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55. Migrações, Interculturalidade e Cidadania – Questionando Identidades, Saúde e Género

Coordenador@s: Maria da Penha de Lima Coutinho (UFPB), Natália Ramos (Universidade Aberta - CEMRI)
As preocupações da diversidade cultural e das migrações, nomeadamente femininas, estão no centro das preocupações da maioria dos Estados e são da maior actualidade no contexto do mundo globalizado. A feminização das migrações internacionais faz parte da nova era das migrações, seja no quadro do reagrupamento familiar, seja como migrantes autónomas. Segundo dados das Nações Unidas 200 milhões de indivíduos vivem actualmente fora dos seus países de origem e destes migrantes perto de 100 milhões são mulheres. As mulheres migrantes movem-se entre diversos espaços sociais e culturais, são objecto e agente de mudança no país de acolhimento e de origem, mantêm múltiplas pertenças e redes transnacionais, desenvolvem novas formas de relações sociais e interculturais e novas práticas de cidadania, conquistaram novas identidades e direitos, mas enfrentam, também, novos problemas e conflitos familiares, identitários, intergeracionais e de saúde.
A integração e participação mais igualitária das mulheres, na família, no trabalho e na sociedade, contribui para a coesão social, desenvolvimento e bem-estar, assim como, na promoção dos direitos, cidadania e igualdade de oportunidades, nomeadamente das mulheres migrantes
A partir de análises e resultados de pesquisas realizados em diversos contextos sociais e culturais, pretende-se reflectir e discutir neste simpósio sobre problemas e desafios que se colocam hoje às sociedades multiculturais contemporâneas e às migrações, no âmbito das relações de género e da interculturalidade, relativamente a questões e dinâmicas sócio/educacionais, familiares, intergeracionais, identitárias, de saúde e cidadania, assim como, sobre factores intervenientes na vulnerabilidade, capacitação e resiliência da mulher migrante.

Local: Sala 604 do CED

Resumos


24/08 - Terça-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Lyria Maria dos Reis (CEMRI - UAb), Natália Ramos (CEMRI - UAb)
    Comportamentos de saúde e estilos de vida em contexto migratório: um estudo com mulheres e homens brasileiros imigrantes em Portugal
    As migrações internacionais são uma realidade no mundo globalizado. O Brasil, país tradicionalmente de imigração passou, a partir dos anos70/80 do século passado, a um país de emigração e Portugal tem sido um dos países mais escolhidos pelos brasileiros para emigrarem. Diversos fatores podem influenciar ou afetar a saúde dos imigrantes, dentre eles o desconhecimento de hábitos e costumes locais, a ignorância do modo de funcionamento dos serviços sociais e de saúde e as dificuldades de adaptação social e cultural no país de acolhimento. O processo de adaptação pode levar a mudanças de comportamentos e estilos de vida que podem influenciar a saúde dos indivíduos a curto, médio e longo prazo. Um dos objetivos desta pesquisa foi conhecer como mulheres e homens brasileiros imigrantes em Portugal, foram afetados na sua saúde através da análise dos comportamentos e práticas de saúde em contexto migratório. Os resultados preliminares indicam alterações ao nível dos comportamentos de saúde entre homens e mulheres brasileiros e também alterações quanto a prevenção à saúde com diminuição da procura dos serviços de saúde para prevenção. Também foram sobretudo o consumo de bebidas alcoólicas e as práticas de atividades físicas que sofreram mais alterações.
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  • Natália Ramos (Universidade Aberta - CEMRI)
    Género e migração – questionando dinâmicas, vulnerabilidades e políticas de integração e saúde da mulher migrante
    Os fluxos migratórios caracterizam-se por uma crescente heterogeneidade, complexidade e feminização, as mulheres migrantes representando metade da população migrante internacional, ou seja cerca de 100 milhões (ONU). No contexto europeu a migração feminina representa 53,4% da população imigrante na Europa e 45% da população imigrante em Portugal (SEF, 2007). A feminização das migrações traz oportunidades e desafios para a mulher migrante ao nível identitário, social, familiar e de saúde implicando, igualmente, riscos e vulnerabilidades, particularmente para a mãe e a criança. A partir de investigações realizadas em diferentes grupos e contextos migratórios, são analisados processos de integração e mobilidade e algumas das principais dificuldades, conflitos e vulnerabilidades que se colocam ao nível identitário, sócio-familiar e de saúde da mulher migrante, em especial, das mães migrantes. São, igualmente discutidas políticas e estratégias para melhorar as condições de integração, desenvolvimento e saúde das mulheres migrantes, assim como, para promover a igualdade de oportunidades, capacitação e cidadania da mulher em contexto migratório.
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  • Ieda Franken (UFPB), Maria da Penha de Lima Coutinho (UFPB), Natália Ramos
    Os impactos negativos do processo migratório internacional e os transtornos mentais comuns – Um estudos com brasileiros imigrantes
    Os movimentos migratórios internacionais vêm registrando uma frequência cada vez mais acentuada no mundo atual e são considerados um dos maiores desafios sociais para os países envolvidos, tornando-se necessário uma compreensão desse fenômeno em diferentes esferas da vida humana. Na esfera da saúde, eleva-se o interesse dos estudiosos em compreender os impactos negativos que o processo imigratório possa exercer sobre a saúde física e mental do ator imigrante. Este estudo, segmento de uma invesatigação maior, objetiva avaliar a saúde mental de imigrantes de nacionalidade brasileira residentes na cidade de Genebra/Suíça. Trata-se de um estudo exploratório trabalhando com uma abordagem quantitativa, cuja amostra foi composta por 266 participantes submetidos ao instrumento de Scrining Self-Reporting Questionnarie. Os dados foram analisados através do pacote estatístico Statistical Package for the Social Sciences, (SPSS.for Windows.16), utilizando-se a estatística descritiva e inferencial. Os resultados demonstraram que 40,5% das mulheres e 32,7% dos homens apresentaram a probabilidade da presença de transtornos mentais comuns Frente a esses resultados pode-se concluir que as mulheres brasileiras imigrantes estão mais vulneráveis a apresentar déficits em sua saúde mental.
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  • Lídia Maria Mota Correia Lopes (ERISA)
    Práticas e cuidados de saúde na gravidez da mulher migrante em Portugal
    Os fluxos migratórios em Portugal têm variado, ao longo do tempo, no que diz respeito aos países de origem, à proporção do género e à sua repartição por idades. Nos últimos anos tem-se verificado um aumento acentuado de mulheres imigrantes em idade fértil, facto que tem contribuído para os níveis da taxa de natalidade no país. Contudo, alguns estudos indicam que a gravidez é menos vigiada pelas mulheres imigrantes e que a taxa de mortalidade neonatal é superior no referido grupo (ACS, 2009). A inadequada vigilância pré-natal traduz-se em efeitos nefastos para a saúde da mãe e do recém-nascido, pelo que a redução da morbilidade e mortalidade materna e infantil requerem a implementação de intervenções conjuntas. Torna-se, assim, imprescindível que os profissionais de saúde conheçam as crenças, as percepções, o significado da maternidade e as práticas ligadas aos cuidados de saúde materno-infantis em diversas culturas, de forma a prestarem cuidados culturalmente sensíveis. A identificação das suas diferenças sócio-culturais, procurando simultaneamente conhecer as semelhanças, são formas que ajudarão, com certeza, a tornar adequados os cuidados de saúde preconizados.
  • Ivete Rosária Almeida dos Milagres Monteiro (Universidade Aberta), Ivete Monteiro, Natalia Ramos
    Ser mãe hindu em contexto de migração em Portugal
    Em Portugal, a comunidade migrante hindu reproduz os costumes da cultura de origem, apesar de sofrer influências do país de acolhimento. Uma das vertentes onde esta influência é notória é na maternidade. Sobre a influência da cultura de origem nas práticas e cuidados relativos à maternidade e à criança, o estudo aponta para a manutenção dos cuidados e pelo respeito de crenças e rituais relacionados com a gravidez, cuja finalidade é sobretudo a protecção e a salvaguarda tanto da mulher grávida como da futura criança. Nos cuidados à criança, a maioria das mulheres segue os cuidados tradicionais de higiene e conforto como a massagem e os cuidados de protecção contra o mau-olhado. A influência da cultura de acolhimento nas mulheres hindus é mais notória nas mulheres mais jovens, nas que nasceram em Moçambique e nas que não coabitam com familiares mais velhos ou não têm uma proximidade física com familiares hindus. Os resultados sugerem que as mulheres mais jovens ficam inseguras quanto aos cuidados a prestar à criança, dividindo-se entre o que sempre viram fazer na família e o que lhes é ensinado e valorizado no país de acolhimento.
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  • Elis Regina Barbosa Angelo (UFRRJ)
    A imagem da mulher açoriana na cidade de São Paulo
    O presente artigo pretende se debruçar sobre o olhar que possui a comunidade frente à mulher açoriana na cidade de São Paulo enquanto uma "imagem" criada de batalhadora, trabalhadeira, econômica e versátil, além de mãe e cuidadora. Essa imagem de uma mulher casta, doméstica, obediente e submissa era o modelo de feminilidade aceitável em Portugal durante o Estado Novo, momento em que parte da comunidade vem para a cidade.
    As questões da feminilidade e da reprodução faziam parte das ideologias do Estado Novo, como ponto de partida para a continuidade da existência. A realização pessoal e familiar estava concentrada na maternidade, como ponto alto da feminilidade. Essa visão de mãe foi propaganda de como eram as mulheres portuguesas, cheias de vida e de filhos.
    O lema salazarista Deus, Pátria, Família, não conseguia “regular” apenas por meio da autoridade patriarcal, a malha social no que se refere à simbologia da maternidade, assim, criou a OMEN, a Obra das Mães para a Educação Nacional, a fim de garantir e legitimar suas idéias de “família perfeita”.

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  • Aldevina Maria dos Santos (PUC - GO), Leonardo Freire Machado, Elizabeth Cristina Landi de Lima e Souza
    Sentidos e significados do tráfico para as mulheres traficadas
    Este trabalho tem como objetivo identificar as necessidades das mulheres que foram traficadas, a partir da percepção das mesmas, bem como compreender os sentidos e significados de viver esta experiência. Investiga os aspectos subjetivos que estão implicados na experiência de migração para fins de prostituição, que culmina na exploração sexual. Esta pesquisa está vinculada a outra, intitulada "Tráfico de mulheres em Goiânia: olhares sobre as necessidades das mulheres traficadas", que objetiva investigar, descrever e compreender o tráfico de mulheres em Goiânia, especialmente no que diz respeito à assistência prestada pelas áreas da saúde, assistência e jurídica às mulheres. Para se responder tais questões, foram realizadas entrevistas em profundidade com quatro mulheres que passaram pela experiência de tráfico para fins de exploração sexual. Tomando por método o materialismo histórico e dialético esta pesquisa investigou os sentidos e significados atribuídos à experiência de ser traficada, conforme a concepção de Vygotsky acerca destes conceitos. As considerações finais apontam como principais aspectos subjetivos as questões relativas à afetividade de mulheres fragilizadas e reafirmam o tráfico de mulheres como problemática multidimensional, multifacetada e complexa.

25/08 - Quarta-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Eliana Barbosa Pereira (UEL)
    (Re)significando o ser mulher: discutindo gênero em saúde
    Esse estudo trata da inserção de uma residente de Psicologia do Curso de Residência Multiprofissional em Saúde da Família (RMSF), da Universidade Estadual de Londrina (UEL ), em uma Unidade se Saúde localizada em um bairro periférico de uma cidade do estado do Paraná, Brasil). Busca (re)significar o “ser mulher” e discutir as relações de gênero estabelecidas culturalmente por esta comunidade, à partir da confluência entre o trabalho prático de Psicologia em uma unidade de saúde e as imbricações de gênero em saúde. Tendo em vista que gênero é um conceito de sexo social, o objetivo deste estudo é discutir os processos de formação ou construção histórica, lingüística e social, instituídas nos homens e mulheres desta comunidade.
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  • Maria Deolinda Antunes da Luz (CEMRI)
    Cuidar no feminino
    Conforme Waldow (1996) o trabalho relacionado com o dos cuidados humanos é conjugado no feminino como uma prática sexuada. No imaginário social o lugar dos homens não é certamente o de cuidar, este é por excelência feminino, pois, de acordo com vários autores, desde sempre, as mulheres foram responsáveis por cuidar dos filhos bem como das pessoas dependentes (doentes e idosos) a quem deviam proporcionar bem estar nas diferentes dimensões física, afectiva, moral e social.
    A identificação da actividade de cuidar com as competências inerentes à mulher – mãe é evidente na utilização em inglês da palavra "nurse" para referir quer a mulher que amamenta o seu filho, quer a que cuida das pessoas debilitadas. Nesta contextualidade a imagem do cuidar no feminino deve-se ao facto de se considerar que são intrínsecos à natureza feminina atributos como: cuidar, sensibilidade, compaixão, paciência , obediência entre outros.
    Assim Enfermagem como profissão da área da saúde tem como essência cuidar tal como o papel implicado à da mulher desde os primórdios da humanidade.
  • Leônia Cavalcante Teixeira (UNIFOR)
    Deslocamentos urbanos: identificações e identidades no processo do adolescer
    O adolescer configura-se como momento de passagem entre a constituição psíquica da criança e a constituição do sujeito no laço social, sendo ressaltados processos identificatórios e identitários consoantes ao corpo, à sexualidade, aos referenciais parentais e à construção de ideais. As relações do sujeito adolescente com o espaço e o tempo parecem-nos importantes, especialmente quando observamos que as atuais metrópoles interrogam-lhes acerca de seus lugares na estrutura familiar e na estrutura social, impondo-lhes normas de trânsito juntamente com normas horárias. Citamos, dentre outras ilustrações, espaços que são ofertados como seguros ao adolescente, como shoppings, mesmo que, como espaços públicos antes equivalentes a riscos, hoje, pela pretensa segurança que oferecem, configuram-se como “não perigosos”. Investigamos as relações do adolescente, de classe média de Fortaleza (Ceará-Brasil), com o espaço urbano, considerando como referenciais teóricos a sociologia e a psicanálise. A complexidade dos enfrentamentos do adolescente com o espaço e o tempo é fundamental na constituição dos lutos da infância e da construção dos ideais pertinentes ao adolescer. Concluímos que as migrações urbanas correspondem a movimentos subjetivos na constituição do sujeito do e no laço social.
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  • José Francisco Serafim (UFBA)
    Mulheres que refletem sobre o cinema: filme e gênero
    Esta comunicação tem por objetivo trazer algumas considerações sobre a questão do gênero e do cinema, a partir da reflexão de mulheres (brasileiras e francesas) sobre a existência ou não de um cinema no feminino. Através de conversas filmadas com mulheres que têm uma aproximação com o cinema, tanto do ponto de vista teórico quanto prático, busca-se abordar a questão do gênero a partir do olhar das mulheres e de suas inquietações sobre a questão. Existe, nesse sentido, uma estética, ou melhor, um olhar feminino em obras realizadas por mulheres? Como se processariam essas questões na prática da realização? Como o olhar do espectador detectaria essa particularidade? Essa seria detectável ao nível da temática ou da forma e da estrutura do filme?
    O cinema tem sido uma área onde cada vez mais aumenta o número de mulheres que passam a realizar filmes, tanto na França, quanto no Brasil, assim estamos interessados em ouvir e analisar a reflexão dessas mulheres de lá (França) e de cá (Brasil) sobre a possibilidade, a existência e a validade de um cinema de mulheres.
  • Antônio Eduardo Leitão Navarro Lins (Secretaria de Estado da Educação do Paraná), Maria Devanir Estrela (Secretaria de Estado da Educação do Paraná)
    Relato de uma viagem ao rio São Francisco
    Este será o relato de uma viagem de férias pelo rio São Francisco, realizada entre dezembro/09 e Janeiro/10 por um casal de namorados, ela negra, ele branco. O percurso feito por eles, tem o sentido inverso daquele feito pelos migrantes nordestinos, a montante do rio, rumo à cidade de São Paulo, viagem relatada no livro Seara Vermelha, de Jorge Amado. O texto apresentará em nuances sobrepostas, a viagem de férias do casal e a viagem propiciada pela leitura deste e de outros textos da literatura nacional. Estes deslocamentos de olhares permitirão a ambos, não só ver como se constitui a paisagem do país, mas como se constituem, eles próprios, com suas diferenças étnicas e de gênero, ao longo do percurso. Acrescente-se a isso o fato de que o referencial teórico a ser utilizado para a fundamentação da escritura colocará em crise algumas das promessas não realizadas pela modernidade e que, cabe a nós, pós-modernos, ou coetâneos da alta modernidade, resolver. Se for aceito pela comissão organizadora do evento, a comunicação oral desse ensaio teórico será realizada através de uma performance artística, fazendo valer a experiência de seus autores com o teatro.
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  • Juliana Vilela Pinto (UNIVALE), Sueli Siqueira (UNIVALE)
    Capitão dólar: a representação do imigrante valadarense na mídia impressa local no início da década de 1990
    A partir dos anos de 1980, década em que o movimento migratório de Valadarenses rumo aos Estados Unidos deixou de ser esporádico e se transformou em um fluxo constante e crescente, a questão começou a ganhar destaque na mídia impressa local, nacional e internacional. O periódico local Diário do Rio Doce conferiu tanto destaque à questão que nos anos de 1990 lançou um personagem para homenagear os milhares de compatriotas que deixaram a terra natal rumo ao país do Tio Sam. A proposta deste artigo é fazer uma análise deste personagem, o “Capitão Dólar”, que representa o estereótipo de um valadarense deslumbrado e que vê nos Estados Unidos a melhor alternativa para uma vida melhor. Para tanto, as tirinhas foram submetidas ao procedimento de análise de conteúdo e, também foi feito, a partir de um levantamento bibliográfico, um histórico sobre o território valadarense e sua relação com o fenômeno da migração internacional contemporânea, fortemente marcada pela globalização. O objetivo é compreender, a partir da faceta do humor, de que forma o fenomeno migratório é representado pela mídia impressa local. A partir da análise constatamos que as tirinhas trazem uma imgem negativa da cidade e dos cidadãos, marcados por uma identidade fragmentada e, sobretudo, desterritorializada.
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26/08 - Quinta-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Marcia Maria de Sá Rocha (UFRN)
    As práticas socioeducativas da Igreja Católica no Rio Grande do Norte: a luta por cidadania das mulheres trabalhadoras rurais face aos desafios expressos pelas relações de poder
    É precisamente no Rio Grande do Norte, a partir da década de 50, do século passado, através do Movimento de Natal, que a Igreja Católica se volta para os apelos da população sofrida buscando formas de atendimento à população pobre e marginal da cidade. No início, as atividades eram desenvolvidas somente na cidade de Natal, vindo posteriormente a se estenderem no meio rural, considerando-se que as causas maiores dos problemas encontravam-se no campo, tendo em vista as precárias condições de trabalho na agricultura, em conseqüência das freqüentes estiagens e a entrada do capitalismo no campo. Em 1953, ocorre uma das maiores secas da região, afetando assustadoramente a vida do campo e provocando o maior índice de flagelados. Por duas vezes a cidade de São Paulo do Potengi foi invadida. O sofrimento de homens, mulheres e crianças marcados pelas próprias condições em que viviam: barracos sem qualquer condição digna de moradia, uma rede armada num local sem a menor proteção, uma estrada sem um destino certo. Trata-se de um momento em que a luta organizada das mulheres, começa a se constituir um esforço de reflexão dos espaços possíveis de sua visibilidade enquanto sujeito nesse enfrentamento que afeta fundamentalmente as Relações de Poder.
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  • Maria Manuela Lopes-Cardoso (Universidade Nova de Lisboa)
    Forma de luta contra a pobreza e marginalidade (um projecto pedagógico para rapazes)
    Reflexão sobre a vida e obra do fundador da "Obra da Rua", conhecida por "O Gaiato", sob o lema «Obra de rapazes, para rapazes, por rapazes», Américo Monteiro de Aguiar, apelidado por todos por "Pai Américo". A Educação assenta, também, numa pedagogia para a prevenção da marginalidade, em especial oriunda da pobreza. A relação humana com o educando, integrado ainda com outros em sistema de co-responsabilidade, é factor de dignificação de cada um pela Liberdade e auto-estima. Feliz será aquele que, podendo fazer o mal, não o faz. Transgressão a co-responsabilidade em comunidade. É no seio duma sociedade, inorgânica, insensível e às vezes hipócrita, que se "formam" os criminosos de amanhã, pela banalização do mal, pela aprendizagem das perversões, pela exploração da pobreza no pior dos sentidos, por uma mobilidade social desordenada. Urge a prevenção através duma educação participativa e comunitária. A Obra, nascida na época conturbada do Estado Novo em Portugal, tem todo um pensamento sociológico e pedagógico de vanguarda, hoje com plena actualidade. Fazer de cada rapaz, arrancado à miséria física e moral, um cidadão respeitável é o seu objectivo, com provas dadas em muitas dezenas de anos de vivência.
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  • Éverton Luís Pereira (UFSC)
    Gênero e sexualidades em uma linguagem de sinais no nordeste brasileiro
    Este resumo é fruto de pesquisa de campo realizada no interior de uma pequena comunidade rural no nordeste brasileiro durante 06 meses entre os anos de 2009 e 2010. O foco da pesquisa é a relação entre a construção de uma língua de sinal (“linguagem de surdos”) específica do local e a organização social. Este resumo direciona sua atenção para a relação entre essa língua sinalizada e as expressões de gênero (mulher, homem, menina, menino, pai, mãe) e sexualidades (gay, lésbica, diferentes posições nos atos sexuais) produzidas na localidade, levando em consideração as relações sociais ali estabalecidas. Assim, as designações de gênero e sexualidade na língua sinalizada seguem padrões específicos das representações de corpo e de vivência na comunidade, trazendo e incorporando no léxico lingüístico, experiências locais dessas questões. No processo de inserção da Língua Brasileira de Sinais, as designações de gênero e sexualidades foram as primeiras a serem investidas para a mudança, porém, não houve adesão da comunidade. Assim, a construção sinalizada das expressões de gênero e sexualidades demonstram o complexo relacional em que é produzido, reproduzido e reinventada a língua de sinal da comunidade.
  • Marcia Denise Dutra Sias (UMESP)
    Congregação africana da Assembléia de Deus como fator de coesão social e formação de rede de apoio aos refugiados(as) na cidade do Rio de Janeiro: um diálogo possível
    Este trabalho propõe levantar aspectos relacionados à Igreja dos Africanos e sua imbricada associação com o movimento pentecostal de cunho assembleiano. Fundamenta-se no Campo Missionário da Congregação Assembléia de Deus de Boiúna, em Jacarepaguá, Rio de Janeiro, a que está filiada a Igreja dos Africanos, cujos participantes buscam manter seu ethos sociocultural ao fazer uso da liturgia africana para demarcar sua identidade étnica. Tal comunidade parece proporcionar um espaço de coesão social e de formação de rede de apoio aos africanos (as) refugiados (as) e imigrantes. Tendo em vista as questões mencionadas, o referido campo missionário e sua realidade tornam-se merecedores de reflexão.
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  • José Henrique Machado Roballo (UFRGS)
    Cultura e socialização política dos estudantes de ensino médio e seus pais: um estudo de caso a partir de duas gerações em Rio Pardo/RS
    O presente trabalho tem a finalidade de analisar o desenvolvimento de valores democráticos entre os estudantes do ensino médio regular da cidade de Rio Pardo (Rio Grande do Sul). O tema é afeito aos debates construídos pela Ciência Política e inseridos na abordagem culturalista. Busca-se averiguar quais as principais instituições presentes para os jovens, se há processos de ruptura e continuidades entre a forma de pensar disseminada entre os estudantes e seus pais, se esses valores internalizados influenciam em uma visão política mais voltada para valores democráticos, bem como se é possível verificar a existência ainda hoje de um descompasso entre a socialização política a partir do recorte de gênero. A pesquisa caracteriza-se por ser um estudo de caso a ser realizado na Escola Estadual de Ensino Médio Fortaleza, onde serão feitas análises apoiadas em métodos quantitativos e qualitativos, com a finalidade de verificar as rupturas e continuidades entre as duas gerações.
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