bastante tradicionais) e mudanças (maior nível de escolarização, a assunção de novos papéis políticos, no trabalho, na economia familiar abrem possibilidades para a condição feminina). Constroem uma identidade em conflito: ora se orientam por valores da cultura tradicional, ora se orientam por valores da cultura ocidental capitalista.
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  • Juliana Topanotti dos Santos de Mello (UDESC), Norberto Dallabrida (UDESC)
    Trajetórias universitárias dos egressos do ensino secundário do Colégio Catarinense (1951-1960)
    Esta pesquisa tem por finalidade compreender as escolhas universitárias de jovens concluintes do curso científico do Colégio Catarinense, localizado na cidade de Florianópolis, formados entre os anos de 1951 e 1960. O estudo focaliza os cursos e universidades escolhidos pelos alunos egressos deste estabelecimento. Administrado pelos padres jesuítas, este colégio desenvolveu desde a sua fundação em 1906, uma educação que visava preparar seus alunos para a inserção nos cursos universitários, mantendo um ensino voltado para a aquisição de saberes e condutas que seriam utilizados na vida profissional de seus educandos. No período recortado, o campo de possibilidades de inserção no ensino superior na capital catarinense era bem restrito, haviam poucos cursos oferecidos, as faculdades existentes eram privadas e as condições de ensino eram precárias. As escolhas dos ex-alunos serão analisadas a luz dos conceitos de capital cultural, capital social, capital simbólico e capital econômico, cunhados pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu. Os dados foram recolhidos, junto aos alunos egressos, através de questionários e outras fontes de pesquisa também foram utilizadas tais como: jornais de circulação local, jornais estudantis e relatórios do Colégio Catarinense.
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