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43. Gênero, feminismo e a pesquisa tecnocientífica em contextos de diásporas, diversidades e deslocamentos

Coordenador@s: Carla Giovana Cabral (UFRN), Cristina Tavares da Costa Rocha (UTFPR-GeTec)
Este ST objetiva ser um espaço de discussão e reflexão sobre a atuação de pesquisadoras/es nos contextos contemporâneos marcados por diásporas, geradoras de diversidades culturais e deslocamentos. O foco é a produção, circulação e apropriação do conhecimento, desde a concepção de projetos de pesquisa, sua execução, divulgação científica em revistas acadêmicas, na mídia em geral e nos livros do ensino fundamental, médio e universitário, a partir de uma abordagem centrada nas relações de gênero e feminismo e Ciência, Tecnologia e Sociedade. Os fluxos migratórios estão contemplados e refletidos na escrita e no discurso científico e tecnológico de pesquisadores/as? Quais sentidos identitários constroem deslocamentos e diversidades nos contextos científicos e tecnológicos contemporâneos, ainda marcados muitas vezes por um pretenso universalismo? Como se dá a construção, difusão e apropriação do conhecimento científico nos contextos em foco, onde as relações de poder e as desigualdades de gênero muitas vezes se fazem presentes? Como pesquisadoras/es e cientistas atuam e refletem em sua escrita científica suas experiências migratórias, que resultam em deslocamentos, contato com subjetividades e alteridades diversas e respectivas relações de poder, sociais, culturais, econômicas? Como a informação científico-tecnológica é (re)apropriada e (re)significada nos mais diversos contextos por onde é divulgada? Como está a situação das mulheres nos contextos da investigação científica atualmente, tanto em campo de pesquisa, em laboratórios, em fundações e instituições de fomento à pesquisa? Podem as trajetórias de pesquisadoras/es e cientistas serem (re)pensadas e (re)construídas a partir das situações das diásporas, geradora de fluxos e deslocamentos transnacionais? Essas e outras questões afins são bem-vindas neste ST, que servirá como um fórum interdisciplinar de discussão e intercâmbio entre pesquisadores/as dos mais diversos campos do conhecimento.

Local: Sala 601 do CED

Resumos


24/08 - Terça-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Juliana Cardoso Pereira (UFPel)
    A produção de gênero no Instituto de Química da Universidade Federal de Pelotas
    Essa investigação é parte de um estudo que irá compor minha dissertação de Mestrado em Educação na Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). Propõe entender como se dá a produção de gênero no Instituto de Química da UFPEL. Escolhi este espaço porque fui formada nele e, durante o curso, percebi que, em algumas áreas do conhecimento, as mulheres são invisíveis, muitas vezes rotuladas de incapazes ou inferiores intelectualmente. Assim, há um direcionamento de profissões consideradas “adequadas” para mulheres. Na área das Ciências Exatas, como a Química, as mulheres se fazem presente, mas são invisíveis perante um modelo de Ciência masculina. Com intuito de entender como se dá esse processo no Instituto de Química da UFPEL, primeiramente foi realizada uma análise preliminar para coleta de informações sobre o Instituto e já nesses achados iniciais há indícios dessa produção da invisibilidade feminina, uma vez que o instituto conta com 12 professoras e 19 professores, sendo que apenas uma professora ocupa um cargo de chefia. É preciso compreender essa invisibilidade, essas relações de poder que cercam a carreira das mulheres cientistas. É necessário repensar o modelo masculino de fazer ciência.
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  • Gicele Sucupira (UFRGS)
    Em épocas de diasbolas e diasnúmeros: uma reflexão sobre a/os olímpica/os matemática/os em diásporas
    Comparando o fenômeno Diasbola, a migração e a diáspora entre jogadores de futebol, com as Olimpíadas de Ciências, principalmente, as Olimpíadas de Matemática, pretendo mostrar como as olimpíadas se inserem, muitas vezes, num projeto familiar que tem como prioridade a formação e a carreira profissional de jovens e crianças, principalmente, dos meninos e para e para realização deste projeto há uma freqüente circulação de jovens entre e fora da parentela, estudantes que vão moram com avós ou tias em São Paulo e até mesmo migrar para outros países como os Estados Unidos em busca de uma formação melhor. Números e bolas se aproximam na fala dos meninos que não só costumam fazer a prova no chute, como também justificam sua participação nas Olimpíadas vendo na Matemática ou na Engenharias uma das possibilidades de carreira, incluindo nestas também o futebol, como também os deslocamentos feitos dos jogadores de futebol, os pés de obra e da/os estudantes olímpicos, futuros cientistas, ambos tidos como mão de obras especializadas. Este fato, caracterizado como roubo de cérebro, incita discussões sobre a própria política cientifica, que tem impulsionado a criação de Olimpíadas de Ciências, num contexto em que o local, o nacional e o global estão em constante tensão.
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  • Betina Stefanello Lima (CNPq)
    Na contramão dos discursos: entre “Ser Cientista” e “Ser Mulher”
    Este artigo é parte da minha dissertação de mestrado defendida na Universidade de Brasília, departamento de História – Estudos Feministas e de Gênero (área de concentração), em julho de 2009. Nesta dissertação, realizo uma análise qualitativa dos mecanismos de inclusão subalterna das mulheres nas ciências, neste caso, na área de conhecimento: física. Esta reflexão é realizada a partir de dezenove entrevistas com físicas em variadas posições no sistema científico do Brasil, da participação no evento “Second Iupap Conference on Women in Physics” em 2005 e da experiência como analista em ciência e tecnologia do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. A pesquisa foi orientada pelas teorias dos Estudos Feministas e de Gênero. As análises realizadas ao longo desta dissertação apontam para uma rede complexa de mecanismos que tem perpetuado a inclusão subalterna das mulheres no campo científico. Neste artigo, analiso o conflito entre os valores culturais construídos e exigidos para ser uma “boa cientista” e os requisitos considerados necessários para ser uma “boa mulher” dispostos nos discursos hegemônicos.
  • Gustavo Piovezan (UEM)
    Notas sobre o conceito de gênero e sua influência epistemológica na ciência
    O presente texto versa algumas considerações sobre epistemologia do gênero. Com o objetivo de analisar a influência do conceito de gênero nas ciências biológicas, inicio minha argumentação com base nas afirmações sobre o conceito de potencialidade epistemológica do gênero apresentado por Teresa de Lauretis (1994) e Tânia Navarro Swain (2002). Em contraposição a estas pesquisadoras, analiso as ideias apresentadas por outras teóricas, entre elas, Judith Butler, Rosi Braidotti e Londa Shienbinger. Em meio às diversas manifestações sobre o conceito de gênero nas ciências humanas proponho sua atuação como uma categoria de análise social, cujo campo epistemológico tem influenciado nas ciências naturais - de modo particular na ecologia, biologia molecular e genética. Desta maneira, questiono algumas atribuições epistemológicas da biologia e de seu estatuto ontológico de ciência e elaboro algumas considerações sobre uma economia epistemológica do conceito de gênero, especialmente no tocante ao ensino e à divulgação científica.
  • Renata Thereza Fagundes Cunha (SESI - PR), Flora Allain Carrasqueira (SESI - PR)
    Uma proposta para a equidade de gênero na indústria
    O Projeto Gênero como Potencial Estratégico para a Indústria, realizado pelo SESI PR, trata da elaboração de uma tecnologia social que oferecerá suporte para a indústria adotar práticas de gestão equitativas. Por meio do desenvolvimento de uma metodologia fundamentada em pesquisa científica, estudos de caso e seleção de boas práticas, pretende-se instrumentalizar a indústria para refletir sobre a equidade de gênero e a valorização da diversidade. O objetivo da metodologia construída no projeto é inserir a análise crítica a cerca da divisão sexual do trabalho e seus múltiplos fatores determinantes no ambiente industrial, de forma sistematizada, com o uso de linguagem e formato familiar para as organizações, facilitando a promoção, o ajuste e a implantação de procedimentos de gestão comprometidos com a distribuição igualitária de oportunidades. É transversal à temática abordada o uso de referências que tratam dos temas sustentabilidade e responsabilidade social, tão prementes na construção dos modelos de gestão e culturas organizacionais contemporâneos.
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25/08 - Quarta-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Joyce Luciane Correia Muzi (UTFPR), Nanci Stancki da Luz (UTFPR)
    Desvelando a história das mulheres na UTFPR
    A Universidade Tecnológica Federal do Paraná passou por diversas transformações ao longo dos seus 100 anos. Na sua fundação, como Escola de Aprendizes e Artífices, mantinha ensino profissionalizante destinado exclusivamente a meninos pobres. As matrículas femininas só ocorreram após várias décadas, associadas à oferta de cursos considerados femininos, como o curso de Decoração. Atualmente como Universidade está centrada na produção de conhecimentos e demonstra a ocorrência da democratização de acesso no que se refere a gênero. A participação feminina em instituições de educação tecnológica tem refletido em um maior número de mulheres na Ciência e Tecnologia. Este trabalho pretende trazer à tona parte da história da UTFPR sob a perspectiva da participação das mulheres. Faremos uma abordagem quantitativa do número de mulheres que participou das 3 fases determinantes na expansão e consolidação da Instituição iniciadas na década de 1970. A importância desse levantamento e reflexão está na possibilidade de visualizar a ação das mulheres num momento significativo e determinante da educação superior na região sul do Brasil, pensando que este ajudará na compreeensão da entrada e da participação delas na Universidade, assim como de sua atuação no ensino, pesquisa e extensão do país.
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  • Sileide France Turan Salvador (IFPR / UTFPR), Marília Gomes de Carvalho (UTFPR)
    Engenharia e docência: a problemática das relações de gênero
    Este trabalho respondeu aos objetivos: interpretar as relações de gênero entre docentes dos cursos: de Engenharia Industrial Madeireira da UFPR e Engenharia da Computação da UTFPR e analisar a representação destes docentes sobre as relações de gênero entre os discentes. Os conceitos apresentados foram: relações de gênero (LOURO, 1995, 2001, 2002; SCOTT, 1995), divisão sexual do trabalho (SILVA, 2003, 2006; HIRATA, 2002); as mulheres nas ciências (CABRAL, 2006; SCHEINBINGER, 2001); a construção do pensamento feminino e as relações de gênero e trabalho (TABAK, 2003); as relações de gênero, tecnologia e sociedade, (CARVALHO, 2004, 2006). As interpretações das entrevistas estão relatadas em categorias de análise como: estruturas ligadas ao mercado – formação e escassez; negação de conteúdos preconceituosos; conteúdos binários essencializadores de gênero decorrentes dos discursos; relações de poder- coordenação dos cursos, aulas, orientações, formações; trajetória profissional; a visão dos docentes sobre idade, casa, filhos, escolaridade, trabalho; a questão: outras opções que não a docência e caminhos abertos por novos sujeitos. Foram interpretadas as representações, essencializações, conteúdos binários e duais de gênero; a formação, inserção e permanência na docência e também as futuras gerações.
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  • Maria Rosa Lombardi (Fundação Carlos Chagas)
    Engenheiras e pesquisa científica e tecnológica no Brasil: construção das carreiras e desafios
    Qual é o lugar das mulheres nas atividades de pesquisa científica, tecnológica e industrial no campo da engenharia? Quais suas possibilidades de ingresso e progressão nessa carreira? Como as concepções sociais de gênero influenciam as suas carreiras? O objetivo do artigo é discutir essas questões, analisando, de um lado, estatísticas sobre a participação feminina no conjunto dos pesquisadores brasileiros e entre os pesquisadores nas engenharias e, de outro, recorrendo a depoimentos de engenheiros e engenheiras que trabalhavam em atividades de pesquisas tecnológicas, científicas e industriais no Estado de São Paulo.
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  • Luciana Rosar Fornazari Klanovicz (UFSC)
    Gênero e engenharias: estudo histórico quali-quantitativo da inserção, permanência e produção científica de mulheres no sul do Brasil
    Propõe-se, nesta comunicação, divulgar uma pesquisa que se encontra em fase inicial. Nela busca-se elaborar um estudo histórico quali-quantitativo sobre a presença, a permanência e a produção científica de mulheres na área de engenharias em instituições públicas no sul do Brasil nos últimos 40 anos.
    Os dados referentes às entradas de acadêmicas nos principais cursos de Engenharia e conseqüentemente sua permanência poderá nos indicar, ao longo do tempo, em que momentos a área passou a ser alvo de interesse por parte das mulheres. Tenta-se entender quando, como e por que esse processo se tornou mais visível.
    Uma pesquisa histórica quali-quantitativa, especialmente na área de Gênero e Ciência, permite conversações interdisciplinares e documentam como a relação entre o gênero e a ciência é recíproca e interveniada com mudanças históricas em diferentes tempos e espaços. Espera-se que esta comunicação inicie o debate e contribua para a construção de interpretações históricas que, no futuro próximo, subsidiem políticas públicas e futuras pesquisas sobre gênero e ciência e que possam abrir caminho sobre o próprio papel de pesquisas quali-quantitativas na História.

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  • Bruna Mendes de Vasconcellos (Unicamp), Lea Maria Leme Strini Velho
    Gênero e tecnologia em uma associação de mulheres rurais
    Este artigo analisa as relações entre gênero e tecnologia a partir da experiência de um grupo associativo de mulheres em um assentamento rural. Através de um resgate da experiência com produção de farinha de mandioca pelo grupo de mulheres analiso as tecnologias utilizadas e a maneira como foram moldadas e como moldaram seu trabalho. Para coletar os dados contei com registros escritos de sua história e também com um trabalho de campo de três meses quando acompanhei suas reuniões, a produção e realizei entrevistas semi-estruturadas com suas integrantes. A partir da análise da construção de tecnologias locais se evidenciam as formas pelas quais as relações de gênero e tecnologia se moldam mutuamente.
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