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11. Deslocamentos femininos pelo mundo: entre invisibilidade e visibilidade

Coordenador@s: Claudelir Correa Clemente (UFU), Cristina Maria de Castro (UFSCar)
O gênero na maioria das vezes é uma incógnita nas estatísticas de migração internacional que projetam mais de 220 milhões de pessoas que vivem fora de seus locais de origem. Contudo, ao lançarmos um olhar etnográfico sobre os deslocamentos humanos constatamos a presença feminina em fluxos migratórios multifacetados tanto na sua tipologia: migração, refugio, trabalho transnacional, educacional; quanto nos seus motivos: econômicos, religiosos, políticos, étnicos, educacionais e laborais. Algumas fazem desta mobilidade fonte de vida social e criam e recriam formas de sociabilidade no e pelo movimento. Amizades, casamentos e maternidades são vividos na mobilidade. Neste contexto o propósito deste simpósio é o de reunir apresentações baseadas em estudos empíricos e históricos cujo o enfoque prioriza as experiências de vida de mulheres marcadas pela intensa mobilidade transnacional que as colocam em travessias de fronteiras geográficas e simbólicas e como protagonistas na formação de novos vínculos sociais e novas configurações territoriais.

Local: Sala 06 do CSE

Resumos


24/08 - Terça-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Cristina Maria de Castro (UFSCar)
    O papel da religião islâmica na integração de imigrantes no Brasil
    Este paper propõe analisar o papel da religião islâmica no processo de integração de imigrantes muçulmanas no Brasil.
    Ser muçulmana neste contexto tem seus aspectos positivos e negativos, no que toca à questão da integração. Os muçulmanos no Brasil desenvolveram estratégias de auto-defesa econômica realmente bem-sucedidas, no entanto, ao mesmo tempo em que as imigrantes podem contar com este suporte para superar obstáculos lingüísticos, culturais e sociais surgidos na mudança, seu status minoritário no Brasil impõe a necessidade de negociação com a sociedade mais ampla, caracterizada pela forte presença do catolicismo, o crescimento do protestantismo, um estado secular, uma cultura basicamente ocidental, a dependência dos EUA e, por fim, as pressões do abrasileiramento.

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  • Esther Solano Gallego (UCM)
    A visibilidade do véu: mulheres muçulmanas na Espaha
    Na Espanha moram, atualmente, mais de um milhão de muçulmanos, majoritariamente marroquinos. A pesar de desfrutar de um regime jurídico muito positivo, possibilitado pela assinatura dos Acordos de Cooperação com o Estado Espanhol em 1992 e da histórica convivência da sociedade espanhola com o Islã, a percepção da feminidade muçulmana é ainda muito negativa e fica totalmente restringida ao uso do hijab (véu islâmico) que continua sendo centro de fortes polêmicas políticas e sociais, já que representa a visibilidade do Islã na sociedade. Para o imaginário espanhol, o véu é símbolo inequívoco de submissão e subdesenvolvimento. Nesta apresentação trataremos de mostrar as controvérsias recentes mais significativas relativas às mulheres muçulmanas (tales como o uso do véu no Congresso Espanhol, dos Tribunais de Justiça e das escolas, a poligamia ou a ablação), a complicada situação de “fronteira” das marroquinas muçulmanas de segunda geração, o seu papel social como agentes mediadores, assim como as difíceis circunstâncias das espanholas conversas na sua luta diária com as suas famílias e centros laborais e uma sociedade que não compreende nem aceita a sua transformação religiosa.
  • Vera Lúcia Maia Marques (UFMG)
    Mulheres e muçulmanas
    Interessante se faz observar que os deslocamentos dos muçulmanos de países de maioria islâmica, marcados por conflitos, problemas sociais ou pelas imigrações de descolonização e laborais, têm contribuído para a propagação do Islã, nos países de maioria não muçulmana. Hoje, quase um quarto da população é muçulmana, ou mais precisamente, 1.57 bilhões de pessoas, o que representa 23% da população mundial, estimada em 6.8 bilhões.
    Frente a esta realidade, proponho apresentar, não uma discussão sobre gênero, mas lembrar as mulheres muçulmanas (de procedência ou por conversão) e o pensamento de algumas de suas representantes, ativistas e feministas islâmicas, que saíram da invisibilidade para se tornarem visíveis através do trabalho que realizam, tanto nos seus contextos culturais quanto fora deles. Foi o que pude constatar quando participei do Tercer Congreso Internacional de Feminismo Islâmico, realizado em Barcelona (Espanha) entre os dias 24 e 27 de Outubro de 2008. Mulheres muçulmanas (e 2 homens) de várias procedências reivindicavam seus direitos como mulheres e como muçulmanas. Foi um debate amplo para uma platéia bem diversificada. Proponho, portanto, fazer uma apresentação dos nomes e dos temas abordados, pela importância dos assuntos e de suas realidades, seja por suas condições como imigrantes ou como muçulmanas em seus contextos islâmicos.

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  • Francirosy Campos Barbosa Ferreira (Unicamp)
    Olhando para o feminino em circulação – notas etnográficas sobre mulheres muçulmanas
    Esta comunicação pretende evidenciar algumas notas etnográficas de pesquisadoras de comunidades islâmicas que vem se dedicando ao tema da mobilidade transnacional, imigração, diáspora, etc. Neste sentido, pretendo apresentar um mapa possível sobre as pesquisas e a circulação das mulheres que aparecem nessas etnografias. A partir das etnografias de mulheres libanesas, palestinas, africanas, etc. Desta forma, será possível evidenciar semelhanças e diferenças nos motivos dessa mobilidade, assim como, os motivos da permanência. Outro dado importante a ser levado em consideração nessa análise é o ir e vir dessas mulheres muçulmanas ao seu país de origem.
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  • Eduardo Gabriel (USP)
    Notas sobre o perfil das missionárias brasileiras no exterior
    Pretende-se com este trabalho apresentar um esboço do perfil das missionárias brasileiras que estão em trabalhos missionários da Igreja Católica no exterior, a partir dos dados apresentados na pesquisa do Padre Giorgio Paleari: "As missionárias e os missionáris brasileiros além-fronteiras". A releitura destes dados é importante, pois revelam que a expressiva participação feminina na atividade missionária no exterior é o papel social de destaque que as mulheres desempenham na instituição religiosa.

25/08 - Quarta-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Maria Aparecida Fleury Costa Spanger (UTFPR), Marília Gomes de Carvalho (UTFPR)
    (Re) Construindo identidades na mobilidade: a experiência de expatriação de executiv@s internacionais
    Milhões de pessoas vivem e trabalham atualmente fora de seus lugares de origem, atravessando fronteiras, modificando hábitos, superando desafios e redesenhando identidades. Este artigo privilegia uma forma de migração internacional: a expatriação de executiv@s internacionais e de suas famílias, motivada por empresas transnacionais. Tem por objetivo investigar o processo de construção de identidade destes profissionais, homens e mulheres, no contexto da família e do trabalho. Ancorada em um marco teórico de cunho sócio-antropológico, desde uma perspectiva crítica, este artigo dialoga com autores/pesquisadores identificados com aspectos das humanidades nas relações de trabalho no contexto das organizações e da família. A pesquisa empírica utiliza abordagem qualitativa de caráter interpretativista, utilizando a técnica de entrevistas semi estruturadas concedidas por executiv@s internacionais e seus cônjuges, na cidade de Curitiba-PR. Os resultados da pesquisa reforçam o papel das redes sociais no processo de adaptação no estrangeiro, como também os sistemas de recompensas e benefícios, oferecidos pelas ETN´S, analisados como mecanismos de compensação, mas também de submissão e alienação destes profissionais.
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  • Claudelir Correa Clemente (UFU)
    Mulheres que habitam o movimento : sociabilidade e afetividade entre profissionais transnacionais
    A presente comunicação visa por meio de relatos de profissionais transnacionais - técnicas e executivas que se movimentam pelo mundo desenvolvendo missões de empresas multinacionais – evidenciar a vida social de um contingente de trabalhadoras pouco analisado pelo estudos migratórios. São mulheres cujos trabalhos as envolvem em vários deslocamentos transnacionais e ao longo destes trajetos tecem suas vidas: amizades, relacionamentos e novas formas de sociabilidade.
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  • Marina Figueiredo Assunção (UFPE), Dayana da Silva Soaes (UFPE)
    Tráfico de mulheres: mercado contemporâneo de escravas sexuais
    O trabalho versa sobre a configuração do mercado de mulheres para fins de exploração sexual comercial na contemporaneidade. Deste modo discute a manutenção de características que remontam ao modo de produção escravista colonial, como a questão de raça e geração. Visto que a oferta (mulheres mercantilizadas) predominante, hoje, neste mercado ilegal são as negras, jovens e pobres.
    Sendo assim, análise da relação oferta e demanda, nesse mercado de alta lucratividade, traz como pano de fundo a articulação das categorias gênero, raça, geração e classe.

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  • Grasiela Oliveira Santana da Silva (UFS)
    O papel da mulher trabalhadora diante do mercado de acumulação flexível
    O trabalho foi edificado como um elemento essencial para a vida do homem por ser considerado como o ponto de partida do processo de humanização. Porém, com o advento das indústrias o homem passa a não perceber-se como um elemento essencial no processo produtivo e começa a desenvolver um sentimento de estranhamento. O trabalho perde a capacidade de transformar o ser social para converter-se em um meio de sobrevivência. Tal fato torna-se mais marcante com a eclosão da crise do capital, que inaugura uma nova forma de produção, a acumulação flexível. Diante de tal situação capitalista e devido a toda construção histórica e cultural da figura feminina, a mulher passa a ser vista como o sujeito ideal para inserir-se nesses espaços. O fato de ter migrado do espaço privado para o público não deu a ela garantia alguma de respeito à sua cidadania. Esse artigo vem mostrar que o capitalismo veio para firmar e confirmar a subordinação da mulher na sociedade e que a acumulação flexível não deixou de incorporar essa mão-de-obra tão vulnerável.


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26/08 - Quinta-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Jamilye Braga Salles (SODIREITOS / UFPA), Denise Machado Cardoso
    O direito fundamental à migração sob a perspectiva dos sistemas internacionais de direitos humanos: “o caso das mulheres paraenses”
    Este estudo evidencia o cenário das principais rotas da migração internacional em que se identifica a presença de mulheres oriundas do Estado do Pará, utilizando dados de pesquisas como a PESTRAF, e de ONGs que compõem a rede internacional Global Alliance Against Traffic Women – GAATW/Brasil, como a SODIREITOS, em Belém/Estado do Pará, e a ASBRAD no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Paralelamente, a abordagem mostra que o direito de ir e vir, previsto nos principais tratados dos Sistemas Internacionais de Proteção dos Direitos Humanos - ONU e OEA, tem sido sistematicamente violado em concomitância com outros direitos fundamentais. A partir dos resultados das pesquisas mencionadas e de outros estudos, esse quadro pode ser constatado nas fases anterior, durante e posterior ao processo de deslocamento dessas brasileiras, seja através da ação criminosa de grupos organizados ou de indivíduos, seja por meio de políticas internacionais de repressão a migrantes dirigidas contra mulheres advindas de países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, como o Brasil. Por fim, a análise apresenta as principais atividades desenvolvidas nos últimos cinco anos pela rede paraense de enfrentamento ao tráfico de pessoas para a proteção dessas migrantes.
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  • Maria Auxiliadora Leite Botelho (UFPB)
    O protagonismo das mulheres em AR: uma experiencia de coletivização
    O trabalho traz a experiencia de coletivização do uso da terra por um grupo de mulheres assentadas no Pontal do Paranapanema/SP. Desafiando papéis socialmente atribúidos de submissão ao universo masculino, as mulheres se uniram e através da organizaçõ conseguiram sair do mundo recluso do domus e se tornarem protagonistas dentro e fora do assentamento.
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  • Maria Eliane Maciel Pontes (UNEB)
    Alda Lara: o poema como instrumento de reconstrução identitária
    As literaturas africanas de Língua Portuguesa adquirem sua maioridade a partir do século XX, quando começam a se afastar da influência da Literatura Portuguesa. A rasura do eurocentrismo, pelos intelectuais africanos, estimula a produção literária africana nas décadas de 40 e 50, impulsionada pelos movimentos estudantis africanos, da “Casa dos Estudantes do Império”, que ganha reconhecimento nos meios acadêmicos ocidentais. Em Angola, como em todo o mundo, a literatura nacional não aparece espontaneamente. Vários são os antecedentes e os percussores que influenciaram sobremaneira seu caráter social, estético e cultural, principalmente no que diz respeito à poesia. No cenário literário angolano, destaca-se na poesia a escritora Alda Lara, autora de Poemas (1966) Poesia (1979) e de um livro de contos (Tempo de Chuva-1973). Nos poemas da escritora a busca de sua identidade, das identidades construídas ao longo dos tempos na sua terra, na Mãe - África é uma constante. Neste trabalho intentou-se discutir a obra de Alda Lara, a fim de analisar a produção literária dessa poeta, assim como a relação de suas poesias com a busca de uma identidade angolana que tanto foi minada durante o período de colonização lusitana.
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