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72. Testemunho, gênero e memória do passado recente

Coordenador@s: Alejandra Oberti (Memória Abierta y Facultad de Ciências Sociales - UBA), Mariana Joffily (UDESC)
No conjunto de produções e falas sobre o passado recente destacam-se, por sua extensão e importância, aquelas que se apóiam em relatos pessoais, testemunhos e biografias. Estes tipos de narrativa encontram-se presentes em textos acadêmicos e jornalísticos, em filmes, na literatura e constituem peça fundamental para a elaboração interpretativa das experiências políticas e sociais, sobretudo daquelas determinadas pela violência e pela repressão. Por seu valor incontestável e por seu crescente desenvolvimento, foram fonte de reflexões, críticas e apropriações diversas. Por outro lado, as memórias e os testemunhos são atravessados por questões de gênero, ao refletir – ao mesmo tempo em que reforçam ou contestam – os papéis socialmente atribuídos a homens e mulheres. No cruzamento de todas essas temáticas, este simpósio propõe-se a reunir estudos e discussões sobre a construção da memória e sobre as armadilhas presentes em sua apropriação pela academia, problematizando as relações entre gênero, História e testemunho no passado recente.

Local: Sala 02 do CSE

Resumos


24/08 - Terça-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Mariana Joffily (UDESC)
    Memória, gênero e repressão política no Cone Sul (1984-1991)
    Essa comunicação tem por intuito abordar, sob uma perspectiva de gênero, os informes de violações aos Direitos Humanos conhecidos como Nunca más, redigidos no momento de transição das ditaduras militares para a democracia na Argentina (1984), no Brasil (1985), no Uruguai (1989) e no Chile (1991). Os Nunca más, a despeito da diferença das condições em que foram elaborados, permaneceram em seus respectivos países como marcos interpretativos do passado ditatorial, uma “memória emblemática”, extensamente documentada e assentada sobre uma preocupação de veracidade. A análise dos desses informes é efetuada tendo como foco as possíveis diferenciações de gênero da repressão política.
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  • Cristina Scheibe Wolff (UFSC/CNPq)
    Nacionalismo e gênero em movimentos de guerrilha dos anos 1970 : uma perspectiva comparativa entre Brasil e Argentina
    O objetivo deste trabalho é estabelecer uma comparação sobre a maneira como se entrelaçaram gênero e nacionalismo em dois movimentos de guerrilha que aconteceram no Brasil e na Argentina, nos anos 1960 e 1970: a Ação Libertadora Nacional (ALN) e o grupo Montoneros. Apesar de terem nascido em conjunturas nacionais diferenciadas, de terem projetos políticos diversos e serem de dimensões muito diferentes, estas duas organizações de esquerda tiveram ambas uma perspectiva voltada para o nacionalismo em seu discurso, e se propuseram a fazer a guerrilha revolucionária para livrar seus países respectivos da Ditadura a que estavam submetidos. Utilizando documentos das organizações e depoimentos de militantes destas e de outras organizações, vou partir de uma discussão sobre como essas organizações se utilizaram de discursos nacionalistas, invocando para isso elementos que constituem as masculinidades nos países do Cone Sul, e depois tentarei encadear esse argumento com as conseqüências destes discursos nas práticas destas organizações guerrilheiras de fins dos anos 60 e início dos 70 com relação a suas militantes mulheres.
  • Rosa Marisa Ruiz (Facultad de Humanidades, UDELAR,Uruguay)
    De esto no se habla. Los silencios sobre las rehenes de la dictadura uruguaya
    Este trabajo tiene dos objetivos, el primero es " traer a la vida, resucitar" la historia de 11 mujeres pertenecientes al Movimiento de Liberación Nacional, (Tupamaros) de Uruguay, que estuvieron presas en una situación irregular durante 3 años ( 1973-1976) en diferentes locaciones militares. Allí fueron aisladas, maltratadas y amenazadas, hasta que nuevamente son trasladadas a la cárcel de mujeres de Punta Rieles, porque una de ella se embarazo. La invisibilidad de este episodio, contrasta con la presencia e importancia, recogida en múltiples relatos, de los avatares de 11 hombres del MLN que también fueron rehenes, desde 1973 hasta 1984. Uno de ellos es el presidente electo uruguayo Jose Mujica. Pretendemos reflexionar sobre el ocultamiento de la situación de estas mujeres, en la narrativa histórica y en las memorias que se produjeron en los últimos años. El segundo objetivo es trabajar sobre los tiempos de las memorias y sus diferentes características en los relatos de hombres y mujeres ex' presos y presas políticas. Analizando la producción literarias apreciamos diferentes tipos de narrativa , con distintos tiempos. Hombres y mujeres cuentan sus experiencias de diferente manera y forma. Los porque de estas estrategias es el meollo de nuestra investigación.
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  • Deusa Maria de Sousa (UFSC)
    Narrativas de familiares de desaparecido(a)s políticos do Araguaia no pós-anistia
    Esta comunicação pretende discutir, através da metodologia da historia oral, algumas narrativas de familiares de desaparecidos políticos do Araguaia acerca dos múltiplos sentimentos conflituosos que acometeram os familiares de desaparecidos políticos do Araguaia a partir no pós-Anistia, quando deram-se conta de que seus parentes estavam desaparecido(a)s.
  • Danielle Tega (Unicamp)
    Tramas da memória nos traumas da história: experiências e narrativas femininas sobre a ditadura civil-militar no Brasil
    A proposta deste artigo é observar a escassez de narrativas autobiográficas ou narrativas ficcionais baseadas nas memórias das mulheres que participaram das diferentes formas de resistência política à ditadura civil-militar no Brasil (1964 – 1985). Percebe-se que há significativa mobilização das mulheres na luta armada e nas situações de clandestinidade, tortura, morte e desaparecimentos de corpos, bem como nas atividades posteriores à militância guerrilheira. Tais situações destoam com a falta de narrativas literárias escritas pelas mulheres sobre esse período, cujas interpretações são monopolizadas pela escrita masculina. Tenta-se compreender a experiência de gênero na militância, o silêncio cultural imposto às mulheres durante séculos, e as trajetórias pessoais e políticas dessas mulheres como fatores que contribuem no paradoxo do testemunho de um período traumático, marcado pela necessidade e, ao mesmo tempo, pela impossibilidade da narração.
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25/08 - Quarta-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Dayane Rúbila Lobo Hessmann (UFPR)
    Mulheres vermelhas: a escrita masculina sobre a mulher comunista durante a ditadura civil- militar brasileira (1965-1985)
    A mulher comunista nos anos ditatoriais brasileiro é objeto recorrente em pesquisas das Ciências Humanas. Interessantes estudos já priorizaram a atuação da mulher em partidos de esquerda, em movimentos revolucionários urbanos, na luta armada rural, entre outras temáticas. Nesses estudos nota-se uma predominância da memória e do testemunho da resistência, ou seja, de mulheres e homens que combateram a ditadura. Todavia, é preciso lembrar que a direita, aqueles que defenderam o regime autoritário igualmente produziram memórias e interpretações sobre esse passado. Assim, a mulher comunista também permeou o discurso da direita conservadora e legitimadora do governo ditatorial. Nesse sentido, esta comunicação tem como objetivo analisar o discurso do General Ferdinando de Carvalho, em seu livro Os Sete Matizes da Rosa de 1978 sobre a mulher comunista. Portanto, será seu olhar de homem (marido-pai) conservador e militar defensor da ordem que se enfocará nesse trabalho, observando as relações de gênero e poder.
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  • Mateus Gamba Torres (UFRGS)
    A Operação Barriga Verde e as mulheres: processos e repressões
    Estudar-se-á neste trabalho o envolvimento das mulheres na Operação Barriga Verde, tanto no papel de esposas dos réus e como de rés no processo acima mencionado. Para isso foram estabelecidas previamente diversas questões a serem trabalhadas tais como: Como eram vistas estas mulheres no processo, pelos julgadores, pelo inspetor da Polícia Federal, pelos advogados e pelos membros do Ministério Público? Elas seriam tratadas de forma diferente pelas pessoas que atuaram no processo judicial? Como era vista a “mulher comunista”? As esposas dos réus sofriam também algum risco de serem presas? Como eram os depoimentos destas esposas na tentativa de inocentar seus maridos? Tais questões serão analisadas tendo por base o processo judicial da Operação Barriga Verde e a bibliografia que trabalha a questão da participação da mulher durante o período ditatorial.
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  • Sofia Débora Levy (UFRJ)
    Testemunhos da Shoah: para além da distinção de gênero
    A partir da amostragem de dez histórias de vida colhidas para a pesquisa de Mestrado/ UFRJ, "Repensando o Ser: uma análise metaprocessual dos relatos de sobreviventes do Holocausto" (LEVY, 1996), uma concepção universalista dos relatos foi colocada em xeque. A diferença de gênero se faz presente na estrutura dos relatos: extensão, concisão e síntese apontam para uma revisão do perfil masculino/feminino quanto à elaboração do discurso no que diz respeito a lembrar, sentir, expressar. Nesse sentido, esta comunicação proporá algumas hipóteses para reflexão sobre a validade dessas marcas diferenciadoras, frente à ênfase universal para além da distinção de gênero, em especial, nos testemunhos de sobreviventes da Shoah.
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  • Artur de Vargas Giorgi (UFSC)
    Nascer, o exílio
    Em "Tudo é exílio" (publicado em 14 de nov. de 1998, na Folha de São Paulo), Davi Arrigucci Jr. resenha "Rabo de Foguete", livro de memórias dos anos de exílio publicado por Ferreira Gullar em 1998. Nessa resenha, Arrigucci Jr. afirma que na clandestinidade “se procura anular a própria identidade física para que o íntimo da pessoa consiga sobreviver num dia-a-dia muito diminuído”. Nesse sentido, para ele há uma fronteira bem marcada entre o interior e o exterior do corpo, do território, com o que se pode intuir que toda relação que implique o homem corra o risco de restar simplificada na oposição forçada entre o dentro ou o fora (lógica que se estenderia em oposições como sujeito ou objeto, próprio ou impróprio, direita ou esquerda, democracia ou totalitarismo, etc.), anulando a complexidade dos contatos que constituem a indecidibilidade contemporânea, seus limiares. Com Derrida e Jean-Luc Nancy, diferentemente, o exílio - e a clandestinidade, e então a experiência de Gullar - pode vir a ser não "o inferno em que pode de repente virar o mundo todo", como teme Arrigucci Jr., mas a existência mesma, em que "el yo como exilio" está desde sempre começado em cada corpo, "como apertura y salida, salida que no sale del interior de un yo, sino yo que es la salida misma", como afirma Nancy.
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  • Tiago Ribeiro dos Santos (UFSC)
    O calvário e o apocalipse na obra de Paulina Chiziane
    A escritora moçambicana Paulina Chiziane é um dos grandes nomes das literaturas africanas de língua portuguesa da atualidade. Em seu romance Ventos do Apocalipse (1999) o leitor tem acesso à violência da guerra civil em Moçambique, ocorrida nos anos posteriores à independência do país. Nossa proposta é investigar de que forma a História contribui para a leitura do romance, a partir de um estudo sobre o testemunho como forma de recuperação da memória traumática. Além disso, veremos como a escritora constrói um projeto de moçambicanidade calcado na experiência diaspórica das mulheres, sempre em tensão com o poder dominante. Para isso, utilizaremos as teorizações de Giorgio Agamben sobre o testemunho, bem como as formulações psicanalíticas de Freud no seu texto Luto e Melancolia.
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  • Natália de Santanna Guerellus (UFF)
    Vae Solis: cultura política e a trajetória de Rachel de Queiroz
    A trajetória pessoal e profissional de Rachel de Queiroz (1910-2003) tem despertado a atenção de pesquisadores desde pelo menos a década de 1990, em parte pelo desenvolvimento dos estudos de gênero no ambiente acadêmico e também pelo reconhecimento da importância da memória da autora. Sua história confunde-se muitas vezes com a história do próprio país, se pensarmos na inserção da mulher no mercado de trabalho, nos movimentos políticos de esquerda no começo do século XX, nas formas de governo até o Golpe Militar e mesmo adiante, nas diversas correntes literárias, no desenvolvimento do jornalismo, etc. Todos estes temas foram de alguma forma vividos e apreendidos pelo olhar de Rachel de Queiroz e transmitidos, seja nos seus textos de ficção ou através de sua memória. Articulando ambos os aspectos procuramos nos debruçar sobre a trajetória política da autora cearense, desde sua inserção no ambiente literário dos anos 20/30 - quando integrou movimentos comunistas e trotskistas, até 1964, quando apoiou a então chamada “Revolução”. Para isto, utilizaremos como fonte a produção da autora entre 1927 e 1964 – incluindo romances, crônicas, peças de teatro e algumas poesias e artigos esparsos – além de livos de memória, biografias, correspondências e artigos de terceiros sobre a autora.
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  • Lúcia Arrais Morales (UNESP - Marília)
    Lota de Macedo e Elizabeth Bishop: projetos interrompidos
    Essa comunicação examina o trabalho biográfico "Flores Raras e Banalíssimas" de Carmen Lúcia de Oliveira, doutora em literatura, sobre a história do relacionamento entre a urbanista carioca Lota de Macedo Soares e a poetisa americana Elizabeth Bishop. Oliveira utiliza material empírico oriundo de entrevistas com artistas, políticos, escritores e jornalistas, cartas e artigos de jornais e revistas. Com isso, apresenta um cenário do Brasil pré-golpe militar de 1964. Através desse contexto, aparece a geração que se constituiu no período do Estado Novo e foi dotada de um ideário para fazer do Brasil uma nação ocidental civilizada. Oliveira situa politicamente os limites drásticos vividos por Lota de Macedo nas disputas pelo projeto do Aterro do Flamengo com o arquiteto/empresário Sérgio Bernardes e o paisagista Roberto Burle Marx. Essa comunicação visa demonstrar que a categoria gênero e a questão da homossexualidade comandaram a hostilidade vivida por Lota para destituí-la da autoria daquele projeto, bem como de sua execução. Além disso, demonstra ainda que dessas duas fontes, gênero e homossexualidade, partiu uma ação sobre a memória nacional para creditar a Roberto Burle Marx a autoria daquele espaço público na cidade do Rio de Janeiro.
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  • Maria Thereza Avila Dantas Coelho (UFBA)
    Violência simbólica, testemunho e reinvenção de si: a questão da identidade a partir de Louise Bourgeois
    Este trabalho discute os efeitos da violência simbólica, a partir de depoimentos da escultora Louise Bourgeois, que na década de 40 migrou de Paris para Nova York. Para tanto, utiliza um livro de depoimentos da artista, que reúne uma série de entrevistas, desenhos e escritos produzidos por ela ao longo de sua vida, inclusive trechos de um diário que começou a escrever aos 12 anos de idade. Inicialmente faz uma breve apresentação da sua biografia, mostrando como a decepção de seu pai quanto a seu nascimento como filha mulher produziu nela um sentimento de risco de morte e busca de sobrevivência através da arte. Podemos considerar tal situação como um risco de feminicídio? De que ordem? Posteriormente, o trabalho problematiza uma de suas obras, intitulada ‘A Destruição do Pai’, e seus efeitos considerados por ela como terapêuticos. Dialogando com fragmentos discursivos dessa artista, apresentados por ela em seu livro ‘Destruição do pai: reconstrução do pai’, o trabalho discute ainda as relações entre a violência simbólica, a identidade e a identificação. Por fim, analisa as relações entre o nome próprio, a obra de arte e a identidade, na perspectiva de que a obra de arte e a fama podem expressar uma reação contra a violência e configurar a identidade do artista.
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26/08 - Quinta-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Rosilene Almeida Santiago (EBMSP), Maria Thereza Ávila Dantas Coelho (UFBA)
    A violência contra a mulher na perspectiva de homens presos que cometeram o crime passional
    Cotidianamente, em nossa sociedade, deparamo-nos com diversas modalidades de violência contra a mulher, seja no lar, na rua ou nas organizações. O crime passional é uma dessas modalidades. Em nosso contexto brasileiro e local, os pontos de vista dos autores desse tipo de delito têm sido pouco investigados. Nessa direção, este estudo buscou analisar o que motiva os homens a cometerem crimes de lesão corporal, homicídio e violência psicológica com suas atuais e anteriores esposas, companheiras e filhos em tenra idade. Os dados foram coletados em prontuários e através de entrevistas realizadas em duas penitenciárias de Salvador/BA. Os resultados mostraram que vários fatores culturais e psíquicos motivam e contribuem para a ocorrência do ato criminoso, dentre eles o patriarcalismo, o machismo, as noções de masculinidade e virilidade, a idéia de defesa da honra, o uso de substâncias psicoativas, os sentimentos de rivalidade, ciúme, amor, ódio e a intolerância à traição. A oferta de assistência social e psicológica e a discussão em torno de alguns valores culturais podem contribuir para um reposicionamento dos homens diante das mulheres.
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  • Suely Gomes Costa (UFF)
    Memória dividida nas lutas por direitos reprodutivos. Niterói/Rio de Janeiro, anos 1970/80
    A autora, como militante feminista, em caráter testemunhal, problematiza a“memória dividida” (CONTINI; 1994) sobre ocorrências de lutas por direitos reprodutivos, nos anos 70/80, em Niterói e na cidade do Rio de Janeiro. Memórias forjadas em sua própria trajetória e nas de feministas de mesmos movimentos e geração obtidas através de história oral, permitem examinar a produção da “memória oficial” sobre esses movimentos, bem como sua crítica, destacando significados diversos atribuídos a acontecimentos partilhados na vida em comum.
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  • Joannie dos Santos Fachinelli Soares (UFRGS), Marta Julia Marques Lopes
    Gravidez e maternidade na adolescência em assentamentos rurais do Rio Grande do Sul
    Buscou-se conhecer e compreender, através de biografias, a (re)construção das vivências de gestação e maternidade na adolescência em dois assentamentos rurais no município de Encruzilhada do Sul / RS, considerando aspectos do coletivo comunitário dos assentamentos, dos grupos familiares e das situações relatadas de vida e saúde das adolescentes. O estudo desenvolveu-se a partir de uma abordagem qualitativa, sustentando-se no método biográfico. As testemunhas do estudo foram mulheres que vivenciaram/vivenciam gravidez e maternidade na adolescência. A coleta de dados foi através de entrevista biográfica temática. As biografias mostram trajetórias familiares de instabilidade e mudanças constantes, habitação e emprego precários. A aceitação da gravidez, pelas famílias das adolescentes, está diretamente ligada à condição do companheiro em “assumir” ou não a criança e a mãe adolescente. As mudanças decorrentes da gravidez e maternidade, relatadas com mais frequência, foram a perda de liberdade e o aumento de responsabilidade. Constata-se a ausência de políticas públicas e, consequentemente, de serviços dirigidos e adequados às especificidades nos assentamentos rurais. Esse cenário pode contribuir para a incidência de gravidez e maternidade precoces, sendo propício à reprodução das condições de pobreza das famílias e de desigualdades de gênero nas relações sociofamiliares.
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  • Andréa Branco Simão (PUC - Minas / CEDEPLAR)
    Se eu não tivesse me guardado...histórias sobre sexo e casamento nos anos 60
    O objetivo deste estudo é analisar, a partir de relatos de mulheres belo horizontinas que viveram sua juventude no final dos anos 1950 e início dos anos 1960, o significado do início da vida sexual e do casamento. Em particular, este estudo pretende refletir sobre como estes eventos influenciaram/influenciam a conformação da noção sobre o que é considerado um comportamento próprio do masculino e do feminino e sobre como afetaram/afetam as trajetórias de vida dos indivíduos.
    O material apresentado e analisado neste estudo é proveniente de seis grupos focais, realizados com mulheres de diferentes níveis de escolaridade e raça/cor, em Belo Horizonte, entre 2003 e 2004. O estudo foi encaminhado e analisado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais.

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  • Jorgetânia da Silva Ferreira (UFU)
    Memória, história e trabalho doméstico: a construção de identidades de trabalhadoras domésticas e donas-de-casa
    A presente proposta tem como objetivo discutir as imbricações entre gênero e trabalho doméstico, apontando a forma como essa vinculação marca a trajetória de donas-de-casa e trabalhadoras domésticas. O estudo parte do dialogo realizado por meio de entrevistas com mulheres do Triângulo Mineiro-MG, problematizando o processo de utilização de depoimentos orais na construção da narrativa histórica, tendo como referência a busca dos significados que as mulheres participantes da pesquisa atribuem às suas experiências. Destaca-se a (des)construção de identidades de mulheres, especialmente de donas-de-casa, que deixam de ter nas últimas décadas do século XX uma valorização social, ainda que conservadora, e passam a ser vistas como cidadãs de segunda categoria, desprovidas de direitos e desvalorizadas. Ao abordar a temática do trabalho doméstico e do emprego doméstico observa-se a centralidade dessa discussão para a superação da desigualdade de gênero, uma vez que a responsabilidade pelo trabalho doméstico permanece, em grande medida, na região estudada, sendo das mulheres, especialmente nos meios populares e menos escolarizados. .O trabalho discute ainda as tensões, conflitos e acomodações no interior do doméstico na relação entre patroas e trabalhadoras domésticas.
  • Sheila Ximenes de Souza (UNIR)
    Gênero, envelhecimento e as paisagens do medo
    Este trabalho é parte da pesquisa de Mestrado realizada no Programa de Pós-Graduação em Geografia, da Universidade Federal de Rondônia, intitulado “A velhice fora do Lugar: História Oral de Vida”, onde tínhamos como objetivo principal o desejo em identificar como mulheres idosas compreendiam o lugar vivido através de suas experiências e vivências, destacando quais suas percepções acerca do lugar, da condição que o envelhecimento proporciona, e ainda, da percepção sobre a condição feminina. A pesquisa foi realizada no período de 2007 a 2009, sendo desenvolvida através da metodologia da História Oral de Vida, por entendermos que dessa forma, contribuiríamos com a inclusão social, além de proporcionar o apoio ao direito de participação cidadã.
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