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39. Gênero, Ambiente e Sustentabilidade |
Coordenador@s: Lígia Albuquerque de Melo (Fundação Joaquim Nabuco), Marcos Fábio Freire Montysuma (UFSC) |
Este Simpósio se propõe a discutir questões teórico-metodológicas em Gênero e Ambiente. Abordar interações nessa perspectiva buscando identificar a produção e a disseminação do etnoconhecimento constituído nas culturas das populações situadas nos diversos ecossistemas procurando entrever suas implicações e usos na vida cotidiana É espaço de discussões e disseminações de pesquisas que abordam a temática de gênero nas questões ambientais em diferentes disciplinas e perspectivas de abordagem. Nas questões ambientais essa temática vem ocupando lugar de destaque, particularmente a partir dos movimentos sócio-ambientais, sindicais e populares. Para o Simpósio proposto serão privilegiados estudos que contemplem Gênero e Ambiente perpassando nas temáticas: equidade social; poder; trabalho rural; conservação do ambiente; geração de renda; fome; pesca artesanal; reforma agrária; pobreza; agricultura familiar; segurança alimentar; desenvolvimento sustentável; sócio-ambientalismo; inclusão/exclusão social e políticas de estado.
Local: Sala 331 do CFH
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Resumos
24/08 - Terça-feira - Tarde (14h às 18h)
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Maria do Carmo Soares D'Oliveira (POSMEX/UFRPE-PDHC/MDA-RIMISP), Dayse Reis, Irenilda de Souza Lima (UFRPE)
A assistência técnica e extensão rural para o desenvolvimento territorial: da fundação “modernizadora” à abordagem de gênero no Sertão da Paraíba
Nosso artigo se refere à Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) no Território Sertão do Cariri, semi-árido da Paraíba. Tratamos o tema em três tópicos, no primeiro apresentamos histórico da ATER na região, discutindo o contexto político de sua fundação. Na segunda parte, analisamos as diferentes configurações que o exercício da assistência técnica tomou desde a sua fundação, em 1960, sempre discutindo o(s) lugar (es) ocupado(s) pelas mulheres nesse percurso. Partimos do exercício da Extensão Rural como um meio de acesso ao crédito na perspectiva da modernização da agricultura; percorremos as experiências dos projetos especiais como o Programa de Irrigação Nacional (PIN), o Projeto Sertanejo, nos anos de 1970; em decorrência do processo de redemocratização do país, chegou-se aos desenhos atuais com o Projeto Lumiar nos assentamento de reforma agrária no final dos anos de 1990, as demandas do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) e a proposição de Assessoria Técnica Permanente (ATP) apresentada pelo Projeto Dom Helder Câmara/MDA, nos anos 2000. Por fim, discutimos a importância da abordagem de gênero realizada no território, a partir de 2003, como algo que é realmente inovador frente aos desafios do desenvolvimento territorial.
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Lígia Albuquerque de Melo (Fundação Joaquim Nabuco)
A mulher agricultora: relação íntima com a água
No território rural a mulher trabalhadora da agricultura mantém íntima relação com a natureza. No rol dos recursos naturais, a água é um dos principais recursos utilizados por esta mulher. O manejo, a conservação e a gestão representam práticas adotadas pela agricultora, que cotidianamente utiliza a água para realizar atividades produtivas agrícolas, e para o abastecimento da unidade familiar, o consumo doméstico. O objetivo deste estudo é o de analisar como se dá a relação da mulher agricultora com a água na Região Semi-Árida do Nordeste, vulnerável ao fenômeno natural da seca. A incorporação de gênero pelos programas voltados para a solução da água na Região constitui também objetivo do estudo. Embora as mulheres agricultoras do Semi-árido tenham uma relação estreita com a água, desenvolvam várias atividades que necessitam do uso da água, sejam sujeitas ativas na convivência com os recursos naturais renováveis a exemplo da água, sejam mais diretamente afetadas pelos danos causados a água, elas estão à margem das decisões políticos, bem como dos processos técnicos adotados na Região, relacionados ao recurso natural água.
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Valdir Jose Morigi (UFRGS), Bernardete Bregolin Cerutti, Vera Teresa S Costa
Mulher, meio ambiente e modo de vida sustentável: um estudo sobre as práticas artesanais da região do Vale do Taquari/RS
O modo de vida sustentável é resultado de uma rede de relações, que dependem da transformação das práticas sociais a fim de minimizar os impactos da ação humana sobre o ambiente. Com o objetivo de compreender como as práticas do trabalho artesanal feminino auxiliam na vida cotidiana, na preservação do meio ambiente e, na construção de um modo de vida sustentável, este estudo analisou um grupo de mulheres, participantes da associação dos artesãos do Alto Taquari, localizado no Vale do Taquari/RS. O estudo de caso, realizado em 2009, permitiu a caracterização do contexto analisado, identificação do perfil das mulheres e do tipo de material utilizado e, quais as ações sustentáveis desenvolvidas pelas artesãs para preservar o ambiente. Conclui que o processo de produção artesanal produz conhecimento a partir da experiência com a utilização do material reciclado, aponta para um novo olhar e aprendizado em relação à preservação e o cuidado com o meio ambiente, onde as práticas do trabalho feminino exercem um papel fundamental.
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Tereza Almeida Cruz (UFAC / UFSC)
Mulheres quilombolas do Vale do Guaporé e suas relações com o meio ambiente
Este trabalho aborda como as mulheres da floresta do Vale do Guaporé, no Sudoeste de Rondônia se relacionam com o meio ambiente constituindo modos de vidas específicos e formas de poder a partir de seus conhecimentos tradicionais. A presença da mulher na constituição dos quilombos no Vale do Guaporé é algo quase ignorado pela historiografia regional. Se, de modo geral, os negros foram marginalizados pelo Estado e pela historiografia, as mulheres negras então é que ficaram silenciadas, sofrendo uma tríplice discriminação: por serem mulheres, por serem negras e por serem pobres. Assim, nos propomos a “desvirilizar” a história. A pesquisa de campo no Guaporé foi realizada em sete comunidades remanescentes de quilombos, onde realizamos entrevistas com mulheres e homens. Através de diálogos com esses depoimentos buscaremos perceber a construção dos saberes dessas mulheres, em suas interações em ecossistemas peculiares na Amazônia, como habitantes de florestas tropicais. Assim procuraremos compreender como elas, através de suas práticas cotidianas, de seus hábitos, de seus costumes, promovem o desenvolvimento sustentável, contribuindo para a continuidade da vida no planeta.
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Robson Laverdi (UNIOESTE/UFSC), Marcos Fábio Freire Montysuma (UFSC)
Relações de gênero e meio ambiente na pauta do movimento indígena
Apresentamos neste trabalho a emergência de discussões e valores de igualdade entre gêneros pautados por setores do movimento indígena, que ocorrem no âmbito de atuação da Coordenação da União das Nações e Povos Indígenas de Rondônia, do Noroeste do Mato Grosso e do Sul do Amazonas (CUNPIR). Valendo-nos de narrativas orais de mulheres indígenas investidas por papéis de liderança pelo e no grupo, acompanhamos suas formulações referentes à constituição de um campo de valores e lutas no interior desse movimento, no cotidiano das aldeias e na relação entre os indivíduos. Discutimos o sentido de expressão cultural, na luta política pela igualdade de gêneros no âmbito da experiência social, em que estas mulheres participam como forças ativas defendendo a continuidade da vida na floresta alicerçada em outros devires. Destacamos que a partir de uma experiência de pesquisa de História Oral mais ampla, com populações ribeirinhas do Rio Madeira, em Rondônia, exercitamos reflexões sobre a produção de interpretações, significações e representações da ação coletiva de e para mulheres indígenas. Isto se expressa tanto em relação à posição política que vem ocupando no interior do movimento indígena, como na vida cotidiana das aldeias e demais espaços onde interagem.
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Maria Albenize Farias Malcher (UFPA)
Somos quilombolas: a organização de mulheres negras rurais em Santa Rita de Barreiras
Neste artigo daremos visibilidade a organização de mulheres negras rurais em Santa Rita de Barreiras no município de São Miguel do Guamá, estado do Pará, onde no processo de construção do território quilombola emergem práticas e saberes espaciais de grandes relevância para o reconhecimento do território, que neste momento tem a sua dimensão política e de gênero na formação de “sujeitos políticos”.Dessa forma, a territorialidade é o elemento de construção da identidade da mulher quilombola, pois perpassa pela estreita relação do grupo com a terra e aponta a existência do trabalho coletivo e de práticas sócio-ambientais do cotidiano, com especificidades que revelam o sentido de pertença com o território.
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Bruna Vilas Bôas da Silva (UEM), Ivana Guilherme Simili (UEM), Heliana Marcia Santos (UEM - Cianorte)
“Maria Maracujá”: gênero e sustentabilidade na moda
Neste trabalho, apresentamos os encaminhamentos e os resultados do projeto desenvolvido junto aos segmentos femininos e pobres da cidade de Corumbataí do Sul (PR), o qual tem por fio condutor as concepções de sustentabilidade na moda, articuladas com uma questão de gênero que é a geração de trabalho e renda para as mulheres que dele participam. Trata-se do projeto “Mulheres entre panos e sementes: produção de roupas e acessórios para o mundo da moda”, do qual participam as esposas, as mães, as filhas, as irmãs e outras categorias femininas, com vínculos com os pequenos e médios produtores rurais. Serão pontos abordados: 1) o modelo dialógico-cultural estabelecido com as mulheres para a valorização dos saberes e fazeres das artes de tecer e criar e como o conceito de gênero vem sendo empregado para pensar as práticas e as representações; 2) as noções de sustentabilidade na moda que estão orientando os diálogos e as estratégias criadas para o aproveitamento de retalhos de tecidos descartados pelas indústrias de confecção; 3) os mecanismos encetados para a geração de renda e a organização de uma cooperativa de moda sustentável, com a identidade “Maria Maracujá”.
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25/08 - Quarta-feira - Tarde (14h às 18h)
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Izaura Rufino Fischer (Fundação Joaquim Nabuco)
A barragem do Xingó: herança nefasta para as trabalhadoras rurais da circunvizinhança
Este trabalho versa sobre o programa de desenvolvimento no campo da energia hidráulica destinado particularmente ao Nordeste do Brasil. Tem como objetivo analisar a realidade das trabalhadoras rurais da área circunvizinha a barragem do Xingo. O texto está fundamentado em pesquisa empírica e material bibliográfico. A hidrelétrica contribuiu para gerar malefícios na área pesquisada, até mesmos naqueles municípios compensados, com royalty, pela geradora de energia. A pesquisa aponta destruição dos recursos naturais e a criação de desemprego nas áreas rurais circunvizinhas, cujas conseqüências recaem principalmente sobre as mulheres trabalhadoras e “donas-de-casa”. Diante da fatalidade do desemprego, homens chefes de família tendem a buscar alívio no álcool ou apelam para a migração, abrindo caminho para a prática da violência doméstica e a desestruturação familiar. As maiores prejudicadas são as mulheres que passam a assumir a responsabilidade pela manutenção da família e a conviver com a violência, num ambiente empobrecido, inclusive, em seus recursos naturais. Entende-se que a hidrelétrica do Xingó, deixou malefícios para aquela população e uma carga maior de sacrifício para as mulheres rurais da região pesquisada.
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Juliane Bazzo (UFPR)
A problemática da territorialidade na vila de pescadores de Barra de Ararapira (Ilha do Superagüi, Paraná): parentesco, gênero e religiosidade em um espaço em movimento
Situada na Ilha do Superagüi, Estado do Paraná, a vila de pescadores de Barra de Ararapira abrange um território em permanente mudança. Um processo erosivo natural fez com que seus habitantes desenvolvessem, ao longo de gerações, estratégias para transferir de lugar, de tempos em tempos, construções em terra e rotas de pesca. Em 1997, quando da ampliação do Parque Nacional do Superagüi, Barra de Ararapira foi incluída no interior dessa unidade de conservação, cujos limites são dados por coordenadas fixas que pouco combinam com a mobilidade do território da vila. Ocorre assim o choque entre duas racionalidades distintas: de um lado, uma população de forte vínculo com seu lugar graças ao trabalho constante da memória; de outro, uma política pública na qual parques nacionais são espaços de proteção integral, onde a ação humana é vetada para assegurar o futuro do planeta. O artigo mostra como laços de parentesco, relações de gênero e devoção religiosa operam enquanto linguagens nativas para reconstruir, ordenar e refletir sobre um território em constante transformação no decorrer do tempo. O texto ainda demonstra como esses elementos são acionados pelos pescadores na defesa territorial diante de iniciativas como o Parque Nacional, que colocam em risco o espaço por eles ocupado.
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Emanuel Luiz Pereira da Silva (UFPB), Marinalva de Sousa Conserva (UFPB)
A questão de gênero e o sentido do trabalho na vida das marisqueiras do estuário do rio Paraíba, Brasil
A pesquisa focaliza as imbricações contemporâneas no que concernem as relações de gênero e de trabalho, seu lugar na vida das mulheres pescadoras artesanais do estuário do rio Paraíba. A pesquisa objetiva dar visibilidade a atividade de cata do marisco, suas respectivas relações de produção e trabalho para o grupo que realiza essa atividade informal. Portanto, circunda sobre os sentidos do trabalho e seus desdobramentos enquanto atividade de sobrevivência e de preservação do meio-ambiente onde os mariscos vivem. A metodologia utilizada adentra a hermenêutico-dialética, optando como método de pesquisa e análise a história de vida. Desse modo, a partir da trajetória de vida e trabalho das marisqueiras, compreender as múltiplas determinações e sentidos da atividade de cata dos mariscos. A discussão espraia nas questões do trabalho informal e do trabalho produtivo e reprodutivo dessas mulheres demonstrando um quadro de desigualdades entre o universo masculino e feminino. As condições socioeconômicas revelam uma situação de desigualdades de gênero, de ausência dos direitos trabalhistas, típica das atividades informais no contexto brasileiro, soma-se a esse processo às questões socioambientais da atividade de pesca do marisco.
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Maria de Fatima Massena de Melo (UFRPE), Hulda Helena Coraciara Stadtler (UFRPE - NEGA), Marcilio José da Silva (UFRPE)
Culturas tradicionais e insegurança alimentar:um breve estudo da alimentação entre pescadoras
Pescadoras artesanais do litoral, agreste e sertão de Pernambuco mesmo realizando multiatividades para garantir a renda familiar vivenciam situação de Insegurança Alimentar. Pesquisa com pescadoras, utilizando formulário, oficinas de gênero e segurança alimentar, revela que a renda obtida com a pesca e outras atividades, representa longa jornada de trabalho. Revela ainda, a precariedade das condições necessárias para garantir a soberania alimentar. Os alimentos oriundos da pesca, tradicionalmente preparados e consumidos por gerações pouco fazem parte do consumo alimentar das pescadoras, hoje. A Segurança Alimentar e Nutricional deve ser discutida na perspectiva do Direito Humano à Alimentação e da Soberania Alimentar, bem como da proteção as soberanas construções culturais. Isto significa questionar modelos de desenvolvimento agrícola no Brasil, que têm gerado pobreza, concentrado riqueza, degradado o meio ambiente e reproduzido as desigualdades de gênero, etnia e geração. Identificar e analisar causas da Insegurança Alimentar entre pescadoras artesanais foi o objetivo deste estudo. Concluímos que o processo de crescimento em áreas tradicionais de pesca é a principal razão dessa Insegurança.
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Angela Maria Trindade Paiva (UFPA)
Das águas do rio, as mulheres no movimento em defesa do Xingu:a resistência contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte em Altamira – Oeste do Pará
Complexas questões em torno dos conflitos decorrentes da construção de hidrelétricas envolvendo, por um lado, o Setor Elétrico brasileiro, e, por outro, seguimentos sociais tais como: povos indígenas, “populações tradicionais”, ribeirinhos, pescadores, populações das áreas urbanas, têm sido recorrentes nas últimas décadas. Em certa medida, podemos indicar que tais conflitos resultam dos modos contraditórios com que estes segmentos sociais vêem, vivenciam e usam a natureza e o seu ambiente. Motivada pelo interesse de aprofundamento das análises acerca destes conflitos no contexto amazônico, e de ampliar meus conhecimentos, sustentada na matriz interpretativa do fazer e do pensar antropológico, norteei a elaboração deste artigo tendo como foco o diálogo com doze mulheres que se constituem enquanto um grupo articulado em defesa do rio Xingu e, por conseguinte, contra a UHE Belo Monte, prevista para ser construída na região oeste do estado do Pará. Para este “Grupo de Mulheres do Xingu” a obra trará impactos ambientais e sociais, lidos por elas como negativos, sobretudo para as mulheres. Nessa direção, almejo compreender as peculiaridades que decorrem deste modo de ver e significar o mundo que as levam a fazer esta leitura e atuarem politicamente articuladas em defesa da natureza.
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Jeruza Jesus do Rosário (UNEB)
Marisqueiras e pescadoras: cultura e educação rumo à sustentabilidade
O artigo advém do interesse em analisar a importância do papel da cultura produzida por marisqueiras e pescadoras através de pesquisas desenvolvidas na Resex Baía do Iguape, reserva extrativista localizada no Recôncavo Sul Baiano.
Ao longo da década de 1990, as relações de gênero foram definitivamente incorporadas nas agendas nacionais e internacionais. Para as mulheres, isso representa um importante espaço de articulação política e de visibilidade, permitindo a construção de profundas mudanças na ordem natural, baseadas na justiça social e em inovadoras fundamentações educacionais.
Nas vivências dessa mulher trabalhadora na pesca, ela produz uma cultura sensível à questão ambiental que anima a valoração da vida e, consequentemente, norteia caminhos rumo à sustentabilidade. No sentido da sustentabilidade, o cuidado com o meio expressado por essas mulheres direciona a pesquisa para a relevância de aspectos culturais marcantes desta população e quais principais contribuições para a educação podem ser elencadas neste processo. Incorpora-se ao trabalho, o levantamento das histórias do cotidiano da mulher na atividade pesqueira feminina em seu espaço de vida, de vivências do mundo simbólico, da realidade dentro de uma área ambientalmente protegida.
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Luciene Assunção da Silva (UFBA)
Mulheres marisqueiras e o uso novas tecnologias no Recôncavo Baiano – Uma reflexão critica feminista sobre as intervenções do Estado em comunidades tradicionais
Esta comunicação propõe refletir à luz da critica feminista, que discute as relações de gênero a partir de atributos femininos construídos no mundo sócio e cultural pelos homens, ocidentais, burguês e brancos. Implicando no patriarcalismo, em relações de poder que hierarquiza os gêneros e consequentemente desvaloriza e subordina a mulher ao homem, principalmente pela sua maior participação na esfera do doméstico e do cuidado com os filhos, relacionando-a à natureza. O eixo analítico tem como ponto de partida um projeto de intervenção social implantado pelo Governo do Estado da Bahia, entre os anos de 2007 e 2008, em populações que sobrevivem da pesca artesanal no Recôncavo Baiano. O referido plano objetivou inserir na vida cotidiana das marisqueiras o “kit marisqueira”: um fogão, duas panelas e uma mesa. Porém, apesar de configurar como um avanço do Estado em desenvolver ações para mulheres, o “kit” se tornou um mero instrumento, em que apenas uma das suas partes, o fogão, ganhou maior relevância por substituir o gás e melhorar a postura física antes comprometida pelo uso do fogão à lenha cavado no chão. Nessa perspectiva, a execução do projeto não significou uma maior valorização do trabalho feminino e do produto no mercado, consequentemente em maior equidade de gênero.
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Hulda Helena Coraciara Stadtler (UFRPE - NEGA)
Mulheres na pesca artesanal de Perambuco: políticas sociais e ambientais do litoral ao sertão
Desde que experimentamos acompanhar os encontros estaduais e nacionais da pesca no Brasil (2004-2009) temos constatado a sua grande diversidade e buscado compreender questões de gênero em sua formação de identidade cultural e profissional. Este artigo é resultado de pesquisa acadêmica realizada com mulheres pescadoras no Estado de Pernambuco – Brasil . Ao trabalharmos com mulheres pescadoras desde o litoral até o sertão pernambucano nos deparamos com experiências que revelam atividades, uso de apetrechos e visões de mundo bem diferentes. Em nosso estudo tratamos de distintas localidades que apresentam elementos naturais e sociais importantes para a análise proposta. Nossa pesquisa contempla acompanhar as proposições atuais do movimento das pescadoras, os saberes sobre a natureza e a pesca, sobrevivência e ambiente, políticas públicas ou sociais que entrecruzam a vida dessas mulheres, questões de geração e segurança alimentar. Como já consideram alguns autores a atividade em comunidades pesqueiras apresenta em sua reprodução uma articulação entre processos sociais e problemas naturais
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26/08 - Quinta-feira - Tarde (14h às 18h)
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Rafael Mendonça (UFSC)
A filosofia ecofeminista holística de Marti Kheel
Nesta comunicação oral analisarei três artigos de Marti Kheel nos quais ela demonstra como o pensamento feminista pode lançar nova luz sobre a questão ambiental. Ela demonstra a existência de uma relação análoga entre a condição de submissão, exploração e violência contra a mulher e a condição que vivem os animais e a natureza. Afirma que o desafio ecofeminista é trabalhar com metáforas, imagens e a intuição, para pintar uma paisagem do mundo ao invés de criar teorias afiadas, não sendo possível falar da questão da ética sem admitir, antes de tudo, que já exista uma preocupação, um sentimento de cuidado pela natureza. Demonstra a necessidade de fundação de um novo holismo, o qual ela propõe as primeiras características.
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Maria Elisabeth Goidanich (UFSC)
Compras de abastecimento doméstico: responsabilidade privada e pública das mulheres
Consideradas por diversos autores “especialistas em consumo“, são as mulheres as responsáveis pelas compras de abastecimento doméstico em supermercados, nas quais valores, muitas vezes paradoxais, como o amor pela família e a responsabilidade ambiental, presentes nos diferentes discursos institucionais sobre o consumo, confundem-se (publicidade, governos, ONGs, etc).
Com base em uma pesquisa etnográfica sobre as práticas de compras em supermercados, realizada entre donas de casa de camadas médias da cidade de Florianópolis, o presente estudo discute as relações políticas que se estabelecem entre as esferas privada e pública nas atividades de consumo de abastecimento doméstico. Com suporte das teorias das práticas, dos estudos de gênero e dos estudos da cultura material, a pesquisa busca identificar as possibilidades de ação política no supermercado.
Para tanto, o trabalho também busca compreender a divisão das tarefas domésticas entre homens e mulheres e os conceitos de "consumo político", "consumo consciente", "consumo responsável" e "consumo sustentável", identificando de que forma esses conceitos estão presentes nas práticas cotidianas de compras das mulheres.
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Maria Teresa Arana Zegarra (Maestre Gênero. Especialista en Políticas Públicas - Peru)
Género y medioambiente: nuevas tensiones y desafíos para la política pública
La contaminación ambiental afecta la salud pública, vulnera el derecho humano a la vida, la salud y al agua, genera tensiones entre el modelo de desarrollo, la política pública y los derechos humanos. Estas tensiones son fuente de conflictos socio ambientales y sitúan a las mujeres frente a nuevos escenarios que incrementan su vulnerabilidad y la de sus familias. Sobre estas situaciones no se ha abierto el debate, ni se han propuesto políticas públicas que protejan los derechos económicos, sociales y culturales de las mujeres que son afectadas por la explotación y contaminación minera. Este artículo se basa en investigaciones que reconstruye las representaciones sociales de mujeres urbanas y rurales sobre la contaminación minera en zonas alto andinas de Perú.
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Rosana de Carvalho Martinelli Freitas (UFSC), Cristiane Coelho de Campos Marques (UFSC)
Questões ambientais e gênero: a participação da mulher em situações de desastre
As questões ambientais no século XXI deixaram de ser modismo, ou utopia de movimentos ambientalistas para se tornarem uma problemática societária que extrapola o local para se tornarem uma preocupação mundial. Este artigo, resultado parcial da pesquisa exploratória “Situações de Desastres: novas demandas e desafios ao trabalho interdisciplinar”, desenvolvida no âmbito do Departamento de Serviço Social/UFSC, compõe a Linha de Apoio, Capacitação da Sociedade Civil e Órgãos Governamentais na Prevenção e Atendimento de Ocorrência de Eventos Extremos, da FAPESC. A partir do depoimento de mulheres que estiveram nos alojamentos provisórios de Blumenau (após a enchente de 2008), e da análise qualitativa identifica os impactos do desastre sobre suas famílias e as formas como as ações implementadas pela administração municipal podem potencializar a desigualdade de gênero. Os resultados indicam que o impacto dos desastres na sociedade e a participação da mulher alcança patamares ainda conservadores, prevalecendo à visão tradicional de inserção. Espera-se contribuir com conhecimentos que subsidiem a capacitação de profissionais preparados para engendrar, com a participação da sociedade, uma perspectiva interdisciplinar e intersetorial no planejamento, execução, avaliação de uma política socioambiental.
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Daniela Rosendo (UFSC)
Olhares ecofeministas à ecologia profunda
O ecofeminismo é, para Ariel Salleh, uma vertente da política feminista que faz uma combinação lógica entre as preocupações feminista e ambiental, a partir da consciência aflorada nas mulheres, especialmente a partir da década de 1970. Salleh julga-se responsável pelo início do debate entre o ecofeminismo e a ecologia profunda. Para ela, diversos defensores dessa corrente esquecem a intenção original da crítica ecofeminista, que não tem intenção de descartar a ecologia profunda, embora, de fato, Salleh indique suas falhas, com base no ponto de vista da experiência das mulheres. A autora responde às críticas dos ecologistas profundos à visão ecofeminista proposta por ela, afirmando que as interpretações errôneas deles sobre o ecofeminismo resultam da participação no processo dialético senhor-escravo, oriundo do sistema patriarcal. No artigo, são tratadas as críticas e a argumentação utilizada pelas autoras ecofeministas, especialmente Ariel Salleh, à ecologia profunda, a fim de verificar sua consistência e contribuição à ética ambiental e ao movimento feminista. Conquanto as ecofeministas critiquem essa vertente do movimento ambientalista, Salleh acredita que uma futura simbiose entre a ecologia profunda e o ecofeminismo é possível.
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Izabel Cristina dos Santos Teixeira (UFT)
Refazendo "nós" numa terra arrasada: a prática ecológica no campo de refugiados
O foco deste trabalho é a representação de um dos espaços identificados no romance "Terra sonâmbula" (Mia Couto, 1992), que traz à tona a guerra civil em Moçambique (1976-1992), desencadeada por duas facções políticas que lutam por um mesmo fim: a conquista do poder político no país, após a independência colonial. O espaço a ser abordado, especificamente, neste caso, é um campo de refugiados, tanto no que se refere à sua perspectiva inicial constitutiva quanto à sua posterior reconfiguração, em meio ao conflito armado. Aí, o papel desempenhado por mulheres, a partir da ação emancipatória comandada por uma delas, encetará a redefinição do mencionado campo, o qual se organizará, aparentemente, como uma espécie de sistema ecológico autônomo, a abrigar inúmeras comunidades deslocadas, em fuga, com suas variantes práticas culturais. Diante do contexto apresentado, pretendemos articular nossa discussão com base na teoria ecofeminista, pela sua pertinência e contribuição para o debate sobre relações de humanos e de não-humanos no meio ambiente.
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Simone Lira da Silva (UFSM)
Reprodução das percepções de gênero dentro do trabalho com o lixo em Santa Maria, RS
Este trabalho trata das percepções de gênero criadas dentro do cotidiano de trabalho da associação de Reciclares Por do Sol (ARPS), em Santa Maria, RS. O trabalho de etnografia realizado dentro dessa associação durante todo ano de 2009, levou-me a questionar se estas formas associativas, fortemente vinculadas aos ideais de preservação ambiental e sustentabilidade são, efetivamente, uma opção para camadas pobres ou excluídas do mercado formal de trabalho. Também fez-me suspeitar que estas formas de trabalho poderiam estar reproduzir os históricos padrões de trabalhos baseados em supostas habilidade atribuídas a cada gênero. No grupo em questão, parecia haver, inicialmente, a pressuposição de que as mulheres eram menos aptas para o trabalho pesado e, por conta disso, deveriam de receber uma menor remuneração. Por conta desse tipo de comportamento, atualmente, a associação é composta somente por mulheres. Como elas ficavam vinculadas a associação por mais tempo, enquanto os homens iam e vinham entre um trabalho e outro conseguido fora da associação, acabaram adquirindo maior legitimidade para escolher quem seriam os novos membros e com isso optar por formar um grupo composto apenas por mulheres.
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