52. Literatura contemporânea de autoria feminina |
Coordenador@s: Ana Cecília Acioli Lima (UFAL), Paulina Palmer (University of London - Birkbeck College) |
Considerando que a literatura enquanto uma forma de representar e expressar realidades possíveis e imaginadas tem sido de fundamental importância para as mulheres, o objetivo deste simpósio é o de abrir um espaço de discussão/interlocução que reúna várias perspectivas sobre a diversificada produção literária de mulheres, nos dias de hoje. Buscam-se especialmente trabalhos que discutam como as múltiplas interseções do feminismo e dos estudos de gênero com classe, etnia, nacionalidade, e também com tendências culturais e críticas como o pós-colonialismo, o multiculturalismo, a teoria queer, por exemplo, vêm influenciando a literatura produzida por mulheres na atualidade.
Optou-se por realizar o simpósio em língua inglesa para que pesquisadoras de vários países possam inscrever trabalhos, contribuindo para a real internacionalização do Fazendo Gênero.
Local: Sala Drumond do CCE/B
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Resumos
24/08 - Terça-feira - Tarde (14h às 18h)
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Lennita Oliveira Ruggi (SECJ), Rosimeire Barboza da Silva (SECJ)
O ciclo das sedas e o nome das memórias: poesia contemporânea de Cristina Néry
Como tornar próprias as "ferramentas do mestre"? Longe de ser um meio neutro, a linguagem é um desafio e um dilema para as feministas contemporâneas. Cada vez mais conscientes e reflexivas, as mulheres que se manifestam através da escrita e fazem dela um instrumento (uma ferramenta) na contestação do patriarcado e da misoginia (re)descobrem as falhas no sistema, transformando rachaduras nas paredes da linguagem em janelas para um cenário de enunciação diverso e amplificado. A presente comunicação ambiciona compartilhar das estratégias e construções de Cristina Nery, tomando como ponto de partida sua obra "O Ciclo das Sedas". Poeta, pesquisadora e professora portuguesa, Néry subverte desde a pontuação até o sujeito de enunciação - fazendo da língua um jogo de montar quase colorido, sobrepondo (inter-pondo) uma nova imagem que desestabiliza a cada linha o quê seria o "nome" esperado para determinada coisa. Uma espécie de "memória da escuta" que distorce e re-significa a tradução fácil e homóloga, criando uma tensão, um significado atravessado por uma intricada rede de sensações e experiências que talvez venham de uma vivência mais íntima, extremamente pessoal e, assim, signo e significado se embaralham, fundando um novo código, uma nova leitura - uma nova escrita.
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Luciane Nunes da Silva (UNESA - RJ)
Escrita, experiência e memória: uma leitura de Becos da Memória, de Conceição Evaristo
A narrativa Becos da Memória, de Conceição Evaristo, publicada em 2006, fornece-nos importante material para reflexão sobre o modo como se constitui o discurso literário feminino afro-brasileiro contemporâneo. No referido texto, identificamos especifidades quanto ao tratamento das categorias literárias e à construção linguística, que serão analisadas à luz das noções de experiência, memória e história, a partir da teorização proposta por Walter Benjamim.
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Pilar Iglesias Aparicio (Professora Ensino Medio. Pesquisadora)
El silencio de las mujeres en Renée Ferrer, ¿libertad o sumisión?
Analizaremos las diferentes interpretaciones simbólicas del silencio de la mujer en dos obras de la escritora paraguaya Renée Ferrer: el relato corto El Ovillo y la novela Los Nudos del Silencio.
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Gastón Cosentino (UFSC)
A mudez, viva-voz. Leituras em relação ao silêncio da mulher e suas diversas manifestações culturais, como aporte à discussão acerca do gênero, a partir do conto Aves exóticas da escritora Reina Roffé
Não é frequente que a literatura faça possível falar do silêncio. Que horizontes de sentidos apareçam quando uma mulher seja falada por um(a) narrador(a), evidencia a possibilidade de que a literatura potencia o silêncio e descobre-o. A palavra literária legitima a potência do silêncio da mulher, mesma potência que é arte, em palavras do próprio Gilles Deleuze. Uma fonte que uma vez conectada, deixa falar ao mistério. O trabalho indaga e problematiza o binarismo silêncio/voz na literatura, especificamente no paradigmático conto Aves exóticas do livro homônimo, da escritora argentina Reina Roffé. A análise vai à busca da potencialidade do silêncio, amplificado até as possibilidades de dizer. O silêncio é abordado como uma entidade dinâmica: palavra-não-dita que se movimenta detrás de uma mulher que cala. A mudez como desterritorialização da palavra, em termos deleuzeanos, insta ao encontro de um novo território da consciência de mulher.
Outra arista desenvolvida nesta leitura é a rotulação “rara” e seu correlato com o conceito de raridade. Ambos os termos presentes em nosso inventário cotidiano ao devir em literatura, longe de se cristalizar, deixam suas pegadas expostas para problematizar o que entendemos e concebemos como uma raridade em relação aos sujeitos.
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Maria Gabriela Cardoso Fernandes da Costa (UFAL)
Vozes transgressoras em "Niketche: uma história de poligamia"
Primeira romancista moçambicana, Paulina Chiziane inaugura a sua carreira literária com o romance "Balada de amor ao vento"(1990). Considerando-se acima de tudo uma contadora de "estórias grandes e pequenas" inspiradas nos contos à volta da fogueira, Chiziane, numa proposta que lhe é peculiar de colocar sob o mesmo teto narrativo o tradicional e o contemporâneo, procura refletir sobre a sociedade moçambicana a partir de figurações do feminino e de elementos a ele associados, trazendo à tona assuntos polêmicos e controversos como o racismo, a assimilação, a prostituição, a poligamia. Em "Niketche: uma história de poligamia"(2002), Paulina Chiziane problematiza o papel da mulher no seio do sistema poligâmico através dos vários questionamentos protagonizados pelas próprias personagens femininas do romance. Pretende-se, neste trabalho, analisar de que forma as questões identitárias que vão sendo postas ao longo da narrativa pelas vozes femininas que compõem o universo de "Niketche" se constituem elementos denunciadores dentro de uma estrutura patriarcal, como uma abordagem de uma das possíveis faces da transgressão.
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25/08 - Quarta-feira - Tarde (14h às 18h)
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Alice de Barros Gabriel (UnB)
Confabulando heterotopias: as relações simbióticas entre teorias e ficções científicas feministas
Muito da ficção científica, centrada nas viagens , deslocamentos e estranhamentos entre culturas – pode ser caracterizado como experiências de pensamento , recurso tão utilizado nas filosofias. No caso da ficção científica feminista (FCF), essas experiências se direcionam principalmente para imaginação de situaçõesnão-patriarcais. O presente trabalho pretende pensar as conexões entre teorias ecofeministas/ecoqueer e os escritos de FCF, a partir da análise de novelas de Joanna Russ, Octavia Butler e Ursula Le Guin. Tais escritos podem surpreender em sua capacidade de afetar e desvelar terrenos férteis pra que se plantem heterotopias feministas, para que pensemos outras formas de nos organizarmos e nos relacionarmos umas com as outras e com o mundo. Porém, algumas perguntas devem ser feitas: que imagens generadas de natureza aparecem nesses escritos? Qual o espaço tais escritos dão para questionar a cis-heteronormatividade? Percebendo que não apenas a teoria feminista informa a feitura dos textos de ficção, mas também a ficção surge como uma fonte vívida para a produção teórico-filosófica (haja vista as apropriações que autoras como Donna Haraway fazem de obras de FCF) ouso propor que a fronteira entre filosofia e ficção é mais porosa do que parece. Juntas confabulam heterotopias.
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Amanda Priscila Santos Prado (UFAL)
Entre gênero, feminismo e utopia: as reconfigurações da maternidade em "Bloodchild", de Octavia Butler, e Woman on the edge of time, de Marge Piercy
Diretamente ligada ao projeto mais amplo intitulado “O utopismo literário de autoria feminina em língua inglesa: diálogos férteis com a crítica feminista, a antropologia e a biologia evolutiva”, a presente pesquisa buscou fazer uma análise comparativa entre o conto “Bloodchild” (1984), de Octavia Butler, e o romance Woman on the edge of time (1977), de Marge Piercy. Tendo como enfoque as ciências sociais, os estudos culturais e de gênero e a representação literária, a pesquisa estabeleceu eixos a partir dos postulados da crítica feminista e os conceitos de maternidade do ponto de vista da natureza e da cultura por meio de uma discussão analítica das narrativas e seu entrecruzamento com questões de identidade, poder e gênero. A perspectiva interdisciplinar da análise ofereceu subsídios para a observação de formas de configuração familiar ficcionais que rompem com valores culturais oriundos do patriarcado através da isenção do corpo feminino do encargo da procriação e da quebra do vínculo entre maternidade e natureza, ou seja, uma ruptura na configuração de poder que tende a aprisionar o corpo feminino na natureza por meio da cultura.
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Ildney Cavalcanti (UFAL)
O amor em tempos distópicos: corpos utópicos em The Stone Gods, de Jeanette Winterson
As ficções utópicas e distópicas de autoria feminina, mais notadamente as produzidas nos últimos quarenta anos, oferecem um espaço privilegiado para manifestações de (variados e paradoxais) meta-utopismos, ou utopismos críticos, com claras inflexões de gênero. Buscando refletir sobre as dimensões críticas utópicas recentes do pensamento feminista em suas implicações para as construções culturais de gênero, mais especificamente lançando um olhar sobre o romance distópico The stone gods (2007), da autora britânica Jeanette Winterson, a leitura proposta enfoca as metáforas relativas às representações de corpos distópicos e utópicos, eixos recorrentes nos discursos feministas da contemporaneidade. São observadas as representações dos corpos na ficção de Winterson em suas dimensões distópicas – corpos-objeto, corpos disciplinados (GROSZ, 2000) – e utópicas – corpos híbridos, resistentes, pós-gênero. A presente leitura apresenta também uma reflexão sobre o (não)lugar construído pelo discurso amoroso (BARTHES, 1991), espaço de união dos corpos das protagonistas Billie e Spike, como a dimensão utópica mais acentuada nesta distopia futurista, na retomada, por Winterson, de um dos temas mais antigos, recorrentes e caros da literatura: o amor.
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Nayara Macena Gomes (UFPE)
Representações dos corpos espacializados em Body of Glass, de Marge Piercy
Vinculado ao projeto mais amplo “O utopismo literário de autoria feminina em língua inglesa – diálogos férteis com a crítica feminista e a biologia evolutiva”, o presente estudo objetivou analisar as imagens e representações encontradas na literatura utópica e distópica de autoria feminina produzida a partir de meados do século XX, observando e analisando o diálogo entre as ciências biológicas e sociais a respeito da importância da natureza e da cultura. O enfoque teórico (AUGÉ, 1992; FOUCAULT, 1967; BALSAMO, 1999; CAVALCANTI, 1999; HARAWAY; 1991) ofereceu subsídios para entender que Body of Glass, ao delinear uma pluralidade de representações de corpo e espaço, subverte posturas patriarcais ao mostrar que estes dois elementos podem constituir formas de resistência. A análise efetuada permitiu, assim, compreender como as representações literárias de corpo, espaço e suas relações com a noção de gênero, enquanto construção social, opõem-se ao determinismo biológico e configuram novas formas de produção utópica
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Elisa Marchioro Stumpf (UFRGS)
Angela Carter and the pornography debate
My aim in this presentation is to discuss Angela Carter's The Bloody Chamber in relation to the feminist debate about pornography. The pornography debate amongst feminists opposes liberal feminists to radical feminists. Radical feminists, such as Andrea Dworkin and Catharine MacKinnon, understand pornography as “the graphic sexually explicit subordination of women” (MacKinnon, 1993, p. 121) and see causal properties between pornography and rape. Therefore, pornographic material should be regulated. Liberal feminists reject gender stereotypes and defend consensual sexual freedom, thus being against censorhip. Pornography, seen under this light, could be a means for new possibilities of erotic/gender identification for women. I will present passages from the rewritten fairy tales and discuss them using ideas from Patricia Duncker (1986) and Cristina Bacchilega (1997), trying to verify if the fairy tales take a consistent position in this debate.
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Thais Daniela Sant Ana e Pereira (UNESP - Assis)
Uma tentativa androgênica em The Man Doll, de Susan Swan
Tendo por base o conto "The Man Doll" da escritora canadense Susan Swan, objetiva-se neste estudo colocar o fruidor/fruidora diante de uma interpretação de perspectiva feminista em que o mesmo pense estar em uma situação de possível engajamento com uma proposta androgênica permeada de sororidade. Para tanto, a leitura oscilará entre considerar os elementos narrados como pertencentes ao mundo real ou ao mundo idealizado e pós-gênero. Considerando a sugestão de androginia do personagem cyborg Manny, cujo próprio nome assume uma função identitária, propomos discutir a tessitura da dimensão feminista suscitada inicialmente, e a resultante consolidação de um personagem que teve suas prerrogativas andróginas usurpadas pelo marcado sistema patriarcal.
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Susana Bornéo Funck (UFSC)
O corpo como território em The Biggest Modern Woman of the World
No contexto das ex-colônias britânicas, o Canadá apresenta características bastante peculiares. Com seu imenso território, uma etnia variada, e uma desconfortável proximidade com os Estados Unidos, o país tem buscado uma identidade política e cultural que se reflete sobremaneira em sua literatura. Dentro do que Linda Hutcheon denomina de metaficção historiográfica, autores/as canadenses apresentam relatos pseudo-(auto)biográficos que trabalham a questão da identidade pós-colonial em termos da trajetória pessoal de suas personagens. É o que acontece em The Biggest Modern Woman of the World, romance de Susan Swan publicado em 1983.
Baseando-se na crítica feminista e no pós-colonialismo, este trabalho examina como o corpo feminino da protagonista é utilizado metaforicamente por Swan para explorar os predicamentos geográficos e históricos do Canadá na modernidade.
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26/08 - Quinta-feira - Tarde (14h às 18h)
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Liane Schneider (UFPB)
Gênero e etnia em deslocamento no Canadá contemporâneo
Nossa proposta de trabalho volta-se para a autoria feminina contemporânea desenvolvida em território canadense, mais especificamente pela autora Suzette Mayr. Nossa intenção é verificar de que forma a autora, quer seja em contos ou romances que produz, traz para o contexto literário as tensões da vida no entrelugar experienciadas por mulheres marcadas pelas relações entre diferentes países e culturas, caracterizadas como sujeitos diaspóricos. Mayr, além de debruçar-se sobre tópicos que envolvem a etnia e o gênero transplantados para o novo território, também tem interesse em desmascarar a heterosexualidade imposta como norma, mesmo em grupos sociais bastante abertos à diversidade. Portanto, parte de sua produção literária será examinada por uma perspectiva analítica que prevê identificar construções alternativas de gênero e de etnia a partir do lugar onde tantos sujeitos diferentes convivem em transculturação.
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Raphaella Silva P. de Oliveira (UNEB)
A representação da sexualidade de mulheres negras nas obras de Alice Walker: reflexões iniciais
Pensar sobre sexualidade de mulheres negras é caminhar por um terreno povoado por mitos, regado por um imaginário que as descrevem como permissivas, sensuais, insaciáveis, “parideiras”. Reconhecendo que o corpo e o desejo é um espaço onde as relações de poder, de vigilância se manifestam, o presente trabalho surge com o propósito de identificar e analisar como esta sexualidade é representada no discurso literário. As obras em questão são The Color Purple e In Love and Trouble da autora afro-americana Alice Walker. Pretende-se utilizar como suporte teórico-metodológico a Análise Crítica do Discurso em articulação com o Feminismo Negro, visto que são teorias que direcionam o olhar para as minorias com a finalidade de desconstruir relações de poder assimétricas. Nessa perspectiva, é relevante adentrar o universo literário para a compreensão das relações de dominação que permeiam a intersecção raça, classe, gênero, sexualidade.
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Paulina Palmer (University of London - Birkbeck College)
Gothic motifs in contemporary women's fiction
As illustrated by the popularity that fiction of this kind is currently enjoying, Gothic conventions furnish an appropriate vehicle for representing lesbian sexuality and depicting the hidden lives and oppressive circumstances that, due to prejudice, women in same-sex relationships frequently experience. They also furnish writers with imagery to depict sexual jouissance and ideas of lesbian feminist community.
Referring to my book Lesbian Gothic: Transgressive Fictions (Cassell/ Continuum, 1999), I shall discuss a selection of contemporary fiction that recasts Gothic motifs and conventions from a lesbian perspective. Novels that I shall consider include The Passion (1987) and Affinity (2002) by the two British writers Jeanette Winterson and Sarah Waters. The former recasts the motif of the ghost and spectral doppelganger, while the latter situates the characters in the context of the nineteenth-century spiritualist movement. I shall also discuss The Gilda Stories (1991) by the African American writer Jewell Gomez. Reworking fictional and cinematic versions of genre, Gomez inventively recasts the vampire narrative, transforming it into vehicle for representing lesbian romance and alternative familial relationships
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Kátia Isidoro de Oliveira (UNESP-Assis)
Senhora do tigres: a construção da personagem feminina na obra Heroes and Villains de Angela Carter
Este artigo tem por objetivo analisar a personagem feminina Marianne, do livro Heroes and Villains (1969) de Angela Carter, utilizando como base textos da teoria crítica literária feminista. A condição da mulher, o patriarcal, a representação do gênero, busca pela identidade, a mulher na sociedade serão explanados nesse artigo. Através da obra Heroes and Villains evidenciar a crítica e a contestação da ordem social e a posição da mulher na sociedade. E também divulgar o trabalho da autora Angela Carter, uma das grandes escritoras inglesas contemporâneas.
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Ana Cecília Acioli Lima (UFAL)
Os corpos e seus disfarces: crossdressing e a questão da inteligibilidade em Trumpet, de Jackie Kay
Em Undoing Gender (2004), Judith Butler fala dos critérios que determinam a coerência de gênero como um dos pressupostos fundamentais para qualificar uma pessoa como humana. Esses critérios, segundo Butler, delimitam não apenas o que é possível ser socialmente reconhecido como humano, mas também as formas como reconhecemos nossos próprios sentimentos, corpos e desejos. Em Trumpet (1997), a escritora escocesa Jackie Kay encena as complexas relações entre sexo, gênero, desejos e identidades, ao relatar a vida de uma mulher que adota uma identidade masculina, vestindo-se de homem durante toda a sua vida adulta, e os conflitos decorrentes da descoberta de seu sexo biológico após a sua morte. Pretendo discutir neste trabalho de que maneira a prática de crossdressing funciona para Josephine Moore/Joss Moody, paradoxalmente, tanto como uma forma de transgressão à coerência de gêneros quanto como uma estratégia de negação da homossexualidade e de conformidade ao estilo de vida heterossexual.
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Renata Lucena Dalmaso (UFSC)
Estranhamente familiar: fronteiras de gênero e sexualidade em Fun Home de Alison Bechdel
O presente trabalho é um estudo sobre as fronteiras de gênero e sexualidade na HQ biográfica Fun Home, de Alison Bechdel, através do conceito do "duplo" de Sigmund Freud. Ele define o "outro" como sendo uma duplicação que se configura por ser ao mesmo tempo uma divisão e uma troca do sujeito. A identificação do duplo leva à sensação do "estranho", de acordo com Freud, um sentimento descrito como "estranhamente familiar". Na obra de Bechdel, o “duplo” da personagem principal se apresenta na forma de seu próprio pai, um homossexual não assumido cuja morte sugere a hipótese de suicídio. A narradora-personagem-autora trabalha amplamente a questão da "inversão" dos papeis tradicionais de gênero ao longo da narrativa e, ainda que essa identificação inesperada com seu "outro" por vezes una os personagens, ela é também constante motivo de estranhamento entre os dois. Neste trabalho analiso o contraste entre as descobertas da personagem em relação à homossexualidae e à identidade butch e as descobertas de mesma natureza por parte de seu "duplo".
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Frederico Helou Doca de Andrade (UNESP - Assis)
Homem-mulher e mulher-homem: a (des)construção de gênero em “Apoiando-se no espaço vazio”, de Marina Colasanti e "Jin Ping Mei", de Lanling Xiaoxiao Sheng
Este estudo tem, como objetivo, evidenciar a desconstrução de gênero da masculinidade e da feminilidade do “marido” e de “Ching-Ping-Mei” no miniconto “Apoiando-se no espaço vazio”, de Marina Colasanti, do livro "Contos de Amor Rasgados", publicado em 1985. Este processo se dá a partir da paródia que esta escritora constrói em cima do texto de fundo, "The Plum in the Golden Vase" ou "The Golden Lotus" ("Flores de ameixeira no vaso de ouro" ou "O Lótus Dourado"), uma tradução para o inglês do romance naturalista chinês "Jin Ping Mei", que foi primeiramente publicado em 1611 e escrito por Lanling Xiaoxiao Sheng. A androginia e a (des)construção de gênero dessas duas personagens se contrapõem ao determinismo biológico do patriarcado milenar chinês, que se faz presente na paródia da escritora brasileira por meio do falogocentrismo simbolizado pela medicina (a luz desveladora masculina da razão). Nessas duas narrativas, também analisaremos a simbologia e o humor que Colasanti imprime à paródia. Para tanto, fundamentaremos nossa pesquisa na literatura que abarca a Crítica Literária Feminista, sobretudo a Ginocrítica de Elaine Showalter, bem como recorreremos ao conceito do andrógino em Virginia Woolf e, acerca da paródia, nos deteremos em estudiosos como Linda Hutcheon e Henri Bergson.
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