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13. Desnovelando desigualdades de gênero: múltiplos olhares

Coordenador@s: Marisa de Fátima Lomba de Farias (UFGD), Renata Gonçalves (UEL)
O objetivo deste Simpósio é proporcionar um espaço interdisciplinar para a construção de conhecimentos críticos acerca das relações de gênero numa perspectiva histórica, relacionando as reflexões teóricas empreendidas por pesquisadores/as de diversas áreas do conhecimento com as múltiplas possibilidades de construção e articulação das nuances da vida em diversos tempos e lugares. Recorrendo a pressupostos teórico-metodológicos justapostos entre as relações de classe, de raça/etnia e de gênero, o Simpósio Temático privilegiará os seguintes temas: relações de gênero e movimentos sociais do campo e/ou da cidade; relações de trabalho e estratificação social; teoria e história; tráfico de mulheres e patriarcado; violência doméstica e relações judiciais; representações sociais e meios de comunicação; classes sociais e desigualdade – como uma das formas de examinar a realidade a partir de uma articulação enovelada entre patriarcado-racismo-capitalismo, com vistas a criar mecanismos de ruptura. Neste sentido, propõe-se o encontro de pesquisadores/as que desenvolvam trabalhos sobre histórias de mulheres e de homens, atentando para as diversas articulações entre formas/estruturas/funções/mudanças, assumidas pelas relações de gênero em cada período e condições específicas da sociedade.

Local: Sala 245 do CCE/A

Resumos


24/08 - Terça-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Renata Gonçalves (UEL)
    De companheiras “acompanhantes” à companheiras de luta: as mulheres na luta pela terra do MST
    Os inúmeros textos produzidos pelo MST expressam a dinâmica por que passou o debate acerca da participação das mulheres no Movimento. Estas apareciam num primeiro momento como membro da família. No período inicial, causava estranhamento a ideia de “um homem ir para a terra sozinho, tinha que acompanhá-lo, a mulher e os filhos”. DE Acompanhar era a principal função das mulheres, com vistas a “‘segurar’ o homem no acampamento”. Mas, ao contrário da imagem pejorativa de que eram “coordenadoras de panelas”, a própria dinâmica da luta pela terra as levou a organizar ações que, por sua vez, provocaram alguns questionamentos sobre a estrutura de poder expressa na organicidade do Movimento. Aos poucos, reconhece-se que houve avanços, dentre os quais está a conscientização de que se trata de um problema de caráter político e que é necessário estabelecer a relação entre gênero e luta de classes. A partir do exame do processo de construção do Setor de Gênero, como parte da estrutura organizativa do movimento, pretendemos analisar a trajetória de participação política das mulheres na luta pela terra do MST.
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  • Joice Aparecida Antonello Abrão (Unioeste), Roselí Alves dos Santos (Unioeste)
    Sindicalismo rural em Francisco Beltrão: a inserção do trabalho das mulheres nos espaços políticos administrativos do Sindicato dos Trabalhadores Rurais
    Nesse artigo procuramos compreender o alcance da atuação, organização e participação da mulher agricultora nos espaços políticos administrativos do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Francisco Beltrão – PR. A mulher agricultora tem uma atuação fundamental nas atividades de produção agropecuária, na reprodução familiar, na sustentação das lutas e na organização política desde a colonização das terras do Sudoeste Paranaense até o momento atual, no qual assumem, inclusive, a presidência do Sindicato.
    Assim este texto é estruturado com base nos depoimentos presentes na sistematização de experiências construídas a partir da narrativa elaborada com diversas mulheres agricultoras, sujeitas centrais do projeto de pesquisa/extensão desenvolvido com financiamento da Secretaria de Estado Ciência Tecnologia e Ensino Superior – Fundo Paraná, através do qual buscamos resgatar e registrar as Experiências Político-organizativas das Mulheres Agricultoras do Sudoeste do Paraná. Do contexto pesquisado emerge a necessidade de destacar a atuação destas mulheres no Sindicato dos Trabalhadores Rurais, por ser neste espaço que se processam mudanças significativas na organização política das mulheres agricultoras.

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  • Juliana Dourado Bueno (UFSCar), Maria Aparecida de Moraes Silva
    Personalizando gênero – trajetórias de trabalhadoras do campo e da cidade
    O ponto de partida da investigação é a precarização do trabalho realizado por mulheres empregadas num abatedouro de frangos em São Carlos. As mulheres têm o início de suas trajetórias marcado pela vida e trabalho no campo, em pequenas propriedades ou nas antigas colônias do interior de São Paulo. Ao descrever atividades humanas até então consideradas sem valor, damos visibilidade aos grupos cuja história foi apagada ou esquecida. Essa visibilidade se dá por meio da metodologia da história oral e torna-se ainda mais relevante por se tratar de mulheres trabalhadoras, algumas das quais migrantes e negras, que têm suas identidades apresentadas de forma estigmatizante. As mulheres trabalhadoras estão inseridas num contexto de organização do trabalho que as despersonaliza, no entanto, ao apresentar os aspectos subjetivos envolvidos nas trajetórias das mulheres, percebemos que há um movimento de persistência e resistência frente ao contexto de dominação das mulheres trabalhadoras nos ambientes de trabalho, residência e sociabilidade.
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  • Kátia Aline da Costa (UFGD)
    As representações, relações sociais e de gênero entre os jovens rurais dos assentamentos do Estado de Mato Grosso do Sul
    O presente trabalho parte de uma pesquisa que se encontra em andamento, com o objetivo de apresentar reflexões que contemple o estudo sobre a juventude rural compreendendo as concepções e as relações de gênero que são produzidas nos espaços de alguns dos assentamentos do Estado de Mato Grosso do Sul. Tendo em vista os múltiplos olhares produzidos por esta juventude, assim como os desejos e anseios de seus pais/mães e demais assentados/as, procurar-se-a refletir como se constroem as relações sociais entre seus membros e os conflitos comuns às gerações envoltos por mulheres/homens, jovens/adultos cada qual almejando seus ideais, objetivos e realizações. Para tanto, será realizada uma análise teórica, compreendendo as relações sociais e de gênero não como conceitos dados pela diferença entre homens e mulheres, classe, etnia/cor, mas como construções que permeiam e orientam a vida dos/as assentados. Assim sendo, busca-se por meio desta reflexão proporcionar múltiplas possibilidades de construção e debates sobre a juventude rural e as desigualdades produzidas nesses espaços sociais.
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  • Alzira Salete Menegat (UFGD)
    Retratos da vida de mulheres assentadas
    Neste estudo, resultado de pesquisas em assentamentos rurais instalados em Mato Grosso do Sul, desenvolvidas com incentivos do CNPq, FUNDECT e UFGD, procuramos analisar imagens de mulheres assentadas, e por meio delas compreender se assentamentos são espaços que possibilitam condições para a transformação/manutenção de posições sociais diferenciadas entre homens e mulheres. O objetivo é verificar como são construídas as relações e se permitem visibilidades de atuação e de construção de projetos de empoderamento. Para isso estamos fazendo uso de imagens, entendendo-as enquanto um recurso interpretativo no processo de pesquisa, no estudo de fragmentos de trajetórias vividas. Por meio das imagens o “ausente se faz presente”, como indicado por Martins (2009), tornando possível as comparações entre os antigos espaços ocupados, com aqueles que as mulheres e os homens assumem na chegada aos assentamentos. Nas análises se observa mudanças reveladoras, com a construção de novos sujeitos sociais, em um movimento em que se descobrem, redescobrem, ou mesmo reafirmam invisibilidades, sendo que essas nem sempre trazem o significado de subjugo e do silenciar, mas de expressões de resistência.
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  • Marisa de Fátima Lomba de Farias (UFGD)
    Mulheres em processo de autorreconhecimento e autovalorização em assentamentos rurais
    Este artigo é resultado de reflexões elaboradas ao longo de pesquisas desenvolvidas em assentamentos rurais no estado de Mato Grosso do Sul. Trata-se de um processo metodológico efetivado por meio de entrevistas, observações e de formulários, especialmente voltado às mulheres, consideradas, protagonistas importantes. Procura-se demonstrar como essas mulheres constroem e reconstroem estratégias de resistências e de fortalecimento de suas identidades através do trabalho de rememoração para o reconhecimento e o enfrentamento das relações de poder manifestas e não manifestas. A opção teórico-metodológica se estruturou em uma concepção qualitativa e permitiu reconhecer o permanente movimento da vida-travessia dessas mulheres em seus lugares sociais, de gênero e de classe, negando uma visão linear e uniformizadora que frequentemente é apresentada na literatura. Observou-se, ainda, que as mulheres no cotidiano dos assentamentos criam estratégias e representações relevantes de ser e estar no mundo, em busca por autorreconhecimento e autovalorização.
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25/08 - Quarta-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Gislaine Duque de Farias (Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso Do Sul)
    A prostituição feminina e suas representações sociais no município de Três Lagoas-MS nos anos de 1960
    O presente artigo se propõe a fazer uma análise da prostituição feminina e suas representações sociais no município de Três Lagoas-MS na década de 1960, com sua política ordenadora do espaço, tanto do ponto de vista físico quanto social. Neste período as prostitutas tiveram uma posição social marginalizada instituída por tal política que possibilitou, ainda, a fundamentação de políticas mais repressivas e criminalizadoras em torno da “sexualidade desviante”. O desenvolvimento da pesquisa pautou-se, principalmente, na análise de processos-crimes, considerados a principal fonte histórica. Por meio desta fonte, desvelaram-se as violências vividas por mulheres que faziam do meretrício sua principal atividade profissional. Violências que ocasionaram suas mortes. Especial atenção foi dirigida à argumentação dos discursos da justiça (defesa, promotoria) e, ao desfecho final, ou seja, a absolvição ou a condenação do réu. Esta determinação estava baseada na decisão do Conselho do Júri, tendo em vista a dominação masculina presente na sociedade treslagoense naquele período histórico. Por fim, concluiu-se que as relações hierárquicas entre homens e mulheres, assim como a solidariedade entre os homens, estabeleceram e mantiveram o controle sobre as vidas das mulheres prostitutas.
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  • Alexandra Lopes da Costa (UFGD)
    A violência contra a mulher e a lei sob a ótica de homens condenados pela Maria da Penha
    A violência contra a mulher é um problema de saúde pública mundialmente reconhecido, constituindo uma das formas mais perversas das assimetrias de gênero, histórica e socialmente construídas. Este artigo trata da análise da Lei Maria da Penha (nº11.340/06), que visa coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher e do próprio fenômeno da violência a partir da ótica de homens autores de agressão contra mulheres atendidos pelo projeto “Penas Alternativas e Violência de Gênero: sensibilização de homens autores de violência contra a mulher”, executado pela Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para a Mulher (CEPPM/MS) em 2009, no município de Campo Grande, Mato Grosso do Sul. O texto evidencia, por meio da análise dos documentos produzidos pela equipe do projeto e dados observados durante o desenvolvimento de grupos de reflexão, a opinião do público participante a respeito da Lei Maria da Penha e dos motivos e significados atribuídos as práticas de violência contra mulheres, que apesar de diversos, revelaram traços da masculinidade tradicional e semelhanças do ponto de vista da experiência historicizada do ser homem no patriarcado.
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  • André Luiz Faisting (UFGD)
    As questões de gênero na ótica do(a)s profissionais do Direito: breves considerações a partir de um estudo de caso
    O trabalho tem como objetivo apresentar breves reflexões sobre a maneira como profissionais do Direito manifestam-se a respeito das questões de gênero. Num estudo mais amplo que teve como objetivo compreender as representações sobre direitos humanos entre operadores do Direito na Comarca de Dourados, MS, constatou-se que a temática relativa às questões de gênero foi uma das mais destacadas pelos próprios profissionais entrevistados. Duas questões mereceram destaque nessa temática: o crescimento do número de mulheres na carreira jurídica, e o impacto da Lei Maria da Penha nos conflitos de gênero e na dinâmica do sistema de justiça. Com relação ao crescimento de mulheres no mundo jurídico, e de acordo com as manifestações, pode-se dizer, por um lado, que ainda há preconceito de gênero entre os profissionais do Direito e, por outro, que a presença cada vez maior das mulheres nesse campo também tem contribuído para a possibilidade de mudanças nesse cenário profissional. Quanto aos impactos da Lei Maria da Penha, as contradições e dilemas apresentam-se de forma mais explícita, já que o problema passa pelas diferenças de concepção entre os operadores do Direito inclusive na questão da constitucionalidade da lei, dividindo, inclusive, as opiniões das profissionais entrevistadas.
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  • Débora Mendes Campos (UFSCar)
    A ordem androcêntrica na atividade publicitária
    O uso da imagem feminina em campanhas comerciais é um recurso comum na publicidade contemporânea, esse e outros usos não devem ser entendidos como técnicas isentas de valor, devem ser compreendidos a partir de uma perspectiva crítica. Partindo do ensaio de Adorno e Horkheimer (1985), que concebe a publicidade como a linguagem, por excelência, da Indústria Cultural e mediante a contextualização do conceito, foi possível identificar a função ideológica desempenhada pela publicidade na legitimação da ordem social androcêntrica. A violência simbólica, a que são submetidas as mulheres nas campanhas comerciais, aparece a elas como algo natural; como um atributo inerente à sua feminilidade. Após alguns meses de observação e gravação dos intervalos comerciais de dois canais da televisão aberta – a Rede Globo e o SBT –, pudemos perceber que há um conjunto de representações da mulher que se repete no anúncio de diferentes produtos. A variedade de imagens femininas estereotipadas presente na publicidade reforça o argumento de que vivemos numa sociedade generificada, conforme mostra o estudo de Lauretis (1994) e Hollanda (1994), na qual há uma divisão dos papéis sociais de acordo com gênero. Em suma, a publicidade atua como uma tecnologia social a serviço da Ideologia de Gênero.
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  • Veridiana Pereira Parahyba Campos (UFPE)
    Mulheres e beleza: considerações teóricas sobre a reflexividade feminina
    Conforme a percepção do senso comum, lugar onde se difundem mais livremente todos os mitos e valores sociais, sobretudo nas sociedades ocidentais, a “busca” pela beleza, traduzida em atribuição de elevada preocupação com a aparência, é claramente “coisa de mulher”. O resultado objetivo dessa atribuição historicamente fomentada é que, contemporaneamente, vários indicadores nos mostram que os cuidados com a aparência são de fato uma preocupação eminentemente de mulheres.
    A constatação desta centralidade que o valor “beleza” ocupa na construção de uma identidade de mulher já foi reconhecida por diversas teorias de cunho feminista: Naomi Wolf (1991), Germaine Greer (1970), Pierre Bourdieu (1999), entre outros, trabalharam no sentido de analisar as consequências desta centralidade.
    Sem perder de vista este cunho analítico feminista, o presente trabalho se propõe a discutir como este valor pode ser processado de maneira ativa pelas mulheres. Enquadrando a relação entre mulheres e beleza na discussão agência-estrutura, utilizo a teoria de Margaret Archer para fazer algumas considerações teóricas de como este processamento de valores sociais pode ocorrer nas mulheres de maneira ativa, via reflexividade.

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  • Marta Eymael Garcia Scherer (UFSC)
    Mulheres da Belle Époque em debate – questões femininas nas crônicas de Olavo Bilac
    No virar dos séculos XIX para XX, o Rio de Janeiro queria se mostrar como uma jovem e moderna senhorita que alcançava a adolescência republicana em clima de Belle Époque. Em meio a reformas urbanas da cidade e mudanças de comportamentos de seus habitantes, crescia a participação feminina em todas esferas sociais. Apesar dos lentos avanços nas questões de gênero, as mulheres ganhavam espaço nos debates públicos e nas colunas dos jornais. Temas como divórcio, trabalho feminino, prostituição, educação e direitos da mulher aparecem de forma sistemática nos periódicos, sobretudo nas colunas de opinião. Revisitar esses textos, com os olhos de quem os lê cem anos depois, é um dos objetivos desse artigo, que pretendo se focar nas crônicas de Olavo Bilac para, com elas, tentar entender a vida daquelas mulheres em um país que se pretendia civilizado e moderno.
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  • Júlio Cláudio da Silva (UFF)
    Escrita da história, fim de silêncios: relações raciais e de gênero nas memórias de Ruth de Souza (1921-1950)
    Nossa comunicação versará sobre a história de vida de Ruth Pinto de Souza, uma das primeiras integrantes do Teatro Experimental do Negro. Uma mulher cujo ofício de atriz de teatro, cinema e televisão a situou sob o ângulo dos holofotes, garantidores de visibilidade. Analisaremos as relações raciais e de gênero a partir de suas memórias sobre a década de 1940, quando ingressou no TEN. E o binômio memória & esquecimento sobre a sua atuação em um período onde os poucos personagens negros, existentes, eram feitos por atores brancos pintados de preto. Apesar das restrições impostas pela variável raça Ruth de Souza tornou-se a primeira atriz negra a interpretar textos do repertório clássico e comédias. Em seus depoimentos, muitas vezes chama atenção o lugar e o olhar da mulher negra no interior do processo de criação e ampliação de espaço para os atores e atrizes negros nos palcos brasileiros.
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26/08 - Quinta-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Marcelo Rodrigues Lemos (UFU), Eliane Schmaltz Ferreira (UFU)
    Desvendando desigualdades: um estudo sobre a articulação gênero e trabalho na sociologia brasileira (1970 – 1990)
    Nesta pesquisa buscou-se pensar sobre a articulação das categorias analíticas gênero e trabalho, nos estudos brasileiros da Sociologia do Trabalho. A elaboração crítica de conhecimentos referentes às relações de gênero em uma dimensão histórica, revela relações de poder e desigualdades entre os sexos perante os segmentos do trabalho, oriundas, dentre outros fatores, do sistema patriarcal de estruturação social. Para tal, foram selecionadas três autoras que se destacam na produção acadêmica brasileira perante a temática da análise. Assim, as reflexões de Elizabeth Souza-Lobo, Magda de Almeida Neves e Helena Hirata são estudadas de acordo com suas problemáticas na imbricação gênero e trabalho, tendo em vista a delimitação das décadas de setenta, oitenta e noventa.
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  • Verônica Clemente Ferreira (Unicamp)
    Sindicatos e relações de gênero nos anos noventa: dilemas e possibilidades num cenário de reestruturação produtiva
    Nossa comunicação apresentará os resultados da pesquisa de mestrado concluída em 2005. Analisamos a militância feminina em três importantes sindicatos filiados à CUT: o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, o Sindicato dos Químicos de São Paulo e o Sindicato dos Bancários de São Paulo. Nos anos 90 a reestruturação produtiva aumentou o desemprego e a precarização das relações de trabalho. Neste contexto, a necessidade de alicerçar a mobilização das bases - e o poder de negociação - demandava destes sindicatos sensibilidade para a diversidade e capacidade de encaminhar as demandas das mulheres para estimular sua participação.
    As respostas a este cenário foram variadas. Entre os químicos houve um refluxo do debate sobre gênero. Os metalúrgicos encaminharam as demandas femininas à mesa de negociação, mas não as transformaram em cláusulas de seus acordos coletivos. E entre os bancários o debate de gênero cresceu em importância, fator que se mostrou fundamental na obtenção de conquistas para as mulheres. As configurações acima mostram as várias possibilidades de combinação de dois fatores: a conjuntura econômica hostil e a cultura política do sindicalismo - marcada por atitudes discriminatórias, por representações sexistas e resistente à discussão das relações de poder nos sindicatos.

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  • Luciana Garcia de Mello (UFRGS)
    A complexa teia de desigualdade racial e de gênero no mercado de trabalho brasileiro
    Esta comunicação apresenta uma análise das relações de gênero e raça no mercado de trabalho brasileiro. Com base nos dados da PNAD de 2006, realizada pelo IBGE, procurou-se investigar a influência da distribuição ocupacional de homens e mulheres dos dois grupos raciais, brancos e negros, sobre o padrão de desigualdade existente no mercado de trabalho. Foi possível concluir que o modo de inserção ocupacional desses grupos constroi uma teia complexa de desigualdade em que, por vezes, a questão racial se sobrepõe aos problemas relacionados ao gênero. Todavia, não se pode deixar de mencionar que a relação inversa, ou seja, maior desigualdade por gênero que por raça, também ocorre. Nesse segundo caso, dois elementos explicativos se destacam: as desvantagens das mulheres negras na inserção ocupacional e a localização das mulheres de ambos os grupos raciais em profissões “tipicamente” femininas.
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  • Silvana Aparecida Mariano (UEL), Cássia Maria Carloto (UEL)
    Desigualdades de gênero: um olhar sobre o feminino nos programas de combate à pobreza
    A pobreza é uma das faces das desigualdades sociais e as políticas de proteção social têm sido um dos instrumentos de enfrentamento da questão da pobreza no Brasil. As estatísticas brasileiras têm revelado sistematicamente que as desigualdades de gênero estão entrelaçadas com as contradições entre as classes sociais e, ainda, com as desigualdades raciais. Portanto a pobreza brasileira tem sexo e cor. Como a estrutura das desigualdades em nossa sociedade é multidimensional, a intervenção estatal atinge diferentemente os indivíduos, de acordo com seus posicionamentos sociais e os marcadores sociais da diferença. Esses fatores modificam as relações entre as mulheres e o Estado e não são simplesmente “aditivos”, mas resultam em interseções complexas e exclusivas de um período histórico. Por isto devem ser analisadas de um ponto de vista empírico. De acordo com essa abordagem, nosso estudo trata do modo como as desigualdades de gênero orientam e instrumentalizam as políticas de combate à pobreza, por meio da inclusão das mulheres pobres.
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  • Eliene Gomes dos Anjos (UNISINOS / ABRAPPS)
    As relações de gênero e trabalho em empreendimentos da economia solidária
    Os formatos socioprodutivos relacionados à economia solidária estão num processo continuo de expansão no mundo do trabalho. As controvérsias em torno das possibilidades desses empreendimentos gerarem novos sentidos e significados para o trabalho, não impedem que cada vez mais mulheres busquem no campo da economia solidária a superação das diversas formas de subordinação nas quais se encontram. Com base em dados quantitativos oriundos do Primeiro Mapeamento Nacional da Economia Solidária no Brasil, realizado pela Secretaria Nacional da Economia Solidária, e por meio de pesquisa direta de empreendimentos selecionados em Salvador, essa comunicação investiga em que medida as práticas de gestão e de trabalho desses empreendimentos potencializam a equidade de gênero, com o fim de avaliar o seu conteúdo e o seu potencial transformador e emancipatório.
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