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05.1 Identidades e corpo

Coordenador@s: Andrea Andújar (Instituto Interdisciplinario de Estudios de Género / UBA), Margarita Iglesias Saldaña (Facultad de Filosofia y Humanidades Universidad de Chile)
Durante las décadas de 1960 y 1970 América Latina fue escenario de profundos conflictos sociales y políticos protagonizados por organizaciones políticas que, teniendo como telón de fondo el horizonte abierto con la revolución cubana, cuestionaban en distinto grado el orden social vigente. Entre esas organizaciones, las político-armadas ocuparon un lugar singular. Algunas de ellas procuraron generar espacios de coordinación con el objetivo de articular políticas que permitieran afianzar la lucha por la construcción del socialismo en los países involucrados. Asimismo, la respuesta represiva de los Estados latinoamericanos también pretendió tener un alcance supranacional, mediante el establecimiento de alianzas que involucraban el intercambio de información y cooperación en acciones represivas por parte de las fuerzas armadas de cada nación.
Este simposio se propone situar la mirada sobre estas experiencias buscando rearmar un mapa de relaciones, intercambios y conflictos a fin de reconstruir su historia desde una perspectiva que se interrogue acerca de cómo esas instancias de coordinación estuvieron trasvasadas por las diferencias de género.
De tal manera, se busca reconstruir por un lado, las experiencias de las mujeres latinoamericanas que formaron parte de las organizaciones político-armadas que coordinaron su accionar a través de alianzas tales como la propiciada por la Junta Coordinadora Revolucionaria que nucleó al Ejército Revolucionario del Pueblo de Argentina, al Movimiento de Liberación Nacional-Tupamaros de Uruguay, al Movimiento de Izquierda Revolucionaria de Chile y al Ejército de Liberación Nacional de Bolivia.
Por el otro, se busca explorar cómo el género atravesó también las políticas y prácticas de coordinación represivas tales como la expresada por el denominado Operativo Cóndor.

Local: Sala Harry Laus da Biblioteca Central

Resumos


24/08 - Terça-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Andréa Mello Pontes (UNAMA)
    Do portão à sala de aula:experiência de mulheres velhas na universidade numa cidade de âmbito amazônico
    O objetivo do artigo é evidenciar novas práticas sociais construidas por mulheres velhas na cidade de Belém. O artigo foi construido a partir de uma pesquisa etnografica realizada na Universidade da Terceira Idade na UFPA . As mulheres velhas que participavam da UNITERCI revelaram uma combinação historica de uma geração que promoveu um encontro entre velhice, mulher e universidade que redefiniu uma nova maneira de envelhecer, provocou a criação de novas práticas como mulheres na familia e redefiniu novos espaços da universidade para pessoas velhas , como espaço de reinvenção da velhice e de novos papeis para mulheres nessa etapa da vida. A geração dessas mulheres estudas viveu algo em comum: uma infância e juventude de pobreza, em que elas viveram a experiencia de trablho infantil, e impossibilidade de estudar porque tinham que ajudar as familias no orçamento doméstico . Na juventude e e já como adultas tiveram que continuar ajudando as famílias pobres mas, a esse aspecto se associavam as prescrições de papeis sociais femeninos cujo o "destino social" da mulher era casar, cuidar da nova família e da casa. Os sonhos de estudo foram postergados para serem recuperados na velhice com a oportunidade das Universidades da Terceira Idade.Quando estas mulheres velhas cruzaram os portões da universidade e chegaram a sala de aula, encontraram ali, uma província de significados.
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  • Adiles Savoldi (Unochapecó), Josiane Geroldi (Unochapecó), Arlene Renk
    Presença da “luta” com Chica Pelega: narrativas caboclas nas experiências cotidianas
    Nas narrativas orais das populações caboclas do Oeste de Santa Catarina são recorrentes as alusões às personagens como Chica Pelega, “São João Maria” e outras figuras lendárias, sejam de cunho religioso ou político. A população cabocla do Oeste catarinense tem construído sua história ancorada nas leituras das histórias de vida dos ancestrais e seus relatos sobre as revoluções riograndenses, e posteriormente a do Contestado. As narrativas da exclusão e expropriação desta população revelam a valorização dos múltiplos sinais diacríticos adotados para estabelecer uma diferenciação étnica no contexto relacional. A memória é selecionada no sentido de revelar apenas os aspectos que os grupos consideram relevantes para narrar sua história. Tradicionalmente, a literatura retratou a sociedade cabocla como androcêntrica e com submissão feminina. No entanto, Chica Pelega constitui-se em narrativa que ressemantiza o papel feminino, descontruindo, em parte, o androcentrismo. A coragem, força e ousadia para “lutar” não são consideradas apenas atributos masculinos, o reconhecimento da força e da garra da Chica Pelega é idealizado como um modelo de luta para melhores condições de vida.
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  • Christine Ricardo (PROMUNDO), Vanessa do Nascimento Fonseca (PROMUNDO)
    Pais e filhas: uma experiência de envolvimento de pais de meninas na promoção da equidade de gênero e empoderamento de suas filhas
    Este trabalho teve como objetivo levantar pistas sobre como as dinâmicas das relações entre pais e filhas influenciam na percepção de gênero e no empoderamento de mulheres, visando à criação de materiais educativos direcionados a pais de meninas, que busquem engajá-los na promoção da equidade de gênero e empoderamento de suas filhas. Para tal, foram realizados 5 grupos focais e 4 entrevistas em profundidade com pais, dois grupos focais com mães e seis grupos focais com meninas, entre 6 e 24 anos, separados por faixa etária, em 4 comunidades do Rio de Janeiro. As categorias principais de análise das entrevistas estão relacionadas às percepções dos pais e das filhas sobre educação e vida profissional, sexualidade e relacionamentos e o papel do pai. Para a criação da intervenção, após encontros de reflexão que utilizavam metodologias para o engajamento masculino na promoção da equidade de gênero utilizadas pelo Promundo, já testadas e avaliadas, um grupo de pais participou de oficina para a produção de histórias digitais que contam sua própria experiência de pai, que servirá como produto para reflexão sobre o papel de pai para outros grupos de homens e para profissionais de saúde e educação que trabalham com pais.
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  • Carolina Pinzón Estrada (Universidad Nacional de Colombia)
    ¿Quiénes eran las colombianas de los años cuarenta? Una mirada a las escritoras de prensa en Bogotá
    El presente artículo, pretende dar cuenta de cómo la escritura de las mujeres en la prensa de los años cuarenta en Bogotá, devela la representación que para estos años ellas se hacían de su entorno y de sí mismas. Tal como escriben Georges Duby y Michelle Perrot, en la introducción a su Historia de las mujeres, el registro que nos permite conocer una visión más completa de la Historia general es, precisamente, el dejado por ellas […] las palabras femeninas significa la voz, el reconocimiento, su legitimidad y su derecho a hacer parte de una historia que las ha dejado por fuera, las ha invisibilizado. En este sentido, las mujeres que escriben en la prensa durante estos años, toman la palabra para revelar su opinión acerca de la realidad, es decir, de la realidad que les atañe como seres subordinados e invisibilizados dentro de la sociedad, pero también como agentes de cambio de sus propias circunstancias, creando una vía posible para generar realidades diferentes a su condición. Al tener acceso a la palabra, las colombianas visibilizaron sus realidades, generando y construyendo nuevas alternativas que les permitieron negociar cambios en su historia.
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25/08 - Quarta-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Kety Carla De March (UFPR)
    Normatividade, identidade e representação: a construção de gêneros a partir de processos criminais de defloramento
    A composição de identidades e representações ocorre no campo social e cultural de forma circular, sendo composta a partir de referências a discursos normativos que estão em relação às vivências cotidianas, portanto, em constante reelaboração de significados e significantes. Essa relação entre normatividade, identidade e representação pode ser observada quando da análise de processos criminais de defloramento onde o gênero é demarcado a partir dessas perspectivas e “feminino” e “masculino” adquirem formas binárias. Mas também esses “pólos” são reelaborados a partir do que a sociedade e a justiça acreditam ser o “normal” e o “desvio”, criando para esses indivíduos identidades baseadas em estigmas que estão diretamente relacionados aos conceitos de honra e moral vivenciados pela sociedade. As discussões empreendidas tiveram como base teórica os trabalhos de Scott (1990), Chartier (1990), Woodward (2004), Goffman (1988) e Cuche (1999). A sociedade referida nesse estudo é a Comarca de Guarapuava, região central do Estado do Paraná, sendo que o trabalho foi desenvolvido a partir da análise de 57 processos criminais de defloramento instaurados entre os anos de 1932 e 1941, período que vigorou no Brasil a Consolidação das Leis Penais.
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  • Jailma dos Santos Pedreira Moreira (UNEB)
    Modos de (re)escrita de si nos deslocamentos subjetivos de mulheres trabalhadoras rurais
    Trata-se de uma reflexão sobre a forma de (re)escrita de si do Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais (MMTR) de Inhambupe – BA. Com isso, buscamos verificar como as mulheres deste Movimento, através de sua militância feminista cotidiana, dos cânticos que produzem, fazem-se existir publicamente. Buscamos observar como elas se mostram, (re)inventam as mulheres trabalhadoras rurais, (des)constroem a própria imagem em um processo de deslocamento subjetivo e ressignificação do passado. Nesta dinâmica, também nos interessa pensar os tipos de relações que estas mulheres passaram a estabelecer consigo, a partir da inserção no Movimento, e com os outros, mais especificamente com a comunidade onde estão inseridas, os órgãos de apoio e de diálogo, inclusive sua relação com o feminismo considerado acadêmico. Para tanto, nos pautamos em estudos de gênero, considerações da crítica cultural e literária feminista e pontos da filosofia contemporânea. Dessa forma, esperamos ampliar a noção de escrita de si e partilhar reflexões acerca do deslocamento teórico-prático-subjetivo operado por estes sujeitos do feminismo: as referidas mulheres trabalhadoras rurais.
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  • Isadora Lins Porto Dantas Brunner (Autonôma)
    Devastação e detenção do sujeito na trajetória de tornar-se uma mulher: a relação mãe-filha em questão
    Este trabalho tem como objetivo refletir acerca da devastação na relação mãe-filha. Parte da idéia de que a devastação trata-se de uma contingência – que pode tornar-se observável a partir do sintoma ou não ocorrer – relacionada à trajetória de tornar-se uma mulher. Com este fim, introduz desenvolvimentos propostos por Freud a respeito da constituição psicossexual feminina, chegando, a partir de alguns de seus impasses, sendo um deles o da equivalência da mulher à mãe, às contribuições de Lacan. Apoiando-se na afirmação de que “[...] a realidade da devastação [...] constitui, na mulher, em sua maioria, a relação com a mãe, de quem, como mulher, ela realmente parece esperar mais de substância que do pai [...]” (Lacan, 1972) , busca discutir, pelo seu “efeito bumerangue”, como a relação mãe-filha põe em xeque a questão “o que é uma mulher?”. Em seu percurso, serão considerados conceitos tais como: gozo, desejo materno e a ausência de significante para o sexo feminino. A devastação é compreendida como um obstáculo que pode causar grande sofrimento psíquico por colocar em malogro o processo – sempre único – de construção da feminilidade e da própria subjetividade.
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  • Francis Deon Kich (UFS), Francisco Diemerson de Sousa Pereira (UNIT)
    Elas não têm medo: transformismo e resistência no Estado exceção
    O texto que segue traz depoimentos de um homossexual que viveu as agruras da ditadura militar da década de 60. A narrativa ilustra as implicações de ser homossexual e transformista neste contexto histórico, assim como busca entender como se forja uma identidade trans em um contexto sexista e patriarcal de extrema hostilidade para com práticas consideradas subversivas.
    O trabalho utiliza o método biográfico e história cultural. O discurso do informante contextualiza períodos de sua vida, assim como o momento político e a presença da identidade trans perpassando a todos estes acontecimentos. O espírito da narrativa contém elementos de suas trajetórias nômades produzindo o testemunho de quem viveu nos censurados anos 60 e 70.
    Tendo a ditadura como cenário buscamos perceber como a homofobia está presente neste cenário de tensões entre homossexuais que faziam os desfiles de miss gay e filhos da burguesia (de militares) que os perseguiam.
    Tomando a idéia de movimento como referencia para construir as discussões, a história permite realizar incursões a cerca dos significados sobre a prática do travestismo, a relação com o gênero e a sexualidade, homofobia e estado patriarcal.

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  • Diego Hernández Nilson (Universidad de la República, UFSC)
    Plantas de mujeres. Discursos sobre las prácticas fitoterapéuticas de las mujeres en Uruguay
    El trabajo describe inicialmente aspectos de la práctica fitoterapéutica tradicional en Uruguay que responden a una clasificación cultural basada en criterios de género, para luego profundizar en particular en los discursos existentes respecto a aquellas prácticas que actúan específicamente sobre la salud y el cuerpo de las mujeres.
    Se analizan entonces los discursos en torno al uso de especies botánicas como emenagogas, abortivas y anticonceptivas, entre otras propiedades. El conocimiento en torno al uso de estas especies ha sido objeto históricamente de diversos discursos, que no sólo trasmiten las prácticas en sí, sino también el tabú social o criminalización existente sobre dichas prácticas. Este aspecto es abordado diferencialmente en relación al conocimiento tradicional y el conocimiento médico-científico. El primero expresa en forma metafórica estos conocimiento, en rimas populares que reflejan los tabúes sociales; mientras el discurso médico juzga negativamente estas prácticas, legitimando desde la medicina los prejuicios sociales y de género sobre el aborto.
  • Gilmária Salviano Ramos (UFSC)
    Corpos invisíveis/corpos devassados: a escritura das condutas pelas dores de parto
    Noções como moralidade e maternidade apareciam intimamente relacionadas à configuração social e cultural, decorrentes das representações subjetivas que delineavam o papel das mães no Estado da Paraíba, entre as décadas de 1960 e 1970. Tratava-se de um momento no qual as transformações dos comportamentos femininos apareciam supostamente associadas à emergência da chamada “juventude transviada”. A presente comunicação pretende demonstrar como se constituíam as relações de gêneros, tomando por base os discursos de jornalistas e policiais acerca de mães que teriam destoado do campo da maternidade naquele momento. Para tanto, observemos como três jornais da época, Diário da Borborema, O Norte e A União, ao tratarem sobre um caso de infanticídio, cuidavam de investigar o comportamento anterior das mulheres. Com base nessa informação, podemos notar como fora estabelecida toda uma relação entre o fato de elas cometerem infanticídio e o seu passado. Dentre outras possibilidades, os referidos jornais faziam alusão ao fato de as mães, envolvidas em tal ato, terem passado por exames de sanidade mental, desencadeando, assim, polêmicas entre os campos da justiça e da medicina legal.
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  • Jury Antonio Dall Agnol (UFSC)
    As mulheres na escrita de Roberto Arlt: exclusão e invisibilidade na Buenos Aires do início do século XX
    Questões morais, intelectuais e políticas envolvem a obra do autor Roberto Arlt por meio de personagens que são emblemas da composição da cidade moderna. A malha urbana e o espaço desfiguravam-se céleres e com ar sobrenatural; conceitos caíam, prédios surgiam, do dia para noite a cidade alterava-se e deixava os cidadãos tontos e hesitantes. Desse modo, por meio da escrita ácida de Arlt, o enfoque analítico deste trabalho objetiva analisar o lugar da mulher dentro do sistema patriarcal vigente na Buenos Aires do início do século XX e a maneira pela qual o autor a trata em seus escritos. É possível assim, buscar o intento de examinar o modo como o autor faz sua crítica à burguesia através da figura feminina, que, dentro do sistema patriarcal é vista como passível e vulnerável, ocupando lugar somente como esposa e mãe, sendo que qualquer desvio dentro desta norma era considerado como fora dos padrões. Posto isto, explorar a possibilidade de “ler”, na obra do repórter-ficcionista, as formas de exclusão e invisibilidade que se constrói em cima da figura feminina é analisar as diferentes formas de construção do feminino/masculino ao longo da história na escrita literária de Roberto Arlt.
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26/08 - Quinta-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Marília Silva Vieira (UFMS)
    O gênero e linguagem sob uma perspectiva sociolinguística
    Este estudo visa à analise da variação linguística tomando como elemento principal o fator gênero dos falantes, a fim de descrever o papel do gênero no processo de variação/mudança linguística. Sabe-se que as pesquisas correlacionando linguagem e gênero tiveram início com os trabalhos de Labov, nos anos 60. Nesses estudos, o gênero era sinônimo de sexo biológico, sem que fossem feitas considerações a respeito de seu cunho social. A diretriz deste trabalho será uma perspectiva crítica da noção de gênero como construção social e sua relevância no estudo da variação linguística. Nosso aporte serão as hipóteses labovianas de que as mulheres tentam, ao utilizar o padrão linguístico, alcançar status social: elas possuem mais consciência/ sensibilidade em relação ao status social do que os homens em virtude da posição social instável que ocupam. Além disso, segundo Labov, como a maoiria das crianças aprendem os rudimentos de sua língua com mulheres (mães, babás e professoras), as mudanças linguísticas que têm liderança feminina são mais rápidas, em detrimento das mudanças comandadas pelos homens.
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  • Marcia Regina Medeiros Veiga (UFSM)
    Gênero e envelhecimento: o corpo feminino na maturidade
    Este estudo propõe a problematização das discussões sobre gênero tendo como variável uma categoria muitas vezes desprezada ou esquecida: o envelhecimento. O foco está direcionado sobre os significados do envelhecimento para mulheres que se encontram na maturidade, tendo por base as mudanças operadas no corpo nesta fase e as tecnologias/técnicas usadas na tentativa de reversão destas modificações, na busca por uma aproximação do corpo em envelhecimento aos padrões estéticos alimentados pela mídia, sempre relacionados à juventude. Para este trabalho, considera-se a maturidade feminina a partir da proximidade à menopausa, respeitando-se, dessa forma, a própria categorização êmica. O que é ser mulher na maturidade? Como estas mulheres se relacionam com seus corpos em envelhecimento e com as tecnologias para seu rejuvenescimento? Como as mudanças corporais trazidas pelo envelhecimento e o uso de tecnologias de rejuvenescimento refletem nas representações sobre feminilidade? Por outro lado, como este processo se reflete sobre os significados e usos do corpo feminino? Buscar respostas a estas e outras questões que venham a ser suscitadas, bem como a problematização e aprofundamento de questões relativas a gênero/corpo/envelhecimento são os objetivos deste trabalho.
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  • Sandra Rubia da Silva (UFSC)
    Telefones celulares como “coleira digital”: interseções entre micropolíticas de gênero, tecnologias móveis e a vigilância dos corpos em um grupo popular
    Deleuze, escrevendo na noventa do século passado, previu a criação de uma espécie de “coleira digital” que seria capaz de localizar humanos ou animais a qualquer momento – estaria ele prevendo o telefone celular? Neste artigo, fruto de minha pesquisa de doutoramento em Antropologia Social sobre a apropriação, uso e significações atribuídas aos telefones celulares em um grupo popular, analiso as diversas apropriações dos celulares em suas intersecções com as relações de gênero na comunidade do Morro São Jorge, em Florianópolis, onde, utilizando o método etnográfico, desenvolvi trabalho de campo durante um ano (2008-2009). À luz do debate proposto por Fonseca (2000) sobre as relações de gênero em camadas populares, e apoiada em Elwood-Clayton (2006); Ling (2004) e Pertierra (2005) sobre o uso do celular nas relações amorosas/sexuais, percebo como entre os habitantes do Morro São Jorge o telefone celular é apropriado para reafirmar laços amorosos, mas também torna-se foco de vigilância, tensões e conflitos. Nesse sentido, argumento que o telefone celular engendra micropolíticas do cotidiano, no sentido foucaultiano, nas quais homens e mulheres interagem em dinâmicas socioculturais que refletem hierarquias de gênero, mas que também as subvertem.


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  • Priscila Gomes De Azevedo (Unicamp)
    Senhoras de si ou dos senhores? A construção de identidades num contexto de dominação
    Esta proposta visa apresentar o processo de construção das identidades, através das narrativas de vida e de memórias, das “filhas de criação”: mulheres dadas ainda bebê pela família biológica a outra família. As famílias que acolhem essas crianças as apresentam como “filhas” à sociedade, suprimindo qualquer distinção dos filhos biológicos. No entanto, a relação que se observa entre pais/filhas de criação é completamente distinta da relação pais/filhos biológicos. Ao contrário destes, as filhas de criação não estudam, não viajam, não trabalham fora de casa, não se casam, enfim, dedicam suas vidas exclusivamente ao cuidado da casa e dos “pais”. Malgrado o tratamento iníquo, todas as filhas de criação afirmam se sentir tanto “filhas” quanto os filhos biológicos. Não há qualquer aparato coercitivo explícito, tudo funciona de acordo com a “dádiva retribuída”. Nas sociedades fortemente tradicionais onde a pesquisa foi desenvolvida, a categoria social “filho de criação” é destacada positivamente como pessoa “boa”, “especial” e “sempre disposta a ajudar”. As filhas de criação entrevistadas (com idade entre 20 e 82 anos, negras e oriundas da classe popular) constroem suas identidades (reflexivamente) afinadas com o discurso social e gozam da conspícua distinção deste status benfazejo.
  • Mariana Serafim Xavier Antunes (PUC-SP)
    Itinerários da vida de solteira: entre cidades grandes e lares pequenos
    A "vida só" tem sido apontada como tendência nas manchetes sobre as mudanças nas relações sociais. Dos dados demográficos que apresentam um aumento de “domicílios unipessoais” nas metrópoles brasileiras desde a década de 1970, inferem-se noções a respeito da incidência de mulheres responsáveis pelos seus domicílios. A mídia, por sua vez, enfatiza a emergência de uma nova personagem social – a denominada “nova solteira” - considerada a protagonista de tendências sociais e das transformações nas relações de gênero.
    Debruçamo-nos, deste modo, sobre os referentes dispostos à elaboração e difusão das noções a respeito da “nova solteira” no contexto social em que se inscreve, a fim de contemplar os interesses que subsidiam sua promoção e os propósitos a que se destina tal política identitária.
    Apresento aqui parte de um estudo de mestrado, conforme vem sendo trabalhado no Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Identidade e Metamorfose (NEPIM) do Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Social da PUC-SP. O intuito é comunicar algumas das reflexões tecidas até então a respeito do cenário cultural em que esta personagem social ganha foco.
  • Marcia Maria Micussi de Oliveira (PUC - SP)
    Negra? Identidade étnica de mulatas em São Paulo
    A minha pesquisa está inserida em duas linhas de análise: gênero e racismo. Ao tratar de uma categoria específica de mulheres, as mulheres descendentes de africanos, cuja cor é denominada pelo senso-comum de mulata e que a moderna Antropologia chama de mestiça, não é possível ignorar como esses dois fenômenos se conectam e se auto-alimentam, moldando e sendo moldados pela realidade vivenciada por essas mulheres.
    Acredito que quando falamos de gênero e de raça, como se fossem duas entidades separadas, o que é feito muitas vezes pelas especialistas, ocultamos relações de poder e ao focar apenas gênero, ignoramos outros fatores, mesmo se ocultos, a moldar esse conceito. Logo, a categoria mulher, por si só, não incorpora a experiência das negras. Ao ser coerente nessa linha de raciocínio, procuro mostrar a necessidade de estudar a categoria mulata, uma vez que também a realidade do grupo mulheres negras não possui unicidade, porque a mestiçagem no Brasil adquire conotações que separam os descendentes de africanos e moldam suas realidades e suas identidades. A questão central ou foco deste trabalho é investigar num universo marcado por um imaginário racista, se a mulata ainda é um dado de realidade, isto é, a mestiça se vê como mulata ou se identifica como mulher negra.


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  • Paula Tatiane de Azevedo (UFRGS)
    Quem é essa mulher? Ermelinda Mazzaferro Bronca
    O presente trabalho possui como tema de investigação a trajetória pessoal de Ermelinda Mazzaferro Bronca que teve o filho desaparecido durante o período ditatorial brasileiro no episódio da Guerrilha do Araguaia. O objetivo deste trabalho é trazer ás ações empregadas por essa mãe na época na busca pelo filho e quais os mecanismos utilizados por ela em prol dessa busca. Em termos metodológicos o trabalho privilegiara o corpi documental que compõem o acervo pessoal de D. Ermelinda. Através da documentação deixada por D.Ermelinda percebesse que ela travou uma longa e árdua luta na busca por qualquer que fosse o resquício de informações deixado por seu filho. Em todas as cartas, jornais, petições a justiça, cartões, declarações o pedido é o mesmo, “quero dar uma sepultura digna a meu filho”. Ficou evidenciado também que até o desaparecimento de seu filho Ermelinda era uma mulher dedicada às tarefas do lar, ao cuidado com os filhos, aceitava como natural sua missão de “anjo do lar”, sentia-se destinada ao espaço privado. Rompendo esse paradigma, Ermelinda adentra no espaço público utilizando sua única arma – a palavra.
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