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46. Homens e masculinidades como construções de gênero

Coordenador@s: Benedito Medrado (UFPE), Jorge Lyra (Instituto PAPAI)
O campo de estudos sobre os homens e as masculinidades, a partir da perspectiva de gênero, tem início especialmente na segunda metade da década de 1980, tendo como marcos históricos a visibilidade pública e as conquistas políticas dos movimentos feministas e LGBT. Este campo tem sido constituído a partir de produções que adotam focos distintos: 1) a organização social das masculinidades em suas “inscrições e reproduções” locais e globais; 2) a compreensão do modo como os homens entendem e expressam “identidades de gênero”; 3) as masculinidades como produtos de interações sociais dos homens com outros homens e com mulheres, ou seja, as masculinidades como expressões da dimensão relacional de gênero (que apontam expressões, desafios e desigualdades); 4) a dimensão institucional das masculinidades, ou seja, o modo como as masculinidades são construídas em (e por) relações e dispositivos institucionais. Este simpósio visa dar visibilidade a esta diversidade de produções, reunindo relatos de pesquisa e de intervenção política que têm como foco os homens e as masculinidades, a partir de leituras de gênero e/ou feministas, na interface entre a produção acadêmica e a militância política. Pretende-se gerar discussões teóricas, epistemológicas, políticas, éticas e metodológicas, a partir de apresentações de iniciativas que buscam aliar debates em campos de saber diversos, como a Psicologia, Antropologia, Sociologia e Ciências da Saúde, Comunicação, Serviço Social, entre outros. Postulamos a necessidade de espaços de troca e sistematização crítica do debate sobre os homens e as masculinidades, como forma de consolidar este campo de produção a partir do resgate de trajetórias históricas e da identificação de desafios, deslocamentos, impasses e perspectivas.

Local: Mini-auditório do CFH

Resumos


24/08 - Terça-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Elizabeth Gómez Etayo (Unicamp)
    Nem anjos, nem demônios: homens-em-ruptura
    Este trabalho se inscreve no campo de estudos das masculinidades. O eixo da analise é a chamada crise das masculinidades. Aqui ela vai ser abordada a partir de dois olhares; por um lado, desde o ponto de vista dos homens autores de violência de gênero, que agrediram às suas parceiras, física, psicológica ou verbalmente, mas depois disso refletiram e tentaram se transformar e embora nem sempre conseguissem, reconheceram que esses fatos violentos se correspondem com um modelo de homem que os questiona. O segundo ponto de vista é o de os homens feministas que, rejeitando um modelo de homem machista e violento, começaram a se engajar em lutas políticas ao redor de campanhas que visam acabar, reduzir ou, pelo menos, denunciar a violência contra as mulheres. Tanto os agressores quanto os feministas, enxergam nesse modelo tradicional de homem -penetrador, provedor, protetor e executor de poder- um homem que precisa se transformar. A crise estaria dada não pela violência em si mesma, é claro, perpetuada por uns e denunciada por outros, mas pelas possibilidades de ruptura com um modelo tradicional de homem que vai se manifestar nas perguntas sem respostas, nos silêncios inquietantes, nas mudanças das suas vidas, entre outras questões, que foram manifestadas no momento da fala e da escuta.
  • Márcio Bruno Barra Valente (UFPE), Benedito Medrado (UFPE)
    Performances paternas em Procurando Nemo: produzindo paternidades
    Este trabalho é parte do marco teórico elaborado para a dissertação de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Psicologia/UFPE, na qual analiso o filme Procurando Nemo (2003) a partir da questão: como são performadas masculinidades em cenas deste filme de animação? Porém, afirmo que o tema paternidade não existe no filme como dado naturalizado, pré-discursivo, mas é dependente de sua publicização. Por isso, analiso ainda sites e revistas que reiteram a paternidade como uma “verdade” do filme. O estudo alinha-se ao construcionismo e aos estudos de Gênero como performatividade de Judith Butler. Assim, de um lado, as análises se voltam não ao conteúdo semiótico do filme, mas ao uso feito dele nos sites e revistas a reiterar as performances paternas; de outro, tomamos a paternidade como efeito que se produz pela repetição de atos, ao longo do tempo, que materializa a ilusão de uma identidade paterna (verdadeira, permanente) no corpo, que se sustenta nas/pelas relações arbitrárias dos elementos corpóreos, por exemplo, sêmem e DNA, e outros discursos como o midiático, científico, jurídicos, de políticas públicas, etc. que inviabilizam/ofuscam outras paternidades fora das estruturas restritivas das leituras machistas e heteronormativas.
  • Najara Ferrari Pinheiro (UCS)
    Corpos midiáticos e a representação da masculinidade na TV
    A sociedade contemporânea passa por transformações que se refletem e são (re)configuradas de diferentes modos nos meios de comunicação. A concepção de gênero como uma construção definida socioculturalmente contribui para se pensar as modificações da sociedade, a partir de uma perspectiva em que se evidenciem os corpos midiáticos e as realocações de papéis/identidades masculinas na mídia. Este trabalho discute a representação da nova masculinidade no discurso dos programas de entretenimento Hoje em Dia (Record) e Mais Você (Globo). Os programas televisivos são percebidos como um importante domínio para traduzir, na conjugação de suas linguagens, os processos e as práticas de representação de gênero na sociedade. Para esta análise, utilizo como aporte metodológico a Análise Crítica do Discurso (FAIRCLOUGH, 1995, 2001, 2003) e, para a análise do texto televisivo, a multimodalidade conforme concebida por KRESS (2001; 2003).
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  • Fernanda Cássia dos Santos (UFPR)
    Proibido para moças: masculinidades, moralidade e erotismo nos “romances para homens” – Curitiba, 1910-1924
    Nos primeiros anos do século XX, na cidade de Curitiba e em outros centros urbanos do país, passaram a ser publicados livros em encadernações baratas de gêneros diversificados, alguns marcados pelo estatuto do gênero. Exclusivamente para os homens, nesse contexto, foram reservadas leituras de caráter pornográfico frequentemente anunciadas pelas livrarias como “romances para homens” ou “leituras para homens”. O conteúdo desses livros dialogou com a moral construída, bem como com as sensibilidades masculinas daquele período.
    Neste sentido, o presente trabalho de pesquisa corresponde a uma proposta de análise das masculinidades construídas na cidade de Curitiba entre 1910 e 1924 a partir da relação estabelecida entre moralidade e erotismo no período, presente tanto nos chamados “romances para homens” quanto nas opiniões de caráter moral publicadas em jornais. Para tanto, foram utilizados como fontes: anúncios de livrarias e textos de caráter moralizante publicados nos periódicos A República e Diário da Tarde entre 1910 e 1924 e vários títulos vendidos sob a pecha de “romances para homens” no mesmo período. Para a formulação do recorte temático foram essenciais os conceitos de masculinidade de Robert Connell e de erotismo de Georges Bataille.

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25/08 - Quarta-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Fernanda Cristina Nunes Simião (UFPE), Fátima Maria Leite Cruz, Pedro de Oliveira Filho
    Atenção à sexualidade e à saúde reprodutiva dos homens nos discursos de profissionais do Programa Saúde da Família em Recife
    Buscamos compreender o que os profissionais de saúde do Programa Saúde da Família de Recife dizem acerca da atenção à sexualidade e à saúde reprodutiva dos homens, a partir da análise do processo de construção de argumentos e de suas funções. Essa pesquisa qualitativa fundamentou-se no construcionismo social e na Psicologia Social Discursiva. O material analisado foi construído num estudo de uma organização não-governamental, em que participaram sete profissionais de saúde de nível superior e dezoito agentes comunitárias de saúde de Recife. Os instrumentos utilizados foram entrevistas semi-estruturadas e grupos focais. Compreendemos que os argumentos construídos por essas profissionais associam a mulher ao cuidado e o homem à despreocupação com a saúde. Reproduzem em seus discursos o modelo de masculinidade tradicional e o utilizam para explicar porque os homens frequentam menos os serviços de saúde. Justificam as diferenças entre homens e mulheres por meio de explicações de ordem psico-sócio-cultural, socioeconômica e biológica. Esses argumentos evidenciam dois pólos, homem–mulher, fortemente caracterizados pelas diferenças de gênero, com a naturalização dos comportamentos e posturas, e expressam as implicações da cultura e das demandas do mundo do trabalho nos sujeitos sociais.
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  • Noemi Jéssica Macedo Santos Noca (UFPE), Benedito Medrado (UFPE)
    Integralidades e masculinidades nas práticas de saúde: reflexões a partir de um serviço de saúde para homens em Pernambuco
    Este trabalho traz reflexões preliminares sobre uma pesquisa realizada em um serviço de saúde de média complexidade voltado para homens em um município da Região Metropolitana de Recife, produzidas a partir de observações na sala de espera e consultório, entrevistas com os profissionais de saúde, gestores e usuários. A análise, baseada nos diários de campo, focalizou as noções de integralidade e masculinidade que são atualizadas no cotidiano desses serviços. Sobre a integralidade, identificamos práticas que privilegiam o olhar sobre as doenças, baixa articulação entre os profissionais da equipe e com outros serviços de saúde, evidenciando pouca importância dada aos determinantes sócio-culturais do processo saúde-doença dos homens. Quanto à noção de masculinidade, o serviço parece se estruturar na lógica de “homens para atender homens”, defendida por profissionais e gestores como algo que deixaria os homens mais a vontade. Outro elemento para facilitar ao homem o “hábito da saúde” é o fato do serviço funcionar só à noite, pois o homem é concebido para aquele que trabalha. A medicalização do corpo do homem parece ganhar outros horizontes produzindo efeitos em seus comportamentos de saúde, porém é possível perceber outras formas de cuidar da saúde que vão além de consultas médicas.
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  • Sirley Vieira da Silva (Instituto PAPAI), Noemi Jéssica Macedo Santos Noca (UFPE), Mariana Azevedo de Andrade Ferreira (UFPE)
    Atenção integral aos homens na saúde: pesquisando no cotidiano a partir de uma perspectiva feminista de gênero
    Esta pesquisa faz parte do Projeto Institucional: Homens Jovens e Atenção Integral à Saúde, desenvolvido pelo Instituto Papai em parceria com outras organizações da sociedade civil e grupos de pesquisa universitários e tem por objetivo: 1) Apreender qual o lugar que se têm construído para os homens nos serviços e ações voltadas à sexualidade e saúde reprodutiva, na rede de atenção básica à saúde da cidade do Recife e 2) identificar demandas de homens jovens nesse campo; Metodologia: Foram realizadas: 08 entrevistas com profissionais e 02 grupos focais com Agentes Comunitárias de Saúde de duas Unidades de Saúde da Família e 04 grupos focais com homens jovens, usuários e potenciais usuários destas Unidades de Saúde. A análise buscou identificar a partir de uma perspectiva feminista de gênero, as referências presentes nos discursos dos sujeitos da pesquisa, às seguintes questões: 1) O que os homens precisam em termos de atenção à saúde? 2) O que os serviços de saúde devem oferecer aos homens? 3) Por que os homens procuram menos ou não procuram os serviços de saúde? 4) Por que os serviços de saúde devem atender especificamente os homens?
  • Audrey Vidal Pereira (ENSP / FIOCRUZ), Guido Marcelo Campos Neves
    A participação do homem/pai na vida da mulher e do filho no período do puerpério
    Introdução: A participação de homens/pais na vida das mulheres/companheiras e de seus filhos recém-nascidos tem sido cada vez mais presente. Os tipos de arranjos familiares existentes na sociedade atual possibilita que essa presença seja mais participativa do que em tempos passados. Assim, como tem sido a presença dos homens/pais na vida das mulheres e filhos durante puerpério? Objetivos: descrever as facilidades e dificuldades dos pais em participar da vida das mulheres e filhos durante o puerpério. Método: pesquisa do tipo qualitativa, realizada a partir de um Estudo de Caso referente aos pais que levaram seus filhos para realizarem vacinação. Durante dois meses foram entrevistados dez pais, cujas falas analisadas através da técnica de Análise Temática, possibilitaram identificar duas categorias: - Facilidades dos pais em participar da vida da mulher e filho após o parto; - Dificuldades dos pais em participar do período puerperal. Conclusões: Apesar das mudanças que acontecem lentamente na vida do homem atual, pode-se observar que ainda há resistência de muitos homens/pais em participar da vida da mulher e filho durante o puerpério imediato.
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  • Lisandra Espíndula Moreira (UFSC), Maria Juracy Filgueiras Toneli (UFSC)
    “Dia do DNA”: questões iniciais sobre paternidade e políticas públicas no Rio Grande do Sul
    Temos como objetivo levantar questões sobre Paternidade e Políticas Públicas, tomando como campo de estudo ações desenvolvidas no estado do Rio Grande do Sul. Tais ações chamam homens/pais a assumirem o que se compreende ser sua função social, conforme determinados enunciados de masculinidade. Como análise inicial, buscamos uma ação realizada pela primeira vez em 2009, intitulada: “O dia do DNA”. Consiste num mutirão organizado por uma parceria entre Defensoria Pública/RS e uma Ong. O objetivo explícito dessa ação é “regularizar a situação de crianças sem o nome do pai e incentivar a paternidade responsável”. Cabe pensar como, ao buscar um direito legítimo da criança, são acionadas distintas noções de paternidade. Além disso, podemos problematizar seus efeitos na forma como homens se reconhecem enquanto pais. Nesse sentido, alguns materiais produzidos para divulgar essa ação, nos apontam, numa análise inicial, que a masculinidade associada à reprodução está intimamente atravessada pela questão biológica e por uma noção de homem como essencialmente provedor. Visto que o vínculo é buscado ou legitimado através da prova científica/biológica, buscando através desse processo o comprometimento dos pais quanto à educação de seus filhos e o “devido pagamento da pensão alimentícia”.
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  • Gabriela Felten da Maia (UFSM), Fátima Cristina Vieira Perurena (UFSM)
    Velho é o outro! Envelhecimentos e masculinidades no centro de Santa Maria
    O significado produzido sobre o envelhecimento está inserido em um campo, dinâmico e conflitante, de produção de práticas e discursos que permitem reconhecer e agrupar sujeitos como velhos ou não, a partir de determinados estatutos corporais. Em estudo realizado com homens velhos, em um espaço público do centro de Santa Maria, buscou-se compreender a forma como as marcas de gênero atravessam os modos de perceber e viver o envelhecimento, moldando representações e práticas sociais. Observou-se que o centro configura-se como um espaço gendrado por meio de práticas que não apenas legitimam determinadas noções de gênero, como são re-afirmadas e significadas por elas. A experiência de envelhecimento é marcada por estratégias de preservação de determinados traços de masculinidade ao compor-se um modelo de masculinidade viril, a partir da valorização da sexualidade ativa como característica fundamental que marca a condição desses sujeitos como não-velhos. As marcas corporais que definem a capacidade para a atividade sexual, marcada pela ereção, informam sobre o modo como estes homens estão significando o envelhecimento, ao demarcar o que é e quem pode ser velho ou não. A sexualidade, assim, pode ser pensada como uma das condições para demarcar que velho é sempre o outro.
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26/08 - Quinta-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Jonas Henrique de Oliveira (UFRJ)
    Masculinidade na Polícia Militar: com a palavra os homens
    O presente estudo tem por objetivo analisar as representações associadas à masculinidade entre um grupo de policiais militares que estão inseridos na Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ). Acredito que a compreensão da chamada “violência policial” passa pela análise das ações policiais em suas diferentes manifestações e, o conceito de masculinidade, por sua vez, torna-se um recurso fundamental. A PMERJ é uma instituição onde os valores associados à masculinidade são constantemente construídos, reconstruídos e difundidos na sociedade. Assim, a hierarquia ganha um significado especial, sobretudo quando comparamos os policiais masculinos e as policiais femininas. O estudo vislumbra compreender não somente um estilo específico de ser homem, que está associado à construção de um etos guerreiro e a um saber construído na experiência das ruas, mas também as relações sociais que se estabelecem entre homens e mulheres no âmbito da Polícia Militar.
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  • Rute Rodrigues dos Reis (PUC - SP)
    A presença da mulher negra na construção da masculinidade nas famílias matrifocais
    A presente pesquisa tem como objetivo compreender o processo de construção das masculinidades na perspectiva da Antropologia Social. O universo da pesquisa são famílias negras da Cidade de São Paulo de diversos cortes geracionais e sócio-econômico. Os avanços no campo da luta social das mulheres e de ampliação analítico conceitual do gênero tornou-se um vetor fundamental de mudanças do ser e pensar, buscando responder a uma nova condição de viver as masculinidades. Compreende-se que tanto as feminilidades quanto as masculinidades são resultantes de um processo relacional construindo-se entre aproximações e afastamentos. Refuta-se as concepções estáticas e sublinha-se a construção social das masculinidades através de práticas. A masculinidade expressa dupla relação de dominação: a da masculinidade sobre a feminilidade e a de determinado tipo de masculinidade sobre as outras. O objetivo central dessa pesquisa é compreender os processos de construção dessas masculinidades através das histórias de vida de mulheres/mães homens/filhos em que a referência de organização familiar é matrifocal.
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  • Alexandre Rodrigo Nishiwaki da Silva (UFSCar)
    Construindo caminhos para a docência: prática pedagógica e masculinidades
    O presente trabalho discute de forma articulada a docência, a prática pedagógica e o conceito de masculinidades. Para tanto partimos de um levantamento histórico que busca compreender a feminilização do magistério, tanto do ponto de vista econômico quanto de gênero, tendo como pano de fundo a precarização do trabalho nas escolas como resultado de entendimento do mesmo enquanto função feminina. A historização do trabalho desenvolvido por mulheres nos leva ao entendimento das formas globais de desigualdades oriundas das relações de gênero, é tendo como parâmetro a sociedade capitalista e seus mecanismos de reprodução da exploração que nos empenhamos em analisar a ideologia que dá sustentação à concepção feminilizada do magistério. Por intermédio da contextualização histórica nos dirigimos a concepção de homem que se apresenta na atual sociedade, a construção da sociedade machista, o conceito de masculino e feminino que nos é apresentado e suas articulações com a escola é um dos alvos principais deste trabalho. Por fim discutimos os dilemas e possibilidades dos professores homens que estão empenhados na superação da opressão de gênero, buscando práticas democráticas dentro e fora da sala de aula.
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  • Silvio de Almeida Carvalho Filho (UFRJ/UERJ)
    Masculinidades em "Mayombe" de Pepetela:
    O livro Mayombe de Pepetela, renomado escritor angolano, relata as vidas de guerrilheiros do Movimento pela Libertação de Angola (MPLA) na selva de Mayombe, em Cabinda, na luta pela independência. As trajetórias de seus personagens permitem-nos um campo de reflexões sobre como se formam e se conformam as masculinidades como um constructo social. Um constructo elaborado nas interações, muitas vezes conflituosas, entre as diversas masculinidades, assim como frente às feminilidades, essas “ausentes”/“presentes” nas ações masculinizadoras. A ficção-história de Pepetela possibilita-nos vislumbrar que práticas corporais e mentais estruturam os corpos e os intelectos generificados frente aos fenômenos do trabalho, da política, da guerra e da violência em geral. Nesse con/texto histórico e literário da guerrilha em Angola, testemunhamos, também, experiências de como as masculinidades configuram-se e se diferenciam pelas transversalidades étnicas, raciais, de classe ou de formação educacional, ou seja, como são, no arbítrio do social, relacionalmente estruturadas e estruturantes.
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  • Valter Cardoso da Silva (UFPR), Camila Caldeira Nunes Dias
    O corpo como espaço: a posição dos homossexuais na nova configuração do poder nas prisões paulistas
    Até os anos 1990 as relações sexuais entre homens e o estupro eram comuns nas prisões brasileiras e, no contexto das complexas relações sociais típicas deste ambiente, adquiriam um sentido peculiar, indo além da busca por satisfação de necessidades afetivas e/ou fisiológicas. No caso particular das prisões paulistas, tem-se que a partir do momento em que a facção criminosa conhecida como Primeiro Comando da Capital (PCC) desenvolve suas ações no sentido da consolidação de sua dominação, uma série de transformações são desencadeadas junto à dinâmica das relações sexuais entre homens em ambiente de privação de liberdade, bem como na posição ocupada por presos homossexuais naquela estrutura social, alterando a forma como o poder ali se configura. A violência física, até então o elemento caracterizador das relações de poder neste ambiente, deixa de ser a base única para a sustentação dos processos de dominação. Esta comunicação propõe-se a analisar este momento de ruptura que trouxe uma série de transformações para o sistema penitenciário, entre elas a proibição das relações sexuais entre homens e a prática do estupro, sendo que um novo papel passa a ser reservado aos presos homossexuais, o de espaço.
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  • Márcio Segundo Monteiro (PROMUNDO), Marcos Antonio Ferreira do Nascimento, Christine Marie Ricardo (PROMUNDO)
    Homens e violência contra mulher: um estudo quantitativo na cidade do Rio de Janeiro
    Para contribuir com o a discussão sobre a questão da violência de gênero no Brasil, em 2009, o Promundo aplicou um survey em 749 homens, de 18 a 49 anos, utilizando de uma amostra proporcional estratificada em dois espaços sociais do município do Rio de Janeiro: um com características de baixa renda e o outro, de classe média. Essa pesquisa faz parte de um estudo multicêntrico envolvendo mais nove países, conhecido como International Men and Gender Equality Survey (IMAGES).
    A análise inicial revela que os moradores de baixa renda apresentaram atitudes mais tradicionais em relação ao uso de violência contra mulher. 21% acreditam que “há momentos em que a mulher merece apanhar” (em comparação com 5% dos moradores de classe média). Similarmente, 25% dos homens de baixa renda e 6,3% dos de classe média concordaram que “em casos de estupros, deve-se saber se a vítima é promíscua ou se tem uma má reputação”. 36% do total dos homens têm algum amigo que usa violência física contra sua parceira. Desses, 2% são de classe média.
    Apesar de avanços, os resultados da pesquisa sugerem que ainda há um longo caminho a se percorrer. Além disso, deve-se agregar nessa reflexão, fatores sociais, econômicos e culturais que possam mitigar essa realidade.

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  • Carla Regina Mota Alonso Diéguez (Unicamp/FESPSP)
    A masculinidade do trabalhador portuário: novas questões em tempos de automação
    Esta comunicação tem por objetivo levantar questões sobre a divisão sexual do trabalho nos portos a partir do processo de automação do processo de trabalho, tendo por linha condutora a seguinte pergunta: pode o trabalho portuário sair do universo estritamente masculino? Neste sentido, o trabalho estrutura-se em três partes: a primeira que discute a masculinidade, a partir do debate teórico sobre esta questão; a segunda onde se apresenta a constituição do grupo profissional dos trabalhadores portuários como um grupo masculino e a terceira, onde aparecem as questões acerca das transformações geradas pelo avanço tecnológico nos portos e o que estas podem acarretar na constituição deste grupo profissional, a partir de uma perspectiva de gênero. A hipótese que norteia a comunicação é que a automação do processo de trabalho portuário permite a inserção das mulheres neste universo, modificando as relações de gênero presentes neste ambiente de trabalho.
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  • Luísa Escher Furtado (UFC), Ricardo Pimentel Méllo
    Ingestão de bebida alcoólica e violência conjugal: a produção de homens que agridem mulheres
    Na pesquisa “Passos e espaços: ingestão de bebida alcoólica e violência conjugal”, iniciada em março de 2009, em Fortaleza-CE, observou-se que no Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra Mulher e Delegacia de Defesa da Mulher é recorrente a produção de relação entre violência conjugal e a ingestão de álcool, havendo indicação da Associação dos Alcoólicos Anônimos como adequado para o atendimento de homens acusados de violência. A relação estabelecida aparece como de causalidade direta (a bebida leva a agressão), ou indireta (o álcool não causa a violência mas a potencializa). Indaga-se: “a ingestão de álcool potencializa o quê?”. Tanto na Delegacia como no Juizado, encontram-se duas respostas que não se excluem: a “personalidade” de um homem que já era violento; a dominação masculina sobre a mulher (o machismo). Polariza-se a vida entre efeitos individuais e sociais. Isso é feito por meio de tecnologias de si, tais como a confissão. Faz-se com que os homens passem a se relacionar consigo mesmos em busca de resposta a situação de violência, por meio de técnicas que solicitam ao homem a identificação de seu nome e a narração de sua história. A pesquisa continua na busca de identificar os termos e situações que levam a qualificação do homem como violento e/ou machista.
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