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70. Sujeitos do feminismo: construção de saberes, deslocamento de práticas |
Coordenador@s: Karla Galvão Adrião (UFPE), Telma Gurgel da Silva (UERN) |
Esta proposta dá continuidade ao ST desenvolvido nos FG7 e FG8. Tem como objetivo possibilitar debates sobre os sujeitos políticos do feminismo apreendendo sua historicidade no processo de disputa de hegemonia, tanto no campo da construção de conhecimento quanto no das práticas. Pretendemos, com o ST: 1) dialogar com a trajetória deste movimento social apreendendo, em sua totalidade ampla, a diversidade de expressões que compõem a base político-social do feminismo e as relações com seus diversos sujeitos. Importa-nos também 2) refletir, à luz de teorias e epistemologias feministas, sobre os deslocamentos dos centros de produção para as periferias, invertendo a relação dos eixos norte-sul. Em suma, procuramos evidenciar até que ponto os deslocamentos realizados como criticas a ciência hegemônica (aos dualismos, à neutralidade, à impessoalidade, às previsões, à especialização, ao universalismo abstrato, entre outras) demonstram que as articulações e tensões entre periférico e central, local e global estão em permanente processo de mudança, questionando posições do mainstream; e 3) nos interessa discutir sobre os impactos destas relações para os movimentos feministas, tendo em vista a perspectiva feminista de se fazer uma ciência engajada. A proposta é realizar uma reflexão a partir de trabalhos que exponham diálogos teóricos, que tragam análises e reflexões baseadas em pesquisa de campo e/ou experiências, que contraponham diferentes perspectivas sobre os chamados feminismos centrais e periféricos.
Esta proposta inclui a presença de uma debatedora, a Profa. Dra. Sônia Weidner Maluf, tendo em vista que nos STs anteriores a mesma ocupou uma das coordenações do ST, com ricas contribuições.
Local: Sala 606 do CED
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Resumos
24/08 - Terça-feira - Tarde (14h às 18h)
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Lady Selma Ferreira Albernaz (UFPE), Karla Galvão Adrião (UFPE)
Feminismo e antipatizantes: mudanças corroboradas, movimentos e agentes refutadas
Neste trabalho discutimos a aceitação das mudanças recentes nos valores e nas relações de gênero, que re-configuraram posições e poderes das mulheres na sociedade, e permanência de uma “antipatia” ao feminismo e às feministas. Nele articulamos duas pesquisas distintas, concluídas em 1996 e em 2008. O primeiro trabalho mostrou que havia uma aceitação das mudanças recém conquistadas pelas mulheres na sociedade, especialmente no trabalho e na divisão de trabalho doméstico, mas permanecia a negação das feministas e do movimento. Poucas pessoas consideravam a mudança como sendo uma conquista das feministas, sendo que o limite para elas acontecerem era manter uma “essência” do feminino e do masculino, que orientava as relações de intimidade (família, namoro, casamento). Na segunda pesquisa o foco foi sobre os impasses entre as jovens feministas e as “velhas” feministas sobre uma pauta de reivindicações que parece refletir entre as jovens a defesa de valores de gênero, que uma parte delas não percebe como sustentando desigualdade, embora haja descontinuidades no pensamento das mesmas. Uma recuperação ou continuidade de valores de feminilidade se faz necessária para que o feminismo se torne “simpático”. Numa e noutra pesquisa parecem permanecer impasses relativos ao que devemos ou não mu
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Karla Galvão Adrião (UFPE), Marion Teodósio de Quadros (UFPE)
Feminismo e homens: reflexões sobre participação, pesquisa e militância
Este trabalho reflete acerca da relação entre sujeitos do feminismo e demandas de novos sujeitos, em particular os homens, a partir de reflexão da participação em alguns encontros feministas e de gênero. Tais situações, mesmo não resultando de um movimento organizado de homens que apóiam o feminismo, têm se mostrado como um desafio para o feminismo, na medida em que evidenciam diferenças dentro do movimento (especialmente entre jovens e veteranas), ao mesmo tempo em que nos fazem refletir sobre os modos de participação masculina incentivados pelo feminismo a partir do marco dos direitos reprodutivos e os modos de participação almejados por alguns homens no feminismo. Concordando que há uma pluralidade de sujeitos do feminismo, com posições específicas, buscamos, neste artigo, a partir de nosso posicionamento (HARAWAY, 1995) e experiência (SCOTT, 1999): 1) caracterizar como os homens surgiram como “aliados” do feminismo, para evidenciar em que termos a participação dos homens foi pensada; 2) refletir sobre a participação dos homens no espaço doméstico e nos cuidados com a prole, a partir de pesquisas sobre homens e, também, daquelas que abordam o ideário feminista; 3) refletir sobre a importância do conceito de gênero e as implicações de sua dimensão relacional, para a criação de
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Telma Gurgel da Silva (UERN)
Feminismo e luta de classe: história, movimento e desafios teóricos-políticos de feminismo na contemporaneidade
O Feminismo desde sua primeira expressão, como sujeito político das mulheres, na França, em 1789, vem se reafirmando como um dos movimentos sociais que deve ser considerado como elemento imprescindível, em qualquer processo de transformação radical das relações sociais. Assim, neste texto pretendemos resgatar a história do feminismo com o recorte no caráter de massa deste movimento, ao mesmo tempo em que refletimos acerca de suas estratégias e táticas para sua construção coletiva, na tomada de decisões e encaminhamentos das reivindicações das mulheres, bem como, no processo da construção de conhecimentos. Frisamos que, assim como outros movimentos sociais, o feminismo tem uma história marcada por ações que orientam no sentido da ruptura radical estrutural-simbólica com os mecanismos que perpetuam as desigualdades sociais que estruturam os pilares da dominação patriarcal capitalista na contemporaneidade.
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Mariana Azevedo de Andrade Ferreira (UFPE)
Homens feministas? Uma discussão sobre identidades coletivas e sujeitos políticos nos movimentos sociais
O presente trabalho apresenta problematizações que fundamentam a pesquisa: “Homens feministas? Uma discussão sobre identidades coletivas e sujeitos políticos nos movimentos sociais”. A partir de revisão da literatura, partimos das possibilidades abertas por um uso radicalmente relacional da categoria gênero e pela compreensão dos processos de construção de identidades como sendo contingentes e variáveis ao longo da história. Assim, nosso objetivo é problematizar, a partir de debate político-conceitual, como a dinâmica de um movimento social (feminismo) que se estruturou na afirmação de um sujeito político (mulher), percebe a possibilidade de alargamento dos sentidos em torno do que é feminismo (e ser feminista) a partir da incorporação, neste movimento de outros sujeitos (homens), cujo corpo e experiência são afetados pelos padrões culturais contra os quais este movimento se opõe.
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Ana Luiza Timm Soares (UFPR)
Inventando gênero: feminismo, imprensa e performatividades sociais na cidade do Rio Grande (1919-1932)
O interesse em desacreditar o movimento feminista de inícios do século XX por meio de práticas discursivas perpassou por muitos veículos de informação. Esta prática também esteve presente nas páginas do jornal "O Tempo", um dos mais longevos e importantes diários da cidade do Rio Grande. Neste trabalho, procuro discutir de que forma O Tempo construiu/difundiu enunciados performativos sobre as ideias feministas, afirmando posições e papéis ideais a serem seguidos não só pelas mulheres da época, mas também, pelos homens. Para tanto, parto do pressuposto de que os discursos, ao descrever as mulheres, e também os homens, definiam papéis e identidades permitidos às relações de gênero, relegando estes sujeitos à apenas uma de suas múltiplas facetas. Nesse sentido, busco referenciar a noção de discurso a partir da concepção de Foucault, na medida em que, para o autor, os discursos devem ser tratados como práticas que formam os objetos de que falam. Transpondo esta análise para a problemática de gênero, dialogo com Judith Butler, para a qual a linguagem que se refere aos corpos não faz somente uma constatação ou descrição desses corpos, mas, no instante da nomeação, constrói aquilo que nomeia.
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Natalia Pietra Méndez (UCS)
A "descoberta" do segundo sexo: intelectuais brasileiras e suas aproximações com o feminismo
A comunicação abordará aspectos da trajetória de vida de três mulheres que, na década de 1960, atuavam em espaços sociais diferentes – academia, Igreja Católica e imprensa – e passaram a se identificar com o feminismo e a ocupar um espaço de destaque na construção e difusão do pensamento feminista no Brasil. Problematiza as aproximações de Heleieth Saffioti, Rose Marie Muraro e Carmen da Silva com o feminismo utilizando como fontes entrevistas e narrativas autobiográficas. O fio condutor escolhido para relacionar as histórias destas três mulheres é o momento em que elas se deparam com a leitura de O Segundo Sexo, de Simone de Beauvoir. A partir de suas memórias é possível problematizar os aspectos – subjetivos e conjunturais – que contribuíram para vincular as personagens ao feminismo.
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25/08 - Quarta-feira - Tarde (14h às 18h)
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Lia Zanotta Machado (UnB)
Deslocamentos de práticas e saberes feministas; interrogações brasileiras sobre estudos norte-americanos
Meu objetivo é refletir sobre as tensões entre saberes e práticas de sujeitos feministas em contextos periféricos e centrais. A crítica pós-colonial e pós-feminista ao feminismo dos anos setenta, pensado e criticado como ocidental e universalista é, paradoxalmente, produzida e divulgada nas áreas da produção dos saberes feministas e de estudos culturais situados nos contextos estadounidenses, que detêm um lugar de hegemonia na produção dos saberes. Enfatizo os efeitos dos contextos políticos americanos como efeitos “locais”, ainda que o “local” compreenda a posição hegemônica americana nas relações globais. Os estudos feministas pós-coloniais fazem a crítica ao neo-liberalismo; aos modos imperiais da política internacional americana no uso impositivo dos direitos humanos, e a crítica ao feminismo de organizações americanas de porte internacional , supostamente incapazes de perceber a diversidade cultural . O grande “outro” a ser incluído é menos a “diversidade das mulheres em lugares de subalternidade” e mais a “diversidade cultural”. O risco é esquecer as propostas contínuas das lutas subalternas de mulheres, homossexuais e anti-racistas dos mundos periféricos, como os latino-americanos, na elaboração, tradução e sustentação da noção de direitos humanos.
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Liliam Litsuko Huzioka (UFSC)
Diálogos entre colonialidade e feminismo: para uma abordagem latino-americana
Pensar a questão da opressão de gênero a partir da realidade concreta latino-americana, periferia do sistema-mundo colonial/moderno, requer ir além da abordagem hegemônica que as contribuições teóricas produzidas nas academias por ora nos trouxeram. Exige desconstruir modelos e formas de pensamento que enxergam o sul como exótico ou, no máximo, mero produtor de literatura; pressupõe enxergar o conflito entre centro e periferia, as relações de dominação e dependência que se construíram historicamente; imprescinde de uma reflexão crítica e radical sobre a nossa produção de conhecimento. Impera, pois, superar a colonialidade em todos os seus níveis e momentos.
Consideramos necessário atentar à invasão européia ao continente americano para analisar a opressão do homem sobre a mulher em um contexto com particularidades que nos fazem ser distint@s. Como a imposição de uma cultura, de um modo de pensar, de agir, de uma religião, costumes, modo de produção, tudo isso produziu violências que se reproduziram ao longo dos tempos e ganhou contornos de naturalidade.
A análise cruzada das temáticas busca demonstrar a necessidade de produção de teorias atentas aos problemas nossos, com vistas à produção de uma base teórica que sirva para uma prática concreta.
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Simone Pereira Schmidt (UFSC)
Mapeando as intersecções gênero/raça na produção feminista brasileira
Este trabalho pretende realizar um levantamento do corpus teórico, produzido e publicado no Brasil nos últimos 30 anos, sobre as intersecções entre gênero e raça. O recorte cronológico se justifica pelo fato histórico de que, a partir do final dos anos 70 e da década de 80, tem início no Brasil o movimento feminista, de forma intensiva e continuada, o que resulta na produção crescente, em termos acadêmicos, de estudos dedicados às teorias feministas e à aplicabilidade da categoria gênero.
O levantamento será realizado com base em pesquisa de artigos publicados nos principais periódicos dedicados aos estudos de gênero e às teorias feministas no meio acadêmico brasileiro, ou seja: a Revista Estudos Feministas (UFSC) e os Cadernos Pagu (UNICAMP).
Através deste mapeamento, proponho uma reflexão sobre o percurso, no Brasil das últimas décadas, dos debates em torno das intersecções gênero/raça, articulação teórica de grande importância para uma reflexão sobre temas como racismo, desigualdade, violência, mestiçagem, que perpassam a história do nosso país e dão suporte, atualmente, a importantes transformações na sociedade brasileira.
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Sônia Weidner Maluf (UFSC)
Os feminismos brasileiros e suas margens
Pretende-se situar algumas questões do feminismo brasileiro contemporâneo como contexto para uma discussão crítica sobre formas centrais e formas periféricas do feminismo, ou entre o que é definido como central e o que é mantido em suas margens. É possível se pensar o campo feminista hoje como um território plural e diverso, que inclui não apenas organizações, grupos, redes, movimentos e ONGs voltadas para pautas específicas, mas também uma intensa atividade acadêmica e pela integração de uma pauta de reivindicações feministas nas políticas públicas e na criação de órgãos governamentais, cujo marco foi a Constituinte de 1988. Mais do que uma sociedade pós-colonial, o Brasil é marcadamente uma sociedade pós-escravista, em que, apesar da narrativa que idealiza a nação a partir do mito da democracia racial, ainda vive internamente uma divisão social e econômica com fortes marcas étnicas, de classe e de gênero. As mulheres negras são a maioria esmagadora na linha ou abaixo da linha da pobreza, sendo as famílias matricentradas e matrifocais uma característica marcante das classes populares no Brasil. De que forma essas características específicas da sociedade brasileira têm sido representadas no mainstream feminista brasileiro é uma das questões críticas a se pensar.
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Marlene Teixeira Rodrigues (UnB)
Prostituição e feminismo – uma aproximação ao debate contemporâneo
Contemporaneamente, tendências contraditórias marcam o debate sobre prostituição e desafiam o feminismo e a sociedade em geral. Garantir os direitos das mulheres que vivem da prostituição a fim de superar as formas em que a opressão e a desigualdade de gênero se materializam, inclusive no que se refere à vivência do corpo e da sexualidade, são questões centrais nesse debate.
Este artigo discute esse processo, para refletir sobre o significado da prostituição na sociedade contemporânea e o estado da arte das políticas públicas para as pessoas que vivem da atividade. Este trabalho centra-se especificamente sobre o debate no campo do feminismo sobre prostituição no final do século XX e início do século. Isto é, nos concentramos em autores que, além de abordar o fenômeno em seu aspecto sócioeconomico, político e cultural, com especial atenção às relações de dominação e desigualdade entre homens e mulheres e a inserção dessas pessoas que vivem da prostituição. A partir desta visão geral se analisa as conseqüências dessas teorizações na formulação de políticas públicas para a prostituição (ALVAREZ & TEIXEIRA RODRIGUES, 2001; CHAPKYS, 1997, Edwards, 1997; O'Neill, 1997; Scambler & Scambler, 1997, Sullivan, 1997 ; TEIXEIRA RODRIGUES, 2003, 2009).
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Breno Henrique Ferreira Cypriano (UFMG)
Teorizando a perspectiva feminista no campo do conhecimento político: o trânsito dos conceitos, modelos e enquadramentos teóricos da política e do político
Partindo das discussões internas às teorias políticas contemporâneas e suas interfaces com a disputa conceitual sobre “a” política e “o” político, este trabalho propõe analisar o impacto e a centralidade das contribuições feministas ao campo do conhecimento político, resgatando ao mesmo tempo as críticas endereçadas aos principais temas, autores e conceitos dentro deste campo e ainda o desenvolvimento e discussão acerca de novos modelos e arcabouços teóricos, que destacam os aspectos masculinistas, elitistas, racistas, heteronormativos das teorias que eram (e que, de certa forma, ainda são) centrais para o mainstream (ou male-stream) deste campo do conhecimento. Logo, o artigo procura destacar e (re)conectar cinco eixos norteadores de deslocamentos e transição das discussões centrais nestas teorizações: (i) do mainstream (ou male-stream) do campo do conhecimento político para projetos desafiadores e críticos; (ii) da relação conturbada entre práxis e conhecimento para processos alternativos de conciliação entre estes campos; (iii) da política ao político; (iv) de modelos monistas e/ou binários para modelos complexos; e, (v) do global e universal ao local e contingente.
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26/08 - Quinta-feira - Tarde (14h às 18h)
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Carmen Hein de Campos (PUC - RS)
Violencia de gênero e o sujeito do feminismo criminológico
Este artigo argumenta que o espaço discursivo entre o feminismo e a criminologia se constitui em um lugar "engendrado", portanto não fixo, com fissuras e insterstícios. Um lugar capaz de permitir uma reflexão que rompa com as certezas discursivas que até então constituíram os sujeitos criminológicos, as práticas discursivas e as políticas criminológicas de ambos. A instituição da Lei Maria da Penha recolocou a discussão sobre um sujeito feminista criminológico essencializado. Discutir a possibilidade de uma nova posicionalidade do lugar do sujeito no debate da violência de gênero é o desafio proposto neste artigo.
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Cássia Reis Donato (UFMG), Marco Aurélio Máximo Prado
A pesquisa-militante na compreensão das lutas contra desigualdades étnico-raciais e de gênero
Este trabalho tem como proposta contribuir para a discussão sobre as possibilidades e limites da pesquisa-militante voltada para a compreensão dos processos participativos de mulheres negras, a partir do aprofundamento analítico sobre dilemas, transformações pessoais e trabalhos de negociação intra-grupal que sua posição metodológica cria. Para tanto, analisar-se-á a pesquisa de mestrado, em andamento, “A relação entre cultura e política nos processos de emergência de sujeitos coletivos – Um estudo militante sobre a Organização de Mulheres Negras Ativas, desenvolvida no âmbito do Núcleo de Psicologia Política da Universidade Federal de Minas Gerais. Trata-se de um trabalho realizado em um espaço de interseção entre as experiências de militância e de pesquisa, uma vez que a pesquisadora é também integrante do grupo em estudo. Pretende-se, a partir dessa experiência, discutir em que medida o trabalho de tradução de saberes proposto por Santos (2002) pode favorecer a articulação da Psicologia Social com as vivências e conhecimentos construídos na militância visando o reconhecimento de práticas e saberes em jogo nos diferentes espaços onde a ação política pode emergir como forma de se apreender a diversidade da participação de mulheres negras no cenário público-político.
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Nayla Luz Vacarezza (IIGG-UBA/CONICET)
Acerca de la opción por las mujeres en el contexto de un estudio sobre la vida subjetiva y corporal del género
El agonismo en torno de la identidad fundamental que podría articular teoría y política, lejos de ser tranquilizadoramente suspendido ha sido, al interior del feminismo, ciertamente radical. Recogemos ese legado crítico en el contexto de una indagación sobre modos corporizados de subjetivación en relación al género en la ciudad de Buenos Aires, para preguntarnos de qué modo sería posible continuar utilizando la categoría “mujeres” para delimitar el objeto de estudio desde una perspectiva que recoja los aportes del pensamiento crítico de la modernidad, con énfasis en la teoría de la performatividad del género de Judith Butler y la filosofía de las diferencias y la multiplicidad de Gilles Deleuze.
No se trata sólo ni principalmente de la diferencia de las “mujeres” en tanto tales, es decir, de su especificidad respecto de los “varones”, sino más bien de la diferencia creciendo y abriéndose paso al interior de las “mujeres” mismas. En este sentido, lo común entre subjetividades de “mujeres” no puede ser sujeto de una totalización sino de una composición conflictiva que sólo puede ser conocida enlazando singularidades que, siguiendo a J. Butler, performativamente se hacen y deshacen a través de un complejo trabajo de improvisación en un escenario constrictivo minado por el poder.
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Ana Paula Müller de Andrade (UFSC)
Uma experiência, muitas configurações: algumas considerações de gênero
A Reforma Psiquiátrica brasileira caracteriza-se por um processo complexo, responsável por um conjunto de transformações teóricas e práticas que tem como objetivo transformar a assistência psiquiátrica. Este trabalho visa discutir e apresentar alguns possíveis desdobramentos que tais transformações vem provocando na experiência subjetiva e objetiva das pessoas que participam deste processo, na condição de usuárias, tendo como foco as configurações de gênero presentes no mesmo. Para tanto, toma como ponto de partida os dados obtidos nos encontros com uma mulher, usuária dos serviços de saúde mental, com trajetória pessoal significativamente marcada pelas experiências de cuidado tanto no hospital psiquiátrico como nos serviços substitutivos a este, que teve o intuito de ouvir sua perspectiva quanto a sua experiência social com as mesmas. Tais encontros foram desenvolvidos como parte do trabalho de campo de meu projeto de pesquisa doutoral e também estão ligados as atividades da pesquisa “Gênero, subjetividade e ‘saúde mental’”. A partir dos mesmos é possível antever alguns aspectos como: a manutenção da cultural manicomial e o gênero como regimes de subjetivação que se desdobram nos modos de cuidar e buscar cuidados nos serviços de saúde mental.
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Marjorie Nogueira Chaves (UnB)
Perspectivas feministas e a construção do sujeito político “mulher negra”
A presente proposta para o referido ST tem por objetivo a discussão das identidades das mulheres negras dentro dos feminismos e dos movimentos negros como construto formado ao longo do tempo, através de mecanismos de subjetivação. O corpo é o lugar envolvido no estabelecimento e na reivindicação de uma identidade sexual, étnica, racial ou religiosa, portanto, um efeito não da genética, mas das relações de poder que nos constituem sujeitos históricos. Uma vez que os conceitos de sexo e raça são criados – não inerentes ao humano – categorizam os corpos, em termos de pertencimento/discriminação dentro das práticas sociais. As mulheres negras assumem responsabilidade por suas próprias identidades em sua pauta de luta no interior dos movimentos sociais, resistindo a pressupostos baseados na categoria unificada de “mulher” e abrindo espaços de discussão dentro de sua própria experiência.
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Cinthia de Oliveira Silva (UFPE), Luís Felipe Rios do Nascimento, Tacinara Nogueira de Queiroz (UFPE)
As virgens de Paraíso: socialização e controle da sexualidade de mulheres jovens evangélicas residentes em um bairro popular do Recife
O trabalho explora a socialização sexual de mulheres heterossexuais jovens de religião evangélica, residentes em um bairro popular do Recife-PE. A pesquisa apresentada foi embasada em teorias construcionistas da sexualidade e do gênero; e viabilizada por entrevistas com foco biográfico a seis mulheres entre 16 e 24 anos, além de observação participante na comunidade onde residem, aqui denominada Paraíso. Os resultados apontam que a socialização sexual das garotas se organiza a partir de dois lugares: as brincadeiras infantis, que positivisam os encontros eróticos entre meninos e meninas; e os dogmas religiosos, que preconizam a castidade sexual até o ingresso no matrimônio. Embora as entrevistadas se digam, no espaço público, virgens, todas elas já tiveram experiências sexuais penetrativas. Estas acontecem fora da comunidade, quando os parceiros sexuais não são conhecidos e/ou aceitos pelas famílias; ou dentro de casa, quando estão em namoro fixo. Não obstante, todas revelam certo grau de incomodo e culpa por vivenciarem a sexualidade, e medo de serem percebidas como não virgens. A análise aponta para uma violência simbólica espalhada por toda a comunidade que, ainda que se institua para controlar a sexualidade das meninas, não é suficiente para mantê-las castas.
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