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16. Discursos construtores, imagens, identificações e diversidades

Coordenador@s: Ivonete Pereira (UNIOESTE), Mara Rúbia Sant'Anna-Muller (UDESC)
De acordo com Stuart Hall, em obra publicada em 2000, as identidades são construções discursivas, constituídas de forma múltiplas no interior de jogos de poder. Heterogêneas e cambiantes são produtos da diferença e da exclusão e não símbolo de unidade idêntica, constituída naturalmente e neste caso se constituem em identificações. Para compreender o significado das identificações, é necessário buscar as formações e práticas discursivas que as construíram, bem como os locais históricos e culturais em que foram pautadas. Dentre as diferentes formas de discursos, agenciadores das identificações, percebemos as imagens, já que elas, imaginárias ou concretas, sempre passam por alguém que as produzem ou reconhecem, como salienta Martine Joly (1996). Compreende-se, portanto, que as imagens são produtos culturais, jamais naturais, pois dependem da recepção dos indivíduos capazes de atribuírem significados ao observado e destacarem dele um sentido, que é a sua própria representação. Desta feita, as imagens interferem nos agenciamentos de subjetividades e produzem identificações pautadas em modelos comportamentais aprovados socialmente. Este simpósio pretende reunir investigações da área das ciências humanas e sociais que contemplem análises acerca das identificações aceitas e/ou negadas socialmente, constituídas através das diferentes formas de discursos e representações, atentando também para as imagens de todas as ordens

Local: Sala 312 do CFH

Resumos


24/08 - Terça-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Ivonete Pereira (UNIOESTE)
    Estudo de casos - militância e a maternidade: narrativas e identificações
    Na pesquisa que aqui apresentamos, através do estudo de casos, fazemos algumas reflexões acerca das identificações com a militância e com a maternidade, vivenciadas por mulheres brasileiras e argentinas que participaram de grupos de resistência às ditaduras de seus países no período de 1964 a 1989. Refletimos sobre a maneira como lidaram com os conflitos inerentes às atividades da militância e à prática da maternidade no período em questão. Cabe salientar que a análise das narrativas dessas mulheres é de suma importância para os estudos da especificidade da militância feminina e de suas representações, tendo em vista as condições em que elas se inseriram nos movimentos de resistências, já que, para isso, tiveram que desafiar o código social vigente, que estipulava as identidades de gênero, dentre as quais, certamente, não fazia parte a inserção em organizações de resistências ao regime.
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  • Carla Cristina Nacke Conradi (UNIOESTE)
    A participação feminina na luta pela Anistia no Paraná
    A Campanha pela Anistia no Brasil foi um movimento memorável que surgiu em meados dos anos de 1970, no qual participaram fundamentalmente familiares e amigos dos envolvidos nos movimentos autodenominados revolucionários e também pelos presos políticos, ou ex-presos. Este movimento organizou-se no âmbito dos Comitês Brasileiros pela Anistia, com núcleos em diversos estados do país. Neste processo também se compreendeu a criação do Movimento Feminino pela Anistia em 1975, com comitês estaduais. Com base na análise do acervo da Delegacia de Ordem Política e Social do Paraná – DOPS – esta comunicação visa discutir a participação feminina no processo de anistia no Paraná, a partir da atuação política das mulheres nos dois comitês, o Comitê Brasileiro pela Anistia de Curitiba e o Movimento Feminino pela Anistia no Paraná.


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  • Rosemeri Moreira (UFSC)
    O discurso maternalista e a construção da “Polícia Feminina”: dominação simbólica, negociação ou ressiginificação?
    Este artigo discute a utilização do discurso maternalista na construção do policiamento feminino no Brasil na década de 1950. Mulheres e homens intelectuais atuando na área do Direito, da Criminologia e da Medicina encabeçaram em São Paulo uma campanha para a criação da “Polícia Feminina” a qual foi concretizada em 1955. São utilizados como fontes de pesquisa artigos publicados em defesa do policiamento feminino os quais foram norteadores na construção da imagem da policial; a legislação referente a concretude de mulheres atuando na atividade de policiamento na cidade de São Paulo e ainda os Relatórios de Ocorrência produzidos pelas primeiras policiais. A preocupação do texto, além de relacionar discursivamente maternalismo e policiamento, recai em refletir sobre as questões teóricas referentes à utilização desse discurso, ora visto como reforço do gênero e/ou dominação simbólica, ora visto como ressignifição e/ou negociação.
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  • Alexandre Sebastião Ferrari Soares (UNIOESTE)
    A homossexualidade na ordem do discurso
    Neste artigo pretendo, com o auxílio da Análise de Discurso de orientação francesa, mostrar o funcionamento das denominações em duas entrevistas publicadas entre maio e julho de 2009 em dois veículos de comunicação (a saber, as revistas Caros Amigos e a Revista, encarte do jornal O Globo) que trataram da homossexualidade ou de seu estilo de vida. Alem disso, pretendo comparar essas denominações com outras produzidas na década de 1980 (também sobre os homossexuais e seu estilo de vida) para compreender como os sítios de significância (ORLANDI: 1996, 15) foram ressignificados produzindo também outros sentidos, ou seja, de que forma as rupturas com os sentidos hegemônicos (da década de 1980) efetivam-se nos meios de comunicação. É claro que “velhos” sentidos continuam ecoando nos meios de comunicação, no entanto o embate entre formações discursivas é evidente. Para a análise de discurso francesa as denominações não são apenas um aspecto do caráter de designações das línguas (MARIANI 1988), mas representam uma vertente do processo social de produção de sentidos. O lugar do homossexual hoje no Brasil e no mundo é ocupado por um sujeito que pode dizer, não apenas o que se diz sobre ele, mas produzir sentidos sobre si.
  • Maria Luiza Martins de Mendonca (UFG), Fernando Ribeiro Matos (UFG)
    O envelhecimento feminino na mídia: quem são essas mulheres?
    Este texto resulta de um projeto de pesquisa mais amplo, intitulado “Representações do outro: o olhar da mídia sobre as diversidades” e que pretende conhecer, por meio da análise de variadas produções midiáticas, conteúdos relacionados aos diferentes grupos minoritários (étnicas, de gênero, de idade, culturais, de classe) em sua articulação com as construções identitárias e subjetivas e com as práticas concretas dos indivíduos.O que significa, segundo a mídia, envelhecer ? Quem são essas mulheres consideradas “maduras”? Não são jovens nem tampouco podem ser chamadas idosas. Como são representadas pelos meios de comunicação? Como são mostradas suas relações com a família, com os amigos, com os afetos, com o sexo? Como se contorna a solidão? Como percebem as mudanças físicas e os apelos mediáticos para uma eterna juventude? Essas respostas podem ser buscadas, em um primeiro momento, na representação mediática e nos sentidos que elas atribuem ao velho e ao envelhecimento. Neste caso a pesquisa foi feita partir da análise da minissérie "Cinquentinha" exibida pela rede Globo em dezembro de 2009.
  • Otavia Alves Cé (UCPEL)
    Seme ou Uke? Uma análise sobre o yaoi, os quadrinhos homossexuais japoneses
    Os mangás – as histórias em quadrinhos japonesas – são um fenômeno da cultura pop nipônica que vem cada vez mais alcançando popularidade em outros países. Seus segmentos editoriais são bastante diversificados, contemplando diversas faixas etárias e tendo publicações diferenciadas para cada sexo. Além disso, a variação de temas encontrados nos mangás é muitas vezes maior do que é visto nos quadrinhos ocidentais. No presente trabalho falarei sobre uma variação em especial: o yaoi, um estilo que foca relações homossexuais entre homens, normalmente jovens e belos, sendo apreciado pelo público feminino, não só no Japão, como no resto do mundo . O yaoi também possui uma série de códigos e terminologias próprias, que traduzem e representam as relações e representações apresentadas no mangá, como por exemplo, as palavras seme, para designar o participante ativo e uke, para passsivo, originalmente termos relacionados às artes marciais. Desta forma, baseado nos estudos de gênero e representação e nos estudos sobre a cultura pop japonesa, proponho-me neste trabalho a analisar as construções apresentadas neste estilo de história, além de dissertar sobre o fascínio que o tema desperta em suas leitoras.
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  • Ramon Pereira dos Reis (UFPA), Cristina Donza Cancela
    @ "dominad@" e @ "dominad@r': discutindo papéis identitários no seriado Queer as Folk
    O presente trabalho se propõe a compreender como se estabelecem e/ou se constroem identidades homossexuais masculinas e femininas expostas na versão norte-americana do seriado Queer as folk, especificamente na primeira temporada deste. Enfatiza-se o papel exercido pela cultura no processo de socialização dos indivíduos, estabelecendo condutas sociais de comportamento, que por vezes se tornam hegemônicas. Procura-se, ainda, destacar a função desempenhada pela mídia televisiva, no que concerne a exposição das questões mencionadas acima, funcionando como importante veículo de informação, assim como um significativo produto de reflexão. Concluímos, portanto, que ao falarmos de papéis identitários em um determinado produto midiático é ter em mente que estamos lidando com a representação de aspectos culturais, sociais, econômicos, de um lócus específico, nesse caso, procuramos ponderar as considerações de maneira clara e objetiva, sempre tentando fazer relação com a nossa realidade. A cultura, nesse sentido, é significativa para pensarmos a simbólica estruturante das identidades: a maneira de nos vestirmos; de nos comunicarmos; de estabelecermos nossas relações com o outro; A mídia, então, repassa aquilo que visualiza, de maneira dramática ou não.
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25/08 - Quarta-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Viviane Maria Heberle (UFSC)
    Estudos do núcleo de pesquisa NUPDiscurso sobre gênero e multimodalidade
    A gramática visual de Kress e van Leeuwen (1996; 2006), em consonância com a teoria da multimodalidade, refere-se à variedade de representações manifestadas num evento discursivo, à utilização de diferentes recursos semióticos para se produzir significados, tais como a linguagem verbal, imagens e gestos. Neste trabalho, com fundamentação teórica sobre multimodalidade, análise crítica do discurso e estudos de gênero, apresento as pesquisas do grupo NUPDiscurso (UFSC), que focalizam aspectos multimodais em suas análises de linguagem e gênero. Diferentes gêneros textuais midiáticos pesquisados incluem capas de revistas para mulheres executivas, uma propaganda de TV sobre o medicamento xenical, páginas da Internet sobre as bonecas Suzi e The Bratz e as narrativas da personagem Carrie no filme Sex and the City. Resultados apontam que nos textos analisados notam-se algumas características de discursos feministas contemporâneos, mas ainda há representações verbais e visuais que sugerem uma posição subalterna das mulheres em relação aos homens ou ligada preponderantemente a questões de beleza, juventude e moda.

  • Sandra Iris Sobrera Abella (UFSC)
    Mulheres em pinturas de Portinari: processos de identificação, corporeidade e diversidade a partir de uma leitura de gênero
    Este artigo visa refletir sobre referenciais teóricos intersectando as categorias identitárias de gênero, raça/cor/etnia, classe social e nacionalidade. O foco de análise recai sobre questões referentes a mulheres, gênero, memória, identidades e subjetividades, analisando o corpo como eixo que atravessa a reflexão, em virtude de sua visibilidade e importância nos processos de identificação e posicionamentos nas relações sociais. Tais processos identificatórios caracterizam-se pelo movimento e pela diversidade caracterizando singularidades que acabam escapando às tentativas de controle social. O objeto de pesquisa consiste em quadros de Portinari de temática social que representam mulheres e que dão visibilidade a um discurso de brasilidade vigente na época e presente nessas obras (décadas de 1930 a 1940), tratando-se, portanto, de leitura de imagens visuais pictóricas. Nesses quadros, o corpo mostra-se como uma realidade material e histórica complexa, marcado por uma cultura e inserido em relações de poder, nas quais os sujeitos corporificados e concretos assumem lugares, apropriam-se das normas culturais e reproduzem as desigualdades, ao mesmo tempo que lutam por rupturas com os discursos hegemônicos e com o assujeitamento.

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  • Alexandre Sardá Vieira (UFSC/IFSC)
    Sessão das Moças: história, cinema e educação
    Até o início da década de 1960, as sessões de cinema da capital catarinense eram batizadas com títulos diversos, identificando a que grupos elas estavam endereçadas. Nas crônicas escritas na cidade, a mais citada é a Sessão das Moças, que tinha lugar no Cine Ritz, no Centro de Florianópolis, entre 1943 e 1962, a qual figurava no calendário de lazer ilhéu. A sessão pode ser compreendida como um misto de construtora de redes de sociabilidades e espaço pedagógico, pois projetava representações de ser, agir e sentir possíveis de serem apropriados pelas espectadoras e espectadores. Ao lado de imagens de moda e beleza, os filmes exibidos na sessão exploravam representações do amor romântico em todas as suas etapas: do inesperado primeiro encontro ao casamento redentor. Ademais, as temáticas estressavam as lições envolvendo a moral, a valorização da família e a contenção das pulsões. Apesar de a sessão ser freqüentada também pelos rapazes, o endereçamento dos filmes ligados a temática romântica construíam discursos sobre os papéis sociais representados pelas mulheres do período. Temática essa que se somava a outros veículos midiáticos direcionados às mulheres como radio novelas e fotonovelas.
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  • Daniela Novelli (UDESC)
    Desafios performáticos e paradoxais da juvenilização: (des) construindo identidades e representações discursivas através das imagens de moda
    O presente artigo pretende discutir e demonstrar como experiências, identidades e representações discursivas agenciadas por imagens de moda na contemporaneidade se constituem em importantes construções socioculturais de nosso tempo, operando simultaneamente como produtos e agentes históricos das sociedades ocidentais. Nesse contexto, o campo discursivo e imagético acabou impulsionando esteticamente a formação e a consolidação de um novo ethos social, onde o fenômeno paradoxal da juvenilização passou a desafiar performativamente estereótipos e configurações de gênero, geração, etnia e classe social. A partir da observação de imagens publicitárias veiculadas em uma consagrada revista de moda de projeção nacional (Vogue Brasil), constatou-se que apesar destas imagens ainda evidenciarem significações codificáveis e compreensíveis dentro de uma lógica cultural unificadora e homogênea, muitas delas passaram a retratar de forma cada vez mais acentuada grandes tensões e inúmeras incoerências e descontinuidades de uma contemporaneidade permeada significativamente por diferenciações, fragmentações, diversidades e deslocamentos transitórios.
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  • Aline Carmes Krüger (UDESC), Sandra Makowiecky (UDESC)
    A representação da mulher na obra de Franklin Joaquim Cascaes - possiveis leituras
    A obra de Cascaes constitui-se, por um lado, uma memória individual singular, que postula uma identidade para si e busca registrar a sua vida e, por outro lado, em meio a certa rede de sociabilidades, participa de um processo de memória coletiva da cidade de Florianópolis.Este artigo apresenta uma proposta de identificação das formas de discursos presentes na formação de uma memória representadas em imagens femininas produzidas pelo artista Franklin Joaquim Cascaes.São as mulheres que pilam o café, fazem renda de bilro, ralam a mandioca, estão nas procissões, são mães, esposas, bruxas, donas de casa e benzedeiras.Cascaes interessa-se pelos homens e pelos grupos sociais nos quais se identifica, fazendo uma história do cotidiano, uma história cultural.Será apresentada através da narração masculina a representação das imagens femininas do artista que se dá através de formas hibridas, oscilando entre o registro de um acontecimento e a ficção.Por meio das imagens, sob as quais a figura feminina é descrita pelo narrador, narra-se uma trajetória.Neste caso, a da mulher do litoral catarinense, das comunidades pesqueiras da ilha de Santa Catarina, num espaço de tempo de quarenta anos (década de 1940 a década de 1980).É a arte como produto cultural e formação de uma identidade.
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  • Jacqueline Wildi Lins (UDESC)
    Espaços inventados: artistas mulheres e a construção de identidades através da obra
    Eixo central da obra de Frida Kahlo, Valda Costa, entre outras artistas mulheres, o questionamento identitário ganha diferentes abordagens e se aproxima da potência do corpo como um lugar transitivo de autocriação e de redimensão do “eu”. Matéria prima da arte, o corpo nunca deixou de ser inventado e reinventado, pois pode ser visto (e se dá a ver) como uma obra de arte em potencial, ou ainda, como o espaço privilegiado para artistas se relacionarem consigo mesmas e, sobretudo, com outrem. No espaço da obra, o olhar sobre si se volta para si quando confrontado a um outro. De fato, é no espaço da obra que o corpo tem a possibilidade de apreensão do léxico do outro, pois é no pacto de si mesmo com o outro que se apresenta o problema crucial da identidade, ou seja, nunca ser totalmente o mesmo, nem o outro, nunca identificar-se completamente, sempre manter uma distância, uma alteridade. Um processo de constante reinvenção.
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  • Nádia da Cruz Senna (UFPel)
    A imagem da mãe pelas artistas plásticas do século XX
    O presente trabalho é parte integrante da tese de doutorado Donas da Beleza que discute a representação do feminino na cultura ocidental, presente na produção das artistas plásticas do século XX. Examina, a partir de uma perspectiva estética e sócio-cultural, diferentes modelos de feminilidade, como são propostos, como coexistem e se remetem mutuamente através de diferentes períodos. O estudo segue um modelo de análise comparativa, identificando semelhanças e diferenças no modo de representação de arquétipos dominantes no imaginário de homens e mulheres.
    Historicamente, a maternidade é construída como o ideal maior da mulher, único caminho para alcançar a plenitude, a total realização da feminilidade. Esse postulado origina um modelo vigoroso, repleto de simbolismos; mantidos e explorados pelas diferentes sociedades.
    A arte mais recente, forjada em meio à cultura da pós-modernidade, faz sua intervenção sobre os discursos disponibilizando imagens carregadas de tensão e objetivando a ruptura com os códigos de aceitabilidade cultural. As artistas comprometidas com o projeto feminino elegem a representação da maternidade, na maioria das vezes auto-representação, para encenar diferentes identidades sociais, culturais e econômicas das mulheres.

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26/08 - Quinta-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Rochelle Cristina dos Santos (UDESC)
    A imagem como representação da cultura através da aparência
    Na História do Tempo Presente, explora-se, como fontes, objetos e segmentos antes não pensados por historiadores. A necessidade de identificação do sujeito, da diferenciação e do reconhecimento, por parte de uma sociedade, foi agenciada por diversos acontecimentos promovidos a partir do século XIX (CORBIN, 2009). O que se busca, através da pesquisa, é compreender formas de agenciamento da difusão da cultura brasileira, por meio da construção de uma memória pautada em uma figura pública, estimulando a identificação através da aparência – ou da imagem imaginária transformada em concreta – pelo produto de moda. Para Ulpiano (2003), “o sentido das imagens nem sempre está no contexto da imagem em si, mas nos envolvimentos sociais aos quais ela foi exposta em sua concepção.” A pesquisa faz parte de um projeto de dissertação intitulado “Memória, História e Aparência”, em que a coleção de moda inspirada em Nara Leão é o agenciador de uma memória cultural que é resultado de uma comemoração: 50 anos de Bossa Nova. Essa memória cultural foi transformada em produto de consumo, de representação e de identificação, tornando-se um agenciador de subjetividades pautado em um modelo comportamental aprovado socialmente.
  • Renato Riffel (UDESC)
    Retratos de gênero: persona e personagem no estúdio fotográfico.
    Resumo: O uso de fotografias como fontes de pesquisa tem possibilitado uma série de discussões e propostas metodológicas, ampliando perspectivas de sua utilização na prática historiadora. Os desdobramentos dos estudos de gênero tem problematizado identidades masculinas e femininas como portadoras de subjetividades múltiplas, cujas construções singulares da existência perpassam as apreensões que os sujeitos fazem de si e do mundo. Entendendo o “espaço social” como o lugar onde se estabelecem relações de aparência, este artigo apresenta uma parcela das reflexões que permeiam a pesquisa para elaboração de dissertação de mestrado no Programa de Pós-Graduação em História do Tempo Presente da Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC. A pesquisa investiga, através da análise de fotografias de moradores do Vale do Itajaí-Mirim na década de 1940, como as relações de aparência, enquanto meios de constituição de subjetividades, construíram e reforçaram representações de gênero, assim como de masculinidades múltiplas.
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  • Andrea Torricella (CONICET - Universidad Nacional de Mar del Plata)
    Mostrar y mirarse: identificaciones, fotografías personales y performatividad del género. Argentina, 1930-1970
    Mi objetivo es analizar las corporalizaciones presentes en las fotografías personales/ familiares a mediados de siglo XX en Argentina y cómo esos modos de mostrar el cuerpo fueron constitutivos de subjetividades y sentidos del sí mismo. La apariencia estaba íntimamente ligada al sentido de interioridad del ser varón o el ser mujer. Estas fotografías siguieron operando una vez que fueron tomadas y el uso que los sujetos les otorgaron configuró parte de los sentidos que fueron adquiriendo. Utilizo la caracterización de la imagen fotográfica como re-presentación, es decir como un objeto que representa aquello que muestra, pero que a su vez, en cada repetición, vuelve a presentarlo. La ritualidad y la similitud de este tipo de imágenes dan cuenta de momentos ficcionales con los cuales los y las entrevistadas ordenan sus narrativas identitarias.
    Además, estas imágenes fotográficas no estaban aisladas, compartían preceptos con otros repertorios visuales de la época y se construían según regulaciones sobre lo visible y lo mostrable. En este sentido, en este trabajo también tomo en consideración estereotipos de género presentes en otros espacios discursivos y visuales como la prensa escrita, la radio, el cine y la popularización de discursos científicos.
  • Mara Rúbia Sant'Anna-Muller (UDESC)
    De perfumes aos pós - um universo de imagens a seguir
    Em 2009 foi realizada pesquisa sobre a publicidade de cosméticos destinada ao público feminino da segunda metade do século XX. Dando continuidade a esta pesquisa, o objeto de análise foi submetido a uma nova delimitação temporal, a primeira metade do século XX, a fim de confrontar os modelos de publicidade relacionados à temática da indústria da beleza de um período em relação ao outro, mas, especialmente, compor um quadro de análise que indicasse os sujeitos receptores daqueles anúncios e as feminilidades apontadas como modelares a serem seguidas pelas mulheres da época e também desejada pelos homens. Metodologicamente, as ferramentas de análise da imagem se pautaram no trabalho de Sophie Cassagnes (1996), e os pressupostos de ordem teórica em Haskell (1995) e Didi-Huberman, (2007 e 2010). O estudo apontou para uma interpretação que situa o Brasil e seus projetos de nação como universo semântico de emulação dos receptores, onde ser limpo e perfumado denotaria superioridade e, a transformação do corpo rude e “colonial”, indicaria o futuro de prosperidade a alcançar. Nesta comunicação se dará ênfase às rupturas e continuidades na oferta do tipo de produto cosmético, evidenciadas no corpus de pesquisa.
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  • Gabriel de Sena Jardim (UFRJ), Maria Inácia D´Ávila Neto (UFRJ)
    Mulheres postadas: representações do feminino em cartões-postais publicitários
    As discriminações de gênero e raça são ainda os principais fatores que balizam as desigualdades em nosso país, produzindo desvantagens sociais, econômicas e políticas para as mulheres. As bases dessa complexa estrutura social, intrincada pela hierarquização de gênero, é também produzida e reforçada por mecanismos ideológicos inseridos no âmbito dos meios de comunicação que, por intermédio de signos e símbolos, revelam a dinâmica das figuras e figurações da mulher e do homem, apontando papéis atribuídos pelo discurso social. Este trabalho propõe investigar como se articulam as relações de gênero nos discursos das imagens de cartões-postais publicitários produzidos no Brasil nos períodos entre os anos 1900-1950 e entre os anos 2000-2008. Compreendendo os significados das imagens em períodos históricos diferenciados, busca-se por uma analogia entre os postais antigos e os atuais, contrastando rupturas e permanências. A análise de imagens proposta para esta investigação congrega os estudos culturais elaborados pela teoria crítica feminista, a abordagem semiótica de Martine Joly (1996), e a interpretação micro-interacional proposta pelo sociólogo Goffman (1991). Os cartões-postais deslocaram-se no tempo e no espaço, real e imaginário, perpetuando antigas ideologias.
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