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64. Relações de gênero, identidades e interculturalidade |
Coordenador@s: Ana Maria Colling (UNILASALLE), Losandro Antonio Tedeschi (UFGD) |
Os estudos de gênero e a interculturalidade têm se revelado uma área de pesquisa profícua no campo das Ciências Humanas. A interculturalidade pensada juntamente com a construção das identidades, numa perspectiva relacional de gênero torna-se importante instrumento epistemológico, necessário para se analisar possíveis transformações nas identidades culturais. As análises de conceitos como raça, etnia, classe, geração, relações de poder, natureza X cultura atravessadas por relações de gênero nos permitem entender as sociedades contemporâneas naquilo que elas apresentam como processos e artefatos culturais e nas práticas de significação de um tempo que redefine fronteiras. A velha dicotomia entre global e local se dissolve, interpenetrando culturas e se modificando.
A interculturalidade orienta processos que têm por base o reconhecimento do direito à diversidade e à luta contra todas as formas de discriminação e desigualdade social e tenta promover relações dialógicas e igualitárias entre pessoas e grupos que pertencem a universos culturais diferentes. Os novos lugares e figuras de sujeitos que aí desabrocham são errantes, nômades e autocríticos. Desconfiam das identidades desde sempre dadas porque sabem que a história nada mais é que uma narrativa construída por relações de saber/poder que instituíram verdades.
A proposta desde Simpósio Temático é reunir pesquisas e trabalhos que tematizem as relações de gênero, as identidades e a interculturalidade. Questões de raça, de classe, de etnia, de geração que atravessam as relações de gênero são privilegiadas nesta proposta. O relativismo cultural e o gênero; as relações de poder que determinam os relatos históricos e o seu caráter de veracidade; a crítica aos dualismos hierarquizados; as tensões e mediações entre identidade e diferença, unidade e pluralidade, em suas dimensões social, política, econômica, cultural e ecológica. Estas são algumas propostas de questões para uma análise comparativa entre as relações de gênero, a construção das identidades e os estudos sobre interculturalidade.
Local: Sala 313 do CFH
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Resumos
24/08 - Terça-feira - Tarde (14h às 18h)
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Sirlândia Souza Santana (UESB)
A arquitetura do feminino
Este texto tem como intenção delinear a influência do processo de escolarização na formação da identidade das meninas, a partir da análise do currículo escolar e suas representações. Para isso nos reportaremos a autores como: Foucault, Butler, Britziman, Louro, Silva e Moreno. Como marcadores, discorreremos sobre algumas posições teóricas discutidas ao longo da história das mulheres e suas implicações na formação do pensamento feminino ocidental. O escopo desse corpus teórico é fundamentalmente compreender como se dá o processo de internalização da conduta feminina, iniciada na família e reforçada por todo o período de escolarização das meninas.
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Aline da Silva Pinto (FEEVALE)
Dançando as diferenças: a escola como espaço para relações de gênero mais igualitárias
Os papéis de gênero são mantidos e reforçados pelas famílias e a escola, inspirando uma idéia de naturalização de ações e “obrigações” de homens e mulheres, marcando seus corpos através de experiências vividas ou negadas pela sociedade que tradicionalmente reproduz conceitos e “certezas” que perpassam os anos nas entrelinhas das vidas dos indivíduos. A dança na escola pode contribuir para a construção de relações de gênero mais igualitárias, mas como essa prática acontece no ambiente escolar.
Há algumas décadas reflexões sobre tais assuntos permeiam o mundo da dança, nos dias de hoje os meninos continuam em pequeno número, talvez até menor do que antes, mas qual será o motivo deste distanciamento? Seria a falta desta arte nos ambientes educacionais? Seria a própria dança uma reforçadora de um caráter feminilizante de sua prática?
Estes questionamentos movimentam meus pensamentos por terem múltiplas respostas e possibilidades, porém, se torna nítida a associação da dança a delicadeza e a docilidade, qualidades que são atribuídas as mulheres, consideradas inerentes à elas e tornando-se necessário um treinamento para o reforço dessa natureza angelical e sutil.
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Fabíola Langaro (UFSC), Mériti de Souza (UFSC)
Desconstruir para problematizar matrizes identitárias
Esta exposição objetiva problematizar a constituição das matrizes identitárias marcadas por binarismos, hierarquias e pela atribuição de específicos sentidos as configurações subjetivas. Ainda, objetiva problematizar as possibilidades de desconstrução destas matrizes concomitante ao deslocamento de sentidos a elas agregados. Com base em leituras de Butler (2008) e Derrida (1999, 2001, 2009), compreende-se que as referências identitárias que engendram tanto o enunciado da subjetividade como dos sentidos do masculino e do feminino, encontram-se fundamentadas na tradição filosófica ocidental da metafísica da presença. Esta tradição viabiliza a construção do enunciado das “identidades de gênero” que possibilita aos sujeitos se reconhecerem em referência às suas práticas de sexualidade e a heteronormatividade que estabelece tanto a oposição masculino/feminino; heterossexual/homossexual quanto a hierarquia entre esses pares. Esse contexto marcado por binarismos e hierarquia estabelece sentidos para o masculino e o feminino que são definidos como únicos e verdadeiros. Entende-se que o deslocamento dos sentidos atualmente atribuídos aos pares binários pode acontecer a partir da desconstrução dos pressupostos que organizam as matrizes identitárias dominantes na rede social contemporânea.
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Nayara Lima Longo (UFF), Lilia Lobo
Identidade e devir: disparos micropolíticos
Partindo de disparos e reflexões sobre o corpo da mulher negra, o desafio que se lança é a problematização do paradigma da identidade, destacando sua intrínseca relação com mecanismos de governo e controle dos corpos.
A proposta se alia as discussões de gênero, na medida em que estas nos auxiliam no deslocamento de uma certa lógica identitária, permitindo que se coloque em evidência jogos de verdade e poder, blocos de correlações de forças que operam ordenando multiplicidades, delimitando linhas e virtualidades a serem atualizadas pelos corpos.
Neste sentido, as reflexões desdobram-se em uma proposta micropolitica, destacando o conceito de devir como modo de tensionar as identidades. O que se pretende é pensar as singularidades da experiência da mulher negra como potência de diferenciação. A questão das chamadas minorias, nesta perspectiva, não seriam colocadas em termos de essência, falta ou retorno as origens mas sim de multiplicidades e heterogeneidade. Trabalhar com o conceito de devir é modo de atentar para processos de singularização, para processos de diferenciação e criação que escapam as referências e constantes da identidade e, que de alguma maneira, produzem rachaduras e bifurcações em uma lógica que opera nos dizendo quem somos ou o que devemos ser.
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Lirian Sifuentes (PUC - RS)
O que a telenovela ensina sobre ser mulher?: reflexões acerca das representações femininas
O objetivo deste trabalho é compreender como os embates e complementaridades entre a audiência da telenovela e os demais elementos do cotidiano – família, escola e classe social – conformam a identidade feminina de jovens mulheres de classe popular. Os Estudos Culturais são adotados como modelo teórico-metodológico, especialmente no que se refere à teoria das mediações culturais (Jesús Martín-Barbero) e ao modelo Encoding and Decoding (Stuart Hall). A amostra desta etnografia da audiência está composta por 12 jovens com idade entre 16 e 24 anos, moradoras do bairro Urlândia, periferia de Santa Maria-RS. Os resultados da pesquisa apontam que a carência econômica define as vivências e os modos de ser mulher, seja pela gravidez na adolescência, pelo trabalho, pelo abandono da escola ou pela televisão como principal forma de lazer. O papel da telenovela também é essencial, pois, além de (re)produzir um padrão de gênero – em que a maternidade e o casamento são as prioridades femininas – faz chegar, ao menos de forma esparsa, uma ideologia da igualdade de gêneros, que, mesmo sendo problemática, é maior do que na realidade que as cerca. Apesar desse discurso pouco se concretizar em prática, é fundamental, pois também constitui a identidade feminina.
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Sandra Leila de Paula (UFU)
Relações de gênero em espaços sociais de segregação/exclusão
O presente trabalho, resultado de minha investigação de pós doutorado, propõe-se a um estudo comparativo a fim de pensarmos as relações centro / periferia em dois países ( Brasil e Portugal), nas cidades de Ribeirão Preto (Brasil) e Porto ( Portugal ), em espaços sociais periféricos e violentos das duas cidades, o bairro periférico do Ipiranga ( Ribeirão Preto/Brasil ) e o bairro social do Lagarteiro ( Porto/Portugal ), no intuito de analisar e compreender a organização desses espaços sociais, em suas características e imbricações, identidades e diversidades, especificidades e generalidades, abarcando a organização desses espaços econômicos, sociais e culturais específicos, bem como em sua dinâmica ampliada; entre centro e periferia do capitalismo mundial. Para tal, analisamos entre tantas, as relações de gênero estabelecidas nesses espaços e pudermos constatar a forte presença do patriarcado/machismo em suas relações, embora as famílias constituintes desses bairros segregados, sejam predominantemente monoparentais maternas, o que nos chamou imensa atenção. Por esse motivo, nos propomos a discutir sobre essas relações e agentes nos espaços sociais em que integram de maneira especifica e na dinâmica global, a fim de identificar e compreender suas semelhanças e diferenças.
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Maria das Gracas Lucena de Medeiros (UFRN)
Trajetórias, formas de conjugalidade e relações sociais de gênero, entre casais binacionais
Os processos socioeconômicos e tecnológicos que se aprofundaram a partir dos anos 70 do século XX afetaram as instituições sociais, como o casamento e a família. A fragmentação, a efemeridade e o caótico, embora sempre tenham sido característicos da experiência mo¬derna, aumentaram violentamente de intensidade num contexto mundial que se tornaria globalizado. Por outro lado, as profundas alterações sociológicas no domínio da família experimentadas pelas sociedades europeias nas últimas décadas , têm repercutido significativamente na configuração da procura turística, fazendo com que entre os turistas se assista a uma presença crescente daqueles que escapam ao casamento tradicional patriarcal, cujo modelo familiar é formado por pai, mãe, filhos e filhas.
Neste estudo, analisa-se resultados referentes à relação entre conjugalidade e mudança social bem como a que diz respeito às dinâmicas, trajetórias, formas de conjugalidade e relações sociais de gênero, entre Casais Binacionais na cidade de Natal, Nordeste Brasileiro. O desvendar dos efeitos do Turismo Afetivo que explicita a reconstituição de arranjos familiares afetivos entre homens estrangeiros e mulheres brasileiras, diferenciando-se do Turismo Sexual, constituem outros núcleos problemáticos abordados em nossa pesquisa.
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Viviane Maccari Strassburger (ULBRA)
“Como se ensina a ser velho/a” na experiência teatral de um grupo de teatro de terceira idade – uma análise de gênero
Resumo - Este trabalho é um recorte de uma pesquisa em desenvolvimento, que focaliza as pedagogias culturais do grupo de teatro “Sem Teias”, formado por mulheres da terceira idade e com atuação no estado do Rio Grande do Sul, e tem como objetivo investigar como idosas ensinam a “ser velho-a” através do teatro. A visibilidade do envelhecimento e as reconfigurações de ser velho/a na contemporaneidade justificam as análises, que tomam como objeto as experiências teatrais do grupo de teatro referido. Mesmo que a velhice envolva os dois gêneros, ela possui uma diferenciação cultural conforme o gênero e, além disso, sofre uma espécie de “feminização”, determinada pela menor mortalidade feminina e pela conseqüente superioridade numérica das mulheres idosas sobre os homens idosos. Busca-se assim ver que componentes culturalmente atribuídos ao gênero feminino ou que novos atributos – como liberdade e independência adquiridos na velhice - integram o trabalho do grupo, formado exclusivamente por mulheres. Para tanto, são analisadas entrevistas feitas com a diretora e uma integrante do grupo, assim como a apresentação de uma peça e as discussões que a seguiram.
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25/08 - Quarta-feira - Tarde (14h às 18h)
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Carolina Orquiza Cherfem (Unicamp), Roseli Rodrigues de Mello, Raquel Auxiliadora dos Santos
Feminismo dialógico: diálogo possível entre diferentes identidades para a superação de desigualdades de gênero
Entre os debates internacionais acerca das relações de gênero, numa perspectiva de denúncia da realidade desigual e anúncio de possibilidades de transformação, as teorias do Feminismo Dialógico vêm ganhando destaque. Pautado no conceito da Aprendizagem Dialógica, este feminismo tem como orientação o princípio da “igualdade de diferenças”, o qual prioriza, de um lado, a não homogeneização identitária em nome de igualdade social, e de outro, a não justificação de processos de desigualdade social e violência em nome da preservação de identidades. Sobre esta orientação, o artigo proposto, visa apresentar as atividades realizadas pelo Grupo de Estudos de Gênero e Feminismo Dialógico do Núcleo de Investigação e Ação Social e Educativa – NIASE/UFSCar, o qual, vem desenvolvendo ações de enfrentamento das desigualdades de gênero por meio de projetos educativos, de reflexão e de prevenção à violência junto a mulheres não acadêmicas e de grupos populares. Pretende-se apresentar os Grupos de Mulheres e as oficinas desenvolvidas no mês da mulher, atividades que reforçam a organização de mulheres em solidariedade para trocar experiências em diálogo, visando construir alternativas que auxiliem a superar desigualdades e reformular as normas de gênero, a partir de suas necessidades e interesses.
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Losandro Antonio Tedeschi (UFGD)
Identidades e as narrativas de gênero: reflexões sobre os processos de construçao da interculturalidade
Neste texto abordo como as identidades sexuais se constroen caracterizadas pelo conjunto de elementos culturais adquiridos pelo sujeito através da herança cultural. A identidade confere diferenças aos grupos humanos. Ela se evidencia em termos da consciência da diferença e do contraste ao outro. As identidades sejam elas sexuais, de gênero, geração, raça, religião, etnia, etc., não são um produto acabado, senão um processo contínuo que nunca se completa, subjetivando-se em seu espaço e tempo. Ou seja, são constituídos no interior de jogos de poder, estão implicados, portanto, nas operações de inclusão e de exclusão. As identidades requerem por parte por parte de cada um de nos, uma reflexão, uma busca, uma rebelião, que nos leva a dar um passo adiante, tendo em conta nossos desejos. Todas as culturas tem uma visão particular de gênero que contem idéias, prejuízo, valores, interpretações, normas, deveres, mandatos e proibições sobre a vida de mulheres e homens. Em que medida a definição de cultura a partir da ótica de gênero permite, facilita ou impede a satisfação de necessidades vitais e da realização das aspirações das mulheres?
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Aline Morales Moreti Cavalcante (UFGD)
Ficção e história: Sherazade representada por uma mulher
Propõe-se neste estudo discutir a representação da personagem feminina “Sherazade” dos contos das “Mil e uma Noites” na perspectiva da autora Nélida Pinõn. Dar-se-á ênfase às diversas formas que a personagem do conto vem sendo retratada ao longo dos tempos concomitantemente com a evolução da história das mulheres e as discussões sobre a representação da mulher na história e na literatura. Os contos das “Mil e uma Noites” são considerados uma importante obra da literatura clássica árabe, escritos entre o século X e XII e com as inúmeras traduções e reconstruções até os dias de hoje. A participação da personagem principal do conto “Sherazade”, objeto deste estudo, foi retratada em muitas versões de tradução e reescrita por autores e tradutores, na qual imprimiram uma visão na história de subordinação das mulheres. Com a releitura de Nélida Pinõn o conto passa a ser visto pelos olhos femininos da autora que se desfaz de todas as amarras do universo masculino para imprimir uma nova imagem a “Sherazade” fazendo valer em sua nova versão do conto a ascensão das mulheres na representação literária e histórica. Nesta proposta de estudo as discussões sobre gênero, interculturalidade, identidade e relações de poder são privilegiadas.
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Anna Beatriz da Silveira Paula (UFPR)
Linguagem, poder e gênero no espaço corporativo
O espaço corporativo é uma esfera de atuação humana onde a linguagem, enquanto instrumento de comunicação oral e escrita, explicita as diferentes instâncias do poder organizacional. Nesse cenário, as identidades se articulam de modo a configurar redes de significação que legitimam a lógica de poder que rege, distintamente, as instituições. Tomando-se essa lógica como uma semiose, as categorias de gênero são traduzidas linguisticamente ora como metáfora, ora como metonímia, especialmente nos momentos em que ocorrem agenciamentos orais, quando territórios individuais de poder são demarcados a partir de critérios como: tempo de fala, possibilidade de intervenção, réplicas e tréplicas, aceitação de sugestões, entre outros. Esses registros traduzem-se por signos do discurso que transcorre no subtexto das falas da empresa e de seus funcionários de diferentes instâncias administrativas, revelando-se causas prováveis da coerência ou incoerência percebidas entre o discurso e a prática inclusiva de distribuição de poder no âmbito institucional.
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Silvana Nicoloso (UFSC), Silvana Nicoloso (UFSC), Viviane Maria Heberle (UFSC)
Marcas de gênero, identidade e interculturalidade na interpretação em língua de sinais brasileira
A interpretação requer habilidades próprias do profissional que fará a mediação das relações sociais, interculturais e linguísticas. Esses profissionais emergem de diferentes meios sociais, políticos, etnias, gênero, culturas e religiões, sendo que todos estes elementos fazem com que suas identidades sejam construídas de maneira diferente. Embora a interpretação seja tradicionalmente reconhecida como manifestação comunicativa de uma situação histórico-cultural específica, até muito recente o intérprete de língua de sinais (ILS) era visto como um ser assexuado. A constatação de que a experiência da mulher enquanto leitora de mundo é diferente da experiência masculina, leva a uma verdadeira revolução marcada pela quebra de paradigmas e pela descoberta de novos horizontes de expectativas. O meio em que o ILS transita é repleto de diferentes culturas, identidades e relações de poder. Os subsídios teóricos desse trabalho são os Estudos da Tradução, os Estudos Culturais, os Estudos de Gênero e a Análise Crítica do Discurso. O problema a ser pesquisado está na análise de decisões tradutórias tomadas pelos ILS homens e pelas ILS mulheres, considerando se porventura acontecem de maneiras diferentes, bem como a constituição de suas identidades no espaço da interculturalidade.
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Márcio Matiassi Cantarin (UNESP - Assis)
Mia Couto: por uma nova identidade de gênero;por uma nova identificação do humano
A obra literária do moçambicano Mia Couto, nomeadamente seus contos, dá a entrever em diversos momentos o deslocamento das identidades de gênero histórica e socialmente instituídas. Desestruturados, os sujeitos – sejam personagens em busca de identidade, sejam narradores a instaurar um entrelugar discursivo – buscam a redefinição de fronteiras, quiçá a abolição das mesmas (será que é possível viver sem elas?). Desconstruindo dualismos, quais sejam o do masculino/feminino, colonizador/colonizado, branco/negro, o autor coloca em xeque os pilares hierárquicos sobre os quais se construiu a sociedade patriarcal e capitalista. Assim, é de crer que à construção da identidade da nação precede a desconstrução e (re) construção da identidade de gênero, classe, etnia sob os auspícios de um novo paradigma das relações entre o sujeito e seus iguais, bem como com o meio ambiente, de que é parte e não senhor. Entendemos haver na obra de Couto uma busca constante pela redefinição dos lugares do sujeito em um mundo que caminha a passos largos para um colapso ecológico e econômico, colapso este que está intimamente relacionado à dinâmica das atitudes que cada um tem para com o próximo e a natureza.
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Peterson da Rosa Costa (UNILASALLE)
Mulher surda: lutas e trajetórias
A Educação dos Surdos nunca esteve tão em voga como nos últimos anos, inúmeros pesquisadores têm discutido a temática tanto na Educação como em áreas afins. O mesmo pode se afirmar sobre os estudos de gênero, todavia quase que inexistem escritos sobre a mulher surda e as relações de gênero. Com base nos Estudos Culturais em Educação e Estudos Surdos lanço meu olhar para a mulher surda e sua atuação na comunidade de surdos, compreendida a partir da diferença cultural. Duplamente discriminada, por ser mulher e surda, a mulher surda tem sido presença marcante na liderança dos movimentos surdos, interferindo nos discursos hegemônicos da representação feminina pensada por ouvintes, sobretudo homens, possibilitando uma visibilidade enquanto sujeitos culturais e de direito.
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Nathalia Sobral de Souza (UFC)
O envelhecer feminino: representações literárias sobre a mulher velha
O presente trabalho pretende fazer uma análise das representações do envelhecimento feminino nas sociedades atuais, tentando compreender a relação entre identidade de gênero e identidade de geração, para compreender como se configuram as contradições vividas por mulheres nessa fase da vida, a partir das relações com o corpo e sexualidade, bem como essas mulheres estabelecem seus relacionamentos (familiares e amorosos). Tomamos como objeto central da investigação, as figurações literárias sobre a mulher velha em uma obra de Lygia Fagundes Telles, As horas nuas, buscando perceber como a vida social é reconstituída nas narrativas ficcionais. Pensando, aqui, uma articulação entre representação literária e representação social como forma de acessar o imaginário social sobre o envelhecer feminino.
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Ana Maria Colling (UNILASALLE)
Rousseau, Condorcet e a questão do cuidado na educação superior
Neste ensaio pretendo fazer uma análise entre a obra Emilio de Rousseau publicada em 1762, e os artigos de Condorcet sobre a cidadania e a instrução feminina. Emílio, que tem o objetivo de formar um homem livre pela educação, anuncia também o lugar da mulher: feita somente para agradar ao hiomem, justificando filosoficamente a subjugação das mulheres. Rousseau arrola as inferioridades femininas por conta de sua "natureza", poderoso e vencedor discurso, enquanto Condorcet tenta, inutilmente desmontá-las. Segundo ele, as mulheres não querem ouvir os argumentos de que a instrução é o caminho para a igualdade, preferem a realeza do lar e o discurso de que foram feitas somente para cuidar dos homens. Após a análise numa perspectiva foucaultiana de poder, discurso e verdade, farei uma relação com o Censo da Educação Superior que ainda aponta os cursos que tratam do cuidado como os preferidos pelas mulheres brasileiras. As práticas discursivas e não discursivas de que nos fala Michel Foucault, construiram o consentimento feminino e Rousseau foi importante na cristalização destas mentalidades.
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26/08 - Quinta-feira - Tarde (14h às 18h)
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Élida Damasceno Braga (UFS)
A capacidade da mulher policial na execução do trabalho desempenhado nas unidades operacionais da Polícia Militar do estado de Sergipe
O presente texto tem por objetivo compreender a atuação das policiais femininas nas unidades operacionais da Polícia Militar do Estado de Sergipe, bem como as questões relativas ao processo de incorporação da mulher ao serviço policial. Nesse contexto, pretende-se abordar a capacidade da mulher policial, haja vista tratar-se de um ambiente predominantemente masculino, bem como avaliar os impactos da presença feminina no cotidiano da atividade policial. Em virtude disso, serão analisadas as relações dos operadores de segurança entre si, suas características e anseios no desenvolvimento de suas atribuições; a representatividade social da atuação feminina e o impacto causado à Instituição Polícia Militar. Desse modo, serão estudadas as práticas do cotidiano policial, em especial no policiamento ostensivo, os tipos de trabalho executados, as demandas iniciais do trabalho feminino e também as atuais, analisando a maneira como essas mulheres constituem-se e colocam-se neste contexto. Portanto, o artigo torna-se relevante pela visibilidade dada ao trabalho feminino na instituição, bem como pelo seu caráter histórico.
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Elisa de Oliveira Kuhn (UFGD)
Apareceu a Margarida? História e representações sociais de mulheres camponesas no MS: um estudo sobre gênero e trabalho ( 1986 a 1994)
Escrever a história das mulheres em muitos aspectos implica falar em invisibilidade, mas essa nada tem de natural. Pretendemos a partir do exercício de trazer à tona as memórias de homens e mulheres ligados ao MMA/MS, revelar as sutilezas das construções discursivas entorno dos papéis de gênero socialmente determinados. Utilizamos o gênero enquanto categoria de análise no sentido de uma reavaliação do poder das mulheres e para superar o discurso miserabilista da opressão. Buscamos contribuir para o fortalecimento dos estudos da História das Mulheres, a fim de situar o acontecimento social dentro do seu contexto cultural pleno de forma a ser estudado mais em nível analítico que apenas descritivo.Utilizando como fonte principal as memórias desses sujeitos históricos, procuraremos perceber a imbricada teia de relações que influi nas representações de gênero, a partir das narrativas que fazem sobre a divisão sexual do trabalho e as implicações na participação das mulheres na militância política.Pretendemos aprofundar a questão dos embates entre discursos de gênero e classe no seio dos movimentos sociais de luta pela terra, no sentido de desconstruir uma leitura muito comum de que a dominação de gênero “naturalmente” acabaria com a supressão da dominação de classe.
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Sara Divina Melo da Silva (UFSC), Gabriela Buonfiglio Dowling (Université Lumière Lyon 2)
O universo feminino retratado nos cocos de roda, em três comunidades quilombola no Estado da Paraíba
A proposta do nosso trabalho insere-se no universo feminino apresentado através da oralidade, presente nos versos de coco de roda, interpretados particularmente por mulheres pertencentes à diferentes comunidades quilombolas do Estado da Paraíba.Nossa pesquisa procurou evidenciar como o feminino é representado nas diversas canções de cocos que recolhemos durante nossas idas a campo em fevereiro de 2010.As comunidades escolhidas foram: Caiana dos Crioulos(Alagoa Grande); Ipiranga (Conde),e Paratibe(João Pessoa). O conceito de interculturalidade está presente no referencial teórico deste estudo, pois os versos de coco que são cantados em uma comunidade, muitas vezes são conhecidos por outras também. Isso pode ocorrer devido ao fato de tratar-se de uma cultura baseada na tradição oral que tem formas de comportamentos, concepções de tempo, padrões estéticos e morais específicos. Assim, através da prática das brincadeiras é revelada a magia do universo da cultura popular,uma das fontes primordiais da identidade negra, da cultura afro-brasileira; revalorizando e destacando o papel das mulheres que pertecem às comunidades quilombolas em preservar uma memória coletiva e uma transmissão de uma tradição popular ancestral.
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Mareli Eliane Graupe (Universidade de Osnabrueck - Alemanha)
Relações de gênero e as diferenças culturais na educação escolar
Este texto objetiva discutir e refletir sobre como as temáticas - questões de gênero e educação intercultural - são entendidas e trabalhadas no campo escolar. As concepções teórico-metodológicas abarcam autor@s alem@s e brasileir@s. É um estudo qualitativo que foi realizado em três escolas, no Sul do Brasil. Constatou-se que, a maioria d@s professor@s trabalham as questões de gênero numa perspectiva tradicional (guris são desorganizados, agressivos; garotas são organizadas, meigas, etc.) ou, ainda, de acordo com a visão neutra (como se el@s fossem iguais). Além disso, a heterogeneidade na sala de aula era vista de forma “negativa”. A proposta é trabalhar as questões de gênero e as diferenças culturais na perspectiva da desdramatização/Entdramatisierung, isto é, “reconhecer” a existência das diferenças (de gênero, etnia, classe social, religião, etc.), propondo a re-discussão de conceitos, idéias, competências, atitudes necessárias para o desenvolvimento de alun@s responsávies, crític@s, étic@s e competentes, capazes de interagir num grupo intercultural, livres de estereótipos, preconceitos, de discriminação, racismo, contribuindo assim, na constituição de uma sociedade mais justa e igualitária para tod@s
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