31. Gênero e práticas corporais e esportivas |
Coordenador@s: Miriam Adelman (UFPR), Silvana Vilodre Goellner (UFRGS) |
O ST tem como objetivo discutir sobre construções, representações e relações de gênero no campo das práticas corporais e esportivas. Procura reunir trabalhos que pesquisam e/ou teorizam sobre estas – exemplificando suas dimensões culturais e identitárias, de relações e hierarquias de poder (de gênero, mas também de raça e classe) que as constituem ou que podem contribuir para contestá-las. Sua nomenclatura advém do entendimento de que nem todas as práticas corporais são esportivas como, por exemplo, a dança, o circo, a capoeira, o ioga e o hip hop visto que têm características que as diferenciam das atividades esportivas propriamente ditas, ou seja, aquelas que incorporam na sua prática cotidiana os códigos do esporte de alto rendimento. Ao privilegiar tais pesquisas o ST procura analisar os mecanismos específicos através dos quais as práticas esportivas e corporais produzem e transformam os sentidos do feminino e do masculino, e as formas em que atuam para construir, e/ou pôr em xeque, noções sobre o que pode/deve fazer uma mulher, ou um homem (ou: meninos e meninas). Dada a grande expansão desta área de pesquisa, assim como a necessidade de estimular maior reconhecimento do caráter profundamente “generificada” das práticas que compreende, a proposta do nosso GT se insere também na agenda das tarefas centrais dos Estudos de Gênero e a Teoria Feminista no país, que há várias décadas trabalham em prol da produção de pesquisas de uma área específica, assim como do enriquecimento da teoria social contemporânea, a partir destas contribuições
Local: Sala 322 do CFH
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Resumos
24/08 - Terça-feira - Tarde (14h às 18h)
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Taise Maurici Nunes (UFSC), Maria do Carmo Saraiva (Universidade Federal de Santa Catarina)
A identidade de gênero (feminilidades e masculinidades) na mídia e nas práticas corporais: produção científica em revistas da educação física brasileira de 2000 a 2008
O estudo faz parte do levantamento de pesquisas sobre gênero em publicações da área da Educação Física (EF), entre os anos de 2000 e 2008 e abarcou pesquisas sobre a construção das identidades de Gênero na mídia, na EF e nas práticas corporais não escolares. Foram encontrados 26 artigos, a grande maioria com bases teórico-metodológicas nos Estudos Culturais e de Gênero. Aponta em maior numero os artigos que tratam das feminilidades e suas representações nas mídias, ganhando aí destaque as reportagens sobre a presença da mulher no esporte, com destaque para o futebol, as análises de publicações voltadas exclusivamente ao público feminino e a exploração dos corpos femininos como bem de consumo e nas práticas corporais. As pesquisas dessas imagens no contexto desportivo ou de práticas corporais abarcaram estudos que discutem o papel materno da mulher, analisam a busca das mulheres pelo controle do seu próprio corpo e sobre sua vida, por meio destas práticas, e os que apontam a tendência de criação de estereótipos sobre essas praticantes. Sobre as masculinidades, encontrou-se apenas um artigo, analisando uma mídia exclusivamente voltada a este público e suas representações. Conclui-se que a investigação na área aporta no esporte como espaço de gradual ascensão social e profissional.
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Jaqueline Cardoso Zeferino (UFV), Marisa Barletto (UFV), José Geraldo do Carmo Salles
A produção científica sobre gênero na educação física e esporte
A inserção e ampliação da participação das mulheres no campo das práticas corporais e esportivas a partir da década de 80 impulsionaram as pesquisas sobre gênero e mulher na área da Educação Física e do Esporte no Brasil. No entanto, observa-se que tais estudos ainda não oferecem uma discussão aprofundada sobre as relações de gênero e sobre a mulher neste universo. O objetivo desse artigo é identificar e analisar a produção científica sobre gênero nos principais periódicos da Educação Física. Para tanto, inicialmente foram levantados todos os artigos sobre a temática publicados nas revistas científicas de língua portuguesa da área de Educação Física e Esporte com classificação Qualis da Capes B1 e B2/2009. Em seguida, os artigos foram analisados de acordo com a utilização do conceito gênero e abordagem teórico-metodológica. Foi possível observar que apesar da crescente produção científica na área, algumas questões metodológicas e conceituais precisam ser reexaminadas.
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Cássia Cristina Furlan (UEM), Patrícia Lessa dos Santos (UEM)
Além das aparências: gênero e corpo no cotidiano da educação física escolar
Ao refletirmos sobre os papéis masculinos e femininos na sociedade, nos deparamos com as discriminações e preconceitos que se multiplicam e são incorporados na sociedade, o que supõe um acúmulo de injustiças e opressões contra as mulheres. O ambiente escolar contribui para reafirmar essas distinções e desigualdades quando nega discussões sobre a temática gênero e sexualidade dentro de seus conteúdos de ensino. A educação física corrobora com a diferenciação dos gêneros quando, na sua prática, não possibilita formas de mudanças na realidade imposta historicamente. Nesse sentido, a formação dos professores/as deve ser ampla, na direção do enfrentamento das questões relativas aos gêneros e sexualidade. Nesse sentido, a pesquisa objetivou analisar as relações entre gênero e educação física escolar, a prática pedagógica dos professores/as e a construção das “identidades” de gênero dos alunos nas aulas de educação física escolar. A pesquisa é qualitativa se pautando em entrevistas semiestruturadas e coleta de imagens no Colégio Estadual Santa Maria Goretti, em Maringá. A pesquisa mostrou como as aulas de educação física escolar ainda permanecem com práticas sexistas. Em muitos casos, os docentes não estão preparados para trabalhar com as questões de gênero e sexualidade.
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Helena Altmann (Unicamp), Sílvia Cristina Franco Amaral, Clécio da Silva Ferreira
Educação física escolar e gênero: um estudo transcultural
Essa pesquisa, financiada pelo CNPq, analisa as relações de gênero em aulas de educação física, problematizando as situações de igualdade e desigualdade presentes nessas aulas. Ela busca identificar as experiências esportivas e com outras práticas corporais de meninos e meninas, seus interesses em relação a elas, e também o modo como as percebem, de forma a compreender como isso interfere nas aulas de educação física. Analisa como professores/as percebem as relações de gênero nessas aulas, no que se refere à definição de conteúdos, conflitos enfrentados, pontos positivos e negativos das aulas mistas, interesses e desempenho de alunos e alunas em práticas corporais e esportivas, entre outros. Os objetivos dessa pesquisa giram em torno de três eixos de análise: (1) as experiências de meninos e meninas com práticas corporais e esportivas dentro e fora da aula educação física; (2) as percepções de meninos, meninas e docentes acerca dessas experiências; e (3) a compreensão de igualdades e desigualdades de gênero na educação física. Foram aplicados 1743 questionários fechados a estudantes e 26 questionários abertos a professores/as de educação física em 39 escolas da região metropolitana de Campinas.
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Julieta Furtado Camargo (UFSC), Verônica Werle (UFSC), Maria do Carmo Saraiva (Universidade Federal de Santa Catarina)
História das mulheres nos esportes e na educação física: mapeando produções científicas – de 2000 a 2008
Os estudos que, por meio de um resgate histórico, analisam fatos e discursos do passado ganham importância quando se pretende entender o presente e elaborar ações para o futuro. Nesse sentido, o presente estudo mapeou pesquisas que vem abordando a história das mulheres e das identidades e relações de gênero nas publicações da área, utilizando-se como metodologia a pesquisa descritiva-exploratória e tendo como fonte artigos científicos publicados entre 2000 e 2008. Foram identificados e analisados 16 artigos sobre o tema que permitiram destacar que os estudos se concentram nas primeiras décadas do século XX, investigando os esportes e a educação corporal, tanto no espaço escolar, como no cotidiano da sociedade brasileira. Ao se tratar das bases teórico-metodológicas, os estudos culturais e de gênero aparecem como fundamento para as pesquisas, sendo que as fontes escritas como documentos, obras literárias e mídia imprensa são mais utilizadas seguidas das fontes orais, como depoimentos e entrevistas. Quanto ao conteúdo estudado o medo da masculinização atrelado a um determinado modelo corporal e moral de mulher se mostrou de diferentes formas nos períodos históricos e foi um dos aspectos determinantes nos modos de participação, observação e julgamento das mulheres no esporte.
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Roberta Cortez Gaio (Centro Universitário Moura Lacerda), Ana Paula dos Santos (Centro Universitário Moura Lacerda)
Ginástica e discussões de gênero: a ginástica rítmica na formação profissional em educação física
A Ginástica durante sua trajetória histórica sofreu influências de muitas correntes de pensamentos, se estruturou em métodos e mais precisamente a partir do século XX se desenvolveu a partir de diferentes tipos de movimentos, dando origem aos vários tipos de Ginástica, cada qual tendo seu valor em função dos objetivos a serem alcançados com sua prática. A Ginástica Rítmica, foco do nosso estudo, é exclusivamente feminina, segundo as regras oficiais da Federação Internacional de Ginástica. Essas reflexões nos impulsionam a investigar a formação profissional em Educação Física, especificamente sobre o discurso de gênero. Esse estudo surge a partir dos questionamentos: A disciplina de Ginástica Rítmica, no curso de Educação Física é desenvolvida a partir de uma discussão sobre gênero? Os/as discentes conhecem um referencial teórico sobre gênero advindo da disciplina de Ginástica? O estudo caracteriza-se por pesquisa descritiva de opinião, baseada em Rudio (2003), com aplicação de questionário (Gaio; Góis, 2005) com alunos/as de uma instituição em Belo Horizonte. Os resultados indicam a necessidade de discussões sobre gênero nas disciplinas de Ginástica, para que os/as docentes possam aprender a trabalhar sem reforçar estereótipos construídos pela sociedade, respeitando as diferenças
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Luiz Felipe Alcantara Hecktheuer (FURG), Evandro dos Santos Nunes (FURG), Everson Zaykowski Amaral (Aluno)
Projetos sociais esportivos em Rio Grande-RS: será que isto é coisa só de “guri”?
Este texto trata de estudos relacionados a projetos sociais – precisamente os esportivos – dirigidos ou em funcionamento na cidade do Rio Grande – RS, como parte de uma pesquisa do Núcleo FURG da Rede CEDES que tem como objetivos: identificar, mapear e analisar projetos sociais em funcionamento nesta cidade, identificando seus objetivos e, também, as implicações entre intencionalidades e práticas transformadoras presentes nos mesmos. Durante o desenvolvimento da pesquisa constatou-se que os projetos identificados funcionavam em sua grande maioria atendendo crianças e adolescentes do sexo masculino, dando a entender que estes são os principais indivíduos alvo dos projetos. Dentre as modalidades esportivas utilizados nas intervenções, o futebol se constitui numa prática das mais procuradas e oferecidas aos integrantes dos projetos, o que de certa forma envolve um número maior de participantes do sexo masculino, uma vez que culturalmente tem se produzido a noção que esta modalidade é predominantemente para os “guris”. Problematizar esta constatação é o tema deste texto buscando no próprio funcionamento dos projetos explicações para as determinações generificantes que podem daí resultar.
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25/08 - Quarta-feira - Tarde (14h às 18h)
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Priscila Augusta Ferreira Campos (UFMG), Izabela Guimarães Augusto, Silvio Ricardo da Silva (UFMG)
A relação entre as torcedoras de futebol e o estádio, em Belo Horizonte/MG
Poucos são os trabalhos que procuram compreender a mulher enquanto torcedora e as relações (in-)tensas que são estabelecidas. Assim, o objetivo deste estudo é compreender a relação estabelecida pelas mulheres torcedoras do Cruzeiro Esporte Clube com o estádio Mineirão, Belo Horizonte/MG. Para tanto, utilizou-se de entrevistas semi-estruturadas com 14 torcedoras sempre presentes no estádio. Os dados apontam que ir ao estádio é um referencial de lazer para as mulheres, mas sua vivência é interrompida pela maternidade, já que muitas não têm com quem deixar os/as filhos/as. Comumente o Mineirão é visto como um local bonito e imponente pela sua arquitetura e representa um local para desestressar, vibrar e expressar o amor ao time, cantando, pulando e falando palavrão. Embora gostem e se sintam pertencentes a esse espaço muitas mulheres reconhecem que ele não é um local seguro, pois são vítimas tanto da violência física quanto do preconceito. Este é variado e se expressa na forma de torcer e de se vestir. Verifica-se que ao mesmo tempo em que as torcedoras buscam o seu espaço, acabam reforçando normas sociais existentes. Ao adotar como referência o torcer masculino, as mulheres acabam reforçando os estereótipos e dificultando a sua apropriação e inserção legítima no estádio.
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Heliany Pereira dos Santos (UFG - Catalão)
As representações de gênero e o futebol na aula de Educação Física no Ensino Médio em Catalão Goiás
Esta pesquisa tem como tema as representações de “gênero e o futebol na escola” e justifica-se através das relaçõs construidas no meio esportivo a partir de uma visão machista que adentra o ambiente da escola e se justifica pela representação social adquirida pelo esporte e são reforçadas nas escolas e nas aulas de Educação Física, principalmente quando o futebol apresenta-se como principal conteúdo. Apresentamos como problema analisar quais as configurações de gênero estabelecidas e como se constituem durante as aulas de futebol entre os alunos e as alunas do 1º ano do Ensino Médio em 03 escolas públicas estaduais da cidade de Catalão. Como instrumento de coleta de dados utilizamos a observação de 02 aulas em cada turma nas escolas investigadas. Presenciamos, nas aulas, as mais diversas situações de preconceito de gênero, dentre elas a divisão entre os “meninos” e as “meninas” expressa através de atividades específicas para os homens e outras, menos estafantes tecnicamente, para as mulheres. E ainda, que os professores tornam-se omissos ao assumirem a orientação dos alunos e das alunas quanto aos conflitos oriundos de situações preconceituosas a prática do futebol por mulheres, e que esses professores ao omitirem-se reforçam as diferenças de gênero construídas socialmente.
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Paula Silva (Universidade do Porto - Faculdade de Desporto), Adelma Pimentel, Joana Carvalho
Construindo masculinidades: estudo das percepções em idosos do distrito do Porto
A masculinidade parece assumir diferentes formas em culturas diversas, e estudos empíricos neste tema permitem o conhecimento de como muitos rapazes e homens se sentem compelidos a viver uma masculinidade dominante e de como alguns tentam encontrar dimensões alternativas. Ser homem no cotidiano, nas interacções sociais e nas construções ideológicas implica um conjunto de atributos morais e de condutas socialmente sancionadas e constantemente avaliadas, negociadas e recordadas, um processo em permanente construção (e.g. Almeida, 2000). Este estudo objectivou conhecer as percepções de idosos acerca do que é ‘ser homem’ e dos factores influentes neste processo, de forma a contribuir para o entendimento da construção das masculinidades e sua negociação. A amostra foi constituída por 10 idosos com idades entre os 66 e os 72 anos que frequentavam um programa de actividade física para a terceira idade na Faculdade de Desporto. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas após consentimento informado dos participantes. Os resultados sugerem uma importância significativa do corpo e da sexualidade em todo o processo de construção do ‘ser homem’, e da prática de actividades físicas e desportivas como fundamental na funcionalidade do corpo envelhecido.
ProjectoFCT PTDC/DES/102094/2008
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Johanna Coelho von Mühlen (UFRGS)
Musos e musas: a beleza dos atletas "rouba a cena" nos Jogos Olímpicos de Pequim
Ancorada na perspectiva pós-estruturalista, mais especificamente nos Estudos de Gênero e nos Estudos Culturais, é que realizei essa pesquisa, parte de minha dissertação de mestrado, que tem como temas: esporte, gênero e mídia. Entendendo a mídia como uma pedagogia cultural, escolho o Site Terra como artefato midiático privilegiado para essa pesquisa que tem como objetivo: analisar as representações de gênero para homens e mulheres atletas, nos textos e imagens midiáticos disponibilizados pelo Site, durante a realização dos Jogos Olímpicos de Pequim/2008. No recorte dado para esse momento proponho discutir sobre as maneiras de apresentar a beleza dos musos e musas dos Jogos, dando visibilidade a diferentes representações de corpos para homens e mulheres atletas. Aponto que o tratamento dado, tanto nas imagens quanto nos textos, nos permite apontar que, ainda hoje, ser mulher atleta e ser bela são características amplamente potencializadas pela mídia, enquanto que para os atletas homens, a beleza figura como uma característica possível de ser atrelada a seus corpos, mas não é indispensável em suas representações.
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Sérgio Ricardo Aboud Dutra (UFF), Tauan Nunes Maia (UFF)
O futebol como forma de socialização para homens gays
Este trabalho é parte de uma pesquisa desenvolvida no IEF da UFF, nele desenvolvemos uma análise antropológica, com ênfase nas relações de gênero e Futebol, tendo como estudo um grupo de homens gays que se reúne com o intuito de diversão e socialização através do futebol. Metodologicamente trabalhamos com história oral, considerando que esta, legitima as histórias dos sujeitos, neste caso, sujeitos homoafetivos. Ao pensarmos na forma como o futebol se constrói na nossa sociedade, naturalizado como uma prática masculina (entendida como sinônimo de heterossexualidade, para melhor compreensão deste fenômeno estaremos usando Bourdieu (1998) como referencial teórico) a idéia de um homem gay gostar de futebol não é concebida, pois afinal a virilidade acompanha o prazer pelo futebol. O que fazer quando se é gay e o futebol é uma das suas paixões? Esses peladeiros encontraram uma solução, a formação de um grupo que se encontra semanalmente. O que agrega estes homens são o Futebol e a identidade sócio-sexual. Percebemos nas entrevistas feitas a diversidade no grau de escolaridade, de profissões, perfis sócio-econômicos e identidade étnica. As questões sobre religião, e questões políticas são temas que ainda estamos trabalhando para melhor mapear, analisar e refletir sobre o tema proposto.
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26/08 - Quinta-feira - Tarde (14h às 18h)
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Gabriela Conceição de Souza (Universidade Gama Filho), Ludmila Mourão
As brasileiras na arbitragem dos esportes de combate olímpicos
Evidências demonstram uma massiva presença masculina nas modalidades de combate em olimpíadas praticadas no Brasil (judô, taekwondo, boxe, esgrima, luta greco-romana e luta olímpica) e suas origens histórico-sociais em nosso país nos leva a desconfiar que as mulheres ainda sejam minoria nestes esportes, sobretudo na arbitragem, sendo este o objeto deste estudo. Temos como intenção mapear a presença das mulheres no quadro de arbitragem nas Confederações Brasileiras das modalidades de combate em Jogos Olímpicos com o intuito de aumentar a visibilidade das árbitras atuantes e divulgar estas práticas. Após um estudo bibliográfico acerca do histórico das mulheres nas modalidades de combate sugeridas, aplicamos um questionário aos diretores de arbitragem das respectivas Confederações brasileiras para que pudéssemos realizar um levantamento quantitativo sobre as mulheres que apresentam registro junto ao órgão oficial da modalidade e que estejam aptas a atuarem como árbitras em nível nacional e internacional. A participação e atuação feminina na arbitragem destas modalidades são possíveis, mesmo nas modalidades que não são permitidas a elas lutarem em jogos olímpicos, tal como no boxe e na luta greco-romana. Entretanto, a modalidade que conta com o maior número de árbitras é o judô.
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Flávio Py Mariante Neto (UFRGS), Ileana wenetz (UFRGS), Marco Paulo Stigger
Boxe: como elas fazem?
Resumo: Pretendemos, a partir dos Estudos de Gênero e sobre esportes de combate, problematizar concepções de masculino e feminino atribuídas a homens e a mulheres nas práticas esportivas. Com esse fim, através de um estudo etnográfico realizado em uma academia de fitness que oferece o Boxe como uma de suas modalidades, esporte tradicionalmente considerado masculino tanto no senso comum quanto nas referencias teóricas consultadas. Para tanto, foi realizada a observação participante durante as aulas e posteriores registros em diários de campo. A partir disso, foram analisadas as diferenças entre a prática de homens e de mulheres: os objetivos e as diversas ocupações dos espaços dentro da academia, a relação (aprovação ou não) da família à pratica do boxe. Ainda, observamos uma “naturalização” daquilo que é considerado tradicionalmente como masculino (virilidade, agressividade, ousadia, frieza) e feminino (feminilidade, delicadeza, comedimento, sensibilidade) na realização da atividade mas não por isso deixam de se re-configurados e reiterados diariamente.
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Paula Botelho-Gomes (Universididade do Porto - Faculdade de Desporto), Libânia Rocha, Joana Carvalho
Os (re)novados corpos nas mulheres idosas – a influência de um programa de actividade física
O envelhecimento transparece no e através do corpo, corpo esse entendido como um fenómeno material, físico, biológico, e uma criação social. O corpo nas mulheres tem sido sujeito a um regime de disciplina e normalização, constituindo-se como símbolo identitário influente na posição social e na auto-percepção de cada uma. A prática de actividades físicas e desportivas pode promover oportunidades para um posicionamento renovado da identidade física das mulheres (McDermott, 2000),e revela um corpo vivido, com base em roteiros sociais e biológicos. Foi este corpo vivido que se constituiu simultaneamnte como objecto e sujeito do presente estudo. O grupo de estudo foi constituído por 10 idosas (69,5 ± 5,3 anos) que frequentaram um programa de actividade física (AF) para a terceira idade na Universidade do Porto.Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas, com consentimento informado das participantes. Após o programa de AF, as idosas percepcionaram corpos mais activos e com (re)novado valor, recuperarando o seu lugar na estrutura social ao sentirem-se úteis, mantendo os tradicionais papéis de género. A superação de limitações do corpo biológico destas mulheres parece ser determinante na manutenção/renovação do poder social do corpo numa nova fase da vida. Projecto FCTPTDC/DES/102094
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Patrícia Luiza Bremer Boaventura (UFSC), Alexandre Fernandez Vaz
Políticas do corpo feminino: a(s) identidade(s) feminina(s) em atletas de Ginástica Rítmica (GR)
As representações dos corpos no campo esportivo apresentam marcas culturais e históricas configuradas, entre outros, pelos discursos e práticas de feminilidade e masculinidade. Considerando essa questão, o objetivo do presente trabalho foi compreender aspectos das políticas do corpo e atributos de feminilidade que configuram a performance da Ginástica Rítmica (GR), bem como a relação entre estética e técnica nessa prática corporal. Os dados foram coletados em uma competição estadual de GR e em treinamentos de uma equipe de Timbó, SC, por meio de observações da rotina e do cotidiano, além de entrevistas semi-estruturadas com ginastas e treinadoras. Revela-se uma analogia entre feminilidade e GR representada pelas vestimentas, acessórios, pela expressão, pelas falas e, sobretudo pela percepção do corpo. Exige-se um corpo que demonstre certa feminilidade e que seja reconhecido como objeto, para que se torne mais produtivo e que chegue à perfeição estética por meio de um conjunto específico de técnicas.
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Ester Liberato Pereira (UFRGS), Janice Zarpellon Mazo
Salto alto e botas: representações das mulheres nas práticas equestres em Porto Alegre/RS produzidas pela revista do Globo (1929-1967)
O turfe e o hipismo estão entre os assuntos veiculados pela Revista do Globo, editada pela Livraria Editora Globo de Porto Alegre, entre 1929 e 1967. O objetivo deste estudo é identificar que representações das mulheres nas práticas equestres em Porto Alegre foram produzidas pela Revista do Globo no período de sua publicação. Para tanto, foi realizada uma análise de conteúdo das reportagens veiculadas pela revista acerca de tais práticas na cidade. As reportagens sugerem duas imagens sobre as mulheres no contexto das práticas equestres: no turfe, a presença feminina limitada à assistência, além de ser associada à elegância e à fragilidade. Já no hipismo, no mesmo período, as mulheres, competindo com igualdade com os homens, passam a surpreender pelas suas vitórias, demonstrando sua coragem e habilidade sobre o cavalo. Este olhar da revista remete à análise do contexto sociocultural e político-econômico de Porto Alegre que sustentou ambas as práticas equestres, cada qual tratando e reservando à mulher distintas e opostas possibilidades de atuação. Portanto, tais representações construídas para as mulheres pela revista, tão diferentes em cada uma das práticas equestres analisadas, podem resultar das distintas origens históricas e etno-culturais do turfe e do hipismo.
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