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40. Gênero, deslocamentos e militâncias

Coordenador@s: Alinne de Lima Bonetti (UFBA), Elisete Schwade (UFRN)
Entre os diferentes deslocamentos na contemporaneidade e seus reflexos na construção de identidades e convenções de gênero, esse ST tem como objeto aqueles decorrentes da participação em organizações coletivas, com enfoque na sua relação com gênero e militâncias. Partimos do pressuposto de que tais deslocamentos, sejam eles geográficos, sociais ou culturais, assumem características singulares, na medida em que inserem os sujeitos em redes de relações específicas, de acordo com as diferentes organizações coletivas, tais como grupos feministas, associações de bairro, movimentos sociais, partidos políticos, ONGs, núcleos de pesquisa, entre outros. Em vista disso, este ST tem como objetivo reunir análises sobre o campo de estudos de gênero e militâncias, que considerem as articulações entre diferentes movimentos sociais e ultrapassam fronteiras locais e/ou nacionais, e os sujeitos desses movimentos e suas trajetórias, no que se refere aos seus entrelaçamentos e diálogos com redes políticas nacionais e mundiais. Neste sentido, tendo em vista o cruzamento da categoria analítico-epistemológica gênero com as mais diferentes mobilizações sócio-políticas, o Simpósio pretende discutir, por um lado, trajetórias dos sujeitos e os impactos na construção das identidades de gênero e nas experiências cotidianas imediatas decorrentes da participação em processos políticos. De outro, busca debater a forma pela qual os deslocamentos oriundos dessas participações dinamizam as reflexões e práticas políticas locais, em especial as feministas, impactam as convenções sociais de gênero e o processo democrático mais amplo, a partir das trocas e conexões entre distintas abordagens e lugares das diferentes organizações coletivas em contatos viabilizados pela militância.

Local: Sala 332 do CFH

Resumos


24/08 - Terça-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Anelise Fróes da Silva (UFSC)
    Múltiplos ativismos, diversas identidades: lésbicas feministas em movimentos sociais
    Neste trabalho, fruto de pesquisa antropológica realizada durante o Mestrado em Antropologia Social na UFSC, são abordados os múltiplos pertencimentos no campo dos ativismos. Nosso objeto de estudo são mulheres que se identificam como feministas e lésbicas, e fazem parte destes dois movimentos na cidade de Porto Alegre, através dos quais elaboram redes de atuação com outros. Teoricamente este trabalho se fundamenta no campo dos estudos feministas e nos estudos sobre novos movimentos sociais. No primeiro campo, Mariza Corrêa (2001) e Miriam Grossi (1998) apontam para o caráter multifacetado do movimento feminista no Brasil, tanto no que se refere à atuação conjunta com outros movimento sociais, como a respeito das diferenças geracionais, de classe, étnicas. No campo dos estudos de Movimentos Sociais, a multiplicidade de pertencimentos e identidades tem sido analisada por Boaventura Santos (2001), que problematiza a pertinência dos sujeitos em vários movimentos, e também por Ilse-Scherer Warren (2008) que sugere que estes novos movimentos sociais são articuladores de heterogeneidades. De que forma os pertencimentos múltiplos e as várias faces do ativismo feminino são articuladas dentro de cada um dos movimentos, garantindo representatividade, é questão central desta comunicação.
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  • Andressa Passetti de Moura (Unicamp)
    Novos sujeitos no feminismo: a participação das transexuais no XI Encontro Feminista Latino Americano e do Caribe
    Este trabalho se propõe analisar as reivindicações de transexuais em participar do movimento feminista brasileiro. É no debate feminista que essas transexuais percebem refletidas suas ansiedades no que tange a discussão das questões de gênero e é no feminismo que encontram uma possibilidade de sujeitos políticos. Dessa maneira, acreditam ser de extrema importância participar na luta feminista para a conquista de seus direitos como “mulheres que vivenciam a transexualidade” e pela igualdade entre os gêneros. O trabalho toma como referência a pesquisa de campo realizada no XI Encontro Feminista Latino Americano e do Caribe, ocorrido em março de 2009 no México, sendo o primeiro encontro onde as transexuais puderam participar oficialmente, ou seja, reconhecidas como mulheres. Entretanto, as dificuldades das transexuais feministas para integrar-se no encontro apontam para algumas tensões no interior do movimento feminista e entre as transexuais do Brasil e dos outros países da América Latina. Desse modo, busco compreender quais são as reivindicações das transexuais como feministas e quais são os novos elementos colocados por esses sujeitos políticos ao se afirmarem como mulheres no movimento feminista brasileiro.
  • Elizabeth Ferreira Cruz (UFC)
    Mulheres rurais: identidade e militância
    O estudo objetivou identificar e analisar transformações nas identidades de mulheres rurais militantes de movimentos sociais no Ceará e apreender se o vínculo com o feminismo contribui para maior autonomia destas. A análise focou as experiências de militantes do Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais do Nordeste, do Movimento Sem Terra, do Movimento Sindical de Trabalhadores/as Rurais e de mulheres rurais não-militantes, identificando diferenças e semelhanças e indagar se a militância provoca transformações nas identidades e práticas cotidianas. Com base nas Teorias Feministas e no Marxismo, adotou-se a pesquisa qualitativa, com entrevistas coletivas e individuais, observação participante e análise documental. A pesquisa indica que a militância em movimentos, ainda que insuficiente para constituir as mulheres em sujeitos de si, contribui para que estas ajam em suas vidas, política e privada, com mais autonomia do que as que não militam. Ainda que haja semelhanças nas percepções as militantes mostram ter visão mais crítica sobre as transformações no campo e sobre as relações entre mulheres e homens, sobretudo, aquelas que têm vínculo com o feminismo. Entre estas, se constatou mudanças nas relações de gênero no âmbito familiar, com divisão mais equitativa do trabalho doméstico.
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  • Simone Andrade Teixeira (UESB), Sílvia Lúcia Ferreira
    Teoria e práxis do feminismo acadêmico
    O feminismo acadêmico é um importante protagonista da transformação social uma vez que a formação se apresenta como importante estratégia para o enfrentamento das assimetrias de gênero. O objetivo deste estudo foi verificar de que modo professoras universitárias identificadas como feministas se aproximaram do feminismo e as principais estratégias utilizadas para a formação. As entrevistas foram analisadas através da análise de conteúdo e os seguintes resultados foram obtidos: a principal forma de aproximação com o feminismo se deu através de contatos pessoais com feministas; os interesses acerca da sexualidade, reprodução e da saúde integral aparecem como temas que favoreceram a aproximação com o ideário feminista; a universidade foi o espaço preponderante dessas aproximações.
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  • Maureen H. Turnbull-Arbelo (Universidade de California, Santa Cruz), Kelly Boeira Dihl (UFRGS)
    Os “usos” de gênero nas experências de trânsitos entre a academia e a militância
    Atualmente a categoria gênero vem sendo cada vez mais utilizada dentro da academia e fora. Muito tem se discutido sobre os distintos “usos” de gênero e possíveis críticas tanto no campo acadêmico como no âmbito dos movimentos sociais e ONGs. Dessa forma, torna-se necessário questionar o uso, em vários espaços, de um conceito de gênero neutro e/ou fixo que esvazia o sentido político do qual é oriundo. Este trabalho tem como foco nossas experiências acadêmicas, no campo e como militantes nos movimentos sociais, sendo uma das pesquisadoras norte-americana ativista do movimento “anti-globalization”, cuja pesquisa de doutorado se situa no contexto do Orçamento Participativo em Porto Alegre e a outra cientista social pós-graduada e ativista de uma ONG de mulheres em construção, localizada na mesma cidade. Exploraremos as vantagens e desvantagens que temos enfrentados por assumir, acreditar e desenvolver um feminismo que articula o gênero num sentido mais amplo, e por vezes complicado, o qual compreende e trabalha com as interações, intersecções e contradições entre várias diferenças em contextos específicos.
  • Alessandra Almeida (Conselho Regional de Psicologia - CRP03), Darlane Andrade (UFBA), Helena Miranda (Conselho Regional de Psicologia - CRP-03)
    Relações de gênero e psicologia: ações no Conselho Regional de Psicologia 3ª. Região
    Esta comunicação objetiva apresentar discussões e ações de militância do Grupo de Trabalho “Relações de Gênero e Psicologia”, integrante da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Regional de Psicologia (BA e SE), em Salvador. O GT vem promovendo discussões e desenvolvendo ações de modo a questionar, a partir de uma perspectiva feminista, as construções que envolvem a categoria “gênero” e entender como a Psicologia vem contribuindo para essencializar diferenças entre homens e mulheres e reforçar estigmas gendrados. Considerando que as construções de gênero trazem implicações na subjetividade que precisam ser melhor entendidas e estudadas, também discutimos como a feminilização da Psicologia (formada eminentemente por psicólogas) repercute em relações de poder e na própria precarização da profissão. As ações do GT focam as problemáticas sociais atuais sobre o tema “mulheres e relações de gênero” e se realizam de forma transversal, considerando as categorias de classe, raça e orientação sexual. Dar visibilidade a essas questões é um dos propósitos que vêm sendo atingidos pelo GT. Trata-se do compromisso social da Psicologia que, como ciência do comportamento humano, tem muito a contribuir na área de direitos humanos e na desconstrução das desigualdades sociais e de gênero.
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  • Mabel Luz Zeballos Videla (UFRGS)
    Solteira, casada e divorciada. Sentidos militantes e relações de gênero nas trajetórias de três mulheres de uma rede de transmigrantes uruguaios em Porto Alegre
    O trabalho faz parte da pesquisa etnográfica para a tese de doutorado intitulada “Uruguayos, ¿dónde fueron a parar?”: imagens da memória, práticas cotidianas e trajetórias em redes transnacionais de uruguaios morando em metrópoles (Porto Alegre, Brasil/ Barcelona, Espanha/ Sydney, Austrália). Instigada pela trajetória de três mulheres envolvidas em diversas militâncias políticas e sociais, proponho uma análise das suas práticas e representações atentando para a dinâmica relacional entre gêneros que perpassam sua ação tanto no espaço doméstico quanto no público. Trata-se de três mulheres que partilham, embora desde lugares diferenciados, a pertença a uma rede de transmigrantes uruguaios de Porto Alegre, politizada e com certo grau de formalização das suas práticas. As três ocupam diferentes posições nos seus arranjos domésticos e familiares e encontram-se em diferentes momentos do ciclo vital. A princípio, a sua militância não teria um recorte de gênero e ficaria definida por outras construções identitárias, em particular a qualidade de migrantes. Portanto, a análise apontará para as formas nas quais a identidade de gênero, mesmo apagada ou invisibilizada, opera nas dinâmicas cotidianas junto aos outros atores dos espaços sociais dos quais participam.

25/08 - Quarta-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Nair Sutil (UEPG)
    Assentamento Araguaí: participação feminina e construção de sociabilidades
    Entendido como um dos movimentos sociais de maior expressão na história do Brasil o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra tem sido responsável pela re-alocação de diversos grupos e ou indivíduos em novos espaços. Seja nos períodos de acampamento e assentamento, ou de ocupaçao e desapropriação da área, inicia-se a formação da idendidade 'sem terra', na qual os sujeitos forjam novas formas de sociabilidades em torno das lutas e demandas tornadas comuns. A luta não somente em torno da terra, mas sim por educação, saúde, igualdade de gênero e vida digna em todas as dimensões tem sido uma das demandas mais intensas do MST. O presente trabalho aborda a questão do Assentamento Araguaí, localizado no município de Santa Maria do Oeste, Paraná e um dos primeiros do estado, datando sua criação de janeiro de 1987. Neste assentamento a presença feminina foi de fundamental importância, não apenas nos estágios iniciais do acampamento como posteriormente já na área desapropriada. As demandas por escola, espaços de lazer, local para culto religioso, enfim, organização da comunidade/agrovila teve a presença e a pressão constante das mulheres. A participação feminina ainda pode ser destacada nas relações estabelecidas com as comunidades vizinhas bem como na economia do assentamento.
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  • Rebeca Sobral Freire (UFBA)
    Participação política das mulheres jovens: Hip Hop e (novo) movimento social em Salvador
    Este trabalho resulta da pesquisa “A participação política das mulheres no movimento Hip Hop em Salvador (1997-2009)”. Seu objetivo é analisar as formas de participação política das mulheres no movimento sócio-político-cultural Hip Hop em Salvador/BA, em sua primeira geração na capital baiana. O estudo tem por base entrevistas semi-estruturadas realizadas junto à comunidade Hip Hop baiana no ano de 2008 a 2010 e se baseia na revisão crítica da teoria política e feminista. No contexto analisado, o Hip Hop se apresenta como um movimento social relacionado à diáspora negra ao que destaca aspectos das desigualdades de classe, gênero e raça. Essas mulheres militantes tem se utilizado das artes do Hip Hop para expressar a publicização de suas demandas por visibilidade e participação para com o próprio movimento social, a sociedade e o Estado, onde essa atuação representa um dos novos modelos de engajamento da juventude.
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  • Cecilia Espinosa (IIGG, Uba, UBACyT F603, PIP-CONICET 00565)
    Experiencias militantes, experiencias de género. Mujeres y espacio de mujeres en una organización “piquetera”
    En una amplia gama de recientes investigaciones, así como en la reflexión y estructuración dentro de distintas organizaciones sociales y políticas, se ha puesto de relieve a las experiencias de participación y politización como procesos sociales que son, constitutivamente, experiencias “generificadas”.
    A partir del trabajo etnográfico que vengo desarrollando para mi doctorado, centrado en las articulaciones entre relaciones de género y modalidades de participación y politización dentro de una organización compuesta mayoritariamente por Movimientos de Trabajadores Desocupados, me interesa abordar desde una perspectiva de género la experiencia de mujeres que se han llegado a considerar a sí mismas militantes. A partir de las entrevistas y la observación participante realizadas, focalizaré en el lugar otorgado al Espacio de Mujeres, instancia interna existente desde el surgimiento de esta organización. Recorrer en esta clave aspectos de la vida cotidiana y las emociones, así como los sentidos asociados al género y el feminismo, pone a prueba a este Espacio como un interlocutor “colectivo” disponible, y como un dinamizador sostenido de la discusión acerca de la necesidad de incorporar la problemática de género a la agenda de la organización.

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  • Renato Macedo Filho (UFBA), Fabiane Alves Regino (UFRPE)
    Mulheres, mães e movimento sem teto: o discurso maternalista e a construção da cidadania
    A intenção deste artigo foi discutir o processo de participação das mulheres no Movimento Sem Teto em Salvador/BA, evidenciando os motivos que permeiam a luta destas mulheres por moradia e a construção da cidadania que em grande parte se dá pela condição de mãe das mulheres. A análise sobre a engajamento das mulheres no Movimento Sem Teto em Salvador, visa compreender como estas participam deste processo de luta por moradia, já que a habitação pode ser entendida como uma necessidade coletiva em uma cidade que apresenta um significativo déficit habitacional, assim como em outras capitais do país. Observou-se, que neste processo de lutas, as mulheres desempenham atividades significativas para a manutenção do movimento, estão presente de forma ativa em diversas instâncias de atuação dentro do movimento, porém existe uma dicotomia entre o significado e efetivação da cidadania para mulheres e homens, devido a forte influência do modelo de cidadania construído na concepção liberal e patriarcal, que permite privilégios aos homens em detrimento das mulheres. Este processo tem reconhecido e universalizando as mulheres, principalmente, a partir da sua condição de mãe, o que as exclui das esferas de decisões e poder em movimentos sociais como o Movimento Sem Teto.
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  • Eladir Fátima Nascimento dos Santos (UNIRIO)
    Gênero e identidade - um estudo da participação feminina na organização política MR8
    Na década de 1970, praticamente em todo o mundo, o movimento feminino foi inovador em termos de reivindicações e propostas políticas. Buscou unir o público e o privado trazendo para o âmbito do político as emoções, sentimentos e relações familiares que antes eram entendidas somente como questões pessoais, subjetivas. No Brasil, que vivia sob a ditadura militar, as militantes das organizações da esquerda viam-se em meio a necessidade de afirmar a especificidade da luta feminista e a articulação da mesma com a luta mais geral da sociedade brasileira contra o regime. A proposta desse trabalho é apresentar algumas discussões e resultados parciais da pesquisa que vem sendo desenvolvida para tese de doutorado sobre as intervenções do MR8 no movimento popular. As mulheres que pertenciam ao MR8, em sua militância e na construção de suas identidades políticas, classificavam as suas atividades como pertencentes ao “Movimento de Mulheres” e não ao “Movimento Feminino”. Encaravam sua luta, sobretudo, como força auxiliar da luta geral contra o regime. Foram as principais responsáveis pela criação da Federação de Mulheres do Brasil e pela organização do III Congresso de Mulheres Paulistas, em 1981.
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  • Alexandra Pingret (UEL)
    A Marcha Mundial das Mulheres no contexto dos movimentos sociais contemporâneos: um estudo de sua composição visual
    Esta comunicação tem como objetivo apresentar a pesquisa de mestrado, em andamento, que busca estabelecer relações entre arte, política e gênero, estudando os elementos da composição visual e as principais características político-culturais do movimento feminista Marcha Mundial das Mulheres (MMM), no contexto dos movimentos sociais contemporâneos (Brasil, 2000 a 2010). Dentre as principais estratégias desse movimento estão aquelas que buscam provocar grande visibilidade através de mobilizações (marchas) públicas, nas quais utilizam de faixas, banners, estandartes, painéis, cartazes, bandeiras e a colcha de solidariedade global, entre outros materiais. Buscar-se-á na arte ativista (a qual pode ser reconhecida como manifestação artística que exprime orientação política) subsídios para a análise dessa composição visual, juntamente com uma bibliografia específica sobre movimentos sociais contemporâneos, movimento de mulheres, feminismo e gênero.
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26/08 - Quinta-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Andrea Lissett Pérez Fonseca (Universidad de Antioquia)
    Hierarquias de gênero na militância revolucionária: uma análise do Exército de Libertação Nacional da Colômbia
    O propósito desta comunicação é desvelar as relações hierárquicas de gênero que se vivem no interior de uma agrupação guerrilheira da Colômbia, surgida na efervescência da Revolução Cubana, e que, após 45 anos, ainda se mantém vigente: o Exército de Libertação Nacional. Confronta-se o discurso da organização que defende a igualdade social, mas que, na prática, conserva profundas assimetrias no interior da coletividade. Analisam-se as formas de dominação dos valores masculinos, na perspectiva dumontniana de hierarquia, que ajuda a compreender o fato que os valores do masculino não só dominam o seu contrário, o feminino, mas também o engloba; constituindo-se socialmente como valores totalizantes e referentes simbólicos de ambos os gêneros. No caso da guerrilha estudada, os valores masculinos “englobantes” se fundamentam na imagem do guerreiro heróico, imagem relacionada a uma série de atributos que a representam e a validam, tais como: ser “valente”, “corajoso”, “agressivo”, “forte”, “resistente”, “duro”. Esse é o modelo ao qual as mulheres guerrilheiras se devem “aderir”, se querem ganhar um lugar de respeito e reconhecimento. Discute-se, assim, a forma em que elas são impelidas a “masculinizar-se” para poder entrar na competência da guerra.
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  • Gloria Rabay (NIPAM - UFPB)
    Em nome do pai - Mulheres e herança política
    Este trabalho discute o processo de transmissão do patrimônio político familiar para as mulheres. A metodologia foi a análise textual da narrativa autobiográfica de doze mulheres, consideradas herdeiras de políticos na Paraíba. Os resultados apontam que, embora a família tenha um papel considerável no esteio do poder tradicional, o direito de herdar não é líquido e certo. Especialmente quando se trata das mulheres, o capital político, a ser transmitido, precisa ser conquistado. As mulheres conquistaram o direito à herança material, mas há motivos para se acreditar que ainda são poucos os investimentos familiares na preparação das mulheres para o êxito do “empreendimento de sucessão” (BOURDIEU, 1997) no âmbito político. Assim, com raras exceções, é através de suas próprias iniciativas que as mulheres surgem como herdeiras de legados políticos, uma vez que, em geral, não se prepara as mulheres para assumirem a liderança política. É depois de um longo processo de convivência e “treinamento” informal que as mulheres surgem como possibilidades para os processos eleitorais, muitas vezes enfrentando resistências internas. As “herdeiras” na política sabem, como ressalta Bourdieu, que “o grande desafio para um herdeiro é permanecer: criar sua marca e consolidar seu espaço”.
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  • Maria José Lopés de Carvalho (PUC - SP)
    Mulheres do Araripe: trajetórias de lutas femininas por um espaço político e de representatividade (1982-2004)
    Este artigo trata da trajetória de lutas das mulheres na região do Araripe, nos municípios de Simões – PI e Araripina – PE, na conquista por um espaço de representação política. A partir das narrativas orais é que se pretende mostrar como essas mulheres buscaram se inserir nos órgãos de decisão política dos municípios em questão. Antes, porém, esse trabalho empenha-se em seguir teoricamente à luz das categorias sobre território, gênero, família e patriarcalismo.
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  • Silvana Oliveira Souza (UFBA)
    A casa da mulher baiana: a audácia de uma persistência
    Entender a relação das mulheres com o poder é um dos objetivos desse trabalho. A partir das contribuições de alguns estudos à luz das teorias feministas, buscaremos ver como as mulheres, em um contexto das relações sociais de gênero, vivenciam, reproduzem, contestam ou subvertem o poder. Para tanto, é analisada no artigo, a associação feminina “Casa da Mulher Baiana”, uma sociedade civil, com personalidade jurídica própria, sem fins lucrativos, localizada em Salvador no Estado da Bahia, no final da década de 1980, na qual podia associar-se qualquer mulher sem distinção de cor, idade, classe, partido político ou religião, com a finalidade de estudar, pesquisar, elaborar projetos, promover campanhas e prestar assistência jurídica e psicológica, denunciando todas as formas de discriminação e violência relativas à problemática da mulher. Nessa perspectiva, as reflexões deste trabalho são motivadas pela preocupação em discutir o processo de organização dos movimentos de mulheres na luta pela participação aos espaços do poder público e institucionalizado, ressaltando a importância de políticas afirmativas que garantam a participação efetiva do sexo feminino no sistema político brasileiro.
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  • Shirley Aparecida de Miranda (UFMG)
    Articulações de gênero em narrativas de mulheres dirigentes sindicais
    O texto resulta de pesquisa desenvolvida no doutorado em educação que teve por objeto as narrativas de mulheres dirigentes sindicais inseridas no Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE)/ MG. Considera-se que a atividade sindical opera uma prática discursiva na qual se estabelece a regulação de comportamentos. O dispositivo política de gênero participa dessa prática discursiva. A partir da narrativa de quatro mulheres sobre sua inserção no movimento sindical analisam-se os deslocamentos produzidos frente à gramaticidade estabelecida pelo dispositivo política de gênero. Nas narrativas das dirigentes sindicais foram identificadas as modalidades da relação que estabelecem consigo mesmas – definir-se entre o âmbito público e privado, entre a intimidade e a política. Evidencia-se em que medida o encontro com referências que, no campo da cultura, problematizam o acesso das mulheres aos espaços de poder e a posse do corpo permitiu-lhes uma atividade original.
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  • Adilson de Souza Moreira (UDESC)
    A participação das mulheres no plano diretor participativo de Florianópolis
    A participação das mulheres no Plano diretor Participativo reflete a condição cosmopolita da sociedade florianopolitana, bem como o universo da militância feminina representada pela condição de membros de associações de bairro, entidades ambientalistas, universidades e do poder público. Este contexto apresenta uma diversidade de cenários em que as mulheres se inserem, dentro do processo de elaboração deste instrumento de política urbana que é o Plano Diretor, neste caso participativo. O protogonismo da ação feminina dentro do processo foi crucial para a elevado nível das discussões que ocorreram, durante a leitura comunitária, principalmente no campo das representações distritais. A experiência das mulheres, enquanto administradoras familiares e profissionais que vivem o cotidiano social, tanto no entorno do seu local de moradia, quanto no âmbito social mais amplo, apresentando uma vivência essêncial para a implementação das políticas públicas, visando o aperfeiçoamento e, conseqüentemente, melhoria nas ações de planejamento, a partir do seu bairro, abrangendo a cidade, em uma dimensão ampliada.
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