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23. Explorando Contornos de Maternidades e Paternidades não hegemônicas

Coordenador@s: Elixabete Imaz (Universidad del País Vasco/ Euskal Herriko Unibertsitatea), Miriam Pillar Grossi (UFSC)
O simpósio tem como objetivo refletir sobre experiências alternativas de parentalidades, tanto na contemporaneidade (ocidental ou de outras culturas tribais ou de outras áreas culturais) como em outros momentos históricos. Partindo do pressuposto que maternidade e paternidade são modelos de relações sociais marcados e definidores de gênero, que em geral reforçam valores hegemônicos de construção de subjetividades femininas e masculinas, o simpósio visa mapear experiências de parentalidade minoritárias ou invisibilizadas nas ciências sociais e no debate feminista.
Convidamos para este debate tanto pesquisador@s de diferentes disciplinas que tenham pesquisas sobre modelos e práticas de parentalidade já estudados (como matrifocalidade, circulação de crianças, adoção, homoparentalidade, monoparentalidade e outras diferentes formas de parentesco simbólico, espiritual ou fictício, etc) quanto estimular a analise de outras situações de parentalidade derivadas tanto pela emergência de técnicas e práticas reprodutivas contemporâneas (reprodução in vitro, parentalidades de casais do mesmo sexo e/ou modelos coletivos de paternidade e maternidade) de contextos históricos particulares (guerras, deslocamentos territoriais, migrações, conflitos étnicos, etc) e de mudanças no campo legislativo e educacional (consequências de mudanças na legislação sobre infância e família, projetos educativos inovadores).
Por fim, o simpósio tem como objetivo político questionar os modelos tradicionais de parentalidade, mapeando novos modelos de parentalidade que transcendam, ampliem ou transgridam os modelos hegemônicos vinculados a familia nuclear, apresentados no ocidente como único contexto social legítimo para a procriação, a criança e a socialização de crianças. Para tanto convidamos pesquisador@s de diferentes campos disciplinares para contribuírem com esta reflexão.

Local: Auditório da Reitoria

Resumos


24/08 - Terça-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Gilberta Santos Soares (UFBA)
    Experiências reprodutivas e desjos de maternidade em lésbicas e bissexuais
    O ensaio comporta reflexões suscitadas com a pesquisa de doutorado sobre as subjetividades de mulheres lésbicas e bissexuais produzidas a partir do desejo de maternidade e de experiências reprodutivas. Tem como pressuposto as teorias de gênero e da sexualidade baseadas na desconstrução das identidades fixas no sentido de quebrar a linearidade entre as experiências reprodutivas e a heterossexualidade. Ao considerar que a maternidade compulsória às mulheres e a sexualidade instituída para a função reprodutiva estão na base da constituição dos gêneros e das identidades das mulheres, interpela-se sobre os significados subjetivos das experiências reprodutivas e da maternidade que estariam a confirmar os supostos heteronormativos ao reivindicar signos do sistema simbólico heterossexual e aqueles que provocariam rupturas neste através de resignificações que sinalizam resistência e autonomia para as mulheres. Considera-se que a subjetividade é produzida a partir dos lugares dos sujeitos no mundo, de forma dinâmica e multi-dimensional, permeada por marcadores de diferença. Assim, pergunta-se sobre os significados de ruptura simbólica e subjetiva das dimensões normativas da matriz heterossexual que a vivência da maternidade, com ou sem experiências reprodutivas, podem assumir.
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  • Evanildo Lopes Monteiro (UFPA), Adelma Pimentel (UFPA)
    A paternidade e homossexualidade: relato de dois casos em Ulianópolis/PA
    “Pesquisa do tipo qualitativa baseada na abordagem fenomenológica existencial hermenêutica com homens homossexuais que residem no município de Ulianópolis, sudeste do estado do Pará, em relação ao interesse dos mesmos vivenciarem a paternidade. Na atualidade, ocorre o avanço de ações e atitudes dos homossexuais contribuindo decisivamente para uma maior visibilidade dos mesmos na sociedade. Dentre as diversas manifestações homossexuais existe a questão das uniões homoafetivas como entidade familiar e a crescente possibilidade dos mesmos exercerem a parentalidade, pois se entende que a conjugalidade entre homem e mulher deixa de ser a garantia da reprodução da espécie, a reprodução biológica pode ocorrer fora dos contextos da conjugalidade. A pesquisa está utilizando para coleta de dados a entrevista do tipo estruturada que estão sendo gravadas e os discursos dos entrevistados estudados a partir da análise do discurso proposta em Paul Ricouer e do suporte teórico-metodológico da gestalt-terapia. No momento foram realizadas duas entrevistas e as significações dos sujeitos da pesquisa em relação à paternidade estão sendo estudadas, os dados qualitativos das entrevistas constituem uma referência para afirmar que o homossexual apresenta o desejo de vivenciar a paternidade ”.
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  • Yáskara Arrial Palma (PUC - RS), Marlene Neves Strey (PUC - RS), Andressa Botton (PUC - RS)
    Mamãe... e mamãe? A família homomaternal e suas vicissitudes
    Refletir sobre identidades plurais remete ao não heterossexismo de uma sociedade contemporânea em gradual inclinação. O advento do feminismo e dos movimentos LGBT consolidaram a existência de famílias constituídas por identidades plurais, sendo que o presente estudo tem como objetivo conhecer a Homomaternidade e suas implicações. Sob a ótica dos estudos de gênero, pretende-se compreender como as mulheres homossexuais estão vivenciando a maternidade nas relações de conjugalidade lésbica. Para tanto, analisa-se as vivências no processo da maternidade, as dinâmicas familiares envolvidas e a conjugalidade lésbica associada à maternidade. De caráter qualitativo, o estudo é compreendido de cinco casais de lésbicas que possuem filh@s, independente da forma como se constituiu a maternidade. São realizados entrevistas narrativas, abordando os temas maternidade, conjugalidade e maternidade associada à conjugalidade. Após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, os dados obtidos são gravados e transcritos, para que os discursos trazidos nessas narrativas possam ser analisados. Esses resultados pretendem contribuir para que essas famílias aumentem sua visibilidade cientificamente no país, além de auxiliar na construção de uma sociedade mais humana, ética e solidária.
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  • Mônica Fortuna Pontes (PUC Rio)
    Maternidades homossexuais: reflexões sobre vínculos não-biológicos e não-legais com os filhos
    A contemporaneidade traz em si inúmeras modificações nas constituições familiares. A definição de família – como grupo composto por pai, mãe e filhos biologicamente concebidos – não abarca as novas configurações familiares observadas na atualidade. Estas vêm, gradativamente, adquirindo maior visibilidade, mostrando a existência de constituições familiares pluriformes, como as homoparentais, gerando assim polêmicas e críticas. O presente trabalho visa a família homoparental composta por mulheres e filho(s), cujo planejamento da maternidade foi conjunto e concretizado através de adoção ou inseminação artificial, com registro de maternidade realizado apenas no nome de uma das mulheres. Nos interessa refletir sobre as mulheres que não possuem vínculo biológico nem legal com o(s) filho(s). Neste caso específico, o não reconhecimento social e o desamparo legal trariam reflexos no processo e na assunção da maternidade? De que forma? Como base para refletirmos o “desempoderamento” e a invisibilidade vividos pelo grupo mencionado, serão utilizadas a visão de M. Foucault e a Teoria Queer, assim como o pensamento de J. Butler, no que diz respeito às categorizações sexuais vistas como construções sociais e sustentação de uma matriz sexual, sob pena de deslegitimação social e desamparo legal.
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  • Flavio Luiz Tarnovski (EHESS/LISST/Centre d'Anthropologie de Toulouse)
    Novas famílias, velhas tensões: definições de paternidade e maternidade no contexto das famílias homoparentais francesas
    A partir de entrevistas realizadas com pais homossexuais franceses para uma tese de doutorado em antropologia social, analiso as concepções de paternidade e maternidade atualizadas neste contexto particular caracterizado pela dissociação da sexualidade, da procriação e da parentalidade. Na atualidade, as famílias homoparentais podem ser consideradas como reveladoras das tensões que atravessam os campos da sexualidade e do parentesco. Na França contemporânea, um número crescente de gays e lésbicas encontram na coparentalidade uma alternativa para a satisfação do desejo de ter filhos. Tais arranjos consistem em acordos para a procriação e a criação conjunta de filhos, que circulam desde o nascimento entre as residências paterna e materna. Apesar do caráter inovador destas novas configurações familiares, mostrarei como as concepções nativas de paternidade e maternidade continuam atualizando definições de gênero produtoras de assimetrias e desigualdades.
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  • Cathy Herbrand (Université Libre de Bruxelles)
    Rapport aux normes dans les coparentalités gayes et lesbiennes : entre innovation et conformité
    Afin de répondre à certaines valeurs parentales, telles le lien biologique et la présence du père et de la mère de l’enfant, certain-e-s homosexuel-le-s – et parfois aussi des femmes hétérosexuelles célibataires- recourent à la « coparentalité » pour concrétiser leur désir d’enfant. Il s’agit de projets parentaux dans lesquels s’associent un homme et une femme, sans lien conjugal entre eux, pour avoir un enfant ensemble mais l’élever séparément, avec éventuellement le soutien de leurs partenaires. Ces nouvelles situations familiales engendrent souvent des modes de pluriparentalité inédits. Ainsi, ces « coparents » renforcent certaines normes familiales mais participent également à leur pluralisation par un renouvellement des modes familiaux. Cette communication portera sur le rapport ambigu que ces configurations familiales entretiennent aux normes familiales, en particulier en termes de genre. Je montrerai comment la différence de sexe et les rôles parentaux de chacun y sont pensés, ainsi que les rapports de pouvoir que cela peut engendrer entre les différents protagonistes. Cette communication se base sur une recherche doctorale, réalisée notamment à partir de récits de vie croisés de « coparents ».
  • Micaela Cynthia Libson (Grupo de Estudios sobre Sexualidades - IIGG/FSOC/UBA-CONICET)
    Familias no heteronormativas: el punto de vista de varones gays y mujeres lesbianas en Argentina
    En esta ponencia se describen las representaciones sobre familias no heteronormativas a partir del punto de vista de varones gays y mujeres lesbianas con hijos/as o deseos de tenerlos/as. El trabajo se apoya en una investigación cualitativa realizada en los meses de septiembre a diciembre de 2008 y enero de 2009 en la que se realizaron 22 entrevistas a varones gays y mujeres lesbianas con hijos/as o deseos de tenerlos/as. Mediante un análisis inductivo de las entrevistas se presenta una tipología sobre las diversas representaciones sociales que varones gays y mujeres lesbianas asocian a sus contextos familiares, que incluye los siguientes tipos: representaciones sociales sobre maternidad/paternidad; representaciones sociales sobre las proyecciones futuras (deseos de parentalidad, familia de crianza y secretos); representaciones sociales sobre la no heterosexualidad y la maternidad/paternidad pensada como dos realidades diferentes y opuestas.


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  • Corinne Fortier (Laboratoire d'Anthropologie Sociale)
    Ser transgenero/ transexual e ser pai ou mãe na França contemporânea
    Cette étude repose sur des entretiens faits en France avec des personnes transgenres ou transsexuelles. Nous verrons quelles possibilités offrent aujourd’hui la France aux personnes trans qui souhaitent être parents. Le cas des PMA en particulier montre que seuls les couples où un homme trans (FtoM) est en couple hétérosexuel avec une femme ont droit à un don de sperme. Mais nous verrons également que des hommes trans FTM en couples avec une femme ont recours à d'autres procédures, soit à un don de sperme en Belgique comme les couples lesbiens en France, soit par le don de sperme d'un ami. Nous verrons pourquoi la possibilité en France qu'un homme trans ayant gardé son utérus puisse porter son enfant est interdit, entre autres du fait de la stérilisation des personnes opérées. Nous commenterons par ailleurs les réactions de la société française à cet homme trans américain qui a gardé son utérus et a ainsi pu porter les enfants de sa femme. Nous analyserons de façon anthropologique pourquoi cette nouvelle façon de préocréer, à savoir qu’un homme soit enceint tout en restant le père de son enfant, a été l’objet de tant d’inquiétudes.

25/08 - Quarta-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Andréa de Souza Lobo (UnB)
    Famílias em movimento. Circulação e movimento na configuração de maternidades e paternidades em Cabo verde
    Desde os clássicos nos vemos envolvidos em debates sobre formas diversas de organização familiar. Os conceitos de parentesco tornaram-se indispensáveis ao pensamento antropológico e com o desenvolvimento contemporâneo dos estudos na área, pesquisadores foram sendo desafiados a redefinir as concepções clássicas, fazendo surgir novos debates. A presente proposta objetiva trazer para discussão a constituição dos conceitos de maternidade e paternidade em Cabo verde. , sociedade crioula historicamente caracterizada pelas proporções de seu fenômeno migratório. A dinâmica familiar que busco analisar apresenta características de matrifocalidade permeadas pelo valor dado à categoria movimento. O movimento entre países, ilhas e casas marca o ciclo de vida dos cabo-verdianos da infância à vida adulta, se constituindo como um valor importante e marcando relações familiares que são (re)definidas cotidianamente pela partilha de substâncias e pelo “viver junto”. O paper busca demonstrar que nesse universo, ao contrário do que se poderia pensar, circulação e movimento – de cônjuges, pais, mães, crianças, bens e valores – não são fatores desestruturantes do universo familiar, mas elementos fundamentais para a manutenção e fortalecimento dos laços de solidariedade entre avos, pais, mães e filhos.
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  • Marília Etienne Arreguy (UFF)
    Uma família distinta: multiparentalidade numa história adoção contingente
    Este trabalho parte de pesquisa (CNPQ, edital "Gênero, feminlidade, sexualidades"), desenvolvida no ambulatório pediátrico de prosseguimento de crianças que estiveram na UTI Neonatal do Hospital Universitário-UERJ, onde oferecemos atendimento psicanalítico exclusivamente às mães. Apresentarei o caso de uma mulher, Elza, que adotou uma criança de forma contingencial: a mãe biológica do bebê, sua vizinha, estava gravemente enferma quando o filho nasceu e veio a falecer subsequentemente. Elza, membro de uma família estruturada, casada e com dois filhos, passou a criar o bebê, "José", pois não havia outra pessoa disponível. No entanto, o pai biológico vivo, sendo vizinho de Elza, continuou participando da criação do filho de forma secundária, já que o pai adotivo também assumiu o menino. Muitas dificuldades, preconceitos, embates e inseguranças foram percebidas e elaboradas no relato de Elza durante quase dois anos de escuta clínica em atendimentos regulares. A disponibilidade para novos arranjos parentais foi trabalhada ao longo de semanas, de modo que a mãe e o pai adotivos pudessem de algum modo aceitar as "interferências" inalienáveis advindas da participação do pai e da família biológica extensa na vida do bebê. Chama atenção a exclusão do pai nos atendimentos médicos e multi.
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  • Mariana Corrêa de Azevedo (UFPR)
    Refletindo sobre a hegemonia: relações de gênero e geração em famílias de camadas médias
    Quando se fala socialmente em “crise da família” esta é a confirmação da hegemonia de um modelo, mesmo que esta fala derive de estarem sendo postos à vista novos modelos de sexualidade e de família. Não seria errôneo afirmar que esta é das instituições uma das mais naturalizadas, como o foi pela teoria funcionalista da sociedade que reproduziu preceitos e preconceitos coletivos. Ao enunciar a mulher como o Outro, o feminismo desconstrói a forte correlação entre a mulher e a vida familiar e doméstica – uma vez que o modelo nuclear fora eleito e essencializado, conduzindo à exclusão das mulheres das esferas de poder e dos jogos sérios. Partindo da pesquisa e da experiência concreta dos agentes sociais em grupos familiares de camadas médias com casais e filhos coabitantes, pretende-se olhar para a diferenciação da experiência e para os micropoderes no interior desta unidade buscando compreender porque ela parece ou está comprometida. Um dos focos da pesquisa é a referida ideologia de amor e cuidado; mapeando o conflito e a subjetividade objetivamente fundada de seus membros. Atentamos para não tomar a instituição familiar como categoria nativa – uma vez que a diversidade das práticas provoca um deslocamento de nossas representações teóricas e analíticas.
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  • Juliana P. Lima Caruso (UFSC)
    Parentesco e casamento: da fuga ao morar junto na Costa da Lagoa, Florianópolis
    Neste trabalho, pretendo apresentar parte dos resultados da minha pesquisa de campo para a dissertação, realizada na comunidade da Costa da Lagoa na cidade de Florianópolis, em Santa Catarina.
    Almejo discutir as formas de união matrimonial e arranjos familiares, tanto em suas modificações como nas suas continuidades, vivenciadas por três gerações de mulheres moradoras da costa da lagoa. Destas uniões matrimoniais a fuga, que marcadamente representavam a principal forma de estabelecimento de laços conjugais cede espaço para o “morar junto” ao mesmo tempo em que parte dos arranjos habitacionais, dos cuidados com as crianças e das separações transpassam estas modificações até os dias de hoje. Ao mesmo tempo, procuro pensar como os principais elementos da prática da fuga matrimonial são incorporados nas novas formas de união matrimoniais.

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  • Laís Oliveira Rodrigues (UFPE), Paloma Silva Silveira (UFBA)
    Relacionamentos afetivo-sexuais de jovens pais: permanências, rupturas e ressonâncias
    Este trabalho trata-se de um fragmento de dissertação de mestrado que teve como objetivo investigar as configurações familiares no contexto da paternidade na adolescência. Aqui, pretende-se refletir sobre aspectos referentes às relações afetivo-sexuais dos jovens pais, tendo em vista noções de família e adolescência. Para tanto, foram entrevistados 12 jovens moradores de comunidades pobres do Recife que se tornaram pais com idades até 19 anos. Muitos são os relacionamentos afetivo-sexuais mantidos por eles com as mães de seus filhos ou outras mulheres e tal diversidade de relacionamentos influencia o exercício da paternidade, que, como pôde ser observado, é contingente a tais relações. Isto aponta para diferentes idéias de casamento, família, maternidade e paternidade. A paternidade é re-significada a partir do momento que o plano de família com a mãe biológica da criança se desfaz e abre-se possibilidade para novas relações. Reconhecer a diversidade de famílias e de paternidades é uma possibilidade de questionar a reprodução de noções descontextualizadas sobre a inadequação da paternidade na adolescência e a primazia da família nuclear, permitindo reconhecer a pluralidade de circunstâncias nas quais são engendradas gravidezes, paternidades e desenvolvimento de crianças.
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26/08 - Quinta-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Flavia Gotelip Corrêa Veloso (UFMG), Ingrid Faria Gianordoli Nascimento, Priscila von Randow Ferreira
    A representação social de maternidade entre mulheres que lutaram contra o regime militar no Brasil
    Os dados apresentados são parte de pesquisa mais ampla que investigou a trajetória da participação feminina na militância política durante a ditadura militar brasileira (1964-1982). Buscou-se identificar os principais elementos da Representação Social de maternidade de 09 mulheres que militaram contra a ditadura no Estado do Espírito Santo entre 1964 e 1973. Após análise de conteúdo, constatamos que a maternidade teve diferentes atravessamentos na vida pessoal e na militância das participantes. Para a maioria das entrevistadas, a maternidade foi o principal motivo para o abandono da militância. Grávidas e solteiras durante ou após a prisão/tortura, já não se arriscavam na militância política. Entretanto, o discurso delas revela a avaliação de uma ambigüidade entre as experiências de militância, da maternidade e da profissionalização. Para elas, a gravidez explicitou um conflito entre o desejo pessoal de ser mãe e uma identidade não mais orientada exclusivamente para a maternidade. Assim, as entrevistadas experimentaram, em algum momento, a sensação de que repetiam ambiguamente parte dos modelos recebidos de suas mães, o que gerava conflitos com outros projetos que, ora restringiam a maternidade, ora eram restringidos por ela.
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  • Bruna Louzada Bumachar (Unicamp)
    Por meus filhos: experiência prisional e maternidade entre estrangeiras
    O presente trabalho constitui um exercício de reflexão em torno da maternidade entre estrangeiras pesas em São Paulo. A partir do suposto segundo o qual não é possível pensar a experiência prisional deste grupo senão pela continuidade entre o interior e o exterior da prisão, procuro evidenciar a dinâmica de manutenção, reconfiguração e criação de relações sociais no período de aprisionamento das estrangeiras. Três questões centrais conduzirão minha narrativa: que conexões intra e extra muros são acionadas a partir da relação entre mães e filhos que nasceram durante o cumprimento de pena de prisão? Para que e como são acionadas? Primeiro, apresento um breve perfil deste grupo e suas trajetórias. Em seguida, em uma descrição etnográfica, discuto como a maternidade das estrangeiras é experenciada por elas e demais atores envolvidos a partir de três pontos centrais: ações que visam o traslado do bebê para o país de origem e o sustento deste e de outros filhos; discursos sobre maternidade que se entrelaçam e influenciam a vida de mães presas e de filhos nascidos no período de aprisionamento; e manutenção e criação de vínculos sociais intra e extra muros das presas estrangeiras garantidos por meio do bebê.
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  • Aline Barbosa Figueiredo Gomes (UERJ), Anna Paula Uziel (UERJ), Débora Emanuelle Nascimento Lomba (UERJ)
    Singularidades da maternidade no sistema prisional
    No Rio de Janeiro, como em outros estados, está mudando o perfil da população carcerária e cada vez mais mulheres jovens têm sido condenadas, fazendo crescer o número de mulheres em idade reprodutiva presas, que chegam grávidas ao Sistema Penitenciário, ou engravidam durante o cumprimento da pena. Como não há uma regulação nacional sobre tempo de permanência da mãe com o bebê na prisão, estabeleceu-se que em nosso Estado o período seja de, no máximo, seis meses. Esta pesquisa investigou os sentidos da maternidade em mulheres em privação de liberdade que são mães durante o cumprimento da pena, através de entrevistas em profundidade com as internas, suas famílias, os técnicos e os operadores do Direito envolvidos no processo. As entrevistas realizadas com as internas mostram peculiaridades de ser mãe neste ambiente. Questões foram levantadas como a aprendizagem de certos modelos de maternidade na prisão; a necessidade de seguir as recomendações do pediatra do estabelecimento; a impossibilidade de cuidar de seus filhos como considera mais conveniente; o fato de serem colocadas em segundo plano em uma prisão onde a criança é o foco das atenções; as dificuldades do parto; o momento de separação da criança, entre outras questões que só se configuram neste contexto específico da prisão
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  • Alessandra de Andrade Rinaldi (Estácio de Sá-RJ / UFRJ)
    Solidariedade, localidade, filiação e a “nova cultura da adoção” no município do Rio de janeiro
    O presente trabalho tem por objetivo compreender como as prescrições de gêneros impõem a reprodução como imperativo, levando homens e mulheres “inférteis” a buscarem a adoção como alternativa ao projeto parental. Entretanto, é intenção problematizar a exclusividade destas prescrições na escolha por uma paternidade/maternidade adotiva levando em conta que valores morais, laços locais de solidariedade e a crescente politização da adoção no cenário nacional atual podem influir na busca por uma “filiação socioafetiva”. Em termos empíricos o trabalho, que conta com o apoio da FAPERJ, versará sobre pesquisa documental em processos de adoção e de habilitação em adoção que tramitaram ou foram arquivados, após os anos de 2000, nas 1 º e 2 º Varas Regionais da Infância, da Juventude e do Idoso da comarca do Rio de Janeiro, respectivamente as Regionais de Madureira e de Santa Cruz. Além disso, serão trabalhadas informações provenientes de entrevistas com coordenadores de Grupos de Apoio à Adoção, com pais adotivos e pretendentes à adoção. Por fim serão usados dados de pesquisa etnográfica realizada nos Grupos de Apoio à Adoção, sediados no município do Rio de Janeiro, em função do papel que desempenham na produção de uma “pedagogia da adoção”.
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  • Daniela Ramos de Oliveira (UERJ), Anna Paula Uziel (UERJ)
    Exercendo uma habilidade “natural”? Reflexões sobre a construção do feminino em mães sociais
    A mãe social é uma profissional que trabalha em tempo integral em abrigos denominados casas-lares, devendo residir juntamente com os jovens abrigados, com o objetivo de desenvolver a idéia de família nesses espaços. Como o próprio termo indica, essa mulher, colocada integralmente em um lugar de mãe, deve esforçar-se para cuidar desses jovens como se fossem seus próprios filhos. Para exercer essa função, é preciso ter entre 25 e 45 anos, não ser casada, não ter filhos ou, caso existam, somente maiores de idade. Sendo assim, é interessante notar o esforço em se colocar “mães” em abrigos, personagens imprescindíveis em uma composição familiar, e que, além disso, possuem atributos não ligados à qualificação de uma mulher-mãe-esposa-dona-de-casa usualmente encontrados na sociedade. Dessa forma, este trabalho pretende discutir as tensões geradas por estas exigências. O viés religioso está muito presente, transformando essa atividade em doação; a vida privada não existe, pela contradição da inexistência de uma casa fora daquela do trabalho; a vida sexual anterior e no momento do trabalho é escassa ou não chegou a acontecer. A construção da feminilidade passa exacerbada e quase exclusivamente pelo exercício da maternidade.
  • Laura Davis Mattar (USP), Carmen Simone Grilo Diniz (USP)
    Hierarquias reprodutivas: maternidade e desigualdades no exercício de direitos humanos pelas mulheres
    A partir da concepção contemporânea de direitos humanos, o texto discute os direitos das mulheres, mais especificamente os direitos reprodutivos e o exercício da maternidade. Após breve histórico e definição do que se entende atualmente como sendo direitos reprodutivos e direitos sexuais, o artigo aborda a temática da maternidade voluntária, segura, socialmente amparada e prazerosa, para então propor uma reflexão acerca do que chamamos ‘hierarquias reprodutivas’. O texto defende a idéia de que diferentes atributos das mães – tal como raça, classe social, idade e parceria sexual – determinam a legitimidade e aceitação destas maternidades, e também como serão suas vivências. Quanto maior o número de atributos ‘negativos’ presentes na mulher ou no casal ao exercitarem a maternidade e/ou a reprodução e cuidado com os filhos, mais próximos da base da pirâmide hierárquica estarão e, ainda, maior dificuldade encontrarão no exercício de seus direitos humanos. Ao final, o texto afirma serem necessárias políticas públicas que dêem respaldo para o exercício da maternidade a todas as mulheres que assim escolham, indistintamente, de modo a promover o exercício de seus direitos humanos.
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  • Juliana Przybysz (UEPG), Karina Eugenia Fioravante (UEPG)
    Parentalidade: gênero e famílias monoparentais femininas a partir de uma abordagem geográfica
    Esta reflexão visa compreender as transformações das espacialidades vividas por mulheres responsáveis pelo domicilio em Ponta Grossa - Paraná após a dissolução conjugal. Esta prioriza a análise das famílias monoparentais femininas de baixa renda com filhos entre 0 e 14 anos, na área urbana. A partir destes encaminhamentos, foram investigados os arquivos da 2ª vara de família, a partir de processos de Divórcio, Separação e Alimentos entre o período 2003 a 2007. Como resultados da pesquisa, a partir dos processos de dissoluções conjugais e alimentos, somados a realização de entrevistas qualitativas orientada as mulheres que compõe este grupo, foram evidenciadas diversas mudanças nas espacialidades vividas por mulheres no tocante a relação espaço público/espaço privado. Estas mudanças referem-se a uma ampliação das relações espaciais vividas por estas mulheres, partindo de uma espacialidade restrita a reprodução social da família enquanto casadas, espacialidade contida no espaço privado, à uma espacialidade ampliada, após a dissolução conjugal, referindo-se ao espaço público da reprodução econômica do lar.
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