08. Corporalidade na mídia |
Coordenador@s: Iara Beleli (Núcleo de Estudos de Gênero – Pagu/UNICAMP), Ivia Alves (NEIM - UFBA) |
A mídia, em sentido amplo e diverso, é a interface das práticas de consumo que, muito além da posse de bens, interfere nos (ou demarca os) modos de viver. O fluxo massivo de corpos, muitas vezes apresentados como produtos a serem consumidos, mobiliza uma trama cultural, que também se redimensiona em contextos diversos, (re)fazendo ou diluindo fronteiras. No âmbito das constituições de gênero e sexualidade, essas tramas são entrecortadas por várias mídias, configurando uma ponta do iceberg para estudos das representações da subjetividade e, sobretudo, da vida urbana contemporânea. A relação cultura/consumo e o desempenho da mídia na sociedade, principalmente nos grandes centros urbanos, é fundamental para compreender os múltiplos usos das subjetividades que se formam neste contexto. A corporalidade é o fio que perpassa e entrelaça essa trama, de forma a instigar uma reflexão sobre como o corpo humano e suas marcas de gênero, étnico-raciais, de classe, de geração instituem e são instituídas nos planos simbólico e material das relações que se dão nas, e a partir das, variadas mídias. Neste sentido, propomos um debate interdisciplinar sobre os estudos que tomam os media como o locus de exposição e acesso aos bens mercadológicos a partir de uma perspectiva de análise que considere a relação entre corporalidade e gênero na construção da subjetividade. Atentas à temática condutora do Fazendo Gênero 9 - Diásporas, diversidades, deslocamentos, este Simpósio Temático proprõe uma reflexão sobre as variadas mídias enfrentam, e produzem, alteridades e hierarquias, ainda que subliminarmente e de maneira não intencional, a partir de formas corporais, práticas sexuais, marcas raciais, de gênero e nacionais contribuindo para o estabelecimento das relações de poder através do corpo.
Local: Sala Aroeira do Centro de Cultura e Eventos
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Resumos
24/08 - Terça-feira - Tarde (14h às 18h)
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Ricardo Augusto de Sabóia Feitosa (UFC - Unifor)
"We're queer" (?): representações de gênero nos editoriais da revista Junior
O artigo propõe uma reflexão sobre as estratégias discursivas de construção de representações de gênero na revista Junior, publicação jornalística endereçada majoritariamente a uma audiência homossexual masculina no Brasil contemporâneo. Partindo do reconhecimento da mídia como lugar central nas disputas de produção de sentidos e de articulações de práticas, experiências e subjetividades distintas no terreno da sexualidade, busca-se delinear perspectivas de investigação a respeito da configuração de uma "imprensa gay" como campo discursivo não-homogêneo e em constante processo de legitimação. Sua atuação caracterizar-se-ia por tensões e negociações relativas às possibilidades de conferir visibilidade a determinados referenciais identitários das homossexualidades, bem como de questões de interesse dessa(s) audiência(s) no espaço público e na sociedade de consumo. A análise privilegia os editorais de Junior, por serem textos cuja finalidade é demarcar o posicionamento do veículo frente a temáticas e conjunturas que julga relevantes ou dignas de atenção para o universo dos seus leitores.
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Edinéia Aparecida Chaves de Oliveira (Unisul)
A comodificação feminina na rede de práticas discursivas multimodais que promovem o Funk: um exemplo discursivo da transformação da mulher em um produto sexual e comercial na modernidade tardia
O presente trabalho busca entender o processo de comodificação feminina na rede de práticas discursivas multimodais que promovem o Funk, delimitando assim exemplares discursivos da transformação da mulher em um produto sexual e comercial na modernidade tardia. Esta é a base do meu projeto de doutorado, onde estudo a representação da mulher através das capas de CDs do Funk e no fenômeno das “mulheres fruta” e sua associação com o Funk, contemplando assim um nova prática discursiva de comodificação feminina em textos multimodais. A pesquisa se restringe aos textos promocionais do Funk que circularam na internet e no mercado pirata entre 2008 e 2009. As ferramentas de análise são a Lingüística Sistêmico Funcional (HALLIDAY, 2004) e a Gramática Visual (KRESS e VAN LEEUWEN,1996).
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Fernando de Figueiredo Balieiro (UFSCar)
Da baiana a latino-americana: gênero, sexualidade, raça e nação na personagem da baiana interpretada por Carmen Miranda no cinema
Investiga-se a figura da baiana estilizada, interpretada por Carmen Miranda, em sua imbricação com a construção cultural da nacionalidade e alteridade nos contextos brasileiro e norte-americano. O foco na personagem protagonizada pela atriz e cantora se justifica por sua exitosa carreira na rádio brasileira e, especialmente, no cinema hollywoodiano, em um momento em que esses meios consistiam em locais privilegiados para a construção simbólica da nacionalidade e seus Outros constitutivos. Trabalha-se como esta construção simbólica passa pela intersecção entre raça, gênero e sexualidade. Em outras palavras, trata-se da representação de um Brasil (e de uma América Latina) como feminino, sensual e racializado.
A partir do referencial teórico-metodológico dos Estudos Pós-Coloniais, teoria queer e estudos de gênero, pauta-se em uma perspectiva contrastiva na análise: (1) das relações de poder típicas da formação de nossa identidade nacional, através da personagem da baiana encarnada por Miranda no auge de sua carreira no Brasil e (2) seus deslocamentos no cinema hollywoodiano, representando então figuras estereotipadas latino-americanas. Esta perspectiva nos permite explorar o caráter cultural e político da construção da nacionalidade e suas tensões e ambigüidades.
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Welkson Pires da Silva (UFPE)
Em pauta a violência contra a mulher: da instância ficcional à mobilização midiática e social
Ao estruturarem-se amplamente como uma rede, os meios de comunicação propiciaram o ilimitado desenvolvimento e a livre circulação da informação num ambiente sem fronteiras – a ambiência midiática. A aparente separação outrora existente entre os discursos ficcionais e factuais foi desfeita devido à potência amalgamadora da imagem midiática, possibilitando um efetivo trânsito informacional que nos levou a seguinte constatação: na ambiência midiática o sujeito vivencia realidades midiáticas. Tais realidades se tornaram predominantes na atual conjuntura, configurando-se como uma forma plausível de perceber e experienciar o mundo, influenciando, assim, na própria construção desse mundo. Tomando como objeto de estudo a representação da violência contra a mulher, construída no âmbito da telenovela Mulheres Apaixonadas (2003), apresentamos uma análise acerca da mobilização midiática e social gerada em torno dessa problemática. Nosso intuito é demonstrar como, a partir do discurso dito ficcional, toda uma rede midiática de discussão foi instaurada, elevando o tema da violência contra a mulher à pauta do dia, o que culminará, em última instância, num processo de conscientização social que terá como conseqüência ações políticas e jurídicas destinadas a combater essa forma de violência.
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Cassiana Panissa Gabrielli (UFBA)
O "Olhar Estrangeiro" sobre as brasileiras
O presente trabalho pretende trazer à discussão algumas imagens veiculadas sobre o Brasil em filmes estrangeiros, conferindo especial atenção à forma como as mulheres brasileiras são representadas em tais produções e, interpretadas pelo público. Para tanto, realizarei a análise do filme "Olhar Estrangeiro", um documentário nacional que apresenta entrevistas com diretores, produtores, e atores/atrizes estrangeiros(as) que filmaram películas no, ou sobre, o Brasil. Dirigido por Lúcia Murat, ela procura entender porque a repetição de clichês, muitas vezes totalmente inverossímeis, é mantida por essas pessoas. Além dessas conversas, também são apresentadas algumas intervenções realizadas nas ruas, em países como França e Estados Unidos, em que os(as) transeuntes são questionados(as) sobre o que pensam do Brasil e das brasileiras. As respostas são bastante significativas, já que quase nenhuma foge ao estereótipo padrão, sendo que alguns(mas) participantes assumem ignorar a realidade local, e admitem reproduzir o discurso formatado que internalizam através da mídia. Desse modo, tendo como mote a análise dos comentários e opiniões expostos no filme, poderei discorrer sobre a representação das brasileiras e a reprodução do imaginário social amplamente compartilhado sobre tais mulheres.
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Erly Guedes Barbosa (UFMA), Silvano Alves Bezerra da Silva
Os espaços não ocupados pela mulher negra nas revistas femininas brasileiras
Esta pesquisa busca apontar como o jornalismo de revista notabilizou a imagem da mulher negra em suas páginas. Trata-se de uma análise de discurso, tendo como objeto de pesquisa as edições entre outubro de 2007 e março de 2008 das revistas Claudia e Marie Claire. A imprensa tem se firmado, nas sociedades contemporâneas, como um desses espaços de grande relevância em que o discurso veiculado é um caminho para se tentar compreender a realidade social em questão. No Brasil, racismo e sexismo constituem-se aspectos distintivos da identidade social das pessoas, especialmente porque prejudicam parcela expressiva da população, as mulheres negras, por meio da exclusão da partilha dos bens materiais e simbólicos e da negação do acesso a espaços quase exclusivos da elite eurocêntrica sexista. O discurso da imprensa emerge como um local de construção e reprodução das desigualdades raciais e de gênero. Diante da análise de matérias jornalísticas editadas nas revistas femininas Claudia e Marie Claire, constata-se que a mulher negra é apresentada por esses periódicos de forma estereotipada. As revistas analisadas adotam uma política de silêncio e discriminação em relação às mulheres negras, forjando um discurso fundado no mito da democracia racial brasileira e da ideologia do branqueamento.
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Clebemilton Gomes do Nascimento (UFBA)
Piriguetes em cena: uma leitura do corpo feminino a partir dos pagodes baianos
No âmbito da recente música urbana contemporânea vários rótulos foram criados para definir o comportamento e as atitudes da mulher sexualmente livre e independente, dona do seu corpo e do seu desejo. Nos pagodes baianos, essa representação da mulher livre é denominada de piriguete e remete às mulheres que freqüentam os shows de pagode que encenam as coreografias das letras, quase sempre alusivas ao seu corpo e a sua sexualidade. Atualmente, essa representação está disseminada na mídia e nas práticas discursivas cotidianas, principalmente por jovens, de diferentes camadas sociais, raça/etnia e instrução. No entanto, ela é uma construção discursiva em aberto, portanto, sujeita a ressignificações e/ou contestações. Nesse trânsito de sentidos, a piriguete abre-se para uma ambigüidade, deslocando-se do estereótipo forjado no contexto do pagode para outras estratégias de representação que passam a ser normatizadas pela mídia com a sua entrada nas telenovelas e revistas, evidenciando-se assim uma complexa rede de intersecções de gênero, raça/etnia, classe, geração e hibridismo cultural. Este estudo tem o objetivo de explorar essa dinâmica entre corpos e discursos na construção das identidades e subjetividades das mulheres (auto)representadas como piriguetes.
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Marlene de Fáveri (UDESC)
“Venha trocar o óleo” – propagandas de sexo pago no horário diuno em Florianópolis(SC)
Este trabalho reflete sobre mídias contemporâneas e práticas de comércio sexual, pautado em interpretações que envolvem a categoria gênero para a análise histórica. Focaliza a rede prostitucional no espaço urbano de Florianópolis/SC, heterossexual e diurna, observada através panfletos, cartões de visita e bilhetes entregues nas ruas da cidade, onde se percebe a dinâmica das relações prostitutas/clientes, os anúncios provocadores, e a geografia das ruas e edifícios onde acontecem os programas. Estes anúncios abrem para análises da constituição de subjetividades, das relações de poder e da corporalidade no âmbito da cultura/consumo no comércio informal de sexo. No Tempo Presente, com as ferramentas de divulgação midiáticas, a prostituição diurna e taylorizada aparece como um serviço que alimenta esta rede, cujas práticas sexuais são marcadas por hierarquias e jogos eróticos, mas principalmente pela relação demanda/procura por uma mercadoria que só tem sentido na relação prostitucional configurada no cliente que paga por este serviço. Nota-se o ritmo em que predomina o imediato, a novidade, a pressa, o fugaz, com propagandas apelativas e pensadas para provocar esse ritmo.
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25/08 - Quarta-feira - Tarde (14h às 18h)
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Alvanita Almeida Santos (UFBA)
Beleza, profissão e maternidade: configuração da mãe em “The good wife”
Tendo estreado em novembro de 2009, a série The good wife traz como personagem principal uma mulher que precisa recomeçar sua vida, por causa de um escândalo que afasta seu marido, levando-o à prisão. Após anos dedicando-se inteiramente à família, ela voltará a exercer sua profissão como advogada. Alicia Florrick, com dois filhos adolescentes, terá que conciliar sua vida profissional e seu papel social de mãe. Tomando por base as concepções feministas do corpo e da maternidade, buscando pensá-las criticamente, a análise proposta para esta comunicação pretende observar a construção da personagem Alicia Florick, no que diz respeito a sua atuação como mãe, observando como está corporificada esta imagem de mãe, em uma mulher bem sucedida na vida familiar em relação à sua reentrada na vida profissional por força das circunstâncias. Este estudo insere-se em uma pesquisa sobre as mulheres em séries de televisão, um produto midiático de grande alcance na comunidade.
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Fatima Regina Cecchetto (Fiocruz), Patricia Silveira de Farias (UFRJ), Juliana Corrêa
Corpo, gênero e masculinidade no tatame: anabolizantes em foco numa revista especializada
Corpos masculinos cada vez mais musculosos são imagens que têm atraído a atenção em termos de matérias jornalísticas. O interesse que esses corpos despertam está baseado na idéia que os homens agora dispensam maior tempo a cuidados com a estética e não estão imunes a situações como desordens alimentares, obsessão por exercícios e o uso de drogas e suplementos, visando o atingir a forma física considerada ideal, suplantando a herança genética ou a determinação biológica. Nesse processo se inserem os esteróides androgênicos anabolizantes (EAA), substâncias que promovem o ganho rápido de musculosidade e melhora na disposição física. A questão que intriga é que, ao mesmo tempo em que se propagam os malefícios do uso destas substâncias, valoriza-se a construção de um corpo masculino forte, musculoso e hiperviril. Este trabalho faz parte de um projeto de pesquisa financiado pelo CNPq, intitulado “Masculinidades e vulnerabilidades: discursos e práticas sobre os efeitos dos anabolizantes na saúde”, e reflete sobre o tratamento dispensado aos anabolizantes em uma revista especializada em artes marciais, Tatame, como forma de mapear os discursos e sentidos atribuídos a estas substâncias e sua relação com as representações sociais de masculinidade e gênero ancoradas na corporalidade.
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Mayrinne Meira Wanderley (UFPB), Luziana Marques da Fonseca Silva (UFPB)
Corpos ditados: a influência da mídia no disciplinamento corporal da mulher
Ao corpo, em todo o curso da história, foram atribuídos variados significados, de acordo com as normas sociais e os dispositivos de poder. Dentro dessas dinâmicas de significação e ressignificação corpórea, assistimos e vivenciamos a influência da mídia na ratificação e até mesmo determinação do papel e do lugar do corpo. Ele mesmo já se apresenta como mídia, por excelência, pois é o nosso primeiro meio de comunicação, relacionando o indivíduo com as categorias de espaço e de tempo e emitindo mensagens de individualização, representação e conformidade social. Na atualidade, a busca do corpo perfeito tornou-se a expressão da perseverança, da competência, do domínio de si. Daí resulta a perseguição coercitiva dos esteriótipos inatingíveis de beleza, a ditadura da magreza, a busca incessante da eterna juventude e o consumo desenfreado. Tudo isso muito bem sincronizado num discurso de apelo à saúde, o discurso alusivo à saúde, ao bem-estar e ao prazer. O objetivo deste trabalho é discutir a mídia como propagadora e, de certa forma, imputadora desses ideais, especialmente nos discursos que ainda atribuem à mulher o lugar e a responsabilidade da beleza. Para tanto, contaremos com os escritos de Lucia Santaella, David Le Breton e Georges Vigarello.
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Caio Anawate Kuri Milito (UNESP - Rio Claro), Carlos José Martins (UNESP)
Marcas da biopolítica na televisão: uma análise sobre a publicidade e as novas propostas para gerenciamento das condutas
A grande mídia, em especial a televisiva, representa um dos principais meios através dos quais são implementadas novas políticas destinadas à construção de determinados modelos de seres humanos. As propagandas comerciais, além de oferecerem produtos que estão geralmente associados a pessoas famosas e a certos tipos de comportamento, criam novas necessidades físicas e materiais, novos pressupostos. São responsáveis pela reafirmação de certas concepções ligadas às diferenças de sexo, gênero, idade e raça. Seu discurso incide diretamente sobre o corpo, disponibilizando-o diferentes propostas de construção subjetiva e objetiva através da criação de novas significações, associadas a informações de cunho ideológico e político em determinados produtos, incitando ao consumo e sugerindo docilidade. Esse novo campo do saber e as novas tecnologias por ele aproveitadas se disseminam no corpo social – por meio de práticas pedagógicas, esportes, do campo da beleza e das aparências, entre outros – através da televisão. Há uma tentativa de se estabelecer relações de poder, formatar-se um modelo de exploração econômica do corpo, o qual também cria resistências. Desta forma tomaremos como objeto de nossa análise diferentes propagandas comerciais transmitidas pela televisão.
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Camilo Albuquerque de Braz (UFG)
Os vampiros saem do armário: sexismo, homofobia e racismo na série True Blood
True Blood é uma premiada série de televisão norte-americana surgida em 2008, baseada na coleção de livros The Southern Vampires Mysteries, da escritora Charlaine Harris. É exibida no Brasil pelo canal a cabo HBO e tem feito sucesso, em um momento de evidência da temática dos “vampiros” em produções hollywoodianas. A história é narrada em uma pequena cidade fictícia da Louisiana chamada Bon Temps. Nesse cenário são tratadas as tentativas de “integração” dos/as vampiros/as na sociedade norte-americana, após a invenção de um sangue sintético, que dá nome à série. Neste trabalho, parto da análise de um dos personagens, Lafayette Reynolds. Ele é um jovem negro e gay, que trabalha durante o dia como operário de estradas e, à noite, como cozinheiro no bar onde a protagonista da série, Sookie Stackhouse, é garçonete. Além disso, atua como garoto de programa, traficante e é dono de um site pornográfico. É um personagem fronteiriço, cuja análise convida a algumas noções contemporâneas dos estudos de gênero e sexualidade, bem como da chamada teoria queer. Busco pensar, partindo de Lafayette, no modo como os temas do sexismo, da homofobia e do racismo aparecem na primeira temporada da série relacionados, direta ou metaforicamente, à questão da “saída do armário” dos/as vampiros/as.
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26/08 - Quinta-feira - Tarde (14h às 18h)
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Shirlei Rezende Sales (UFMG), Marlucy Alves Paraíso (UFMG)
Corpo ciborgue e as marcas de gênero no Orkut: lugar de mulher é no tanque?
A intensa conexão com as tecnologias é cada vez mais presente na vida cotidiana, especialmente nos meios de comunicação, em que as comunidades virtuais, como o site de relacionamentos Orkut, são uma verdadeira febre nacional. Neste trabalho o Orkut é analisado como um currículo cultural que ensina diferentes modos de ser e de estar no mundo, que participa do processo de constituição das subjetividades juvenis na contemporaneidade. A análise tem por foco algumas marcas de gênero nas subjetividades divulgadas no discurso sobre o corpo de uma comunidade do Orkut. A metodologia utilizada foi a netnografia aplicada ao ciberespaço orkuteiro. As análises empreendidas têm como referencial teórico os estudos de gênero e ciborgue. O argumento desenvolvido é de que na comunidade Lugar de mulher é no tanque divulgam-se determinadas maneiras de as/os jovens conduzirem suas condutas pautadas em uma coisificação do corpo masculino ciborguizado. Mostro na análise, como os modos demandados para a condução da existência juvenil transgridem e ao mesmo tempo reafirmam as fronteiras culturais de gênero. Há uma multiplicidade de sentidos divulgados que compõem uma hibridização das subjetividades engendradas no discurso analisado.
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Bruno Dallacort Zilli (CLAM/UERJ), Marina Maria Ribeiro Gomes da Silva (ABIA)
Do Orkut ao Leskut: prazeres e perigos da sexualidade em comunidades virtuais no contexto de regulação da Internet
A Internet, como meio de comunicação, permite a expressão de idéias, facilitando a formação de grupos e identidades ao colocar em contato pessoas com interesses convergentes. Este processo tem impacto significante para grupos às margens da sociedade, particularmente movimentos construídos sobre reivindicações do direito a sexualidades ou corporalidades específicas. Plataformas de comunidades sociais (como o Orkut), junto com programas de mensagens instantâneas, etc., são formas populares de socialização e trocas sexuais que raramente são reconhecidas como espaços políticos. Por outro lado, as características da Internet também alimentam a percepção do espaço virtual como perigoso, onde os sujeitos tutelados clássicos, particularmente mulheres e crianças, são reconhecidos como vítimas presumidas de violência e abuso. Esta pesquisa considera o contexto da fruição da sexualidade e construção de subjetividades que vem com o impacto da Internet na vida cotidiana para explorar as práticas online e sua relação com o uso e a (auto)regulação. As discussões sobre aborto e pedofilia – enquanto temas cercados de perigos simbólicos – dentro do Orkut recebem atenção etnográfica, bem como a comunidade virtual Leskut, na plataforma NING, voltada (e restrita) para mulheres lésbicas e bissexuais.
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Luiz Carlos Sollberger Jeolás (Unicamp)
Gênero e imagem fotográfica sob uma perspectiva semiótica
Este trabalho é um recorte de minha dissertação de mestrado “Vendo (o) corpo, vendo (a) imagem: a autorrepresentação fotográfica de mulheres e travestis profissionais do sexo do Jardim Itatinga, Campinas”, defendida na linha de pesquisa “Cultura Audiovisual e Mídia” do Instituto de Artes da Unicamp. Pretendo apresentar algumas imagens fotográficas realizadas pelas autoras e sujeitos da pesquisa, mulheres e travestis profissionais do sexo, partindo do pressuposto que a realização da imagem fotográfica, assim como as circunscrições corporais, são processos de construção cultural que estabelecem uma relação, mais ou menos direta, com aquilo que denominamos de real. Considerando que categorias como sexo, gênero e sexualidade são também construções culturais, proponho analisar essas imagens a partir dos estudos de semiótica da imagem, mas tentando verificar em que medida as performatividades corporais de travestis e profissionais do sexo podem ser compreendidas sob a perspectiva de uma semiótica de gênero. Trata-se de procurar compreender tais performances, que informam e são informadas pelo sistema imagem/mídia, como expressão de subjetividades e de estéticas existenciais genereificadas.
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Carolina Parreiras (UNICAMP)
Just click here: notas sobre gênero e sexualidade em práticas e corpos ciber-pornôs
Em minha pesquisa de Doutorado abordo o tema dos vídeos pornográficos encontrados na internet, para pensar sobre os possíveis impactos e modificações proporcionadas por esta tecnologia nos modos de representação pornográfica. A escolha do on-line se deu a partir da constatação do enorme crescimento e segmentação do mercado pornô neste espaço, bem como das constantes tentativas nacionais e transnacionais de controle do conteúdo veiculado na rede, cujos principais pontos de discussão são a pornografia e a pedofilia. Assim, pretendo neste trabalho abordar alguns sites de conteúdo gratuito associados à chamada pornografia mainstream – RedTube, Xvideos, YouPorn e PornoTube – buscando problematizar quais são as convenções de gênero e sexualidade presentes nos vídeos neles hospedados e também de que modo elas aparecem materializadas em corpos e práticas sexuais.
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Katianne de Sousa Almeida (UFG)
Personagens emolduradas: os discursos de gênero no Big Brother Brasil
Abrir os olhos e ver. Não há nada mais incrível que o ato de enxergar as inúmeras possibilidades que estão diante aos nossos olhos: as imagens, pois são muito mais que uma junção de cores e formas, elas produzem significado e, logicamente, símbolos. E desta produção pode-se fazer alguns questionamentos, como, o que essas imagens querem representar? Neste artigo interessou-se pelas imagens transmitidas pelo programa de televisão Big Brother Brasil. Atualmente, afirma-se que as identidades são fluidas, dinâmicas, múltiplas, então, por que esse programa que traz a idéia de realismo da contemporaneidade – reality show – produz imagens “fixas” de comportamento “feminino” e “masculino”? Como prioridade de análise optou-se pelos casais formados dentro do programa para refletir sobre as oposições de gênero que estão presente nas relações conjugais, ensejando o teste de diversos modelos de comportamento masculino e feminino, em que se destaca o debate sobre o que seria adequado e o que seria inadequado. Ao se propor desnaturalizar o Big Brother Brasil quer-se compreender como um produto audiovisual assistido por pessoas das mais variadas idades, classes sociais, de gênero e em diversas regiões do país pode influenciar, sedimentar ou colocar em reflexão as convenções formais de gênero.
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Marina Gomes Coelho de Souza (UFSC)
Produção de subjetividade e internet: o orkut como instrumento de análise da subjetivação contemporânea
A proposta deste estudo concerne à investigação e reflexão sobre as novas possibilidades de construções identitárias na sociedade pós-moderna, tendo como foco a questão da construção da identidade feminina no site de relacionamento Orkut, espaço contemporâneo de subjetivação. O referencial da Análise de Conteúdo é utilizado neste estudo qualitativo, visando a realização de observações de comunidades virtuais e análise dos discursos sobre beleza nelas expostas, articulando os conceitos de identidade, mídia e gênero. Constatamos que a ênfase da sociedade contemporânea no culto ao corpo, as intensas propagandas na mídia de uma infinidade de regimes e de produtos dietéticos, bem como o crescimento de academias e do número de revistas sobre o assunto, fornecem o ambiente sociocultural que justifica a busca a qualquer custo pela beleza, trazendo consigo uma simbologia de que a beleza física proporcionaria autocontrole, poder e “modernidade”. Entretanto, essa imagem corporal idealizada é um padrão impossível ou impróprio, incompatível para a grande maioria da população.
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